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Processo Penal - ação penal, prisão e liberdade no processo penal

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Processo Penal 
 
Ação Penal 
 
1. Visão geral – direito de provocar o judiciário para que se veja resolvido um conflito penal 
 
- A jurisdição penal é inerte, de modo que o juiz não pode iniciar de ofício um processo (sistema acusatório – zela 
pela imparcialidade do juiz), sendo necessária uma ação penal para retirar o poder judiciário dessa inércia. 
Portanto, a ação penal se trata de um direito de provocar o judiciário para que se veja resolvido um conflito 
penal. 
→ Funciona, assim, como o direito que tem a parte acusadora - Ministério Público ou o ofendido 
(querelante) – de, mediante o devido processo legal, provocar o Estado a dizer o direito objetivo no caso 
concreto. 
 
→ É o procedimento judicial iniciado pelo titular da ação quando há indícios de autoria e materialidade, a fim 
de que o juiz declare procedente a pretensão punitiva estatal e condene o autor da infração penal. 
 
A inércia da jurisdição penal, portanto, se encerra com a iniciativa processual do Ministério Público, 
legitimado constitucional para a persecução penal (acusação) e titular exclusivo da ação penal pública 
(sistema acusatório), ou, em situações excepcionais, com a iniciativa processual do particular (vítima), nos 
casos de ação penal privada. 
- O direito de ação encontra seu fundamento constitucional no art. 5º, XXXV, que prevê que a lei não excluirá da 
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. 
→ No Direito Penal, apenas quem pode resolver uma questão penal é o judiciário. 
 
► CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE AÇÃO PENAL 
 
a) direito público: a atividade jurisdicional que se pretende provocar é de natureza pública. Daí se dizer que a 
ação penal é um direito público. Mesmo nas hipóteses em que o Estado transfere ao ofendido a possibilidade 
de ingressar em juízo (v.g., em regra, nos crimes contra a honra), tal ação continua sendo um direito público, 
razão pela qual se utiliza a expressão ação penal de iniciativa privada – vide exemplo do art. 100, §§ 2º e 3º, 
do CP. 
 
b) direito subjetivo: o titular do direito de ação penal pode exigir do Estado-Juiz a prestação jurisdicional, 
relacionada a um caso concreto; 
 
c) direito autônomo: o direito de ação penal não se confunde com o direito material que se pretende tutelar 
(não depende de ter razão ou não no mérito); 
 
d) direito abstrato: o direito de ação existe e será exercido mesmo nas hipóteses em que o juiz julgar 
improcedente o pedido de condenação do acusado. Ou seja, o direito de ação independe da procedência ou 
improcedência da pretensão acusatória; 
 
e) direito determinado: o direito de ação é instrumentalmente conexo a um fato concreto, já que pretende 
solucionar uma pretensão de direito material; 
 
f) direito específico: o direito de ação penal apresenta um conteúdo, que é o objeto da imputação, ou seja, é o 
fato delituoso cuja prática é atribuída ao acusado. 
 
► LIDE NO PROCESSO PENAL 
- Não há lide no processo penal porque não haveria um conflito de interesses (pretensão resistida), já que o 
interesse na preservação da liberdade individual também é um interesse público, uma vez que interessa ao Estado, 
na mesma medida, a condenação do culpado e a tutela da liberdade do inocente. No processo penal, o Estado 
pretende apenas a correta aplicação da lei penal. 
OBS: mesmo que o imputado esteja de acordo com a imposição de pena, com o que não haveria qualquer 
resistência de sua parte ao pedido condenatório, ainda assim a defesa técnica será indispensável no processo 
penal, valendo lembrar ser inviável a aplicação de pena sem a existência de processo em que sejam assegurados 
o contraditório e a ampla defesa. 
→ Por tais motivos, no processo penal, costuma-se trabalhar com o que se convenciona chamar de pretensão 
punitiva, que significa a pretensão de imposição da sanção penal ao autor do fato tido por delituoso. 
Pretensão, por sua vez, deve ser compreendida como a exigência de subordinação do interesse alheio ao 
próprio. 
TABELA DE INTRODUÇÃO 
 
- Ação penal pública: titular MP // peça acusatória é a denúncia 
→ Pode ser pública incondicionada, pública condicionada a representação ou pública condicionada à 
requisição do Ministro de Justiça. 
 
- Ação penal privada: titular o ofendido 
→ Pode ser propriamente dirá, personalíssima ou privada subsidiária da pública. 
 
 Como identificar? A regra é que a ação penal é pública incondicionada. Então, quando o legislador não 
se expressa sobre a forma de ação penal, será aplicada a regra geral (pública incondicionada). As outras 
formas devem estar expressas, se não, aplica-se a regra geral. 
 
 
 
2. Condições da ação (condições para o exercício válido das ações penais) 
 
A partir da teoria eclética (Liebman) o exercício da ação se submete a condições (interesse de agir, legitimidade 
e possibilidade jurídica do pedido – essa última suprimida posteriormente), sem as quais há carência de ação (CPP 
395 II). 
No campo processual penal há, ainda, uma quarta condição, a justa causa (CPP 395 III). 
✓ Art. 395, CPP. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
 
→ Portanto, para provocar o judiciário para que ele resolva uma questão/um caso penal, devem ser 
preenchidas algumas condições, caso contrário a ação penal não será viável. Ou seja, para o exercício 
válido da ação penal deverão ser preenchidas algumas condições. 
 
- Em sede processual penal, a presença dessas condições da ação deve ser analisada por ocasião do juízo de 
admissibilidade da peça acusatória. 
 
→ A denúncia ou queixa deve ser rejeitada pelo magistrado quando faltar condição para o exercício da ação 
penal (CPP, art. 395, II). 
 
- No âmbito processual penal, as condições da ação subdividem-se em condições genéricas, assim 
compreendidas como aquelas que deverão estar presentes em toda e qualquer ação penal, e condições 
específicas (de procedibilidade), cuja presença será necessária apenas em relação a determinadas infrações 
penais, certos acusados, ou em situações específicas, expressamente previstas em lei. 
 
→ Como condições específicas da ação penal, podemos citar, a título de exemplo, a representação do 
ofendido e a requisição do Ministro da Justiça 
 
→ Quanto às condições genéricas da ação penal, pode-se citar o interesse de agir, a legitimidade para a 
causa, a possibilidade jurídica do pedido (o novo CPC afastou a possibilidade jurídica do pedido como 
condição de ação) e a justa causa. 
 
OBS: A denúncia ou queixa-crime oferecida sem a estrita observância das condições da ação deve ser rejeitada, 
nos expressos termos do art. 395, II, do Código de Processo Penal. Se a falta de condição da ação for percebida 
somente após o recebimento da denúncia ou queixa, deve ser declarada a nulidade da ação penal que está em 
andamento desde o seu princípio, nos termos do art. 563, II, do Código de Processo Penal. 
 
 
 
► Condições genéricas da ação penal 
 
1. O interesse de agir 
 
O interesse de agir representa a necessidade e a utilidade da prestação jurisdicional que se pretende obter com 
a movimentação do aparato judiciário. Deve-se demonstrar a necessidade e utilidade de se recorrer ao Poder 
Judiciário para a obtenção do resultado pretendido. 
→ A fim de se verificar se o autor tem (ou não) interesse processual para a demanda, deve se questionar se, 
para obter o que pretende o autor, é efetivamente necessária a providência jurisdicional pleiteada (art. 17 
do novo CPC). 
O interesse de agir desdobra-se na necessidade e na utilidade do uso das vias jurisdicionais para a defesa do 
interesse material pretendido: 
a) necessidade de obtenção da tutela jurisdicional pleiteada: sempre eu o autor não puder obter o 
pretendido sem intervenção do Judiciário. No âmbito processualpenal, essa necessidade é implícita na 
ação penal condenatória, já que, em virtude do princípio do nulla poena sine judicio, nenhuma sanção 
penal poderá ser aplicada sem o devido processo legal, ainda que o acusado não tenha interesse em 
oferecer qualquer resistência. 
 
