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Módulo 10 01M DIREITO CONSTITUCIONAL

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1 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
PROF. PAULO ADIB CASSEB 
 
ESPÉCIES NORMATIVAS E PROCESSO LEGISLATIVO 
 
O art. 59 da CF relaciona as espécies normativas. São elas: 
a) emenda à constituição, 
b) lei complementar, 
c) lei ordinária, 
d) lei delegada, 
e) medida provisória, 
f) decreto legislativo 
g) resolução. 
 
EMENDA À CONSTITUIÇÃO (art.60 da CF) 
 
É o ato normativo que provoca a reforma constitucional. Na realidade, é a exteriorização do 
poder constituinte derivado reformador. Exatamente por este motivo, a Constituição impõe 
diversas limitações à emenda, para, com isso, garantir a estabilidade de seu texto. 
A doutrina divide as limitações que a constituição impõe à emenda, em três grupos: 
 
1) Limitações formais ou procedimentais: são aquelas que recaem sobre o processo 
legislativo da emenda, e que provocam a rigidez constitucional. São as que garantem a rigidez 
constitucional, que tornam o processo legislativo da emenda um processo complexo, dificultoso. 
Essas limitações formais podem ser verificadas desde a iniciativa legislativa para apresentação de 
proposta de emenda. 
A Constituição no art. 60 apresenta a relação daqueles que podem apresentar proposta de 
emenda à Constituição. São eles: 
a) Presidente da República; 
b) 1/3, ao menos, dos membros da Câmara dos Deputados; 
c) 1/3, ao menos, dos membros do Senado; 
d) mais da metade das Assembleias Legislativas, sendo que, em cada delas, haverá uma 
votação e a decisão de adesão à proposta de emenda ocorrerá pelo quórum da maioria relativa. 
Alguns autores entendem que seria razoável reconhecer a iniciativa popular para a proposta 
de emenda à Constituição, inclusive, isso aparece em mais de uma obra doutrinária, na área do 
Direito Constitucional. Entretanto, no próprio STF prevaleceu o entendimento de que o art. 60 
contém um rol taxativo daqueles que têm iniciativa para proposta de emenda. Portanto, não há 
iniciativa popular para proposta de emenda à Constituição Federal. Há uma proposta no Congresso 
Nacional de inclusão, na Constituição, de previsão expressa da iniciativa popular para proposta de 
emenda. Mas, por enquanto, é apenas uma proposta. Portanto, por ora, não há iniciativa popular 
para proposta de emenda à Constituição Federal. 
As propostas de iniciativa do Presidente, assim como, as de iniciativa de 1/3 da Câmara dos 
Deputados, têm início na Câmara dos Deputados, enquanto que as propostas de iniciativa de 1/3 do 
Senado e das Assembleias Legislativas, têm início no Senado. Na realidade, o restante do 
procedimento é o mesmo, não há alteração, só ocorrerá uma inversão de curso. 
Ressalvada a iniciativa, o Presidente da República não participa do processo legislativo da 
emenda. O Presidente não veta, sanciona ou promulga emenda. A promulgação da emenda cabe às 
Mesas da Câmara e do Senado, em sessão conjunta, e que atribuem à emenda o respectivo número 
de ordem à sequência cronológica normal. 
No processo legislativo da emenda, e esta é uma observação importante, porque é muito 
 
 
 
 2 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
PROF. PAULO ADIB CASSEB 
 
desconhecida, a segunda Casa não atua como Casa Revisora. Na realidade, as duas Casas, Câmara e 
Senado, atuam com a mesma força. Só surge a emenda, se as duas Casas consentirem sobre um 
mesmo texto, caso contrário, não há a aprovação da emenda. Não há primazia da Casa iniciadora, 
diferentemente do que ocorre no processo legislativo dos projetos de lei, com proposta de 
emenda, não há primazia da casa iniciadora. Em relação à proposta de emenda, ao processo 
legislativo da emenda, nós temos no Brasil um bicameralismo igualitário, de equilíbrio, porque as 
duas casas atuam com igualdade de forças. 
A proposta de emenda deve ser discutida e votada em dois turnos, na Câmara dos Deputados, 
e em dois turnos no Senado. O quórum de aprovação é o da maioria qualificada, de 3/5 dos 
membros de cada Casa, em cada turno, caso contrário, não haverá aprovação de emenda à 
Constituição. 
O assunto objeto de uma proposta de emenda rejeitada ou tida por prejudicada só poderá 
constar de uma nova proposta de emenda a ser apresentada na sessão legislativa seguinte. Não há 
exceção, isso vale tanto para proposta de emenda que foi rejeitada, ou seja, houve apreciação no 
mérito, ou para proposta de emenda que foi considerada prejudicada, é aquela arquivada sem 
apreciação do mérito. O assunto que constou dessas propostas só poderá constar de uma nova, a 
ser apresentada na sessão legislativa seguinte. 
A doutrina minoritária considerou essa restrição constitucional como uma limitação temporal 
à emenda, mas como dito, essa é a posição da doutrina minoritária. Prevalece o entendimento de 
que esta restrição não é uma limitação temporal, é, simplesmente, uma limitação formal, 
procedimental, porque a preocupação constitucional não é com o tempo, não se diz que essa 
proposta só poderá ser apresentada um ano depois. Se houver a rejeição de uma proposta de 
emenda em dezembro, citando um exemplo, dezembro de um ano, uma nova, sobre o mesmo 
assunto, já poderá ser apresentada logo no início da sessão legislativa seguinte, em fevereiro. A 
preocupação constitucional com essa restrição não foi com o tempo, foi apenas em dificultar, mais 
uma vez, a alteração da Constituição. Portanto, a limitação não é temporal, ela é procedimental. 
Essas as regras que a Constituição prevê que tornam o processo legislativo da emenda mais 
complexo que o das leis ordinárias, daí a rigidez constitucional. 
 
2. Limitações circunstanciais (§ 1º do art. 60 da CF): essas limitações têm o significado que a 
Constituição não poderá ser emendada na vigência de três circunstâncias: 
a) estado de defesa; 
b) estado de sítio; ou 
c) intervenção federal. 
Porque são períodos de anormalidade, de perturbação grave da ordem pública, portanto, não 
seria recomendável alteração constitucional nesses períodos. 
É mais razoável, inclusive, o entendimento de que nessas circunstâncias, o próprio processo 
legislativo da emenda deve ser suspenso, não apenas a deliberação, afinal, não teria sentido 
imaginar, por exemplo, a possibilidade das discussões parlamentares sobre uma proposta de 
emenda, num período, por exemplo, de vigência de estado de sítio com a liberdade de imprensa 
suspensa. Daí a importância das limitações circunstanciais, inclusive da interpretação que sustenta 
que essas limitações obstam a própria tramitação da proposta e não apenas a fase deliberativa. 
 
