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Apoio
As histórias e os personagens do mundo das instalações elétricas
Volume 4
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CAPA ed 4.pdf 08.12.08 11:58:59
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Hilton Moreno, engenheiro eletricista, consultor 
e presidente da Associação Nacional de 
Fabricantes de Produtos Elétricos - Nema Brasil
Caro amigo(a) do setor de instalações elétricas,
 Nesta última edição da “Coleção Elétrica”, desejo agradecer a todos os amigos que 
prestigiaram o projeto por meio da leitura atenta e das mensagens de incentivo. 
 Na primeira carta ao leitor, enunciei o objetivo da “Coleção Elétrica”, a saber: 
“disponibilizar para os profissionais brasileiros um conjunto de informações históricas, 
técnicas, normativas, de exercício profissional, educacionais, biográficas, etc., focados 
no setor de instalações elétricas”. Entregues as quatro edições, tenho a certeza de que 
nos esforçamos ao máximo para cumprir com o prometido. 
 Homenageamos personalidades marcantes do setor, começando pelo Professor 
Ademaro Cotrim, passando pelo professor Eurico Freitas Marques e pelo Engenheiro 
Armando Reis Miranda. E, nesta última edição, brindamos os leitores com a biografia 
do saudoso engenheiro Moshé Gruberger, que tanto contribuiu para a evolução das 
instalações elétricas no Brasil a partir de seu escritório localizado em Belo Horizonte. 
Assim como no caso do engenheiro Miranda, Moshé não nasceu no Brasil, mas sua 
família escolheu nosso País para viver e aqui deixou suas marcas de competência e 
profissionalismo. Além das biografias, procuramos oferecer diversos temas específicos 
do setor de instalações elétricos escritos de uma forma diferente do habitualmente 
disponibilizado.
 Para esta quarta e última edição da “Coleção Elétrica”, preparamos algumas 
matérias que estão alinhadas com as metas deste projeto. Leia a curiosa passagem 
sobre as discussões relativas ao uso das correntes alternada e contínua que incendiou 
a rivalidade entre Thomas Edison e Nikola Tesla; aprenda um pouco mais sobre os 
Dispositivos Protetores de Surtos (DPS), que a cada dia tornam-se mais populares e 
necessários; não deixe de acompanhar a evolução das lâmpadas, desde sua invenção 
até as tendências futuras; veja um interessante ponto de vista sobre o estado da arte 
dos materiais elétricos disponíveis no mercado brasileiro; acompanhe o fechamento 
da discussão sobre pirataria; e divirta-se com uma palavra cruzada totalmente 
“eletrificada”.
 Agradeço aos amigos da Atitude Editorial pela oportunidade oferecida de colaborar 
neste projeto. Foi um trabalho de equipe fantástico, envolvente, emocionante, sempre 
em busca da perfeição. Meus parabéns a todos da equipe pela altíssima competência, 
envolvimento e paixão no trabalho que fazem. Foi uma honra fazer parte deste time.
 Assim como eu apreciei muito este trabalho, espero sinceramente que você, 
amigo(a) leitor(a), também desfrute deste último caderno da “Coleção Elétrica”, uma 
obra que marcará o setor elétrico para sempre.
Boa leitura e abraços!
Hilton Moreno
Apoio
ín
di
cegrandes questões
Descargas atmosféricas podem interromper o fornecimento de 
energia e trazer danos aos equipamentos elétricos. Conheça o 
dispositivo que ajuda a proteger as instalações e os aparelhos 
ligados à eletricidade.
história
Da lâmpada incandescente ao moderno Led: a evolução de 
uma brilhante idéia narrada com detalhes na reportagem de 
Bruno Moreira.
biografia
Homenageado desta edição, o engenheiro Moshé Gruberger 
está reconhecido nas páginas e depoimentos que ilustram sua 
força no setor elétrico.
dentro da lei
Reduto de fábricas nacionais e estrangeiras, formais e informais, 
a China é reconhecida por exportar produtos falsificados e de 
baixa qualidade, mas esforça-se para reverter a fama e tornar-
se provedora de qualidade e tecnologia de ponta.
guerra das correntes
A histórica polêmica sobre o uso das correntes alternada e 
contínua e a rivalidade entre seus criadores: Nikola Tesla e 
Thomas Edison.
 
desenvolvimento
Brasil trilha longo caminho em busca de crescimento no 
mercado de materiais elétricos e de técnicas de instalação. 
Com seriedade, muito já foi feito, mas veja nesta matéria os 
desafios que faltam para o País se tornar referência no setor. 
descontração
Arrisque-se no jogo de palavras cruzadas e teste os seus 
conhecimentos em elétrica.
Diretores
Adolfo Vaiser
José Guilherme Leibel Aranha
 
Gerência de planejamento 
Sergio Bogomoltz
sergio@atitudeeditorial.com.br 
 
Circulação
Emerson Cardoso
emerson@atitudeeditorial.com.br
Marina Marques
marina@atitudeeditorial.com.br
Administração 
Paulo Martins Oliveira Sobrinho
adm@atitudeeditorial.com.br
Jornalista responsável
Flávia Lima
MTB 40.703
flavia@atitudeeditorial.com.br
Coordenador técnico
Hilton Moreno
Direção de arte e produção
Leonardo Piva
atitude@leonardopiva.com.br
Colaboradores
Bruno Moreira, Hanny Guimarães, 
Mauro Júnior, Sergio Bogomoltz 
Revisão
Gisele Folha Mós
Publicidade
Diretor comercial
Adolfo vaiser
adolfo@atitudeeditorial.com.br
Contatos Publicitários
Ana Maria Rancoleta
anamaria@atitudeeditorial.com.br
Vanessa Marquiori
vanessa@atitudeeditorial.com.br
Cesar Dallava 
cesar@atitudeeditorial.com.br
Capa
 Kanji Design
Impressão
Gráfica Ipsis 
Distribuição
Correios
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Rua Piracuama, 280 cj. 72 / Pompéia
CEP 05017-040 / São Paulo - SP
Fone/Fax - (11) 3872-4404 
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 Temporais costumam ser desoladores em muitos sentidos. Um deles refere-se aos efeitos que as descargas 
atmosféricas, quase sempre presentes nos maus tempos, podem ocasionar. Trata-se de problemas na rede 
elétrica que podem interromper o fornecimento de energia elétrica ou trazer danos aos equipamentos 
elétricos ligados à rede.
 Um raio é uma corrente elétrica muito intensa que ocorre na atmosfera com típica duração de meio 
segundo e típica trajetória com comprimento de cinco a dez quilômetros. É conseqüência do rápido movimento 
de elétrons de um lugar para outro, fazendo o ar ao seu redor aquecer e iluminar-se. Sua periculosidade é 
sabida. Se uma pessoa for atingida diretamente por uma descarga elétrica desse porte, certamente, falecerá. 
Por aí vê-se a importância do pára-raio, invenção de 1753 do norte-americano Benjamin Franklin. Contudo, 
numa época de intenso desenvolvimento tecnológico, em que toda nossa vida é mediada por equipamentos 
eletrônicos, outros tipos de proteções contra raios também se tornaram necessárias. 
 Segundo o coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de 
Pesquisas Espaciais (Inpe), Osmar Pinto Júnior, um raio pode produzir um campo eletromagnético que 
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Salvem as máquinas!
O DPS é a maneira mais prática de lidar com uma sobretensão na 
rede elétrica de uma edificação, evitando ou minimizando os danos aos 
equipamentos elétricos e eletrônicos. E seu uso é praticamente obrigatório.
Apoio
O Brasil é o primeiro país em número 
de incidência de raios, com mais de 50 
milhões de descargas por ano, espalhadas 
em praticamente todo o Brasil.
se propaga como uma descarga indireta de energia pelas redes de 
distribuição elétrica, gerando um aumento momentâneo de tensão, ou 
sobretensão transitória na alimentação de energia de uma determinada 
instalação. Este fenômeno pode causar danos irreparáveis em aparelhos 
eletroeletrônicos. Além dos raios, os chaveamentos manuais ou auto-
máticos que ocorrem nas redes de distribuição de energia elétrica 
podem provocar sobretensõesnos sistemas. Para que os transtornos 
provocados por estas sobretensões não afetem as instalações elétricas, 
seus componentes e os equipamentos eletroeletrônicos existentes é que 
foi desenvolvido o Dispositivo de Proteção Contra Surtos (DPS).
 O DPS atua quando há um pico de tensão na rede. Ele serve 
para limitar as sobretensões e descarregar os surtos de corrente 
originários de descargas atmosféricas ou chaveamentos nas redes 
de energia. Segundo o engenheiro eletricista e diretor da Giullietto 
Modena Engenharia, Jobson Modena, ele desvia a maior parte do 
surto para a terra, deixando passar uma parcela suportável, que não 
acarreta danos, para a instalação. “Proteção com 100% de eficácia 
não existe”, diz.