 Ou seja, a ação penal é uma ação necessária – no âmbito processual penal a verificação do 
interesse de agir é dispensável, pois esta é presumida endo em vista que o Estado não pode aplicar 
a norma penal de imediato, mesmo que haja a concordância de quem cometeu o delito. Para que 
as regras punitivas atuem concretamente, torna-se imprescindível o processo, pois a pena não 
pode ser imposta diretamente ao autor do crime, sem prévia apuração de sua responsabilidade. 
IMPORTANTE: A ressalva à necessidade de obtenção da tutela jurisdicional pleiteada fica por conta da 
transação penal no âmbito dos Juizados Especiais Criminais (Lei nº 9.099/95, art. 76). Presentes os 
pressupostos objetivos e subjetivos, deverá o titular da ação penal formular proposta de aplicação 
imediata de pena restritiva de direitos ou de multa. Nesse caso, se o réu preenche todos os requisitos 
e o MP não oferece esse benefício e oferece a denúncia, trata-se de hipótese de falta de interesse 
de agir. 
 
 
b) utilidade: consiste na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do autor. Só haverá 
utilidade se houver possibilidade de realização do jus puniendi estatal, com eventual aplicação da sanção 
penal adequada. 
 
c) adequação entre o pedido e a proteção jurisdicional que se pretende obter: Ainda a respeito do interesse 
de agir, há doutrinadores que também fazem menção ao chamado interesse-adequação, que seria o 
ajustamento da providência judicial requerida à solução do conflito subjacente ao pedido. Percebe-se, 
porém, que, ao menos no processo penal condenatório, a aventada adequação não ostenta qualquer 
utilidade, dado que, ainda que o pedido de imposição de determinada sanção não corresponda 
efetivamente àquela prevista na cominação legal pertinente ao fato imputado ao agente, nada impede 
o recebimento da denúncia ou queixa e o regular processamento do feito, consoante o disposto no art. 
383 do CPP. 
OBS: Em se tratando de ações penais não condenatórias, todavia, é mais fácil visualizar a importância do 
interesse-adequação. Basta pensar no exemplo de persecução penal em andamento por conduta 
manifestamente atípica à qual seja cominada apenas pena de multa. Em tal hipótese, o habeas corpus não será 
instrumento adequado para se buscar o trancamento do processo, já que o referido remédio constitucional 
está ligado à proteção da liberdade de locomoção (CF, art. 5º, LXVIII). Logo, como o não pagamento de multa 
não mais autoriza sua conversão em pena privativa de liberdade (CP, art. 51, com redação determinada pela 
Lei nº 9.268/96), o instrumento adequado será o mandado de segurança. A propósito, diz a súmula nº 693 do 
STF que “não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em 
curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada”. 
 
 Portanto, no campo penal, em regra, o interesse de agir não precisa ser demonstrado caso a caso, pois 
o processo penal é indispensável (obrigatório) e a pena não pode ser aplicada sem o devido processo 
legal. 
OBS: tem parte da doutrina que vai dizer que sempre tem um interesse de agir (a pena não pode ser aplicada 
sem o devido processo legal); mas a maior parte vê pela lógica da eficiência, ou seja, a flexibilidade da 
propositura da ação penal em razão da justiça negocial: as vezes não há necessidade de propor uma ação 
pois a melhor solução pode se dar através de um acordo entre o agente e o MP (homologado pelo judiciário). 
 
► Prescrição em perspectiva (prescrição virtual) e ausência de interesse de agir 
Ao tratarmos da condição da ação penal do interesse de agir, apresenta-se de vital importância o estudo da 
denominada prescrição em perspectiva (prescrição virtual ou prescrição da pena em perspectiva). 
→ Esta deve ser compreendida como o reconhecimento antecipado da prescrição, em virtude da 
constatação de que, no caso de possível condenação, eventual pena que venha a ser imposta ao acusado 
inevitavelmente será fulminada pela prescrição da pretensão punitiva retroativa tornando inútil a 
instauração do processo penal. 
Com efeito, diante da constatação, feita nos próprios autos do procedimento de investigação (inquérito 
policial ou qualquer outra peça de informação), da impossibilidade fática de imposição, ao final do processo 
condenatório, de pena em grau superior ao mínimo legal, é possível, desde logo, concluir pela inviabilidade da 
ação penal a ser proposta, porque demonstrada, de plano, a inutilidade da atividade processual 
correspondente. 
 
 E assim ocorre porque, em tais hipóteses, o prazo prescricional inicialmente considerado, isto é, pela 
pena em abstrato (art. 109, CP), seria sensivelmente reduzido após a eventual sentença condenatória 
(com a pena concretizada). Semelhante operação seria possível antes mesmo do início da ação penal, 
à vista das condições pessoais do agente imputado ou das circunstâncias objetivas do fato, que 
impediriam, em sede de juízo prévio, a imposição de pena acima do mínimo previsto no tipo penal 
adequado ao fato apurado na investigação; 
 
Portanto, se for possível, de plano, perceber a inutilidade da persecução penal aos fins a que se presta, pode-
se dizer que é inexistente o interesse de agir. Isto é a prescrição virtual é reconhecida quando há falta de 
interesse processual pois, no momento da propositura da ação penal, é possível prever a pena que será 
aplicada ao réu na sentença e já estará prescrita a pretensão punitiva. 
 Nesses casos, seria perfeitamente possível o requerimento de arquivamento do inquérito ou peças 
de investigação por ausência de interesse – utilidade – de agir. 
 
 Como já se pode visualizar que, fatalmente, a pena a ser aplicada acarretaria a extinção da 
punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva retroativa, e, portanto, que a sentença penal 
condenatória seria ineficaz quanto aos seus efeitos penais e civis, não haveria qualquer utilidade em 
tal demanda. Da mesma forma, se porventura o processo já estiver em andamento, e a prescrição em 
perspectiva for visualizada, também não faria qualquer sentido levar-se adiante o feito. 
 
- Todavia, os tribunais, em regra, não acolhem essa modalidade de prescrição, pela ausência de previsão legal, 
conforme súmula 438 do Superior Tribunal de Justiça, mas muitos membros do Ministério Público e juízes de 
primeira instância a acolhem. 
→ Súmula 438 STJ: “É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com 
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.” 
 Tendo em vista que o entendimento dominante é que sempre há interesse de agir, uma vez que 
se houve um crime há sempre um interesse indisponível da sociedade em vê-lo apurado e 
processado, pois, não se pode aplicar a pena sem o devido processo legal, antecipar a prescrição 
seria inadmissível, se ela ainda não ocorreu. 
 
 Ademais, há o argumento de que referida espécie de prescrição não tem amparo no ordenamento 
jurídico pátrio, além de contrariar o princípio da presunção de não culpabilidade, já que parte do 
pressuposto de que o acusado será condenado ao final do processo. 
 
 Tal Súmula, portanto, proíbe a prescrição antecipada e obriga o Ministério Público ao 
oferecimento da denúncia se existirem indícios de autoria e materialidade. 
 
OBS: não pode deixar de propor a ação penal já pensando que ela vai prescrever (entendimento 
majoritário). Mas isso é divergente (tem promotores e juízes que atuam como o supracitado em 
divergência à essa Súmula). 
- Ademais, é importante ressaltar que deve-se estar atento às disposições da Lei nº 12.234/10,que passou a 
impedir que o termo inicial da prescrição retroativa tenha data anterior à data da denúncia ou queixa (art. 110, 
§ 1º, CP). 
→ Assim, os fatos praticados a partir de sua vigência não se submeterão mais à questão aqui levantada, no 
que toca à ausência de interesse de agir – somente aos crimes cometidos até o dia 5 de maio de 2010, 
ainda é possível o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva retroativa entre a data do fato 
delituoso e a data do recebimento da peça acusatória, assim como eventual reconhecimento da prescrição 
antecipada quanto a esse período. A lei nº 12.234/10 só se aplica aos fatos cometidos à sua vigência. 
 
→ Como, na grande maioria dos casos, a prescrição antecipada levava e leva em consideração a virtual 
prescrição da pretensão punitiva retroativa entre a data do fato delituoso e a data do recebimento da peça 
acusatória, haja vista a lentidão na conclusão de inquéritos policiais, é evidente então que a Lei nº 
12.234/10 também produzirá reflexos no reconhecimento da prescrição em perspectiva, cuja incidência 
tende a ser cada vez mais incomum. 
 
OBS: atualmente, a prescrição retroativa regride temporalmente da data da publicação da sentença condenatória 
transitada em julgado à data do recebimento da denúncia. 
 
2. Possibilidade jurídica do pedido (previsão expressa do pedido condenatório na ordem jurídica) 
 
- A possibilidade jurídica do pedido significa que o pedido formulado pela parte deve se referir a uma providência 
admitida pelo direito objetivo, ou seja, se refere à abstrata previsão no ordenamento jurídico da providência 
que se quer atendida. 
→ No campo penal, todavia, não representa qualquer óbice à admissão da ação penal, dada a possibilidade 
de o juiz corrigir a classificação do fato à norma (emendatio libelli, CPP 383). Por isso, foi suprimida 
posteriormente. 
 
✓ Art. 383, CPP. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-
lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. 
OBS: No processo civil, o juiz está vinculado ao pedido da parte. No processo penal, o juiz não está vinculado 
ao pedido do MP ou da parte. Se fazem um pedido impossível, pode readequar juridicamente esse pedido. 
 Na denúncia, faz a narração dos fatos e pede-se a condenação – o que o juiz não pode fazer é mudar o 
fato ao sentenciar (adequação fática entre denúncia e sentença), mas ele pode dar àquele fato a 
adequação jurídica que ele achar melhor. 
- Portanto, a possibilidade jurídica do pedido como condição da ação penal ignora, por completo, uma premissa 
básica do processo penal, segundo a qual o pedido é irrelevante numa ação penal condenatória, já que o acusado 
defende-se dos fatos que lhe são imputados, pouco importando o pedido formulado pelo acusador. 
→ Ou seja, pela simples impossibilidade jurídica do pedido não é possível rejeitar a ação penal. 
 
→ Exemplificando, ainda que conste da peça acusatória o pedido de imposição de uma pena vedada pelo 
ordenamento jurídico, a exemplo da pena de morte para crime comum (CF, art. 5º, XLVII, “a”), tal vício 
não terá o condão de ensejar a rejeição da peça acusatória. Noutro giro, ainda que o pedido de imposição 
de determinada sanção não corresponda efetivamente àquela prevista na cominação legal pertinente ao 
fato imputado ao agente, nada impede o recebimento da denúncia ou queixa e o regular processamento 
do feito, haja vista a possibilidade de emendatio libelli por ocasião da sentença (CPP, art. 383). 
 
