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Aula 10 pg. 111 Microbiologia Genética Bacteriana A Genética Bacteriana relaciona-se com o crescimento bacteriano e fenótipo (va- riações estruturais e fisiológicas coletivas de uma célula ou organismo), e revelou que os genes são constituídos de DNA. Essa observação permitiu o desenvolvimento da Biologia Molecular. O material genético de uma bactéria organiza-se em um único cromossomo circular, composto por ácido desoxirribonucléico (DNA), uma dupla fita altamente enovelada que contém informações genéticas (genes) necessárias à bactéria sob todas as condições de sobrevivência. Essa informação pode ser decodificada a partir de uma seqüência de ácido ribonucléico (RNA) responsável por carregar aos ribossomos as informações necessárias para a síntese de proteínas (produtos funcionais). Algumas bactérias, entretanto, podem apresentar pequenos fragmentos de DNA, a grande maioria circulares, capazes de replicar independentemente do cromossomo, de- nominados plasmídios, que contêm genes não essenciais ao crescimento da célula sob condições normais, mas sim associados a funções especializadas. Dessa maneira, os plasmídios precisam carregar genes que garantam sua própria replicação. Muitos plasmídios transportam genes responsáveis por sua transferência de uma bactéria para outra (conjugativos), enquanto outros plasmídios não são conjugativos e não conseguem efetuar sua própria transferência. As bactérias podem conter diferentes tipos de plasmídios, sendo os mais freqüentemente observados: Descobertos no Japão, no final da década de 50, a partir de linhagens de entero- bactérias resistentes a uma variedade de antibióticos, são conhecidos como Plasmídios R, pois contêm informações para a síntese de enzimas que inativam antibióticos ou inter- ferem em sua captação pela célula, conferindo resistência aos antibióticos e vários outros Plasmídios R Veja a figura 01 ao final desta aula. Aula 10 pg. 112 Microbiologia inibidores de crescimento bacteriano (metais pesados ou toxinas celulares). A ocorrência de fenótipos de resistência a antibióticos, devido à presença de plasmídios, tem grande importância clínica, sendo correlacionada ao crescente uso de antibióticos, pois trouxe sérios problemas no tratamento das doenças bacterianas. Assim que linhagens resistentes foram isoladas, foi demonstrado que muitas destas eram capazes de transferir a resistência para linhagens sensíveis, por meio do contato intercelular. Muitos plasmídios R contêm dois grupos de genes: o grupo fator de transfe- rência de resistência (FTR), que inclui genes para replicação do plasmídio e conjugação, e o grupo r-determinante, que contém genes de resistência. A transferência de resistência pode ocorrer entre as bactérias de uma mesma população ou entre bactérias de diferentes gêneros. Diversas bactérias patogênicas possuem estruturas que permitem colonizar os hos- pedeiros e desencadear processos infecciosos, podendo resultar em danos às células. Em várias bactérias essas características de virulência são codificadas por genes plasmi- diais. Por exemplo, linhagens enteropatogênicas de Escherichia coli são caracterizadas pela capacidade de colonizar o intestino delgado, onde produzem uma toxina que provoca os sintomas da diarréia. Essas bactérias podem transportar de 10 a 15 plasmídios não conjugativos por cromossomo. A colonização bacteriana do intestino requer a presença de uma proteína denomi- nada Antígeno Fator de Coagulação (AFC), codificada por um plasmídio que confere às bactérias a capacidade de se aderir às células epiteliais do intestino. Bactérias enteropato- gênicas sintetizam ainda pelo menos duas toxinas codificadas por genes plasmidiais: uma hemolisina, que promove a lise das hemácias, e uma enterotoxina, que induz a diarréia. Muitas bactérias possuem a capacidade de produzir agentes que inibem ou matam espécies relacionadas, ou mesmo linhagens diferentes da mesma espécie; esses agentes são denominados bacteriocinas e correspondem a peptídeos sintetizados pelos ribosso- mos. Os plasmídios Col, por exemplo, são plasmídios de Escherichia coli capazes de Plasmídios de Produção de Toxinas Plasmídios de Produção de Bacteriocinas Aula 10 pg. 113 Microbiologia