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Direito Societário apresentação do programa

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Direito Empresarial II
Direito Societário
Prof. Carlos Gianfardoni
E-mail: cgianfardoni@uol.com.br
Direito Empresarial II
Mini-currículo
Carlos Gianfardoni – Advogado regularmente inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção São Paulo, sob o nº 96.337, com atuação na defesa de Crimes Empresariais (Sonegação Fiscal, Lavagem de Capitais, Falência, Fraude a Licitação, Fraude a Execução, Recuperação Judicial) e Tribunal do Júri; Professor de Direito Penal, Direito Processual Penal, Procedimento Tributário (Pós Lato Sensu - USCS) e Direito Internacional e Empresarial (Graduação USCS); Pós-graduado em Criminologia; Pós-graduado em Direito Tributário, Mestrando em Educação.
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Avaliações:
P1 – semana de 20 a 23 de setembro;
Avaliação – semana de a 18 de novembro;
P2 – semana de 22 a 11 de novembro;
P3 – semana de 06 a 09 de dezembro.
Todas as avaliações serão compostas de 50% questões de testes e 50% de questões dissertativas.
Direito Empresarial II
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1 TEORIA GERAL DO DIREITO SOCIETÁRIO
Conceito de Sociedade Empresária
Personalização
Teoria da desconsideração da personalidade jurídica
Classificação quanto
à responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais
ao regime de constituição e dissolução
às condições de alienação da participação societária
Direito Empresarial II
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
2 CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES CONTRATUAIS
Natureza do ato constitutivo da sociedade contratual
Requisitos de validade do contrato social
Cláusulas contratuais
Forma e alteração do contrato social
Direito Empresarial II
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
3 SÓCIO DA SOCIEDADE CONTRATUAL.
Regime jurídico do sócio da sociedade contratual
Exclusão de sócio
 
4 SOCIEDADES CONTRATUAIS PERSONIFICADAS
 
Sociedade simples
Sociedade em nome coletivo
Sociedade em comandita simples
Sociedade limitada
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
7 CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE ANÔNIMA
Requisitos Preliminares
Modalidades de Constituição
Providências Complementares
8 CAPITAL SOCIAL E SUA DIVISÃO EM AÇÕES
 
Os bens e os créditos
Aumento e diminuição do Capital Social
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
9 VALORES MOBILIÁRIOS
A ação
Debêntures
Partes Beneficiárias
Bônus de Subscrição
Nota Promissória - Commercial Paper
Recibos de Depósito Brasileiros
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
10 O ACIONISTA
Direitos e deveres
Acionista controlador
 
11 OS ÓRGÃOS SOCIAIS
 
Assembleia Geral
Conselho de Administração
Diretoria
Conselho Fiscal
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
12 OUTROS TEMAS ACERCA DA S/A
A S/A DE CAPITAL AUTORIZADO. AS EMPRESAS MISTAS. TRANSFORMAÇÃO, INCORPORAÇÃO, FUSÃO E CISÃO. 
DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO. GRUPOS DE SOCIEDADE E CONSÓRCIO. SOCIEDADE SUBSIDIÁRIA INTEGRAL. SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES.
Direito Empresarial II
BIBLIOGRAFIA
BÁSICA 
ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das Sociedades Comerciais: Direito de Empresa. 20.ed. São Paulo : Saraiva, 2012. 
 
COELHO, Fábio Ulhôa. Curso de Direito Comercial: Direito de Empresa . Vol. 2 - 16. ed. - São Paulo : Saraiva, 2012. 
 