 Caso uma determinada instalação elétrica de baixa tensão não 
possua o DPS, três tipos de danos podem ocorrer devido a uma 
sobretensão na rede elétrica, de acordo com Modena: o primeiro, na 
instalação elétrica, de uma forma geral; o segundo, no equipamento 
eletrônico; e, no caso mais grave, no próprio operador, que é 
atingido por uma descarga elétrica oriunda do equipamento. 
Segundo Modena, todos eles podem ser evitados com o uso de DPS, 
mas adiciona: “o dispositivo deve ser empregado em conjunto com 
um sistema de aterramento e de uma instalação elétrica projetada e 
construída de forma correta”. 
O que diz a normalização
 Para que equipamentos eletroeletrônicos sejam protegidos e 
vidas não sejam colocadas em risco, a norma NBR 5410 já traz como 
praticamente obrigatório o uso de DPS nas edificações. Conforme 
Modena, na revisão realizada em 1997, a norma já possuía uma certa 
obrigatoriedade em relação ao uso do dispositivo de proteção, mas a 
exigência em praticamente todas as situações tornou-se explícita na 
versão de 2004.
 De acordo com a norma, as edificações que devem utilizar de 
maneira obrigatória um DPS são aquelas cuja região em que estão 
localizadas se encontra sob muita incidência de descargas atmosféricas; o 
que torna o uso necessário na maioria das residências, estabelecimentos 
comerciais e industriais do Brasil, já que, segundo o engenheiro Osmar 
Pinto Júnior, o País é o primeiro em número de incidência de raios, com 
mais de 50 milhões de descargas por ano, espalhadas em praticamente 
todo o Brasil, com menos incidência apenas na região Nordeste. “Mas 
mesmo aí, há focos com mais descargas como os Estados do Maranhão 
e do Piauí”, completa.
 Não obstante a generalização das descargas atmosféricas pelo 
País, a NBR 5410, baseda na norma internacional IEC, distingue 
três classes de DPS: classe I, indicada para locais AQ3, que segundo 
a norma brasileira, são os sujeitos a descargas diretas, e lidam com 
energia de maior intensidade; classe II, indicada para locais AQ2, 
sujeitos a surtos provenientes da linha externa de alimentação, e que 
trabalha com energia de menor intensidade que a prevista na classe 
I; e a classe III, indicada para locais que exigem uma proteção “fina”, 
aplicáveis a equipamentos mais sensíveis, que lida com energia de 
menor intensidade que a prevista na classe II.
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 Dessa forma, uma determinada edificação pode apresentar os três 
tipos de dispositivos protetores instalados se atender os pré-requisitos 
previstos na norma. Com o intuito de diminuir a tensão residual de 
ponto para ponto, o DPS classe I deve ser instalado junto à entrada 
principal da edificação, o mais próximo possível do Barramento de 
Equipotencialização Principal (BEP). De acordo com o engenheiro 
eletricista e diretor da MTM Eletroeletrônica, Manuel Martinez, essa 
espécie de dispositivo é empregada em locais que possuem Sistema de 
Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) ou os tradicionais 
pára-raios instalados.
 Para Martinez, em edificações que não possuem SPDA instalado, o 
dispositivo protetor classe II pode ser aplicado junto à entrada principal 
no lugar do classe I. Caso contrário, sua localização mais normal é 
nos quadros secundários de distribuição, formando um conjunto 
com o DPS classe I instalado na entrada. O DPS classe III, informa 
o diretor da MTM, é o protetor aplicado com o equipamento e deve 
ser projetado conforme a suportabilidade elétrica do aparelho. São três 
tipos de DPS para aplicações em redes de energia, além daqueles feitos 
especificamente para os sinais emitidos aos aparelhos de informática e 
telecomunicação.
Diferentes tecnologias
 Existem três tecnologias para fabricação de DPS: os que funcionam 
à base de “gap” de ar, os que trabalham com “gap” de gás e os que 
utilizam varistores. O primeiro, como o próprio nome diz, utiliza o ar 
como dielétrico. Neste tipo de DPS, informa o engenheiro Martinez, 
há dois eletrodos com um espaço vazio entre eles preenchido com ar. 
“Quando a sobretensão atravessa este vão, o dispositivo atua ”, conta. 
Conforme o diretor da MTM, todos os DPS da classe I são baseados 
em “gap” de ar.
 O problema, segundo ele, é que esses equipamentos a gap de ar não 
tem a atmosfera controlada, ou seja, estão sujeitos à pressão atmosférica, 
à umidade relativa do ar e à temperatura. Isso faz a tensão de disparo 
do dispositivo não ser constante e a tensão de arco não ser controlada. 
 Em casos de redes industriais, que são, normalmente, alimentadas 
por tensão de 380 V ou 440 V, e tem sua fase-neutro ou fase-terra 
trabalhando com 220 V ou 254 V, os dispositivos classe I à base de ar, 
por suportarem uma tensão menor que a exigida, acabam se tornando 
condutores da corrente subseqüente da rede e isso acarreta na destruição 
de seus eletrodos.
 O DPS a “gap” de gás sana este problema, segundo Martinez. 
Com atmosfera controlada, ele apresenta um tensão de arco superior 
a 280 V e, por conseguinte, não permite que a corrente subseqüente 
da rede elétrica seja transportada pelo DPS à terra. Isso, por sua vez, 
mantém a integridade física do dispositivo por muito mais tempo.
 Em relação aos dispositivos classe II e III, a tecnologia empregada é 
a do varistor, que é basicamente, conforme explica Martinez, formado 
por areia e por óxido metálico. “Há também alguns elementos de 
terras raras, mas isso é um segredo de cada fabricante”, comenta. Este 
composto apresenta características de limitador de tensão. O que no 
DPS classe I é o gap de ar, nos DPS classe II e III, é o varistor. Ambos 
funcionam como um elemento de fuga da corrente e o varistor é 
também um grampeador de tensão.
 A função do varistor é basicamente de deixar a corrente passar 
quando a tensão em seus terminais ultrapassa a tensão limite. A 
passagem da corrente é proporcional à tensão que o atinge e esta 
passagem gradual é o que garante que a tensão de saída não aumentará. 
O varistor é conectado a um dispositivo de segurança cuja função é 
desativá-lo se ele tiver sua vida útil excedida, danificar-se ou for 
submetido a tensões acima de sua capacidade. 
 O varistor começou a ser fabricado no final da década de 1950 e 
seus primeiros modelos apresentavam apenas zinco em sua composição, 
sendo, normalmente, compostos de óxido ou dióxido de zinco. Mais 
tarde, no início dos anos 1960, foram adicionadas outras substâncias, 
O DPS desvia a maior parte do surto para a 
terra, não acarretando danos para a instalação, 
mas proteção 100% eficaz não existe.
Apoio
como alumínio e bismuto e construídos sistemas binários. 
 Em 1971, surgiram os varistores cerâmicos multicomponentes 
com propriedades mais avançadas que aquelas obtidas para sistemas 
binários. Na atualidade, há uma grande variedade de elementos que 
compõem o equipamento. O óxido de zinco ainda é o mais utilizado 
como base, contudo, varistores de dióxido de estanho e de titânio 
possuem um grande potencial tecnológico ainda pouco aproveitado.
 Seja qual for a tecnologia utilizada pelo DPS, ele deve atender 
às prescrições construtivas, de desempenho e ensaios da norma 
IEC 61643-1, ainda sem sua correspondenorma ABNT.
Chaveamento
 Os principais causadores de sobretensões são as descargas 
atmosféricas, que incidem nas edificações ou em seus arredores, e as 
manobras da rede elétrica – também chamadas de chaveamento – 
realizadas pelas distribuidoras de energia quando detectam algum 
problema no serviço. Em ambos os casos, não há como evitar a 
sobretensão. Uma descarga elétrica é um fenômeno natural, portanto 
incontrolável. E o desligamento da rede, por parte da distribuidora, 
também, muitas vezes, é inevitável. Sem essas intervenções, os técnicos 
de manutenção correriam grandes riscos.
 Quanto ao chaveamento, há um grande problema envolvendo a 
concessionária e seus clientes. Conforme relata Osmar Pinto Júnior, a 
população está cada vez mais consciente sobre seus diretos enquanto 
consumidores e sabe que, se o seu equipamento eletroeletrônico 
queimar devido a uma sobretensão, ela tem que ter um ressarcimento, 
afinal de contas, a energia elétrica é paga. 