3. Limitações materiais: são as famosas cláusulas pétreas. O parágrafo 4º do art. 60 da CF diz 
que não será objeto de deliberação proposta de emenda tendente a abolir as cláusulas pétreas. 
O que isso significa? 
Significa, segundo o próprio STF, que proposta de emenda, portanto, emenda, não poderá 
 
 
 
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PROF. PAULO ADIB CASSEB 
 
suprimir, abolir, cláusula pétrea, como também, não poderá promover modificação que enfraqueça 
a cláusula pétrea, que atinja os elementos substanciais, conceituais da cláusula pétrea. Portanto, 
esta é a interpretação que prevalece. Nada impede que aquela matéria seja modificada, desde que 
a modificação não enfraqueça a cláusula pétrea. É possível, portanto, modificação que não 
enfraqueça ou até que fortaleça cláusula pétrea. 
O § 4º do art. 60 apresenta quais são as cláusulas pétreas, nos seus incisos. São, portanto, as 
chamadas cláusulas pétreas expressas. 
 
- O inciso I: prevê como cláusula pétrea a forma de Estado federativa: muito cuidado: este 
inciso não fala em forma de governo nem em sistema de governo, fala em forma de Estado. É a 
forma de Estado federativa que foi considerada cláusula pétrea, portanto, não pode ser suprimida, 
como também não pode ser enfraquecida. Comojá caiu em concurso público, uma eventual 
proposta de emenda que tivesse por finalidade a supressão da autonomia financeira dos Estados-
membros ou a supressão da autonomia administrativa dos Estados-membros, esse tipo de proposta 
de emenda seria inconstitucional, porque enfraqueceria a forma federativa do Estado, 
atingiria características essenciais, caracterizadoras da forma federativa de Estado, como 
autonomia financeira e administrativa dos entes federados. Portanto, haveria, sim, 
inconstitucionalidade por violação à cláusula pétrea. Então, o inciso I prevê a cláusula pétrea da 
forma federativa de Estado. 
 
- O inciso II: prevê a cláusula pétrea associada aos direitos políticos, ao voto. O que considera 
como cláusula pétrea esse inciso II é o voto direto, secreto, universal e periódico. 
Cuidado, pegadinha tradicional de concurso: voto obrigatório não está nessa relação. A CF 
adota o voto obrigatório, mas não como cláusula pétrea. Voto direto como cláusula pétrea é o voto 
para a escolha popular direta, evidentemente, daqueles que exercerão as funções: governamental 
e legislativa do Estado. Evidentemente que a CF não previu voto direto para todo e qualquer órgão 
público. Como é que se explicaria, então, a composição do Poder Judiciário? Portanto, o voto direto 
como cláusula pétrea é o voto direto para aqueles que exercerão as funções legislativa e 
governamental do Estado, com a ressalva feita pelo próprio texto originário da CF, no caso de 
sucessão do Presidente da República e Vice-Presidente da República, se a vacância dos dois cargos 
ocorrer nos dois últimos anos do mandato, haverá uma eleição indireta, feita pelo Congresso, mas 
neste caso é exceção feita pelo próprio texto originário da CF. 
A cláusula pétrea do voto secreto refere-se apenas ao voto popular. A razão de ser é garantir 
a autonomia da vontade do eleitor, para afastá-lo das pressões sociais, políticas, econômicas, 
psicológicas e de toda sorte. Essa é a razão de ser do voto secreto como cláusula pétrea. 
O voto universal, na realidade, é uma referência ao chamado sufrágio universal. Sufrágio é o 
nome que se dá ao modo de escolha de quem será eleitor. É o modo de seleção dos eleitores. O 
sufrágio universal é aquele que veda restrições ao direito de votar de cunho discriminatório, este é 
o sentido de sufrágio universal. Sufrágio universal não é sufrágio total, isso jamais houve e jamais 
haverá, restrições ao direito de votar sempre existirão, mas não podem ter caráter discriminatório. 
As restrições devem ter por finalidade o interesse público, a preservação da soberania nacional, 
como acontece com a nossa Constituição, que prevê idade mínima para votar de 16 (dezesseis) 
anos, é porque se chegou ao entendimento de que antes dessa idade não haveria maturidade 
suficiente para o exercício dos direitos políticos, visão essa que pode até mudar no futuro. O que se 
considera restrição razoável, pode ser razoável hoje, pode não ser amanhã. Como a previsão de que 
estrangeiro não pode votar, ressalva feita ao português que vive no Brasil, em razão do disposto no 
§ 1º do art. 12 da CF, mas é exceção constitucional. No mais, estrangeiro não vota. Não é por uma 
 
 
 
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questão discriminatória, é para preservação da soberania nacional. Mas reparem que há uma 
discussão que em alguns países já tem sido objeto de polêmica, já em alguns países, lembrando da 
globalização, começam a discutir se a vedação ao voto do estrangeiro não seria hoje uma restrição 
de caráter discriminatório. Vejam que aquilo que é ou não discriminatório depende também de 
cada momento histórico. 
Também no modelo brasileiro, o conscrito não vota. Conscrito é o que exerce o serviço militar 
obrigatório, exatamente porque é obrigatório, e naquele período ele está sujeito à rigorosa 
hierarquia e disciplina militares, exatamente o que fez com que a Constituição não permitisse o 
direito de voto do conscrito. Um militar de carreira vota normalmente. É uma restrição apenas 
voltada ao conscrito. 
Então, não são restrições discriminatórias. Isso é admissível no sufrágio universal. O que não 
se admite é restrição de caráter discriminatório, como existiram nos países, inclusive, 
historicamente no Brasil, que adotaram o sufrágio restrito em suas várias modalidades, sufrágio 
censitário, sufrágio cultural, sufrágio masculino, é isso que não se tolera atualmente. 
Um exemplo que já caiu em concurso público, em prova objetiva: uma eventual emenda que 
suprimisse o direito de votar do analfabeto seria ou não inconstitucional? A previsão que tem 
prevalecido é que seria hoje restrição de caráter discriminatório, portanto, atentaria contra a 
cláusula pétrea do sufrágio universal. 
É interessante lembrar que alguns autores distinguem as expressões sufrágio universal e voto, 
afinal, sufrágio seria o mecanismo de seleção dos eleitores, e voto o instrumento para o exercício 
do poder. Alguns autores não diferenciam e a própria CF brasileira não diferenciou, tanto que no 
art. 60, § 4º fala em voto universal e no art. 14 fala em sufrágio universal. 
A última cláusula pétrea relacionada a voto é o voto periódico, a periodicidade máxima 
tolerável depende do princípio da razoabilidade. Não se pode considerar razoável uma emenda que 
estabeleça periodicidade eleitoral de 50 anos. É algo que depende da ideia de razoabilidade. 
 
