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APOSTILA DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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DIREITO CONSTITUCIONAL 
INTRODUÇÃO 
DIREITO é: 
 um conjunto de regras e princípios 
 imposto coativamente pelo Estado, 
 que disciplina a coexistência pacífica dos seres em sociedade 
PODER 
Art. 1°, Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
Poder é a energia capaz de coordenar e impor decisões visando à realização de 
determinados fins. 
"O poder corrompe. O poder absoluto corrompe absolutamente“. 
(John Emerich Edward Dalberg-Acton, “Lord Acton”, 1834-1902) 
 
CONSTITUCIONALISMO, CONSTITUIÇÃO E CLASSIFICAÇÕES 
CONSTITUCIONALISMO 
Nos tempos atuais verificamos a existência de diversos países com diplomas 
constitucionais prevendo uma vasta extensão de direitos e garantias fundamentais. 
Contudo, infelizmente, nem sempre foi assim. No estudo de um passado não muito 
remoto, constatamos que foram praticadas diversas arbitrariedades, como a 
escravidão, morte do devedor inadimplente etc. 
Diante das inúmeras violações a direitos surge a necessidade da previsão de 
limites impostos aos governantes manifestada por intermédio de um movimento 
denominado constitucionalismo que, de acordo com a doutrina de André Ramos 
Tavares, “embora de grande alcance jurídico, apresenta feições sociológicas inegáveis. 
O aspecto jurídico revela-se pela pregação de um sistema dotado de um corpo 
normativo máximo, que se encontra acima dos próprios governantes – a Constituição. 
O aspecto sociológico está na movimentação social que confere a base de sustentação 
dessa limitação de poder, impedindo que os governantes passem a fazer valer seus 
próprios interesses e regras na condução do Estado. 
A origem formal do constitucionalismo tem vínculo com as Constituições dos 
Estados Unidos da América em 1787 (posteriormente à independência das treze 
Colônias), e da França em 1791 (após a revolução francesa), com duas características: 
organização do Estado e limitação do poder estatal, mediante previsão de direitos e 
garantias fundamentais. 
Tais previsões foram feitas visando eliminação do arbítrio, em benefício do 
povo titular do poder. 
CONSTITUIÇÃO 
A palavra constituição conduz necessariamente à ideia de que algo foi 
constituído, formado, elaborado, estabelecido, o que não se afasta do conceito de 
Constituição enquanto norma jurídica, já que ela constitui o Estado, assim considerado 
como realidade jurídica. 
Temos alguns sinônimos de Constituição: Código Supremo, Texto Supremo, Lei 
Maior, Lei Fundamental, Carta Política, dentre outros. 
A Constituição forma juridicamente o Estado, estabelece as regras para a 
imposição do poder estatal. 
O Direito Constitucional é um ramo do Direito Público, que tem por objeto de 
estudo a Constituição. Trata da interpretação e da sistematização dos princípios e das 
regras que regem o exercício do poder. 
SENTIDOS DA CONSTITUIÇÃO 
É certo que o Direito Constitucional se desenvolve interrelacionado a outras 
ciências, principalmente a sociologia, a filosofia e a política. 
Sentido sociológico de constituição (Ferdinand Lassalle). Ele defende que uma 
Constituição só seria legítima se representasse a vontade popular, refletindo as forças 
sociais que constituem o poder. Caso isso não aconteça, a Constituição não passaria de 
uma ‘folha de papel’. Nada mais é do que a forma como a própria sociedade organiza 
o seu poder, as relações que estabelece entre governantes e governados e estes entre 
si. Independentemente de haver ou não documento escrito, formalizando a 
Constituição, a Constituição existe! Pois é a própria relação de poder na sociedade. 
Todos os povos sempre tiveram uma constituição, sociologicamente falando. 
Sentido político de constituição (Carl Schmitt). Ele conceitua Constituição 
como a decisão política fundamental. Segundo Schmitt, a validade de uma 
Constituição não se apoia na justiça de suas normas, mas na decisão política que lhe dá 
existência. 
Sentido jurídico de constituição (Hans Kelsen). Para ele, a Constituição estaria 
no mundo do dever ser, e não no mundo do ser, caracterizando-a como fruto da 
vontade racional do homem, e não das leis naturais. A Constituição seria, assim, um 
sistema de normas jurídicas. Segundo Kelsen, a Constituição é considerada como 
norma pura, sem qualquer consideração de cunho sociológico, político ou filosófico. 
Em consequência, a validade da norma é completamente independente de sua 
aceitação pelo sistema de valores sociais vigentes em uma comunidade. 
MACETE: SSocioLógico – LaSSaLLe 
 PolíTTico – SchmiTT 
 JurídiKo – Kelsen 
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 
A Constituição, segundo José Afonso da Silva, “consiste num sistema de normas 
jurídicas, escritas ou costumeiras, que regulam a forma do Estado, a forma de seu 
governo, o modo de aquisição e exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos 
e os limites de sua atuação” (Manual da Constituição de 1988. São Paulo: Malheiros, 
2002. p. 13). 
CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS: 
 1824: positivada por outorga. Constituição do Império do Brasil. 
 1891: positivada por promulgação. Constituição da 1ª República. 
 1934: positivada por promulgação. 
 1937: positivada por outorga (Getúlio Vargas). 
 1946: positivada por promulgação. Restabelece-se o Estado 
Democrático. 
 1967: positivada por promulgação. 
 1969: positivada por outorga (golpe militar). 
 1988: positivada por promulgação. 
 
Tivemos 4 promulgadas e 4 outorgadas. 
 OUTORGADAS  As Constituições de 1824, 1937, 1967 e 1969. 
 DICA: A primeira é um número par e as demais ímpares 
 PROMULGADAS  As Constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988. 
 DICA: A primeira é um número ímpar e as demais pares. 
