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Penal 21 Material completo de Direito Penal

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CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO 
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI 
 
www.pontodosconcursos.com.br 1
5- DA AÇÃO PENAL 
O direito de ação está previsto constitucionalmente. De acordo com a Carta 
Política de 1988, “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou 
ameaça a direito” (artigo 5º, inciso XXXV, da CF). 
Assim, todo aquele que estiver diante de uma lesão ou ameaça de lesão a direito, 
poderá propor ao Poder Judiciário a respectiva ação com o objetivo de proteger 
tal direito. 
No Direito Penal, o Estado detém o direito de punir. Com a realização da conduta 
criminosa, surge para o Estado, de forma potencial, o Direito de punir. Para 
concretizar o Direito de punir, o Estado deve promover o respectivo processo 
judicial, isto é, deve ele exercer o Direito de ação. 
O Direito de ação não se confunde com o direito buscado, isto é, com o direito 
pretendido. Assim, o direito de a ação não se confunde com o direito de punir que 
é pretendido pelo Estado. 
Observe, por exemplo, o proprietário de um imóvel dado em locação. Quando o 
inquilino deixa de pagar os alugueres, surge para o proprietário o direito aos 
alugueres não pagos, bem como, diante da rescisão contratual, o de reaver a 
propriedade. Este o seu direito subjetivo material (direito pretendido). Para tanto, 
necessitará se valer do direito de ação, isto é, do direito de propor ao Judiciário a 
respectiva ação com o intuito de, por meio de sentença, obter o pagamento dos 
alugueres e reaver seu imóvel. 
Portanto, não se pode confundir o direito buscado com o direito de ação. No caso 
do Estado, quando alguém comete um crime, surge para ele o direito de punir, o 
qual só será alcançado por meio da respectiva ação penal. 
De acordo com Luiz Regis Prado1, a ação penal consiste na faculdade de exigir a 
intervenção do poder jurisdicional do Estão para a investigação de sua pretensão 
punitiva no caso concreto. 
Brilhante, todavia, em que pese simples, a conceituação dispensada por 
Guilherme de Souza Nucci2. Para ele, ação penal é o direito de pleitear ao Poder 
Judiciário a aplicação da lei penal ao caso concreto, fazendo valer o poder 
punitivo do Estado em face do cometimento de uma infração penal. 
De tais conceitos retiramos o caráter instrumental da ação penal. Ela é o 
instrumento para se alcançar a aplicação da lei penal. Não é possível aplicar-se a 
 
1 Comentários ao Código Penal – Editora RT. 
2 Manual de Direito Penal – Editora RT. 
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lei penal, sem que se tenha valido da ação penal. Portanto, o Direito de ação 
penal é um instrumento para alcança a aplicação da lei penal ao caso concreto. 
Antes, todavia, de nos enveredarmos na ação penal, devemos tratar do direito de 
punir. Assim, no próximo item falaremos do direito de punir, que, como já visto, 
não se confunde com o instrumento para sua concreção: Ação Penal. 
5.1 – DO DIREITO DE PUNIR. 
Diante da prática de um crime, surge para o Estado o Direito de punir. Tal direito 
ainda é uma potencialidade, já que depende do exercício do direito de ação penal, 
ocasião em que ao acusado dar-se-á oportunidade à ampla defesa e ao 
contraditório. 
Quando, por meio do processo penal, o Estado obtém uma sentença penal 
condenatória transitada em julgado, o direito de punir que era potencial passa a 
ser concreto, podendo, com isso, o Estado executar o comando da sentença, isto 
é, a pena. 
O direito de punir, entretanto, não pode ser entendido somente como o direito de 
aplicar pena. Quando, aqui, falamos em direito de punir, estamos querendo dizer 
que o Estado tem o direito de ao infrator dar a resposta jurídico-penal cabível. 
Eventualmente, da aplicação da lei penal não decorrerá a aplicação de pena. 
Observe o caso do inimputável por doença mental. A ele não será aplicada pena, 
mas aplicando-se a lei penal, estabelecer-se-á ao acusado medida de segurança, 
que, apesar de ser conseqüência jurídico-penal, não é pena. 
Portanto, absolutamente acerta a conceituação dada por Guilherme de Souza 
Nucci à ação penal. Segundo o mestre, ação penal é o direito de pleitear ao 
Poder Judiciário a aplicação da lei penal ao caso concreto, fazendo valer o poder 
punitivo do Estado em face do cometimento de uma infração pena. 
Quanto, então, se fala em direito de punir, o que se quer expressar é a pretensão 
que tem o Estado, por meio da aplicação da lei penal, impor ao transgressor da 
norma penal sua conseqüência jurídica, isto é, pena ou medida de segurança. 
 
Assim, o direito de punir é o Direito que possui o Estado de, ao transgressor da 
norma penal, aplicar pena ou medida de segurança. Aqui, a pretensão 
punitiva. 
 
5.2 – ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL. 
 
De acordo com o que dispõe o nosso legislador, a ação penal pode ser pública, 
incondicionada ou condicionada, ou privada. Primeiramente, vamos dispensar 
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atenção aos titulares das ações penais para, posteriormente, tratarmos de cada 
uma delas. 
 
No entanto, observe o quadro abaixo para visualizar o tema. 
 
 
 
 
 
 Incondicionada 
 Pública 
 
 Condicionada 
 Ação penal Representação do ofendido 
 
 
 Privada Requisição Ministro da Justiça
 
 Típica 
 
 Personalíssima. 
 
 Subsidiária da pública. 
 
 
 
5.2.1 – TITULARES DO DIREITO DE AÇÃO. 
 
Por meio da ação penal busca-se satisfazer o direito de punir. Este sempre será 
estatal. Portanto, só o Estado tem o direito de punir. De regra, o direito de ação é 
exercido pelo titular do direito pretendido. Se a pretensão é punitiva, o Estado 
deterá o direito de ação penal que busca satisfazer tal pretensão. 
 
Quando o Estado tem o direito de ação, diz-se que a ação penal é pública. A 
ação penal pública será promovida (exercida) pelo Estado junto ao Poder 
Judiciário por meio de uma instituição que muito já ouvimos falar, que é o 
Ministério Público. 
 
De acordo com a Constituição Federal, é função institucional do Ministério Público, 
promover, privativamente, a ação penal pública3. 
 
3 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
 
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Assim, o Ministério Público é o titular da ação penal pública. 
 
Em outras oportunidades, o Estado detentor do direito de punir abre mão do 
direito de ação penal, deixando ao arbítrio do particular o interesse de promovê-
la ou não. Aqui, a ação penal privada. Assim, em que pese o direito 
pretendido (a pretensão punitiva) ser estatal, o direito de ação cabe ao ofendido 
ou seu representante legal. 
 
Portanto, titular do direito de ação, quando privada, será o ofendido (sujeito 
passivo da infração penal) ou seu representante legal. 
 
Síntese conceitual: 
 
Ação penal pública = titular Ministério Público. 
Ação penal privada = titular o ofendido ou seu representante legal. 
 
Atenção: Para todas as ações penais, pública ou privada, necessário que estejam 
presentes dois requisitos mínimos, ou seja, 1- indícios de autoria e 2- prova 
da materialidade delitiva. Necessário, portanto, que haja prova de que houve 
um crime e indícios de que alguém foi seu autor. Só assim é possível a 
propositura de qualquer ação penal. 
 
Agora, pressupondo acoexistência dos requisitos mínimos, vamos tratar de cada 
uma das ações penais, pública e privada. Este tema exige muita atenção, já que 
constantemente é objeto de questionamento. 
 
5.2.2 – DA AÇÃO PENAL PÚBLICA. 
 
O Estado, por meio do Ministério Público, exercerá o direito de ação penal em 
busca da satisfação de sua pretensão punitiva. Assim, aqui age em nome próprio 
defendendo direito próprio. 
 
Sabemos que a ação penal pública pode ser incondicionada ou condicionada. 
Quando o legislador silencia, a ação penal é pública incondicionada. Quando, 
portanto, pretende estabelecer uma das condições, expressamente o diz. 
 
De regra, as ações penais são públicas incondicionadas. É o que preceitua o 
artigo 100 do CP, cuja literalidade segue. 
 
Ação pública 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei 
expressamente a declara privativa do ofendido. 
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§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, 
dependendo, quando a lei o exige, de representação do 
ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
 
 
Tanto a incondicionada, como a condicionada, será promovida pelo Ministério 
Público. Trataremos delas separadamente. Primeiro, da incondicionada e, 
posteriormente, da condicionada. 
 
5.2.2.1 – DA AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. 
 
