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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química COEQ APOSTILA DE FILTRAÇÃO DISCIPLINA: OPERAÇÕES UNITÁRIAS I AUTOR: PROFESSOR DR. HARVEY ALEXANDER VILLA VÉLEZ COORDENAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIAS UNIVERSIDADE FEDERAL DE MARANHÃO SÃO LUÍS 2016 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 1 | P á g i n a COEQ 1. INTRODUÇÃO O problema na separação de partículas sólidas pode ser resolvido usando uma ampla diversidade de métodos, dependentes do tipo de sólido, da proporção de sólido- líquido na mistura, da viscosidade da solução e de outros fatores. Na filtração se estabelece uma diferença de pressão que faz que o fluido passe através de pequenos poros que impedem o passo das partículas sólidas, que na sua vez, se acumulam sob os poros como torta. A operação unitária de filtração é basicamente um processo de separação mecânica entre as fases sólida (partícula) e líquida (fluido), presente em uma determinada suspensão. Para isto, se utiliza um meio poroso, o qual retém a fase sólida e é permeável à fase fluida. Neste processo, o meio poroso é chamado de filtro ou sistema filtrante, enquanto que o fluido que sai pelo filtro é chamado de filtrado. O fluido pode ser um gás ou um líquido. As partículas suspendidas podem ser muito finas (da ordem de micrometros) ou os suficientes grandes, rígidas ou plásticas, esféricas ou de forma irregular, agregados ou de partículas individuais. Em alguns casos, é necessária a eliminação completa das partículas sólidas e, em outros casos, simplesmente com uma eliminação parcial. A alimentação de entrada pode conter uma grande carga de partículas sólidas ou uma proporção baixa. Quando a concentração é mínima, os filtros operam por tempos muito longos antes que seja necessário limpar o meio filtrante. Figura 1. Princípios de um equipamento de Filtração. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 2 | P á g i n a COEQ 2. CLASSIFICAÇÃO DOS EQUIPMENTOS DE FILTRAÇÃO Devido à grande variedade de problemas de filtração tem-se desenvolvido uma grande quantidade de equipamentos de filtração. No caso dos equipamentos industriais, estes se diferenciam aos equipamentos de laboratório pela grande quantidade matéria a processar e operação a baixos custos. A classificação dos equipamentos de filtração é complexa e existem vários parâmetros que devem ser levados em conta. Um desses parâmetros que se deve ter em conta é a formação da torta de filtrado. Assim, através do tipo de torta formada pode se classificar um equipamento de filtração pela configuração de seu filtro. Estes filtros podem ser classificados de acordo com: Ciclo de operação: por lotes, quando se extrai a torta depois de certo tempo, ou de maneira contínua, quando a torta vai se extraindo a medida que esta se forma. Efeito da gravidade: o liquido flui devido a uma carga hidrostática ou uma pressão de vácuo para incrementar a velocidade de fluxo. Posição mecânica do filtro: quando o filtro está posicionado em série, em forma de placas planas encerradas, como folhas individuais submersas na suspenção, ou sobre cilindros giratórios que penetram na suspenção. 2.1. FILTRO DE LEITO É o tipo de filtro mais simples, usado em casos em que pequenas quantidades relativas de sólidos se separam de grandes quantidades de água e se clarifica o líquido. Com frequência as camadas inferiores se compõem de peças rochosas que ficam sobre uma placa perfurada o cheia de rachaduras. Por cima das rochas há areia fina que atua como meio de filtração real. A suspensão passa pela parte superior sobre um defletor que dispersa a água, sendo que o líquido clarificado se extrai da parte inferior. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 3 | P á g i n a COEQ Figura 2. Esquema de um filtro de leito. Neste tipo de filtro a velocidade de fluxo é muito baixa e pode ser usando com precipitados que não se aderem à areia e que desgrudem facilmente com uma retrolavagem. 