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1 ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - Metodologia de Ensino em Educação Física – PEDAGOGIA DAS LUTAS - Apostila – Profº. Me. Alexandre Pinto Romano Profº. Me. Porthos da Costa Castello Branco MANAUS-AM 2016/2 2 ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Metodologia de Ensino em Educação Física Nota introdutória: Esta trabalho é resultado de um processo de investigação das possibilidades pedagógicas da utilização lutas em ambientes educacionais e suas implicações na construção de esquemas cognitivos como pré requisito para o desenvolvimento humano de alunos em ambientes educacionais. O enfoque deste estudo está centrado avaliação dos esquemas de ensino dos professores de educação física que ao explorarem a interface lúdica dos jogos educacionais de oposição, com as crianças e adolescentes no ensino das lutas, desenvolvem metodologia própria em suas intervenções pedagógicas em que utilizam o tônus muscular com fator de aproximação na construção de vínculos afetivos que proporcionam um ambiente propício as aprendizagens através das lutas. Antes de iniciar a exploração da apostila, importa referir que houve um grande esforço em apresentar de forma concisa os assuntos aqui abordados. Contudo ainda, gostariamos de advertir que encontramo-nos disponíveis para o esclarecimento de eventuais dúvidas e acolheremos com prazer todas as sugestões. 3 1. INTRODUÇÃO 04 2. DESENVOLVIMENTO HUMANO E LUTAS 06 2.1 Estágios do desenvolvimento humano segundo Piaget, Vygotsky e Wallon 07 2.2 Pensando sobre a ética e moral 19 2.2.1 Nível I – Pré-convencional (de 02 a aproximadamente 6 anos) 21 2.2.2 Nível II – Convencional (idade escolar) 21 2.2.3 Nível III – Pós – convencional (adolescência) 22 3. DESENVOLVIMENTO INFANTIL 22 3.1 Os sistemas humanos no esporte, aulas de educação física e lutas 25 3.2 Aspectos psicanalíticos presentes e aplicados nas aulas de educação física, esportes e lutas 27 4. LUTAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 29 5. PEDAGOGIA DO ENSINO DAS LUTAS 33 6. JOGOS DE COMBATE 37 7. ENSINO DOS JOGOS DE COMBATE 39 8. O ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR 41 8. REFERÊNCIAS 65 4 1. INTRODUÇÃO Quando olhamos para os meios educativos, em especial para Educação Física Escolar, onde o processo de educação e desenvolvimento de potencialidades humanas constitui o foco, queremos apresentar á pratica das lutas e Jogos de Combate, como uma estratégia que pode ajudar o professor na sua ação pedagógica focando que o professor deverá colocá-la como ponte facilitadora da aprendizagem, tendo como objetivos, as competências, as habilidades e o controle emocional e motor dos educandos, pois os mesmos são seres dotados de emoção e sentimentos, interagindo todo a tempo com o social e que já trazem consigo suas marcas de conhecimento característico da sua própria maneira de observar o mundo que os cerca. (SANTOS 2012). Santos (2012), a iniciação dos Jogos de Combate na escola publica e particulares deve ser um importante conteúdo pedagógico na aula de Educação Física Escolar, na formação da criança, do adolescente. E a contribuição para formação integral do cidadão para sociedade, abordando a temática do contato corporal como uma forma de comunicação social. Os Jogos de Combate deverão garantir a participação de todo o grupo nas atividades propostas, garantindo justiça e igualdade, nas turmas mistas. O professor devera que acidente não aconteça, estabelecendo regras de modo que busquem a evitar que os alunos incidam ataques sobre zonas consideradas vulneráveis. Na história da humanidade para realizar a caça e conquistar as mulheres, seguido por razões de disputas políticas e territoriais as manifestações esportivas sempre estiveram vinculadas as tradições e a cultura de cada civilização, fazendo parte da cultura corporal. As lutas representam hoje um meio ético para educação e um conjunto de conteúdos altamente valioso a ser trabalhada na Educação Física Escolar. (CAMPOS, 2014). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) tratam os conteúdos Dança, Jogos, Ginástica. Esporte e Lutas como uma representação 5 corporal das diversas culturas humanas que tenham como características as questões lúdicas. Partindo deste entendimento, propiciado pelos PCNs, (BRASIL, 1998), as lutas devem ser trabalhadas a partir de estratégias metodológicas que visem facilitar o aprendizado das crianças. Durante o processo de ensino, o procedimento metodológico do professor é de fundamental importância para o aprendizado do aluno. E através dele que se traçam os objetivos de como passar da melhor forma os conteúdos relacionados a praticas das lutas nas escolas. Segundo Cartaxo (2013) ao pensar na palavra “luta” primeiramente associa-se a ideia do contato corporal, chutes, socos, quedas, defesas, atividade agressivas em geral. Entretanto, é necessário destacar que as lutas não se resumem apenas as técnicas, porém, ensinam também a seus praticantes a disciplina, os valores, a cidadania, autocontrole emocional, entendimento da história, filosofia e respeito ao próximo. Para uma pessoa tornar-se um praticante de lutas ela necessita de muitos fatores, que somados vão transformá-la em cidadão. Ao educar crianças através das práticas de luta, estar-se-á cada vez mais difundindo e reforçando o efeito “transferem” de valores, conceitos, socialização e assim, principalmente, contribuindo para o desenvolvimento integral do ser humano. Segundo Ferreira (2006) já se pode comprovar que as lutas fazem sucesso em todas as faixas etárias, elas ajudam muito na liberação da agressividade das crianças, além de trabalhar nestas atividades todos os fatores psicomotores, também colaboram quando são exploradas as partes teóricas através do resgate histórico das modalidades e as relacionando com a ética e os valores. As lutas devem servir como instrumento de auxilio pedagógico ao professor de Educação Física, o ato de lutar deve se incluir no contexto histórico social cultural do homem, já que lutamos desde a pré-história por sobrevivência. Neste sentido este material visa apresentar os conhecimentos necessários para o entendimento da aplicação das lutas nas escolas de uma 6 forma diferenciada, pois esta ação deve acima de tudo promover o desenvolvimento integral de nossos alunos. 2. DESENVOLVIMENTO HUMANO E LUTAS O desenvolvimento humano é um processo rico que necessita ser entendido nas suas dimensões, físico, afetiva, social, cognitiva, moral e ainda espiritual e devem ser potencializadas quer seja pelos pais, pelo meio, ou por instituições ou ainda de forma empírica, neste sentido acreditamos nas experiências sociais para potencializar esse processo. Papalia (2006) definem o desenvolvimento humano como “estudo científico de como as pessoas mudam, bem como das características que permanecem razoavelmente estáveis durante toda a vida.” (p.47). Paralelamente, estas mudanças se dão em diferentes níveis, o que torna o processo de desenvolvimento humano algo abrangente, complexo e ao mesmo tempo “uno”. Assim sendo, esse “processo uno” pode ser melhor estudado em dimensões separadas, mas que cada uma depende da outra: dimensão cognitiva, dimensão física e dimensão psicossocial. Ainda segundo as mesmas autoras (Papalia et al., 2006), o desenvolvimento humano na dimensão física é representado pelas mudanças no corpo, no cérebro, nacapacidade sensorial e nas habilidades motoras. Já as mudanças no pensamento, linguagem, racicínio, aprendizagem e memória constituem o desenvolvimento cognitivo dos seres humanos. Por último, o desenvolvimento psicossocial refere-se às mudanças nos relacionamentos e no sentir, agir e se comportar, impactanto diretamente na auto-estima e predisposições individuais. Em sintonia com os desafios e programas educacionais do Brasil, desejamos oferecer de forma sistematizada fundamentos para uma reflexão e prática sobre o desenvolvimento humano considerando seus estágios e dimensões em sua relação com a aprendizagem, então é necessário e atual discutir a competência pedagógica e a docência, pois é preciso perguntar e debater sobre quais são as novas exigências da ação docente. 7 As lutas como fenômeno educacional apresenta-se como conteúdo e estratégia de intervenção para potencializar o desenvolvimento humano, pois temos que ter um entendimento mais amplo do que seja conteúdo. Para Libâneo (1994) os conteúdos retratam a experiência social da humanidade relacionada a conhecimentos e modos de ação que englobam entre outros: "conceitos, idéias, fatos, processos, princípios, leis científicas, regras, habilidades cognitivas, modos de atividade, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de estudos, de trabalho, de lazer e de convivência social, valores, convicções e atitudes" (LIBÂNEO, 1994, p. 128). Ampliando assim o entendimento de conteúdo podemos agora entender que os conteúdos podem ser divididos em 3 tipos: conceituais, procedimentais e atitudinais, onde o terceiro deve ser nosso maior foco, pois ele esta ligado diretamente com a mudança de pensamento e atitude do individuo, podem e devem ser aplicadas como estratégia para desenvolver as habilidades físicas, afetivas, sociais e cognitivas do ser humano. Santos (2012), a iniciação dos Jogos de Combate na escola publica e particulares deve ser um importante conteúdo pedagógico na aula de Educação Física Escolar, na formação da criança, do adolescente. E a contribuição para formação integral do cidadão para sociedade, abordando a temática do contato corporal como uma forma de comunicação social. 