Quando o legislador silencia, a ação penal é pública incondicionada. Portanto, 
basta que presentes estejam os requisitos mínimos, ou seja, indícios de autoria e 
prova da materialidade delitiva, para que a ação penal seja proposta. 
 
A ação penal pública incondicionada será regrada pelos seguintes princípios: 1)-
obrigatoriedade; 2)- indisponibilidade; 3)- oficialidade. 
 
1)-OBRIGATORIEDADE: Desde que presentes os requisitos mínimos, o titular 
da ação penal (Ministério Público) não atuará discricionariamente. Deve, 
peremptoriamente, iniciar a ação penal. Não lhe cabe fazer juízo de conveniência 
e oportunidade. No caso, o seu atuar é vinculado (não há discricionariedade) no 
sentido de que não tem outra coisa a fazer que não seja promover a ação penal 
cabível. Assim, se o Ministério Público tiver elementos (no inquérito policial ou 
peças informativas) para iniciar a ação penal, deverá fazê-lo, pois a ação não é 
dele e sim do Estado. 
 
2)-INDISPONIBILIDADE: Iniciada a ação penal com o oferecimento da 
denúncia, não pode dela desistir o Ministério Público4. Todavia, não está ele 
proibido de, após a produção das provas, requerer a absolvição do acusado. 
 
3)-OFICIALIDADE: a persecução penal (início do inquérito policial e da ação 
penal pública) cabe a órgãos do Estado. Assim, a ação penal pública só terá início 
por meio de proposta do Ministério Público. Excepcionalmente, com a inércia do 
órgão oficial de acusação, o ofendido ou seu representante legal poderá manejar 
a ação penal privada subsidiária da pública. Esta, de índole constitucional. 
 
No caso da ação penal pública incondicionada, não há dificuldade. 
 
 
5.2.2.2 – DA AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA. 
 
4 Artigo 42 do CPP : “O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.” 
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Agora vamos tratar da ação penal pública condicionada. O legislador em 
determinadas oportunidades exige, para o exercício do direito de ação, o 
preenchimento de algumas condições. De acordo com a letra da lei, as condições 
da ação penal pública são: 1- representação do ofendido ou de seu representante 
legal ou 2- requisição do Ministro da Justiça. 
 
 
Ação pública 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei 
expressamente a declara privativa do ofendido. 
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, 
dependendo, quando a lei o exige, de representação do 
ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
 
 
As condições da ação penal pública não são cumulativas, mas sim alternativas. 
Portanto, o legislador exige uma ou outra condição para o exercício do direito de 
ação. 
 
Atenção: O titular do direito de ação continua sendo o Estado, o qual será 
representando por seu órgão institucional: Ministério Público. 
 
Tratemos, nas linhas seguintes, de cada uma das condições da ação penal. 
 
5.2.2.3 – DA REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA. 
 
Em determinadas hipóteses o legislador exige a intervenção do Poder Executivo 
da União para que se possa dar início à ação penal pública. Assim, em raras 
hipóteses, o Ministro da Justiça poderá requisitar ao Ministério Público a ação 
penal. A requisição é ato discricionário, político. Poderá ser feita ou não, ao 
arbítrio do seu titular: o Ministro da Justiça. 
 
O Ministério Público, por sua vez, estando preenchida a condição, passará a 
analisar se presentes estão os requisitos mínimos para a ação penal. Se também 
presentes, a ele não cabe fazer juízo de valor, pois a ação penal pública é 
obrigatória. 
 
Disso, todavia, não podemos concluir que a requisição do Ministro da Justiça 
condiciona, vincula o Ministério Público. Este só estará obrigado a propor a ação 
se presentes os requisitos necessários para tanto. 
 
A requisição do Ministro da Justiça, além de discricionária, não respeita prazo 
decadencial, isto é, a ela não se aplica o prazo decadencial dirigido aos titulares 
do direito de representar e de oferecer queixa-crime. 
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Portanto, apesar de ser condição de ação, como o é a representação do ofendido 
ou de seu representante legal, à requisição do Ministro da Justiça não se aplica o 
prazo decadencial previsto no artigo 103 do CP5. 
 
Como foi falado, em raras hipóteses o legislador exige a requisição do Ministro da 
Justiça como condição da ação penal. Assim ocorre nos casos de crime contra a 
honra do Presidente da República (artigo 145, parágrafo único do CP) e nos 
crimes praticados por estrangeiro, no exterior, contra brasileiro (artigo 7º, 
parágrafo 3º, “b”, do CP). 
 
 
Síntese conceitual: 
Requisição do Ministro da Justiça: 
1- Ato político, discricionário. 
2- Não vincula o condiciona o Ministério Público. 
3- Não respeita prazo decadencial. 
 
 
Atenção: Apesar de não respeitar ou estar vinculada a prazo decadencial, a 
requisição do Ministro da Justiça deve respeitar o prazo prescricional, do qual 
falaremos quando formos tratar das causas extintivas da punibilidade (artigo 107, 
inciso IV, do CP). 
 
5.2.2.4 – DA REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO. 
 
Em determinadas situações, apesar de não privar o Estado do direito de ação, o 
legislador condiciona o seu exercício pelo Ministério Público à representação do 
ofendido (vítima) ou de seu representante legal. 
 
Representação, então, é manifestação de vontade (ato jurídico) da vítima ou de 
seu representante legal no sentido de permitir o início da ação penal pelo 
Ministério Público. 
 
Em que pese a lei aparentemente exigir forma rígida para a exteriorização do ato 
de representação (artigo 39 do CPP), a jurisprudência e a doutrina são uniformes 
 
5 
Decadência do direito de queixa ou de representação 
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de 
queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, 
contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º 
do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da 
denúncia. 
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em afirmar que basta que haja manifestação inequívoca de vontadepor parte do 
ofendido no sentido de processar o autor do crime, sendo dispensado qualquer 
requisito rígido de forma. 
 
Sem a manifestação de vontade do ofendido ou de seu representante legal o 
Ministério Público não pode propor a ação penal. A ação penal pública 
condicionada à representação do ofendido está prevista no artigo 100, parágrafo 
1º, do CP, como também no artigo 24 do CPP. Observe abaixo a redação de tais 
dispositivos. 
 
Ação pública e de iniciativa privada 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei 
expressamente a declara privativa do ofendido. 
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, 
dependendo, quando a lei o exige, de representação do 
ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
 
DA AÇÃO PENAL. 
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida 
por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando 
a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de 
representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para 
representá-lo. 
 
Todavia, a lei estabelece um prazo para que a representação seja ofertada. O 
direito de representar não ficará eternamente à disposição do ofendido ou de seu 
representante legal. 
 
A representação, de acordo com o disposto nos artigos 103 do CP e 38 do CPP, 
deverá ser oferecida, salvo expressa disposição em sentido contrário, no prazo 
de 06 (seis) meses a contar do dia em que o ofendido ou seu representante 
legal veio a saber quem é o autor do crime. Caso não represente no prazo legal, 
ocorrerá a decadência, ou seja, a perda do direito de fazê-lo 
 
Decadência do direito de queixa ou de representação 
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o 
ofendido decai do direito de queixa ou de representação se 
não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado 
do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, 
no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se 
esgota o prazo para oferecimento da denúncia. 
 
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Art. 38 CPP. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou 
seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de 
representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 
(seis) meses, contado do dia em que vier a saber quem é o 
autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se 
esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. 
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de 
queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos 
casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31. 
 
Decurso do prazo e sua conseqüência jurídica: O decurso do prazo, sem que 
o ofendido ou seu representante legal se manifeste, levará à decadência6 que é 
a perda do direito de ação. Perde-se o direito de ação, uma vez que o Ministério 
Público só poderia promovê-la quando presente a representação. Se não mais é 
possível a representação, já que escoou o prazo legal, o Ministério Público não 
poderá mais promover a ação penal. Deu-se, no caso, a decadência, causa 
extintiva da punibilidade (artigo 107, inciso IV, do CP). 
 
A respeito do tema, observe a questão abaixo, deixando de lado o conceito de 
perempção. 
 
TC SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO – 2005 – 
ADMINISTRATIVO. 
43- A perda do direito de representar ou de oferecer 
queixa, em razão do decurso do prazo fixado para o seu 
exercício, e o de continuar a movimenta a ação penal 
privada, causada pela inércia processual do querelante, 
configura respectivamente: 
a- decadência e perempção. 
b- prescrição e perempção. 
c- prescrição e decadência. 
d- perempção e decadência. 
e- decadência e prescrição. 
Gabarito oficial: A 
 
Titulares do Direito: São titulares do direito de representar o ofendido ou seu 
representante legal. 
 