2.2. FILTROS-PRENSA Estes filtros consistem em placas e bases alternadas com um filme filtrante a cada lado das placas. As placas têm incisões com forma de canais para drenar o filtrado em cada placa. A suspensão de alimentação se bombeia na prensa e flui através dos espaços vazios. O filtrado flui entre o filme filtrante e a superfície da placa, através dos canais e para o exterior, enquanto os sólidos se acumulam como torta nas bases. Figura 3. Filtro-Prensa UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 4 | P á g i n a COEQ Esse tipo de filtro usa-se nos processos por batelada, porém, não podem ser usados em processos de alto rendimento, devido a sua inviabilidade econômica para o tratamento de grandes quantidades de suspensões. São fáceis de operar, versáteis e de operação flexível e podem suportar altas pressões se necessário, com soluções viscosas ou quando a torta tem uma grande resistência. 2.3. FILTRO DE FOLHAS Este tipo de equipamento é usado para grandes volumes de suspensão, onde cada folha é uma base oca de arame coberta com uma sacola de filme filtrante. Estas folhas são penduradas em paralelo em um tanque fechado. A suspensão entra ao tanque e a pressão chega à teia filtrante, onde a torta se deposita no exterior da folha. O filtrado flui pelo interior da base até uma calha de saída e o liquido de lavagem segue o mesmo trajeto da suspensão. O funcionamento deste tipo de equipamento é cíclico, portanto, se usam para processos em batelada e sua produção é relativamente modesta. Figura 4. Ilustração de um filtro de folhas: chuveiros de lavagem (1); eixo rotativo (2); calha de saída (3); porta auto travante (4); gaxeta de vedação (5); tubo de chuveiro removível (6); rolamento removível (7); folha filtrante (8); guia de alinhamento da folha (9); torta (10). UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 5 | P á g i n a COEQ 2.4. FILTROS ROTATÓRIOS CONTÍNUOS 2.4.1. FILTRO ROTATÓRIO CONTÍNUO DE TAMBOR AO VÁCUO Este tipo de equipamento filtra, lava e descarrega a torta em régime contínuo. O tambor cilíndrico é coberto de um meio filtrante adequado, que se faz girar, e uma válvula automatizada no centro que serve para ativar as funções de filtrado, secado, lavagem e descarga da torta do ciclo de operação. O diferencial máximo de pressão para o filtro ao vácuo é de unicamente 1 atm. Portanto, este tipo de modelo não e adequado para líquidos viscosos ou líquidos que devem ser encerrados. Figura5. Filtro rotatório contínuo: suspensão (2); câmara de filtro (2); agitador pendular (3); células de filtração (4); tambor (5); teia filtrante (6); válvula de mando (7); tubos de filtrado (8); sólidos separados (9); dispositivos de lavado (10); líquido de lavado (11); filtrado mãe (12); filtrado da lavagem (13); dispositivos de descarga (14); descarga de sólidos (15); acionador do tambor (16). 2.4.2. FILTRO DE DISCO ROTATÓRIO CONTÍNUO Esse filtro consta de discos verticais concêntricos dispostos em um eixo horizontal rotatório. O filtro opera com o mesmo princípio que o filtro rotatório de tambor ao vácuo. Todos os discos estão ocos e cobertos com um filme filtrante que é submergido parcialmente na suspensão. A torta é lavada, seca e descarrega e fricciona- se quando o disco está na seção superior de sua rotação. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 6 | P á g i n a COEQ Figura 6. Esquema do filtro de disco rotatório contínuo. 2.4.3. FILTRO HORIZONTAL ROTATÓRIO CONTÍNUO Esse é um filtro ao vácuo onde sua superfície filtradora anular rotatória está dividida em seções. Conforme o filtro horizontal gira recebe a suspensão, logo é lavada, seca e separada a torta. É muito usado em processos de extração de minerais, lavagem de polpas e outros processos de grande capacidade. Figura 7. Filtro horizontal rotatório contínuo. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 7 | P á g i n a COEQ 3. MEIOS FILTRANTES E AJUDAS DE FILTRAÇÃO Os meios filtrantes devem ter como característica principal, permitir separar os sólidos da suspensão e produzir cum filtrado transparente. Além, os poros não devem obstruir-se facilidade para que a velocidade do processo não seja demasiado lenta. O meio filtrante deve permitir a extração torta sem dificuldades nem perdas. Alguns meios filtrantes de uso comum são tecidos grossos de lona, tecidos pesados, fibra de vidro, papel, filmes de celulose, tecidos metálicos, nylon, poliéster, entre outros. Além dos meios filtrantes, em alguns casos são usadas ajudas de filtração para acelerar o processo. Normalmente são usadas terras diatomáceas o kieselguhr, que estão constituídos principalmente por sílice não compressível. Essas ajudas aumentam a porosidade da torta e reduzem a resistência durante o processo. 4. TEÓRIA BÁSICA DA FILTRAÇÃO 4.1. QUEDA DE PRESSÃO DO FLUIDO ATRAVÉS DA TORTA A Figura 8 mostra o corte transversal de uma torta de filtração e um meio filtrante, em um tempo definido t [s] desde o início do fluxo de filtrado. Naquele instante, a espessura a torta é L [m]. A área de corte transversal do filtro é A [m 2 ] e a velocidade lineal do filtrado na direção L é u [m/s], com base na área de filtração A. Figura 8. Corte de uma torta de filtração. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 8 | P á g i n a COEQ O fluxo do filtrado através do leito empacotado da torta pode descrever-se através da Equação de Poiseuille, supondo regime laminar nos canais do filtro: 2 32P u L D (1) onde: P – é a queda de pressão na torta [N/m²]; u – é a velocidade no tubo aberto ou a velocidade lineal baseada na área de filtração [m/s]; L – é o comprimento [m]; - é a viscosidade do filtrado [Pa.s]. Para o fluxo laminar em um leito empacotado com partículas, a relação de Carnan-Kozeny é similar à equação de Blake-Kozeny (ver apostila de escoamento em leito empacotado) foi demonstrada que é aplicável para o processo de filtração: 21 3 1 pk u SP L (2) onde: k1 – é uma constante igual a 4,17 para partículas aleatórias, de tamanho e forma definidos; Sp – é a área superficial específica das partículas [m²]; – é a fração de espaços vazios ou porosidade na torta [adimensional]. Na Eq. (2) a velocidade pode ser definida como: dV dt u A (3) Onde: V – é o volume total do filtrado coletado no tempo t. A – é a área do filtro [m²]; Na Figura 8, se consideramos um balanço de matéria no sistema, é obtida a seguinte equação: 1 p sLA c V LA (4) Onde: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 9 | P á g i n a COEQ cs – é a quantidade de sólidos/m³ de filtrado; ρp – é a densidade da partícula [kg/m³]. Na Eq. (4) o termo final é o volume do filtrado retido na torta, o qual é um valor muito pequeno que pode ser despreciado. Ao substituir a Eq. (3) na Eq. (2) e, usa-a na Eq. (4) para eliminar o termo L, é obtida a seguinte equação: 21 3 1 sp s p dV P P c Vk SAdt c V AA (5) onde: α – é a resistência específica da torta [m/kg], definida como: 21 3 1 p p k S (6) Para a resistência do meio filtrante, por analogia com a Eq. (6), pode-se escrever a expressão: f m PdV Adt R (7) Onde: Rm – é a resistência do meio filtrante ao fluxo de filtração [m -1 ]; Pf – é a queda de pressão no meio filtrante. Quando Rm é tratada como uma constante empírica, se inclui tanto a resistência ao fluxo nas conexões de tubulações que antecedem e procedem o filtro, bem como a resistência do meio filtrante. Devido que as resistências da torta e do meio filtrante estão em série, podem combinar-se as Eqs. (5) e (7), sendo obtida a equação: ´ s m dV P c VAdt R A (8) onde P´= P+Pf . Algumas vezes a eq. (8) se modifica como segue: ´ s dV P cAdt V V A (9) onde: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 10 | P á g i n a COEQ V – é o volume de filtrado necessário para formar uma torta de filtração fictícia cuja resistência seja igual a Rm. O volume de filtrado V também se pode relacionar com W, que são os quilogramas de sólido acumulado como torta seca: 1 x s x c W c V V mc (10) onde: cx – é a fração de massa de sólido na suspensão; m – é a relação de massa da torta úmida respeito à torta seca; ρ – é a densidade do filtrado [kg/m³]. 