 Para o engenheiro eletricista Jobson Modena, a situação não 
é tão simples assim. Até 2004, a briga dos consumidores com as 
concessionárias era maior. Atualmente, argumenta Modena, se a 
concessionária realizar um chaveamento, causando uma sobretensão 
e, por este motivo, danificando um equipamento elétrico de alguma 
residência, se esta edificação não apresentar uma instalação elétrica 
projetada e construída de maneira correta, a concessionária se exime 
de responsabilidade.
 O gerente de engenharia da distribuição e automação da AES 
Eletropaulo, Sergio Luiz Basso, informa que a Agência Nacional de 
Energia Elétrica (Aneel), por meio de resolução normativa, é que 
determina o procedimento e as responsabilidades das partes em caso 
de atribuição de culpa à concessionária por danos a equipamentos 
elétricos de terceiros. Segundo ele, todas as distribuidoras de energia 
elétrica seguem a resolução da agência, e indo ao encontro da opinião 
de Modena, afirma que, necessariamente, para efeito de ressarcimento, 
deve ficar absolutamente comprovado que a causa do defeito no 
equipamento está diretamente associada a algum problema ocorrido 
com a rede elétrica.
 Pesa a favor da distribuidora ainda o fato de que, na maior parte 
das vezes, de acordo com Basso, as sobretensões causadas por manobras 
de rede não acarretam em perigo para os aparelhos elétricos. “Os níveis 
de sobretensão para os sistemas de distribuição (até 69 kV) são muito 
baixos”, diz. As próprias normas brasileiras estabelecem valores de 
ensaios de sobretensão por surto de manobra para equipamentos de 
classe de tensão igual ou acima de 230 kV. Segundo ele, abaixo disso 
não existe obrigatoriedade e cuidados adicionais com os equipamentos 
da rede.
 Basso informa que as manobras que as distribuidoras realizam 
para operar o seu sistema (até 69 kV) não causam o tipo de perturbação 
que preocupa as normas técnicas. Isto acontece porque, para controlar 
a sobretensão por impulso atmosférico, a concessionária instala 
equipamentos denominados “pára-raios de distribuição”, cuja função 
é manter os níveis de sobretensão da rede de distribuição dentro 
dos valores especificados pela NBR 5410. “Como regra, na rede de 
distribuição, fazendo-se este controle da sobretensão por impulso, já 
temos o controle da sobretensão por manobra”, conclui.
O DPS é fabricado a partir de três 
tecnologias: à base de gap de ar, de 
gap de gás ou com varistores.
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 Uma idéia brilhante é, com freqüência, representada com uma lâmpada sobre a cabeça do gênio. 
É como se o objeto iluminasse a mente da pessoa que até aquele momento se encontrava imersa 
em sombras de ignorância. Contudo, não poderíamos ilustrar aquele dia de outubro de 1879, no 
qual o jovem cientista norte-americano Thomas Alva Edison sentou-se à bancada de seu laboratório 
para desenvolver o projeto mais audacioso de sua vida até então, com a imagem de uma lâmpada 
pairando sobre sua cabeça, simplesmente porque a peça seria criada naquele instante.
 Iluminado, talvez, pelo próprio lampião a gás, invenção do cientista, Edison pôs-se a realizar a 
experiência que culminaria na execução da primeira lâmpada incandescente que se tem notícia.
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Após diversas experiências, a lâmpada elétrica tomou forma graças à genialidade 
de Thomas Edison. De lá para cá, com o progresso da humanidade, também 
ela evoluiu e ganhou novos conceitos, tecnologias, tamanhos e formatos, mas o 
propósito permaneceu o mesmo: o de iluminar caminhos.
Uma idéia brilhante!
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Apoio
 Apesar do feito excepcional de Edison, não se deve pensar 
que sua obra foi o desejo realizado por um gênio da lâmpada. 
Desde o século XVIII, inúmeras invenções vinham sendo feitas 
com o objetivo de fazer a eletricidade existente na natureza ser 
domesticada e utilizada pelo homem. A primeira experiência 
que conseguiu produzir luz por meio da eletricidade foi 
realizada pelo químico inglês Humphry Davy em 1802. Ele 
observou que duas peças de carbono ligadas aos terminais de 
uma fonte de corrente, ao serem minimamente separadas, 
produzem entre elas uma luz com alta luminosidade. Por essa 
luz ser em formato de parábola, a invenção ficou conhecida 
como lâmpada de arco.
 Contudo, depois do início do fenômeno, observava-se 
que o pólo negativo da barra tomava uma forma pontiaguda 
e o pólo positivo uma forma de cratera. Ou seja, os eletrodos 
queimavam rapidamente e precisavam de constante 
monitoramento dos cientistas com o intuito de observar se 
eles estavam na distância correta, pois se o caso não fosse esse, 
o arco de luz se apagaria. Isso tudo fazia as barras de carbono 
terem de ser substituídas constantemente, o que tornava seu 
uso um tanto difícil e caro. 
 Não obstante todos os empecilhos, a lâmpada de arco 
chegou a ser utilizada como fonte de iluminação pública e no 
cinema durante todo o século XIX. Na Inglaterra, por exemplo, 
muitos equipamentos desse tipo apareceram entre 1850 e 1870. 
Entretanto, nenhum obteve sucesso econômico. A lâmpada de 
arco deixou de ser utilizada nas primeiras décadas do século 
XX, mas seu legado existe até hoje, pois é a precursora das atuais 
lâmpadas de descarga de mercúrio e de sódio.
Finalmente, a lâmpada
 Não se encontrava um meio para fazer a luz gerada por via 
elétrica ter intensidade e duração atrativas. Neste ponto, então, 
entra o gênio de Edison. Diz a História que ele testou mais de 
seis mil tipos de materiais que pudessem servir como filamentos 
no período de dois anos, mandando até um agente procurá-la 
nas florestas da Amazônia e outro nas florestas do Japão. Edison 
achou que tivesse encontrado o filamento ideal: a platina. Mas 
esta se mostrou dispendiosa do ponto de vista financeiro, além de 
ter eficiência limitada quando testada na prática. 
 Em 1860, o físico e químico inglês Joseph Swan teria 
desenvolvido uma lâmpada primitiva, que utilizava um filamento 
de papel carbonizado em um bulbo de vidro sem ar, mas a 
iluminação resultante não era das melhores. 
 O tipo de filamento correto para os propósitos do cientista 
só foi descoberto, no entanto, acidentalmente. Reza a lenda que, 
certa noite, mexendo em uma mistura de resíduo de carvão e 
alcatrão, o inventor enrolou a massa até transformá-la em um 
fino fio. Por curiosidade, resolveu testar o material e o colocou em 
uma bola de vidro, tomando cuidado para que o ar fosse retirado 
antes. Passou a corrente elétrica no fio, que brilhou por um curto 
período de tempo, depois queimou e se desfez. 
 Para Thomas Edison, o filamento queimou rapidamente 
porque continha ar em sua mistura. Dessa forma, foi à caça de 
A primeira experiência que conseguiu 
produzir luz por meio da eletricidade 
foi realizada pelo químico inglês 
Humphry Davy em 1802.
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Lâmpada criada por Thomas Edisonem 1901
um material que oferecesse uma incandescência como aquela do 
filamento anteriormente utilizado, mas que não apresentasse ar 
em sua composição, para que, assim, a luz durasse mais tempo. 
E o encontrou em uma máquina de costura: uma linha de 
algodão carbonizada. 
 Depois de algumas tentativas frustradas, em 19 de outubro 
de 1879, o cientista conseguiu fazer esse novo material emitir 
uma luz intensa. Isso era uma boa notícia, mas ainda era preciso 
que o tempo de duração dela fosse maior. Ele cobriu, então, 
o filamento com o bulbo de vidro, retirando o ar e aguardou. 
A linha carbonizada só foi ser consumida dois dias depois, e 
o experimento foi considerado um sucesso. Estava inventada 
a lâmpada elétrica incandescente, que foi revelada ao público 
dois meses depois, no mês de dezembro, quando o cientista 
abriu para visitação seu laboratório que, agora, contava com um 
sistema completo de energia. 
 Em 1880, a nova invenção começou a ser vendida em 
pequena escala e, paulatinamente, a luz dos lampiões a gás 
foi substituída por pequenas redes elétricas de iluminação. O 
primeiro lugar a receber iluminação elétrica por meio de uma 
fonte de força municipal centralizada foi a região de Pearl Street 
Station, na cidade de Nova York, em 4 de setembro de 1882.