- O inciso III do § 4º do art. 60 fala da cláusula pétrea da separação de poderes. Não falei em 
tripartição de poderes, falei de separação de poderes. O que a Constituição objetiva, nesse 
momento, é garantir o modelo de distinção de poderes, de distribuição das funções do Estado por 
ramos distintos do Poder Soberano do Estado brasileiro, para evitar, exatamente, a concentração 
de poderes e o Estado absoluto. Nada impede que uma emenda remaneje as competências dos 
atuaispoderes ou até amplie o número de poderes, só não pode enfraquecer a ideia da separação, 
enfraquecendo um dos três poderes, reduzindo de 3 para 2 poderes, porque aí haveria um 
enfraquecimento da ideia de separação, de descentralização. 
 
- O inciso IV: prevê como cláusula pétrea, direitos e garantias individuais, expressão que gera 
polêmica na doutrina, alguns autores entendem que é preciso interpretar esta cláusula pétrea 
como sendo direitos e garantias fundamentais, e não apenas os individuais, Paulo Bonavides segue 
essa linha, por exemplo, afinal, não teria sentido entender que a Constituição quis privilegiar 
apenas uma geração de direitos fundamentais, os direitos individuais, deixando os demais como 
direitos fundamentais de segunda classe. 
Já os que sustentam posição contrária não visualizam desta forma. Afinal, invocam o fato de 
que cláusula pétrea é norma de interpretação restritiva. Essa a divergência doutrinária quanto ao 
alcance da expressão “direitos e garantias individuais”, prevista no inciso IV, do § 4º, do art. 60 da 
CF. 
Nada impede, que uma emenda torne explícito, algo que já era considerado, mas 
implicitamente, uma cláusula pétrea. Portanto, isso também será uma cláusula pétrea, porque 
 
 
 
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PROF. PAULO ADIB CASSEB 
 
apenas foi tornado expresso na Constituição. Na realidade, o grande exemplo disso foi o que fez a 
EC/45, ao criar o inciso LXXVIII do art. 5º que prevê a celeridade processual e a razoável duração do 
processo. Não se criou algo inédito, o que emenda não pode fazer é criar algo inédito como 
cláusula pétrea. Mas o exemplo que eu citei do inciso LXXVIII do art. 5º, não foi algo inédito, isso já 
estava implícito na ideia de devido processo legal. Portanto esse inciso LXXVIII só explicitou esse 
elemento do devido processo legal, e, portanto, também é cláusula pétrea. 
 
A doutrina reconhece cláusulas pétreas implícitas. São elas: o titular do poder constituinte 
originário, o titular do poder constituinte derivado e o próprio § 4º do art. 60, senão surgiria uma 
emenda alterando o rol das cláusulas pétreas. E muitos autores entendem que todo o art. 60 é 
cláusula pétrea implícita, porque não fosse assim poderia, por exemplo, ser aprovada uma emenda 
que dissesse: doravante as próximas emendas poderão ser aprovadas em um turno em cada Casa e 
por maioria simples, identificando o processo legislativo da emenda com a da lei ordinária, 
rompendo com a ideia da rigidez constitucional e transformando a constituição em uma 
constituição flexível, rompendo e eliminando o princípio da supremacia constitucional. Portanto, é 
algo inadmissível, que não é próprio do poder de reforma. Por isso, é razoável a posição de que 
todo o art. 60 compreende cláusula pétrea implícita. 
 
E, por fim, uma divergência que ainda é remanescente na doutrina. Como fica a forma de 
governo republicana? E como fica o sistema de governo presidencialista? A Constituição brasileira 
não os coloca no rol das cláusulas pétreas expressas. E há uma divergência doutrinária. Alguns 
entendem que a forma de governo republicana e o sistema de governo presidencialista são 
cláusulas pétreas implícitas, pelos seguintes motivos: 
1. Ambos foram objetos de uma decisão popular direta no plebiscito de 1993. 
2. Quanto à república, seria uma consequência da cláusula pétrea do voto direto. Quanto ao 
presidencialismo, seria uma consequência da cláusula pétrea da separação de poderes, porque o 
parlamentarismo não é um sistema de separação e sim de cooperação de poderes. 
 
O outro lado da arena diz que não são cláusulas pétreas implícitas, até porque, mesmo que se 
considere obrigatório o resultado de um plebiscito, não há nada que imponha a sua eternização. 
Além do que, o modelo de democracia do Brasil é o da democracia semi-direta, que consagra não 
apenas a democracia direta, mas também a democracia representativa, permite, portanto, que 
representantes eleitos pelo povo possam alterar decisões, possam alterar o texto constitucional, 
desvinculados de um resultado de um plebiscito, de uma maneira tão contundente que possa ser 
eternizada. 
E em relação à república e à cláusula pétrea do voto direto, esse segmento doutrinário 
lembra que o voto direto convive perfeitamente com o modelo de monarquia constitucional 
parlamentarista, como ocorre em vários países, como Inglaterra, Espanha, Japão, Dinamarca, 
Noruega, Holanda, Bélgica entre outros. Portanto, não há uma contrariedade entre a monarquia 
parlamentarista e o voto direto, que continua existindo para a função legislativa e 
consequentemente, governamental. 
 Quanto ao sistema presidencialista, alega este ramo doutrinário que também não é cláusula 
pétrea, pois a cláusula pétrea da separação de poderes não diz respeito ao modelo de 
relacionamento entre os poderes, de maior aproximação ou de maior afastamento, mas sim à 
manutenção de um modelo de distinção de poderes, o que também existe no sistema 
parlamentarista. 
É ainda algo a se resolver no futuro. Por ora, lembrem-se, principalmente em provas de 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
PROF. PAULO ADIB CASSEB 
 
múltipla escolha, a forma de governo e o sistema de governo, pelo menos, não constam da relação 
das cláusulas pétreas do § 4º do art. 60 CF. 
 