 
A Constituição é considerada a lei fundamental de um Estado (ou “lei das leis”, 
ou “lei maior”) e deve trazer em si os elementos integrantes (componentes) do Estado: 
poder, povo, território e finalidade. Podemos classificar as Constituições: 
1.º) Quanto à origem: 
a) outorgadas: trata-se daquelas impostas por um ditador ou algumas pessoas, ou 
seja, não têm origem democrática, como ocorreu com as Constituições brasileiras de 
1824, 1937 e 1967; 
b) promulgadas ou democráticas: trata-se daquelas de origem popular, decorrendo de 
representantes do povo, reunidos em uma Assembleia Nacional Constituinte, para 
exercer legitimamente o poder constituinte. São democráticas as Constituições 
brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988, são promulgadas. 
2.º) Quanto à forma: 
a) escritas: são aquelas materializadas em um único documento. Ex.: a CF/1988; 
b) não escritas ou consuetudinárias: são as que não trazem as normas reunidas em 
um único texto solene e codificado, sendo formada por textos esparsos, de 
reconhecida importância pela sociedade como fundamentais uma vez que estão 
baseados nos usos, costumes, jurisprudência e convenções. Ex.: a Constituição da 
Inglaterra. 
3.º) Quanto à forma de sua elaboração: 
a) dogmáticas: são aquelas baseadas em verdades incontrastáveis (dogmas) e 
fundamentais do Estado, vigentes no momento de sua elaboração, sendo sempre 
escritas; 
b) históricas: são aquelas constituídas por meio de um lento e contínuo processo de 
formação, sendo diretamente influenciadas pela história e pelas tradições de um povo. 
Pelo fato de não serem escritas, na maioria dos casos aproximam-se das costumeiras e 
têm, como exemplo, a Constituição inglesa. 
4.º) Quanto à ideologia: 
a) ortodoxas: são aquelas formadas por apenas uma ideologia política. Ex.: 
Constituição soviética de 1977 – socialismo; 
b) ecléticas: são aquelas que adotam diversas ideologias; são pluralistas. Ex.: a 
CF/1988. 
5.º) Quanto à estabilidade ou mutabilidade: 
a) rígidas: são as que exigem, para a sua alteração,um processo legislativo mais solene 
e dificultoso do que aquele previsto para a alteração das normas não constitucionais. 
Essa espécie oferece maior segurança jurídica. Na CF/1988, a rigidez constitucional 
está prevista no art. 60, que trata do procedimento para a elaboração das emendas 
constitucionais. Com exceção da Constituição de 1824, todas as demais Constituições 
brasileiras foram rígidas; 
b) semirrígidas: são as constituições que exigem, para a modificação de determinados 
dispositivos, um processo especial e mais difícil do que o comum e, em outros, um 
procedimento legislativo comum; 
c) flexíveis: são as Constituições que possuem um processo legislativo de alteração 
comum, ou seja, nelas uma simples lei ordinária pode facilmente alterar uma norma 
constitucional; 
d) imutáveis: são aquelas inalteráveis em virtude de terem sido criadas para reger de 
forma perpétua a vida de uma sociedade, constituindo-se em verdadeiras relíquias 
históricas. 
OBS1: Uma observação importante merece ser feita: só há inconstitucionalidade nas 
constituições com um mínimo de rigidez. Quando esta não está presente, há mera 
revogação, já que não há hierarquia nas constituições flexíveis. 
OBS2: Alexandre de Moraes ressalta que a nossa Constituição é super-rígida quanto à 
mutabilidade, pois além de exigir um procedimento mais rigoroso para sua alteração 
(característica das Constituições rígidas), possui partes imutáveis pelo poder 
constituinte derivado, que são as chamadas cláusulas pétreas. 
6.º) Quanto ao conteúdo: 
a) Constituição material: é aquela cujas normas cuidam de assuntos essenciais à 
organização e ao funcionamento do Estado e estabelecem os direitos fundamentais. 
Para a identificação da sua natureza constitucional leva-se em conta o seu conteúdo e 
não o processo de formação (como ocorre com a Constituição formal). Estas matérias 
substancialmente constitucionais podem estar inseridas no texto constitucional ou em 
uma norma infraconstitucional; 
b) Constituição formal: é aquela cujas normas possuem a natureza constitucional pelo 
simples fato de estarem previstas no texto escrito da Constituição, uma vez que o seu 
conteúdo não está relacionado ou não possui relevância para o estabelecimento da 
organização básica do Estado. Como exemplo, o art. 242, § 2.º, que estabelece que o 
Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal 
(esse artigo também demonstra a característica analítica da CF/1988). 
Assim, podemos concluir que a CF/1988 é democrática (ou promulgada), escrita, 
formal, dogmática, rígida, reduzida (em um só texto) e eclética. 
PODER CONSTITUINTE 
INTRODUÇÃO 
A organização dos seres humanos em sociedade (abandonando a vida em 
estado de natureza) só foi possível em virtude da celebração de um “pacto social” 
(uma declaração de direitos) onde todos, sem exceção, renunciaram os seus direitos 
(exceto o de lutar para garantir a sua própria sobrevivência – “direito à vida”) a um 
órgão central (o Estado) incumbido de coordenar o exercício dos direitos naturais de 
cada indivíduo, garantindo, assim, a paz social. 
Mas a preservação da sociedade, segundo Manoel Gonçalves Ferreira Filho, 
exige o Poder Político e “para estabelecê-lo, institucionalizá-lo, limitá-lo, o povo, 
comunidade resultante do pacto, gera o poder constituinte composto de 
representantes extraordinários dele mesmo. Tal poder constituinte edita a 
Constituição e com isto encerra a sua missão (ainda que o povo possa quando quiser 
reconstituí-lo). 
Pode ser conceituado como o poder de elaborar ou atualizar (reformar) uma 
Constituição, mediante a supressão, modificação ou acréscimo de normas 
constitucionais. 
A teoria do poder constituinte foi desenvolvida pelo abade Emmanuel Sieyès no 
manifesto “O que é o terceiro estado?” e contribuiu para a distinção entre poder 
constituído e poder constituinte. 
Segundo Michel Temer, poder constituinte “é a manifestação soberana de 
vontade de um ou alguns indivíduos capaz de fazer nascer um núcleo social” 
(Elementos de direito constitucional. 19. ed. São Paulo: Malheiros, p. 29). 
A titularidade do poder constituinte, portanto, pertence ao povo. Entretanto, o 
seu exercício está reservado à Assembleia Nacional Constituinte, composta por 
representantes eleitos pelo povo. 