 
3. Legitimidade para a causa 
 
 - A legitimidade para agir é a pertinência subjetiva da ação. Ou seja, é a situação prevista em lei que permite a 
um determinado sujeito propor a demanda judicial e a um determinado sujeito ocupar o polo passivo dessa mesma 
demanda. 
 
 
→ Quanto à legitimação ativa no processo penal: 
a) Ação penal pública: por força do art. 129, I, da Constituição Federal, o titular da ação penal será o 
Ministério Público; 
 
b) Ação penal privada: será legitimado a agir o ofendido, ou seu representante legal. 
 
OBS: Em situações excepcionais, que serão oportunamente estudadas, a queixa-crime também pode ser 
oferecida por curador especial (CPP, art. 33), pelos sucessores do ofendido, em caso de morte ou 
declaração de ausência (CPP, art. 31). 
 
 Daí a grande importância de se saber se determinado delito é de ação penal pública ou de ação penal de 
iniciativa privada. 
 
 Afinal, se o delito é de ação penal de iniciativa privada (v.g. crime de calúnia), e o Ministério 
Público oferece denúncia em relação a ele, há de se reconhecer a falta de legitimidade para 
causa do órgão ministerial, com a consequente rejeição da peça acusatória (CPP, art. 395, II). 
Caso o processo já esteja em andamento, a ilegitimidade ad causam será causa de nulidade 
absoluta do processo, tal qual prevê o art. 564, II, do CPP. 
 
 Por outro lado, em se tratando de crime de ação penal pública (v.g., crime contra a honra praticado 
durante a propaganda eleitoral, o qual é crime eleitoral e, portanto, de ação penal pública 
incondicionada), não se pode admitir o oferecimento de queixa-crime pelo ofendido ou por seu 
representante legal, salvo se caracterizada a inércia do órgão ministerial, hipótese em que a 
própria Constituição Federal ressalva o cabimento da ação penal privada subsidiária da pública 
(art. 5º, LIX) 
OBS: Quanto à legitimação da pessoa jurídica no processo penal, dúvidas não há quanto a sua legitimação ativa. 
De fato, supondo-se que uma pessoa jurídica seja vítima de um crime de difamação, o que é plenamente possível, 
já que referido ente é dotado de honra objetiva, sendo possível a imputação de fato ofensivo a sua reputação, 
poderá figurar no polo ativo de queixa-crime por ela proposta em face do suposto autor do delito. 
 
→ Quanto a legitimação passiva no processo penal: recai sobre o provável autor do fato delituoso. O 
acusado deve ser maior de 18 anos (já que a própria Constituição Federal estabelece que os menores de 
dezoito anos são penalmente inimputáveis – não possuem capacidade processual) e ser pessoa física 
(salvo nos crimes ambientais, pessoa jurídica não pode configurar no polo passivo de uma ação penal, pois, 
em regra, não cometem crime). 
OBS: Já os inimputáveis por doença mental ou por dependência em substâncias entorpecentes podem figurar 
no polo passivo da ação penal, pois, se provada a acusação, serão absolvidos, mas com aplicação de medida 
de segurança. 
OBS 2: Legitimidade ad causam não se confunde com legitimatio ad processum, fenômeno relacionado à 
capacidade de estar em juízo, tida como pressuposto processual de validade. Essa capacidade processual 
refere-se à capacidade de exercer direitos e deveres processuais, ou seja, de praticar validamente atos 
processuais. É o que ocorre com um ofendido menor de 18 (dezoito) anos, que não tem capacidade processual 
para oferecer queixa-crime, razão pela qual sua incapacidade é suprida por seu representante legal. Esse 
representante processual age em nome alheio na defesa de interesse alheio, não sendo considerado parte no 
processo, mas mero sujeito que dá à parte capacidade para que esteja em juízo. 
OBS 3: Capacidade processual, por sua vez, não se confunde com capacidade postulatória, assim 
compreendida a aptidão para postular perante órgãos do Poder Judiciário. Supondo, assim, ofendido que não 
seja advogado inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil, o ajuizamento da queixa-crime deverá 
ser feito por advogado com poderes especiais (CPP, art. 44). Como se vê, a incapacidade postulatória é suprida 
por meio da representação voluntária necessária. 
 
IMPORTANTE: No campo penal tem escassa utilidade dada a legitimação constitucional privativa do Ministério 
Público para o exercício da ação penal pública, ainda que não seja titular do direito material, e a consequente 
absolviçãodo réu quando se identifica sua ilegitimidade passiva. 
→ A maior parte das ações penais são propostas pelo MP – ainda que não seja o titular do direito material - 
(são ações penais públicas) e apenas em alguns casos é conferida a legitimidade para a vítima propor a ação 
penal, nos casos excepcionais das ações penais privadas. 
 
OBS: então nesses casos se o MP propor ação penal privada e a vítima propor ação penal pública haverá 
carência de ação em razão da ausência de um dos seus requisitos (não há legitimidade). 
 
→ Ademais, no que se refere à legitimidade passiva o reconhecimento da ilegitimidade passiva se dá através 
do julgamento do mérito e a posterior absolvição do réu. Ou seja, a discussão sobre se aquela pessoa é ou 
não inocente não é uma discussão da condição da ação e sim uma condição de mérito. Então você propõe 
a ação contra o provável autor do fato. 
 
Legitimidade ordinária e extraordinária no processo penal 
 
- Em termos de legitimidade, a regra geral está consagrada no art. 18 do novo CPC, que prevê que somente o 
titular do alegado direito poderá pleitear em nome próprio seu próprio interesse. É o que se denomina de 
legitimação ordinária. 
 
→ Na medida em que a Constituição Federal outorga ao Ministério Público a titularidade da ação penal 
pública, é evidente que o MP age em nome próprio na defesa de interesse próprio – o Estado é titular 
da pretensão punitiva. 
 
- Se a regra é a legitimação ordinária, excepcionalmente, e desde que autorizado por lei, o ordenamento jurídico 
prevê situações em que alguém pode pleitear, em nome próprio, direito alheio. É o que se denomina de 
legitimação extraordinária ou substituição processual - consoante disposto no art. 18 do novo CPC, ninguém 
poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico. 
 
→ Mas quais são os exemplos de legitimação extraordinária no processo penal? A doutrina costuma citar 
como exemplo a ação penal de iniciativa privada. Nessa espécie de ação penal, o Estado, titular 
exclusivo do direito de punir, transfere a legitimidade para a propositura da ação penal à vítima ou ao 
seu representante legal, a eles concedendo o jus persequendi in judicio. Cuida-se, portanto, de hipótese 
de legitimação extraordinária, já que o ofendido age, em nome próprio, na defesa de um interesse 
alheio, pois o Estado continua sendo o titular da pretensão punitiva. 
 
OBS: Não se pode confundir a legitimação extraordinária (substituição processual) com a sucessão processual. 
Há sucessão processual quando um sujeito sucede outro no processo, assumindo a sua posição processual. Há, 
portanto, uma troca de sujeitos no processo, uma mudança subjetiva da relação jurídica processual. A propósito, 
consoante disposto no art. 31 do CPP, no caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão 
judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou 
irmão. Por outro lado, na legitimação extraordinária (substituição processual), não há troca de sujeitos. Na 
verdade, não há qualquer alteração da relação processual, pois um sujeito tem o poder (legitimidade) de estar 
legitimamente em um processo defendendo interesse de outrem. 
 
OBS 2: A legitimação extraordinária também não se confunde com a representação processual, fenômeno 
relacionado à capacidade de estar em juízo. Há representação processual quando um sujeito está em juízo em 
nome alheio defendendo interesse alheio. 
 
 
 
 
 O representante processual não é parte; parte é o representado. O representante processual atua em 
nome alheio na defesa de interesse alheio, não sendo considerado parte no processo, mas mero sujeito 
que dá à parte a capacidade para estar em juízo. 
 
Ex.: É o que ocorre, por exemplo, nas hipóteses de nomeação de curador especial. Se o ofendido for menor 
de 18 (dezoito) anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou 
colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, 
nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal 
(CPP, art. 33). 
 
 Em sentido diverso, na legitimação extraordinária, o substituto processual é parte; o substituído não é 
parte processual, por mais que seus interesses jurídicos estejam sendo discutidos em juízo. O substituto 
processual age em nome próprio defendendo interesse alheio, ao passo que o representante processual 
atua em juízo para suprir a incapacidade processual da parte 
 
 
 
4. Justa causa 
 
Justa causa é o suporte probatório mínimo que deve lastrear toda e qualquer acusação penal - é a demonstração 
prévia de que a acusação não é temerária (sem fundamento) ou leviana, pois é lastreada em um mínimo de 
prova (indícios de autoria e da existência material da conduta típica e prova da antijuridicidade e culpabilidade). 
 
