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Mídia e o Sistema Penal

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Mídia e o
 Sistema Penal
Curso de Direito - UNISC
Disciplina de Criminologia
O papel que a mídia desempenha é de extrema importância, visto que sua função é levar as notícias ao conhecimento das pessoas, seja via televisão, rádio ou jornal. Atua como formadora de opinião e contribui para a construção da realidade daqueles que acompanham o noticiário, pois a sociedade absorve as informações que lhe são passadas pelos meios de comunicação, formando assim, um juízo de valor acerca das situações.
Mídia como instrumento de formação da realidade social
Todavia, nem todas as notícias transmitidas pela mídia podem ser aceitas como a verdade real dos fatos, pois esta, por vezes, exerce influência de forma negativa na formação da opinião social, na medida que atribui carga valorativa na seleção e publicação da notícia, transmitindo-a de forma sensacionalista e tendenciosa; quanto mais o fato noticiado for capaz de causar comoção, impacto, indignação, dentre outros sentimentos, mais atenção receberá da mídia a e terá mais repercussão.
A atuação da mídia viola rotineiramente o ordenamento jurídico brasileiro, na medida que mostra a realidade criminal aos cidadãos de forma distorcida e tendenciosa, usando do sensacionalismo para fazer notícia, transmitindo as informações baseadas em uma tendência criminológica. Assim, os meios de comunicação acabam por controlar a sociedade na medida em que estereotipa certas situações, cria mitos, generaliza enfoques, perspectivas e comportamentos diante de um determinado fato ou conflito.
Influência da mídia no sistema penal
O sensacionalismo com que a mídia trabalha acaba por formar a realidade para a maioria da sociedade. Isto é, aquilo que a mídia transmite, se torna a verdade para muitos. Dessa forma, ocorre a condenação sumária do suposto agente criminoso, sem que ele seja de fato processado e julgado pelo Judiciário, pois a mídia o condena, através da transmissão dos fatos de maneira tendenciosa. 
Condenação sumária e a violação de princípios constitucionais
A condenação sumária feita pela mídia viola princípios e direitos previstos na Constituição Federal, tais como:
Princípio da inocência: a presunção é de inocência, não poderá ser condenado sem prova da culpa – art. 5º, inc. LVII/CF - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Princípio do devido processo legal: prevê que ninguém será privado de liberdade sem o devido processo legal, sem o processo por autoridade competente – art. 5º, inc. LIV/CF - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
Embora a violação dos dois princípios citados não acarrete, de fato, na condenação e prisão do suposto culpado, o sensacionalismo com que a mídia trata determinados casos causa uma reação social, a qual colabora, na maioria das vezes, para o deslinde do fato.
 
A mídia, no afã do sensacionalismo, transformou-se numa espécie de “legisladora” penal, tendo em vista que casos criminais célebres são espetacularizados pelos meios de comunicação e acabam provocando imediatas alterações na lei penal, na imensa maioria das vezes precipitadas e desastrosas. A influência é tão grande, que o clamor social, resultado do tendencionismo da mídia, acaba afetando a produção legislativa.
Influência da mídia na elaboração de leis penais
Dois exemplos que podem ser citados acerca da influência da mídia na legislação penal, é o caso Daniella Perez e a elaboração da Lei Bernardo.
LEI BERNARDO: o assassinato do menino Bernardo ganhou grande repercussão pela mídia, provocando a elaboração da Lei 13.010/14 – Lei Bernardo ou Lei da Palmada, que pune a adoção de castigos físicos como medida repressiva e educativa dos filhos.
CASO DANIELLA PEREZ: a atriz foi brutalmente assassinada por um colega de gravação e sua esposa, por motivo torpe, por achar que estava tendo seu papel diminuído na novela. O casal premeditou o assassinato, e matou a atriz com 18 golpes de punhal. O caso ganhou grande repercussão social por se tratar de uma pessoa conhecida, e a partir disso, o crime de homicídio qualificado passou a integrar a Lei 8.072/90 – Lei dos Crimes Hediondos.
Além de influenciar no ordenamento jurídico, a atuação da mídia tem consequências também no Tribunal do Júri. Os jurados, pessoas leigas, que não têm conhecimento técnico do Direito, julgam por sua íntima convicção, ou seja, ao responder aos quesitos formulados pelo magistrado, não precisam fundamentar sua resposta.
 
A influência da mídia no Tribunal do Júri
Embora devam apreciar o processo, somente com as provas constantes dos autos, os jurados acabam levando consigo suas apreciações e opiniões pessoais, com base naquilo que lhes é mostrado pelos meios de comunicação, que muitas vezes, distorcem a situação.
 
A imprensa chama para si o papel de vigilância dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, tudo em função do banalizado interesse público. Ocorre que, a mídia não está se preocupando com interesse público e sim com o interesse do público. Porém, apesar da falta de legitimidade, a mídia vem, de fato, exercendo poderes que exorbitam da ótica constitucional. 
Mídia como um “Quarto Poder”
A forma como manipula os indivíduos, a maneira seletiva de transmitir informações, as investigações e condenações sumárias e o seu poderio econômico e ideológico ensejam um comportamento midiático supra constitucional. A Mídia vem se impondo como “Quarto Poder”, uma espécie de imposição um tanto quanto totalitária.
 
Vídeo: “Maioridade Penal: o papel da mídia”
https://www.youtube.com/watch?v=LeW1-mjTUus
Referências:
http://www.ambito-juridico.com.br
https://jus.com.br
http://emporiododireito.com.br/
http://canalcienciascriminais.com.br/
http://www.conjur.com.br/
ACADÊMICOS:
Arthur F. Milani
Bárbara Antoniolli
Emanuel Iochims
Gabriela Graeff
Patrícia L. Maicá

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