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TEORIA GERAL DO PROCESSO – Aula 10 
Profª: Neida Leal Floriano
8. COMPETÊNCIA
Conceito, divisão e critérios determinantes de fixação.
A competência mantém o mais estreito relacionamento com a jurisdição, pois é a distribuição da jurisdição entre diversos órgãos do Poder Judiciário.
Conceito: competência é a medida da jurisdição, ou seja, o limite dentro do qual o juiz exerce as funções jurisdicionais. Para Liebman, essa quantidade de jurisdição cujo exercício é atribuído a cada órgão ou grupos de órgãos, chama-se competência. 
Nesse sentido é clássica a conceituação da competência como medida da jurisdição (cada órgão só exerce a jurisdição dentro da medida que lhe fixam as regras sobre competência).
Divisão
A restrição ao exercício da jurisdição provém da lei, que traça os limites dentro dos quais ela pode ser exercida; pelo que, se a lei não restringe a jurisdição de um juiz, ele pode julgar tudo. Contudo, o juiz especializado em determinada matéria possui maior facilidade de julgá-la. Igualmente, a vara com atribuições especializadas se adapta de forma mais eficiente ao próprio procedimento, com mais rapidez e efetividade dos serviços cartorários. Preocupada com essa realidade, a legislação – constitucional e infraconstitucional – estabeleceu a divisão das atribuições inerentes à jurisdição de acordo com matérias específicas, mediante alguns critérios determinantes.
Critérios determinativos de fixação
A primeira análise acerca da competência deve ser realizada nos limites do território em que é exercida a sua soberania, classificando-a em competência internacional e competência interna.
Competência internacional é aquela em que há distribuição das atribuições da atividade jurisdicional entre juízes de países diferentes. A competência interna, por sua vez, consiste na repartição das funções jurisdicionais entre juízes do mesmo país. 
A análise para fixação da competência do órgão jurisdicional deve iniciar-se pela definição da competência da Justiça brasileira para apreciação do feito. Nesse sentido, definem os arts. 88 e 89 do Código de Processo Civil.
Posteriormente, deve-se estabelecer em que circunscrição territorial será proposta a ação, determinando o foro competente para o conhecimento da lide. Desse modo, os arts. 94 a 100 do Código de Processo Civil fixam as regras que competência territorial, cabendo ao art. 94 a definição da regra geral, do foro comum, que é o do domicílio do réu. Os demais estabelecem os foros especiais.
Para o estudo da competência é indispensável o conhecimento da estrutura judiciária a fim de possibilitar melhor compreensão. Para tanto, de acordo com CINTRA, A. C. de A.; GRINOVER, A. P.; DINAMARCO, C. R.,� necessário se faz destacar alguns aspectos fundamentais:
a) a existência de órgãos jurisdicionais isolados, no ápice da pirâmide judiciária e, portanto, acima de todos os outros (STJ e STF);
b) a existência de diversos organismos jurisdicionais autônomos entre si (as diversas "Justiças");
c) a existência, em cada "Justiça", de órgãos judiciários superiores e órgãos inferiores (o duplo grau de jurisdição);
d) a divisão judiciária, com distribuição de órgãos judiciários por todo o território nacional (comarcas, seções judiciárias);
e) a existência de mais de um órgão judiciário de igual categoria no mesmo lugar (na mesma comarca, na mesma seção judiciária);
f) instituição de juízes substitutos ou auxiliares, com competência reduzida.
Da análise desses dados fundamentais e característicos se torna possível determinar a competência, a partir de algumas indagações formuladas pelos mesmos autores:
1) É competente a Justiça brasileira? (competência internacional). Ver arts. 88 e 89 do CPC;
2) Qual é a Justiça competente? (competência "de jurisdição”). Ver arts. 109 (competência da Justiça Federal); art. 114 (competência da Justiça do Trabalho); art. 121 (Justiça Eleitoral); art. 124 (Justiça Militar) e art. 125, §§ 3º e 4º (Justiça Militar Estadual);
3) Qual o órgão, superior ou inferior, é o competente? (competência originária). A competência originária, em regra, é do juízo de primeira instância. A exceção deve estar prevista nas Constituições Federal e Estaduais que tratam das competências dos tribunais. 
4) Qual a Comarca, ou Seção Judiciária, competente? (competência de foro). Por Foro, entende-se a circunscrição territorial judiciária onde a causa deve ser proposta (Comarca ou Seção Judiciária). Essa competência se encontra disciplinada de forma bem discriminada nas leis processuais, notadamente, nos Códigos de Processo Civil e Processo Penal.