6 Para Guilherme de Souza Nucci, decadência é a perda do direito de agir, pelo 
decurso de determinado lapso temporal, estabelecido em lei, provocando, assim, 
a extinção da punibilidade do agente. (in Código de Processo Penal Comentado – 
Editora RT – 5ª edição). 
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O representante legal, todavia, só poderá exercer o direito quando o ofendido, 
pela menoridade ou incapacidade outra, não tiver condições de praticar ato 
jurídico. 
 
Não podemos nos esquecer que a maioridade civil plena é adquirida pelo 
indivíduo logo que completados 18 anos de idade. Assim, tendo em conta 
alteração efetivada pelo novo Código Civil, não há mais motivo para tratamento 
distinto àquele que é menor de 21 e maior de 18 anos. Completados 18 anos de 
idade, desde que capaz, não há que se falar em representante legal. 
 
Independência do direito: Se incapaz o ofendido, o direito de representar será 
de seu representante legal. Este disporá de 06 meses (salvo expressa disposição 
legal em sentido contrário) para representar, caso ainda incapaz o ofendido, pois 
se a incapacidade deixar de existir antes de decorridos os 06 meses, a 
representação não mais existirá. O ofendido então contará agora com o prazo de 
06 meses à sua disposição, desde o momento em que deixou de ser incapaz. 
 
Sucessores: São sucessores do ofendido no direito de representar o seu 
cônjuge, seu ascendentes, seu descendente ou irmão (CADI). Estes, sem que se 
imponha a obediência à ordem descrita no artigo 24, parágrafo único, do CPP, 
poderão sucedê-lo quando o ofendido falecer ou for declarado judicialmente 
ausente.7 
 
A possibilidade de sucessão decorre de interpretação analógica do disposto no 
artigo 100, parágrafo 4º, do CP. Em tal dispositivo o legislador prevê a sucessão 
quando do direito de queixa. Silencia, no entanto, quanto o direito de 
representar. O legislador processual, mais cauteloso, não incidiu no mesmo erro. 
Assim, o atual Código de Processo Penal prevê a sucessão do direito de 
representar no parágrafo único do artigo 24. 
 
Tais dispositivos seguem abaixo para confronto. 
 
Artigo 100 do CP. 
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido 
declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
 
7 A declaração judicial de ausência ocorre quando determinado individuo 
abandona o seu lar, seu convívio social por um lapso de tempo (duradouro), 
oportunidade em que, para transmissão de seus bens entre os sucessores, é tido 
como morto (morte civil). 
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oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao 
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
 
 
Art. 24 do CPP. Nos crimes de ação pública, esta será 
promovida por denúncia do Ministério Público, mas 
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro 
da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem 
tiver qualidade para representá-lo. 
§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado 
ausente por decisão judicial, o direito de representação 
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
 
Procurador: O direito de representar poderá ser exercido pelo ofendido ou por 
seu representante legal pessoal e diretamente, como também por meio de 
procurador. Neste caso, o instrumento de procuração (outorga de mandato) 
deverá trazer poderes específicos para o exercício da representação (artigo 39 do 
CPP). 
 
Curador especial: O artigo 33 do CPP, que trata da curatela especial na queixa-
crime, será, valendo-se da analogia, aplicado aos casos de representação. Assim, 
o direito de representar poderá ser exercido por curador especial, nomeado pelo 
juiz, “ex officio” ou a pedido do Ministério Público ou do próprio ofendido, quando 
os interesses destecolidirem com os interesses de seu representante legal (ex: 
crime praticado pelo representante legal contra o seu pupilo). 
 
Atenção: Observe quando o representante legal ou alguém que lhe seja muito 
próximo tenha praticado crime contra o representado. É certo que aquele não 
terá interesse em autorizar o Ministério Público a processá-lo ou a processar 
aquele lhe é próximo. Nestes casos, o juiz nomeará curador especial ao ofendido. 
 
 Haverá a curatela especial também no caso do incapaz não possuir 
representante legal (vide artigo 33 do CPP). 
 
Retratação: a representação é passível de retratação até antes do oferecimento 
da denúncia pelo Ministério Público. A retratação nada mais é que a manifestação 
de desejo de não processar o autor do crime. 
 
Após o oferecimento da denúncia, tornou-se impossível a retratação, pois a 
ação penal proposta é pública e, com isso, indisponível. A possibilidade de 
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retratação está prevista nos artigos 102 do CP e 25 do CPP, que seguem 
transcritos abaixo. 
 
 
Irretratabilidade da representação. 
Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia. 
 
Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. 
 
Observe você que tais dispositivos na realidade trazem uma proibição, isto é, 
determinam a irretratabilidade da representação após o oferecimento da denúncia 
e, por via reflexa, nos indicam a possibilidade de retratação ainda que não 
oferecida denúncia pelo Ministério Público. 
 
Lembre-se você daquelas observações que foram feitas quando analisamos a 
preclusão temporal para a obtenção da benesse legal prevista no artigo 16 do CP. 
Naquela oportunidade, abrimos um parêntese para tratarmos de matéria 
processual penal, com o intuito de sabermos até quando poderia haver a 
restituição da coisa ou a reparação do dano para que o agente viesse a ser 
beneficiado pelo arrependimento posterior previsto no artigo 16 do CP. 
 
Aqui, necessário que nos remetamos àquelas anotações (item 3.7.2), com o 
intuído de, agora, sabermos até que momento é possível a retratação da 
representação. Assim, abaixo segue a parte daquele texto que nos interessa. 
 
DA DENÚNCIA E DA QUEIXA-CRIME : 
O processo penal pode ser iniciado no fórum por iniciativa do Promotor de Justiça 
(ação penal pública) ou pela vítima (ação penal privada). A eles caberá protocolar 
no fórum o pedido para o processo ser iniciado contra determinada pessoa. Esse 
pedido tem o nome de DENUNCIA, na ação penal pública, e de QUEIXA-CRIME, 
na ação penal privada. 
 
A ação penal, pública ou privada, será manejada por seu titular (titular do direito 
de agir). A este caberá levar a querela ao Poder Judiciário. Este só se manifestará 
se provocado. A provocação, por sua vez, efetivar-se-á por meio do exercício do 
direito de ação. Para tanto, isto é, para promover a respectiva ação penal, caberá 
aos titulares do direito de agir formularem a DENUNCIA, no caso de ação penal 
pública (movida pelo Ministério Público), ou a QUEIXA-CRIME, caso privada a 
ação penal (movida pelo ofendido ou por seu representante legal). Assim, 
portanto, a DENUNCIA e a QUEIXA-CRIME são as peças inaugurais do processo 
penal. A primeira, relativa à ação penal pública e a segunda à ação penal privada. 
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O direito de ação (jus postulandi) é, no direito processual penal, exercido por 
meio da DENUNCIA e da QUEIXA- CRIME. Entretanto, não podemos nos esquecer 
que eventual processo depende da existência de requisitos mínimos para que 
nasça validamente. Portanto, sempre deverão estar presentes: 1)- indícios 
suficientes de autoria; e 2)- prova da materialidade delitiva. 
 
Os requisitos da denúncia e da queixa-crime estão elencados no artigo 41 do CPP, 
cuja literalidade é a seguinte: Artigo 41 do CPP : “A denúncia ou a queixa conterá 
a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do 
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do 
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas”. 
 
OFERECIDA (protocolada no fórum) a denúncia pelo Ministério Público, na 
ação penal pública, ou a queixa-crime pelo ofendido ou seu representante legal (a 
vítima = particular), caberá ao juiz analisar se é realmente o caso de processar 
alguém. Nesse momento ele, juiz, apreciará os requisitos dos pedidos que lhe 
foram feitos. Admitindo o processo, o juiz receberá a denúncia ou a queixa-crime, 
determinando que se inicie o processo. 
 
Observe que a retratação (retirada da representação) pode ser efetivada até o 
oferecimento da denúncia. Caso o Ministério Público já a tenha oferecido 
(protocolada ou distribuída), não mais é possível a retratação da representação. 
 
O momento preclusivo não é o recebimento da denúncia, mas sim o seu 
oferecimento pelo Ministério Público. Muita atenção a este detalhe já que 
constantemente as organizadoras dos concursos buscam, nas questões objetivas, 
confundir o candidato8. 
 
 
8 
Analista do BACEN – 2005 – FCC. 
26- Nos crimes de ação penal pública condicionada, a representação do ofendido 
é: 
a- retratável até o trânsito em julgado da sentença condenatória. 
b- Irretratável. 
c- irretratável após o oferecimento da denúncia. 
d- retratável desde que haja concordância do réu. 
e- irretratável após o recebimento da denúncia. 
Gabarito oficial: C. 
 
