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5- Poder Estado e Controle Social I

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Poder, Estado e Controle Social
I
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Segundo John Dewey:
“o influxo inconsciente do ambiente é tão sutil e penetrante que impregna todas as fibras do caráter e do espírito humano”. 
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Poder e Ideologia
Uma das características fundamentais da modernidade, a partir do século XVI, foi a junção entre Poder e Saber.
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O Estado Moderno incorpora a relação entre Poder e Saber e a ideologia criar os simulacros por meio de rituais religiosos, políticos, culturais, mass midia e jurídicos, instrumentos de legitimação e manutenção da ordem social.
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Poder, burocracia e sistemas jurídicos
Com território demarcado a partir do conceito de jurisdição (distrito, município, estado e união) criam-se os aparelhos de administração do Poder Público (Estado – lato sensu).
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Daí nasce a burocracia, aparato de dominação por práticas cartoriais (cartum: papel).
O controle passa a ser realizado por instrumentos de racionalização das práticas político-administrativas, que procuram demarcar os limites entre o público e o privado.
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Neste sentido, o dever ser determina regras próprias para os espaços de funcionamento da esfera político-administrativa (heteronomia) e para os espaços privados (autonomia).
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O público se apresenta como macrorrelações organizadas de um poder hierárquico e verticalizado, com sua determinação burocrática (poder burocrático), pressupondo relações entre desiguais. 
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O privado se pulveriza nas microrrelações de poder, nas quais se assentam as relações entre os iguais. Contudo, observa-se a presença também da hierarquia (desiguais) nas relações privadas. 
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Como exemplo, na família, os pais; na religião, o líder religioso; na máfia, o chefe. Neste caso, a autoridade se baseia na tradição ou no carisma (Max Weber). 
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Para a esfera privada (autônoma), o comportamento é considerado lícito desde que não fira os preceitos legais instituídos pelo poder político e administrativo do Estado.
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Na esfera pública (heterônoma), os seus agentes e servidores (políticos e administrativos) devem ser pautados pelo imperativo dos preceitos legais. Noutras palavras, só podem fazer aquilo que os preceitos legais autorizam. Ex: contratações de serviços, cobrança de tributos e admissão de funcionários etc.
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Assim o sistema jurídico funciona como elemento regulador, mediador e pacificador de conflitos, seja na esfera privada ou na pública. No caso da esfera pública, quando em conflito com o privados pressupõe status de prioridade e superioridade nos interesses, denominados “Interesses Públicos”.
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Formas de controle social
O controle social é exercido pelo Direito, primeiramente, para prevenção geral por meio da coação psíquica ou intimidação exercida sobre todos, mediante ameaças de punição para o transgressor da norma. Ex: quem pratica um delito desobedece a lei.
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Em segundo lugar, o controle é preventivo especial: a segregação parcial (prisão domiciliar ou casa do albergado), em regime aberto, ou integral (pena privativa de liberdade em regime fechado ou semiaberto) ao transgressor do meio social, ou a aplicação de uma pena pecuniária (multas, indenizações etc.)
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Neste caso, seja como forma de prevenção geral como na especial, o controle é negativo. 
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Já o controle positivo se realiza por meio de campanhas educativas de estímulo a comportamentos e atitudes “politicamente corretos”. 
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Como reforço, cria-se uma atmosfera de premiação e de compensação aos que respondem os desafios lançados pelas campanhas. 
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Instrumentos de Controle Social
Os meios de controle social têm como pilar a fiscalização das ações públicas, Porém, o seu papel é muito mais amplo. Visam, sobretudo, a indicar caminhos, propor ideias e promover a participação efetiva da comunidade nas decisões de cunho público.
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Monitoramento legal (Heterônoma)
Esses instrumentos têm legalmente a função de controlar as funções públicas, seja recorrendo a outros órgãos competentes, seja movendo ações para a averiguação da situação pública em determinado setor.
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Conselhos de gestores de políticas públicas
Os constituinte incorporam o princípio da participação comunitária à Constituição, que deu origem aos Conselhos de Políticas Públicas.
