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Aula 4 Conselho Comunitário de Segurança

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Introdução
Neste encontro, vamos estudar as condições para o funcionamento, a sensibilização do público interno e da comunidade, a dissolução, a reativação e a eleição, as dificuldades e os Conselhos Comunitários no Brasil. Para tanto, utilizaremos como fonte a publicação da SENASP intitulada Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, pois são poucas as publicações existentes no Brasil sobre este tema.
Condições para o funcionamento dos conselhos comunitários de segurança
Algumas condições são necessárias para que os conselhos comunitários tenham êxito em seu trabalho:
Cooperação com os diversos setores da sociedade civil e do Estado. Contudo, é preciso diferenciar cooperação de dependência e de vinculação político-partidária, religiosa, doutrinária, ideológica ou econômica com pessoas físicas e jurídicas ou com interesses estranhos aos objetivos do conselho;
Os cargos eletivos ou designados não devem ser remunerados, pois o trabalho é voluntário;
União e interação com os outros conselhos comunitários do município e com os órgãos governamentais;
Vínculo de parceria com órgão responsável pelo conselho na Secretaria Municipal. 
Sensibilização do público interno e da comunidade
Já mencionamos que é preciso que a comunidade veja ,como sua, a tarefa de trabalhar por um bairro e uma cidade mais seguros, pois é a sociedade que tem boas informações sobre os crimes e outros problemas que a afetam, além de possuir conhecimento sobre as condições locais e a capacidade de cooperar no esforço complementar de prevenção, agindo nas causas subjacentes aos crimes e desordens locais. 
É importante saber que as comunidades nem sempre se organizam de forma espontânea. Às vezes, a polícia precisa tomar a iniciativa, torando-se receptiva e estimuladora desta ação social, por meio de reuniões, palestras, visitas, debates etc.
Dissolução, reativação e eleição
O estatuto do conselho deve regular a sua dissolução, a reativação e a eleição. Sempre que estes eventos acontecerem, deve-se estudar e acompanhar as causas que levaram a comunidade a agir neste sentido. Cabe aos coordenadores motivar a comunidade a participar das reuniões.
A eleição deve ter ampla divulgação para que a comunidade participe efetivamente e deverá obedecer às normas criadas por cada estado. Seria ideal que cada Secretaria tivesse uma coordenação para acompanhar os conselhos e ser a união entre a comunidade, a segurança e os outros órgãos governamentais.
Dificuldades
De acordo com o Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, veja a seguir as principais dificuldades em relação aos Conselhos Comunitários de Segurança:
Falta de capacitação continuada dos conselheiros;
Falta de divulgação das ações dos conselhos;
Desconfiança da população;
Falta de sensibilização do público interno;
Falta de participação dos demais gestores públicos;
Falta de envolvimento dos gestores de segurança nas reuniões dos conselhos;
Lideranças inadequadas em busca de interesses pessoais e políticos;
Falta de valorização dos conselheiros.
Em uma situação em que a comunidade, na forma de conselhos, atue em cooperação com a Polícia Comunitária, esta última pode tomar as seguintes medidas complementares para otimizar a integração:
Elaborar cursos para as lideranças comunitárias;
Proferir palestras nas instituições da comunidade, 
como igrejas, escolas, clubes etc.;
Incentivar a realização de campanhas preventivas;
Distribuição de cartilhas, folhetos e cartazes;
Induzir a realização de ações comunitárias;
Realização de pesquisas e avaliações;
Realização de seminários para intercâmbio de experiências;
Distribuição de urnas para coleta de sugestões e críticas.
Conselhos Comunitários no Brasil
No Brasil, os primeiros Conselhos Comunitários de Segurança foram criados na década de 1980. 
Os estados do Paraná, Ceará e São Paulo foram os iniciantes a experimentar essa modalidade. 
No Paraná, a criação do Conselho Comunitário de Segurança de Londrina ocorreu em 1982 e o de Maringá, em 1983. 
A partir de 1985 o estado do Ceará, com o auxílio da Polícia Militar, viu surgir os primeiros conselhos em bairros de Fortaleza. 
Informações do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária
As informações do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária são referentes ao ano de 2009, estando, portanto, defasadas. Em uma pesquisa na internet, temos a situação para os conselhos comunitários de segurança, atualmente, por estados.
Vamos conhecê-los a seguir.
Situação dos Conselhos Comunitários de Segurança
1. De acordo com o Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, com a implantação do programa de Polícia Comunitária no estado, vários Conselhos Comunitários foram criados, mas não se mantiveram. A reativação ocorreu a partir do convite aos representantes dos bairros para participarem junto às bases da polícia da família. Em nossa pesquisa na internet, apenas encontramos menção ao Fórum Comunitário Permanente de Segurança Pública do Município de Porto Acre e o estatuto do Conselho Comunitário de Segurança de Rio Branco. 
2. No site da Polícia Militar do Amazonas, na página da Polícia Comunitária, encontramos referência ao Conselho Comunitário de Segurança da Capital (CONSEG), aos Conselhos Comunitários de Segurança Pública das 1ª, 2ª, 3ª e 4ª CICOM e ao Conselho Interativo Comunitário de Segurança Pública da Zona Leste. No site da Secretaria de Estado de Segurança Pública, pode-se observar uma lista de 56 CONSEGs, com o nome de seus respectivos conselheiros, atualizada em julho de 2006.