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Poderá a retratação ser objeto de retratação, isto é, o ofendido representa, 
retrata-se posteriormente (antes do oferecimento de denúncia), e, mais à 
adiante, retrata-se da retratação, isto é, resolve novamente processar o réu. 
Neste último caso, necessário que a retratação da retratação seja efetivada 
dentro do prazo decadencial. 
 
Síntese conceitual: 
Representação: ato jurídico por meio do qual se dá ao titular do direito de ação 
a autorização para propor a ação penal que, apesar de pública, é condicionada. 
Forma: Não necessita de forma rígida, basta que represente de forma inequívoca 
a vontade do ofendido ou de seu representante legal. 
Prazo: Os titulares terão, salvo expressa disposição legal em sentido contrário, o 
prazo de 06 meses a contar de quando souberam quem é o autor do crime. 
Natureza do prazo: O prazo é decadencial e seu decurso sem manifestação 
gera a perda do direito de ação. 
Retratação da representação: é a retirada representação (desiste de processar 
o autor do crime). A retratação pode ocorrer até o oferecimento da denúncia. 
 
5.2.3 – DA AÇÃO PENAL PRIVADA. 
 
“A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do 
ofendido”. É o que dispõe o artigo 100 do CP. Das letras da lei, extrai-se a regra e 
a exceção. De regra, Pública; excepcionalmente, privada. No silêncio do 
legislador, a ação penal será pública. 
 
O legislador quando fala em ação penal privada, o faz de forma peculiar. Em 
algumas oportunidades, afirma que tais crimes serão apurados mediante queixa-
crime (peça acusatória inicial da ação penal privada); noutras diz que tais crimes 
serão apurados mediante ação penal de iniciativa do ofendido. 
 
O certo, no entanto, é que a lei penal que definirá qual será a ação penal, pública 
ou privada. No silêncio, pública. 
 
Quando a ação penal é privada, ocorre uma anomalia, já que o titular do direito 
de ação, o ofendido, não é o titular do direito buscado, pretendido, ou seja, do 
direito de punir (pretensão punitiva). Assim, promoveráem nome próprio ação 
para a tutela de direito alheio. 
 
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Nosso estudo será dividido em duas partes. Primeiro falaremos da ação penal 
privada típica, onde, salvo a possibilidade de sucessão, que veremos de forma 
detida, tudo se aplica à ação penal personalíssima. Posteriormente, vamos 
dispensar atenção à ação penal privada subsidiária da pública. 
 
Síntese conceitual: 
Ação Penal Pública = Ministério Público = denúncia (peça inicial). 
Ação Penal Privada = ofendido = queixa-crime (peça inicial). 
 
5.2.3.1 – DOS TITULARES DA AÇÃO PENAL PRIVADA. 
 
De acordo com a lei, o direito de propor a ação penal privada é do ofendido ou se 
seu representante legal. Portanto, titular do direito de ação é o ofendido e, 
quando incapaz, será titular o seu representante legal. Ambos os titulares para a 
propositura da ação penal, valer-se-ão da queixa-crime. Esta é a peça inicial 
acusatória da ação penal privada. É o que se extrai do artigo 100, parágrafo 2º, 
do CP. 
Ação pública e de iniciativa privada 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei 
expressamente a declara privativa do ofendido. 
§ 1º. 
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante 
queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para 
representá-lo. 
 
Enquanto na ação penal pública o Ministério Público se vale da DENÚNCIA. Aqui, 
na ação penal privada, os seus titulares utilizar-se-ão da QUEIXA-CRIME. Tais 
peças estrutural e substancialmente são idênticas. A distinção está no nome, nos 
subscritores e na ação penal que darão causa. 
 
Assim, são titulares da ação penal privada o ofendido ou quem tenha 
qualidade para representá-lo. A titularidade também vem reconhecida no 
artigo 30 do CPP, cuja literalidade segue abaixo. 
 
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para 
representá-lo caberá intentar a ação privada. 
 
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Quando o ofendido for pessoa jurídica, deverá ela, para promover a respectiva 
ação penal, ser representada por quem determina os estatutos ou contratos 
sociais, ou, no silencia, pelos seus diretores ou sócios-gerentes9. 
 
Sucessores: No caso morte do ofendido ou quando declarado ausente por 
decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação já proposta 
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CADI). É o que dispõe os 
artigos 100, parágrafo 4º do CP e 31 do CPP. 
 
Atenção: Na ação penal privada personalíssima, não se admite a sucessão. 
Falecendo o titular do direito de ação, não será possível a sucessão. Segundo 
Fernando Capez (curso de Direito Penal – Parte Geral – Editora Saraiva), há hoje 
apenas um crime que é de ação penal personalíssima, uma vez que, o crime de 
adultério (artigo 240, parágrafo 2º do CP), seu congênere foi revogado. Assim, 
restou somente o crime de Induzimento a erro essencial e ocultação de 
impedimento (artigo 236 do CP) como crime de ação penal personalíssima. 
 
Curador especial: O artigo 33 do CPP prevê que o direito de queixa poderá ser 
exercido por curador especial, nomeado pelo juiz, “ex officio” ou a pedido do 
Ministério Público ou do próprio ofendido, quando os interesses deste colidirem 
com os interesses de seu representante legal (ex: crime praticado pelo 
representante legal contra o seu pupilo). 
 
Atenção: Observe quando o representante legal ou alguém que lhe seja muito 
próximo tenha praticado crime contra o ofendido. É ilógico dar a ele 
representante legal titularidade de uma ação que pode ser movida contra ele ou 
contra aquele lhe é próximo. Nestes casos, o juiz nomeará curador especial ao 
ofendido. 
 
Haverá a curatela especial também no caso do incapaz não possuir representante 
legal (vide artigo 33 do CPP). 
 
Atenção: Não se admite curatela especial nos crimes de ação penal privada 
personalíssima, já que, se incapaz o ofendido, o prazo decadencial só começará a 
 
9 Art. 37 do CPP. As fundações, associações ou sociedades legalmente 
constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem 
os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos 
seus diretores ou sócios-gerentes. 
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fluir do momento em que cessa a incapacidade. Não se admite em tais crimes a 
intervenção de representante legal. 
 
5.2.3.2 – DO PRAZO DECADENCIAL. 
 
Salvo expressa disposição legal em sentido contrário, o ofendido ou seu 
representante legal disporá de 06 meses para oferecer a queixa-crime. Caso, 
não o faça no prazo, operar-se-á a decadência. Ocorrerá, daí, a perda do direito 
de ação, o que motiva a extinção da punibilidade (artigo 107, IV, do CP). 
 
A respeito do prazo o legislador se ocupa nos artigos 103 do CP e 38 do CPP, cuja 
literalidade segue. 
 
Decadência do direito de queixa ou de representação 
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o 
ofendido decai do direito de queixa ou de representação 
se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado 
do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, 
no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se 
esgota o prazo para oferecimento da denúncia. 
 
 
 Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu 
representante legal, decairá no direito de queixa ou de 
representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 
(seis) meses, contado do dia em que vier a saber quem é o 
autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se 
esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. 
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de 
queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos 
casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31 
 
Início da contagem: O prazo será contado a partir do momento em que o 
ofendido ou, no caso de incapacidade, o seu representante legal, tomou 
conhecido da autoria do crime. Assim, o prazo não flui do momento em que o 
crime ocorreu. Fluirá de quando é conhecida a autoria do ilícito. Como o 
prazo atinge o direito de punir, tem ele natureza material (Penal) e, com isso, 
aplica-se, na contagem a regra insculpida no artigo 10 do CP10, ou seja, inclui-se 
 
10 Contagem de prazo 
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na contagem o dia do começo. (exemplo: tomou conhecimento da autoria no dia 
de hoje às 23:30 horas, o dia de hoje já é contado). 
 
Independência do direito: Se incapaz o ofendido, o direito de oferecer a queixa 
será de seu representante legal. Este disporá de 06 meses (salvo expressa 
disposição legal em sentido contrário) para propor a ação penal privada, caso 
ainda incapaz o ofendido, pois se a incapacidade deixar de existir antes de 
decorridos os 06 meses, a representação não mais existirá. O ofendido então 
contará agora com o prazo de 06 meses à sua disposição, desde o momento em 
que deixou de ser incapaz. 
 
5.2.3.3 – DOS PRINCIPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA. 
 
Aqui, dispensaremos atenção aos princípios (regras que dão norte) que regem a 
ação penal privada. Trataremos daqueles em que a doutrina é uniforme. Não é 
nosso objetivo aqui entrar em embate doutrinário sobre o tema. 
 