LEI COMPLEMENTAR E LEI ORDINÁRIA 
 
A doutrina apresenta as distinções clássicas entre elas, distinção de cunho material e 
distinção de caráter formal: 
 
Distinção de caráter material: 
A Constituição reserva um campo material para a disciplina de lei complementar. A 
constituição já diz quais as matérias devem ser tratadas por lei complementar, e, portanto, o 
remanescente, cabe à atividade legislativa usual, corriqueira, cotidiana, ordinária. 
Desse modo, a produção de lei complementar resulta da atividade legislativa excepcional, 
extraordinária, enquanto que a produção da lei ordinária resulta da atividade legislativa cotidiana, 
usual, normal. 
 
Distinção de caráter formal: 
Refere-se ao quórum de aprovação. Lei complementar deve ser aprovada por pelo menos a 
maioria absoluta, ou seja, a maioria dos membros da Casa legislativa, enquanto que lei ordinária 
pode ser aprovada pela maioria simples da Casa, ou seja, pela maioria dos presentes. 
 
Uma discussão histórica sobre lei complementar e lei ordinária, refere-se à existência ou não 
de hierarquia entre elas, questão já solucionada pelo STF, que será mencionada. 
Mas na doutrina ainda existe divergência: há aqueles que entendem que não há hierarquia, 
dizem que a Constituição simplesmente “distribuiu” competências, estabeleceu as matérias que 
devem ser legisladas por uma espécie normativa, e as matérias que devem ser legisladas por outra 
espécie normativa. 
Os que sustentam a existência de hierarquia, lembram, em primeiro lugar, o motivo histórico, 
que é a origem da figura lei complementar, o Brasil importou da França, a Constituição Francesa de 
58 criou uma espécie normativa intermediária, com status de infraconstitucionalidade, mas de 
supralegalidade, que lá eles chamaram de leis orgânicas. O Brasil inspirou-se na França para adotar 
essa figura normativa, que aqui foi chamada de lei complementar. Então esse é o motivo histórico, 
existem outros também, o quórum mais rigoroso da lei complementar, denotaria a importância 
maior dessa lei, porque exatamente trataria de matéria mais importante. 
Além disso, a doutrina também lembra do parágrafo único do art. 59 CF, que prevê que lei 
complementar definirá regras sobre processo legislativo, sobre a elaboração, consolidação das leis, 
portanto, há uma lei complementar que deve ser observada por todas as demais. Seria mais um 
sinal de hierarquia. 
A doutrina realmente diverge sobre essaquestão. 
Mas no STF a matéria já foi resolvida, para o STF, não há hierarquia entre elas. Eventual 
conflito é resolvido com base na natureza da norma e não com base na hierarquia. Se o Congresso 
Nacional aprovar uma norma e batizá-la de lei complementar, então aprovando, por maioria 
absoluta, dá o nome de lei complementar, mas para tratar de matéria para a qual a CF não reservou 
lei complementar, na realidade esta lei terá natureza de lei ordinária. Portanto, esta é a posição 
firmada pelo STF. 
 
Processo legislativo das leis complementares e ordinárias: 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
PROF. PAULO ADIB CASSEB 
 
 
Como envolve a participação de dois Poderes, Legislativo e Executivo e pela complexidade de 
seus atos, a doutrina divide o processo legislativo das leis ordinárias e complementares em fases. 
 
1ª fase: fase introdutória - compreende a apresentação do projeto de lei na Casa Iniciadora, 
mas não apenas a apresentação do projeto de lei. Entendo que deve ser considerada também como 
fase introdutória, a hipótese do recebimento do projeto, tanto que o Presidente da Casa, se 
pegarem o Regimento da Câmara perceberão isso, o Presidente da Casa pode até arquivar o 
projeto, de plano, por manifesta inconstitucionalidade. Então, também compreende essa fase 
introdutória não só o ato da apresentação do projeto, mas o do recebimento do projeto, o da 
atribuição de um número ao projeto, o da publicação do projeto no jornal oficial da Casa Iniciadora. 
E quem pode apresentar projetos de lei ordinária e complementar, quem tem iniciativa 
legislativa? É o art. 61 da CF, qualquer Deputado Federal, qualquer Senador, qualquer Comissão 
Parlamentar, qualquer é qualquer de verdade, isso inclui CPI, qualquer Comissão parlamentar, seja 
da Câmara, seja do Senado, seja mista (que a CF fala Comissão do Congresso), Presidente da 
República, Supremo Tribunal Federal, Tribunais Superiores, Procurador Geral da República, e até 
qualquer cidadão. É o que se denomina de iniciativa popular, que será exercida nos termos 
previstos pela própria CF. O cidadão deverá coletar assinaturas de pelo menos 1% do eleitorado 
nacional. E essas assinaturas distribuídas em pelo menos 5 Estados da Federação e com não menos 
de 0,3% do eleitorado de cada um destes Estados. Esses os requisitos para o exercício da iniciativa 
popular. 
O STF entende que o TCU (Tribunal de Contas da União) também tem iniciativa por uma 
interpretação do art. 73 da CF, combinado com o art. 96 da CF. 
Então, esses são os que possuem iniciativa. 
Prevalece o entendimento de que os cidadãos, os Parlamentares, as Comissões 
parlamentares e o Presidente da República poderão propor projetos, apresentar projetos sobre 
quaisquer assuntos, ressalvadas as hipóteses de iniciativa exclusiva. Os demais só poderão 
apresentar projetos relacionados aos respectivos órgãos. 
Os projetos são apresentados, via de regra, à Câmara dos Deputados. Só poderão ser 
apresentados no Senado projetos de iniciativa de Senador e de Comissão do Senado. Falei “só 
poderá”, porque o Regimento da Câmara até permite que o Senador, se quiser, apresente seus 
projetos na Câmara, mas são as únicas exceções, Senador e Comissão do Senado, se quiserem, 
poderão apresentar projetos no Senado. 
Essa, portanto, a fase introdutória. 
 