O poder constituinte pode ser dividido em originário e derivado. 
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 
Para Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, “é o poder de criar uma 
Constituição, quando o Estado é novo (poder constituinte originário histórico), ou 
quando uma Constituição é substituída por outra, em um Estado já existente (poder 
constituinte originário revolucionário). 
O poder constituinte originário constitui o poder de elaborar uma nova 
Constituição, que consiste na norma mais importante do ordenamento jurídico, já que 
todas as outras (as normas infraconstitucionais – ex. leis ordinárias) retiram dela seu 
fundamento de validade. Como é a primeira norma (no sentido da importância) do 
ordenamento, não há qualquer limite jurídico à sua elaboração, caracterizando-se 
como poder de fato e absoluto, podendo prever qualquer assunto e da forma como 
melhor lhe convier, inclusive a instituição da pena de morte, por exemplo. 
Pode se expressar por meio das seguintes formas: 
I –por outorga, que significa a criação de uma Constituição por meio do exercício do 
poder constituinte pelo único detentor do poder, sem a representação ou a 
participação dos destinatários do poder (o povo). Pode ser elaborada por um tirano 
(monarca, imperador, rei) ou por um grupo minoritário de pessoas que tomou para si o 
poder estatal. 
II – pela assembleia nacional constituinte ou convenção, que significa a criação de 
uma Constituição elaborada pela síntese da vontade coletiva, decorrendo da 
deliberação da vontade popular. 
Temos como características do poder constituinte originário: 
a) é inicial pelo fato de instaurar uma nova ordem jurídica; 
b) é ilimitado juridicamente, ou seja, não tem que respeitar os limites existentes no 
direito anterior; 
c) é incondicionado, não se sujeitando a qualquer regra de forma ou de conteúdo; 
d) é autônomo, pois a nova Constituição será estruturada de acordo com a 
determinação dos que exercem o poder constituinte. 
PODER CONSTITUINTE DERIVADO 
O poder constituinte derivado está previsto na própria Constituição, pois 
decorre de uma regra jurídica de autenticidade constitucional, conhecendo, portanto, 
limitações constitucionais expressas e implícitas, o que o torna passível de controle de 
constitucionalidade (Alexandre de Moraes, op. cit., p. 54). Trata-se de um poder 
instituído pelo poder constituinte originário. Logo, é um poder de direito, encontrando 
limites. Tem três espécies: 
1. Poder constituinte derivado reformador – é o poder de alterar a Constituição por 
meio da elaboração de Emendas Constitucionais; 
2. Poder constituinte derivado decorrente – é o poder de os Estados elaborarem suas 
próprias Constituições Estaduais, dentro dos limites traçados pela Constituição 
Federal. 
3. Poder constituinte derivado revisor - assim como o Reformador e o Decorrente, é 
fruto do trabalho de criação do originário, estando, portanto, a ele vinculado. É, assim, 
um poder condicionado e limitado. O art. 3º do ADCT (Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias) determinou que após pelo menos cinco anos da 
promulgação da CF, fosse feita uma revisão no texto constitucional. 
Temos como características do poder constituinte derivado: 
a) Derivado - deriva de outro poder que o instituiu, retirando sua força do poder 
Constituinte originário; 
 
b) Subordinado - está subordinado a regras materiais; encontra limitações no texto 
constitucional. Ex. cláusula pétrea 
 
c) Condicionado – seu exercício deve seguir as regras previamenteestabelecidas no 
texto da CF; é condicionado a regras formais do procedimento legislativo. 
 
INTRUMENTO DE MODIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO  EMENDA CONSTITUCIONAL 
 Para ser promulgada, uma EMENDA A CONSTITUIÇÃO deve ser aprovada em 2 
turnos de votação, por cada Casa do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados + 
Senado Federal), obtendo, em cada votação, 3/5 de votos (49 Senado + 308 Câmara). 
Quem faz a promulgação são as Mesas da CD e SF, em conjunto. 
 ATENÇÃO: Vale lembrar que o Presidente da República não promulga, não 
sanciona e não veta as EC. A única fase que ele pode participar é na iniciativa. 
LIMITES DO EXERCÍCIO DO PODER CONSTITUINTE REFORMADOR: 
a) circunstanciais: são determinadas situações de crise política que, de acordo com o 
art. 60, § 1.º, são: intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio. Nestas 
circunstâncias não é possível alterar a CF. Esta limitação objetiva garantir a 
possibilidade de alteração constitucional sem as pressões políticas decorrentes do 
cenário de instabilidade institucional; 
b) materiais: são assuntos que, dada a sua extrema importância para a sociedade, não 
podem ser modificados por meio de Emenda Constitucional. Tais limitações recebem o 
nome de cláusulas pétreas (ou “núcleo constitucional intangível”) e estão previstas no 
art. 60, § 4.º. De acordo com o aludido artigo, não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a abolir: I – a forma federativa de Estado; II – o voto 
direto, secreto, universal e periódico; III – a separação de poderes; e IV – os direitos e 
garantias individuais. Uma observação importante merece ser feita quanto aos direitos 
e garantias: o rol do art. 5.º é meramente exemplificativo, tanto que o STF entendeu 
que o princípio da anterioridade em matéria tributária (art. 150, III, b, da CF) é direito 
fundamental e, portanto, cláusula pétrea (ADIn 939-7). Além disso, o STF decidiu que o 
“princípio da anterioridade eleitoral, extraído da norma inscrita no art. 16 da CF, 
consubstancia garantia individual do cidadão-eleitor – detentor originário do poder 
exercido por seus representantes eleitos (CF, art. 1.º, parágrafo único) – e protege o 
processo eleitoral. Asseverou-se que esse princípio contém elementos que o 
caracterizam como uma garantia fundamental oponível inclusive à atividade do 
legislador constituinte derivado (CF, arts. 5.º, § 2.º, e 60, § 4.º, IV), e que sua 
transgressão viola os direitos individuais da segurança jurídica (CF, art. 5.º, caput) e do 
devido processo legal (CF, art. 5.º, LIV)” (ADIn 3685/DF, rel. min. Ellen Gracie, 
22.03.2006), motivo pelo qual o STF deu interpretação conforme à Constituição, no 
sentido de que o § 1.º do art. 17 da CF, com a redação dada pela EC 52/2006, não se 
aplica às eleições de 2006, remanescendo aplicável a estas a redação original do 
mesmo artigo; 
c) formais ou procedimentais: são as disposições referentes ao processo legislativo, 
abrangendo, assim, as fases introdutória(iniciativa para apresentação da proposta de 
emenda),constitutiva(deliberação parlamentar e deliberação executiva) e 
complementar(promulgação e publicação). Estão previstas no art. 60, I a III e §§ 2.º a 
5.º; 
d) as temporais: não foram adotadas pela Constituição de 1988, mas consistem em 
previsões que proíbem a alteração em determinado período, como por exemplo, “não 
poderá a Constituição ser alterada nos três anos posteriores à sua elaboração”. 