 Apesar do sucesso da lâmpada incandescente criada 
por Edison, um problema ainda tinha de ser resolvido: o 
filamento de linha de coser carbonizada. Mas como? Ela não 
era a solução? Comparada com os outros materiais testados até 
aquele momento, certamente sim, tanto do ponto de vista da 
luminosidade como da duração, porém, há de se convir, que 40 
horas de vida útil não é um tempo muito satisfatório. 
 Era preciso procurar um material mais resistente e Edison 
e os demais cientistas da época foram atrás de novas opções. 
Encontraram a solução nos fios metálicos de ósmio ou tungstênio 
e a composição da lâmpada incandescente passou a ser essa. O 
design da lâmpada de Swan teria sido mantido por Edison, com 
o aperfeiçoamento das técnicas de vácuo e, a partir de 1880, 
ambos começaram a produzir uma lâmpada praticável.
 Além do filamento com um material mais duradouro e do 
bulbo de vidro cuja função é impedir o contato do fio de metal 
com o oxigênio, a sua conseqüente oxidação e rompimento, 
a lâmpada incandescente passou a ser preenchida também 
com um gás inerte, em geral o argônio, que reduz o efeito de 
sublimação do filamento, fazendo o bulbo não escurecer com 
poucos dias de uso e diminuir sensivelmente a eficiência da 
lâmpada, assim como sua vida útil. O gás inerte também possui 
outra função importante: torna a lâmpada mais resistente, já 
que, se fosse evacuada, ela poderia quebrar com muito mais 
facilidade devido à própria pressão atmosférica. 
 Uma modificação da tradicional lâmpada incandescente, a 
halógena leva este nome porque apresenta em sua composição 
cloro, bromo, iodo e fluor, substâncias químicas halógenas cuja 
função é ajudar na regeneração do filamento da lâmpada. Elas 
se combinam com o tungstênio que é ejetado do filamento no 
acionamento da lâmpada e se precipitam sobre o filamento depois 
que a lâmpada é desligada. Tal efeito faz esse tipo de lâmpada 
ter uma durabilidade até duas vezes maior que as tradicionais 
lâmpadas incandescentes, além de permitir boa manutenção do 
fluxo luminoso, uma vez que o efeito de enegrecimento por 
sublimação é minimizado. 
Novas luzes
 A lâmpada incandescente é apenas um tipo desenvolvido 
pelo homem, mas, mesmo antes da invenção de Thomas Alva 
Com tensão de 14 V, lâmpada foi criada em 
1900 para aplicação decorativa
Apoio
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Edison, outros equipamentos com o mesmo objetivo já vinham 
sendo testados pelo mundo. No entanto, devido aos problemas 
apresentados e, como a invenção de Edison se mostrou, na 
época, a única capaz de emitir uma luz de alta intensidade e 
com alta duração, estes equipamentos ficaram relegados a um 
segundo plano. 
 Entretanto, com o avanço tecnológico, novas espécies de 
lâmpadas surgiram e aquelas que nasceram como concorrentes 
das incandescentes foram melhoradas, ao ponto de os 
equipamentos tradicionais não serem mais as únicas opções 
eficientes no mercado. A lâmpada a arco voltaico, por exemplo, 
criada antes da lâmpada incandescente, não deu tão certo 
quanto esta na época, mas acabou servindo de modelo para as 
atuais lâmpadas de descarga: a vapor de mercúrio, a vapor de 
sódio e a fluorescente.
A todo vapor
 Inventada por volta de 1930, a lâmpada a vapor de mercúrio 
sob alta pressão deve boa parte de seu sucesso à expansão da 
indústria automotiva norte-americana da década. Tem como 
princípio de funcionamento a descarga entre dois eletrodos 
que ficam imersos em uma atmosfera de argônio, com uma 
pequena quantidade de mercúrio. Por apresentar um eletrodo 
auxiliar no seu tubo de descarga, que ioniza o gás argônio nas 
suas vizinhanças, a lâmpada a vapor de mercúrio dispensa 
qualquer pico de ignição para que inicie seu funcionamento. O 
equipamento possui também um reator cujo objetivo é limitar 
sua corrente e tensão a valores aceitáveis para que sua operação 
seja mais segura.
 A lâmpada a vapor de mercúrio tornou-se realidade, mas, 
no passado, as suas primeiras cópias encontraram uma série 
de empecilhos; o principal deles se deu na selagem do tubo 
de descarga, que acabava rachando. Isso acontecia porque a 
temperatura do mercúrio sob a forma de plasma de alta pressão 
era extremamente alta e exigia que os construtores empregassem 
quartzo para a produção de seu tubo de descarga. A questão é 
que o quartzo tem um coeficiente de dilatação térmica muito 
baixo quando comparado ao coeficiente de dilatação térmica dos 
metais, ou seja, os eletrodos de tungstênio encerrados dentro 
do tubo de descarga acabavam o pressionando e causando as 
rachaduras.
 A resolução do problema deu-se com a utilização de finas 
placas condutoras do metal nióbio que foram conectadas aos 
eletrodos e aos terminais do tubo de descarga da lâmpada a 
vapor de mercúrio. Quando o tubo se aquecia, as placas 
apresentavam uma dilatação um pouco maior que a sua, mas, 
por serem extremamente delgadas não forçavam o tubo e, 
conseqüentemente, não rachavam sua selagem.
 Com o passar do tempo, a lâmpada a vapor de mercúrio 
sofreu aprimoramentos, o que desembocou na lâmpada a 
vapor metálico, muito semelhante à primeira, mas com iodetos 
metálicos que melhoraram seu desempenho. Ela conta também 
com um revestimento de alumina nas extremidades de seu 
tubo de descarga. Isso faz o calor produzido ser refletido pela 
descarga para os eletrodos, evitando a condensação dos iodetos 
no interior do tubo.
 A chamada lâmpada mista também é uma variação da 
lâmpada a vapor de mercúrio sob alta pressão. Tem esse nome 
porque apresenta, dentro do mesmo bulbo, um tubo de descarga 
com mercúrio e um filamento de lâmpada incandescente ligado 
em série a ele. Tal característica não é mero enfeite, pois melhora 
o espectro luminoso do equipamento e, ao mesmo tempo, 
Lâmpada com bulbo de vidro na cor 
verde fabricada pela GE em 1903
Lâmpada fabricada em 1929 em comemoração 
ao aniversário de 50 anos de criação da primeira 
lâmpada incandescente
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7
desempenha o papel de reator, possibilitando que a lâmpada 
de luz mista seja ligada diretamente à rede elétrica, da mesma 
forma que a incandescente. 
 Desenvolvida na mesma época que a lâmpada a vapor 
de mercúrio, a lâmpada a vapor de sódio sob baixa pressão 
surgiu com o objetivo de melhorar o rendimento das lâmpadas 
existentes e também trazer mais segurança para a iluminação 
das grandes vias expressas. O seu alto rendimento, chegando 
a superar os 180 lumens/watt, foi extremamente popular na 
década de 1950. Contudo, como o seu espectro luminoso era 
praticamente monocromático na região do amarelo,caiu em 
desuso logo que o aparecimento de sua sucessora: a lâmpada a 
vapor de sódio sob alta pressão.
 Isto aconteceu porque, apesar de seu rendimento ser menor 
em relação à lâmpada anterior, a lâmpada a vapor de sódio sob 
alta pressão apresentava um espectro de luz muito mais rico. 
Seu funcionamento é baseado no mesmo princípio de sua 
predecessora, diferindo apenas no fato de que, além do sódio, 
apresenta mercúrio em sua composição e também gases nobres 
que funcionam como agentes iniciadores da ignição. 
O florescer da lâmpada fluorescente
 A lâmpada fluorescente é composta por um tubo de vidro à 
base de fósforo com um par de eletrodos em cada extremidade; 
internamente ela é carregada com gás inerte a baixa pressão. 
Assim como as lâmpadas a vapores, ela também funciona por 
uma descarga inicial. Sua mistura gasosa ao excitar-se produz 
radiação ultravioleta (UV), que é invisível e faz com que o espectro 
luminoso produzido pela descarga seja extremamente pobre. Para 
resolver este pequeno problema, o tubo é revestido de fósforo. 
Este, devido às suas propriedades químicas, acaba convertendo a 
radiação em luz visível. Por conter fósforo, a lâmpada fluorescente 
também pode ser chamada de fosforescente.