→ Justa causa, portanto, é o conjunto de elementos de informação (indícios) que o Ministério Público 
possui sobre a infração penal. Não precisa de uma prova segura ou cabal, mas de indícios (não pode existir 
uma denúncia sem esse mínimo de indícios). 
 
→ O processo penal é estigmatizante e, por isso, não se pode admitir a instauração de processos levianos, 
temerários, de modo que para o processo penal ser viável, é necessário indícios de autoria e materialidade. 
Art. 395, CPP. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
Ex.: em caso concreto envolvendo suposto crime de assédio sexual praticado por Ministro do STJ em 
detrimento de servidora daquele Tribunal, concluiu o Supremo pela rejeição da queixa crime sob o 
argumento de não haver justa causa para o exercício da ação penal, porquanto a acusação estava lastreada 
exclusivamente no relato da vítima. Segundo o Plenário do STF, para fins de recebimento da peça acusatória, 
há necessidade de que as alegações estejam minimamente embasadas em provas, ou, ao menos, indícios de 
efetiva ocorrência dos fatos. Não basta que a queixa-crime se limite a narrar fatos e circunstâncias criminosas 
que são atribuídas pela querelante ao querelado, sob o risco de se admitir a instauração de ação penal 
temerária, em desrespeito às regras do indiciamento e ao princípio da presunção de inocência. 
 
IMPORTANTE: Em regra, esse lastro probatório é fornecido pelo inquérito policial, o que, no entanto, não impede 
que o titular da ação penal possa obtê-lo a partir de outras fontes de investigação. Aliás, como destaca o próprio 
art. 12 do CPP, os autos do inquérito policial deverão acompanhar a denúncia ou queixa, sempre que servir de 
base a uma ou outra. 
OBS - ausência de justa causa: verificada sua ausência por ocasião do juízo de admissibilidade da peça acusatória, 
incumbe ao magistrado rejeitá-la, nos termos do art. 395, III, do CPP, hipótese em que a decisão fará apenas coisa 
julgada formal. Logo, surgindo novos elementos probatórios, nova peça acusatória poderá ser oferecida, 
enquanto não extinta a punibilidade. 
 
 
► Condições de procedibilidade 
 
- Para além das condições genéricas da ação penal, cuja presença é obrigatória em toda e qualquer ação penal 
(para o processo penal ser viável, toda ação penal condenatória deve preencher as condições supramencionadas), 
há determinadas situações em que a lei condiciona o exercício do direito de ação ao preenchimento de certas 
condições específicas. 
 
→ Sua presença também deve ser aferida pelo magistrado por ocasião do juízo de admissibilidade da peça 
acusatória, impondo-se a rejeição da denúncia ou da queixa, caso verificada a ausência de uma delas (CPP, 
art. 395, II). 
 
Art. 395, CPP. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou 
São, portanto, requisitos necessários para o exercício válido de algumas açõespenais: 
 
a) Representação do ofendido, nos crimes de ação penal pública condicionada à representação: é o que 
ocorre, por exemplo, com o delito de ameaça e estelionato (CP, arts. 147, parágrafo único, e 171, §5º, 
respectivamente); 
 
b) Requisição do Ministro da Justiça, nos crimes de ação penal pública condicionada à requisição: cite-
se, a título de exemplo de crime que depende de requisição, os crimes contra a honra do Presidente da 
República (CP, art. 145, parágrafo único) – para que o início dessa ação penal seja viável, é necessária uma 
requisição específica. 
 
ESQUEMA PROCESSO PENAL 
 
1. Denúncia; 
2. Autos vão conclusos ao juiz (onde verifica as condições da ação) – se preenche essas condições manda 
citar o réu; 
3. Citação; 
4. Resposta do réu; 
5. Autos vão conclusos ao juiz (juiz pode decidir se absolve sumariamente ou não – se não, marca uma 
AIJ); 
6. AIJ 
 
→ A denúncia vem acompanhada pelo inquérito policial (a justa causa chega ao MP por vários meios, um 
deles é o inquérito). Oferecida a denúncia, os autos vão conclusos para o juiz (etapa 2): aqui, ele não 
analisa se o réu é culpado ou inocente, mas analisa questões processuais (vê se preenche os requisitos 
da ação) para o exercício válido do processo. 
 
 Caso não preencha esses requisitos, o juiz irá rejeitar a denúncia. 
 
 
 
4. Ação penal pública 
 
-Legitimidade: Ministério Público (iniciativa exclusiva do MP, nos termos do art. 129, CF). 
 
-Petição inicial (peça processual): Denúncia 
 
✓ CP, Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. 
 
✓ Art. 129, CF. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal 
pública, na forma da lei; 
 
➢ Princípios que regem a ação penal pública (obrigatoriedade, indisponibilidade e divisibilidade) 
 
1. Obrigatoriedade: 
 
Existindo indícios de materialidade e autoria (justa causa), o MP é obrigado a oferecer a denúncia – possui 
a obrigação de oferecer a denúncia quando houver justa causa. 
 
 Portanto, ele não conta com nenhuma disponibilidade ou critério político/de utilidade social para 
decidir se irá oferecer a denúncia ou não. 
 
OBS: o legislador prevê mecanismos para a observância do princípio da obrigatoriedade: 
 
a) ação penal privada subsidiária da pública: uma importante forma de controle da inércia ministerial; 
 
b) prazos do MP não são fatais – portanto, passado o prazo para o oferecimento da denúncia, isso não 
significa que ele não poderá oferecer mais, pois isso daria espaço para o MP burlar o princípio da 
obrigatoriedade. Ou seja, os prazos não são fatais, podendo o MP oferecer a denúncia ainda que fora 
do prazo legal. 
 
OBS 2: A obrigatoriedade de oferecer a denúncia não significa que, em sede de alegações orais (ou de 
memoriais), o Ministério Público esteja sempre obrigado a pedir a condenação do acusado. Afinal, ao Parquet 
também incumbe a tutela de interesses individuais indisponíveis, como a liberdade de locomoção. Logo, como 
ao Estado não interessa uma sentença injusta, nem tampouco a condenação de um inocente, provada sua 
inocência, ou caso as provas coligidas não autorizem um juízo de certeza acerca de sua culpabilidade, deve o 
Promotor de Justiça manifestar-se no sentido de sua absolvição. A propósito, o art. 385 do CPP dispõe que, 
nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha 
opinado pela absolvição. 
 
Exceção ao princípio da obrigatoriedade (exemplos) - situações em que há indícios de materialidade e autoria, 
mas o MP não oferece a denúncia: 
 
a) Transação penal: em se tratando de infrações de menor potencial ofensivo, ainda que haja lastro 
probatório suficiente para o oferecimento de denúncia, desde que o autor do fato delituoso preencha os 
requisitos objetivos e subjetivos do art. 76 da Lei nº 9.099/95, ao invés de o Ministério Público oferecer 
denúncia, deve propor a transação penal, com a aplicação imediata de penas restritivas de direitos ou 
multa. Nessa hipótese, há uma mitigação do princípio da obrigatoriedade. 
 
b) Acordo de não-persecução penal: introduzido pela Lei n. 13.964/19 (Pacote Anticrime), no art. 28-A, 
cuida-se de negócio jurídico de natureza extrajudicial, necessariamente homologado pelo juízo 
competente, celebrado entre o MP e o autor do fato delituoso – devidamente assistido pelo seu defensor 
-, em que confessa formal e circunstanciadamente a prática do delito, sujeitando-se ao cumprimento de 
certas condições não privativas de liberdade, em troca do compromisso do MP de não oferecer denúncia 
sobre o caso penal extraído da investigação penal, declarando-se a extinção a punibilidade caso a avença 
seja integralmente cumprida. 
 
 
 
2. Indisponibilidade 
 
Tal princípio funciona como um desdobramento lógico da obrigatoriedade. Em outras palavras, se o MP é 
obrigado a oferecer denúncia, caso visualize a presença das condições da ação penal e a existência de 
justa causa (princípio da obrigatoriedade), também não pode dispor ou desistir do processo em curso 
(indisponibilidade). Enquanto o princípio da obrigatoriedade é aplicável à fase pré-processual, reserva-se 
o princípio da indisponibilidade para a fase processual. 
 
 Portanto, uma vez oferecida a denúncia estará observado o princípio da obrigatoriedade, mas 
depois o MP não pode desistir da ação, o processo deve ir até o final (não pode dispor do 
processo). 
 
OBS: contudo, pode chegar ao final do processo e pedir a absolvição. 
 
Sendo assim, como desdobramentos do princípio da indisponibilidade da ação penal pública, o Ministério 
Público não poderá desistir da ação penal (CPP, art. 42). Por sua vez, segundo o art. 576 do CPP, o Ministério 
Público não poderá desistir de recurso que haja interposto. Veja-se que o Parquet não é obrigado a recorrer, 
haja vista que os recursos são voluntários (CPP, art. 574, caput). Porém, se o fizer, não poderá desistir de 
recurso que haja interposto 
 
OBS: Aplicável à ação penal pública, o princípio da indisponibilidade também se aplica à ação penal privada 
subsidiária da pública quanto ao Ministério Público, pois este não apenas tem que assumir o processo que foi 
iniciado e negligenciado pelo querelante, como também não pode dele desistir (CPP, art. 29). 
 