Importante observar que diversas normas de Constituições Estaduais são 
declaradas inconstitucionais pelo STF por violação ao princípio da simetria, segundo o 
qual deverá existir correspondência entre o modelo existente na Constituição Estadual 
e o modelo da Constituição Federal. Exemplo de aplicação do princípio da simetria é a 
necessidade de as normas sobre reserva de iniciativa do Poder Executivo (art. 61, § 1.º, 
da CF) serem de observância obrigatória pelos Estados-membros (neste sentido ADIn 
2.966, rel. min. Joaquim Barbosa, DJ06.05.2005). 
EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
Algumas normas constitucionais possuem todos os elementos para serem 
aplicadas a partir da edição da Constituição; em outras a aplicabilidade depende de 
norma posterior, e em outras a norma constitucional poderá ter a aplicabilidade 
restringida. 
Tipos de normas constitucionais 
José Afonso da Silva criou uma classificação das normas constitucionais que 
tem sido aplicada pelo Supremo Tribunal Federal (MI 438-2/GO, RT 723/231) em: 
1. As normas constitucionais de eficácia plena são aquelas dotadas de aplicabilidade 
imediata, plena, integral, ou seja, dispensam qualquer ato normativo para ter 
aplicabilidade. 
Exemplo: art. 2.º da CF/ 1988: “São poderes da União, independentes e harmônicos 
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”; art. 69 da CF: “As leis 
complementares serão aprovadas por maioria absoluta”. 
2. As normas constitucionais de eficácia contida são aquelas que, embora tenham 
eficácia imediata (não precisam de lei posterior para surtir todos seus efeitos), podem 
ter sua aplicabilidade reduzida ou restringida por uma norma infraconstitucional. 
Exemplo: art. 5.º, XIII da CF/1988: “é livre o exercício de qualquer ofício ou profissão, 
atendidas as qualificações que a lei estabelecer”. Tal norma fornece fundamento de 
validade à previsão legal (Lei 8.906/1994) do Exame da Ordem dos Advogados do 
Brasil. Algumas profissões não têm exame semelhante, diante da ausência de lei 
exigindo tal requisito. 
Temos outros exemplos na Constituição Federal de 1988: “art. 5.º, XV – é livre a 
locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos 
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”; “art. 5º, XXVII – 
aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de 
suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar”; “art. 37, I – os 
cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os 
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei”. 
3. Normas constitucionais de eficácia limitada são aquelas que necessitam ser 
regulamentadas pela atividade do legislador infraconstitucional para que produzam 
todos os seus efeitos, sendo, por este motivo, de aplicabilidade mediata e reduzida (ou 
diferida). Sem essa norma infraconstitucional, a norma constitucional não terá 
condição de ser aplicada em sua totalidade. 
José Afonso da Silva as divide em dois grupos: 
I –normas de princípio institutivo (ou organizativo) que contêm as regras para a 
estruturação das instituições, órgãos ou entidades 
Exemplos: art. 18, § 2.º; art. 224. “Para os efeitos do disposto neste capítulo, o 
Congresso Nacional instituirá, como seu órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação 
Social, na forma da lei”; e 
II –normas de princípios programáticos, que veiculam programas a serem 
implementados pelo Estado visando a realização de fins sociais (ex.: art. 196). 
Estas normas programáticas não são direcionadas ao povo e sim ao legislador (Pedro 
Lenza, op. cit., p. 72). Sendo assim, não podem ser invocadas pelos cidadãos, tendo, 
portanto, natureza jurídica de mera expectativa de direitos (Alexandre de Moraes, op. 
cit., p. 41). 
Como exemplo, temos o art. 37, VII, da CF/1988 que prescreve que o direito de 
greve dos servidores públicos será exercido nos termos e nos limites definidos em lei 
específica. Enquanto não fosse editada essa lei, os servidores não poderiam entrar em 
greve. Contudo, o plenário do STF decidiu, por unanimidade, declarar a omissão 
legislativa quanto ao dever constitucional em editar lei que regulamente o exercício do 
direito de greve no setor público e, por maioria, aplicar, no que couber, a lei de greve 
vigente no setor privado (Lei 7.783/1989) (MI 712). 
Outros exemplos: “art. 7.º São direitosdos trabalhadores urbanos e rurais, 
além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XX – proteção do 
mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; 
“art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida 
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da 
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. 
Uma observação importante deve ser feita: as normas constitucionais de 
eficácia limitada produzem um mínimo de eficácia ou efeito paralisante, no sentido de 
revogar ou não recepcionar as que com elas são incompatíveis. 
Além disso, vinculam o legislador, ao estabelecerem o dever de legislar no 
futuro e em observância aos seus ditames. Ou seja: no mínimo, elas impedem que leis 
inviabilizem direitos previstos na CF e revogam normas que sejam contrárias a seu 
texto. Ex: não pode uma lei dizer que servidor público não terá direito de greve. Essa 
lei seria inconstitucional. 
SUPERVENIÊNCIA DE NOVO TEXTO CONSTITUCIONAL 
A superveniência de uma nova Constituição acarreta o surgimento de possíveis 
fenômenos ligados ao processo legislativo: a revogação, a desconstitucionalização, a 
recepção e a repristinação. 