2.1 Estágios do desenvolvimento segundo a teoria de Piaget, Vygotsky e Wallon. É relevante fazer compreender do desenvolvimento infantil, levaremos em consideração de teóricos que abarcam essa linha de pensamento, a saber: Piaget, Vygotsky e Wallon. PIAGET 8 Piaget (1976) apud Francisco (2008) afirma que o estágio é dividido em quatro processos, mas nesse estudo cabe apenas ressaltar os três primeiros estágios que está com o desenvolvimento infantil. Estágio sensório-motor (do nascimento aos 18 meses); Estagio pré-operacional (dos 18 meses aos 6 anos); Estágio das operações concretas (dos 6 anos aos 12 anos); Estágio das operações formais (a partir dos 12 anos). Bee (2006) apud Francisco (2008) explica que no estágio sensório-motor “ o bebê tenta compreender o mundo que está a sua volta”. Ainda afirma que: Piaget o primeiro momento do bebê faz uma adaptação tentando ode tentar compreender o mundo a sua volta. Ele assimila as informações que lhe chegam na limitada série de esquemas sensório-motores com que nasceu- como olhar, escutar, sugar, agarrar – e pelo principio da acomodação insere esquemas baseados nas suas experiências. Segundo Piaget, este é o ponto de partida de todo processo de desenvolvimento cognitivo. Ele denominou essa forma primitiva de pensamento inteligência sensório-motora. BEE apud FRANCISCO (2008). O segundo estágio conhecido como pré-operacional, conforme Francisco (2008) é nesse estágio que cresce o elemento “símbolo” por esse motivo é imprescindível o trabalho como os jogos faz-de-conta, pois ela estará exercitando essa capacidade. Apesar de apresentar um progresso em relação ao estágio anterior ainda não se torna totalmente lógico, ele é pré-lógico. O terceiro estágio “operações concretas” é nesse meio que a criança adquire operações lógicas que deixa de ser reprimido pelas percepções. Wadsworth (2003) apud Francisco (2008) relata: “que é nessa fase que ocorre a transição entre o pensamento pré-operacional e o pensamento formal”. 9 HENRI WALLON Wallon citado por Craidy & Kaercher (2001) “assinala que o desenvolvimento se dá de forma descontínua, sendo marcado por rupturas e retrocessos. A cada estágio de desenvolvimento infantil há uma reformulação e não simplesmente uma adição ou reorganização dos estágios anteriores (...)”. Então o teórico Wallon considera o desenvolvimento em quatros estágio que na qual são: impulsivo emocional (primeiro ano de vida), sensório-motor (um a três anos), personalismo (três aos seis anos) e categorial (seis anos). De acordo com Craidy & Kaercher (2001) conceituam os estágios da seguinte forma: Estágio impulsivo-emocional predominam nas crianças as relações emocionais com o ambiente. Trata-se de uma fase de construção do sujeito, em que a atividade cognitiva se acha indiferenciada da atividade afetiva. Nessa fase vão sendo desenvolvidas as condições sensório-motoras (olhar, pegar, andar) que permitirão, ao longo do segundo de vida, intensificar a exploração sistemática do ambiente. No estágio sensório-motor ocorre neste período uma intensa exploração do mundo físico, em que predominam as relações cognitivas com o meio. A criança desenvolve a inteligência prática e a capacidade de simbolizar. No final do segundo ano, a fala e a conduta representativa (função simbólica) confirma uma nova relação com o real, que emancipará a inteligência do quadro perceptivo mais imediato. Ou seja, ao falarmos a palavra “bola”, a criança reconhecerá imediatamente do que se trata, sem que precisemos mostrar o objeto a ela. Dizemos então que ela já adquiriu a capacidade de simbolizar, sem a necessidade de visualizar o objeto ou a situação a qual estamos nos referindo. O personalismo ocorre a construção da consciência em si, através das interações sócias, dirigindo o interesse da criança para as pessoas, predominando as relações afetivas. Há uma mistura afetiva e pessoal, que refaz, no plano do pensamento, a indiferenciação inicial entre inteligência e afetividade. Já o estágio categorial a 10 criança dirige seu interesse para o conhecimento e a conquista do mundo exterior, em função do progresso intelectual que conseguiu conquistar até então. Dessa forma ela imprime às suas relações com o meio uma maior visibilidade do aspecto cognitivo. (CRAIDY & KAERCHER, p. 28-29, 2001). A perspectiva do simbolismo na teoria de Wallon contrapõe da teoria de Piaget, pois Wallon assevera que no estágio sensório-motor (de uma a três anos aproximadamente) criar os aspectos da função simbólica. E Para Piaget o simbolismo vai ocorrer a fase no pré-operacional (dos dezoitos meses ao seis anos de idade). LEV SEMENOVICH VYGOTSKY O autor revela que o desenvolvimento cognitivo estrutura-se das relações sociais estabelecidas entre o indivíduo e o mundo exterior. Dessa forma o mesmo pontua que o desenvolvimento da criança se dá através de dois níveis, o real e o potencial. O nível de desenvolvimento real refere-se a etapas já alcançadas pela criança, isto é, as coisas que ela já conhece fazer sozinha, sem a ajuda de outras pessoas. Já o nível de desenvolvimento potencial diz respeito à capacidade de desempenhar tarefas com ajuda de outros. Há atividades que a criança não é capaz de realizar sozinha, mas poderá conseguir caso alguém lhe dêexplicações, demonstrando como fazer. Essa possibilidade de alteração no desempenho de outra pessoa pela interferência da outra é fundamental em Vygotsky. Para esse autor, a zona de desenvolvimento proximal ou potencial consiste na distancia entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento proximal. Cabe a escola fazer a criança avançar na sua compreensão do mundo a partir do desenvolvimento já consolidado, tendo como meta etapas posteriores, ainda não alcançadas. O papel do professor/a professor/a consiste em intervir na zona de desenvolvimento proximal 11 ou potencial dos/as alunos/as, provocando avanços que não ocorreriam espontaneamente. (CRAIDY & KAERCHER, p. 30-31, 2001). Ainda Vygotsky apud Craidy & Kaercher (2001), “destaca da relevância do brinquedo e da brincadeira faz-de-conta para o desenvolvimento infantil. (...) a criança já é capaz de simbolizar (...), pois faz com que a criança se desvincule das situações concretas e imediatas sendo capaz de abstrair”. Zona de Desenvolvimento Proximal Conhecida como ZDP, estratégias de práticas educativas ou planejamento de ensino. O autor criador dessa prática oferece-nos reflexões e dados de pesquisa sobre vários aspectos do desenvolvimento, bem como, a importância do aprendizado sobre este. E com isto Vygotsky ressalta que a ZDP: “ a distancia entre o nível real de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independemente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outro companheiro mais capaz” ( cf. Vygotsky, 1988: 133 apud Baquero, 2001 p. 97) Em linhas gerais o termo abordado acima discursa em determinar a relação entre as pré-condições estabelecidas pelo nível de desenvolvimento prévio dos sujeitos e as possibilidade de aprendizagem consequentes. Desta forma, será exemplificado considerações sobre as relações entre desenvolvimento e aprendizagem, um olhar de abrangência por Oliveira: Podemos pensar, por exemplo, num individuo que vive num grupo cultural isolado que não dispõe de um sistema de escrita. Se continuar isolado nesse meio cultural que desconhece a escrita, esse indivíduo jamais será alfabetizado da leitura e da escrita (desencadeada num 12 determinado ambiente sócio-cultural onde isso seja possível) é que poderia despertar os processos de desenvolvimento interno do indivíduo que permitiriam a aquisição da leitura e da escrita. Confirmando o mesmo fenômeno, podemos supor que se esse indivíduo, por alguma razão deixasse seu grupo de origem e passasse a viver num ambiente letrado, poderia ser submetido a um processo de alfabetização e seu desenvolvimento seria alterado (OLIVEIRA, 1995 apud Sanches, 2010 p. 36). É observado na citação acima um exemplo da alfabetização, pois o que provoca o desenvolvimento da criança é o fato desse assunto da aprendizagem exigir dela, a utilização de habilidades ou capacidades que ainda não estão estabilizadas (formadas), pois ainda estão na zona de desenvolvimento proximal. A Zona de Desenvolvimento Proximal e o brinquedo Vygotsky considera o caráter central do brinquedo na vida da criança, subsumindo e indo além das funções de exercício funcional, de seu valor expressivo e de seu caráter elaborativo. Ele caracteriza o brinquedo como uma das maneiras da criança participar na cultura é sua atividade cultural típica, que posteriormente será, quando adulto, o trabalho. Nesse sentido é importante dizer que o brinquedo na sua essência (brinquedo que passam a ter descrições clássicas de caráter simbólico) onde comporta uma instalação de uma situação imaginaria e a sujeição de certar regras de conduta. Vygotsky esclarece que a presença de regras aparece como