2ª fase: fase principal: é a chamada fase constitutiva - recebido o projeto, ele será 
distribuído pelo Presidente da Casa às Comissões Parlamentares competentes para o exame dos 
projetos. 
Conforme o caso, o exame será feito por Comissões Permanentes, que são divididas por 
tema, por matéria, por isso são apelidadas também por Comissões Temáticas, Comissões Técnicas, 
como Comissão de Educação e Cultura, Comissão de Turismo e Desporto, entre outras. 
Conforme o caso, o projeto será examinado não por uma Comissão Permanente, mas por 
uma Comissão Temporária, convocada especialmente para isso, como ocorre com projetos de 
Código. 
Em geral, em princípio, as Comissões Parlamentares estudam, examinam os projetos, podem 
convocar audiência pública para ouvir especialistas na matéria, debatem e emitem um parecer. 
Em seguida, o projeto é remetido, com o parecer, ao Plenário da Casa, para discussão e 
 
 
 
 8 
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votação. Se for projeto de lei ordinária, aprovado por maioria simples, lei complementar, maioria 
absoluta. 
Mas esse trajeto pode ser encurtado, conforme autoriza o art. 58 da CF, § 2º, I, nos casos em 
que não são vedados, a própria Comissão Parlamentar já poderá votar o projeto, em caráter final, 
de forma conclusiva, sem remetê-lo, posteriormente, ao plenário da Casa, é o que se denomina 
delegação interna corporis, aquilo que caberia em princípio, ao plenário, é exercido pela Comissão 
Parlamentar. 
Só nesses casos haverá apreciação plenária posterior se for deferido recurso interposto por 
pelo menos 1/10 dos membros da Casa legislativa, pedindo apreciação plenária, senão termina na 
comissão parlamentar. É sempre bom lembrar que entre os casos vedados, em que não se admite a 
delegação interna corporis encontram-se para projeto de lei complementar e projeto de Código, 
entre outros. Alguns estão expressos na Constituição, até em razão de quórum, por referência a 
votos do plenário, e a maioria dos casos está em Regimento da Câmara e do Senado. 
Rejeitado o projeto, seja pelo plenário, seja de forma definitiva pela Comissão, o projeto é 
arquivado, e um novo projeto sobre o mesmo assunto só poderá ser apresentado na mesma sessão 
legislativa se for subscrito pela maioria absoluta da Câmara ou do Senado, senão, só poderá ser 
apresentado na sessão legislativa seguinte, no ano seguinte (art. 67 CF). 
Se a Casa iniciadora aprovar o projeto, ele é remetido para revisão, para a Casa revisora, 
nesta, as mesmas etapas se repetem. Se prevalecer a rejeição, o projeto será arquivado e deve ser 
observado também o art. 67 da CF. 
Se for aprovado na íntegra, sem alterações, a Casa revisora remete o projeto ao Presidente da 
República e se for aprovado com alterações, a Casa revisora devolve o projeto à casa iniciadora, que 
deliberará apenas sobre as emendas feitas pela revisora, não pode inovar, mas se quiser pode 
afastar todas as emendas da revisora. Prevalecerá a decisão da Casa iniciadora, que, na sequência, 
remete o projeto ao Presidente da República. Temos aqui, portanto, um bicameralismo não 
igualitário, diferentemente do que vimos no processo legislativo das emendas. 
Esta apreciação legislativa poderá sujeitar-se a procedimento de urgência. A Constituição faz 
referência a um deles, no art. 64, casos de projeto de iniciativa do Presidente da República, ele 
pode solicitar urgência. É o que se denomina urgência constitucional ou procedimento sumário. 
Fala-se solicitar, mas na realidade, no momento em que o Presidente requer urgência, já é 
implementada a urgência. E aí o que acontece nesse procedimento de urgência? Câmara e Senado 
terão, cada qual, 45 (quarenta e cinco) dias para a conclusão da deliberação. E a Casa Iniciadora 
ainda mais 10 (dez) dias para apreciar as emendas da revisora. É esta a figura do procedimento de 
urgência. Não são suprimidas etapas, há redução de prazos. Essa é a característica do procedimento 
de urgência. Esses prazos não são computados no recesso e esse procedimento não se aplica a 
projeto de Código. 
E se esses prazos forem descumpridos? Haverá trancamento de pauta da Casa que estiver 
com o projeto e então as demais deliberações ficam sobrestadas, salvo aquelas sujeitas a prazo de 
deliberação constitucionalmente fixado, como ocorre com medida provisória. 
Existem outras hipóteses de procedimento de urgência, mas por previsão regimental, não por 
previsão constitucional.Concluída a apreciação legislativa, caberá ao Presidente da República manifestar-se, em razão 
do sistema de freios e contrapesos. Se o Presidente concordar com o projeto, sanciona, e prevalece 
o entendimento de que a sanção presidencial provoca o surgimento da lei. Ela ainda não tem 
vigência, mas deixa de ser projeto e surge a lei. 
Na sequência, o Presidente promulgará a lei e determinará a sua publicação. Se o Presidente 
não se manifestar no prazo de quinze dias úteis do recebimento do projeto, presume-se que ele 
 
 
 