A REVOGAÇÃO ocorre quando, promulgada a nova constituição, a antiga é 
retirada do ordenamento jurídico, globalmente, ainda que supostamente haja 
compatibilidade entre os seus dispositivos, ainda que não haja conflito entre os 
dispositivos das duas constituições. 
A DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO, segundo Marcelo Novelino, ocorre quando 
surge uma nova Constituição, situação em que as normas materialmente 
constitucionais anteriores são revogadas, mas as que são apenas formalmente 
constitucionais, se compatíveis, devem ser recepcionadas como leis 
infraconstitucionais. É o que ocorreria, por exemplo, se a próxima Constituição 
brasileira não se referisse ao Colégio Pedro II. De acordo com a teoria da 
desconstitucionalização, o art. 242, § 2.º, da atual Constituição, deveria ser 
recepcionado como uma lei ordinária. Por não existir qualquer previsão constitucional 
neste sentido, esta teoria não deve ser aceita, pois ao surgir uma nova Constituição a 
anterior fica inteiramente revogada (“revogação por normação geral”) (Direito 
constitucional. 2. ed. São Paulo: Método, 2008). No Brasil, tal fenômeno não se 
verificou com a CF/1988 em relação à Constituição anterior, mas tal fenômeno poderia 
ocorrer caso houvesse manifestação inequívoca e expressa quanto a essa 
possibilidade. Em síntese, a desconstitucionalização opera uma descida de escalão na 
hierarquia de normas que não constam na atual Constituição, mas constavam na 
Constituição anterior. Tal fenômeno só é admitido se previsto expressamente. 
REPRISTINAÇÃO, ainda baseado na aludida doutrina, “é o nome que se dá ao 
fenômeno que ocorre quando uma norma revogadora de outra anterior, que, por sua 
vez, tivesse revogado uma mais antiga, recoloca esta última novamente em estado de 
produção de efeitos. Esta verdadeira restauração de eficácia é proibida em nosso 
direito, em nome da segurança jurídica, salvo se houver expressa previsão da nova lei, 
conforme preceitua o art.2.º, § 3.º, da Lei de Introdução às Normas de Direito 
Brasileiro” (op. cit., p. 511). Em suma, o que a lei veda é a repristinação automática. 
RECEPÇÃO 
NOVA CONSTITUIÇÃO x DIREITO ORDINÁRIO ANTERIOR 
Agora, a análise diz respeito ao que acontecerá com as demais normas antigas 
do ordenamento jurídico quando é promulgada uma nova constituição. Enfim, o que 
acontecerá com as antigas leis complementares, com as antigas leis ordinárias, com as 
antigas leis delegadas, com os antigos decretos legislativos, com as antigas resoluções, 
com os antigos regimentos dos tribunais do Poder Judiciário, com os antigos 
regimentos das Casas do Poder Legislativo etc. 
Ora, aqui é fácil perceber que não seria razoável afirmar que todas essas 
normas desaparecem automaticamente em razão da promulgação da nova 
constituição, que todas elas, qualquer que seja o seu conteúdo, são integralmente 
revogadas pela nova Constituição. Se isso acontecesse, teríamos um caos jurídico no 
País, imaginem o que aconteceria se com a promulgação da nova constituição 
ficássemos sem Código Penal, sem Código Civil, enfim, sem nenhuma lei publicada em 
data anterior! 
Então, aqui sim, para evitarmos o caos jurídico no País, teremos que aproveitar 
algumas leis antigas, desde que elas não se mostrem conflitantes com o novo texto 
constitucional. 
 Com a promulgação da nova constituição, teremos que fazer uma separação 
entre as leis antigas aquelas que são compatíveis e aquelas que são incompatíveis com 
a nova Constituição. 
NOVA CONSTITUIÇÃO x DIREITO ORDINÁRIO ANTERIOR INCOMPATÍVEL 
Se o direito ordinário anterior é incompatível com a nova constituição, esta não 
permitirá que ele ingresse no novo ordenamento constitucional, pois seria uma 
incongruência a nova constituição permitir que leis antigas, contrárias aos seus 
princípios, continuassem a ter vida. Assim, todas as leis pretéritas conflitantes com a 
nova constituição serão revogadas por esta. 
Esse entendimento vale para todas as espécies normativas pretéritas 
infraconstitucionais, alcançando não só as leis formais, mas os decretos, regimentos, 
portarias, atos administrativos em geral etc. 
Esse o entendimento consagrado na jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal, e aceito pela doutrina dominante no Brasil. 
INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE 
Entretanto, mais uma vez, nem todos os constitucionalistas pensam dessa 
maneira, nem todos os constitucionalistas entendem que a nova constituição revoga o 
direito anterior incompatível. 
Defendem alguns autores que para se falar em “revogação” temos que 
pressupor o confronto entre normas de mesma natureza, de mesma hierarquia. Assim, 
para esses doutrinadores, constituição revoga constituição, lei revoga lei, decreto 
revoga decreto e assim por diante. Não se poderia afirmar, portanto, que constituição 
revoga lei (pois não são normas de mesma natureza, de mesmo nível hierárquico). 
Logo, defendem eles, teríamos nesse caso a ocorrência da denominada 
“inconstitucionalidade superveniente” – e não revogação. 
O direito ordinário anterior incompatível não seria revogado pela nova 
constituição, mas tornar-se-ia inconstitucional em face dela. 
Portanto, inconstitucionalidade superveniente é o fenômeno jurídico pelo qual 
uma norma tornar-se-ia inconstitucional em momento futuro, depois de sua entrada 
em vigor, em razão da promulgação de um novo texto constitucional em sentido 
contrário. 
Exemplificando: uma lei “K” seria publicada hoje, de acordo com a constituição 
“X”, hoje em vigor, e tornar-se-ia inconstitucional no futuro, em razão da promulgação 
de uma nova constituição “Y”, que trouxesse um tratamento em tornar-se-ia 
inconstitucional frente à constituição “Y”. 
Porém, essa tese – ocorrência da inconstitucionalidade superveniente – não é 
aceita pelo Supremo Tribunal Federal, para o qual teremos na situação descrita uma 
mera revogação da lei “K” pela constituição “Y”. 