A recombinação genética refere-se à transferência de material genético entre bacté- rias. É muito comum e contribui para a diversidade genética das bacterianas. Existem três formas de trocas genéticas distinguidas pela forma do DNA doador: Conjugação: a bactéria doadora produz uma pili (Pili F ou fímbria sexual) codificada por um plasmídio (plasmídio F, descrito em Escherichia coli) e es- tabelece contato direto com uma bactéria receptora potencial que não conte- nha o plasmídio. Ocorre a retração da pili, estabelecendo-se o contato entre as duas bactérias. O plasmídio é então transferido de uma bactéria a outra e replicado durante a trans- ferência de uma cópia do filamento simples do DNA do plasmídio para o receptor, onde o filamento complementar é sintetizado. Esse processo de transferência é muito eficiente e em condições adequadas todas as células receptoras adquirem um plasmídio. Transformação: processo no qual o DNA livre no meio é captado por bacté- rias receptoras, resultando em alterações genéticas. Algumas bactérias rea- lizam esse processo somente quando estão em estado de competência, na presença de fatores de competência, produzidos unicamente em um ponto específico do ciclo de crescimento bacteriano, que permitem a ligação ao DNA. A bactéria competente é aquela capaz de captar uma molécula de DNA e ser transformada. Outras bactérias sofrem transformação facilmente, de- vido à capacidade de incorporar o DNA, modificado em seus cromossomos. Transferência de DNA e Recombinação Genética produzir colicinas (bacteriocinas) inibindo o crescimento de bactérias que não possuam este plasmídio. Veja a figura 02 ao final desta aula. Aula 10 pg. 114 Microbiologia Veja a figura 02 ao final desta aula. Veja a figura 03 ao final desta aula. Transdução: nesse processo, a recombinação genética é realizada por vírus (fagos). Um bacteriófago (vírus que infecta bactérias) carrega DNA de uma bactéria doadora a uma bactéria receptora. Para realizar a infecção viral, o fago fixa-se à parede celular bacteriana e injeta seu DNA na bactéria. O DNA dirige a síntese de novos DNAs virais e também de novos revestimentos pro- téicos virais. Alguns fragmentos de DNA bacteriano são empacotados dentro do revestimento protéico do fago, que transportarão DNA bacteriano ao invés de DNA viral. Essas partículas, uma vez liberadas, infectam novas popula- ções bacterianas e transferem plasmídios para células receptoras. Alterações na estrutura do DNA, causando uma modificação no produto codificado por um gene e fonte de uma grande variabilidade genética, são conhecidas por mutações. A alteração pode ser desvantajosa ou letal, se a bactéria perder uma característica feno- típica importante. Entretanto, a mutação pode ser benéfica se a proteína codificada pelo gene possuir uma atividade nova ou intensificada, que beneficie a bactéria. Organismos mutantes são aqueles que foram expostos a algum agente químico ou físico (agentes mutagênicos). Mutações espontâneas podem ser causadas por erros durante o processo de re- plicação do DNA ou pela exposição do organismo a radiações e agentes químicos que promovem alterações nas bases do DNA. Muitas mutações são silenciosas e a alteração do DNA não resulta na modificação da proteína. Mutação Aula 10 pg. 115 Microbiologia Acesse o ambiente virtual de aprendizagem UNINOVE para a leitura de textos complementares. Aula 10 pg. 116 Microbiologia Jawets, E.Microbiologia Médica. 22. ed., Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2006. Madigan, M.T. Martinko, J.M., Parker, J. Microbiologia de Brock. 10. ed., São Paulo: Pe- arson, 2004. Tortora, G.J. Microbiologia. 8. ed., Porto Alegre: Artmed, 2005. Trabulsi, L.R., Alterthum, F., Gompertz, O. F., Candeias, J.A.N. Microbiologia. 3. ed., São Paulo: Atheneu, 1998. www.nehmi-ip.com.br/services.php?serv=10&faq=23#29 Figura 01 - Conjugação Bacteriana Fonte - www.nehmi-ip.com.br Referências Indicação de Sites Figuras Aula 10 pg. 117 Microbiologia Figura 02 - Processo de Transformação Fonte - www.nehmi-ip.com.br Figura 03 - Processo de Transdução Fonte - www.nehmi-ip.com.br Microbiologia Anotações Microbiologia Anotações Microbiologia Anotações Microbiologia Anotações
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