São três os princípios que norteiam a ação penal privada. São eles: oportunidade 
ou conveniência; disponibilidade e indivisibilidade. Falaremos de cada um deles. 
 
A oportunidade ou conveniência se manifesta ao dar o legislador ao ofendido 
liberdade de escolha. Caberá aele, só a ele se capaz, ou a seu representante 
legal, o juízo de valor acerca da oportunidade e conveniência de se propor a ação 
penal privada. O ofendido poderá abrir mão do direito de ação por meio da 
decadência (decurso do prazo decadencial) ou da renúncia ao direito de queixa. 
Diferentemente do que ocorre na ação penal pública, onde ao Ministério Público 
não se dá qualquer liberdade. Presentes os requisitos, é seu dever propor a ação 
penal pública. 
 
Quando já proposta a ação penal privada, poderá o ofendido ou seu 
representante legal dela dispor, bastando, para tanto, que não exista sentença 
penal transitada em julgado. A disponibilidade se manifesta quando se dá ao 
ofendido a possibilidade de oferecer o perdão ao querelado ou quando por 
desleixo ocorre a perempção. As hipóteses de perempção estão arroladas no 
artigo 60 do CPP11. Sobre elas falaremos quando formos tratar da extinção da 
punibilidade. 
 
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os 
meses e os anos pelo calendário comum. 
11 Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-
se-á perempta a ação penal: 
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O ofendido deve propor a ação penal privada contra todos os autores e partícipes 
do crime, desde que, é óbvio, conheça-os. Caso não o faça, apesar de conhecê-
lo, operou-se a renúncia ao direito de queixa em relação aos não processados. 
Como a renúncia a todos se estende, não há motivo para ação penal. Ou processa 
todos ou processa nenhum12. Aqui, a indivisibilidade. 
 
Sobre a renúncia e o perdão falaremos quando formos tratar das causas de 
extinção da punibilidade. Por ora nos interessa somente trazer à baila os 
dispositivos do Código Penal que trata de ambos os institutos. Observem abaixo. 
 
Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa 
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa 
ou tacitamente. 
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato 
incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de 
receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime. 
Perdão do ofendido 
Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede 
mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação. 
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito: 
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita; 
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros; 
III - se o querelado o recusa, não produz efeito. 
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade 
de prosseguir na ação. 
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença 
condenatória. 
 
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do 
processo durante 30 (trinta) dias seguidos; 
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não 
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o 
disposto no art. 36; 
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a 
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o 
pedido de condenação nas alegações finais; 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar 
sucessor. 
 
12 Capez – Fernando (Curso de Direito Penal – Parte Geral – Editora Saraiva). 
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5.3.4 – DA AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA. 
A ação penal pública subsidiária é um direito do cidadão, pois, atualmente, está 
ela arrolada dentre os “Direitos e deveres individuais e coletivos”, os quais 
integram os “Direitos e Garantias Fundamentais” do título II de nossa Carta 
Constitucional. 
 
A Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso LIX, da CF13, assegura o direito de 
ação penal privada ao ofendido quando inerte o Ministério Público. 
 
A previsão constitucional da ação penal privada subsidiária da pública como um 
direito individual dentro do texto constitucional, traz a grande conseqüência de 
esse direito não poder ser suprimido nem mesmo por Emenda Constitucional, pois 
está arrolado dentre as denominadas cláusulas pétreas. 
 
No entanto, em que pese previsão constitucional, o legislador penal, como 
também o processual penal, não deixou de tratar de tal ação. Assim, tais 
diplomas também dispensam atenção ao tema que é de grande relevância e que 
em concursos públicos vem sendo explorado constantemente. 
 
De acordo com o artigo 100, parágrafo 3º do CP será possível a ação penal 
privada nos crimes de ação penal pública, desde que o Ministério Público não 
ofereça denúncia no prazo legal. Observe a redação do dispositivo abaixo. 
 
Artigo 100 do CP 
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos 
crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece 
denúncia no prazo legal. 
 
Não podemos nos esquecer que o crime é de ação penal pública. No entanto, o 
Ministério Público, após ter à sua disposição as provas (inquérito policial ou peças 
informativas) não propôs a ação penal respectiva. Manteve-se inerte, não agindo 
no prazo estipulado pela lei. 
 
 
13 Artigo 5º, inciso LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, 
se esta não for intentada no prazo legal; 
 
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Ao membro do Ministério Público é imposto o dever de atuar quando presentes os 
requisitos para a propositura da ação penal. No entanto, não terá ele a vida 
inteira para fazê-lo. A lei estipula prazo para sua atuação. Quando não age no 
prazo legal, a lei, para assegurar o direito do ofendido (vitima do crime), 
outorga a este o direito de propor, em substituição à ação penal pública, ação 
penal privada subsidiária da pública. 
 
Então, com a inércia do Ministério Público, surge a possibilidade de ação penal 
privada, quando de ação penal pública o crime. Tais dispositivos legais instituem, 
então, titularidade excepcional concorrente do ofendido ou de seu representante 
legal. 
 
Prazo decadencial: Caso o ofendido ou seu representante legal não promova a 
ação penal privada subsidiária da pública no prazo de 06 meses, decairá do 
direito de fazê-lo. Perderá, assim, o direito de promovê-la. Aqui, o prazo começa 
fluir do dia em que o Ministério Público deixou escoar o prazo que a lei lhe 
impunha para a propositura da ação. Não se aplica a regra segundo a qual o 
prazo começa a contar da data do conhecimento da autoria do crime. 
 
Observe que com a inércia do ofendido em propor a ação penal privada 
subsidiária da pública, mesmo que ainda disponha de tempo para fazê-lo, poderá 
o Ministério Público propor a ação penal pública, sanando, assim, sua incúria. 
Então, durante o prazo de 06 meses poderão propor a ação penal tanto o 
ofendido como o Ministério Público. Há, aqui, titulares concorrentes. 
 
Caso ofendido não haja no prazo decadencial, perderá o direito de fazê-lo, o que 
não exclui a possibilidade de o Ministério Público propor ação penal pública. 
 
Portanto, no caso da ação penal privada subsidiária da pública,o decurso do 
prazo decadencial só acarreta a perda do direito de ação por parte do ofendido. 
Não há que se falar em extinção da punibilidade, já que o Ministério Público 
ainda poderá manejar a ação penal pública. 
 
5.3.5 – DA AÇÃO PENAL NOS CRIMES COMPLEXOS. 
 
Antes de falarmos da ação penal, devemos estabelecer o que se considera crime 
complexo. 
 
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Para a doutrina crime complexo é aquele que tem como elementares ou 
circunstâncias do tipo penal fatos que por si só constituam ilícitos. Há, na 
realidade uma fusão de crimes em um só crime. 
 
Observe o caso do roubo (artigo 157). Trata-se de crime complexo, pois a lei traz 
a ameaça à pessoa e a subtração de coisa alheia móvel como seus elementos. 
Tais elementos, por si só, constituem crimes, isto é, crime de ameaça ou de 
constrangimento ilegal e furto. 
 
Aqui, o legislador veio a afirmar que no crime complexo a ação penal será 
pública, desde que em relação a qualquer dos crimes integrantes a ação seja 
pública. 
 
É o que se depreende do artigo 101 do CP, cuja literalidade segue. 
 
A ação penal no crime complexo 
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou 
circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, 
constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, 
desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder 
por iniciativa do Ministério Público. 
 
Em síntese: Nos crimes complexos a ação penal será pública, caso pública a ação 
penal que viesse a tratar isoladamente dos crimes que o integram. 
 
No entanto, o legislador foi prolixo, redundante. De acordo com a sistemática 
adotada, inócua a regra. Observe você que o legislador quando silencia, 
determina que a ação seja pública. Expressamente, dirá quando privada. Basta a 
tais crimes complexos se aplicar tal sistemática. Se silenciosa a lei, a ação será 
pública. Caso contrário, privada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1
6- DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. 
 
Agora vamos iniciar o trabalho direcionado às causas extintivas da 
punibilidade. De regra, elas estão arroladas no artigo 107 do CP. 
Entretanto, o legislador, em alguns momentos, prevê causas extintivas 
da punibilidade na parte especial do CP. 
 
É o que ocorre com o peculato culposo, onde a reparação do dano ou a 
restituição da coisa, voluntária e antes da sentença penal irrecorrível 
leva à extinção da punibilidade (artigo 312, parágrafo 3º, do CP). 
 
Mas, antes de tratarmos das causas extintivas da punibilidade é 
necessário que conceituemos punibilidade. 
 