NEGRÃO, Ricardo. Direito Empresarial - Estudo Unificado. São Paulo : Saraiva, 2008.
Direito Empresarial II
1 TEORIA GERAL DO DIREITO SOCIETÁRIO
A identificação das estruturas fundamentais das sociedades empresariais é feita com base nas noções de pessoas jurídicas e de exercício da atividade empresarial. 
Direito Empresarial II
Pessoas jurídicas
Explica Coelho que pessoa jurídica é um expediente do direito criado para facilitar a disciplina de certas relações entre os indivíduos e a sociedade. A pessoa jurídica não existe fora do direito, ou seja, fora dos conceitos tecnológicos típicos e compartilhados entre os membros da comunidade jurídica.
De Plácido e Silva define pessoa jurídica como a expressão adotada em oposição à pessoa natural para indicar uma individualidade jurídica empregada para designar as instituições, as corporações, as associações e as sociedades que, em decorrência ou por determinação da lei, se personalizam, ganham individualidade própria para constituírem uma entidade jurídica diferente das pessoas que a formam ou a compõem.
Direito Empresarial II
Pessoas jurídicas
O significado de jurídica é uma decorrência de sua encarnação da lei. Quando não é a pessoa jurídica inteiramente criada pela lei, ela adquire vida ou existência legal somente quando cumpre as determinações legais.
A pessoa jurídica surge quando o próprio Direito lhe confere a existência, criando-se-lhe ou confirmando a sua existência. O Direito determina ou dá vida a estas entidades formadas pela agremiação de pessoas físicas, homens ou mulheres, pela patrimonização de bens, ou para realizar, segundo as circunstâncias, realizações do próprio Estado.
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Pessoa é o homem ou a mulher ou toda a instituição ou organização, personalizada, legalmente, para cumprir finalidades do Direito ou fins desejados por seus instituidores.
A qualificação de pessoa natural ou pessoa jurídica decorre da necessidade de especialização, ou seja, de acordo com a matéria de que é composta ou constituída a pessoa, haverá distinção entre as duas espécies.
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Nas instituições, corporações, associações, ou sociedades, o fato de que decorre a personalização ou individualização é legal, é jurídico, pois que se funda no Direito. A expressão jurídica integra este sentido. Jurídico é tudo o que se origina do Direito ou que nele se funda. É o legal, o aprovado, o instituído ou confirmado por lei. 
Na literatura jurídica, também são usadas expressões, em substituição, ao significado de pessoa jurídica: pessoa moral, pessoa social, pessoa coletiva, pessoa fictícia, pessoa civil, pessoa legal, pessoa universal, pessoa incorpórea e pessoa de existência ideal.
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As pessoas jurídicas são representadas pelas pessoas naturais. A representação, em regra, é dita de delegação por ser distinta, em sua formação e exercício, do mandato comum.
A representação da pessoa jurídica de Direito Privado, será determinada por seus estatutos e contratos.
 As pessoas jurídicas de Direito Privado são constituídas legalmente quando inscritas no ofício público competente.
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As pessoas jurídicas são representadas pelas pessoas naturais. A representação, em regra, é dita de delegação por ser distinta, em sua formação e exercício, do mandato comum.
A representação da pessoa jurídica de Direito Privado, será determinada por seus estatutos e contratos.
 As pessoas jurídicas de Direito Privado são constituídas legalmente quando inscritas no ofício público competente.
Daí data o nascimento, que as investe na personalidade civil ou as torna uma individualidade jurídica.
A extinção das pessoas jurídicas de Direito Privado se dá pela sua dissolução, voluntária ou forçada, sendo esta por força de lei e a primeira quando por deliberação válida de seus componentes.
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Os artigos 40 a 69 do Código Civil disciplinam as pessoas jurídicas no direito brasileiro. As pessoas jurídicas podem ser pessoas de direito público, interno ou externo, e de direito privado.
As pessoas jurídicas de direito público interno são a União, os Estados, O Distrito Federal e os Territórios, os Municípios, as autarquias e as associações publicas, além das demais entidades de caráter público criadas por lei.
As pessoas jurídicas de direito público que forem criadas com estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas do Código Civil.
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Já as pessoas jurídicas de direito privado são:
 as associações; 
as sociedades; 
as fundações, 
as organizações religiosas; 
os partidos políticos e;
 as empresas individuais de responsabilidade limitada.
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As pessoas jurídicas de direito
público gozam de posição jurídica distinta decorrente da preponderância do interesse público tutelado pelo Poder Público, pelo Estado. 
As pessoas jurídicas de direito privado são tratadas de forma isonômica, ou seja, são consideradas com igualdade perante a lei.
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2-Conceito de Sociedade Empresária.
O contrato de sociedade é a convenção por via da qual duas ou mais pessoas se obrigam a conjugar seus serviços, esforços, bens ou recursos para a consecução de fim comum e partilha, conforme o estipulado no estatuto social, dos resultados entre si, obtidos com o exercício de atividade econômica continua, que pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. MARIA HELENA DINIZ. CODIGO CIVIL ANOTADO.
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Conceito de Sociedade Empresária.
Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados (CC, art. 981, caput).
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Conceito de Sociedade Empresária.
Existem duas espécies de sociedades, a simples e a empresária. 
A sociedade simples é a pessoa jurídica que realiza atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa (CC, art. 966, parágrafo único). 
Mas, cabe dizer que a sociedade de natureza simples não tem seu objeto restrito às atividades intelectuais. Enunciado n. 196 do Conselho da Justiça Federal, aprovado na III Jornada de Direito Civil.
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Conceito de Sociedade Empresária.
Sociedade empresária é aquela pessoa jurídica que visa ao lucro ou ao resultado econômico, mediante exercício habitual de atividade econômica organizada como a exercida por empresário, sujeito a registro (CC, art. 967), com o escopo de obter a produção ou circulação de bens ou de serviços no mercado(CC, art. 966). 
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Conceito de Sociedade Empresária.
É pessoa jurídica de direito privado não-estatal, que explora empresarialmente seu objeto social ou forma de sociedade por ações. FABIO ULHOA COELHO. MANUAL DE DIREITO COMERCIAL.
O Código Civil assenta no art. 982 a distinção entre as duas sociedades, estabelecendo como sociedade empresária àquela que tiver por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro e simples quem não explorar o seu objeto social com empresarialidade.
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São sociedades empresárias: 
em nome coletivo, 
sociedade em comandita simples, 
sociedade em comandita por ações, 
sociedade limitada e;
 sociedade anônima ou por ações. 
Mas, as sociedades por ações serão sempre sociedades empresárias e as cooperativas sempre serão sociedades simples (CC, art. 982, parágrafo único). 
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Decerto, a natureza de sociedade simples da cooperativa, por força legal, não a impede de ser sócia de qualquer tipo societário, tampouco de praticar ato de empresa. Enunciado 207 do Conselho da Justiça Federal, aprovado na III Jornada de Direito Civil.
A sociedade simples não pura (Termo usado por Maria Helena Diniz) se constitui de conformidade com um desses tipos acima indicados, será sociedade simples pura se não se constituir nos moldes desses tipos de sociedades, não alterando o caráter da sociedade simples, pois, a opção pelo tipo empresarial não agasta a natureza simples da sociedade, posto isto, fundamentado no princípio da autonomia contratual encabeçado no art. 170 da CRFB (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL). Enunciado n. 57 aprovado na Jornada de Direito Civil.
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PERSONALIZAÇÃO DA SOCIEDADE.
A sociedade se constitui mediante inscrição do ato constitutivo no registro competente e, quando necessário, precedida de autorização ou aprovação pelo Poder Executivo, com a observância dos requisitos arrolados no art. 46 do CC.
A sociedade simples se dá mediante contrato social escrito, particular ou público, contendo todos os elementos encontrados nos incisos do art. 997 do CC.
Direito Empresarial II
PERSONALIZAÇÃO DA SOCIEDADE.
Junto desse virá o pedido de inscrição, a procuração e autorização do Poder Executivo, se houver (CC, art. 997, § 1º).