elemento constitutivo de toda situação de brinquedo simbólico. A criança como atuante dentro do cenário imaginário obriga-a ponderar as regularidades do comportamento sucedâneas da representação de um papel específico segundo as regras de sua cultura. Vale a pena destacar e observar o surgimento de certos elementos comuns nas situações de brinquedo com as situações escolares, a saber: 13 presença de uma situação imaginária ( papéis representativos ou o exercícios de habilidades oriundas ou destinadas a contextos não presentes); a presença de regras de comportamento socialmente estabelecidas e por ultimo a presença de uma definição social da situação. Contextos do jogo simbólico. Instrumentos e signos são funções mediadoras na atividade humana, trabalho realizado por Vygotsky, o mesmo dita uma analogia entre a função mediadora para o papel dos instrumentos de trabalho na transformação e no controle da natureza e o papel dos signos como instrumentos (OLIVEIRA, 1997). Ao longo da evolução da espécie humana e do desenvolvimento de cada indivíduo, ocorrem, entretanto duas mudanças qualitativas fundamentais no uso dos signos. Por um lado, a utilização de marcas externas vai se transformar em processos internos de mediação, esse mecanismos é chamado por Vygotsky, de processo de internalização. Por outro lado, são desenvolvidos sistemas simbólicos, que organizam os signos em estruturas complexas e articuladas [...], pois tanto o processo de internalização como a utilização de sistemas simbólicos são essenciais para o desenvolvimento dos processos mentais superiores e evidenciam a importância das relações sociais entre os indivíduos na construção dos processos psicológicos (OLIVEIRA, 1997, p. 34). Segundo Oliveira depois de um tempo o indivíduo deixa as marcas externas na busca de marcas de marcas internas (signos internos), de forma simplificada são representações mentais que substituem os objetos do mundo real.···. Os signos internalizados são, como as marcas exteriores, elementos que representam objetos, eventos, situações. 14 Assim como um nó num lenço pode representar um compromisso que não quero esquecer, minha ideia de “mãe” representa a pessoa real da minha mãe e me permite lidar mentalmente com ela, mesmo na sua ausência (OLIVEIRA, 1997, p. 34). Nesse ínterim é importante evidenciar mencionado por Oliveira que ao longo da evolução do desenvolvimento do indivíduo, os sistemas de representação da realidade e a linguagem é o sistema simbólico de todos os grupos humanos. É nesta circunstância de cultura que a espécie humana evolui (desenvolve) onde é atribuído maneiras de percepção e organização real. E com isto essa forma de representação entre o indivíduo e o real pode ser entendida como filtro, onde o homem será capaz de ver o mundo e operar sobre ele. [...] a existência de um gruo cultural onde, por alguma razão, nunca tenham sido visto aviões. Se a indivíduo desse grupo cultural for mostrado, pela primeira vez, um avião, ele não terá condições de interpretá-lo como tal; não disporá da representação simbólica, do instrumental psicológico que permita a compreensão desse objeto. É a partir de sua experiência como o mundo objetivo e do contato com as formas culturalmente determinadas de organização do real (e com signos fornecidos pela cultura) que os indivíduos vão construir seu sistema de signos, o qual consistirá numa espécie de “código” para decifração do mundo (OLIVEIRA, 1997, p. 37). O enfoque que o Vygotsky apresenta em suas pesquisas é a menção do âmbito escolar e zona de desenvolvimento proximal como processo de ensino-aprendizagem para infância. [...] “na situação escolar a intervençãona zona de desenvolvimento proximal das crianças se dá de forma constante e deliberada. [...] é bastante estruturada e explicitamente comprometida com a promoção de processos de aprendizado e desenvolvimento” (OLIVEIRA, 1997, p. 65). 15 Oliveira ainda ressalva que o Vygotsky corrobora outro domínio da atividade infantil para ocorrer o desenvolvimento, estamos falando da relação do “brinquedo”. No entanto, brinquedo também cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança tendo enorme influência em seu desenvolvimento [...] (OLIVEIRA, 1997, p. 66). Quando o Vygotsky discute o papel do brinquedo, refere- se especificamente à brincadeira “faz-de-conta” [...] o comportamento das crianças pequenas é fortemente determinado pelas características das situações concretas e que elas se encontram [...] numa situação imaginária como a da brincadeira de “faz-de-conta”, ao contrário, a criança é levada a agir num mundo imaginário (o “ônibus” que ela está dirigindo na brincadeira, por exemplo), onde a situação é definida pelo significado estabelecido pela brincadeira (o ônibus, o motorista, os passageiros, etc.). [...] pela criação da situação imaginária, como pela definição de regras específicas, o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança. No brinquedo a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real e também aprende a separar o objeto e significado (OLIVEIRA, 1997, p. 66-67). Portanto, Oliveira (1997) deixa claro a importância do envolvimento da criança com brincadeiras, destacando as de situações imaginárias que tem grande função pedagógica. Ele adverte ainda que a pré-escola deveria incluir esse tipo de atividade para atuar no processo do desenvolvimento das crianças. Então o jogo simbólico é quando a criança faz de conta que é outrem, ou se imagina numa qualquer situação, ou atribui uma nova função ao objeto. De acordo com Vieira 1978 (apud Kishomoto 2011, p. 63-64), ressalta: Quando vemos uma criança brincando de faz de conta, sentimo-nos atraídos pelas representações que ela 16 desenvolve. A primeira impressão que nos causa é que as cenas se desenrolam de maneira a não deixar dúvida do significado que os objetos assumem dentro de um contexto. Assim, os papéis são desempenhados com clareza: a menina torna-se pai, índio, polícia, ladrão sem script e sem diretor. Sentimo-nos como diante de um miniteatro, em que papéis e objetos são improvisados. Para Piaget, quando brinca, a criança assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui. É o que Piaget chama de jogo simbólico, o qual se apresenta inicialmente solitário evoluindo para o estágio do jogo sócio-dramático. O Vygotsky 1984 (apud Kishomoto 2011, p. 67), adverte: O que define o brincar é a situação imaginária criada pela criança, querendo satisfazer certos desejos que muitas vezes não podem ser contentados imediatamente. Como a criança pequena não tem a capacidade de esperar cria um mundo ilusório, onde os desejos irrealizáveis podem ser realizados. Esse mundo que Vygotsky chama de brincadeira. Cita ainda que uma criança de 3 anos não consegue entrar em uma situação imaginária se não tiver contato com o objeto, só brincando que ela vai perceber esse tal objeto, vendo o objeto com outro significado. Ele ressalta que o mais importante não é a similaridade do objeto com a coisa imaginada, mas o gesto. Dessa forma, o brinquedo tem grande importância no desenvolvimento, pois cria novas relações entre situações no pensamento e situações reais. Então para Vygotsky o brincar tem sua origem na situação imaginária criada, em que desejos irrealizáveis podem ser realizados, com a função de reduzir a tensão e, ao mesmo tempo, para constituir uma maneira de acomodação a conflitos e frustações da vida real. Para Piaget (apud Oliveira, 2006) “o jogo é essencial na vida da criança, pois prevalece a assimilação. No jogo, a criança se apropria daquilo que 17 percebe da realidade. Defende que o jogo não é determinante nas modificações das estruturas, mas pode transformar a realidade”. O jogo simbólico infantil é teatro em miniatura, por vezes bem completo, e como jogo adquire as propriedades do que pode chamar-se jogo total. Total, ao aglutinar expressões lúdicas que os adultos separam e autonomizam: a figuração, a mímica, a dança e a música. Convém não perder de vista este fato muito importante. A visão que a criança começa por ter do mundo é global, não diferenciada, e a sua ludicidade vai ao ponto de, pouco antes do sete ou oito anos, animizar as coisas que se lhe deparam, mesmo os elementos da natureza – animação que o sentido estético irá mais tarde aperfeiçoar, como se vê, por exemplo, na poesia, convindo também não perder de vista a real importância poética lengalengas e cançonetas infantis. (CABRAL, 2001, p. 10). Portanto, Piaget citado por Oliveira 2006, classifica os jogos segundo a sua evolução em três grandes estruturas: jogos de exercício, simbólicos e de regras. E nesse estudo estamos dando ênfase apenas ao jogo simbólico. Piaget fala que: [...] é na fase pré-operatória que percebemos o jogo simbólico na criança (dos dois aos seis anos de idade), o prazer e a simbologia são pontos primordiais nessa fase. A função simbólica já está estruturada e começa a fazer imagens mentais, já domina a linguagem falada. Como exemplo: a criança tem a possibilidade de vivenciar aspectos da realidade, muitas vezes difícil de elaborar a vinda de um irmãozinho, mudança na escola ou situações boas como ser um super-homem, imitar a mãe ou o pai. (Piaget apud OLIVEIRA, 2006). 