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O sistema nervoso central (SNC) inclui cérebro, cerebelo, tronco encefálico e medula espinal (Figura 1.1), além de algumas estruturas com nomes assustadores situadas entre o tronco encefálico e o cérebro, a saber, o diencé- falo (que inclui tudo que tem o nome “tálamo”, isto é, tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo) e os núcleos da base (que incluem o núcleo caudado, o globo pálido, o putame, o claustro e a amígdala). Felizmente, não há impor- tância clínica em compreender as conexões do diencéfalo e dos núcleos da base. Você saberá por que mais tarde. A unidade funcional básica do SNC é o neurônio (Figura 1.2). Os impul- sos eletrofisiológicos fazem trajeto até o neurônio desde seus dendritos até o corpo da célula e seu axônio. As informações são, então, transmitidas qui- micamente para outros neurônios, por meio de conexões conhecidas como sinapses. Uma cadeia desses neurônios comunicantes chama-se via. No inte- rior do SNC, um feixe de axônios de trajeto é chamado trato, fascículo, pedún- culo ou lemnisco. Fora do SNC (isto é, nos nervos periféricos, que conectam o SNC à pele, músculos e outros sistemas de órgãos), os feixes de axônios denominam-se nervos. Assim, você pode ver o problema imediatamente com neuroanatomia. Existem muitos nomes para a mesma coisa. Contudo, a ló- gica básica da neuroanatomia é simples. Temos de tentar restringir os nomes ao mínimo. Existem 31 pares de nervos espinais e 12 pares de nervos cranianos. Ob- serve, na Figura 1.3, que os nervos cervicais C1-C7 saem acima das vérte- bras correspondentes, mas o nervo torácico 1 e o restante dos nervos saem abaixo das vértebras de número correspondente. O nervo cervical 8 é único, pois não possui vértebra numerada correspondente. Observe, ainda, que a medula espinal é mais curta que a coluna vertebral, de modo que as raízes 1 ORGANIZAÇÃO GERAL 12 Stephen Goldberg dos nervos espinais estendem-se no sentido caudal quando saem da medula espinal. Essa disparidade aumenta nos níveis mais inferiores da medula. A medula espinal termina aproximadamente no nível de L2, mas os nervos L2-S5 continuam em sentido caudal, como a cauda equina (“rabo de cavalo”), para sair pelas vértebras correspondentes (Figura 1.3). Dendritos Axônio Corpo celular Sinapse FIGURA 1.2 O neurônio. Cérebro Diencéfalo E núcleos da base Tronco Encefálico CerebeloMesencéfalo Medula espinal Ponte Bulbo Superior Anterior Inferior Posterior FIGURA 1.1 O sistema nervoso central. No interior do tronco encefálico e da medula espi- nal o eixo superior-inferior é sinônimo de eixo “rostral-caudal”, e o eixo anterior-posterior é si- nônimo de eixo “ventral-posterior”. Neuroanatomia clínica ridiculamente fácil 13 FIGURA 1.3 Nervos espinais. C, cervicais; T, torácicos; L, lombares; S, sacrais; Coc., nervo coccígeo. A Figura 1.4 ilustra a subdivisão do cérebro em lobos frontal, parietal, occipital e temporal. Eles são ainda subdivididos em proeminências, denomi- nadas giros, e endentações, chamadas sulcos e fissuras (pequenos e grandes, respectivamente). O tronco encefálico contém três partes – mesencéfalo, ponte e bulbo (Figura 1.1). A ponte localiza-se comprimida contra o clivo, uma região óssea que se as- semelha a uma lâmina e que se estende até o forame magno, orifício na base do crânio no qual a medula espinal passa a ser o tronco encefálico (Figura 1.5). Às vezes, o tronco encefálico realmente “desliza” até o clivo, forman- do uma hérnia no forame magno. Isso constitui uma afecção clínica grave que em geral resulta de diferencial de pressão entre as cavidades craniana e espinal. Muitos médicos, portanto, são cautelosos na remoção de líquido cerebro espinal durante uma punção espinal em pacientes com pressão in- tracraniana alta. Note a grande proximidade do clivo e das cavidades nasais. Às ve- zes, tumores invasivos raros das ca- vidades nasais provocam erosão e in- vadem o clivo, danificando o tronco encefálico. Os tumores hipofisários podem ser atingidos cirurgicamente através das cavidades nasais, produ- zindo-se um orifício no esfenoide, que abriga a hipófise – o chamado “acesso transesfenoidal”. Uma aranha chamada Willis vive na ponte e seu nariz encaixa na fossa hipofisal, mas veremos isso mais tarde. Medula espinal Vértebra Coc. C1 2 3 4 5 6 7 8 T1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 L1 2 3 4 5 S1 2 3 4 5 C C1 2 3 4 5 6 7 T1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 L1 2 3 4 5 C1 2 3 4 5 6 7 8 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 L1 2 3 4 5 2 3 4 5 S1 T1 14 Stephen Goldberg Sulco central (de Rolando) LOBO FRON TAL LOBO TEMP ORAL Olho Sulco lateral Giro supramarginal Giro angular Sulco temporal superior LOBO PARIETA L LO BO OC CIP ITA L FIGURA 1.4 O cérebro. hip CC Osso Cavidades nasais WILLIS VIVE AQUI Clivo PO N TE Forame magno 3v. 4v. f FIGURA 1.5 Vista sagital do encéfalo. CC, corpo caloso – a principal conexão entre os dois hemisférios cerebrais; f, fórnice; 3v, terceiro ventrículo; hip, hipófise; 4v, quarto ventrículo. A área sombreada são zonas que contêm líquido cerebroespinal.
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