 Introduzida no mercado consumidor em 1938 pela General 
Electric (GE), a lâmpada fluorescente deve seu surgimento, 
no entanto, a outras invenções similares feitas no passado. Os 
primeiros passos para sua invenção foram dados pelo físico 
alemão Heinrich Gleisser, em 1856. O inventor conseguiu, 
ao excitar, com uma bobina, um gás selado em um tubo de 
vidro, produzir um brilho azulado. Após a descoberta de 
Gleisser, inúmeros experimentos foram realizados até chegar 
na invenção do cientista alemão Edmund Germer, que, em 
1926, pegou uma lâmpada com vapor de mercúrio, aumentou 
a pressão operacional dentro de seu tubo e o revestiu com pó 
fluorescente para converter a luz ultravioleta em uma luz branca 
mais uniforme. Estava inventada assim a lâmpada fluorescente. 
 Da mesma família, a lâmpada fluorescente de indução 
possui basicamente a mesma estrutura da outra, mas não 
apresenta eletrodos na sua parte interna; é constituída por 
uma ampola com mercúrio e por uma bobina interna, que 
excita o mercúrio, ou tem simplesmente um tubo fechado com 
duas bobinas enroladas em suas extremidades. Há também a 
lâmpada fluorescente compacta (CFL), que apresenta diâmetros 
menores em relação às originais. De acordo com a GE, elas já 
são construídas com reatores e bases rosqueadas para facilitar a 
substituição por lâmpadas incandescentes. 
 Em comparação com as incandescentes, as lâmpadas 
fluorescentes levam uma certa vantagem: além de produzirem 
tonalidades de luzes brancas “mornas” semelhantes às da luz 
incandescente, utilizam, aproximadamente, 70% menos 
eletricidade do que essas, níveis de lumens semelhantes e vida 
útil até 20 vezes maior. É considerada a lâmpada de descarga mais 
Apoio
popular no mundo, sendo utilizada em aplicações residenciais, 
comerciais, industriais e outras.
A velha novidade
 O Diodo Emissor de Luz, o famoso Led é a última palavra em 
tecnologia de lâmpadas no mundo. É uma invenção nova. Nova? 
Não tão nova. Não só porque já se ouve falar dela há mais de dez 
anos, mas porque antes de ser empregada na área de iluminação, 
ela já era uma velha conhecida em outros lugares e com outras 
funções. De acordo com a fabricante de lâmpadas Osram, os 
Leds têm sido utilizados há mais de 30 anos como substitutos 
das lâmpadas de sinalização ou lâmpadas pilotos nos painéis 
dos instrumentos e aparelhos diversos. Eles podem ser visto em 
diversas aplicações industriais, tais como gabinetes de comutação 
a instrumentos de medição, em instalações de sinal de trânsito 
para rodovia ou ferrovia e em produtos para o consumidor, como 
iluminação interna e externa de automóveis, em computadores 
pessoais, telefones, DVDs e outros aparelhos eletrônicos.
 Soma-se a isso a sua origem, que remonta ao começo do 
século XX, mais especificamente a 1907, quando o engenheiro 
eletrônico inglês Henry Joseph Round, ao fazer experimentos na 
área de rádio, descobriu o efeito físico da eletroluminescência. 
Conforme a Osram, sua descoberta foi esquecida em um primeiro 
momento, mas retomada posteriormente, o que acarretou 
no primeiro diodo com luminescência vermelha, lançado em 
1962. Anos mais tarde, em 1971, foram colocados a venda os 
primeiros Leds nas cores verde, laranja e amarelo. É quando eles 
começam a ter sua potência e eficácia aperfeiçoadas. Dois anos 
mais tarde, surgem diodos altamente eficientes, que emitem 
luz no espectro azul e verde. Dessa forma, foram atendidas as 
condições para criar luz branca, fato que aconteceu em 1995.
 Segundo o engenheiro eletricista e diretor técnico da 
Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux), Isac 
Roizenblatt, em um futuro não muito distante, os Leds e o seu 
“primo próximo”, o Diodo Orgânico Emissor de Luz (Oled) 
terão uma significativa participação de mercado, tanto em 
volume de unidades como em produção de luz artificial. Isto 
deve ocorrer porque os produtos disponíveis no mercado e os 
que estão em desenvolvimento já atingem mais de 100 lúmens 
por watt, apresentam um índice de reprodução de cor superior 
a 90, uma gama de temperaturas de cor e vida útil superior a 50 
mil horas, podendo funcionar por mais de dez anos.
Novo paradigma
 De acordo com Roizenblatt, não obstante as tecnologias surgidas 
depois da invenção de Thomas Edison, as lâmpadas incandescentes 
e sua variante, as halógenas, são ainda quantitativamente as de 
maior volume no mundo. Contudo, elas produzem apenas cerca 
de 10% da luz artificial para iluminação. 
 Conforme o engenheiro, aproximadamente 25% da luz 
artificial é gerada pelas lâmpadas de descarga de alta intensidade, 
10% pelas fluorescentes compactas e 55% pelas lâmpadas 
fluorescentes. “Com essas proporções, vemos que 90% da luz 
artificial é produzida pelas lâmpadas de descarga, e as lâmpadas 
de descarga em baixa pressão fluorescentes lideram por larga 
margem devido às suas características”, constata. 
 Por conta dessa estrutura mercadológica, segundo 
Roizenblatt, as novas tecnologias entrantes, como os Leds e 
os Oleds, devem ter as lâmpadas fluorescentes, fluorescentes 
compactas, a vapor de sódio e as cerâmicas a vapor metálico, 
como “benchmark”, ou seja, como modelo para se espelharem, 
buscando sempre o seu grau de excelência máximo.
Os primeiros passos para a invenção da lâmpada 
fluorescente foram dados pelo físico alemão 
Heinrich Gleisser, em 1856, que conseguiu 
produzir um brilho azulado ao excitar, com uma 
bobina, um gás selado em um tubo de vidro.
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O engenheiro civil Moshé Gruberger trouxe grandes contribuições para 
o conceito de sistemas prediais em Belo Horizonte (MG) e é hoje, 
reconhecidamente, um dos grandes nomes da engenharia brasileira.
A força de Moshé
Apoio
 Inúmeras qualidades fizeram do engenheiro civil Moshé 
Gruberger o homenageado desta edição, como sua contribuição 
para a evolução dos projetos prediais e sua convicção que fez suas 
escolhas sempre darem certo. Outras evidências de que a nossa 
escolha foi acertada foram encontradas ao longo da apuração 
desta reportagem. Todas as pessoas ouvidas demonstraram 
profunda admiração por Moshé e não pouparam elogios ao 
engenheiro falecido no começo deste ano. 
 Uma delas é Cristina Bráulio, engenheira civil como Moshé 
e proprietária da Printer Projetos e Construções. Embora 
tenha conhecido Moshé superficialmente e apenas no âmbito 
profissional – revisou um projeto de um shopping center feito 
por sua empresa –, guardou dele boas recordações. “Também 
trabalho como professora de uma universidade em Belo 
Horizonte, lecionando disciplinas tanto na área de engenhariacomo na de arquitetura e percebo que os arquitetos têm um 
profundo conhecimento dos grandes nomes de sua área. Não 
temos essa tradição de homenagear os grandes nomes da 
engenharia e o Moshé é um grande nome, uma referência. Ele 
merece”, avalia. 
 Este depoimento vai ao encontro desta seção, desde sua 
primeira edição: dar os louros da glória a quem merece. Com 
Moshé não seria diferente, mesmo que este reconhecimento não 
tenha vindo em tempo de encontrá-lo em pleno gozo da vida. 
O início
 Nascido em terra estrangeira no dia 25 de julho de 1939, 
Moshé Gruberger morava no Brasil desde 1952; a capital 
mineira Belo Horizonte foi o local escolhido por sua família 
para estabelecer sua vida no País. Foi aí que ele, seguindo os 
passos de seu pai, também engenheiro, cursou a faculdade 
de engenharia civil na Universidade Federal de Minas Gerais 
(UFMG) e conheceu sua esposa Neide Ures Gruberger, com 
quem teve três filhos: Isaak, engenheiro eletricista; Tatiane, 
arquiteta; e Rosane Gruberger, designer gráfica. Em 1968, 
fundou sua empresa, a Enit Projetos e Consultoria, realizando 
trabalhos na área de sistemas prediais.
 Na opinião de Cristina Bráulio, a importância de Moshé 
para a engenharia começou exatamente neste ponto, com a 
abertura da Enit. “Tenho que dizer que ele revolucionou o 
conceito de sistemas prediais aqui em Belo Horizonte”, conta. 
Segundo ela, o escritório de Moshé foi importante por ter sido 
“Não temos a tradição de homenagear os 
grandes nomes da engenharia e Moshé é uma 
referência. Ele merece” 
Cristina Bráulio
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Moshé tinha poucos, mas grandes projetos, como 
shoppings centers, aeroportos, prédios industriais, 
especializando-se nesse segmento. Abaixo, maquete 
da sede da Petrobras em Vitória (ES).