18 Para Vygotsky (1991) (apud Drago e Rodrigues, 2009, p. 50) “as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro torna-se-ão básico de ação real e moralidade”. Piaget (1975) citado por Macri (2010) assevera que é a partir do brincar que surge o prazer de representar, fazendo de conta que dorme, que toma banho, balança ou transporta um pássaro, todavia, a ação de dormir ou tomar banho não são considerados jogos, se convertem-se em jogos no momento que a criança passar a exercitar simbolicamente. Em conformidade com Lima (2006): A criança que joga não percebe o mundo a sua volta como um jogador de futebol num campo, mas mergulha fundo em seu jogo, porque ele é coisa séria. Essa seriedade do jogo infantil é, entretanto, diferente daquela que consideramos, por objeção ao jogo, coisa séria. Essa seriedade do jogo implica um afastamento do ambiente real, a criança parece esquecer o real e se torna a personagem em questão, o médico, a polícia, o ladrão, o pai, a mãe, o filho, o professor, etc, já que se conhece como criança. O quadro real, amplo e social no qual está inserido, desapareceu. O surgimento desse mundo de fantasia é um momento para criança de criar ou representar situações do mundo real que para elas tornar-se um mundo particular e sério. Ainda, segundo Lima (2006): “No início da idade pré- escolar, quando surgem os desejos que não podem ser imediatamente satisfeitos ou esquecidos (...). Para resolver essa tensão a criança na idade pré-escolar envolve-se no mundo ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis podem ser realizados”. 19 2.2 Pensando sobre a ética e moral A moralidade tem sido estudada por psicólogos do ponto de vista afetivo(Psicanálise), do ponto de vista comportamental (behaviorismo, teoria da aprendizagem social) e do ponto de vista cognitivista (Piaget e Kohlberg). Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teórica. É uma reflexão sobre a moral. A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade Moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau, á moral são os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade. Estágios de desenvolvimento moral foi algo exaustivamente estudado por Kohlberg, se mais uma vez comparado a Piaget, nesse campo Kohlberg deu muitos passos além. Considerava que Piaget estava correto em assinalar uma ligação entre o desenvolvimento cognitivo e o raciocínio moral. Porém, ele considerava o processo muito mais longo do que Piaget propusera. Ao invés de uma única mudança, da moralidade heterônoma para a moralidade autônoma, Kohlberg considerou que havia muitos estágios, a começar nos 6 ou 7 anos, estendendo-se até a idade adulta. O processo estaria dividido em três níveis de desenvolvimento, com dois estágios cada um. A criança tende a considerar que sempre que alguém é punido esse alguém deve ter feito algo de errado, assumindo uma conexão absoluta entre a punição e o erro. Para uma criança de seis anos, se um menino deixar seu doce cair em um lago ele é culpado por ser bobo e não deve ganhar outro doce. 20 A criança de seis anos dirá provavelmente que um menino que quebrou cinco copos enquanto ajudava a mãe é mais culpado do que aquele que quebrou um copo enquanto roubava geléia. Piaget percebeu que a criança pequena tem dificuldades para levar em conta as circunstâncias atenuantes enquanto um adolescente já faz julgamentos com base na eqUidade, sendo capaz de pensar em termos de possibilidades e de um numero maior de alternativas. Na fase da autonomia moral (entre 8 e 12 anos) o pr~ pósito e conseqUências das regras são consideradas pela criança e a obrigação baseada na reciprocidade. A criança se caracteriza pela moral da igualdade ou de reciprocidade; percebe as regras como estabelecidas e mantidas pelo consenso social. Piaget constatou que por volta de 10 anos a criança passa a perceber a regra como o resultado de livre decisão, podendo ser modificada, e como digna de respeito, desde que mutuamente consentido. 2.2.1 Nível I - Pré-convencional ( de 2 a aproximadamente 6 anos) Nível pré-convencional corresponde, em termos gerais, à moralidade heterônoma estudada por Piaget. Neste nível, a criança interpreta as questões de certo e errado, bom e mau, em termos das consequências físicas ou hedonistas da ação. Toda ação punida é vista como má, e toda ação premiada é moralmente correta. Portanto, este nível de moralidade reduz-se a um conjunto de normas externas, a que se obedece para evitar o castigo, a punição, ou para satisfazer desejos e interesses estritamente individualistas. 2.2.2 Nível II -Convencional( idade escolar) No nível convencional, o justo e o injusto não se confundem mais com o que leva à recompensa, ou ao castigo, à punição. Se define pela conformidade às normas sociais e morais vigentes. Assim, o indivíduo que está no nível de moralidade convencional é aquele que procura viver conforme as regras estabelecidas, com o que é socialmente aceito e compartilhado pela maioria, respeitando a ordem estabelecida. Portanto, há uma tendência a agir de modo a ser bem visto aos olhos dos outros, para merecer estima, respeito e consideração. 21 2.2.3 Nível III- Pós-convencional (adolescência) Valor moral das ações não está nas conformidade às normas e padrões morais e sociais vigentes; está vinculado aos princípios éticos universais, tais como o direito à vida, à liberdade e à justiça. Portanto, as normas sociais são entendidas na sua relatividade, cuja finalidade é garantir que estes princípios sejam respeitados. Caso isto não aconteça, as leis devem ser transformadas e até desobedecidas. Neste nível, a sociedade não teria sentido se não estivesse a seviço desses direitos individuais fundamentais, que sejam universalizáveis, reversíveis e prescritivos. A educação moral, na perspectiva de Kohlberg, consiste mais em promover o raciocínio moral do que propriamente em ministrar conteúdos. Essa afirmação de MONTENEGRO (1994, p. 52) é complementada por outra, de sua própria autoria, que afirma a importância de causas externas serem analisadas, criticadas, conhecidas e aprendidas, possibilitando assim ao homem “assumir- se como sujeito de seu acontecer”. Retornando aos estudos de BEE (1984, p. 105), têm-se que Kohlberg argumenta também, que os estágios de raciocínio moral estão vinculados ao desenvolvimento cognitivo em aspectos importantes. Sua posição básica é que cada novo nível de funcionamento cognitivo é uma condição necessária, mas não suficiente, para o novo nível de raciocínio moral. 3. DESENVOLVIMENTO INFANTIL Vários autores da educação defendem que as vivencias motoras são vividas durante a infância e são muito importantes para desenvolvimento cognitivo, relacionando ao meio externo o ambiente que viver assim o movimento sempre estar relacionado o desenvolvimento cognitivo, e a aprendizagem simbólica posterior dependem da organização das estruturas cognitivas dessa criança. Segundo Rosa Neto (2002), a exploração motora de vivencias adquirida pela criança desenvolve a habilidade, de ver o mundo acerca de si 22 próprio. O desenvolvimento motor leva a criança á experiências concretas, que servirão como base. Para desenvolvimento intelectual. Desse modo e possível estabelecer uma relação entre autores Vygotsks (1989) e Wallon (1975). Os autores acreditavam que o conhecimento e a aprendizagem são construídos a partir das trocas estabelecidas entre o sujeito e o meio, em que vive. Neste sentido, o desenvolvimento infantil é compreendido com o um processo dinâmico, ou seja. [...] através do contato com seu próprio corpo, com as coisas do seu ambiente, bem como através da interação com outras crianças e adultos, as crianças vão desenvolvendo a capacidade afetiva, a sensibilidade e a autoestima, o raciocínio, o pensamento e a linguagem (CRAIDY e KAERCHER 2001. p. 27) Além disso, tem-se a ideia de que o conceito de desenvolvimento é imprescindível para entender a criança, enquanto sujeito social e histórico. Nesse sentido, em cada momento histórico, conforme aponta Craidy (2001), têm-se concepções diferenciadas acerca da infância e do ser criança, ou seja, cada época tem a sua maneira próprio de considerar o que e ser crianças e de caracterizar as mudanças que ocorrem com ela ao longo da infância (CRAIDY, 2001, p.17). Para Wallon (1953, apud CRAIDY e KAERCHER, 2001), o estágio, que vai até os 6 anos de idade, é muito importante para a formação da personalidade. Segundo o autor partir dos 3 anos, ocorre o estágio do personalismo, momento da constituição do eu, no qual a criança em seu confronto com o outro passa por uma verdadeira crise de personalidade, caracterizada pelas mudanças nas suas relações com o seu entorno e pelo aparecimento de novas aptidões. Já Piaget (1991), menciona que as etapas de desenvolvimento das crianças são de extrema valia para o entendimento da atividade lúdica e seusefeitos na infância. As estruturas da consciência e da personalidade surgem dos desdobramentos e das oposições provocados pelas reações emocionais sentidas pelo bebê podendo uní-lo àquele que cuida dele por meio de sorrisos, 23 choro, gestos, visto que o bebê não consegue simbolizar o que sente e usar uma palavra para representá-lo. Pelos reflexos e movimentos impulsivos, a criança exterioriza estados de satisfação ou insatisfação