Exceção ao princípio da indisponibilidade: suspensão condicional do processo 
 
Preenchendo o acusado os requisitos objetivos e subjetivos para a concessão do referido benefício, 
previsto no art. 89 da Lei n. 9.099/95, deverá ser oferecida a proposta pelo titular da ação penal, com 
posterior aceitação do acusado e de seu defensor, e ulterior homologação da autoridade judiciária, 
hipótese em que o processo permanecerá suspenso. Logo, trata-se de exceção ao princípio da 
indisponibilidade. 
 
 
3. Divisibilidade da ação penal pública 
 
Em razão de tal princípio, é possível que o processo seja desmembrado em tantos quantos forem os réus, 
não sendo necessária a persecução penal através de uma única ação. Portanto, posição dominante na 
doutrina é que à ação penal pública aplica-se o princípio da divisibilidade, pois o Ministério Público pode 
eleger processar apenas um dos ofensores, optando por coletar maiores evidências para processar 
posteriormente os demais. 
 
 Ou seja, o MP pode oferecer denúncia contra apenas parte dos coautores e partícipes, sem 
prejuízo do prosseguimento das investigações quanto aos demais envolvidos. Nesse sentido, não 
há nulidade no oferecimento de denúncia contra determinados agentes do crime, 
desmembrando-se o processo em relação a suposto coautor, a fim de coligir elementos 
probatórios hábeis à sua denunciação. 
 
 
Importante: Por fim, vale lembrar que a divisibilidade da ação penal não se confunde com uma “carta branca” 
para o MP se eximir de ajuizá-la com base em critérios de conveniência e oportunidade, uma vez que o 
princípio da obrigatoriedade determina que, sendo o fato punível(não alcançado pela prescrição, por 
exemplo), seja ajuizada a ação penal contra todos os agentes da conduta delitiva cujos indícios de autoria 
sejam perceptíveis. É possível, todavia, o retardo no oferecimento da denúncia, isto é, o Ministério Público 
poderá esperar a coleta de provas mais firmes quanto aos autores do fato criminoso. 
 
➔ Isto é, o MP é obrigado a oferecer denúncia contra todos que praticam o crime, mas não ao mesmo 
tempo. 
 
Ex.: Letícia e Rafa são coautoras de um crime – o MP não é obrigado no mesmo ato oferecer denúncia 
contra as duas, podendo oferecer primeiro em relação à Rafaela e, posteriormente, contra Letícia. 
 
 
OBS: os princípios que regem a ação penal privada são contrários aos que regem a ação penal pública. 
 
 
 
 
 
 
 
➢ Formas de ação penal pública 
 
1. Ação Pública incondicionada 
 
O titular da ação penal pública incondicionada é o Ministério Público (CF, art. 129, I), e sua peça inaugural é a 
denúncia. Cabe privativamente ao MP promover a ação penal publica (art. 257, I, do CPP). 
 
→ É denominada de incondicionada porque a atuação do Ministério Público não depende da manifestação 
da vontade da vítima ou de terceiros. Ou seja, verificando a presença das condições da ação e havendo 
justa causa para o oferecimento da denúncia, a atuação do Parquet prescinde do implemento de qualquer 
condição 
 
A ação penal pública incondicionada é a regra no nosso ordenamento jurídico. 
 
→ De acordo com o art. 100, caput, do CP, a ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara 
privativa do ofendido. Por sua vez, consoante dispõe o art. 100, § 1º, do CP, a ação pública é promovida 
pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição 
do Ministro da Justiça. 
 
→ Assim, para que se possa saber a espécie de ação penal referente a determinado delito, deve-se analisar 
se o Código Penal ou se a lei especial dispõe em sentido contrário, seja no próprio artigo onde o delito está 
tipificado, seja nas disposições finais do capítulo ou do título onde o crime estiver inserido. Se não houver 
nenhuma disposição expressa em sentido contrário, a ação será pública incondicionada. 
 
OBS: Quando o delito depende de representação, portanto, hipótese de crime de ação penal pública condicionada 
à representação, costuma-se usar a expressão “somente se procede mediante representação”; se o delito depende 
de requisição, logo, crime de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça, utiliza-se a 
locução “procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça”; por fim, quando se trata de crime de ação penal 
de iniciativa privada, usa-se a expressão “somente se procede mediante queixa”. 
 
Importante: A ação penal pública incondicionada pode ser proposta enquanto não tiver ocorrido a extinção da 
punibilidade, sendo que, na prática, a hipótese mais comum é a prescrição. 
 
✓ CP, art. 100, § 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o 
exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
✓ Art. 24, CPP. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, 
mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do 
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
§ 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, 
Estado e Município, a ação penal será pública. 
 
2. Ação Pública condicionada à representação 
 
Trata-se de ação penal pública pois é promovida pelo MP, mas é condicionada pois o MP não poderá promovê-la 
sem que haja a representação do ofendido. Nesses casos só é possível dar início ao processo se houver a 
representação. 
 
→ Nesse caso, a representação é condição de procedibilidade – sem ela é inviável a instauração do processo 
penal. Ela continua devendo ser iniciada pelo MP, mas dependerá, para a sua propositura, da satisfação 
de uma condição de procedibilidade, sem a qual não poderá ser instaurada: representação do ofendido 
ou de quem tenha condição para representa-lo. 
 
Ex.: crime de ameaça, lesão corporal leve, estelionato, etc. 
 
OBS: Ao tratarmos do inquérito policial, foi dito que, quando o crime for de ação penal pública condicionada, o 
próprio início da investigação policial está subordinado ao implemento da representação ou da requisição do 
Ministro da Justiça. De fato, segundo o art. 5º, § 4º, “o inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de 
representação, não poderá sem ela ser iniciado”. 
 
OBS: Se, porventura, for oferecida denúncia sem o implemento da representação do ofendido, deverá o 
magistrado rejeitar a peça acusatória, nos exatos termos do art. 395, II, segunda parte, do CPP, pois estaria 
faltando uma condição para o exercício da ação penal. 
 
• Representação (condição específica de procedibilidade) 
 
- Conceito: é a manifestação do ofendido ou de seu representante legal (menor de 18 anos ou doente mental) 
no sentido que possui interesse na persecução penal do autor do fato delituoso – é a manifestação da vítima 
em ver seu agressor (autor do fato) condenado e processado. 
 
➔ Reserva-se à vítima ou ao seu representante legal o juízo de oportunidade e conveniência da instauração 
do processo penal, com o objetivo de se evitar a produção de novos danos em seu patrimônio moral, 
social e psicológico, em face de possível repercussão negativa trazida pelo conhecimento generalizado 
do fato delituoso. 
 
➔ Some-se a isso o fato de que certos delitos afetam imediatamente o interesse particular, e apenas 
mediatamente o interesse geral, o que dificulta até mesmo a produção probatória, caso não haja 
cooperação da vítima. Daí o motivo pelo qual se condiciona a atuação do aparato estatal à manifestação 
da vontade da vítima ou de seu representante legal. 
 
 Portanto, em relação à representação, vigora o princípio da oportunidade ou da conveniência, á que o 
ofendido ou seu representante legal podem optar pelo oferecimento (ou não) da representação. 
 
OBS: a representação tem que ser realizada pela vítima, não é possível representar por terceiro. 
 
 
• Ausência de formalidade. (artigo 39 CPP) – a representação é um ato informal. 
 
Não há necessidade de maiores formalidades no tocante à representação – prescinde de uma peça escrita 
com maiores formalidades, bastando que haja a manifestação de vontade da vítima ou de seu representante 
legal, evidenciando a intenção de que o autor do fato delituoso seja processado criminalmente. 
 
OBS: apesar disso, o ideal é que vá até a delegacia e fale que quer representar – nesse caso, o delegado lavra 
termo de representação. Ademais, não é preciso autenticar assinatura, não é uma formalidade necessária. 
 
 Art. 39, CPP: 
 
§ 1º A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do 
ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade 
policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida. 
 
 
• Destinatário da representação: a representação deve ser feita para o juiz, o MP ou para o delegado. 
 
De acordo com o art. 39, caput, do CPP, o direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou 
por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do 
Ministério Público, ou à autoridade policial. Além disso, a representação deverá conter todas as 
informações que possam servir à apuração do fato delituoso e de sua autoria (CPP, art. 39, § 2º) 
 
Art. 39, CPP. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com 
poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à 
autoridade policial. 
§ 2º A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria. 
 
a)Autoridade policial 
 
Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não 
sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for (CPP, art. 39, § 3º). 
 
 A despeito do teor desse dispositivo, já foi visto que incumbe ao delegado, a priori, verificar a 
procedência e veracidade das informações, evitando-se, assim, a instauração de investigações 
temerárias 
 
§ 3º Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, 
não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for. 
 
b) Juiz 
Quando feita ao juiz, há duas possibilidades, pelo menos de acordo com o CPP: 
1. se, com a representação, forem fornecidos elementos que possibilitem a apresentação da denúncia, 
deve o juiz abrir vista ao Ministério Público, nos termos do art. 40; 
 
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a 
existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos 
necessários ao oferecimento da denúncia. 
 
2. se, com a representação, não forem fornecidos elementos que possibilitem o oferecimento da 
denúncia, deve o juiz remetê-la à autoridade policial para que esta proceda à instauração de 
inquérito policial (CPP, art. 39, § 4º). 
 