 9 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
PROF. PAULO ADIB CASSEB 
 
tenha sancionado. É a sanção tácita. E o Presidente terá que em 48 (quarenta e oito) horas 
promulgar a lei, se não o fizer em 48 horas, caberá ao Vice Presidente do Senado. 
Como a não manifestação do Presidente pressupõe sanção, todo veto deve ser expresso, no 
prazo mencionado a pouco. O veto presidencial pode ser parcial ou total. Mas o veto parcial deve 
abranger, necessariamente, a íntegra de um parágrafo, de inciso ou alínea. Não se admite 
mutilação de frases, conforme determinou a CF/88, no seu art. 66. Antes da CF era muito comum. 
Vocês podiam pegar uma lei anterior a 88 e estar lá no meio da frase, entre parênteses, “vetado”, e 
depois a frase continuava. Agora isso não pode mais, ou o Presidente deixa como está ou veta o 
inciso na íntegra, ou o parágrafo na íntegra, ou a alínea na íntegra. 
É bom lembrar que a CF não fala em veto parcial de caput de dispositivo. Não fala porque, em 
geral, ao suprimir o caput, o restante do dispositivo perderia sentido, por isso que a constituição 
não faz referência, mas isso não significa que isso não seria possível, desde que o restante do 
dispositivo não perca o sentido. 
E a lei do habeas data nos dá um exemplo importante: peguem o art. 1º da Lei do habeas 
data, a Lei 9.507/97- Caput – vetado. E o parágrafo que define o que é banco de dados de caráter 
público. 
Todo veto deve ser motivado e o Presidente envia ao Presidente do Senado, em 48 horas, as 
justificativas do veto, estas podem ser de ordem política e de ordem jurídica. 
a) de ordem jurídica: é a alegação de inconstitucionalidade do projeto; 
b) de ordem política: é a alegação de contrariedade ao interesse público. 
E mais: todo veto é relativo, porque pode ser derrubado posteriormente pelo Congresso. O 
veto presidencial deve ser apreciado posteriormente pelo Congresso Nacional, no prazo de 30 dias, 
em sessão conjunta, e só poderá derrubá-lo pelo voto da maioria absoluta, em escrutínio que não 
é mais secreto, mas a maioria absoluta dos Deputados e maioria absoluta dos Senadores. O voto é 
aberto, não é mais secreto, conforme emenda constitucional 76/2013. 
A não-deliberação no prazo de 30 dias provoca trancamento de pauta. 
Derrubado o veto, surge a lei, que será promulgada pelo Presidente da República, em 48 
horas, se não o fizer, o Presidente do Senado em 48 horas; e por último, o vice-presidente do 
Senado. 
A doutrina considera que a terceira fase do processo legislativo, chamada de fase 
complementar, abrange exatamente a promulgação e a publicação da lei. 
Essas as regras do processo legislativo das leis complementares e ordinárias. 
 
LEI DELEGADA (art. 68 da CF) 
 
A lei delegada é editada pelo Presidente da República, função atípica do Poder Executivo. 
É editada pelo Presidente da República, mas mediante autorização do Congresso Nacional. 
Sempre que o Presidente quiser legislar sobre determinado tema, ele solicita ao Congresso 
Nacional, no Congresso Nacional convoca-se uma Comissão parlamentar mista, para examinar o 
pedido presidencial, se o parecer for favorável à solicitação presidencial, prepara-se e apresenta-se 
um projeto de resolução, visando à delegação legislativa. 
Esta resolução, que autoriza o Presidente a legislar, fixará limites para o Presidente tratar da 
matéria e um prazo para que o Presidente faça a lei delegada. Então, publicada a resolução do 
congresso, caberá ao Presidente da República fazer a lei delegada e aí ele promulga e publica, não 
devolve ao congresso. 
Se, eventualmente, ele excedeu-se, se ele contrariou os limites impostos pelo Congresso, ou o 
prazo fixado pelo Congresso, este poderá sustar essa lei delegada, aprovando, para tanto, um 
 
 
 
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PROF. PAULO ADIB CASSEB 
 
decreto legislativo. 
Esse é o procedimento típico da lei delegada. 
 
Há um procedimento atípico da lei delegada, previsto no § 3º do art. 68 da CF. Nesse caso, o 
Congresso opta por autorizar não a elaboração da própria lei delegada, mas do projeto de lei 
delegada. A resolução do Congresso autoriza o Presidente a elaborar o projeto de lei delegada. O 
Presidente faz o projeto de lei delegada e o remete ao Congresso e o Congresso Nacional decide se 
aprova ou rejeita, em votação única, sem a possibilidade de emendá-lo. Então, é o que se pode 
chamar de lei delegada anômala. 
 
A Constituição prevê as matérias que não podem ser objeto de lei delegada. Dispõe o art. 68 
da CF que: “As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a 
delegação ao Congresso Nacional. 
§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso 
Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria 
reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: 
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus 
membros; 
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; 
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. 
§ 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso 
Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. 
§ 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará 
em votação única, vedada qualquer emenda”. 
 
Costuma ser pegadinha em primeira fase: Lei delegada não pode tratar de nacionalidade, de 
direitos individuais, direitos políticos, direitos eleitorais; não pode tratar de poder judiciário, 
Ministério Público, sua organização, garantias e carreira de seus membros; não pode tratar de 
matéria orçamentária, de diretrizes e bases, de plano plurianual, de lei orçamentária; não pode, são 
essa restrições. Sempre colocam “direitos individuais”. 
A lei delegada está em desuso, a última editada foi ainda pelo ex-presidente Collor. Na 
realidade, o que pretendeu a Constituição foi conferir um instrumento legislativo ao poder 
executivo para períodos de normalidade, sem emergência. Seria a lei delegada, e previu um 
mecanismo para ser usado em situações de urgência e relevância, que na verdade só esse 
mecanismo é que tem sido usado, que é a medida provisória. 
 
MEDIDA PROVISÓRIA (art. 62 CF, com redação dada pela EC/32, promulgada em 11 de 
Setembro de 2001) 
 
Medida provisória é ato normativo editado pelo Presidente da República, apenas em casos de 
urgência e relevância. 
Tem força de lei e eficácia imediata. 
O STF tem entendido que cabe ao Presidente da República identificar a urgência e relevância, 
os pressupostos da MP. Isso depende do poder discricionário do Presidente. 
Entretanto, como já caiu em prova, excepcionalmente, poderá ser admitido o controle judicial 
desses pressupostos, nas hipóteses de abuso do poder de legislar e desvio de finalidade. 
Outra coisa importante: o STF entende que governador poderá editar MP, se houver expressa 
 
 
 