4.2. RESISTÊNCIA ESPECÍFICA DA TORTA A Eq. (6) indica que a resistência específica da torta está em função da fração de espaços vazios ε e da Sp. Também em função da pressão, pois esta pode afetar a ε. A variação de α com respeito a ΔP pode-se determinar experimentalmente a pressão constante com diferentes quedas de pressão. Por outro lado, também podem realizar-se experimentos de compressão-permeabilidade, através de um cilindro de fundo poroso sobre o qual é formada a torta de filtrado. A filtração se efetua por gravidade e o dispositivo opera a pressão atmosférica, com uma queda de pressão baixa. Um pistão na parte superior comprime a torta a pressão conhecida e, após, é adicionado o filtradoà torta, onde é determinado α com uma forma diferencial da Eq. (9). O processo repete-se para outras pressões de compressão. Se α é independente de –ΔP´, as suspensões são incompressíveis. De forma geral, α aumenta com –ΔP´, sendo que a maioria das tortas são um pouco compressíveis. Assim, uma equação empírica de uso muito comum é: 0 s P (11) onde, α0 e s são constantes empíricas. A constante de compressibilidade s é zero para suspensões ou tortas incompressíveis e varia na faixa de 0,1 – 0,8. Algumas vezes é usada a seguinte relação: 0 1 s P (12) UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 11 | P á g i n a COEQ onde, α´0, β e s´ são constantes empíricas. 5. EQUAÇÕES DE FILTRAÇÃO PARA PROCESSOS A PRESSÃO CONSTANTE 5.1. EQUAÇÕES BÁSICAS PARA A VELOCIDADE DE FILTRAÇÃO NOS PROCESSOS DE BATELADA Com frequência, as filtrações são realizadas em condições de pressão constante. Portanto, a Eq. (8) pode-se inverter e reescrever da seguinte forma: 2 ´ ´ s m p cdt V R K B dV A P A P (13) Na Eq. (13) Kp [s/m 6 ] e B [s/m³] são constantes definidas como: 2 ´ s p c K A P (14) ´ mRB A P (15) Para pressão invariável, α é uma constante e, para uma torta incompressível, V e t são as únicas variáveis da Eq. (13). Integrando para obter o tempo de filtração t [s], temos: 0 0 t V pdt K V B dV (16) 2 2 pK t V BV (17) Dividindo Eq. (17) por V, tem-se: 2 pK Vt B V (18) Onde: V – é o volume total de filtrado [m³] coletado no tempo t. Para avaliar a Eq. (17) é necessário conhecer α e Rm. Isto é possível usando a Eq. (18), onde se obtém os dados de V a diferentes tempos de t. Então, são plotados os UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 12 | P á g i n a COEQ dados experimentais de t/V. Normalmente, o primeiro ponto do gráfico são cai sobre a linha e é omitido. O coeficiente angular da linha é Kp/2 e o intercepto é B. Depois, empregam-se as Eqs. (14) e (15) para determinar os valores de α e Rm. 5.2. EQUAÇÕES PARA A LAVAGEM DE TORTAS DE FILTRADO E TEMPO TOTAL DE CICLO Em filtros onde o líquido de lavagem segue uma trajetória de fluxo similar ao de filtração, como no caso dos filtros de folhas, a velocidade final de filtrado permite predizer a velocidade de lavagem. Assim, para uma filtração a pressão constante e usando a pressão de lavagem igual à de filtração, a velocidade final de filtrado é o reciproco da Eq. (13): 1 f p f dt dV K V B (19) onde: (dV/dt)f – é a velocidade de lavagem [m³/s]; Vf – é o volume total do filtrado para todo o intervalo da filtração [m³]. Para filtros prensa de placas e bases, os líquidos de lavagem deslocam-se através de uma torta com o dobro da espessura e a metade da área com respeito à de filtração. Portanto, a velocidade de lavagem estimada e ¼ da velocidade final de filtração. 1 1 4f p f dt dV K V B (20) Na prática, a velocidade de lavagem pode ser inferior à estimada devido à consolidação da torta, à formação de canais e de rachaduras. Alguns experimentos com filtros pequenos de placas e bases produzem velocidades de lavagem entre 70 e 92% dos valores estimados. 