5) Qual a Vara competente? (competência do juízo). Esta competência resulta da distribuição dos processos entre os órgãos judiciários do mesmo Foro�. 
6) Qual o Juiz competente (competência interna)? Quando existe mais de um órgão judicial de mesma categoria no mesmo local (Comarcas maiores).
7) Compete ao mesmo juiz a outro órgão judiciário a análise de determinada matéria? (competência recursal)
As diversas teorias que estudam a competência concentram as suas bases em cinco elementos: a) valor da causa; b) matéria; c) pessoas; d) território; e) função. 
Da competência interna decorrem os alguns critérios determinativos: objetivo (valor da causa ou pela natureza da causa), territorial e funcional.
1) competência objetiva ou material: é determinada por certos elementos da própria lide, tais como: a natureza da causa (competência em razão da matéria); o valor da causa (competência em razão do valor) e, ainda, é determinada pela condição das pessoas envolvidas na lide (competência em razão das pessoas).
2) competência territorial - relaciona-se com o território onde o órgão judicial exerce a sua atividade, ou seja, é o elemento geográfico, pelo fato de residir o réu em determinado lugar (foro do domicílio), ou de haver-se contraído a obrigação em certo lugar (foro do contrato) ou de achar-se em dado lugar o objeto da lied (foro da situação da coisa) . 
 3) competência funcional - determinada pela natureza e exigências especiais da funções exercidas pelos juízes nas diversas fases processuais. Essas funções podem repartir-se entre os diversos órgãos na mesma causa (juízes de cognição e juízes de execução, juízes de primeiro e juízes de segundo grau, etc.). 
Obs.: Os critérios determinativos de competência não valem isoladamente, mas em conjunto, pelo que o critério funcional se entrelaça com o da matéria e com o territorial. 
Competência em razão da matéria diz respeito à natureza da relação jurídica material da lide. A lei atribui a determinados órgãos a competência exclusiva para conhecer e decidir certas lides por versarem sobre determinada matéria. Essa competência é absoluta, porque estabelecida em função do interesse público, que busca a melhor forma de prestar a tutela jurisdicional. Em relação à qualidade das pessoas, a Constituição distribui a competência quando estão em lide pessoas jurídicas de direito público, nacionais ou estrangeiras, autoridades de Estado, etc.
Assim, exemplifica-se:
Nos arts. 102, I, a, h, j, l, m e p, a CF estabelece a competência originária do STF em razão da matéria.
O STJ tem sua competência originária determinada em razão da matéria no art. 105, I, e e f, da Carta Magna.
O art. 108, inciso I, alínea b, da CF estabelece a competência originária, em razão da matéria, dos Tribunais Regionais Federais.
A competência dos Tribunais locais, em razão da matéria, é regulada pela Constituição Estadual e pela Lei de Organização Judiciária local, conforme art. 91, CPC.
Competência funcional ou em razão da função: nas esferas cível e trabalhista tem relevância vertical, relativamente aos recursos, em que o juízo de primeiro grau julga e o tribunal “rejulga”, e nas causas de competência originária dos tribunais (mandado de segurança, ação rescisória, etc.), em que acompetência para processar a causa é do relator e a competência para julgar é do órgão colegiado (turma, câmara, plenário, etc.). Na esfera penal a competência funcional é adotada de forma repartida na inferior instância, em que há juízos de cognição e juízos de execução, entretanto, nas causas cíveis e trabalhistas o juízo da ação é o mesmo da execução.
Competência territorial ou competência de foro: atende à necessidade de se determinar a competência, quando vários juízes, competentes em razão da matéria, do valor ou das pessoas, exercem funções jurisdicionais nas diversas comarcas, seções judiciárias ou circunscrições judiciárias. Através dela se distribuem as causas entre os juízes, tornando mais cômoda a defesa das partes e em especial a do réu.
8. 2 Distribuição da Competência
Estabelecida pela Constituição Federal, pelas leis federais (Código de Processo Civil, Código de Processo Penal, etc.), pelas Constituições estaduais e pelas leis de organização judiciárias. 