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previsão na respectiva Constituição estadual. Se a Constituição adotar a medida provisória, deverá,por simetria, seguir o modelo federal. Posição do STF resolvida. 
Quanto a prefeito, a doutrina entende que Prefeito também poderá editar medida provisória, 
se houver previsão expressa na Lei Orgânica do respectivo município. Segundo alguns autores, 
deverá também existir previsão na Constituição do Estado em que o Município se situa. 
Enfim, a medida é provisória porque ela tem vigência por apenas 60 (sessenta) dias. Nesse 
período ela deve ser apreciada pelo Congresso Nacional, se este não concluir sua apreciação nesse 
período, haverá uma única prorrogação da vigência da medida provisória, por mais 60 (sessenta) 
dias. Essa prorrogação é automática e será comunicada, por ato formal do Presidente da Mesa do 
Congresso. Esses prazos não são computados durante o recesso. 
Como eu havia dito, cabe ao Congresso examinar a medida provisória, pois se o Congresso, 
durante a vigência da MP, examiná-la, votá-la e aprová-la, a MP é convertida em lei, entenda-se, 
em lei ordinária, porque MP não pode tratar de matéria de lei complementar. 
Se o Congresso votar e rejeitar a MP, ela perderá eficácia, temos, aí, a rejeição expressa. Mas 
se o Congresso não concluir a apreciação da MP durante a vigência da medida provisória, já 
incluindo aí a prorrogação, a MP perderá a eficácia por decurso de prazo, é o que se denomina 
rejeição tácita. 
A perda da eficácia da medida provisória, seja em razão de rejeição tácita, seja em razão de 
rejeição expressa, a perda da eficácia opera-se retroativamente, ex tunc, ela perde a eficácia desde 
a data da publicação da MP. 
E como ficam as relações jurídicas que a MP criou durante a sua vigência? 
Caberá ao Congresso discipliná-las, por meio de um decreto legislativo. Se esse decreto 
legislativo não for editado em até 60 (sessenta) dias, contado da rejeição tácita ou expressa, a 
medida provisória rejeitada ressurgirá, para reger aquelas relações jurídicas que ela havia criado 
durante a sua vigência, e apenas aquelas relações jurídicas, até que o Congresso aprove o decreto 
legislativo. 
Essa situação curiosa foi criada pela EC32/01. 
Obs: §10 do art. 62 CF trata de reedição de medida provisória e diz o seguinte (cuidado, pois 
já caiu diversas vezes em primeira fase): é vedada a reedição de medida provisória na mesma 
sessão legislativa. Repito: é vedada, na mesma sessão legislativa, a reedição de medida provisória, 
rejeitada tácita ou expressamente. Portanto, a vedação refere-se apenas à mesma sessão 
legislativa. 
A EC32 ainda estabeleceu que as medidas provisórias editadas antes de sua promulgação, da 
promulgação dessa emenda, permanecem vigentes por prazo indeterminado, até que sejam 
expressamente revogadas por outras medidas provisórias, ou apreciadas definitivamente pelo 
Congresso Nacional, temos aí uma figura também curiosa, que o STJ denominou de fenômeno da 
perenização de medida provisória. 
E o processo legislativo da medida provisória, como funciona? 
Logo após editá-la, o Presidente remete a MP ao Congresso Nacional. No Congresso Nacional 
convoca-se uma Comissão Parlamentar mista, que deverá fazer um parecer sobre a medida 
provisória, parecer opinativo, envolvendo análise da constitucionalidade, dos pressupostos da 
urgência e relevância, do mérito da medida provisória, de sua adequação financeira e 
orçamentária. Aprova um parecer e aí encaminha ao plenário da Câmara dos Deputados. 
É interessante lembrar que durante muito tempo essas Comissões não eram instaladas e 
convocava-se um parlamentar para redigir o parecer, em substituição à Comissão. Até que, em 
2012, o STF declarou a inconstitucionalidade desta postura procedimental do Legislativo, 
determinando que realmente deveria ser convocada e instalada essa Comissão Parlamentar mista 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
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para a preparação deste parecer. 
A medida provisória, na sequência, será examinada pelos plenários da Câmara e do Senado, 
sempre nesta ordem. Preliminarmente os plenários podem rejeitar a medida provisória, por 
inconstitucionalidade, inclusive por ausência dos pressupostos da urgência e relevância. 
Se a apreciação legislativa não for concluída em 45 (quarenta e cinco) dias contados da 
publicação da MP, sua tramitação entrará em regime de urgência, o que significa, que haverá 
trancamento de pauta e as deliberações legislativas serão suspensas. 
Segundo ato vigente a partir de uma resolução da Câmara, a postura começou na Câmara dos 
Deputados, só haverá trancamento de pauta para projetos de lei ordinária. Para o resto não tranca 
a pauta. Foi a interpretação dada pelo Legislativo. Proposta de emenda passa, projeto de lei 
complementar passa. Trancamento de pauta só para projetos de lei ordinária, por enquanto. Essa é 
a interpretação que por enquanto prevalece. 
É interessante lembrar que esse prazo não se confunde com o prazo de vigência da medida 
provisória, uma coisa é o prazo de vigência da medida provisória, 60 dias que pode ser prorrogado 
por mais 60. Outra coisa é esse prazo de 45 dias corridos da publicação da MP, cujo 
descumprimento, não afeta a vigência da MP, provoca apenas trancamento de pauta, gera apenas 
esse procedimento de urgência no Legislativo. 
Se Câmara e Senado aprovarem a MP na íntegra, sem alterações, surge a lei que será 
promulgada pelo Presidente da Mesa do Congresso. 
Mas se Câmara ou Senado apresentarem alterações, a MP passa a ser considerada, projeto de 
lei de conversão e seguirá, em boa parte, a tramitação própria do processo legislativo comum, 
contando, inclusive, com sanção e veto do Presidente da República e se surgir a lei, nesse caso, a 
promulgação caberá ao Presidente da República. 
É interessante que nessa situação diz a Constituição: aprovado o projeto de lei de conversão 
pelo Congresso Nacional, enquanto estiver pendente o projeto de sanção ou veto presidencial, 
permanecerá vigente o texto originário da medida provisória. Portanto, temos aí uma hipótese de 
medida provisória que pode durar além dos 120 dias. Imagine que o Congresso Nacional leve os 120 
dias para terminar a apreciação da MP. E aí manda ao Presidente da República. Este tem um prazo 
para vetar ou sancionar. O veto depois tem que ser discutido pelo Congresso. Nesse período, 
permanece vigente a medida provisória com sua redação original. 
Esse o processo legislativo da medida provisória. 
 
Lembrem-se também das matérias que não podem ser objeto de medida provisória, 
lembrem-se do art. 62 CF, o que não pode ser objeto de medida provisória, matéria reservada a lei 
complementar, nacionalidade, cidadania, direitos políticos, direito eleitoral, partidos políticos, 
direito penal, direito processual civil, processual penal, matéria orçamentária, ressalvada a hipótese 
de créditos extraordinários, nos termos do art. 167, § 3º da CF, organização do Judiciário, do 
Ministério Público, carreiras e garantias de seus membros, não pode determinar sequestro nem 
detenção de bens, poupança popular e qualquer outro ativo financeiro, não pode tratar de matéria 
que é objeto de um projeto aprovado pelo Congresso e que aguarda sanção ou veto presidencial e 
mais, o art. 246 da CF, leiam com atenção, medida provisória não pode ser editada para 
regulamentar norma constitucional que tenha sido emendada entre 1º de Janeiro de 95 e 11 de 
Setembro de 2001, que é a data da promulgação da emenda 32. 
 