Apoio
um dos primeiros a realizar projetos nessa área e trabalhou de 
modo que sua empresa não sofresse prejuízos, justamente por 
projetar poucos, mas grandes trabalhos.
 Conforme Cristina, ele montou sua empresa em uma 
época que não era muito comum realizar projetos nessa área. 
“Não havia muita procura”, diz. Apesar do grande desafio, 
Moshé nunca desistiu e tornou-se, além de um engenheiro, 
um empresário de sucesso. Neide Gruberger acrescenta que 
a união de Moshé, em 1970, aos bons arquitetos Fernando 
Graça, Eolo Maia, Paulinho Leander, Ney Gomes e Kleber 
Gonçalves foi decisiva para a divulgação da empresa, que, 
entre outros projetos, colocou sua marca na construção da 
Pampulha.
 Uma das grandes estratégias para o sucesso da Enit, na 
visão da proprietária da Printer, foi a preferência de Moshé por 
projetos de grande porte, como shoppings centers, aeroportos, 
edifícios comerciais e prédios industriais, especializando-se 
nesse segmento. “Ele tinha poucos projetos, mas grandes e de 
qualidade”, conta. A participação na construção dos edifícios 
comerciais do Banco Mercantil e do Brasil, e ainda da Telemig, 
são prova disso. 
 Outra grande sacada de Moshé, de acordo com Cristina, 
foi a expansão dos negócios para fora de Belo Horizonte. 
Percebendo a possibilidade de ultrapassar as fronteiras da 
cidade, Moshé se aventurou em outras regiões do País, como 
São Paulo. De acordo com a sua esposa, foi em 1978 que essa 
mudança começou. “Moshe já não utilizava mais a régua de 
cálculo e buscava máquinas de calcular elétrica e computadores 
Radio Shack”, afirma. Foi nesse processo de inovação que 
projetos fora de Minas Gerais, principalmente shoppings 
centers, começaram a surgir. Destaque para o Norte Shopping 
e Barra Shopping, no Rio de Janeiro; o Anália Franco, o Villa 
Lobos e o Jardim Sul em São Paulo. E até fora do Brasil: a Enit 
expandiu seus negócios, realizando a construção do Cascais 
Shopping, em Portugal.
Exemplo humano e profissional
 Por sua competência profissional e sucesso como empresário, 
Moshé e sua empresa tornaram-se modelo de conduta para 
muitos engenheiros que resolveram abrir também seu próprio 
escritório. Um deles foi a própria engenheira Cristina Bráulio. 
“Sua empresa foi, para mim, o exemplo do máximo que se 
podia alcançar nesse setor”, conta. Outros dois engenheiros 
que se inspiram em Moshé começaram como estagiários de 
Moshé, além de engenheiro, um empresário de sucesso.
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sua firma. O primeiro foi o engenheiro eletricista Potirene 
Ubirajara da Silva e o segundo, o também engenheiro 
eletricista Marcelo Dicker.
 Potirene conta que sua história junto a Moshé começou 
com seu irmão arquiteto, Maruene. Segundo ele, Maruene e 
Moshé viajaram juntos a trabalho, em 1972, para verificar um 
projeto no município mineiro de Cataguazes. Nessa viagem, 
Maruene falou sobre um irmão que estudava engenharia 
elétrica e, coincidentemente, Moshé precisava de um estagiário 
nessa área. “Me apresentei em dezembro 1972 e comecei a 
trabalhar lá em janeiro de 1973”, diz. Mais de trinta anos se 
passaram desde então e Potirene virou um dos sócios. 
 Com o falecimento de Moshé, Potirene comanda a Enit 
com a viúva Neide Gruberger. E, para o engenheiro eletricista, 
muito das lições ensinadas pelo antigo colega ainda está 
presente no dia-a-dia da empresa. O jeito de ser de Moshé 
dentro da empresa fez dos profissionais que os cercam um 
grupo de grandes colaboradores, fiéis e amigos. Estes frutos, 
de acordo com Potirene, que ainda hoje são aproveitados lá 
dentro, foram incontestavelmente plantados por Moshé. “Esta 
é hoje a grande bandeira que utilizo para dar continuidade aos 
trabalhos e manter o nosso espírito de equipe”, diz.
 O engenheiro eletricista Marcelo Dicker tem uma história 
parecida com a de Potirene, pelo menos no tocante ao início de 
suas carrerias. Ele também começou na Enit enquanto estudava 
engenharia elétrica, por volta de 1986, e ficou lá por seis anos 
até sair para abrir sua própria empresa de projetos de sistemas 
prediais e industriais, a Ecom Engenharia Computadorizada.
 Segundo Dicker, os anos passados na Enit foram uma 
verdadeira escola. Ele observou a forma de trabalhar de Moshé 
– sua preocupação com a qualidade do projetos, que eram 
sempre bem concebidos, detalhados, mas de fácil execução e 
de um jeito que facilitasse o uso para o cliente – e aprendeu 
muito com isso. “Digo a todos que tive a oportunidade de 
trabalhar na Enit e que muito do que eu sei devo ao Moshé”, 
orgulha-se. Mesmo depois da saída de Dicker da empresa de 
Moshé, os dois mantiveram um bom relacionamento, tanto 
que, há dois anos, conta Dicker, a Ecom fez uma parceria com 
a Enit para a realização de três projetos de sistemas prediais.
Gênio forte: presença marcante
 Por conta do relacionamento que seu pai tinha com 
Moshé, mesmo seguindo caminhos distintos, Dicker se 
considerava um amigo do proprietário da Enit. “Sempre tive 
O jeito de ser de Moshé fez dos profissionais que os 
cercavam um grupo de grandes colaboradores, fiéis e amigos.
Apoio
“O fundador da Enit tinha a capacidade de 
vislumbrar boas soluções com uma facilidade de 
quem está montando um quebra-cabeça infantil” 
Potirene Ubirajara da Silva
Edifício comercial, localizado na Avenida das Nações Unidas, em São Paulo (SP), foi projetado pela 
Enit em novembro de 2006 e inaugurado em meados de 2008.
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o Moshé como professor e acabei criando uma relação pessoal 
com ele”, comenta. No entanto, o engenheiro eletricista 
reconhece que o relacionamento com Moshé nem sempre era 
fácil. “Por acreditar muito nas suas idéias, ele as defendia com 
muito vigor, o que, às vezes, para algumas pessoas tornava a 
convivência complicada”, conta.
 Dicker define Moshé também como um sujeito divertido, 
“boa-praça”, brincalhão e inteligente. Por ser tudo isso, 
segundo ele, Moshé marcava a presença positivamente de uma 
maneira muito intensa. “Tenho por mim, inclusive, que, para 
as pessoas que viveram com ele rotineiramente, a sua perda 
ainda deve ser muitosentida”, analisa.
 Como conviveu quase sua vida toda com ele, Potirene 
pode falar com propriedade sobre a falta que Moshé faz. O 
engenheiro ainda lembra de sua voz marcante dentro da Enit, 
o bom humor, a descontração e suas broncas nas horas certas. 
“Ele faz toda a falta do mundo. A sua presença era suporte 
para todos e em todos os sentidos, seja para assuntos pessoais, 
seja técnicos”, afirma. O fundador da Enit tinha a capacidade 
de vislumbrar boas soluções com uma facilidade de quem está 
montando um quebra-cabeças infantil e, na relação com o 
cliente, apresentava um carisma único difícil de ser coberto 
por qualquer um de nós que estamos na sua sucessão.
A família Moshé
 Quem entra no site da Enit logo percebe que se trata de uma 
empresa diferente, que, mesmo não formada exclusivamente por 
parentes, pode ser definida como familiar. Para se ter idéia, a 
descrição da equipe técnica da empresa é apresentada da seguinte 
maneira: “Todos os responsáveis técnicos realizaram sua vida 
profissional tão somente na empresa, participando de todos os 
projetos desenvolvidos, não tendo tido nenhuma experiência 
profissional em outra empresa”.
 O texto refere-se aos sócios-proprietários da Enit: o engenheiro 
civil Moshé Gruberger e sua esposa, a engenheira mecânica Neide 
Gruberger, e os engenheiros eletricistas Potirene Ubirajara e Mário 
Sergio Pereira. De fato, todos não haviam trabalhado em nenhum 
outro lugar. Potirene, que trabalha lá desde a época de estagiário, 
conta que a situação, atualmente, é um pouco distinta. De acordo 
com ele, há cinco anos, Mário Sérgio não está mais na companhia 
e, com o falecimento de Moshé, a sociedade foi dividida entre ele, 
que possui 10%, e Neide e os filhos, com 90%.
Torre Paulista – prédio localizado na Avenida Paulista, 
em São Paulo (SP), projetado em junho de 2007.