3. No site Folha de Boa Vista, em uma notícia de 25 de setembro de 2009, encontra-se a informação de que a partir de 2007 começaram a ser implantados os conselhos comunitários em Boa Vista, sendo seis nesta ocasião. Contudo, os municípios do interior não contavam, à época, com nenhuma entidade do tipo.
4. No livro do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária existe a informação de que são quatro conselhos no estado: Vilhena, Caçoai, Ji-Paraná e Ariquemes.
5. Existem na forma de Conselhos Interativos de Segurança e Justiça (CISJU). Não encontramos nenhuma lista atualizada dos conselhos em funcionamento. No livro Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, há informação de que 32 conselhos estavam em funcionamento.
6. Os Conselhos Comunitários de Segurança passaram a existir no Amapá a partir de junho de 2005, com a assinatura do decreto estadual nº 3269. Encontramos na internet a Lei 1632 de 29/03/2012 reconhecendo o relevante interesse coletivo, a importância social das obras e a utilidade pública dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública - CONSEGs - localizados no Estado, bem como a federação Amapaense dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública – FEASP. 
É importante notar que fica estabelecido que a FEASP regulará a criação ou a extinção destes conselhos. Apesar de o Curso de Multiplicador de Polícia Comunitária afirmar que existiam 10 conselhos deste tipo no Amapá, só encontramos na internet, referência ao Conselho Comunitário de Segurança Pública dos Bairros, no bairro de Marabaixo, em Macapá.
7. O primeiro conselho foi criado em 2003 e no livro do curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária lê-se que havia 33 Conselhos Comunitários de Segurança em funcionamento.
1. Na página da PROGESP-UFBA, encontramos uma lista de conselhos comunitários filiados à Federação dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública do Estado da Bahia, na qual constam informações sobre 212 conselhos.São 38 em Salvador, 18 na região metropolitana e 156 no interior.
2. Não existe uma lista dos conselhos do estado do Piauí. No livro do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, lê-se que a capital é dividida em quatro regiões, norte, sul, leste e oeste e os conselhos são denominados de acordo com a região na qual estão instalados. O primeiro
conselho deste tipo, o CONSEG da zona norte, foi criado em 2004.
3. Em uma notícia no site da Folha do Maranhão sobre a entrega de kits de material de escritório e de informática, de 22 de maio de 2011, afirma-se que existem 80 conselhos no estado, sendo 24 na capital e 24 no interior.
4. No site da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará, encontra-se uma página com referência a 11 Conselhos Comunitários de Defesa Social.Vale notar que a página contém informações como o decreto de criação dos conselhos, calendário de reuniões, perguntas e respostas etc. No entanto, algumas informações são de 2003.
5. Não obtivemos informações sobre conselhos neste estado. No livro de Multiplicador, constava que “existem apenas comunidades cadastradas na Coordenadoria de Programas para a Cidadania/SESED: 74 em Natal e 33 no interior, totalizando 107 comunidades” (p. 341).
6. No site da Polícia Militar da Paraíba, encontramos notícia de 21 de setembro de 2012, informando que a PM prepararia instalação de Conselhos Comunitários na capital, para aumentar o número, visto que, à época, existiam apenas dois, nos bairros de Mangabeira e Manaíra. 
7. Apesar de não encontrarmos sites que informassem sobre a situação dos Conselhos Comunitários no estado de Pernambuco, no livro do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária consta que a Secretaria de Defesa Social já havia empossado, em todo o estado, 232 Conselhos Comunitários de Defesa Social, também chamados de Conselhos da Paz por circunscrição, sendo 44 na região metropolitana e 17 destes na capital.
8. Em uma reportagem de 26/05/2009, encontramos a seguinte informação: “Líderes pedem criação de Conselhos Comunitários de Segurança”. Parece que a reivindicação deu resultado, pois, no site da Secretaria de Estado da Defesa Social, do dia 09 de abril de 2010, há uma matéria afirmando que até setembro deste mesmo ano, pretende-se criar 18 novos conselhos.
9. Não encontramos nenhuma informação em nossa pesquisa da internet sobre o estado de Sergipe. No livro Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, encontramos que o primeiro conselho deste tipo foi criado em 1995 e que existem 35 Conselhos de Segurança Comunitários regulamentados e 8 estavam em fase de regulamentação.