A Constituição Federal distribui a competência entre os Tribunais Superiores e de cada Justiça:
Supremo Tribunal Federal → art. 102 e 103, CF/88 
Superior Tribunal de Justiça → art. 105, CF/88
Justiça Comum
Federal →art. 108 e 109, CF/88
Estadual (em caráter residual à Federal e quanto à competência dos Tribunais de Justiça → art. 96, III e 125, § 1º, CF/88
Justiças Especiais
Justiça Eleitoral → art. 121, CF/88; 
Justiça Militar → arts. 124 e 125, §§ 4º e 5º, CF/88; 
Justiça do Trabalho → art. 114, CF/88
Tribunal do Júri (federal ou estadual): art. 5º, XXXVIII, CF/88
Controle de competência: sistema de prorrogação
A prorrogação consiste no fenômeno em que há ampliação da esfera de competência de certo órgão do Poder Judiciário. Pela prorrogação pode-se chegar até mesmo a tornar competente o juiz originariamente incompetente para determinado feito.
A competência que pode ser ampliada é tão somente a competência de foro ou territorial, podendo ser voluntária ou legal. A prorrogação legal é modificada pelo Código por motivos de ordem pública e ocorre nos casos de continência ou conexão, a fim de evitar sentenças contraditórias e também por questões de economia processual. A prorrogação voluntária diz respeito ao poder dispositivo das partes e pode ser expressa ou tácita. 
Prorrogação da competência: conexão e prevenção
Conexão: é o vínculo que une duas ou mais ações que por terem um ou dois elementos comuns (partes, pedido ou objeto e causa de pedir) exigem que um mesmo juiz delas tome conhecimento e as decida (art. 103, CPC). 
Continência é uma espécie do gênero conexão de causas e se faz presente entre duas ou mais ações que tiverem identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma pode ser mais amplo, abrangendo o das outras (art. 104, CPC), ou seja, quando uma demanda, em face de seus elementos esteja contida em outra. 
 
Prevenção: é o critério residual de determinação de competência quando há pluralidade de juízes igualmente competentes. Torna-se prevento o juízo que primeiro tomar conhecimento da causa sobre ele firmada a sua competência, com a exclusão de todos os demais, ou seja, aquele juízo que tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo.
Competência absoluta e relativa
Competência absoluta: é aquela que é estabelecida pelo legislador com base em critério de interesse público, portanto, a lei não admite a sua modificação, razão pela qual é improrrogável. Significa que as partes não podem, por vontade própria, alterar a competência inicialmente estabelecida em lei.
Competência relativa: é aquela que atende a interesses privados dos envolvidos no processo. Por ser estabelecida em nome do interesse das partes pode ser alterada, ou seja, prorrogada.
Obs.: No processo civil e trabalhista essa distinção é relevante, pois quando se trata de competência absoluta deve o juiz declarar-se incompetente de ofício, remetendo-se os autos do processo ao juiz competente; ao contrário da relativa que deve ser alegada pela parte, sob pena de prorrogação. No processo penal, independentemente, de ser competência relativa ou absoluta o juiz deverá se declarar incompetente de ofício.
Perpetuação da Jurisdição 
O fenômeno da perpetuação da jurisdição significa que firmada a competência de um juiz, ela perdura até final da decisão execução ou cumprimento da sentença e isto ocorre no momento em que a ação é proposta, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridos posteriormente. Na verdade, o que se perpetua é a competência e não a jurisdição. No entanto, a perpetuação da competência não subsiste quando ocorrer supressão do órgão judiciário ou quando houver alteração da competência em razão da matéria ou hierarquia, que, por ser absoluta, passa à competência do novo judiciário. 
� CINTRA, A. C. de A.; GRINOVER, A. P.; DINAMARCO, C. R. Teoria Geral do Processo. 11 ed. São Paulo: Malheiros, 1994, p.142.
� Foro, aqui, deve ser compreendido como sinônimo de órgão judiciário (juízo) e, em primeiro grau de jurisdição, corresponde às “Varas”. Em um só Foro pode haver, e frequentemente há, mais de um juízo, ou Vara. 
�Faculdade São Francisco de Assis - Credenciamento Portaria 3.558 de 26/11/2003 – D.O.U. 28/11/2003
Curso de Administração - Reconhecimento Portaria 164 de 16/02/2007 – D.O.U. 21/02/2007
Curso de Arquitetura e Urbanismo – Autorização Portaria 116 de 13/06/2011 – D.O.U. 14/06/2011
Curso de Ciências Contábeis – Reconhecimento Portaria 1.134 de 21/12/2006 – D.O.U. 26/12/2006
Curso de Direito – Autorização Portaria 209 de 27/06/2011 – D.O.U. 29/06/2011
Curso de Psicologia – Autorização Portaria 245 de 05/07/2011 – D.O.U. 06/07/2011
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