Para o STF, não se pode falar em inconstitucionalidade nessa situação (confronto de 
uma lei antiga com uma nova constituição), porque “o juízo de constitucionalidade 
pressupõe contemporaneidade entre a lei e a constituição, isto é, pressupõe lei e 
constituição de uma mesma época”. 
Assim, uma lei só poderá ser considerada inconstitucional em confronto com a 
constituição de sua época, em vigor no momento de sua publicação; não poderá uma 
lei ser considerada inconstitucional em confronto com uma constituição futura, pelo 
seguinte fundamento: inconstitucionalidade nada mais é do que umdesrespeito à 
constituição, e o legislador, ao editar a lei “K”, não tinha como desrespeitar a 
constituição “Y”, pela razão óbvia de que ela ainda não existia. 
Portanto, fixe o seguinte: 
(a) uma lei só poderá ser considerada inconstitucional (ou constitucional) em 
confronto com a constituição de sua época; 
(b) o confronto entre uma lei e constituição futura não se resolve pelo juízo de 
constitucionalidade, mas sim pela revogação (se a lei pretérita for incompatível com a 
nova constituição) ou pela recepção (se a lei pretérita for compatível com a nova 
constituição). 
NOVA CONSTITUIÇÃO x DIREITO ORDINÁRIO ANTERIOR COMPATÍVEL 
Se as leis antigas forem compatíveis com a nova constituição, se não entrarem 
em conflito com o texto e princípios da nova constituição, serão recepcionadas por 
esta, ganharão nova vida no ordenamento constitucional que se inicia. 
Pelo até aqui estudado, podemos concluir o seguinte a respeito do confronto 
entre o direito pré-constitucional e a nova constituição: 
(a) no caso de compatibilidade, será ele recepcionado pela nova constituição; 
(b) no caso de incompatibilidade, será ele revogado pela nova constituição. 
Resta-nos avaliar, ainda, como se dá, efetivamente, esse confronto, como se 
chega a uma conclusão a respeito dessa compatibilidade ou incompatibilidade. 
No confronto entre norma antiga e uma nova constituição, só se leva em conta 
a denominada “compatibilidade material”, isto é, o conteúdo da norma. 
Se o conteúdo da norma antiga for compatível com a nova constituição, será 
ela recepcionada; se o conteúdo da norma antiga for incompatível com a nova 
constituição, será ela revogada. Enfim: no caso de compatibilidade material, teremos 
recepção; no caso de incompatibilidade material, teremos revogação. 
Significa dizer que não interessa em nada a chamada “compatibilidade formal”, 
que diz respeito aos aspectos formais de elaboração da norma. 
Esses, os aspectos formais, são absolutamente irrelevantes para a realização 
desse confronto entre norma antiga e a nova constituição. Eventual incompatibilidade 
formal não prejudicará, em nada, a recepção da norma, desde que haja 
compatibilidade material entre a norma antiga e a nova constituição. 
ASPECTOS FORMAIS IRRELEVANTES 
1) Não interessa, por exemplo, saber se há ou não correspondência entre o 
processo legislativo da época em que foi elaborada a norma antiga e o processo 
legislativo de elaboração da mesma espécie hoje, na vigência da nova constituição. 
Uma norma pré-constitucional que tenha sido elaborada na vigência da 
Constituição Imperial de 1824 poderá ser recepcionada pela Constituição Federal de 
1988, ainda que os processos legislativos dessas duas épocas sejam absolutamente 
distintos. Diga-se de passagem, o Código Comercial atualmente em vigor 
(recepcionado pela CF/88) foi elaborado na fase imperial do Brasil (Lei nº 556, de 
26/06/1850). 
2) Não interessa, também, saber se existe ou não, na nova constituição, a 
espécie normativa antiga, que disciplinava a matéria. 
Não é por outro motivo que temos atualmente diversos decretos-leis em pleno 
vigor, mesmo sabendo que essa espécie normativa não integra mais o nosso processo 
legislativo, na vigência da Constituição Federal de 1988 (os decretos-leis foram 
substituídos pelas medidas provisórias). 
3) Finalmente, não nos interessa saber se houve (ou não) mudança na 
exigência de formalidade para o tratamento da matéria. 
O fato de a constituição antiga exigir lei ordinária para o tratamento da matéria 
e a nova constituição só permitir que a mesma matéria seja disciplinada por meio de 
lei complementar não prejudicará em nada a recepção da norma antiga (ou vice-
versa). 
FORÇA (STATUS) DA NORMA ANTIGA NO NOVO ORDENAMENTO CONSTITUCIONAL 
As normas pré-constitucionais não continuarão, necessariamente, com a 
mesma força (status) no novo ordenamento constitucional que as recepcionou. 
A força da norma pré-constitucional no novo ordenamento constitucional será 
determinada pela nova constituição, de acordo com o tratamento por ela dado à 
matéria. 
Só ela, a nova constituição, determinará qual será o novo status da norma pré-
constitucional. 
Assim, se na vigência da constituição antiga a matéria era disciplinada por lei 
ordinária, e a nova constituição passou a exigir lei complementar (e vice-versa) para o 
tratamento da mesma matéria, esse fato não prejudicará em nada a recepção da 
norma antiga, se houver compatibilidade material entre elas. 
O que teremos, no caso, é que a lei ordinária antiga adquirirá, na vigência da 
nova constituição, status de lei complementar, vale dizer, será recepcionada com 
força de lei complementar, significando dizer que, no novo ordenamento 
constitucional, só poderá ser alterada ou revogada por outra lei complementar (ou por 
norma de superior hierarquia, como uma emenda à constituição, por exemplo). 
EXEMPLO: Lei Ordinária nº 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional), que, 
embora editada à época como lei ordinária, possui hoje, na vigência da Constituição 
Federal de 1988, força de lei complementar, pelo simples fato de que esta CF/88 exige 
lei complementar para dispor sobre normas gerais em matéria de legislação tributária 
(CF, art. 146, III). 
Poderemos ter, ainda, mudança de competência do ente federado para o 
tratamento da matéria, sem prejuízo para a recepção da lei. Assim, se na vigência da 
constituição pretérita a competência para o tratamento da matéria pertencia à União e 
a nova constituição outorgou essa competência para os Estados ou para os Municípios, 
a lei federal pretérita poderá ser recepcionada com força de lei estadual ou municipal, 
conforme o caso. 