1. O decreto nº 24.101, de 25/09/2003 criou os Conselhos Comunitários do Distrito Federal. No site da Secretaria de Estado de Segurança Pública encontramos o seguinte: “Os CONSEGs/RA abrangem todas as regiões administrativas do Distrito Federal e os CONSEGs/ESPECIAIS são compostos atualmente pelos Conselhos Comunitários Especiais de Segurança Rural – CONSEGs ESPECIAIS/Rural, Conselhos Comunitários Especiais de Segurança Escolar - CONSEGs ESPECIAIS/Escolar, Conselho Comunitário Especial de Segurança da Universidade de Brasília – CONSEG ESPECIAL/UnB, Conselho Comunitário Especial de Segurança dos Rodoviários – CONSEG ESPECIAL/Rodoviários, Conselho Comunitário Especial de Segurança dos Taxistas – CONSEG ESPECIAL/Taxistas, Conselho Comunitário Especial de Segurança dos Postos de Combustível – CONSEG ESPECIAL/Postos de Combustível, Conselho Comunitário Especial de Segurança da Indústria Gráfica – CONSEG ESPECIAL/INDÚSTRIA GRÁFICA, Conselho Comunitário Especial do Comércio Atacadista – CONSEG ESPECIAL/COMÉRCIO ATACADISTA e Conselho Comunitário Especial do Transporte Alternativo – CONSEG ESPECIAL/TRANSPORTE ALTERNATIVO”.
2. O decreto de nº 6.249 de 20 de setembro de 2005 autoriza o Secretário de Segurança Pública e Justiça a criar Conselhos Comunitários de Segurança e Defesa Social. Segundo informações contidas no Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, todos os 246 municípios do estado de Goiás têm Conselho Comunitário de Segurança.
3. O site da Secretaria de Estado de Segurança Pública, 
em um uma notícia de 30 de março de 2009 contabiliza 39 Conselhos Comunitários para este estado.
4. Há, de acordo com notícia do site do Jornal do Povo, de 29 de março de 2011, existem  15 conselhos na capital e 24 no interior, sendo que um deles é o Conselho Comunitário de Segurança Indígena.
1. No site da Polícia Militar de Minas Gerais, encontramos uma página para os CONSEPs, na qual consta a definição de Conselhos Comunitários e dois tópicos de finalidades, mas não existe uma lista dos conselhos atualmente em operação. No livro do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, há a informação de que, neste estado, os conselhos foram criados a partir do ano 2000 como eixo da polícia de resultados da PM. Em dezembro de 2004, existiam 373 CONSEPs atuando no estado.
2. O decreto nº 2.171 de 13 de novembro de 1985 autoriza a criação dos Conselhos Comunitários de Segurança no território capixaba.
3. De acordo com o livro do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, existiam 39 conselhos, divididos por Áreas Integradas de Segurança Pública. “Cada AISP representa geograficamente a área de um batalhão Operacional da Polícia Militar, não importando quantas delegacias estejam na sua área, porém na reorganização feita à época pela Secretaria de segurança Pública corrigiram-se as dúvidas e cada delegacia foi direcionada para uma AISP específica. No site do Instituto de Segurança Pública (ISP) da Secretaria de Estado de Segurança existe uma lista de 8 sites de conselhos que autorizaram a divulgação de seus contatos.
4. Em São Paulo os CONSEGs foram criados pelo Decreto Estadual n.º 23.455, de 10 de maio de 1985, e regulamentado pela Resolução SSP-37, de 10 de maio de 1985, existindo atualmente em 522 municípios, sendo 84 na capital, 40 na região metropolitana e 660 no interior e no litoral, totalizando 784 conselhos comunitários de segurança neste estado.
1. Neste estado, o decreto nº 2.332, da Secretaria de Segurança pública do Paraná regulamenta os conselhos. Não se pode esquecer que a primeira experiência de Conselho Comunitário no âmbito da segurança pública do Brasil ocorreu em Londrina, ainda no início da década de 1980. No site da Secretaria de Segurança Pública encontra-se uma página dos CONSEGs em que há uma divisão por quatro regiões do estado: capital (42), região metropolitana (24), litoral (8) e interior (169).
2. Os CONSEGs existem neste estado desde 2001, a partir do Decreto nº 2.136 e da resolução nº 001/SSP/01 totalizando cerca de 230 atualmente.
3. Neste estado, são chamados de Conselhos Comunitários Pró-Segurança (CONSEPRO) organizados na forma de Federação dos Conselhos Comunitários Pró-Segurança Pública (FECONSEPRO), porém não encontramos uma lista. No livro do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária existe a informação de que eram, à época da publicação, 429 conselhos, pois quase todo município deste estado contam com uma entidade.
Concluindo 
Como pudemos notar ao longo desta aula, os Conselhos Comunitários de Segurança são uma ótima forma de envolver a Sociedade Civil e o Estado na perspectiva de buscar soluções conjuntas para os problemas da violência e criminalidade e, nesse sentindo, é bastante animador notar que todos os estados e o Distrito Federal, de alguma forma, apresentam experiências deste tipo, embora a memória e o conhecimento sobre os Conselhos não estejam satisfatoriamente sistematizados.
Percebemos que ao tratar do tema dos Conselhos Comunitários de Segurança, frequentemente nos referimos à Polícia Comunitária, por isso, a partir do próximo encontro estudaremos a Polícia Comunitária, os conceitos e as interpretações subjacentes ao tema, bem como a diferença entre ela e o policiamento comunitário. Examinaremos os 10 princípios da polícia comunitária e as características que a diferenciam da tradicional e os relacionamentos da primeira com a comunidade.

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