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Há controle social de Gestão Pública nas diversas áreas (Saúde, Educação, Assistência Social, Criança e Adolescente, Direitos Humanos etc.). Ex: em Adamantina estão implantados aproximadamente 20 conselhos. 
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Ministério Público
A função do Ministério Público é a de guardião da sociedade, vigilante da ordem e do respeito dos poderes públicos aos direitos assegurados aos cidadãos pela Constituição Federal.
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Qualquer cidadão detém o direito de controle social sobre os atos da Administração Pública. O Ministério Público é o fiscal da lei.
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Tribunal de Contas
É órgão auxiliar do Congresso Nacional, da Assembleia Legislativa e das Câmaras Municipais
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Compete-lhe a fiscalização contábil, financeira orçamentária, operacional e patrimonial da União, Estados e Municípios, respectivamente e das entidades da administração direita e indireta, também nos três níveis de governo.
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Todo Cidadão tem o direito de denunciar aos Tribunais de Contas irregularidades e ilegalidades verificadas contra o patrimônio público.
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Ação Civil Pública
É um "processo" utilizado mediante representação do Ministério Público ou através de Associações legalmente constituídas há pelo menos um ano. Para esta ação não haverá adiantamento de custas, honorários periciais ou quaisquer outras despesas.
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Mandado de Segurança Coletivo
Proteger direito frente a ilegalidades ou abuso de poder for autoridade ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público. Pode ser impetrado por partido político ou por organização de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano.
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Mandado de Injunção
Pode ser usado quando na falta de norma regulamentadora que possa tornar inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais.
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AÇÃO POPULAR
Todo cidadão, individualmente, pode entrar com uma ação popular no Poder Judiciário, basta que um direito ou interesse público esteja sendo lesado. 
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CÓDIGO DO CONSUMIDOR
A proteção aos consumidores, garantida na Constituição Federal, depois regulamentada pelo Código do Consumidor, é instrumento do cidadão para buscar no poder judiciário a proteção adequada à violação do seu direito.
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Os Governos criaram as Procuradorias do Consumidor para que os cidadãos possam fazer suas reclamações (Procon). 
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DEFENSORIA PÚBLICA
Considerando que para se recorrer ao Poder Judiciário, é necessário se fazer representar por advogado, a Constituição garantiu aos que comprovarem insuficiência de recursos, a assistência jurídica gratuita. 
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LEGISLATIVO
A articulação entre Legislativo (nível federal, estadual e municipal) e Conselhos ou entidades associativas cria as condições para a efetiva fiscalização do Poder Executivo.
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Além da parte legítima para as ações de interesse coletivo (ação civil pública e mandado de segurança), o Poder Legislativo dispõe das comissões parlamentares de inquérito como instrumento para investigação e apuração de ilícitos civil ou criminal decorrentes do desrespeito ou omissão no cumprimento da legislação.
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Comissões
São órgãos fiscalizadores compostos por representantes das partes interessadas, servindo como intermediárias para tratar de assuntos que envolvam interesses comuns.
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Orçamento participativo
O Orçamento Participativo surge da necessidade da interação entre a participação popular e a governamental para que a comunidade possa opinar e decidir como aplicar recursos. Dessa forma, a sociedade torna-se agente das decisões públicas.
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Audiência Pública
Uma audiência pública é o procedimentode consulta à sociedade ou a grupos sociais interessados em determinado problema de interesse público.
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É utilizado como canal de participação da comunidade nas decisões em nível local. É um tipo de sessão extraordinária, na qual a população pode se manifestar, dando sua opinião e seu ponto de vista acerca de um determinado assunto. 
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Com isto, pretende-se levar o responsável pela decisão a ter acesso aos mais variados posicionamentos. Porém, tais audiências não determinam a decisão. Elas têm caráter consultivo apenas. Mas a autoridade, mesmo desobrigada a segui-las, deve analisá-las com devido cuidado.
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Referências
CARVALHO, Maria do Carmo A. A. e TEIXEIRA, Ana Cláudia C.. Conselhos Gestores de Políticas Públicas. São Paulo: Pólis, 2000.
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Sociologia Jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 2006. 
GOHN, Maria da Glória. Conselhos Gestores e Participação Sociopolítica. São Paulo: Cortez, 2001.

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