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Pessoa Jurídica O ser humano associa-se e cria entidades coletivas que lhe permitem alcançar certos objetivos. São denominadas pessoas morais (França e Suíça), coletivas (em Portugal), entes de existência ideal (Argentina), e pessoa jurídica (Brasil, Alemanha), etc. Existem teorias que buscam explicar a natureza jurídica das pessoas jurídicas. As teorias negativistas negavam a possibilidade da existência da pessoa jurídica. As afirmativas, ao contrário, aceitam a sua existência. As primeiras, as teorias negativistas não interessam. As teorias afirmativistas dividem-se em dois grupos: Teorias da ficção e da realidade Teoria da ficção, dividem-se em teorias da ficção legal e doutrinária. A crítica a estas teorias é a de a de que não conseguem explicar o Estado enquanto a pessoa jurídica, pois dizer-se que o Estado é uma ficção é um absurdo. TEORIAS DA REALIDADE Para estas teorias as pessoas jurídicas são realidades vivas e não mera abstração, pois tem existência própria como a pessoa humana. As divergências são relativas apenas ao modo em como essa realidade da pessoa jurídica é encarada. Assim temos as seguintes teorias: 1. Teoria da realidade objetiva ou orgânica. Para esta teoria a pessoa jurídica é uma realidade sociológica, ser com vida própria, que nasce por imposição das forças sociais, representadas pela vontade privada ou pública. • Crítica: esta teoria não esclarece como esses entes sociais podem adquirir vida e personalidade que são próprios do ser humano. • Por outro lado, reduz o papel do Estado a mero conhecedor da realidade social já existente, sem maior poder criador, o que é falso pois o Estado, em muitos casos, interfere diretamente no surgimento da pessoa jurídica. 2. Teoria da realidade jurídica ou institucionalidade. Esta teoria é semelhante á anterior, pois considera as pessoas jurídicas como organizações sociais destinadas a um serviço útil á sociedade e, por isso, com personalidade. • Desconsidera a vontade humana na criação da pessoa jurídica, para estabelecer que ela surge de grupos organizados para a “Conjunto de pessoas ou de bens, dotado de personalidade jurídica própria e constituindo na forma da lei, para consecução de fins comuns” Carlos Roberto Gonçalves Para a ficção legal a pessoa jurídica é um ente fictício, uma criação artificial da lei, pois só a pessoa natural pode ser sujeito da relação jurídica e titular de direitos subjetivos. Dessa forma a pessoa jurídica não seria mais do que uma ficção jurídica. A teoria da ficção doutrinária é uma variação da anterior. Para esta teoria a pessoa jurídica não tem existência real, mas apenas intelectual decorrente da inteligência dos juristas é, portanto, uma mera ficção criada pela doutrina. realização de uma ideia socialmente útil. • A crítica é a mesma feita à anterior, porque não justifica os grupos que se formam sem terem uma finalidade social. 3. Teoria da realidade técnica. A personalidade das pessoas jurídicas é expediente técnico, isto é, a forma encontrada pelo direito para reconhecer a existência de indivíduos, que se unem para alcançar determinados fins, nas mesmas condições em que o fariam as pessoas naturais. • A personalidade da pessoa jurídica é, portanto, uma atribuição estatal em certas condições. • Esta é a teoria adotada pelo direito brasileiro e a que melhor explica a personalidade jurídica das pessoas jurídicas. REQUISITO PARA A CONSTITUIÇÃO 1. Vontade humana (+ de uma pessoa) (affectio societstis) (elemento material) 2. Ato constitutivo e respectivo registro no cartório competente (elemento formal) • Associações Estatuto • Sociedades simples e empresárias (comerciais) Contrato social ou estatuto • Fundações Escritura públicas ou testamento 3. Liceidade (Objeto ilícito, determinado e possível) COMEÇO DA EXISTÊNCIA LEGAL • Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. • Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. COMEÇO DA EXISTÊNCIA LEGAL Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. • Registro Civil das pessoas Jurídicas (L. 6.015/73) • Juntas comerciais JUCESP – Junta Comercial do Estado de São Paulo DREI: Departamento de Registro Empresarial e Integração. DNRC: Departamento Nacional do Registro do Comércio. • Partidos Políticos Art. 7º O partido político, após adquirir personalidade jurídica na forma da lei civil, registra seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral. (L. 9.096/95). • Sociedade de Advogados (Prov. 112/2006 – L. 8904/94 - Regulamento Geral do EAOAB) Art. 46. O registro declarará: I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso. DEPENDEM DE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO: • Empresas estrangeiras, • Empresas de seguros, • Caixas econômicas, • Cooperativas, • Instituições financeiras, • Sociedade de Exploração de Energia elétrica, • Empresas minerais, • Empresas jornalística, etc. CLASSIFICAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA 1. Quanto à nacionalidade. Nacional. Estrangeira. 