A sociedade deverá requerer, no prazo de trinta dias após a sua constituição, a inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas no local da sua sede (CC, art. 998), a falta do registro do contrato social ou de alteração versando sobre matéria referida no art. 997, conduzem a aplicação das regras das sociedades comuns (CC, art. 986). Enunciado n. 383 da IV Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal.
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PERSONALIZAÇÃO DA SOCIEDADE.
O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária (CC, art. 1.150).
Nas sociedades, o registro observará a natureza da atividade (empresária ou não – art. 966); as demais questões seguem as normas pertinentes ao direito societário adotado (CC, art. 983). São exceções as sociedades por ações e as cooperativas, diante do exposto no art. 982, parágrafo único.Enunciado n. 382 da IV Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal.
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PERSONALIZAÇÃO DA SOCIEDADE.
Nos casos de sociedades rurais, ou seja, cujo objeto social é voltado ao cultivo, desenvolvimento agrário, há a equiparação da sociedade rural à empresária desde que constituída ou transformada segundo os tipos regulados nos art. 1.039 a 1.092 do CC, nos termos do art. 984.
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CONSEQUÊNCIAS DA PERSONALIZAÇÃO.
Segundo Fabio Ulhoa Coelho.
Titularidade negocial, a sociedade é pessoa jurídica, sujeita de direito, personalizada e capaz, assim a sociedade responderá por todos os negócios jurídicos realizados pelos sócios em nome dela. CC, art. 47: Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo.
Titularidade processual possibilita a pessoa jurídica a ser demandada e demandar em juízo. Logo, é a sociedade que detém capacidade processual, sendo ela citada pelo seu representante legal. O Código de Processo Civil, em seu art. 12, inciso VI, estabelece a representação em juízo, ativa e passivamente, das pessoas jurídicas por quem o estatuto designar, ou na ausência desse, pelos diretores.
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CONSEQUÊNCIAS DA PERSONALIZAÇÃO.
Segundo Fabio Ulhoa Coelho.
Responsabilidade patrimonial, o patrimônio da sociedade é inconfundível e incomunicável, o que significa dizer que os bens dos sócios não serão excutidos pelas dívidas da sociedade. No entanto, os bens dos sócios poderão responder pelas obrigações da sociedade em hipóteses excepcionais em que houver abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial (CC, art. 50).
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Desconsideração da Personalidade Jurídica
Apesar dos inúmeros progressos advindos da conjugação de esforços pelo homem na luta do crescimento e desenvolvimento de seus empreendimentos, a pessoa jurídica pode trazer malefícios que podem importar num elevado teor de danosidade dentro da estrutura econômico – social.
 Isso pode se dar de diversas formas, como verificamos no dia à dia, uma vez que a empresa jurídica pode ser fachada para atividades, no campo penal, como a lavagem de capitais ou a evasão de dívidas e nos demais campos do direito, dar margem a fraudes contra credores, simulações, constituição irregular de sociedade, atos jurídicos eivados de dolo, contratos
leoninos, exploração da atividade econômica abrangendo atividades que envolvam o monopólio e o trust, além de dar azo a fugir da malha fina realizada pela Receita Federal.
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Desconsideração da Personalidade Jurídica
A gestão dolosa da personalidade jurídica pode gerar efeitos catastróficos em todo o ordenamento, como podemos verificar das prováveis utilizações escusas da pessoa jurídica.
 A fraude à lei e aos direitos creditícios serão resultado de seu mau uso. Mas, o anteparo da fraude que encontrava-se escondida em simulações obscuras de atos jurídicos foi rompido com a evolução jurisprudencial, que atenua em certas circunstâncias a autonomia da pessoa jurídica, permitindo que a reparação da fraude e da lesão sejam feitos mediante a expropriação de bens de seus sócios.
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Desconsideração da Personalidade Jurídica
Fábio Ulhoa Coelho aponta: 
“a doutrina criou, a partir de decisões jurisprudenciais nos EUA, Inglaterra e Alemanha, principalmente, a ‘teoria da desconsideração da pessoa jurídica’, pela qual se autoriza o Poder Judiciário a ignorar a autonomia patrimonial da pessoa jurídica, sempre que ela tiver sido utilizada como expediente para a realização de fraude. Ignorando a autonomia patrimonial, será possível responsabilizar-se, direta, pessoal e ilimitadamente, o sócio por obrigação que, originariamente cabia à sociedade” 
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 14ª Ed. Saraiva. São Paulo. 2003.
 