Art. 39, § 4º A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à 
autoridade policial para que esta proceda a inquérito. 
OBS: A despeito do teor do Código de Processo Penal, pensamos que, de modo a preservar sua 
imparcialidade, deve o magistrado abster-se de fazer qualquer análise de seu conteúdo, encaminhando-a 
de imediato ao órgão ministerial. 
 
c) MP 
Segundo o CPP, o órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem 
oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no 
prazo de 15 (quinze) dias (art. 39, § 5º). Caso contrário, deve requisitar a instauração de inquérito policial, 
após o que poderá oferecer denúncia ou promover seu arquivamento 
§ 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos 
elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 
quinze dias. 
 
 Perceba-se, então, que a representação não vincula o órgão do Ministério Público. Afinal, se a ação 
penal tem natureza pública, tendo como titular o Ministério Público, cabe ao órgão ministerial formar 
sua opinio delicti, podendo requerer o arquivamento caso conclua, por exemplo, pela atipicidade dos 
fatos narrados na representação da vítima. 
• Legitimidade (quem pode representar) 
 
A legitimidade para o oferecimento da representação possui o mesmo regime jurídico da titularidade para o 
oferecimento da queixa-crime. 
 
OBS: Portanto, o que for trabalhado neste tópico também se aplica à ação penal exclusivamente privada e à 
ação penal privada subsidiária da pública. 
 
- Segundo o art. 39 do CPP, o direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador 
com poderes especiais. Esse procurador a que se refere o art. 39 do CPP não precisa ser um profissional da 
advocacia. A procuração, por sua vez, deve conter poderes especiais, fixando-se a responsabilidade do mandante 
e do mandatário. 
 
✓ Art. 39, CPP. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com 
poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à 
autoridade policial. 
 
→ Em regra, o titular da representação é o ofendido (a vítima). Porém, há outras situações específicas: 
 
a) Ofendido com menos de 18 anos, mentalmente enfermo ou retardado mental: nesse caso, o direito 
de representação será exercido por seu representante legal. 
 
Importante - ofendido com 18 (dezoito) anos de idade, que não seja mentalmente enfermo ou 
retardado mental: até a vigência do novo CC a legitimidade do ofendido com idade entre 18 e 21 anos 
era concorrente com seu representante legal. Contudo, com o art. 5º do Código Civil, entende-se que, 
ao completar 18 (dezoito) anos, a vítima já é plenamente capaz, não havendo mais a possibilidade de 
o direito de representação ou de queixa ser exercido por seu ascendente, já que este não é mais seu 
representante legal – sendo assim, todos os dispositivos e súmulas que fazem previsão dessa 
legitimidade concorrente não são mais aplicados (revogados). 
 
b) ofendido menor de 18 (dezoito) anos, mentalmente enfermo, ou retardado mental, que não tenha 
representante legal, ou havendo colidência de interesses: nessa hipótese, o direito de representação 
poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério 
Público, pelo juiz competente para o processo penal (CPP, art. 33, por interpretação extensiva). 
 
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não 
tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá 
ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo 
juiz competente para o processo penal. 
 
OBS: Esse curador especial nomeado pelo juiz não é obrigado a oferecer representação ou queixa, 
pois, se assim fosse, o juiz estaria promovendo a persecução penal. Cabe a ele, na verdade, avaliar a 
conveniência e a oportunidade de agir, só o fazendo se julgar oportuno aos interesses do menor, do 
mentalmente enfermo ou do retardado mental. 
 
c) pessoa jurídica: as fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer seu 
direito de representação, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos 
designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes (CPP, art. 37, por 
interpretação extensiva); 
 
d) morte da vítima: no caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, a 
lei prevê especial hipótese de legitimação anômala, sendo que o direito de oferecer queixa ou 
representação ou de prosseguir na ação penal de iniciativa privada passará ao cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão. 
 É o que se denomina de sucessão processual, prevista no art. 24, § 1º (sucessão nos casos de 
representação): 
 
Art. 24, § 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o 
direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
 
 Há, aí, uma ordem de preferência: primeiro cônjuge, depois ascendente, sucessivamente. Caso 
o cônjuge não possua interesse, o direito de representação ou de queixa-crime passará ao 
ascendente e, assim, sucessivamente. 
 
IMPORTANTE – em caso de emancipação não se adquire capacidade para propor a ação penal / representar. 
 
 P. ex., segundo o art. 1.517 do Código Civil, após os 16 (dezesseis) anos, os menores podem se casar 
com autorização dos pais ou responsáveis legais, vindo a adquirir a capacidade civil plena. Apesar da 
aquisição da capacidade civil plena, entende-se que este ainda não é dotado de capacidade para 
oferecer representação ou queixa (esse raciocínio se aplica às demais hipóteses de emancipação). 
Como ele não pode exercer seu direito pessoalmente, não possuindo representante legal por conta 
da emancipação, deverá ocorrer a nomeação de curador especial, nos termos do art. 33 do CPP. 
 
OBS: alguns doutrinadores acreditam que nesses casos, há, ainda uma segunda possibilidade - guarda-
se que atinja a idade de 18 (dezoito) anos, quando, então, poderá exercer seu direito de queixa ou de 
representação. Nesse caso, não há falar em decadência, porquanto o prazo decadencial não flui para 
aquele que não pode exercer seu direito por conta da incapacidade (não é a posição do Maurício, pra 
ele deve-se nomear o curador). 
 
 
• Decadência do direito de representação (artigo 38 CPP) 
 
Art. 38. Salvo disposiçãoem contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou 
de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem 
é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. 
É instituto que vale, também, tanto para a representação quanto para o exercício do direito de queixa. 
- A representação da vítima ou de seu representante lega, deve ser feita em 6 meses, caso contrário, ocorrerá a 
decadência desse direito, culminando na extinção da punibilidade – portanto, deve ser realizada a representação 
dentro do prazo legal sob pena de extinção da punibilidade por meio da decadência. 
→ Para a representação, o prazo não começa a contar da data do fato, mas da data do conhecimento de 
quem é o autor do fato. 
 Isso se dá, pois, só se pode falar em decadência de um direito que pode ser exercido. Se o ofendido 
não sabe quem é o autor do delito, não pode exercer seu direito. 
 
OBS: esse prazo deve ser contado nos termos do art. 10 do CP - “o dia do começo inclui-se no cômputo do 
prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum”. 
 
Ex.: Assim, como o dia do início inclui-se no cômputo do prazo, supondo-se que um crime de lesão corporal 
leve tenha sido cometido contra uma pessoa capaz com 18 (dezoito) anos completos (ou mais) em data 
de 26 de março de 2010, pode-se dizer que a representação deve ser oferecida até o dia 25 de setembro 
de 2010, às 23h59min, sob pena de decadência e consequente extinção da punibilidade, nos termos do 
art. 107, IV, segunda figura, do Código Penal. 
IMPORTANTE: Ao contrário do que ocorre com a prescrição, cujo prazo está sujeito a interrupções ou suspensões, 
o prazo decadencial é fatal e improrrogável. Assim, não se suspende e não se interrompe. Também não admite 
prorrogações. Logo, expirando-se num domingo ou feriado, não pode ser prorrogado, como se dá com os prazos 
processuais. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art29
OBS: Nos casos de sucessão processual (CPP, art. 31), o prazo decadencial também é de 6 (seis) meses, tal qual 
prevê o parágrafo único do art. 38 do CPP. Assim, operando-se a morte do ofendido, seus sucessores terão direito 
ao prazo restante. Se já ocorrera o decurso de 02 (dois) meses do prazo decadencial do ofendido, seus sucessores 
terão direito ao prazo restante – 04 (quatro) meses. 
➔ Considerando que o prazo decadencial é uno, se um dos sucessores já tinha conhecimento da autoria, o 
prazo restante de 04 (quatro) meses fluirá automaticamente a contar do óbito do ofendido. 
 
➔ Caso venham a tomar conhecimento da autoria apenas após o óbito do ofendido, o prazo decadencial 
restante de 4 (quatro) meses irá começar a fluir a partir de tal momento 
OBS 2 – em caso de oferecimento de queixa crime: Há exceções à regra de que o prazo decadencial só começa a 
fluir a partir do conhecimento da autoria. Como deixa entrever o art. 236, parágrafo único, do Código Penal, 
referente ao crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento, a ação penal depende de queixa 
do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por 
motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 
 
 IMPORTANTE – decadência do direito de representação nas hipóteses de inércia do representante 
legal do menor de 18 (dezoito) anos, mentalmente enfermo ou retardado mental: 
 
há 2 posicionamentos: 
 
a) Parte da doutrina entende que, tratando-se de incapaz, o prazo decadencial de 6 (seis) meses não flui 
para ele enquanto não cessar a incapacidade, já que não se pode falar em decadência de um direito que 
não pode ser exercido. Logo, ainda que o representante legal, tendo tomado conhecimento da autoria do 
fato delituoso, não ofereça representação (ou queixa), subsiste para o menor o direito de oferecê-la, a 
partir do momento em que atingir 18 anos, desde que não extinta a punibilidade por outra causa, como 
p. ex., a prescrição. 
 
b) Outra parte da doutrina entende que o prazo decadencial é um só – não tem exceção, suspensão, 
impedimento, interrupção. O representante legal exerce na plenitude o direito de representação, de modo 
que o decurso do prazo decadencial para o representante legal também afetaria o direito do menor, do 
mentalmente enfermo ou do retardado mental. 
 Se tem conhecimento da autoria do crime e não é apresentada a ação penal, ocorrerá a 
decadência. 
 