Linhas atrás, quando falamos do direito de punir, afirmamos que o 
direito de punir é a pretensão que tem o Estado de, ao infrator da 
norma penal, aplicar pena ou medida de segurança. 
 
A punibilidade decorre da prática de um ilícito penal. Não é elemento 
constitutivo do conceito analítico de crime. No entanto, é sua 
conseqüência jurídica. 
 
Então, punibilidade é a conseqüência jurídica que decorre da prática 
de um ilícito, oportunidade em que o agente fica sujeito ao direito de 
punir do Estado. 
 
Em determinadas situações, a punibilidade deixa de existir. Assim, 
apesar de praticada a infração penal, o Estado abre mão de seu direito 
de punir, ocasião em que o agente não mais estará sujeito a ele. Dá-se, 
então, a extinção da punibilidade. 
 
É o que ocorre quando estivermos diante de causas extintivas da 
punibilidade. Portanto, ocorrendo qualquer evento que a lei considere 
causa extintiva da punibilidade, o agente não mais estará sujeito ao 
direito de punir do Estado. 
 
Atenção: Aqui é importante ressaltar que o agente praticou um crime. 
As causas extintivas da punibilidade pressupõem, portanto, que 
punibilidade existira. 
 
6.1 – DAS CAUSAS EXTINTIVA DA PUNIBILIDADE. 
 
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2
 
Cuidaremos, de agora em diante, das causas extintivas da punibilidade 
arroladas no artigo 107 do CP, cuja literalidade segue abaixo. O rol não 
é exaustivo, mas tão só exemplificativo, pois, não exaure todas as 
possibilidades de extinção da punibilidade. 
 
 
Extinção da punibilidade 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
I - pela morte do agente; 
II - pela anistia, graça ou indulto; 
III - pela retroatividade de lei que não mais 
considera o fato como criminoso; 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo 
perdão aceito, nos crimes de ação privada; 
VI - pela retratação do agente, nos casos em que 
a lei a admite; 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em 
lei. 
 
Cuidaremos, então, de cada uma das hipóteses de extinção da 
punibilidade. A prescrição, entretanto, tendo em conta a dificuldade do 
tema, será tratada em item isolado. 
 
6.1.1 – A MORTE DO AGENTE. 
 
A morte do agente é causa da extinção da punibilidade. Tal 
conseqüência decorre do princípio da intranscendência, isto é, do 
princípio segundo o qual a resposta jurídico-penal (pena ou medida de 
segurança) não ultrapassará a pessoa do acusado. 
 
Com a morte, não há como aplicar ao infrator a resposta jurídico-penal. 
Assim, extingue-se a punibilidade. 
 
No entanto, sobre a morte, há que se falar de sua prova (demonstração) 
e de sua conseqüência quando a pena aplicada foi somente multa. 
 
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3
Prova da morte: De acordo com o Código de Processo Penal1, a 
extinção da punibilidade somente será reconhecida se o óbito for 
demonstrado por meio de certidão. Caso inexista certidão de óbito não 
será declarada a extinção da punibilidade. 
 
Questão interessante. 
Caso julgada extinta a punibilidade pela morte atestada por certidão de 
óbito falsa, a ação penal poderá ser retomada ao se descobrir a 
falsidade, apesar de já transitada em julgado a decisão? 
Resposta: A doutrina pátria em sua maioria entende que não é possível 
a retomada da ação penal, uma vez que, transitada em julgado a 
decisão, não é admitida a reforma em prejuízo do réu (revisão pro 
societa). Assim, para a doutrina majoritária, se extinta a punibilidade 
por morte atestada por certidão falsa, o Estado, detentor do direito de 
punir, sofrerá a conseqüência que é a perda do direito de punir. Já a 
jurisprudência se mostra recalcitrante. Há decisões que permitem a 
retomada da ação penal. Outras também há que não admitem a reforma 
in pejus, ou seja, que seja retomada a ação penal em prejuízo do réu. O 
STF2, todavia, decidiu reiteradamente que é possível a retomada da 
ação penal, já que morte não houve. 
 
Pena de multa e morte do acusado: De acordo com o disposto no 
artigo 51 do CP, transitada em julgado a sentença condenatória, a multa 
 
1Artigo 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da 
certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará 
extinta a punibilidade. 
 
2 Decisão do STF – 2ª turma. A primeira (Questão sobre a extinção da 
punibilidade por morte com certidão falsa), em face do entendimento de 
ser possível a revogação da decisão extintiva de punibilidade, à vista de 
certidão de óbito falsa, por inexistência de coisa julgada em sentido 
estrito, pois, caso contrário, o paciente estaria se beneficiando de 
conduta ilícita. Nesse ponto, asseverou-se que a extinção dapunibilidade pela morte do agente ocorre independente da declaração, 
sendo meramente declaratória a decisão que a reconhece, a qual não 
subsiste se o seu pressuposto é falso. Precedentes citados: HC 
55091/SP (DJU de 29.9.78); HC 60095/RJ (DJU de 17.12.82); HC 
58794/RJ (DJU de 5.6.81).HC 84525/MG, rel. Min. Carlos Velloso, 
16.11.2004. (HC-84525) 
 
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será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhe as normas da 
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que 
concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. 
 
O problema não está no fato de se inscrever ou não na dívida ativa, o 
que significa que poderá a multa ser cobrada por meio de processo de 
execução fiscal, como qualquer outra dívida junto ao poder público. 
 
O problema na realidade é cobrá-la dos sucessores (herdeiros) do 
acusado que já falecera. Como a multa é eminentemente penal, 
aplicando-se o princípio da intranscendência, não é possível cobrá-la de 
seus sucessores. Assim, a morte leva à extinção punibilidade até mesmo 
quando aplicada pena de multa, apesar da atual redação do artigo 51 do 
CP3. 
 
6.1.2 – A ANISTIA, A GRAÇA OU O INDULTO. 
 
São causas extintivas da punibilidade a anistia, a graça e o indulto. 
Conceituaremos cada uma das causas. 
 
Anistia é a declaração do Estado de que não mais se interessa em 
punir determinados fatos. O Estado, na realidade, abre mão do direito 
de punir. De regra, atinge crimes políticos. Mas, pode ser aplicada a 
fatos que constituem crimes comuns. Não nos esqueçamos que a 
anistia atinge fatos e não pessoas. 
 
A anistia será concedida por meio de lei. Trata-se de atribuição do 
Congresso Nacional, conforme preceitua o artigo 48, VIII, da CF4. 
Assim, por meio de lei, o Estado abre mão de punir determinados fatos, 
concedendo a anistia. 
 
 
3 Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será 
considerada dívida de valor, aplicando-se-lhe as normas da legislação 
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às 
causas interruptivas e suspensivas da prescrição. 
4 
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da 
República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, 
dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente 
sobre: 
VIII - concessão de anistia; 
 
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Portanto, havendo lei concessiva, caberá ao juiz declarar a extinção da 
punibilidade diante da anistia. 
 
 
Indulto e a graça (ou indulto individual) é a clemência que é 
concedida pelo Presidente da República, por meio de DECRETO (ato 
administrativo), a uma pessoa ou um grupo de pessoas. Assim, o 
indulto ou a graça não leva, como a anistia, e consideração fatos. Leva 
em conta a pessoa ou grupo de pessoas. 
 
 
O que distingue o indulto da graça é que esta, também conhecida como 
indulto individual, é dirigida a uma pessoa determinada. Já o indulto, 
também conhecido como indulto coletivo, é dirigido a várias pessoas 
que preencham os requisitos estabelecidos no decreto presidencial. 
 
Ambos, todavia, são de competência do Presidente da República, que os 
concederá por meio de DECRETO5. A anistia, por sua vez, é de 
competência do Congresso Nacional, que a concederá por meio de lei. 
 
Não podemos esquecer que o DECRETO presidencial não produz efeito 
por si só. Para que ocorra, em havendo o decreto concessivo do indulto 
ou da graça, caberá ao juiz analisar se o decreto deve ser aplicado ao 
caso concreto. 
 
Como, normalmente, leva em conta requisitos pessoais dos condenados, 
caberá ao juiz analisar se realmente o decreto é aplicável a tais 
pretendentes. 
 
Considerando que o decreto concessivo deve ser aplicado ao caso 
concreto, o juiz declarará a extinção da punibilidade. 
 
Atenção: sobre o tema, observe a alternativa D da questão que segue 
abaixo. Note que a referida alternativa está errada, já que o indulto por 
decreto presidencial. 
 
 
5 
 Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, 
dos órgãos instituídos em lei; 
 
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Observe a questão que segue, principalmente em sua alternativa “D”. 
Tal alternativa esta incorreta, uma vez que afirma o indulto ser 
concedido por Lei. 
 