Apoio
 Embora possa se pensar que Neide Gruberger tornou-se 
sócia por ser a esposa de Moshé, a verdade é outra. Ela sempre 
foi atuante na companhia, sendo responsável, como engenheira 
mecânica, pela parte dos projetos de ar-condicionado da 
empresa. Segundo Potirene, ela trabalhou durante muito tempo 
nesta função e só largou o emprego em certo momento para se 
dedicar com mais afinco à família. De acordo com Potirene, 
todas as funções na empresa eram bem divididas: os projetos 
elétricos e afins ficavam com ele e o engenheiro Mário Sergio. Já 
Moshé tinha como foco principal os projetos hidro-sanitários e 
prevenção e combate a incêndio, sua especialidade. Mas o fato é 
que, por sua versatilidade, coordenava, de modo geral, todos os 
projetos de instalações que a empresa produzia. Mais tarde, seu 
filho Isaak e sua filha Tatiana começaram a trabalhar na Enit: 
ele, assumindo a direção comercial e ela, a direção da gerência de 
projetos da empresa.
 Depois de 35 anos trabalhando juntos, era de se esperar que 
Potirene e Moshé se tornassem amigos. Mais que amigos, uma 
família. “Neste período me casei, nasceram meus filhos, eles se 
formaram e Moshé esteve sempre presente em tudo. Ele também, 
nesse meio tempo, teve suas outras duas filhas, os meninos se 
formaram, casaram e eu estive sempre participando dos eventos 
familiares”, diz saudosamente. 
 Ademais, segundo Potirene, as muitas viagens a trabalho 
que os dois fizeram juntos geraram um grande companheirismo. 
“Em uma preparação para essas viagens, aconteceu uma história 
divertida e que Moshé contava sempre que podia”, lembra. 
Quando a Enit iniciou uma série de projetos para a Mendes 
Júnior, eles foram convidados a realizar um proposta para a obra 
Express Way nº 1, no Iraque. Em uma reunião, para discutir as 
condições do projeto, eles comentaram sobre a necessidade de 
visitas freqüentes ao Iraque e um diretor da Mendes Júnior fez 
a seguinte pergunte a Moshé, baseado em seu nome: “Você é 
judeu?”, a qual Moshé respondeu: “Sim, eu sou!”. Diante dessa 
reposta, os outros integrantes da Mendes Júnior alertaram sobre 
a dificuldade para conseguir o visto, mas que iriam avaliar a 
situação. Nesse instante, o diretor falou, novamente: “Bom, pelo 
menos você não é iraniano. Estes sim não podem passar nem 
perto da fronteira”. Depois de um momento de silêncio, Moshé 
deu uma risada e disse: “Eu nasci em Teerã. Sou iraniano da 
capital”. “A gargalhada foi geral. Bom, dessa forma, as visitas do 
Iraque ficaram para mim”, relembra Potirene.
Projetado em 2005 pela Enit, o edifício Eldorado 
Business Center foi um dos primeiros a receber o 
certificado LEED (em inglês, Leadership in Energy and 
Environmental Design) de sustentabilidade ambiental.
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Maioria dos produtos falsificados ainda é originada na China, mas o índice já foi maior. 
Investimentos em educação e tecnologia têm feito do império chinês uma potência mundial 
e uma fonte de produtos feitos com cada vez mais qualidade
 Nova pujança econômica do século XXI, a China despontava como a única potencia capaz de ameaçar 
a supremacia norte-americana e foi pivô de grandes transformações econômicas em todo o mundo. País de 
extensão territorial com dimensões continentais, a China abriga cerca de 20% da população mundial – 1,3 
bilhão de habitantes – e recebeu, apenas no primeiro semestre de 2008, investimentos estrangeiros diretos da 
ordem de US$ 52,4 bilhões. 
 Mas nem sempre foi assim. Até a década de 1960, a China era um país fechado política e economicamente, o 
que se deveu, principalmente, à ideologia contrária à vigorada na maioria dos países ocidentais e pela desconfiança 
nos estrangeiros, gerada pelas imposições sofridas com a Guerra do Ópio, em 1840.
 Já na década de 1970, com a entrada de Deng Xiaoping no poder, a China decide adotar um amplo 
programa de reformas e ingressar de vez na ordem mundial. Houve então quatro grandes modernizações: 
cultural, militar, industrial e agrícola. Em um país em que 70% da população era constituída por camponeses, 
era natural que as reformas começassem na agricultura. Assim, as famílias poderiam cultivar o que desejassem 
em terras pertencentes ao Estado, entregariam parte da produção para o governo e poderiam vender o restante 
ao mercado. O resultado foi um notável crescimento da produção agrícola e disseminação da iniciativa 
privada e do trabalho assalariado no campo. Nesse sentido, o sistema econômico chinês foi modificado e 
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O grande 
 dragão chinês 
Apoio
incluiu em seus planos a abertura ao exterior e ao capital externo. 
 A grande revolução, entretanto, veio com a criação das chamadas 
Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), instituídas com o intuito de 
atrair capital estrangeiro. Na tentativa de ampliar suas exportações, 
a China concedeu grandes benefícios aos investidores estrangeiros e 
funcionou. A reforma econômica na China foi chamada de “economia 
socialista de mercado”, ou seja, um país socialista com um mercado 
livre. Conforme escreveu o advogado José Ricardo dos Santos Luz 
Jr., em um artigo, “a participação do investidor estrangeiro na China 
tinha como objetivo a introdução de tecnologia, métodos modernos 
de administração (“know-how”), otimização do parque industrial 
nacional e desenvolvimento da região favorecida. Em contrapartida, 
o investidor estrangeiro receberia inúmeros incentivos fiscais, além de 
flexibilização das normas trabalhistas em vigor”.
 Nesse compasso, a economia chinesa cresceu, nos anos de 1980 e 
1990, a taxas médias de 9%, destacando-se a província de Guangdond, 
que crescia a uma média de 12,5% ao ano, taxa mais alta do mundo 
no período. O PIB chinês saltou de 362 trilhões de yuan em 1978 para 
1.854 trilhões de yuan em 1990. 
Made in China
 Com a abertura econômica e as crescentes exportações da China, 
o mundo foi invadido por produtos chineses. Em 1980, período de 
início das reformas econômicas, a China ficou em 25º no ranking 
de exportadores,vendendo para o mercado externo cerca de US$ 18 
bilhões. Em 1997, o país alcançou a soma de US$ 183 bilhões com 
exportações, tornando-se o 10º no ranking mundial.
 Para se ter idéia, em 2007, as importações da China para o Brasil 
dispararam 54%, ultrapassando o Mercosul e tornando-se o segundo 
maior fornecedor de produtos para o Brasil, depois apenas dos Estados 
Unidos. As importações chinesas representam, atualmente, cerca de 
10% do total de bens comprados pelo Brasil no exterior.
 Desde os anos 1990, no entanto, os produtos chineses vêm 
adentrando o mercado brasileiro e de tantos outros países, mas muitos 
deles vieram acompanhados por qualidade e desempenho duvidosos. Em 
2005, cerca de 90% dos produtos contrafeitos que entraram no Brasil 
eram provenientes da China. O coordenador do Grupo de Trabalho 
de Combate aos Produtos Contrafeitos e Ilegalidades, da Associação 
Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee), Mario Sergio Amarante 
Filho, conta que é comum encontrar no mercado pilhas e baterias com 
nomes e cores similares aos de empresas reconhecidas do setor. “No 
início chegavam cópias perfeitas, mas mudaram a estratégia e agora 
colocam produtos à imagem e semelhança do fabricante tradicional, 
mas com sua marca própria”, reprova. Foi essa concorrência desleal 
que levou diversos fabricantes a se unirem e formarem o grupo, com 
o objetivo de conscientizar o usuário de modo que ele exija qualidade 
e conformidade com as normas técnicas, ciente dos riscos que corre ao 
consumir produtos baratos, falsificados e sem qualidade técnica. 
 Entretanto, o mapa da pirataria é amplo. De acordo com o 
Sindicato Nacional dos Técnicos da Receita, o Brasil é o quarto país que 
mais consome produtos pirateados, depois da China, Rússia e Paraguai. 
As falsificações chegam ao Brasil por diversas rotas, com destaque para 
os portos de Santos e de Paranaguá, por meio do Depósito Franco 
Paraguaio, localizado no interior desses portos. 
 Esses produtos, geralmente, são produzidos na China, mas é 
comum muitos deles receberem acabamento ou montagem final em 
alguns países, como Paraguai e Uruguai, para chegarem ao Brasil e a 
outros cantos da América do Sul com mais facilidade, considerando 
as vantagens do comércio entre as nações que integram o Mercosul. 
