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Scheila Maria 2016 1 INFECTO – MENINGITE Inflamação das meninges e LCR. Estende-se para a sub-aracnóide. “É definida com infecção purulenta aguda do espaço subaracnoideo, onde as meninges e o parênquima cerebral são frequentemente envolvidos em uma reação inflamatória (chamada de meningoencefalite). É a forma de infecção mais comum do SNC” Prevalência correlacionada com: idade, porta de entrada ou foco séptico inicial, tipo e local da infecção, estado imunitário, situação epidemiológica local. Situações especiais: imunocomprometidos, infectado HIV, focos supurativos otorrino e trauma cranioencefálico. MENINGITE BACTERIANA AGUDA ETIOLOGIA Streptococcus pneumoniae: o Mais comum em adultos o Responde por 50% dos casos Neisseria meningitidis o Responde por 25% dos casos o 60% em crianças e adultos jovens o Em caso de infecção nasofaríngea, fazer profilaxia. Streptococos agalactiae o 15% dos casos o Principal em RN coloniza região vaginal. o Comum em pctes >50 anos Listeria monocitogenes o 10% dos casos o Principalmente: neonatos <1mês, grávidas, e idosos >60 anos. Haemophilus influenzae o < 10% dos casos o Mais comum em crianças 6-12 anos o Em idosos pode indicar patologia de base Bacilos Gram – o Pós-traumas cefálicos ou procedimentos cirúrgicos, neonatos e idosos. Relacionando a síndrome da hiperinfecção por estrongilóide Staphylococcus aureus/coagulase - o Pós-trauma, paciente neurocirúrgico e shunts. (S. epidermidis é o mais comum quando há uso de equipamentos e sondas). Scheila Maria 2016 2 As formas mais importantes hoje são: - Pneumocóccica: É a mais comum em adultos acima de 20 anos, possui mortalidade em torno de 20% e alguns fatores de risco são: pneumonia pneumocócica (a condição mais importante); • sinusite ou otite média causada pelo pneumococo; • alcoolismo; • diabetes melitus; • esplenectomia; • hipogamaglobulinemia; • deficiência de complemento; • traumatismo cranioencefálico com fratura de base de crânio e rinorréia de líquor (fístula liquórica traumática). - Meningocóccica: Inicia-se pela colonização da nasofaringe e na dependência da virulência da bactéria e da imunidade do hospedeiro (em particular as deficiências do complemento), o indivíduo deixa de ser portador assintomático para desenvolver a doença meningocócica. A evolução pode ser fulminante e classicamente é descrita a presença de lesões cutâneas (petéquias e posteriormente púrpura, encontradas tipicamente no tronco, membros inferiores, membranas mucosa e conjuntiva). QUADRO CLÍNICO Síntomas clássicos: cefaleia, febre, rigidez nucal, alteração do estado mental Rigidez nucal (meningismo) pode estar ausente em 30% dos casos Sinal de Kernig e Sinal de Brudzinski: ambos podem estar ausentes em pacientes muito jovens ou idosos, imunodeprimidos e pacientes em coma. 20-40% ocorrem convulsões na evolução inicial da doença. Sintomas de elevação da pressão intracraniana: papiledema; alteração do nível de consciência; alteração do reflexo fotomotor, entre outros. Doença meningocóccica: quadro febril com petéquias ou púrpuras com ou sem meningite deve ser considerado urgência médica. A evolução para choque pode ser fulminante. Scheila Maria 2016 3 Infecção nasofaríngea: pode causar meningococcemia e por fim meningite. O paciente apresenta manchas na pele devido a formação de imunocomplexos por disseminação hematogênica do meningococo. ABORDAGEM AO PACIENTE Avaliação inicial – Deve incluir: o PA, FC, FR, oxigenação, diurese, sinais neurológicos, convulsões e lesões cutâneas. o Busca de alterações para diagnóstico de sepse (2 ou mais entre as seguintes): T>38° ou <35°; FC>24; Leucócitos >12.000 ou <4000; >10% de formas jovens; estado mental alterado. o Sepse grave: PAs <90mmHg; pH<7,3 ou BE>-5 ou PCO² <32mmHg; diurese <0,5mL/kg/h; plaquetas <150.000; INR >1,5; Glasgow <13-12. Tratamento de sustentação: o Oxigenação se pO2 <92% o Acesso venoso calibroso o Ressuscitação Volêmica se PA Sistólica <90mmHg ou PA diastólica <60mmHg: Soro fisiológico 500-1000ml em 30min. o Rever e repetir se necessário para manter PA>9/6mmHg. o Monitorar diurese (objetivo 30ml/hora ou 0,5ml/kg/hora) Coleta do líquor o Punção liquórica: L3-L4; L4-L5; L5-S1. o Essencial para diagnóstico. Mandatório na suspeita de meningite bacteriana o Contra-indicações absolutas: infecção local, hipertensão intracraniana (papiledema), coma, sinais neurológicos focais. Contra-indicações relativas: hipertensão intracraniana s/ papiledema, suspeita de tumor ou lesão, discrasia sanguínea grave. Nesses casos, colher hemocultura: positividade 50-60% o Preditores de meningite bacteriana (99% de probabilidade de ser bacteriana): Glicose < 34mg/dL ou glicose líquor/sérica < 0,23 Proteína > 220 mg/dl Leucócito > 2000 ou neutrófilos < 1180 Scheila Maria 2016 