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Desconsideração da Personalidade Jurídica
O Código Civil absorveu as lições da disregard theory ou disregard of legal entity, pois verificou o escudo que a personificação jurídica havia gerado para o contexto sócio – econômico e regulamentou a situação em seu artigo 50, ao dizer que: 
“Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”.
 
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Desconsideração da Personalidade Jurídica
A conceituação apresentada pelo Novo Código Civil diz que a desconsideração da pessoa jurídica é temporária, não sendo causa de extinção da pessoa jurídica. 
A função de tal desconsideração é retornar ao estado anterior determinado ato que lesou ou fraudou interesse de terceiros que encontra-se embebida em vícios, necessitando de amparo judicial para restabelecer o plano negocial nos lindes da licitude e normalidade
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Desconsideração da Personalidade Jurídica
Maria Helena Diniz: “A doutrina da desconsideração da personalidade jurídica visa impedir a fraude contra credores, levantando o véu corporativo, desconsiderando a personalidade jurídica num dado caso concreto, ou seja, declarando a ineficácia especial da personalidade jurídica para determinados efeitos, portanto, para outros fins permanecerá incólume. Com isso alcançar-se-ão pessoas e bens que dentro dela se escondem para fins ilícitos ou abusivos, pois a personalidade jurídica não pode ser um tabu que entrave a ação do órgão judicante” 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, vol. I. 18ª Ed. Saraiva. São Paulo. 2002.
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O ABUSO DO DIREITO DA PERSONALIDADE JURÍDICA POR VIA DO DESVIO DA FINALIDADE ESTATUTÁRIA E DA CONFUSÃO PATRIMONIAL:
O abuso da personalidade jurídica é o uso dessa realidade jurídica para valer-se da proteção à personalidade jurídica dos sócios, pois os atos praticados pelo ente somente irão absorver os bens integralizadores do capital da pessoa jurídica, assim a personalidade funcionava como uma tutela à insolvência fraudulenta, mas essa lacuna foi suprimida inicialmente pela CLT, pelo CDC, pela jurisprudência na área cível e por fim, pelo novo ordenamento civil, abrangendo a responsabilização dos sócios quando gerarem fraudes a credores e danos em virtude de confusão patrimonial ou desvio de função. 
A legislação assim o fez, pela própria força preponderante nas relações econômicas e sociais pendente ao lado da pessoa jurídica.
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O ABUSO DO DIREITO DA PERSONALIDADE JURÍDICA POR VIA DO DESVIO DA FINALIDADE ESTATUTÁRIA E DA CONFUSÃO PATRIMONIAL:
Maria Helena Diniz prossegue dizendo: 
“Há uma repressão ao uso indevido da personalidade jurídica, mediante desvio de seus objetivos ou confusão do patrimônio social para a prática de atos abusivos ou ilícitos, retirando-se, por isso a distinção entre bens do sócio e da pessoa jurídica, ordenando que os efeitos patrimoniais relativos a certas obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou dos sócios, recorrendo, assim, à superação da personalidade jurídica, porque os seus bens não bastam para a satisfação daquelas obrigações, visto que a pessoa jurídica não será dissolvida, nem entrará em liquidação” (DINIS, 2002)
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A primeira hipótese de desconsideração é o desvio da finalidade estatutária. 
Dessa forma, podemos verificar que essa situação busca no registro da pessoa jurídica junto ao órgão competente a verdadeira função da pessoa jurídica.
Aliás, há determinação legal quanto a obrigatoriedade da feitura da delimitação da atividade do ente quando do registro de seu estatuto, consoante inteligência do artigo 46, I, Código Civil.
Uma comparação entre o desenvolvimento das atividades da pessoa jurídica com o designado inicialmente em seu estatuto faz-se necessário. 
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Ao fazermos uma comparação e notarmos a existência de uma discrepância entre o proposto e o posto, desembocando em um abuso da personalidade jurídica com a consequente inobservância do princípio da boa – fé, que aliás é a coroa e norteador de todos os liames jurídicos, estaremos diante de hipótese de desconsideração da pessoa jurídica. 
Nesse sentido apresento decisão da Corte Paulista:
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Torcida Organizada. Associação Civil. Desvio de finalidade estatutária. Cassação da autorização.