BACEN – ANALISTA – 2005 (FCC). 
27- No que concerne às causas de extinção da punibilidade, é correto 
afirmar que : 
a- a renúncia ao direito de queixa só pode ocorrer antes de iniciada a 
ação penal privada. 
b- a chamada prescrição retroativa, constitui modalidade de prescrição 
da pretensão executória. 
c- cabe perdão do ofendido na ação penal pública condicionada. 
d- o indulto deve ser concedido por lei. 
e- a perempção constitui a perda do direito de representar ou de 
oferecer queixa, em razão do decurso do prazo para seu exercício. 
Gabarito oficial: A. 
 
Devemos, agora, trazer à colação o disposto no artigo 5º, inciso XLIII, 
da Constituição Federal. 
 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e 
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da 
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins, o terrorismo e os definidos como crimes 
hediondos, por eles respondendo os mandantes, 
os executores e os que, podendo evitá-los, se 
omitirem; 
 
De acordo com o artigo 5º, inciso XLIII, da CF, lei infraconstitucional 
considerará insuscetíveis de graça ou anistia os crimes nele 
mencionados. Tal dispositivo constitucional permite que o legislador 
ordinário não admita como causas extintivas da punibilidade, em 
referidos crimes, a graça ou a anistia. 
 
Note que o dispositivo não proíbe a concessão da anistia e da graça, ele 
somente permite que lei ordinária o faça. Daí porque houve na edição da 
Lei 8072/90 (Lei de Crimes Hediondos) a proibição de tais causas 
extintivas. 
 
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No referido dispositivo constitucional há a omissão do indulto. No 
entanto, a omissão não leva à conclusão de que se pode proibir a anistia 
e a graça, mas não se pode proibir o indulto. 
 
Na realidade, houve um equívoco em sua redação. Quando se fala em 
graça, na realidade, falou-se em indulto, que pode ser individual (graça) 
ou coletivo. 
 
Tanto assim é que o legislador ordinário, quando da edição da Lei dos 
Crimes hediondos, proibiu a concessão da anistia, graça ou indulto a 
seus autores, mandantes e partícipes. 
 
 
 
Quadro sinótico: 
 
 
 Fatos e não pessoas. 
 
Anistia Por meio de LEI. 
 
 Competência do Congresso Nacional. 
 
 
 
 Individual (Graça) 
 
 Coletivo (indulto) 
Indulto 
 Pessoas não fatos. 
 
 DECRETO do Presidente da República. 
 
 
 
6.1.3 – A RETROATIVIDADE DE LEI QUE NÃO MAIS CONSIDERA O 
FATO CRIMINOSO. 
 
Aqui, devemos abrir um parêntese para tratarmos, de forma singela, do 
princípio da legalidade. No âmbito penal, o princípio da legalidade é de 
enorme valia, pois limita o exercício do direito de punir do Estado. 
 
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Notaremos, a seguir que a causa extintiva da punibilidade da qual nos 
ocupamos agora nada mais é que uma hipótese de aplicação retroativa 
dalei benigna. 
 
 
Do princípio da legalidade. 
 
Tal princípio está inserto tanto na Constituição Federal, 
como também no Código Penal. Na Constituição Federal 
está previsto em seu artigo 5º, inciso XXXIX, e no Código 
Penal, no artigo 1º6. 
 
Segundo o princípio da legalidade, a definição de crime só 
por meio de LEI ANTERIOR AO FATO. O que deve ser 
respeitado também ao se estabelecer (cominar) a pena 
aplicável a tal fato criminoso. Assim, o principio da 
legalidade se dirige à definição do crime como também à 
respectiva pena. 
 
Observamos, então, que o princípio da legalidade traz em 
si a necessidade de lei (reserva legal) e anterioridade ao 
fato (anterioridade). Aqui, diz-se que o principio da 
legalidade é integrado por dois princípios menores, mas 
não menos importantes: RESERVA LEGAL e 
ANTERIORIDADE. 
 
A expressão LEI deve, no entanto, ser interpretada da 
forma mais estrita possível. Aqui, lei é aquela de 
competência do Congresso Nacional, excepcionalmente, 
com origem no legislativo Estadual e editada com respeito 
ao processo legislativo respectivo. 
 
 
6 
Código Penal. 
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem 
prévia cominação legal. 
Constituição Federal (artigo 5º). 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem 
prévia cominação legal; 
 
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Portanto, lei em sentido estrito ou genuíno. Quando se 
reserva à lei matéria de Direito Penal, diz-se que estamos 
diante do princípio da RESERVA LEGAL. 
 
A lei penal, contudo, deve anteceder ao fato, pois o fato só 
pode ser considerado crime se há lei ANTERIOR que o 
defina como tal. Se não há lei anterior, não há como saber 
criminosa a conduta. Aqui, o principio da 
ANTERIORIDADE. 
 
Princípio da legalidade = reserva legal + anterioridade 
 
Alguns autores consideram reserva legal como legalidade. 
Assim, para eles há o princípio da legalidade (lei) e o da 
anterioridade. Ambos previstos tanto na constituição 
federal como no Código Penal. 
 
RETROATIVIDADE BENIGNA. 
 
A lei penal não tem efeito retroativo. Tal impossibilidade 
decorre do princípio da anterioridade. Se, para termos um 
crime e a respectiva pena é necessário que a lei anteceda 
ao fato, concluímos, então, que lei posterior ao fato não 
será a ele aplicado, uma vez que haveria afronta ao 
princípio da anterioridade. 
 
No entanto, a Constituição Federal vem flexibilizar essa 
regra em benefício do agente. De acordo com a Carta 
Política, a lei penal terá efeito retroativo - aplicando-se a 
fatos que lhe são anteriores (pretéritos), quando 
eventualmente beneficiar o réu. 
 
É o que estatui o artigo 5º, inciso XL, da CF: “a lei penal 
não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. 
 
O benefício da lei nova pode ser grandioso, ou seja, poderá 
ela não considerar mais criminoso fato que sob o império 
da lei anterior o era. Neste caso, há a conhecida “abolitio 
criminis”, ou abolição do crime. 
 
É o que ocorreu logo que entrou em vigência a lei 
11.106/05. Os crimes de Sedução (artigo 217 do CP), 
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Rapto violento ou mediante fraude (artigo 219 do CP), 
Rapto consensual (artigo 220 do CP) adultério (artigo 240 
do CP), dentre outros, passaram a não ser mais 
considerados como crimes. Portanto, trata-se de uma lei 
nova benéfica ao agente. 
 
Em outras oportunidades, o benefício pode não ser tão 
grandioso, mas, mesmo assim, a lei nova deve ser aplicada 
retroativamente. Ocorre, por exemplo, quando a lei nova 
prevê ao crime pena mais branda que aquela prevista 
anteriormente. 
 
Aqui, não há a “abolitio criminis”. Mas a lei nova é benéfica 
e, com isso, deve ser aplicada retroativamente. 
 
No nosso estudo, como causa extintiva da punibilidade, 
trataremos daquele benefício grandioso, isto é, da “abolitio 
criminis”. 
 
 
Depois de observados os aspectos interessantes do princípio da 
legalidade, agora devemos nos ocupar da causa de extinção da 
punibilidade que nos interessa. 
 
De acordo com o artigo 107, inciso III, a retroatividade da lei que não 
considera o fato mais delituoso é causa extintiva da punibilidade. 
 
Portanto, o legislador arrolou como causa extintiva da punibilidade a 
retroatividade da “abolitio criminis” que está prevista no artigo 2º do CP, 
cuja literalidade segue. 
 
 
“Abolitio criminis” 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei 
posterior deixa de considerar crime, cessando em 
virtude dela a execução e os efeitos penais da 
sentença condenatória. 
 
 
A aplicação retroativa de lei nova que deixa de considerar crime fato 
anteriormente previsto como ilícito é causa extintiva da punibilidade. 
Assim, a “abolitio criminis” é causa extintiva da punibilidade. 
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6.1.4 – A DECADENCIA. 
 
A decadência está prevista como causa extintiva da punibilidade no 
artigo 107, inciso IV, 2ª figura, do CP. Dela, decadência, já nos 
ocupamos quando tratamos da ação penal pública condicionada e da 
ação penal privada (itens 5.2.2.4 e 5.2.3.2). 
 
Para não sermos prolixos, abaixo somente nos remetermos ao conceito 
e aos dispositivos que da decadência trata o legislador. 
 
Para um estudo eficiente, necessário que dispensemos atenção aos itens 
mencionados acima, onde, nas ações penais, se trata da decadência. 
 