4 Outros exames o Quimiocitológico, bacterioscopia cultura, látex o Hemograma, glicemia, ureia, gasometria, coagulograma, PCR. o Hemocultura OBS: só o predomínio de neutrófilos no líquor não é indicativo de meningite bacteriana. Tomografia computadorizada o Sua indicação não pode retardar a conduta antibiótica na meningite bacteriana o Raramente indicada na suspeita de meningite aguda o Mandatória na presença de sinais focais o Maior sensibilidade quando feita com contraste Ressonância magnética: o Não indicada na suspeita de meningite o É útil para diagnosticar complicações tardias. TRATAMENTO O tratamento inicial é em geral empírico, considerando-se os germes mais prevalentes de acordo com idade e a imunidade. Uma vez conhecendo o agente etiológico (pelo método de Gram, cultura ou látex) é possível então direcionar o tratamento antimicrobiano O tratamento é feito com: CEFTRIAXONE (cefalosporina 3ª geração) o Abrange pneumo, meningo, haemophilus, bacilos gram – (exceto pseudomonas) Scheila Maria 2016 5 Uso de corticoides: Objetivo: diminuir sequelas nas meningites por Haemophylus e por Pneumococco • Deve ser dado antes ou junto com o antibiótico, não após. • Dexametasona 0,15 mg/kg/dia 6/6 horas por 2 a 4 dias (adultos 4-10mg 6/6hs). Deverá ser suspenso se a etiologia bacteriana não for comprovada. • Não deve ser usado na meningite pós-neurocirurgia ou na meningite viral. Duração do ttt: N. meningitidis: 7 dias H. influenza: 10 dias S. pneumoniae: 14 dias Bacilo G -: 21 dias Streptococos B: 21 dias Infecção hospitalar por G – ou Staphilos: 21-28 dias. Quando repetir o líquor: o Raramente indicada nas meningites bacterianas com sensibilidade comprovada, a menos que a evolução não seja favorável ou a meningite seja por infecção por bactérias multiresistentes. o Não repetir rotineiramente no final de tratamento das meningites bacterianas com boa evolução, com agente etiológico identificado. o Realizar em pacientes com meningite sem etiologia comprovada. o Essencial em pacientes com meningite subaguda ou crônica para avaliar resposta terapêutica. o Repetir se a evolução for desfavorável. PROGNÓSTICO Mortalidade 15% associada com: Demora no início do antibiótico Alteração nível de consciência, hipotensão, HIC, comorbidades. S. pneumoniae : 20-30% óbito, 50% seqüela; N.meningitidis :10-15% evolução desfavorável QUIMIOPROFILAXIA – se não utilizar Ceftriaxone Meningococco: Rifampicina 2 dias: Adultos: 600 mg 12/12 hCrianças (1 m a 12a): 10mg/kg/dose 12/12 h < 1 ano: 0,5 mg Kg dose 12/12 h • Comunicantes domiciliares • Comunicantes de Instituições fechadas. • Comunicantes de relação íntima (quando há troca de secreção) • Comunicantes de creche e pré-escola (< 7 anos) Scheila Maria 2016 6 • Profissionais da saúde em contato direto com secreções respiratórias. Haemophylus influenzae: Rifampicina 4 dias: Adultos 600 mg/dia; dose única Crianças (1 m a 12 a): 20 mg/Kg/dia; < 1 ano: 10 mg/Kg/dia • Comunicantes domiciliares, se além dos casos índice outras pessoas com< 5 anos • Creches e pré-escolas, a partir do 2º caso, se houver comunicantes < 2 anos Pneumococo: • Não se faz profilaxia MENINGITE TUBERCULOSA Sintomas: quadro mais arrastado, cefaleia por 15 dias. Líquor: aqui a proteína é muito maior que o esperado para a celularidade. o Proteinorraquia o Pleocitose linfocítica o Hipoglicorraquia o Esfregaços raramente positivos Tratamento: RIPE MENINGITE VIRAL Principais agentes: enterovírus (80%), arbovírus, caxumba, herpes simples, varicela, sarampo. Geralmente benigna. Raramente grave e fatal Manifestações clínicas: o Cefaleia, febre baixa, mialgia, astenia, distensão gastrointestinal, sintomas respiratórios ou erupções cutâneas. o Vômitos e rigidez estão presentes o De modo geral o comprometimento da consciência e os outros sinais meníngeos são mais proeminentes na meningite bacteriana Diagnóstico: o LCR: Pleiocitose: 5-500 céls. (Pode haver predomínio de neutrófilos nas primeiras 48h) Proteínas: elevação leve a moderada (40-200mg/dL) Glicose: nl ou discretamente reduzida (45-80) Aumento da relação Anti-HSV LCR/soro Scheila Maria 2016 7 PCR (+ em 24-48H após sintomas neurológicos) o Alterações EEG o TC mostra áreas de baixa densidade que podem progredir para lesões hemorrágicas o RNM mais sensível para definir lesões precoces e sua extensão. o Biopsia cerebral. Tratamento: o Evolução espontânea sem tratamento (3 a 8 dias na maioria dos casos) o Corticoide está contra-indicado. o Para casos de Herpes Simples há ttt específico: Aciclovir 10mg/kg de 8/8h IV por 2-3 semanas ou 30mg/kg/dia OBS da aula: Coco gram negativo = pneumococo Coco gram positivo = meningococo Tipo de cultura: Bacteriana: Gram; Tuberculosa: BAAR, Baciloscopia ou Ziehl; Fúngica: Tinta da China; Vírus: não há.
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