que são transformados em recursos expressivos, ou seja, em motivos sociais, pelas pessoas que dela cuidam. Isto se dá porque, ao suscitar na criança determinadas atitudes, as emoções provocam certas disposições específicas em sua sensibilidade e o surgimento de reações sensoriais e motoras que lhe possibilitam explorar o ambiente que a rodeia. Ao mesmo tempo, a criança torna-se hábil em usar a linguagem emocional para influir sobre seu parceiro e para reagir a uma situação (OLIVEIRA, 2002, p.130-131). À médida que a criança cresce e toma contato com a linguagem o pensamento vai se tornando num novo recurso transformando sua forma de relacionar-se e agir. A cada nova função construída, há uma ruptura com a anterior. Isso pode gerar um processo de identificação com o outro e até mesmo, um processo de imitação, que expressa uma interiorização do modelo com o qual interage. Poderá indicar, também, um processo de crise. Isso fica muito claro nas brincadeiras do “faz-de-conta”. A teoria cognitiva foi construída por Piaget (1991), partindo do princípio que existe certa continuidade entre os processos biológicos de morfogênese e adaptação ao meio e a inteligência. Com efeito, a vida é uma criação contínua de formas cada vez mais complexas e um equilíbrio progressivo entre essas formas e o meio. Dizer que a “inteligência é um caso particular de adaptação biológica é, pois supor que ela é essencialmente uma organização e que sua função é estruturar o universo como o organismo estrutura o meio imediato” (PIAGET, 1991, p.10). Este significado a partir da estrutura anatômica e morfológica que passa pelos sistemas de reflexos levando aos hábitos e associações adquiridos que dão origem a inteligência prática ou sensória motora e a inteligência refletida (PIAGET, 1991). 24 Todos os indivíduos passam por essas fases ou períodos, nessa sequência, porém o inicio e o término de cada uma delas depende das características biológicas do individuo e dos fatores educacionais, sociais. Portanto a divisão nessa faixa etária é uma referencia que pode variar de individuo para individuo (PEREIRA, 2002). 3.1 Os sistemas humanos no esporte, aulas de educação física e Lutas Para entendermos as relações humanas temos que antes entender o individuo, pois as boas relações vão depender desse entendimento. Simpatia=Empatia, ela existe e, por conseguinte, precisa ser considerada como uma das condições individuais indispensáveis as relações humanas. Em todos os setores da vida estamos envolvidos com relações humanas, e hoje a compreensão dessas relações se constitui numa verdadeira ciência estudada por vários profissionais incluindo profissionais do esporte. Pois acredita-se que onde se encontram dois ou mais indivíduos que se reúnam para realizar alguma tarefa, possíveis problemas de relações humanas podem ocorrer. Relações humanas segundo Zirmeman (1997) são os processos dialéticos que o indivíduo realiza desde o seu nascimento em busca de sua identidade individual e a necessidade de uma identidade grupal e social e diferente disso Dinâmica de grupo segundo Galvan (2002), são os fenômenos que atuam dentro do campo grupal, interferindo ou não no andamento do grupo. Faz-se necessário que o professor ou técnico tenha conhecimentos destes fenômenos que atuam dentro do campo grupal que segundo Osório se não forem identificados podem obstruir os processos grupais, pois qualquer sistema social, não é apenas um mero somatório de indivíduos e individualidades, existem processos que não são tão simples de entender e explicar, principalmente nas relações estabelecidas nas aulas de educação física e esporte. 25 Osório (1997) afirma que todo grupo tem sua dinâmica própria e leis inerentes a seu funcionamento. Diz-se que o homem é um ser gregário, aludindo-se á sua inata tendência a agrupar-se para assegurar sua identidade e sobrevivência como espécie, verdade? Osório, alerta que os seres humanos são capazes de inibir seu desenvolvimento psíquico e comprometer seriamente a realização de seus projetos de vida, agora imagine isso dentro do esporte, são forças que obstruem o desenvolvimento e são elas citadas por Osório: o narcisismo, a inveja e a hipocresia, que se não forem trabalhadas podem levar a quadros complicados de frustração que é o bloqueio que uma pessoa sofre diante de uma meta ou objetivo não alcançado, Soto (2002). Neste sentido acreditamos que os professores e técnicos tem que se esforçar para compreender e trabalhar os fenômenos grupais para evitar esses processos obstrutivos citados, neste sentido Osório nos fala que temos que compreender as individualidades para criarmos sistemas humanos, que em nosso entender, e todo aquele conjunto de pessoas capazes de se reconhecerem em sua singularidade e que estão exercendo uma ação interativa com objetivos compartilhados. (Osório,2001p.57). Segundo Osório (2003), os grupos que não fazem o reconhecimento das singularidades limitam-se a ser apenas um aglomerado de pessoas, sem identidade grupal, fato que seria uma tragédia para qualquer equipe ou atleta, pois terá efeito negativo em um grau tal que esta predominara sobre a razão, provocando uma mudança de conduta no sentido de desviar os objetivos de selecionar os problemas, que é a linha de progresso em que se revela a tendência do desenvolvimento pessoal. 26 3.2 Aspectos psicanalíticos presentes e aplicados nas aulas de Educação física, esporte e Lutas. Todo projeto profissional deve-se iniciar baseada em relações interpessoais, que possivelmente terão papel fundamental nos resultados obtidos no decorrer deste processo, logo faz-se necessário um planejamento e organização das atividades e das formas que serão executadas, sendo a disciplina um ingrediente indispensável. Logo um dos recursos técnicos utilizado pela psicologia para ajudar a viabilizar todo esse processo e o contrato, que tem como principal meta preparar o atleta ou aluno para subscrever este metafórico acordo. Segundo Etchegoyen (1987), o propósito do contrato e definir concretamente as bases do trabalho a ser feito, deixando claro para ambas as partes os objetivos, as expectativas e tambem as dificuldades a que o processo de trabalho acima citado proporciona, para evitar que durante o decorrer do trabalho possam surgir ambigüidades, erros ou falhas de comunicação e se por ventura isso vier a acontecer a situação seja analisada tendo como base o acordo que foi firmado. O contrato deve ser feito considerando a subjetividade de cada aluno ou atleta, porem preservando as necessidades técnicas para a realização e obtenção de êxito no referido projeto profissional. Imaginem um atleta significativamente e reconhecidamente talentoso, porem não consegue corresponder as expectativas nele depositadas, possui personalidade irreverente, dificuldade de cumprir normas e não consegue se organizar dentro do processo profissional, neste caso sugere-se um contrato mais rígido e uma conduta mais afetiva, porem disciplinadora do professor. Quando existe a convivência entre duas ou mais pessoas e natural que surjam dificuldadesde lhe dar com as diferenças de pensamento, cultura, conduta e provavelmente venham a se tornar fontes de conflitos nas relações tornando o ambiente pesado e hostil, e que possivelmente poderá comprometer o resultado esperado do trabalho caso a situação não seja 27 resolvida, daí a importancia do professor ser conhecedor de alguns fenômenos da relações interpessoais e psicológicos, capacitando-se a compreender e administrar esse contexto para prevenir o comprometimento de todo um processo profissional. Um outro recurso psicológico que o professor pode fazer uso neste momento e a empatia, que nada mais e do que a capacidade de se colocar no lugar do outro, e saber fazer uma escuta dos sentimentos do aluno naquele momento. A escuta compreende um acolhimento e pré-disposiçao a buscar um significado do comportamento, da atitude e das palavras do atleta ou aluno com sua historia de vida ou experiências anteriormente vividas buscando conhecimento básico do perfil da personalidade do atleta, e sendo empático consegue-se aumentar significativamente a possibilidade de superar e avançar quando surgirem os conflitos, as resistências e tudo que possa afetar o comprometimento e a motivação do aluno ou atleta. Considerando tudo que foi colocado anteriormente conclui-se que o profissional da Educação Física não pode se limitar ao conhecimento técnico da área, pois não estará lhe dando apenas com um individuo que esta executando uma atividade física e sim com um ser humano complexo que age e sente de acordo com sentimentos oriundos do seu passado, influenciando a sua motivação, o seu comprometimento e o seu desempenho, contexto que exige muita informação e equilíbrio emocional de quem vai precisar administrar todo esse processo. A convivência diária, a cumplicidade e a partilha parcial dos mesmos sonhos e objetivos acabam por constituir uma ligação entre o professor e o aluno que dependendo da forma que se desenvolva vai ser o diferencial e o alicerce em busca da realização do objetivo. Com tanta responsabilidade e expectativas envolvidas neste processo e natural que a relação oscile e passe por momentos difíceis e carregados emocionalmente, exigindo maturidade