 O sistema jurídico autoriza a dissolução, para o bem comum, de associação de torcedores que perdendo a ideologia primitiva (incentivo a uma equipe esportiva), transformou-se em instituição organizada para difusão do pânico e terror em espetáculos esportivos, uma ilicitude que compromete o esforço do direito em manter o equilíbrio de forças para o exercício da cidadania digna (CF art. 1º, III e 217). Incidência do CC/1916 22, III para selar o fim do ciclo existencial do Grêmio Gaviões da Fiel Torcida (RT 786/163)
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No estabelecimento das pessoas jurídicas podemos verificar que há uma separação patrimonial, havendo um divisor dos bens que responderam pelas obrigações contraídas pela pessoa de seus sócios ou instituidores daquelas contraídas pelo ente jurídico. 
O Direito Societário estabelece diversas formas de sociedade, e consagra a integralização do capital e a divisão em cotas parte da empresa, sendo certo que todos os sócios responderão nos limiares do que contribuíram para o monte.
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A fraude poderia haver aí, pois a pessoa jurídica era e ainda é, utilizada como instrumento para a prática de atos jurídicos simulados dando margem a fraudes à execução, a credores, aos trabalhadores, aos consumidores e a lei tributária.
Um dos pressupostos é a confusão patrimonial e essa se caracteriza pela mescla dos patrimônios dos criadores da pessoa com a pessoa jurídica e desse envolvimento chegarmos a uma fraude praticada pela pessoa jurídica, com o fito de lesar terceiros. 
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Fábio Ulhoa Coelho é claro ao lecionar: 
“Pressuposto inafastável da despersonalização episódica da pessoa jurídica, no entanto, é a ocorrência da fraude por meio da separação patrimonial. Não é suficiente
a simples insolvência do ente coletivo, hipótese em que, não tendo havido fraude na utilização da separação patrimonial, as regras de limitação da responsabilidade dos sócios terão ampla vigência” (COELHO, 2003)
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Jurisprudência dominante:
“Desconsideração da pessoa jurídica – Pressupostos – Embargos de devedor. É possível desconsiderar a pessoa jurídica usada para fraudar credores” (STJ – Resp. 86502/SP, 4ª T, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, 21-5-96, DJU 26-8-96).
Execução – Sociedade Anônima – Penhora – Incidência sobre bens particulares de sócio – Adm. – Hipótese em que a pessoa da executada confunde-se com a de seu único acionista e do abuso de direito e da fraude no uso da personalidade jurídica, o juiz brasileiro tem o direito de indagar, em seu livre convencimento, se há de consagrar a fraude ou o abuso de direito, ou se deve desprezar a personalidade jurídica, para, penetrando em seu âmago, alcançar as pessoas e bens que dentro dela se escondem para fins ilícitos e abusivos” (TJSP – Apelação Cível – 2010181 - 4ª Câmara Cível – Rel. Des. Barbosa Pereira, 7-4-94) 
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A insolvência da pessoa jurídica deve vir jungida a fraude na administração e consolidação patrimonial desta. Inexistindo tal engodo, ou artifício doloso, estaremos diante de uma relação creditícia, onde o credor deverá ou constituir seu crédito no conhecimento, ou valer-se da execução, caso o título esteja contemplado no Código de Processo Civil com a presunção legal de liquidez, exigibilidade e certeza, observando que em caso de título judicial, deve-se buscar antes a liquidação da sentença, caso no conhecimento se tenha determinado o an debeatur.
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Essa desconsideração opera efeitos ex tunc ao ato fraudulento, pois retroage à data do ato eivado de vício, sustando sua eficácia para o mundo jurídico, uma vez que nitidamente causa a perda da estabilidade dos atos jurídicos e gera reflexos no contexto social pelo poderio econômico concentrado na pessoa jurídica. 
Esta desconsideração, não é uma causa de extinção da pessoa jurídica, pois esta é composta de hipóteses do artigo 51, CC, que são numerus clausus, mas sim de relevar a rigidez da separação patrimonial da pessoa jurídica, em prol de evitar que esta seja escudo para atividades fraudulentas que envolvam relevante dano social e pessoal por via de atos viciados, contendo interesse socialmente relevante.

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