 Nesses casos, deverá ser nomeado um curador especial (art. 33 CPP, por extensão). 
 
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e 
não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa 
poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério 
Público, pelo juiz competente para o processo penal. 
 
De todo modo, esse raciocínio só é válido se o representante legal possuir conhecimento acerca da autoria 
do crime. Por exemplo: 
 
➔ se um menor com 16 (dezesseis) anos de idade foi vítima de um crime de ação penal pública 
condicionada à representação, e seu representante legal veio a saber de imediato quem teria 
cometido o delito, o prazo decadencial único irá começar a fluir, operando-se a extinção da 
punibilidade se o direito de representação não for exercido no prazo de 6 (seis) meses. 
 
➔ se, todavia, o representante legal não sabia quem era o autor do crime, o prazo decadencial não irá 
fluir nem para ele, nem para o menor, pois não se pode falar em decadência de um direito que não 
pode ser exercido. No entanto, a partir do momento em que o menor atingir a idade de 18 (dezoito) 
anos e tiver conhecimento do autor do crime, poderá exercer seu direito. 
 
 
 Por fim, se o menor estava com 17 (dezessete) anos e 10 (dez) meses quando foi vítima do 
crime, e, naquela mesma data, contou ao seu representante legal quem teria sido o autor do 
delito, conclui-se que o representante legal terá 02 (dois) meses para exercer o direito de 
queixa ou de representação, já que, quando o menor completar 18 (dezoito) anos, cessará a 
representação legal. 
 
 Se a representação não for oferecida pelo representante até aquele momento, o ofendido 
ainda poderá fazê-lo, contanto que dentro do prazo restante de 04 (quatro) meses 
 
• Retratação da representação (Artigo 25) – retirar a representação até o oferecimento da denúncia 
 
✓ Art. 25, CPP. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. 
Já foi dito que, em relação à representação, vigora o princípio da oportunidade ou da conveniência, 
significando que o ofendido ou seu representante legal podem optar pelo oferecimento (ou não) da 
representação. 
 
→ Como desdobramento dessa autonomia da vontade, a lei também prevê a possibilidade de retratação 
da representação, que só poderá ser feita enquanto não oferecida a denúncia pelo órgão do Ministério 
Público. 
 Retratação, portanto, somente até o oferecimento da denúncia, marco temporal este que não se 
confunde com o recebimento da peça acusatória pelo magistrado. 
 
Portanto, oferecida a denúncia, o ofendido ou o seu representante legal já não podem mais se retratar sob 
a alegação de que o juiz não teria recebido a peça acusatória. A representação é irretratável após o 
oferecimento da denúncia 
 
RITO PROCESUSAL 
 
1. INQUÉRITO POLICIAL 
2. OFERECIMENTO DA DENÚNCIA PELO MP 
3. ENVIA PARA O JUIZ (AUTOS VÃO CONCLUSOS AO JUIZ) 
4. RECEBIMENTO DA DENÚNICA (SE O JUIZ ENTENDE QUE A DENÚNCIA PREENCHE OS REQUISITOS 
PROCESSUAIS ELA VAI DAR UM DESPACHO DENOMINADO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA) 
 
 É POSSÍVEL RETRATAR ATÉ O OFERECIMENTO DA DENÚNCIA PELO MP 
 
 
OBS – retratação da retratação da representação: diante da retratação da representação, seria possível ao 
ofendido ou ao seu representante legal oferecer nova representação, o que equivaleria,grosso modo, à 
uma retratação da retratação da representação? 
 
R: Apesar de posição minoritária em sentido contrário, prevalece na doutrina o entendimento de que, 
mesmo após se retratar de representação anteriormente oferecida, poderá o ofendido oferecer nova 
representação, desde que o faça dentro do prazo decadencial de 6 (seis) meses, contado do 
conhecimento da autoria. 
 
 
► IMPORTANTE: RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO NA LEI MARIA DA PENHA 
 
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta 
Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente 
designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério 
Público. 
 
Apesar do dispositivo supracitado se falar em renúncia à representação, trata-se, na verdade, de retratação 
 
→ Se a própria lei fala em audiência, a ser designada antes do recebimento da denúncia, significa dizer que 
já teria havido o oferecimento da representação. Afinal, se a representação não tivesse sido 
anteriormente oferecida, sequer seria possível o oferecimento da denúncia. 
 
OBS: em sede de violência doméstica, a representação é levada a efeito por ocasião do registro da 
ocorrência, oportunidade em que é tomada a termo pela autoridade policial (Lei nº 11.340/06, art. 12, I). 
 
Portanto, de forma distinta da previsão do art. 25 do CPP, nos casos de violência doméstica e familiar contra 
a mulher, a retratação da representação pode se dar até o recebimento da peça acusatória, em audiência 
especialmente designada com tal finalidade, assegurada a presença do juiz, e ouvido o Ministério Público. 
 
→ Sendo assim, deve ser designada uma audiência específica, com a presença do juiz, e ouvir o MP para que 
seja possível essa retratação (até momento anterior ao recebimento da denúncia). 
 
 é importante destacar que a audiência a que se refere o dispositivo não é de designação 
obrigatória nos crimes envolvendo violência doméstica e familiar contra a mulher. A sua realização 
só deve ser determinada pela autoridade judiciária nos casos de crime de ação penal pública 
condicionada à representação e desde que tenha havido prévia manifestação da parte ofendida, 
antes do recebimento da denúncia, capaz de demonstrar sua intenção de retratar-se da 
representação oferecida para o ajuizamento da ação penal contra o autor da violência doméstica, 
cabendo ao magistrado verificar a espontaneidade e a liberdade na prática de tal ato. 
 
 
► IMPORTANTE 2: EFICÁCIA OBJETIVA DA REPRESENTAÇÃO 
 
Feita a representação contra apenas um dos coautores ou partícipes de determinado fato delituoso, esta se 
estende aos demais agentes, autorizando o MP a oferecer denúncia em relação a todos os coautores e 
partícipes envolvidos na prática desse crime (princípio da obrigatoriedade). É o que se chama de eficácia 
objetiva da representação. 
 
→ Funcionando a representação como manifestação do interesse da vítima na persecução penal dos 
autores do delito, o Ministério Público poderá agir em relação a todos eles. 
 
→ Isso, no entanto, não permite que o Ministério Público ofereça denúncia em relação a outros fatos 
delituosos, ou seja, se se trata de fato delituoso distinto, haverá necessidade de outra representação. 
 
 Pudesse o Ministério Público oferecer denúncia em relação a outros fatos delituosos, também de 
ação penal pública condicionada, estaria o Parquet a contornar o caráter condicionado da ação 
penal pública, conferindo-lhe natureza incondicionada 
 
Exemplo: se, num crime contra a honra praticado contra funcionário público no exercício de suas funções, limitar-
se o ofendido a oferecer representação no sentido de que o autor do delito seja processado apenas em relação a 
um delito (v.g., injúria), poderá o Ministério Público denunciar todos os envolvidos na prática do referido delito. 
Todavia, não poderá o órgão ministerial, em ação penal pública condicionada à representação, extrapolar os 
limites materiais previamente traçados na representação, procedendo a uma ampliação objetiva indevida para 
oferecer denúncia, por exemplo, pela prática de calúnia, difamação e injúria. Se assim o fizer, deverá o magistrado 
rejeitar a peça acusatória em relação aos crimes de calúnia e difamação, ex vi do art. 395, inciso II, do CPP, haja 
vista a ausência de uma condição específica da ação penal em relação a tais delitos: a representação. 
 
OBS: ainda na representação, mesmo que a parte represente, se o MP verificar que não há elementos suficientes 
para oferecer a denúncia, isto é, que não há justa causa para oferecer a enuncia, ele não será obrigado a oferecê-
la. 
 
 
 
 
3. Condicionada a requisição do ministro de justiça 
 
- Aqui a ação também é pública, sendo de titularidade do MP que inicia o processo com a denúncia. Contudo, ele 
só pode oferecer a denúncia após a Requisição do Ministro de Justiça. 
 
→ Portanto, nesse caso, a propositura da ação penal depende da prévia existência de uma condição especial, 
que nada mais é do que a requisição do Ministro da Justiça. Ou seja, nesses casos o juízo de conveniência 
para propor a ação é cometido ao Ministro da Justiça. 
 
→ Se, porventura, a denúncia for oferecida sem o implemento da requisição do Ministro da Justiça, deverá 
o magistrado rejeitar a peça acusatória, nos exatos termos do art. 395, II, segunda parte, do CPP, pois 
estaria faltando uma condição (específica) para o exercício da ação penal. 
 