e capacidade de adaptação em situações de crise, principalmente quando surge na relação o fenômeno da Transferência que e comum em algumas relações. Segundo Laplanche (1992), a Transferência é um processo onde os desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos no quadro de 28 um certo tipo de relação estabelecida com eles e, eminentemente, no quadro da relação analítica. Refere-se a repetições de protótipos infantis vivida com um sentimento de atualidade acentuada, sendo o terreno onde se da a problemática de um tratamento psicanalítico, pois são a sua instalação, as suas modalidades, a sua interpretação e a sua resolução que lhe caracterizam. No dia a dia e notório o numero significativo de episódios comportamentais dos alunos ou atletas que chamam a atenção pelas suas especificidades que são percebidas pela maioria como atípicas e inadequadas, sem justificativas aparentes, quase sempre direcionada ao professor, e que se não forem bem conduzidas podem vir a se tornar fontes de conflitos, este processo chama-se Transferência. Como em toda relação existe um outro, o referido processo de transferência acaba por criar um outro processo reativo a este que foi denominado como Contratransferência que foi definido por Laplanche (1992), como um conjunto das reações inconscientes do analista a pessoa do analisando e, mais particularmente, a transferência deste, isto pode ter uma conotação positiva ou negativa dependendo do preparo do professor em lhe dar com isso. Após tantas vivencias compartilhadas fica caracterizado que já se constituiu um vinculo entre professor e aluno, sendo a consistência deste fundamental para a realização do projeto profissional que ambos se propuseram a executar. 4. LUTAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FISICA ESCOLAR Para Rufino (2012). A prática das lutas traz em inúmeros benefícios ao praticante, destacando – se o desenvolvimento motor cognitivo e o afetivo social. O grande poder que as lutas provocam nos alunos. As lutas estão na 29 moda com os desenhos animados, crianças brincando de lutas de forma lúdica. Como não utilizar as lutas como conteúdo nas aulas de Educação Física Escola se estão presentes em nossas vidas? Atualmente, há grande variedade de lutas que são praticadas de maneira esportiva, tanto na escola quantos em academias. Estas visam o desempenho pra discutas em campeonatos organizados. Todavia, há ainda, outros objetivos para se fizer das lutas uma prática de cotidiano, ou seja, manter-se saudável através da rotina de exercícios físicos no seu treinamento; também são aplicadas de forma educacional a fim de promover a disciplina, o autocontrole e entendimento do contexto das lutas no histórico sociocultural do homem, isto no campo escolar (GONÇALVES; DARIDO, 2001). De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s (BRASIL 1998). As novas tendências pedagogias, que são apresentadas por Darido e Rangel (2005), as lutas fazem parte dos conteúdos da Educação Física Escola, e assim devem ser trabalhados de maneira equilibrada e adequada, de forma organizada aos demais conjuntos de conhecimentos abordados. Algumas questões surgem ao observamos tais recomendações dos PCN’s (BRASIL, 1998), e das abordagens mais atuais, ou seja, as lutas estão presentes nas aulas de Educação Física Escola? Os professores de Educação Física Escolar fazem ou uso lutas ou jogos de iniciação? Existem dificuldades que possam inviabilizar que os professores possam aplica-las como conteúdo de suas aulas? Para Cartaxo (2013) as lutas na disciplina de educação física escolar são práticas pouco utilizadas por muitas escolas, fato que os professores não são preparados nas universidades por terem poucas horas/aula dedicadas a aprendizado dessa disciplina. Segundo Oliveira (2002). Apontar que desde cedo podemos constatar nas escolas, crianças disputando objetivos ou territoriais, e que isso faz do processo de desenvolvimento para aprender a regular seus conflitos, 30 sendo uma forma de comunicação e expressão pela qual a criança possa estar reagindo. O autor afirma que jogos e brincadeiras envolvendo elementos das Lutas poderão violentos no interior do grupo social. Portanto, a Luta tem notável presença no universo infantil e pode ser trata desde a Educação Física infantil, permitindo que a crianças diferencie lutas e brigas. Para que isso aconteça devemos eleger algumas lutas para que possamos obter os procedimentos técnicos básicos das mesmas, necessários e exequíveis por um aluno que e leigo na arte de luta. Sendo assim, adotamos como critério, eleger aquelas modalidades de lutas que são mais comuns em diversas regiões brasileiras; um elenco de lutas que contemple: (CAMPOS 2014 p. 47). As lutas, como um ramo da educação física escolar, reúnem um conjunto de conhecimentos e oportunidades que contribuem para o desenvolvimento integral do educando. Se considerado o seu potencial pedagógico, é um instrumento de enorme valor, nas mãos do educador, por sua ação corporal exclusiva, sua natureza histórica, e o rico acervo cultural que traz dos seus povos de origem (LANÇANOVA, 2007). Para definir o conceito de lutas, embora haja outras definições, utilizamos o conceito proposto por Brasil (1998, p 70), no qual relata que. As lutas são disputas em que os oponentes devem ser subjugados, com técnicase estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica a fim de punir atitudes de violência e deslealdade. Podem ser citados exemplos de luta as brincadeiras de cabo de guerra e braço de ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do karatê. Segundo Lançanova (2007), as lutas representam uma das manifestações do movimento humanas mais expressivas, trabalhando o corpo e a mente de forma indissociáveis, sempre ligadas a uma filosofia de vida, privilegiando o respeito ao outro e o auto aperfeiçoamento, tendo a autodefesa como meta. 31 Segundo Ferreira (2006) Diz também que, as lutas trazem inúmeros benefícios ao usuário no que se refere ao desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo-social. Destaca-se no aspecto motor, a lateralidade, o controle do tônus muscular, o equilíbrio, a coordenação global, a ideia de tempo e espaço e a noção de corpo; no aspecto cognitivo, a percepção, o raciocínio, a formulação de estratégias e a atenção; e por fim, no aspecto afetivo social, se observa nos alunos alguns aspectos importantes como a reação a determinadas atitudes, a postura social, a perseverança, o respeito e a determinação, além de favorecer a criança a desenvolver o sentido do tato, extravasar e controlar a agressividade, aumentar a responsabilidade, pois ajuda o aluno a cuidar da integridade física do colega. Embora a inclusão do conteúdo lutas na educação física escolar seja imprescindível, ainda assim, conforme Nascimento e Almeida (2007), a presença das lutas nas escolas é pequena, e, quando existe, é ministrada por terceiros e desvinculada da disciplina de educação física, em atividades extracurriculares ou por meio de grupos de treinamento. A literatura mostra duas justificativas apresentadas por professores de educação física para esta restrição da prática de lutas na escola: a primeira é a falta de vivência dos docentes sobre o tema, tanto no cotidiano de vida, como na formação acadêmica; a segunda é que a violência seria intrínseca às lutas, e sua prática estimularia a agressividade nos alunos. No entanto, isto não poderia tornar-se um empecilho, pois Nascimento e Almeida (2007) contrapõem-se a essas alegações, argumentando que não é necessário saber lutar para ensinar lutas na escola, já que não é intenção dela formar atletas/lutadores, mas sim transmitir valores, conceitos e atitudes. Já com relação à violência, esta é algo presente na sociedade como um todo e, neste caso, a escola não fica imune a ela. Sendo assim, pode-se observar algum comportamento agressivo por parte dos alunos nas aulas de educação física escolar, pois de fato, a agressividade, indisciplina e violência são apontadas por 545 pesquisadores e educadores como alguns dos grandes 32 problemas da Escola atual (AQUINO, 1996; MARRIEL ET AL. 2006; SPOSITO, 2001). A educação através da luta só se torna eficaz na vida do praticante quando seu professor o ensina através do exemplo, não somente com o uso das palavras, mas mostrando-lhe que, mesmo tendo que bater, sufocar, imobilizar, projetar até mesmo nocautear, deverá ter respeito, humildade e consciência de preservar a vida do outro. (CARTAXO pg. 166). Olivier (2000), ao referir-se à violência, entende-a como inerente às relações sociais, e a concebe como modos de expressão e de comunicação, que surgem em situações de conflito, de ameaças, de incerteza. O mesmo autor também nos mostra seu posicionamento no sentido de que as atividades de luta na escola, sistematizada e metodologicamente pensadas e conduzidas, ajudam a criança a gerir e a controlar a complexidade das relações violentas no interior do grupo social. Diante do exposto, mostra-se essencial que as lutas devam fazer parte dos conteúdos a serem ministrados nas aulas de educação física, desde a educação infantil até o ensino médio. 