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Constituição de 1988, Sistema Judiciário e Opinião Pública Conforme o ministro do STJ, José Augusto Delgado, os principais critérios de construção do princípio da “Segurança Jurídica” são: garantia de previsibilidade das decisões judiciais; meio de serem asseguradas as estabilidades das relações sociais; veículo garantidor da fundamentação das decisões; obstáculos ao modo inovador de pensar dos magistrados; entidade fortalecedora das súmulas jurisprudenciais (por convergência e por divergência), impeditiva de recursos e vinculante; fundamentação judicial adequada. Conforme Delgado, “A investigação conceitual sobre segurança jurídica deve ser feita, ao nosso pensar, com apoio nas pilastras acima identificadas. (...), o conceito de segurança jurídica há de ser pensado, primeiramente, em campo aberto de discussão sobre os reflexos produzidos pelas decisões judiciais que solucionam conflitos de qualquer natureza”. Para Delgado, “Há um longo caminho doutrinário procurando fixar a compreensão do que deve ser entendido por segurança jurídica no seu sentido mais amplo”. Ministro Delgado identifica três corretes doutrinárias: 1. a que concebe a segurança como valor extra- jurídico; 2. a que visualiza segurança como previsibilidade jurídica; 3. a que defende ser segurança jurídica como um conjunto de garantias constitucionais. Três correntes doutrinárias As duas primeiras correntes doutrinárias estão diretamente relacionados à sociologia jurídica. Elas destacam o papel social. A primeira refere- se à ideia de que o problema de segurança jurídica não é apenas de natureza técnico- jurídica. Envolvem-se valores e motivações sociais. A segunda centra-se na finalidade, qual seja, assegurar estabilidades das relações sociais. Conforme Paulo Barros de Carvalho, citado por Delgado, “A Segurança Jurídica, muito embora não disponha de enunciado expresso no Texto Constitucional de 1988 é tomada pela doutrina como princípio basilar do ordenamento jurídico nacional, fortemente influenciado por vetores axiológicos e ‘dirigido à implantação de um valor específico, qual seja, o de coordenar o fluxo das interações inter-humanas, no sentido de propagar no seio da comunidade social o sentimento de previsibilidade quanto aos efeitos jurídicos da regulação da conduta”. Conceituação geral Conforme Marshall Mcluhan, que formulou a ideia de que “Estamos nos tornando uma aldeia global”: “Durante a idade mecânica, nós projetamos nossos corpos no espaço. Hoje, depois de mais de um século de tecnologia elétrica, projetamos o nosso próprio sistema nervoso central num abraço global, abolindo tempo e espaço (pelo menos naquilo que concerne ao nosso planeta). Decisões Judiciais, Controle Externo, Mídia e Opinião Pública Estamos nos aproximando rapidamente da fase final das extensões do homem: a simulação tecnológica da consciência, pela qual o processo criativo do conhecimento se estenderá coletiva e corporativamente a toda sociedade humana, tal como já se fez com nossos sentidos e nossos nervos através dos diversos meios e veículos.” Conforme André Augusto Salvador Bezerra, “No primeiro semestre de 2009, após mais de 20 (vinte) anos de vigência da Constituição de 1988, o Supremo Tribunal Federal enterrou um dos últimos entraves autoritários que anacronicamente mostravam-se presentes na ordem normativa brasileira: a Lei Federal 5.250 de 9 de fevereiro de 1967, conhecida como a Lei de Imprensa. (...) Constituição de 1988 e liberdade da mídia Se o tribunal que aparece no ápice da pirâmide jurisdicional de um país, como o Supremo Tribunal Federal brasileiro, declara que qualquer intimidação oriunda do Estado na liberdade de informar dos órgãos jornalísticos é inconstitucional, significa dizer que, à primeira vista, o exercício da liberdade de imprensa está definitivamente solucionado. É que tal direito encontra-se inserido nas liberdades públicas, mais precisamente no âmbito da liberdade de expressão, componente da primeira geração de direitos fundamentais, consagrados em um contexto em que a então ascendente burguesia procurava impor limites à atuação estatal como contraponto ao absolutismo monárquico por ela combatido. Em outras palavras, implicando historicamente as liberdades públicas em um dever de abstenção do Estado, o pronunciamento do STF ora em debate elimina, em tese, todos os entraves da liberdade de imprensa na ordem jurídica nacional”. Enfim, um dos fenômenos marcantes da atualidade é o de que o mundo jurídico não é mais tarefa apenas de Operadores de Direitos. A frequente exposição à mídia, à qual está submetida as decisões judiciais, ampliou o universo de controle externo informal e tem possibilitado maior atenção do judiciário quanto à repercussão na opinião pública. Há duas posições doutrinárias Negativa - Segundo especialistas, o excesso de exposição do judiciário à mídia acaba prejudicando o caráter de isenção e tornando-a refém da opinião pública. Principalmente decisões de repercussão geral estão sujeitas às pressões externas e isto pode prejudicar a natureza técnico-jurídica e enveredá-las pelos caminhos do populismo. Consequências Positiva - A interpretação de viés positivo vê no controle externo informal pela mídia das decisões judiciais como inevitável ao aprimoramento do Estado Democrático do Direito, condição necessária para a efetivação dos direitos fundamentais e construção de uma sociedade cidadã. 1. BEZERRA, André Augusto Salvador. Liberdade de imprensa no Brasil: uma necessária abordagem interdisciplinar. Revista Sociologia Jurídica - ISSN: 1809-2721. (Internet) 2. DELGADO, José Augusto. A imprevisibilidade das decisões judiciárias e seus reflexos na Segurança Jurídica. (Internet) 3. McLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. 11. ed. São Paulo: Cultrix, 2001. Referências
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