DECRETO LEGISLATIVO 
 
Não confundir com o decreto-lei, que era editado pelo Presidente da República e foi 
 
 
 
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substituído pela medida provisória, pela CF/88. 
Decreto legislativo é ato do Congresso Nacional, editado com duas finalidades. Primeira delas 
está prevista na Constituição, para regularas relações jurídicas criadas por medida provisória 
rejeitada tácita ou expressamente. Essa a finalidade constitucional do decreto legislativo. 
A segunda é o regimento do Congresso que indica, cabe ao decreto legislativo, é por meio de 
decreto legislativo que o Congresso Nacional exerce suas competências exclusivas previstas no art. 
49 da CF: aprecia tratados internacionais, autoriza o Presidente da República a permanecer por 
mais 15 dias fora do país, autoriza a declaração de guerra ou paz pelo Presidente da República, 
nomeia dois terços do TCU, fixa os subsídios do Presidente da República, Vice, Ministro de Estado, 
fixa idênticos subsídios para Deputados Federais e Senadores, autoriza estado de sítio, aprova a 
intervenção federal, estado de defesa, convoca plebiscito, autoriza referendo, julga anualmente as 
contas do Presidente da República, fiscaliza os atos do Poder Executivo, suspende os atos do 
Executivo que extrapolam os limites da delegação legislativa e de seu poder regulamentar, aprova a 
outorga e a renovação da concessão de serviços de rádio e difusão de sons e imagens para 
emissoras de TV e rádio, entre outras matérias. 
O projeto de decreto legislativo deve ser aprovado pela Câmara e pelo Senado e é 
promulgado pelo Presidente do Congresso Nacional. 
O quórum, se não houver previsão, é a regra geral do art. 47 da CF, quórum de aprovação, 
maioria simples. 
Lembrando que pode existir previsão em sentido contrário. 
Decreto legislativo para aprovação de estado de defesa ou autorização de estado de sítio, a 
própria Constituição diz que é maioria absoluta. 
Lembrando, o Presidente da República não participa do processo legislativo do Decreto 
legislativo, que é ato do Congresso Nacional. 
 
RESOLUÇÃO 
 
A resolução mencionada no art. 59 é a resolução do Legislativo, não se confunde com 
homônimos, atos de outros órgãos e de outros Poderes que tenham o mesmo nome. 
A referência aí no art. 59 é a resolução do Poder Legislativo. 
A resolução pode ser editada pelo Congresso Nacional, como também separadamente pela 
Câmara e pelo Senado. 
Serve, principalmente, para que o Congresso e suas casas se organizem internamente, 
disciplinem o seu funcionamento, a sua gestão interna. 
Portanto, via de regra, o papel principal de uma resolução seria ter efeito interno, sendo 
instrumento de autogestão do Congresso e de suas casas. 
Mas será utilizada também nas hipóteses que a CF determina e, portanto, poderá ter efeitos 
externos, fora dos limites do legislativo. 
A resolução é usada pela Câmara e pelo Senado, para o exercício de suas competências 
privativas do art. 51 e do art. 52 da CF, além dos casos previstos pela Constituição, como resolução 
do Congresso, que autoriza o Presidente a elaborar lei delegada, como resolução do Senado, que 
fixa alíquotas de ICMS em certas operações, conforme preceitua o art. 155, § 2º, inciso V, alíneas a 
e b da CF. 
Então aí são finalidades que a própria Constituição atribuiu à resolução, sem contar a 
finalidade que os regimentos atribuem. São os regimentos que dizem que Câmara e Senado 
editarão resoluções para o exercício de suas competências privativas dos arts. 51 e 52. 
 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
PROF. PAULO ADIB CASSEB 
 
 
→ Resolução do Congresso o processo legislativo é bicameral. 
→ Resolução só da Câmara, só a Câmara aprova. 
→ Resolução do Senado, só o Senado aprova. 
 
Isso é óbvio, mas é bom mencionar porque já caiu em prova oral de concurso, se existe 
alguma espécie normativa que não está sujeita a um processo legislativo bicameral? A única 
possibilidade é a resolução. Resolução do Congresso é bicameral, o processo legislativo. Mas 
resolução só da Câmara e só do Senado? Aí o processo legislativo é unicameral. 
 
Quanto ao quórum de aprovação também, se não houver previsão constitucional específica, 
regra geral do art. 47, aprovada por maioria simples. Mas, por vezes, há previsão constitucional 
expressa. Vejam o art. 155, § 2º, inciso V, alíneas a e b da CF: prevê resolução do Senado ora 
aprovada por maioria absoluta, ora por dois terços. 
Então aí estão as espécies normativas bem como o processo legislativo de cada uma delas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PERGUNTAS: 
 
1) Quais são as limitações formais às emendas constitucionais? 
2) Quais são as limitações circunstanciais às emendas constitucionais? 
3) Quais são as limitações materiais às emendas constitucionais? 
4) O que são cláusulas pétreas? 
5) Qual a diferença entre lei complementar e lei ordinária? 
6) Explique a fase introdutória do processo legislativo. 
7) Explique a fase constitutiva. 
8) O que é procedimento de urgência? 
9) Explique a publicação, sanção e veto. 
10) É possível veto parcial? 
11) É possível veto tácito? 
12) O veto pode ser derrubado? 
13) O que é lei delegada? 
14) Quais as matérias que não podem ser objeto de lei delegada? 
15) O que é medida provisória? Quais seus requisitos? 
16) Os requisitos da medida provisória podem ser apreciados pelo poder judiciário? 
17) É possível medida provisória estadual ou municipal? 
18) Explique o procedimento da medida provisória. 
19) Qual a consequência da rejeição da medida provisória? 
20) A medida provisória rejeitada pode ser reeditada? 
21) O que é o fenômeno da perenização da medida provisória? 
22) Como é o processo legislativo da medida provisória? 
23) Quais as matérias que não podem ser objeto de medida provisória? 
24) O que é decreto legislativo? 
25) Quando é cabível o decreto legislativo? 
26) Qual o procedimento de aprovação do decreto legislativo? 
27) O que é resolução do poder legislativo? Quais suas modalidades? Sujeita-se ao processo 
legislativo bicameral? Qual o quórum de aprovação?

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