5. PEDAGOGIA DO ENSINO DAS LUTAS. De acordo com Bento (2006) a pedagogia do esporte é originaria da pedagogia geral e da ciência do desporto, apresentando tanto a função de desenvolver perspectivas pedagógicas, como de direcionar o sentindo do desporto para formação e educação do ser humano. Para Bento (1995) a pedagogia do esporte problematiza a ação humana, não na sua abrangência ou generalidade, mas apenas determinados tipos de ação humana marcada pelo empenhamento do movimento e da corporeidade. Ela visa analisar, interpretar e compreender “as diferencias formas de ação lúdico-desportivas a luz de perspectivas pedagógicas” e, por isso, uma ciência da ação 33 confrontando-se com a complexidade de questões pedagógicas que despontam da pratica (BENTO, 1995, p.82). Um grande desafio para os professores de educação física, no que diz respeito ao ensino das lutas, será quando ao desenvolvimento de sua pratica. É evidente que as lutas sempre foram vistas como uma atividade referente a violência, e há restrição em introduzi-la no contexto escolar, gerando esse enorme preconceito que ronda a pratica do conteúdo nas aulas de Educação Física Escolar. Sua restrição, todavia existe pelo fato de educador, pais e a própria mídia associarem as lutas como forma explicita de violência. Segundo Só Betti apud Olivier (2000), argumenta que a violência e um modo de expressão ao estresse, a frustação, não poder totalmente eliminada ou subjugada pelos educadores. A violência acontece perto, longe e até mesmo na própria casa dos alunos. Segundo Rufino (2012), pedagogia do ensino das lutas tem vasta possibilidades não só de como ensinar as lutas no contexto Escolar, mas também os motivos de ensinar as lutas nas diversas formas possíveis de desenvolvimento. Campos (2014) consideram que a pedagogia de ensino das lutas, mesmo uma área de investigação jovem e um “individuo” muito complexo. Ela não se esgota na Educação Física já que ela tem como campo de estudos todas as práticas desportivas corporais e também se interessem pela praticante dessa atividade, sendo ele de todas as idades ou condições. Então introduzir as lutas, também demostraria como e porque a violência acontece, e como o aluno pode lidar com isso. Segundo Campos (2014), modalidade MMA “mixed marcial arts”, o famoso UFC, que mesmo com regras federações que buscam garantir a integridade dos atletas, e alvo de polemicas, mídia cuida para que o evento seja enorme, mas também produz grande críticas a seu respeito. 34 O educando deve saber que não adianta somente repetir dezenas de movimentos existentes nas lutas, ele precisa aprender os conceitos gerais que estão contidos em casa um desses gestos, utilizando esses movimentos em dezenas de outras atividades que não seja especifica um exemplo disso e o ensinar da queda no judô, jiu-jitsu, luta livre esportiva, muito útil para a vida toda do indivíduo, que poderá reduzir ou evitar danos em acidentes que lhe ocorram. Outro ensinamento das lutas na Educação Física Escola, que também pode ser utilizado pelo aluno, e como manter o autocontrole, isso a ajudara muito ao longo de sua vida junto aos familiares, colegas e professores. Sendo assim e possível utilizar o conteúdo lutas para o desenvolvimento do aluno de uma maneira ampla. Isso significa que além das práticas corporais, devem ser somadas as práticas de comportamento e atitudes. (LANÇANOVA 2007 p, 49). Sendo assim, não deve ser excluída preocupação didática, fundamental para uma perspectiva do esporte profissional. Ou seja, deve-seampliar a função da pedagogia do esporte, ao se “realizar e constituir-se como teoria e metodologia normativa da formação humana” (RUFINO, 2012). Porém o autor afirma que ainda assim vários temas e perspectivas das investigações pedagógicas da Educação Física Escola, são tratadas muito superficialmente ou nem são abordados. O autor fornece alguns exemplos, como falta de investigação sobre as atividades, as crenças e os processos cognitivo e afetivo dos alunos, estudos de orientação social crítica, estudos sobre metodologias e métodos de investigação entre outros (CAMPOS, 2014). Segundo (Bento 2010 apud, RUFINO 2012 pág. 49). A pedagogia do Desporto problematiza a ação humana, não na sua abrangência ou generalidade, mas restringindo o seu olhar a determinados tipos de ação marcados pelo jogo pelo empenhamento do movimento e corporeidade. Mais concretamente amarra-se ao comprimento de analisar, interpretar e compreender as diferencias 35 formas de ação lúdico-desportiva a luz de perspectivas pedagógicas, ostenta, por isso, a atributo de uma ciência da ação, obrigando-se ao confronto com a complexidade de questão pedagógicas que despontam de práticas desportiva. As lutas proporcionam aos alunos oportunidade de desenvolvimento auto- perceptivo, pois quando utilizamos como instrumentos de aprendizagens, colocam dificuldades motoras e psicológicas que ajudam na resolução de problemas diários no seu cotidiano. O professor de Educação Física Escolar deve proporcionar aos seus alunos a ampliação do repertorio gestual motor, de maneira a capacidade a corpo para o movimento. Não basta pedir para o aluno que reproduza uma série de movimentos, e preciso que a luta tenha um significado na aprendizagem, para que isso aconteça o professor tem que elaborar suas aulas com antecedência para que a aula não se torne enfadonha e desestimulante. Segundo Rufino (2012, p 52) ele demostra como simples atividade podem se tomar um aprendizado: “Se um professor de lutar chegar ao dojo (local de aula com um rolo de jornal em mãos e mostrar aos alunos como se faz uma espada e ensinar e esse algum ponto de pontos de esgrima e do kendo, com certeza não estará ensinando a caratê). Se esse mesmo professor colocar colchonetes não chãos ensina-los a rolar e a cair, não estar ensinando caráter e, sim princípios do judô ou jiu-jitsu. Em contrapartida, esse professor estar dando a seus alunos meios diversos de conhecer outras modalidades de lutas proporcionando a essas crianças o mínimo de que ela precisa para poder escolher uma pratica corporal conhecer várias” 6. JOGOS DE COMBATE. Os Jogos de Oposição também conhecidos como Jogos de Luta ou Jogos de Combate, têm como identidade as mesmas características dos esportes de combate praticados desde o início das civilizações (OLIVEIRA e DOS SANTOS, 2006; SOUZA JUNIOR e DOS SANTOS, 2010). Caracterizam- se como uma atividade de confrontação que acontece entre duplas, trios ou até mesmo em grupos. Seus objetivos são vencer o adversário, impor-se fisicamente ao outro, respeito às regras e acima de tudo assegurar a 36 segurança do colega durante as atividades (SOUZA JUNIOR e DOS SANTOS, 2010). Segundo (SANTOS, 2012, p. 42). A expressão Jogos de Oposição, segundo a escola francesa, considerada como uma, mas progressivas em seus aspectos mitológicos e didáticos, pode ser entendida como: o risco de perder, bem como as regras e as convenções de segurança. Ou, ainda, considerando os desafios da educação, em que estamos inseridos, como um dos conteúdos para formação integral de cidadãos por meio do autoconhecimento e do desenvolvimento cognitivo e motor, sempre tendo a atividade alegre, prazerosa e livre como agente motivador para desenvolver a comunicação, expressão e o aprendizado. Os jogos de oposição também conhecidos como jogos de luta ou jogos de combate ou até jogos de oposição. É uma atividade que preserva as características de contato corporal, dos combates praticados desde o surgimento da civilização e suas primeiras tentativas de ataque e defesa em busca da sobrevivência. (CARTOXO, 2013). Olivier (2000) destaca que os jogos de oposição têm as mesmas características do esporte de combate praticadas desde o início dos tempos, em quase todas as civilizações. Muitas dessas práticas cujas regras foram refinadas ao longo dos anos se tornaram o esporte contemporâneo que conhecemos e estão autenticamente ancoradas nas tradições populares. Segundo Santos (2012, p.27): E difícil de uma inserção dos jogos de oposição na escola sem apontar as razoes pelas quais esses conteúdos ainda não se efetivaram na instituição de ensino, apesar de sua normatização estar prevista nos PCNs. Dentre essas razoes, destacamos algumas: a falta de formação continuada dos professores de Educação Física na área de conhecimento dos jogos de oposição desconhecendo-se, portanto, a atividade e seus benefícios cognitivos, psicológicos, sociológicos e culturais. 37 Ao vivenciar os jogos de oposição, o aluno experimenta situações de disputa que o conduzem ao conhecimento sobre o seu próprio corpo e seus limites sobre este, além de noções em relação às contradições entre o risco e a segurança. O atacar e simultaneamente rende assegurando sua integridade física e de seu parceiro de atividade e ambos aprendem a comprometer-se num contato corpo a corpo aceitando perder sem dramatizar a derrota e adquirem comportamentos os quais serão utilizados nos exercícios de sua cidadania através da responsabilidade e da autonomia (SANTOS 2012). Opor-se a alguém em um contexto estrito, com regras bem definida, onde a vitória ou a derrota é determinada de acordo com atividade proposta, mediante o conhecimento dos participantes, proporcionam muito mais do que situações de combate, pois estabelecem uma relação de cooperação, onde a adversário é ao mesmo tempo o companheiro. A máxima de que não existe confronto se não existir o “outro” é vivenciada pelos participantes, apreendendo a necessidade de viver em grupo para a maior parte de suas atividades. (CARTOXO, 2013). Quando trabalhado, os jogos de oposição deverão ser realizados através do ato de confrontação, e podem assentir entre duplas, trios ou mesmo em grupos. Seus objetivos são vencer os opositores, impondo-se fisicamente aos outros, respeitando regras a acima de tudo tendo sua segurança, e a do colega de prática considerada durante o desenvolvimento das atividades (SANTOS 2012). Através dos jogos de Oposição ou Jogos de Combate podemos estimular a criança a vivenciar situações de luta e ao mesmo tempo trabalhar os diferentes aspectos presentes na atividade proposta durante as aulas. Desta forma estaremos contribuindo diretamente para o desenvolvimento integral e educação. (CARTOXO, 2013). 