Exemplificando: uma lei federal pré-constitucional aprovada, à época, com base 
na competência da União definida na constituição pretérita é considerada 
recepcionada pela Constituição Federal de 1988 com status de lei estadual ou 
municipal se a matéria por ela disciplinada passou, segundo esta nova Constituição de 
1988, para o âmbito de competência dos Estados ou dos Municípios, conforme o caso. 
A simples mudança de competência do ente federado não prejudicará a recepção da 
norma antiga, se houver compatibilidade material entre esta e a nova constituição. Na 
hipótese, os entes federados, Estados e Municípios, continuarão dando aplicação à lei 
federal antiga (agora com status de norma estadual ou municipal, conforme o caso), 
até que editem suas próprias leis sobre a matéria (alterando ou revogando a antiga lei 
federal recepcionada). 
A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 
A Constituição de 1988 é composta de três partes: 
a) Preâmbulo; 
b) Texto Constitucional (principal) e 
c) Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). 
PREÂMBULO 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte 
para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos 
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a 
igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e 
sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e 
internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção 
de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Para o STF, 
o preâmbulo da CF/88 não se situa no âmbito do Direito, mas no domínio da política, 
refletindo posição ideológica do constituinte. Em consequência, ele não possui 
relevância jurídica, não sendo norma central da Constituição. 
ATENÇÃO: No julgamento da ADI n° 2.076/AC, o STF decidiu que o preâmbulo não tem 
força normativa e que não é norma de repetição obrigatória pelas Constituições 
Estaduais. Assim, não se exige queas CE’s invoquem a proteção de Deus. 
ADCT 
Ao contrário do que acontece com o preâmbulo, o Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias – ADCT – é norma constitucional, tanto que só pode ser alterado pela via 
da emenda constitucional. 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS (ARTS. 1.º A 4.º, CF) 
Nome oficial do nosso Estado: República Federativa do Brasil. 
Forma de Estado: Federação 
Sistema de governo: Presidencialista. 
Forma de governo: República, que tem as seguintes características: 
• Eletividade - povo que escolhe os governantes; 
• Temporariedade - poder não é vitalício; 
• Responsabilidade - governante deve se ater a certos limites. 
Os princípios fundamentais, segundo José Afonso da Silva, “são as regras 
básicas do ordenamento constitucional”, ou seja, “constituem a síntese de todas as 
demais normas da Constituição” e estão previstos no Título I da CF: princípios 
federalista, republicano, democrático, da divisão de poderes, da organização da 
sociedade e orientadores das relações internacionais (op. cit., p. 19). 
Dispõe o art. 1.º da CF que a República Federativa do Brasil, formada pela união 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
MACETE: SO-CI-DI-VA-PLU 
I – a SOberania; 
II – a CIdadania; 
III – a DIgnidade da pessoa humana; 
IV – os VAlores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V – o PLUralismo político. 
SOBERANIA quem tem é a República Federativa do Brasil; a União, os Estados, 
os Municípios e o Distrito Federal têm autonomia PAF (Política, Administrativa e 
Financeira). Essa autonomia é própria da FEDERAÇÃO, que é a descentralização do 
poder. 
Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos 
(VOTO) ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
Costuma-se distinguir titularidade do poder de exercício do poder. O titular do 
poder sempre será o povo. 
Agora, o exercício pode ser dar diretamente ou indiretamente (por meio dos 
representantes). Democracia no Brasil é mista (semidireta). Democracia indireta é a 
regra: voto direto, secreto, universal e periódico é cláusula pétrea. Democracia direta 
é a exceção e pode ser exercida por meio do plebiscito (art. 14, I), referendo (art. 14, 
II) e iniciativa popular (art. 61, § 2º). 
 
De acordo com o parágrafo único do aludido dispositivo, “todo o poder emana 
do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos 
desta Constituição”. 
No artigo supracitado está consagrado o princípio da indissolubilidade do 
vínculo federativo, sendo vedada a secessão, já que o art. 60, § 4.º, I, da CF revela a 
sua natureza de cláusula pétrea. 
A Constituição prevê, outrossim, a separação de poderes. Trata-se de 
nomenclatura que não é compatível com a técnica, pois considera-se que o poder é 
uno e deriva do povo (conforme art.1.º, parágrafo único, da CF). O correto seria falar-
se em separação de funções. 
 
A CF/88, em seu art. 2º, diz que os poderes são independentes e harmônicos. 
Isso quer dizer que ‘um não é maior que o outro’, ou seja, cada um pode controlar 
(frear) a atuação do outro. Ex: o Congresso Nacional (legislativo) elabora a lei, mas 
pode o PR (executivo) vetá-la caso entenda que ela é inconstitucional. Sendo a lei 
sancionada e comece a valer, pode o judiciário declará-la inconstitucional. 
ATENÇÃO: Esse sistema em que cada poder fiscaliza a atuação do outro é 
chamada de Teoria dos Freios e Contrapesos (no direito norteamericando é chamdo 
de check and balaces). 
Dispõe o art. 3.º que constituem objetivos fundamentais da República 
Federativa do Brasil: 
MACETE: CON-GA-ERRE-PRO 
I – CONstruir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II – GArantir o desenvolvimento nacional; 
III – ERradicar a pobreza e a marginalização e REduzir as desigualdades sociais e 
regionais; 
IV – PROmover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação. 
Nas relações internacionais a República Federativa do Brasil rege-se pelos 
seguintes princípios: 
I – independência nacional; 
II – prevalência dos direitos humanos; 
III – autodeterminação dos povos; 
IV – não intervenção; 
V – igualdade entre os Estados; 
VI – defesa da paz; 
VII – solução pacífica dos conflitos; 
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X – concessão de asilo político. 
MACETE 
DE-CO-R-A P-I-S-C-I-NÃO 
DE – Defesa da paz 
CO – Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade 
R – Repúdio ao terrorismo e ao racismo 
A – Autodeterminação dos povos 
P – Prevalência dos direitos humanos 
I – Independência nacional 
S – Solução pacífica dos conflitos 
C – Concessão de asilo político 
 I – Igualdade entre os Estados 
NÃO – Não intervenção 
 
 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS (ART. 5.º, CF) 
Qual a diferença entre direitos e garantias? 