2. Quanto à estrutura interna. A. Corporação (universitas personarum): conjunto de pessoas I. Associações • Não tem fins lucrativos, mas religiosos, morais, culturais, assistenciais, desportivos, recreativos. II. Sociedades • Simples (antigas civis) fim econômico e visam lucro, compostas de profissionais da mesma área. • Empresárias (antigas comerciais) Visam lucro. Atividade própria de empresário sujeito ao registro prévio Ver art 967. • B. Fundação (universitas bonorum): conjunto de bens destinado a um fim. • Compõem-se de dois elementos: patrimônio e fim (estabelecido pelo instituidor). 3. . Quanto à função e órbita de atuação: A. Direito Público: A. Interno I. União, estados, municípios, DF, territórios II. Autarquias, associações públicas e demais entidades de caráter público. B. Externo I. ONU, OEA, Santa Sé, EUA, etc. B. Direito Privado Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos; VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. § 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atosconstitutivos e necessários ao seu funcionamento. • § 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. • § 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica. Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo. Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório. Art. 49. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019 - Declaração de Direitos de Liberdade Econômica) Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (DISREGARD DOCTRINE) ELEMENTOS DA DESCONSIDERAÇÃO DA PJ: • Existência de uma ou mais sociedades personificadas; • Ignorância dos efeitos da PJ; • Ignorância dos efeitos no caso concreto; • Manutenção da validade de atos jurídicos; • Fim de evitar o perecimento de um interesse: (Marçal Justen Filho). Hipóteses: Abuso de Direito Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. É desvio de finalidade: a) a realização de atividades fora das autorizadas para a pessoa jurídica; b) o exercício de atividades ilícitas; c) a utilização da pessoa jurídica para o fim de enriquecimento de seus sócios com a consequente derrocada administrativa e econômica da empresa. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA – LEI 8.078/1990 Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. § 1° (Vetado). § 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo “É a ignorância, para casos concretos e sem retirar a validade de ato jurídico específico, dos efeitos da personificação da personalidade jurídica validamente reconhecida a uma ou mais sociedades, a fim de evitar um resultado incompatível com a unção da pessoa jurídica” (Marçal Justen Filho). ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) § 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice versa; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. § 1º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução. § 2º As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado. § 3º Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. • Constituição de pessoas que reúnem esforços para a realização de fins não econômicos. (Art. 53) Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. Objetivos: altruísticos, científicos, artísticos, beneficentes, religiosos, educativos, culturais políticos, esportivos ou recreativos. • Elaboração do estatuto: Art 54. • Competência da Assembleia Geral: Art. 59 e 60. ASSOCIAÇÕES A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. Eficácia direta direitos fundamentais • Dissolução: Art. 61. FUNDAÇÕES Constituição: A. Ato de dotação ou de instituição • Ato inter vivos (escritura pública) • Ato causa mortis (testamento) B. Elaboração do estatuto: • Pode ser direta ou própria (instituidor) ou fiduciária (pessoa de sua confiança) • Prazo: Assinado pelo instituidor ou de 180 dias se não estipular; • Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público. Art. 62 (...). Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. dC. Aprovação do estatuto -> Pelo MP em 15 dias. Se não se manifestar, o interessado pede ao juiz para suprir. D.Registro no Cartóriode Registro Civil das Pessoas Jurídicas Alteração do estatuto: art. 67 Fiscalização: art. 66 Extinção: art. 69 SOCIEDADE CLASSIFICAÇÃO QUANTO À PERSONIFICAÇÃO: Personificadas; Não Personificadas. QUANTO À ESTRUTURA ECONÔMICA: De Pessoas; De Capital; Mista/Indeterminada. QUANTO À ATIVIDADE (OBJETO SOCIAL): Empresárias (966 e 982); Simples. SOCIEDADES EM ESPÉCIE NO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO Sociedade em Comum: Art. 986 a 990 Sociedade em Nome Coletivo: Art. 1039 a 1.044 Sociedade em Comandita Simples: Art. 1.045 a 1.051 Sociedade em Conta de Participação: Art. 991 a 996 Sociedade Simples: art. 997 a 1.038 Sociedade Limitada: Art. 1.052 a 1.087. Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA • Convencional (art. 1.033) • Legal (falência, outro motivo legal) • Administrativa (o poder público cassa a autorização) • Judicial (art. 1.034 e 1.035)
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