38 7. ENSINOS DOS JOGOS DE COMBATE Olivier (2000) destaca que os jogos de oposição abrangem, unicamente, as ações motoras fundamentais que as crianças são capazes de realizar nas atividades de oposição. Essas ações motoras específicas são: os atos de agarrar, reter, desiquilibrar, puxar, empurrar, projetar, desviras, imobilizar, esquivar-se restar e livrar-se. Segundo Santos (2012, p. 27): E difícil falar de uma inserção dos jogos de oposição na escola sem apontar as razões pelas quais esses conteúdos ainda não se efetivam nas instruções de ensino, apesar de sua normatização estar prevista nos PCN’,s. Dentre essas razões, destacamos algumas: a falta de formação continuada dos professores de Educação Física na área de conhecimento dos jogos de oposição,desconhecendo-se, portanto, as atividade e seus benefícios cognitivos, psicológicos, sociológicos e culturais. Breda et al. (2010) também discutem a dificuldade de professores de Educação Física em oferecer a modalidade lutas em suas aulas, pois embora tenham formação pedagógica faltam-lhes elementos técnicos específicos. Assim, a obra indica uma breve classificação dos elementos das lutas em curta, média e longa distância, a partir de suas características mais comuns para a sua implicação na escola. As aplicações em curta distância implicam no agarramento do adversário, sendo repensadas por técnicas de quedas, torções, chaves, cotoveladas, joelhadas e suas consequentes defesa. Já luta de longa distância e caracterizada pelo domínio e manuseio de implementos as armas de combate como bastões e espadas. Segundo Cartaxo (2013, p. 24). Os jogos e as brincadeiras deverão ser sempre desenvolvimento por crianças com a mesma faixa de idade, pois e a partir do nivelamento que o professor pode definir, em seu plano de trabalho, o jogo e/ou a 39 brincadeira. A mesma faixa de idade leva as crianças ao desenvolvimento social mais rápido Segundo Santos (2012) o brinquedo, e a criança assimilam e constroem a sua realidade. Assim, se os adultos estivem em sintonia, olhando a crianças como uma pessoa em crescimento morto e cognitivo, seus afetos a respeito prevalecerão, e esse clima sentido por ela também prevalecerá. Os jogos de combate deverão garantir a participação de todo o grupo nas atividades propostas pelo professor, garantindo igualdade para todos os alunos. O professor devera evitar que aconteçam acidentes na hora dá praticar, estabelecendo um conversar prévio sobre as regras, para não ocorre risco físicos para os alunos (CARTOXO, 2013). De acordo com esses autores, os alunos aprendem a lidar com a contradição entre o risco e a segurança, ou seja atacar e simultaneamente defender-se, assegurando sua integridade física e a de seu amigo de atividade e ambos aprendem a comprometer-se num contato corporal próximo, ajustar rapidamente suas reações em relação aqueles de seu amigo, a dominar adequadamente uma situação conflituosa de corpos a corpos, aceitando perder sem dramatizar a derrota e também sem vangloria da sua vitória, a assim adquirem comportamentos os quais são utilizados no exercício de sua cidadania através da responsabilidade e da sua autonomia. Segundo Cartaxo (2013), nas aulas de Educação física Escola serram propostas técnicas de lutas de maneira simbólica e lúdica, de forma recreativa que utilizando o jogo simbólico de combate, incluindo o conhecimento das lutas e tudo que envolvem o desenvolvimento do aluno. Segundo (SANTOS, p. 106). Os profissionais de Educação Física ainda mantem em seu senso comum o conceito de que para se ensinar Esporte de Combate e necessário ser faixa preta, com inúmeros graus. No entanto, agora estamos introduzindo um novo paradigma no ensino desse tipo de 40 esporte em nível escolar: os Jogos de Oposição, que podem ser adequados a todo o Esporte de Combate. 8. O ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR As reflexões abaixo acerca do desenvolvimento motor estão fundamentadas no estudo do livro Compreendendo o Desenvolvimento Motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. Autores Gallahue; Ozmun; Goodway (2013). O desenvolvimento motor pode ser conceitualizado, usando uma ampulheta heurística, como um processo fase-estágio descontínuo e sobreposto. A função principal da teoria é integrar fatos existentes para organiza-los de tal maneira que eles forneçam um significado. As teorias do desenvolvimento tomam os fatos existentes sobre o organismo e fornecem um modelo desenvolvimentista congruente com os fatos. Portanto, a formulação de teorias serve como base para testar os fatos e vice-versa. Os fatos são importantes, mas sozinhos não constituem ciência. O desenvolvimento de uma ciência depende do avanço da teoria, bem como da acumulação dos fatos. No estudo do comportamento humano, especialmente nas áreas de desenvolvimento cognitivo e afetivo, a formulação das teorias ganhou crescente importância nos últimos anos. As teorias têm desempenhado um papel duplo essencial em ambas as áreas, a saber, têm servido e continuam a servir como integradoras dos fatos existentes e como base para a derivação de novos fatos (Bigge e Shermis, 1992; Learner, 1986). Até recentemente o interesse pelo desenvolvimento motor estava preocupado basicamente em descrever e em catalogar dados, com pouco interesse em modelos desenvolvimentistas que levassem a uma explicação teórica do comportamento no decorrer da vida. Essa pesquisa era necessária e muito importante para a nossa base de conhecimentos. Porém, na realidade, ela pouco fez para ajudar-nos a responder às questões criticamente importantes do que está na base do processo do desenvolvimento motor e como o processo ocorre. Somente existe um número limitado de modelos 41 abrangentes do desenvolvimento motor. Agora, entretanto, estudiosos do desenvolvimento motor estão reexaminando o seu trabalho em relação a pesquisas mais cuidadosamente planejadas e baseadas em estruturas teóricas experimentais. O objetivo deste capítulo é apresentar um modelo abrangente de desenvolvimento motor, baseado em pontos de vistas teórico-específicos, em um esforço tanto para descrever quanto para explicar o desenvolvimento e para servir como base para a geração de novos fatos sobre esse importante aspecto do comportamento humano. CONCEITO 1 Poucos modelos teóricos abrangentes de desenvolvimento motor existem A primeira função de um modelo teórico de desenvolvimento motor deveria ser a integração dos fatos existentes englobados pela área de estudo. A segunda função deveria ser servir como base para a geração de novos fatos. Pode-se argumentar que os fatos poderiam ser interpretados de mais de uma maneira, isto é, a partir de perspectivas teóricas diferentes, o que é, de fato, desejado. Pontos de vistas diferentes promovem argumentos e debates teóricos que são, a própria centelha da pesquisa, ao lançar nova luz sobre interpretações teóricas divergentes. Mesmo se diferenças teóricas não existirem, pesquisas devem ser realizadas para determinar se as hipóteses derivadas da teoria podem ter um suporte tanto experimental quanto ecológico (Bigge e Shermis, 1992; Learner, 1986). A teoria deveria servir como base para todas as pesquisas e para a ciência, e o estudo do desenvolvimento motor não constitui exceção. A teoria desenvolvimentista deve ser tanto descritiva quanto explicativa. Em outras palavras, o desenvolvimentalista está interessado em como as pessoas tipicamente são em faixas etárias particulares (descrição) e o que faz com que essas características ocorram (explicação). Sem uma base teórica de operação, a pesquisa sobre o desenvolvimento motor ou qualquer outra área tende a produzir pouco mais do que fatos isolados. Todavia, sem um corpo existente de conhecimento (fatos), não podemos formular teorias e sem a formulação e o teste constante de teorias, não podemos esperar um nível 42 superior de compreensão e de conscientização do fenômeno que chamamos de desenvolvimento motor. CONCEITO 2 Modelos teóricos tentam descrever e explicar o comportamento e podem ser indutivos ou dedutivos em sua natureza. Uma teoria é um grupo de afirmações e de conceitos que integram fatos existentes e levam à geração de novos fatos. O modelo das "fases do desenvolvimento motor" a ser apresentado neste capítulo não é baseado unicamente na acumulação
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