Importante: requisição é a manifestação da vontade do Ministro da Justiça, no sentido de que possui 
interesse na persecução penal do autor do fato delituoso. É condição necessária para a instauração do 
inquérito policial e para o oferecimento da ação penal pública nos crimes em que a lei a exigir. 
 O fundamento para a requisição é de se evitar que o processo penal cause maiores prejuízos que o 
próprio delito, quer no sentido de se evitar inconvenientes políticos ou diplomáticos para o Brasil. 
Portanto, quanto a ela, vigora o princípio da oportunidade ou conveniência, segundo o qual o 
Ministro da Justiça tem a faculdade de oferecer (ou não) a requisição 
 
Nos seguintes crimes será necessária a representação (“requisição”) do Ministro da Justiça: 
a) cometidos por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil (CP 7º §3º, b) 
✓ art. 7º, CP, § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro 
fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou negada a 
extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
b) contra a honra do presidente da República ou dos chefes de governo estrangeiro (CP 141, I c/c 145 p. ún. 
primeira parte) 
✓ Art. 141, CP - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é 
cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; 
 
✓ Art. 145. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I 
do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo 
artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código. 
 
- A requisição do Ministro da Justiça, nos mesmos moldes que a representação do ofendido, tem natureza jurídica 
de condição específica de procedibilidade, funcionando como mera autorização para proceder, permissão para 
que o processo penal possa ser instaurado, manifestação da vontade do Ministro da Justiça no sentido de que 
possui interesse na persecução penal. 
 
→ É dirigida ao Ministério Público, na pessoa de seu respectivo Chefe: Procurador-Geral de Justiça ou 
Procurador-Geral da República. Deve conter todas as informações que possam servir à apuração do fato e 
de sua autoria. 
 
OBS: apesar da nomenclatura requisição, o MP não está obrigado a oferecer denúncia, sendo descabido falar-
se em vinculação do Parquet à requisição do Ministro da Justiça - a requisiçãoé mera condição de 
procedibilidade da ação penal pública, a qual tem como titular o Ministério Público, nos termos do art. 129, I, 
da Constituição Federal. Portanto, dotado que é o Ministério Público de independência funcional (CF, art. 127, 
§ 1º), cabe ao órgão ministerial formar sua opinio delicti, verificando, assim, se os elementos constantes da 
requisição autorizam (ou não) o oferecimento de denúncia. 
 
- Ao contrário da representação, que deve ser oferecida no prazo decadencial de 6 (seis) meses, contado do 
conhecimento da autoria, a lei silenciou acerca de eventual prazo para o oferecimento da requisição. 
→ Entende-se, portanto, que a requisição não está sujeita a prazo decadencial, podendo ser oferecida a 
qualquer tempo, contanto que ainda não tenha havido a extinção da punibilidade pelo advento da 
prescrição (não há previsão expressa no art. 38 do CPP que a requisição se sujeita a decadência). 
 
- Importante: No tocante à possibilidade de retratação da requisição, há controvérsias. Há doutrinadores que 
entendem que, diante do silêncio do art. 25 do CPP, que faz menção apenas à retratação da representação, esse 
silêncio eloquente deve ser compreendido no sentido de se considerar a retratação irrevogável, irretratável. 
Contudo, prevalece o entendimento doutrinário de que, nos mesmos moldes da representação, também é cabível 
a retratação da requisição do Ministro da Justiça, enquanto não oferecida a denúncia. 
 
OBS: Por fim, tal qual a representação, a requisição do Ministro da Justiça é dotada de eficácia objetiva: oferecida 
contra um dos agentes, estende-se aos demais coautores e partícipes do fato delituoso. 
 
 
5. Ação penal Privada. 
 
Na ação penal privada o titular do direito de ação é o ofendido e a peça processual é a queixa-crime. Na ação 
penal de iniciativa privada, o autor da demanda é denominado de querelante, ao passo que o acusado é chamado 
de querelado. 
 
→ No silêncio da lei, a ação penal é pública incondicionada. Há, porém, situações em que o Estado, titular 
exclusivo do direito de punir, transfere a legitimidade para a propositura da ação penal à vítima ou ao seu 
representante legal, a eles concedendo o jus persequendi in judicio. É o que ocorre na ação penal de 
iniciativa privada, verdadeira hipótese de legitimação extraordinária (ou substituição processual), já que o 
ofendido age, em nome próprio, na defesa de um interesse alheio, pois o Estado continua sendo o titular 
da pretensão punitiva. 
 
OBS: Quando um crime for de ação penal de iniciativa privada, assim o dirá a lei, expressamente, geralmente 
por meio da expressão “somente se procede mediante queixa”. 
 
Os fundamentos que levam o legislador a dispor que determinado delito depende de queixa- -crime do ofendido 
ou de seu representante legal são: 
 
a) há certos crimes que afetam imediatamente o interesse da vítima e mediatamente o interesse geral; 
 
b) a depender do caso concreto, é possível que o escândalo causado pela instauração do processo criminal 
cause maiores danos à vítima que a própria impunidade do criminoso – é o que se chama de escândalo do 
processo (strepitus judicii); 
 
c) geralmente, em tais crimes, a produção da prova depende quase que exclusivamente da colaboração do 
ofendido, daí por que o Estado, apesar de continuar sendo o detentor do jus puniendi, concede ao ofendido 
ou ao seu representante legal a titularidade da ação penal. 
 
Importante: é de fundamental importância ressaltar que o ajuizamento de queixa-crime demanda a 
presença de profissional da advocacia devidamente habilitado na Ordem dos Advogados do Brasil, 
dotado de capacidade postulatória. Como será visto ao tratarmos dos requisitos da peça acusatória, é 
indispensável a existência de procuração com poderes especiais (CPP, art. 44). Ademais, na hipótese de 
ofendido pobre, assim considerado aquele que não possa prover às despesas do processo sem se privar 
dos recursos indispensáveis ao próprio sustento ou da família (CPP, art. 32, § 1º), o juiz deve nomear 
advogado dativo para a promoção da ação penal, onde não houver Defensoria Pública regularmente 
instalada 
 
 São 03 (três) as espécies de ação penal de iniciativa privada: exclusivamente privada, personalíssima e 
subsidiária da pública 
 
 
➢ Princípios 
 
• Conveniência ou oportunidade. 
 
Por conta deste princípio, cabe ao ofendido ou ao seu representante legal o juízo de oportunidade ou 
conveniência acerca do oferecimento (ou não) da queixa-crime. Consiste, pois, na faculdade que é outorgada 
ao titular da ação penal para dispor, sob determinadas condições, do exercício do direito de ação, 
independentemente da prova da existência de um fato punível contra um ator determinado. 
 
 Portanto, enquanto na ação penal pública, havendo existência de indícios de materialidade e 
autoria, o MP é obrigado a ajuizar a ação (princípio da obrigatoriedade), nas ações penais privadas 
o ofendido pode escolher se ajuíza ou não a queixa-crime, independentemente da existência 
desses indícios (o particular tem liberdade de escolha entre a propositura ou não da queixa-crime). 
 
 
- Nas hipóteses de ação penal de iniciativa privada, caso o ofendido não queira exercer seu direito de queixa, 
há 2 (duas) possibilidades: 
 
a) decadência: com natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade, consiste a decadência na perda do 
direito de queixa ou de representação pelo seu não exercício dentro do prazo legal (seis meses), contados, 
em regra, a partir do conhecimento da autoria; 
 
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa 
ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber 
quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da 
denúncia. 
 
 Portanto, a decadência, nas ações penais privadas, ocorre quando a vítima não oferece queixa 
dentro de 6 meses em que veio a saber quem é o ofensor (autoria). É a perda do direito de ação 
a ser exercido pelo ofendido, em razão do decurso do tempo (6 meses). 
 
OBS: O prazo decadencial, em regra, é de 6 meses, contado da data em que o ofendido veio a saber quem 
foi o autor do crime ou, na ação privada subsidiária da pública, do dia em que se esgotou o prazo para o 
oferecimento da denúncia 
 
b) renúncia: a renúncia também funciona como causa extintiva da punibilidade, de aplicação restrita à ação 
penal exclusivamente privada e à ação penal privada personalíssima. Caso o ofendido queira abrir mão do 
seu direito de queixa, poderá fazê-lo por meio da renúncia, expressa ou tácita. 
 
 Sendo assim, se a ação penal privada é regida pelo princípio da conveniência e da oportunidade, 
o particular pode renunciar a esse direito. É a manifestação do desinteresse de exercer o direito 
de queixa. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art29
 Portanto, essa manifestação só pode ocorrer antes do oferecimento da queixa, pois após esse 
momento não é mais possível realizar a renúncia (admite só o perdão ou perempção 
posteriormente a esse momento). 
 
A renúncia pode ser expressa ou tácita: 
 
- expressa: contém declaração assinada pelo ofendido, seu representante legal ou procurador com poderes 
especiais. Aqui, abre mão do direito de ajuizar a queixa de modo claro e objetivo; 
 
- tácita: caracteriza-se pela prática de ato incompatível com a vontade de exercer o direito de queixa, não 
a configurando o recebimento de indenização do dano causado pelo crime (exceto no caso de Juizados 
Especiais). Ex.: casa com a pessoa – ato incompatível com a vontade de processar e condenar a pessoa. 
 
✓ Art. 104, CP - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente. 
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade 
de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato

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