Diz-se que direito é uma faculdade de agir, exercer, fazer ou deixar de fazer 
algo, ou até mesmo possuir, trata-se de uma liberdade positiva. 
As garantias não se referem às ações ou “posses”, mas sim às proteções que as 
pessoas possuem frente ao Estado ou mesmo frente às demais pessoas, de modo que 
possam proteger seus direitos, ou até mesmo os meios para reivindicar tais direitos. 
Por isso, diz-se que as garantias são proteções para que se possa exercer um direito. 
José Afonso da Silva faz o delineamento da diferença com uma frase 
exaustivamente usada pelas bancas de concurso: "Em suma (...) os direitos são bens e 
vantagens conferidos pela norma, enquanto as garantias são os meios destinados a 
fazer valer esses direitos, são instrumentos pelos quais se asseguram o exercício e o 
gozo daqueles bens e vantagens. 
Segundo a clássica distinção elaborada por Ruy Barbosa, direitos “são as 
disposições meramente declaratórias, que são as que imprimem existência legal aos 
direitos reconhecidos”, e garantias “são as disposições assecuratórias, que são as que, 
em defesa dos direitos, limitam o poder”. 
Na CF/1988, os direitos fundamentais estão divididos nos seguintes grupos: 
I – direitos individuais (art. 5.º); 
 II – direitos coletivos (art. 5°); 
III – direitos sociais (arts. 6.º a 11); 
 IV – direitos de nacionalidade (art. 12); 
V – direitos políticos (arts. 14 a 16); 
VI – direitos a existência e funcionamento dos partidos políticos (art. 17). 
Importante salientar que esses direitos e garantias não se constituem em uma 
relação fechada, exaustiva, mas sim em um rol exemplificativo (STF ADIn 939/ 7-DF), 
aberto para novas conquistas e reconhecimentos futuros. Vejamos: Art. 5º, § 2º - Os 
direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do 
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a 
República Federativa do Brasil seja parte. 
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Evolução dos Direitos Fundamentais 
A doutrina costuma apontar a existência de quatro gerações de direito. As três 
primeiras gerações equivaleriam, respectivamente aos ideais liberdade, igualdade e 
fraternidade, extraídos da Revolução Francesa (Liberté, Egalité, Fraternité). 
Para o Professor Antônio Augusto Cançado Trindade, seria mais adequada a 
nomenclatura dimensões e não gerações de direitos. Isso porque, segundo ele, gerações 
passariam a ideia de substituição. Ele explica, ainda, que, na verdade, as dimensões coexistem 
e vão se acumulando. Vejamos a esquematização: 
• Primeira dimensão ou geração (= liberdade): são direitos negativos, ou seja, exigem 
abstenção do estado. Direitos que dizem respeito às liberdade públicase aos direitos políticos. 
A liberdade, também estaria relacionada a uma atuação negativa do Estado. Eram protetoras. 
Eram formais pois via o homem como um ser genérico, abstrato, todos iguais, mas sem 
enxergar as verdadeiras diferenças materiais (econômica, cultural...) entre as pessoas. Ex: 
direito à vida, liberdade, direitos políticos; 
• Segunda dimensão ou geração (= igualdade): Em decorrência da excessiva exploração na 
relação capital x trabalho, tem-se a necessidade de o Estado intervir de forma positiva, fixando 
diretrizes ao bem estar do indivíduo (Estado do bem estar social). São direitos de natureza 
positiva, exigindo do Estado uma atuação com vistas a garantir direitos sociais, culturais e 
econômicos. 
• Terceira dimensão ou geração (= fraternidade ou solidariedade): enxerga o homem em 
sociedade. Desta forma, se preocupa com os direitos coletivos (pertencentes a um grupo 
determinado de pessoas) e os direitos difusos (pertencentes a uma coletividade 
indeterminada). São exemplos destes direitos o direito à paz, ao meio ambiente equilibrado, 
ao progresso e desenvolvimento, o direito de propriedade ao patrimônio comum da 
humanidade, o direito de comunicação, entre outros. 
• Quarta dimensão ou geração: O professor Paulo Bonavides também propôs que já existiria a 
4ª dimensão dos direitos, ou seja, os direitos que se vinculam à idéia de democracia, 
especialmente a democracia direta, incluindo o direito à informação e o direito ao pluralismo. 
Esta dimensão foi alcançada através da universalização dos direitos promovida pela 
globalização. Noberto Bobbio também já faz alusão a uma possível quarta dimensão dos 
direitos fundamentais, mas, de forma diversa de Bonavides. Para o autor, a quarta dimensão 
estaria materializada nos direitos relativos à biotecnologia e ao patrimônio genético dos 
indivíduos. 
• Quinta dimensão ou geração: O professor Bonavides ainda vislumbra a quinta dimensão dos 
direitos fundamentais, segundo ele, pela necessidade de se colocar em maior destaque o 
direito à paz, principalmente devido aos recentes atentados terroristas a partir do 11 de 
Setembro nos Estados Unidos. Outros diversos autores tratam dos direitos de quinta geração 
como os direitos “virtuais” ou “cibernéticos”, ou seja, aqueles relativos ao comércio e 
contratos eletrônicos, publicidade virtual, e os interligados à defesa da honra e da dignidade 
da pessoa humana no meio da internet, entre outros correlatos. 
MACETE: 
 Os direitos Políticos são os de Primeira dimensão. 
 Os direitos Sociais, Econômicos e Culturais (SEC – Lembre-se de "second") são os de 
segunda dimensão. 
 Os direitos de “Todos” (difusos e coletivos) – seriam os de Terceira dimensão. 
Inicialmente os direitos fundamentais surgem tendo como titulares as pessoas naturais, 
hoje já se reconhece direitos fundamentais em favor das pessoas jurídicas ou mesmo em favor 
do estado. 
Embora originalmente visassem regular a relação indivíduo-estado (relações verticais), 
atualmente os direitos fundamentais devem ser respeitados mesmo nas relações privadas, 
entre os próprios indivíduos (relações horizontais).

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