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8- Filosofia do Direito em Hegel e Marx

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Idealismo Alemão 
Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) 
Formação 
• "Tübinger Stift" (seminário protestante em 
Württemberg) 
• Filosofia e Teologia 
• Obras principais: 
• Filosofia do Direito 
• Fenomenologia do Espírito 
 
• Na Introdução à Filosofia do Direito, 
Hegel estabelece três concepções de 
vontade: universal, particular e 
individual. 
• A vontade universal é a vontade como 
pensamento puro. Esse é o primeiro 
momento da vontade. Trata-se de uma 
vontade livre de qualquer conteúdo e a 
consideração somente da forma do 
pensamento. 
• A vontade caracterizada como 
'pensamento puro' é universal porque 
não tem nenhum sujeito que possa ser 
identificado como aquele que tem a 
atividade mental, pois, ao esvaziar a 
mente de qualquer conteúdo 
determinado, o 'eu', ou o sujeito 
determinado, é perdido também. 
• O segundo momento da vontade é a 
vontade de um sujeito determinado 
que tem um conteúdo determinado: a 
vontade particular 
• A vontade particular é concebida como 
vontade de um sujeito determinado, 
que tem um conteúdo determinado: 
um "eu" desejante que quer um objeto 
determinado. 
• Ao contrário do primeiro momento, 
este é o momento da vontade 
particular, pois, enquanto na 
universalidade o que imperava era a 
indeterminação, tanto do sujeito 
desejante quanto do conteúdo da 
vontade, na vontade particular temos 
um sujeito determina do, um 'eu', que 
quer algo determinado. 
• Por exemplo, quando quero um 
chocolate, sou 'eu' o sujeito desejante 
e o chocolate é o objeto ou conteúdo 
determinado da minha vontade. 
• Para Hegel, a vontade particular é 
caracteriza pela existência da forma e 
conteúdo. A forma é o ato desejante do 
'eu' e o conteúdo é o elemento específico 
do desejo, ou seja, objeto desejado. 
• Contudo, há ainda um terceiro momento 
da vontade que se constitui pela unidade 
dos dois momentos anteriores: a 
individualidade da vontade oua 
autodeterminação. A vontade individual é 
a que se refere à vontade como síntese da 
universalidade e da particularidade. 
• Contudo, há ainda um terceiro momento 
da vontade que se constitui pela unidade 
dos dois momentos anteriores: a 
individualidade da vontade ou a 
autodeterminação. A vontade individual é 
a que se refere à vontade como 
autodeterminação do “Eu”, capaz de 
aceitar e negar, ao mesmo tempo, a 
universalidade e a particularidade. 
• A vontade individual é a unidade destes 
dois momentos: é a particularidade 
refletida sobre si e que assim se ergue ao 
universal, quer dizer, a individualidade. 
• A autodeterminação do “Eu” consiste em 
situar-se a si mesmo num estado que é a 
negação do próprio “Eu” determinado ou 
limitado. Enfim, em não estar ligado a si 
mesmo na determinação. 
• Deste modo, o ponto de partida da Filosofia 
do Direito, que pretende ser meditação 
sobre a sociedade e o Estado, é essa 
vontade livre (individual), que se orienta 
pelo seu próprio desejo e trata de 
sobreviver. Talvez se possa pensar aqui no 
que foi chamado de Estado de Natureza. 
• Essa liberdade se concretiza na posse. 
Porém, a posse, em si, não tem por si 
maior garantia. O espírito busca, por 
isto mesmo, um contrato que lhe 
assegure a propriedade. 
• Locke havia indicado que, embora 
plenamente livre no Estado de 
Natureza, o homem não tinha 
qualquer garantia quanto à posse da 
propriedade privada, um direito 
natural. 
• Em razão disso, teve de se abdicar 
daquela liberdade plena a fim de 
dispor de uma lei, que protegesse a si 
mesmo e à propriedade. 
• Hegel chama a isto de Direito Abstrato. 
Presumivelmente por esta razão define 
ao direito como “a existência da 
vontade livre”, isto é, o que assegura a 
sobrevivência dessa vontade. 
• Partindo da propriedade e dessa ao 
contrato, instaura-se o direito de punir 
a quem desrespeite a regra 
estabelecida, fixando-se por esse meio 
um primeiro nível de legalização da 
violência, que vai ser assumida pelo 
Estado (monopólio da violência). 
• Assim procedendo, o direito não 
elimina o crime, mas apenas permite 
que seja punido. Não se trata de 
instaurar a harmonia entre os homens, 
mas de sancionar (coagir e punir) uma 
situação de fato, portanto, a punição é 
um fim em si mesmo. 
• A violência se contrapõe à liberdade. 
Tal verificação leva à descoberta da 
moralidade como algo subjetivo, como 
dever ser. 
• Esse dever ser deve ser regrado, 
julgado pelo Estado, que detém o 
monopólio da violência legal. 
• Deste modo, o Estado (modelo de 
moralidade e de ordem jurídica) se 
apresenta como a encarnação plena do 
Espírito Absoluto no seu devir dialético 
da História. 
• Como encarnação do Espírito Absoluto, 
o Estado nunca erra, visto ser a 
materialização da Razão Universal. 
Marxismo e Direito 
Karl Heinrich Marx (1818-1883) 
• Elaborou uma tese em que o Direito, 
como regra de conduta coercitiva, 
encontra sua origem na ideologia da 
classe dominante, que é precisamente 
a classe burguesa, para a garantia da 
posse e de tudo que deriva dela. 
• Assim o Direito, a partir do 
regramento social, torna-se o 
instrumento reprodutor dos valores e 
práticas burguesas. 
• Deste modo, o Direito é efeito 
exclusivo da vontade da classe 
burguesa por meio de uma síntese de 
um processo dialético de conflito de 
interesses entre as classes sociais, que 
Marx denominava “luta de classes”. 
• Assim o poder é exercido de forma 
legítima pela classe dominante, que é 
de fato quem legisla, ainda que não 
ilimitadamente em razão da resistência 
da classe operária, entendida lato 
sensu. 
 
• Marx acreditava existir uma ingerência 
forte do poder econômico sobre o 
Direito, atingindo também a cultura, a 
educação, a história e as relações 
sociais. 
• A dominação econômica de uns poucos 
sobre tantos outros se legitima por 
intermédio de um Estado de Direito, 
cujo princípio basilar é a lei. 
• O Direito Civil, o Direito Empresarial e, 
mais adiante, o Direito do Trabalho 
configuram este autêntico Direito 
burguês. 
 
• Sabe-se que as relações de dominação 
são anteriores ao capitalismo. Porém o 
capitalismo fundou a ideia de 
dominação contratual e 
instrumentalizou a Direito como 
mecanismo de controle social e 
reprodutor dos valores burgueses. 
 
• Referências 
• Sites: babeto.blogs.unipar.br/files/2009/02/Filosofia-
do-direito-3-bim-1-parte.pdf; 
• www.ufpel.edu.br/isp/dissertatio/revistas/27-28/27-28-
5.pdf‎; 
• arquivo.rosana.unesp.br/docentes/.../ÉTICA%20EM%20
HEGEL.pdf‎; 
• jus.com.br/.../poder-estado-direito-justica-e-liberdade-
em-kant-e-hegel‎; 
• www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100
; 
• www.ub.edu/histofilosofia/gmayos/PDF/HegelLiberdad
eEstadoPort.pdf‎.

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