5.3. EQUAÇÕES PARA FILTRAÇÃO CONTÍNUA Em filtros de operação contínua como os de tambor rotatório, a alimentação, o filtrado e a torta estão submetidos a estado estacionário, isto é, as velocidades são UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 13 | P á g i n a COEQ contínuas. Em um tambor rotatório, a queda de pressão se mantém constante durante a filtração. A formação da torta implica uma mudança contínua das condições. Na filtração contínua, a resistência do meio filtrante tende ser desprezível comparado ao da torta. Desta forma, na Eq. (13), B = 0. Integrando a Eq. (13) com esta condição, temos: 0 0 t V pdt K VdV (21) 2 2 p V t K (22) onde t é o tempo requerido para a formação da torta. Em um filtro de tambor rotatório, o tempo de filtração t é inferior ao do ciclo total tc, em uma quantidade igual a: ct ft (23) onde f é a fração do ciclo usada para a formação da torta. Em um tambor rotatório, f é a fração de imersão do tambor na suspensão. Agora, substituindo as Eqs. (14) e (23) na Eq. (22), temos que: 1 22 ´ c c s f PV velocidades de fluxo At t c (24) Se a resistência específica da torta varia com a pressão, é necessário conhecer as constantes da Eq. (11) para predizer o valor de α na Eq. (24). Experimentalmente, a Eq. (24) indica que o fluxo varia inversamente com a raiz quadrada da viscosidade e com o tempo do ciclo. Quando se usam tempos de ciclo curtos na filtração continua ou a resistência do meio de filtração é relativamente grande, deve-se incluir o termo de resistência do filtro B, fazendo com que a Eq. (13) tome a forma de: 2 2 c p V t ft K BV (25) Portanto, a Eq. (25) transforma-se em: 1 2 2 2 2 ´sm m c c c c s c P fR R t t tV velocidades de fluxo At c (26) UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 14 | P á g i n a COEQ 6. EQUAÇÕES PARA FILTRAÇÃO A VELOCIDADE CONSTANTE Em alguns casos, os ensaios de filtração são realizados em condições de velocidade constante em lugar de pressão constante. Isto acontece quando a suspensão se alimenta ao filtro através de uma bomba de deslocamento positivo. A Eq. (8) pode ser arrumada para obter a expressão: 2 ´ s m v c RdV dV P V K V C A dt A dt (27) Na Eq. (27) Kv [N/m 5 ] e C [N/m²] são constantes definidas como: 2 s v c dV K A dt (28) mR dVC A dt (29) Supondo que a torta seja incompressível, Kv e C são constante características da suspensão, da torta, da velocidade do filtrado, etc. Portanto, um gráfico de –ΔP´, em função do volume total do filtrado coletado, V, produz uma reta para uma velocidade constante dV/dt, onde o coeficiente angular é Kv e o intercepto é C. A pressão aumenta quando a espessura da torta e o volume do filtrado coletado incrementam. As equações podem-se reordenar em termos de –ΔP´e o tempo t como variáveis. Em qualquer momento durante a filtração, o volume total V relaciona-se com a velocidade e o tempo total t, como a seguir: dV V t dt (30) Substituindo a Eq. (30) na Eq. (27), temos: 2 2 ´ s m c RdV dV P t A dt A dt (31) Se a resistência específica da torta (α) não é constante, sendo que varia como a Eq. (11), esta pode substituir à Eq. (27) para obter a expressão final. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃOFundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 15 | P á g i n a COEQ 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CREMASCO, M. A. Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecânicos. 2. Ed. São Paulo: Blucher, 2014. GEANKOPLIS, C. J. Processos de transporte e operações unitárias. 3. Ed. Cidade de México: Companhia Editorial Continental, 1998. 993 p. McCABE, L. W.; SMITH, J. C.; HARRIOT, P. Unit operations of chemical engineering. 5. Ed. New York: McGraw-Hill, 1993. 1. INTRODUÇÃO 2. CLASSIFICAÇÃO DOS EQUIPMENTOS DE FILTRAÇÃO 2.1. FILTRO DE LEITO 2.2. FILTROS-PRENSA 2.3. FILTRO DE FOLHAS 2.4. FILTROS ROTATÓRIOS CONTÍNUOS 2.4.1. FILTRO ROTATÓRIO CONTÍNUO DE TAMBOR AO VÁCUO 2.4.3. FILTRO HORIZONTAL ROTATÓRIO CONTÍNUO 3. MEIOS FILTRANTES E AJUDAS DE FILTRAÇÃO 4. TEÓRIA BÁSICA DA FILTRAÇÃO 4.1. QUEDA DE PRESSÃO DO FLUIDO ATRAVÉS DA TORTA 4.2. RESISTÊNCIA ESPECÍFICA DA TORTA 5. EQUAÇÕES DE FILTRAÇÃO PARA PROCESSOS A PRESSÃO CONSTANTE 5.1. EQUAÇÕES BÁSICAS PARA A VELOCIDADE DE FILTRAÇÃO NOS PROCESSOS DE BATELADA 5.2. EQUAÇÕES PARA A LAVAGEM DE TORTAS DE FILTRADO E TEMPO TOTAL DE CICLO 5.3. EQUAÇÕES PARA FILTRAÇÃO CONTÍNUA 6. EQUAÇÕES PARA FILTRAÇÃO A VELOCIDADE CONSTANTE 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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