Conceito: É a perda do direito de representar, na ação penal pública 
condicionada, e de queixa, na ação penal privada, tendo em conta o 
decurso do prazo previsto em lei. 
 
Tal prazo é decadencial. Com a decadência o Estado não tem 
possibilidade de exercer seu direito de punir. Assim, extinta a 
punibilidade. 
 
Dispositivos legais: 
 
Decadência do direito de queixa ou de 
representação 
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, 
o ofendido decai do direito de queixa ou de 
representação se não o exerce dentro do prazo de 
6 (seis) meses, contado do dia em que veio a 
saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 
3º do art. 100 deste Código, do dia em que se 
esgota o prazo para oferecimento da denúncia. 
 
Art. 38 CPP. Salvo disposição em contrário, o 
ofendido, ou seu representante legal, decairá no 
direito de queixa ou de representação, se não o 
exercer dentro do prazo de 6 (seis) meses, 
contado do dia em que vier a saber quem é o 
autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em 
que se esgotar o prazo para o oferecimento da 
denúncia. 
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Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do 
direito de queixa ou representação, dentro do 
mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo 
único, e 31. 
 
 
Ressalva se deve fazer à decadência do direito de queixa na ação penal 
privada subsidiária da pública. Caso o particular (ofendido) perca o 
direito de oferecer a queixa pelo decurso do prazo decadencial, não há 
que se falar em extinção da punibilidade, pois o Ministério Público, 
em que pese em um primeiro momento inerte, poderá ainda propor a 
respectiva ação penal pública. Portanto, o direito de punir persiste (vide 
item 5.3.4). 
 
 
6.1.5 – A PEREMPÇÃO. 
 
Aqui, uma causa extintiva da punibilidade que só é possível nos crimes 
de ação penal privada. As hipóteses de perempção estão arroladas no 
artigo 60 do CPP. 
 
Em tais hipóteses, o querelante (o ofendido do crime que é autor da 
ação penal privada) abandona a ação penal.Como a ação penal é 
privada, portanto, disponível, o abandono gera a perempção que é 
causa extintiva da punibilidade. 
 
Observe abaixo, as hipóteses que a lei processual considera como fatos 
que caracterizam a perempção. 
 
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, 
considerar-se-á perempta a ação penal: 
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o 
andamento do processo durante 30 (trinta) dias seguidos; 
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, 
não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do 
prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-
lo, ressalvado o disposto no art. 36; 
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo 
justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou 
deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem 
deixar sucessor. 
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Comentaremos, de forma singela, cada uma das hipóteses de 
perempção previstas na lei processual penal. 
 
Aqui, não podemos nos esquecer que a ação penal é privada. Não se 
aplica o disposto no artigo 60 do CPP à ação penal pública e nem 
mesmo à ação penal privada subsidiária da pública. 
 
Considera-se perempta a ação penal privada, quando: 
 
1- iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do 
processo durante 30 (trinta) dias seguidos. 
 
Iniciada a ação penal, caberá ao autor (aquele que a promoveu), que 
na ação penal privada tem o nome de querelante, provocar o 
andamento do processo, promovendo os atos processuais necessários 
ao prosseguimento do feito. Caso não tome as medidas necessárias ao 
andamento do processo por 30 dias seguidos, opera-se a perempção. É 
caso de manifesta desídia, desleixo, abandono do processo por parte de 
seu autor. (Exemplo: Quando o querelante é intimado a constituir novo 
advogado, já que seu patrono anterior renunciara ao mandato. Se não o 
faz no prazo de 30 dias consecutivos, ocorrerá a prempção). 
 
2- falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não 
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo 
de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, 
ressalvado o disposto no art. 36; 
 
Na ação penal privada típica, excluída a personalíssima, ocorrendo o 
falecimento ou sobrevindo incapacidade do querelante (autor da ação 
penal privada), o direito à ação penal (direito de prosseguir na ação) se 
transmite a seus sucessores, isto é, ao cônjuge, aos ascendentes, aos 
descendentes e ao irmão (CADI). Todavia, tais pessoas deverão se 
habilitar no processo no prazo de 60 dias, a contar do falecimento ou da 
ocorrência da incapacidade, sob pena de não o fazendo operar-se a 
perempção. Caso compareça mais de uma das pessoas, dar-se-á 
preferência ao cônjuge e, em seguida, aos parentes mais próximos, 
obedecendo a ordem enumerada. 
 
Ação penal privada personalíssima: Quando falamos da ação penal 
personalíssima (item 5.2.3.1), observamos que nela não se admite a 
sucessão, isto é, o direito de promovê-la ou de nela prosseguir não se 
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transmite. Assim, sobrevindo falecimento do autor 
(ofendido=querelante), não ocorrerá a perempção, pois não se admite a 
sucessão. Ocorrerá a extinção da punibilidade tendo em conta o 
desaparecimento do titular do direito de ação. Questão interessante 
surge quando se fala da incapacidade. Sobrevindo incapacidade, não 
pode se dar a extinção da punibilidade. Necessário que se dê 
oportunidade para que o representante legal prossiga no feito, já que a 
sucessão não é possível e nem mesmo ocorreu o desaparecimento do 
autor, o qual, quando da propositura da ação, manifestou o desejo ao 
processo. O certo, no entanto, é que não se aplica o disposto no 
artigo 60, inciso II, do CPP à ação penal privada personalíssima. 
 
3- querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a 
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de 
formular o pedido de condenação nas alegações finais. 
 
Aqui, nos termos dois eventos que nos interessam. No primeiro, o autor 
deixa de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato processual 
do qual deva necessariamente estar presente. Ocorre, por exemplo, 
quando o juiz necessita ouvir o querelante e ele, intimado, deixa de 
comparecer sem motivo justificado. Opera-se, no caso, a perempção. 
 
O segundo dos eventos, ocorre quando o querelante (autor), depois de 
ouvidas todas as pessoas (acusado, testemunhas de acusação e de 
defesa), realizadas todas as provas necessárias, deixa de, em ato 
processual denominado ALEGAÇÕES FINAIS (momento de apresentar 
sua tese), de pleitear a condenação do acusado (querelado), ou em 
sentido oposto, pleiteia a sua absolvição. Ocorrerá, aqui, a perempção. 
 
4- sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar 
sucessor. 
 
A última das hipóteses de perempção trata de ação penal privada 
movida por pessoa jurídica. Não se assuste, pois a pessoa jurídica pode 
ser autora (querelante) em processo penal. Observe quando ela, pessoa 
jurídica, tem sua honra maculada por alguém. Poderá propor ação penal 
privada por crime contra a honra (injuria e difamação), caso não 
constitua ilícito mais grave, contra o ofensor. Pensemos que o tenha 
feito e, durante o processo, foi extinta. Com a sua extinção (término da 
pessoa jurídica), o processo seguirá desde que tenha ela deixado 
sucessor. Caso não o tenha feito, ocorrerá a perempção. 
 
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6.1.6 – A RENÚNCIA DO DIREITO DE QUEIXA. 
 
No artigo 107, inciso V, primeira parte, há a previsão legal da renúncia 
ao direito de queixa como uma causa extintiva da punibilidade. 
 
Quando falamos da ação penal privada, dissemos que a renúncia ao 
direito de ação seria objeto de estudo quando viéssemos a tratar da 
extinção da punibilidade. Pois bem, aqui estamos. 
 
No entanto, devemos, antes de tudo, trazer à colação o dispositivo legal 
que prevê a renúncia. Para tanto, abaixo segue a literalidade do artigo 
104 do CP. 
 
Renúncia expressa ou tácita do direito de 
queixa 
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser 
exercido quando renunciado expressa ou 
tacitamente. 
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao 
direito de queixa a prática de ato incompatível 
com a vontade de exercê-lo; não a implica, 
todavia, o fato de receber o ofendido a 
indenização do dano causado pelo crime. 
 
A renúncia ao direito de queixa é ato unilateral por meio do qual o 
ofendido ou seu representante legal abre mão do direito de queixa, ou 
melhor, abdica do direito de processar o autor da infração penal. 
 
Diz-se unilateral, uma vez que não depende de aceitação por parte do 
beneficiário, isto é, do autor da infração penal. 
 
Como é o ato pelo qual se abdica de um direito, só é possível praticá-lo 
quando ainda à disposição tal direito. Portanto, a renúncia só é 
possível quando ofendido ou seu representante legal ainda têm à sua 
disposição o direito de queixa. Com isso, necessário que não tenha 
ocorrido decadência. 
 
A renúncia oferecida em favor de um dos autores da infração a todos 
aproveita independentemente de aceitação. Assim, a renúncia tem 
efeito extensivo a todos os infratores. 
 
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O direito

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