De acordo com a Federação do Comércio (Fecomércio), os produtos 
trazidos do Paraguai (made in China) representam vendas superiores a 
88% do mercado informal.
 O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos 
Elétricos Nema Brasil, o engenheiro eletricista Hilton Moreno, explica 
que essas empresas são chamadas de “maquiladoras”, sendo, em sua 
maioria, empresas chinesas que montam pequenas fábricas no Paraguai 
O conjunto de reformas 
promovido pelo governo de 
Deng Xiaoping refletia a idéia 
por ele declarada, de que “não 
importa a cor do gato, importa 
que ele pegue os ratos”.
28
-2
9
e em outros países com o objetivo de receber os produtos chineses 
para o acabamento final e então comercializá-los nos países vizinhos, 
com benefícios fiscais. O mesmo acontece no México, tendo em vista 
o mercado norte-americano. Moreno enfatiza que isso não é ilegal. 
“Muitas dessas empresas são formais, mas é um artifício que prejudica a 
concorrência no mercado”, completa.
 O presidente da Câmera de Comércio Brasil–China, Charles 
Tang, confirma que a China investe em montadoras localizadas em 
países estratégicos, as quais, dentro da legislação da região, exportam 
para outros países. Ele cita, entretanto, que os brasileiros e outras 
nações fazem o mesmo processo. “Da mesma maneira, o Brasil 
exporta etanol para ser hidratado na região do Caribe, por exemplo, 
para, em seguida, exportar para os Estados Unidos, aproveitando 
também facilidades de comércio entre os países. E isso não é ilícito e 
nem exclusivo da China”, defende.
 A contrafação é muito expressiva no cenário internacional. De 
acordo com a Câmara de Comércio Internacional, nos últimos dez 
anos, a contrafação provocou uma perda de 100 mil postos de trabalho 
por ano na União Européia, e de 120 mil nos Estados Unidos. Outro 
dado significativo da Câmara Internacional é a previsão de que 5% a 7% 
do comércio mundial sejam constituídos por atividades relacionadas à 
contrafação, com destaque para a indústria de softwares e eletrônicos.
 Charles Tang conta que os juros e os tributos baixos foram e 
continuam sendo a principal marca da economia chinesa. Ele enfatiza 
que o problema não é o custo baixo da China, mas sim o alto custo 
brasileiro. “Enquanto os tributos lá representam 17,5% do produto, 
aqui no Brasil chegam aos 40%. O mesmo acontece com os encargos 
trabalhistas, que são de 58%, e que aqui alcançam os 127%”, diz. Além 
disso, os juros praticados na China são um dos menores do mundo, 
ao passo que os juros brasileiros estão entre os mais altos. “Comparado 
ao Brasil, a China não tem câmbio desfavorável, nem um sistema tão 
burocrático. Se os custos brasileiros não fossem tão caros, não teríamos 
tantos empresários ganhando tanto trazendo produtos da China”, 
conclui Tang.
Livre arbítrio
 A trajetória da China é similar à do Japão. Hilton Moreno 
lembra que, nos anos 1960, o Japão começou a exportar produtos 
de má qualidade e em grandes quantidades. Duas décadas depois, o 
governo japonês implantou e incentivou uma filosofia de tecnologia e, 
atualmente, os produtos lá manufaturados apresentam boa qualidade. 
“Assim acontece com a China: no final dos anos 1990, praticamente 
todos os produtos chineses eram de má qualidade, ao passo que, nos 
dias de hoje, muitos produtos chineses apresentam bom desempenho”, 
reconhece.
 Ele afirma que a China abarca muitas empresas multinacionais e 
milhares de empresas chinesas que podem e fazem produtos de boa 
qualidade. “Em poucas palavras, o fabricante chinês faz o que o mercado 
pede. Por exemplo, se ele precisar fazer o melhor disjuntor do mundo, 
ele vai fazer”, completa.
 Charles Tang, da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, 
lembra que mais de 50% das exportações chinesas são provenientes 
de empresas multinacionais que estão no país. “Então, se ainda há 
problemas de qualidade, não tem de reclamar com o governo chinês, 
mas com as multinacionais”, sugere. 
 Cada vez mais a China está sendo reconhecida pela qualidade dos 
seus produtos. “O problema é que quem não conhece a China a teme, 
pois não conhece as múltiplas oportunidades que ela oferece”, analisa 
Tang. Gradativamente, os produtos são valorizados pela sua qualidade, 
design e tecnologia e deixando de ser um país de produtos baratos e 
qualidade relativa. “Claro que ainda há produtos baratos de qualidade 
inferior, mas a pirataria está sendo duramente combatida pelo governo 
O dragão é um símbolo mitológico que congrega os 
quatro elementos do planeta: água, ar, fogo e terra. 
É considerado o emblema do império chinês, repre-
sentando a energia masculina e a fertilidade. Além 
disso, corresponde à quinta criatura do zodíaco 
Chinês, cuja função é guardar o Oriente.
Apoio
chinês, que, inclusive, está considerando a pena de morte para aquele 
que cometer o crime da pirataria”, revela.
 O gerente comercial da Joining, Law Hwan Huei, explica que, como 
estratégia, o mercado chinês possui pelo menos três níveis de qualidade 
para um mesmo produto, ou seja, é possível comprar uma lâmpada com 
qualidade A, B ou C. O aspecto externo do produto para um leigo é o 
mesmo, porém a qualidade varia muito, o que influencia diretamente 
a durabilidade do produto. “A principal diferença entre os produtos 
A, B ou C é a qualidade da matéria-prima utilizada na sua fabricação: 
produtos de baixa qualidade usam material reciclado”, conta. 
 Antigamente, havia softwares piratas, eletrônicos em geral 
empilhados nas ruas da China, cenário que não se encontra mais por 
lá. As vendas piratas caíram drasticamente. “Claroque, se o brasileiro ou 
qualquer outro comprador procurar, vai encontrar fabricantes piratas nas 
periferias do país, mas muitas fábricas foram fechadas por contrafação de 
produtos”, afirma Charles Tang. Segundo ele, cabe mais ao importador 
do que ao exportador chinês fazer as escolhas priorizando a qualidade. 
“A China não tem como controlar os importadores nem a alfândega de 
outros países”, conclui.
 O presidente da Associação Brasileira de Importadores de Equipamentos 
de Iluminação (Abilumi), Alexandre Cricci, concorda que os produtos 
chineses estão aperfeiçoando sua qualidade. “É a terceira economia do 
mundo, não está para brincadeiras”, diz. Ele também compara a China 
com o Japão e afirma que ela está mais direcionada para a produção de 
equipamentos de alta qualidade e, por isso, continua produzindo para o 
mundo todo. “O padrão de qualidade é equiparado ao dos Estados Unidos 
e da Europa”, completa. Além disso, o mercado brasileiro, assim como o 
mundial, está mais seletivo e prezando pela qualidade.
 O engenheiro Luiz Rosendo, consultor técnico senior da Schneider 
– empresa que possui fábrica na China –, vai ao encontro das 
declarações de Cricci e afirma que há alguns anos os produtos chineses 
eram realmente ruins, assim como também foram em um passado mais 
distante, os japoneses. “Os chineses estão se aperfeiçoando bastante, mas 
ainda é melhor comprar daqueles que possuem representantes no Brasil 
para ter mais garantias”, aconselha. 
 Falsificações, alto desempenho, baixa qualidade convivem juntos 
no mercado brasileiro e muitos produtos contrafeitos são atribuídos 
genericamente aos chineses, mas a origem de um produto pirata pode 
ser brasileira ou ter outras nacionalidades. Nesse sentido, Law Hwan 
Huei, da Joining, afirma que o preconceito ainda existe, mas já foi muito 
pior, principalmente no início dos anos 1990. “Neste período, houve 
importação maciça de produtos chineses de baixa qualidade, mas, como 
milagres não existem, o preço baixo era devido à péssima qualidade do 
produto”, afirma.
 Como empresa chinesa, a Joining, assim como outras, sofre 
com o preconceito. Sobre isso, Huei conta que alguns dos produtos 
comercializados por ela são similares aos comercializados e desenvolvidos 
por outras empresas. “Entretanto, comercializamos apenas produtos 
que não são patenteados ou que não possuem proteção do desenho 
industrial”, esclarece. 
 O fato é que, desde 2001, o Brasil ganhou de mais de US$ 7 
bilhões nas suas trocas comerciais com o império chinês. De acordo 
com Charles Tang, a China provou ser uma importante saída para o 
Brasil, principalmente no momento em que os parceiros tradicionais do 
País criaram dificuldades para as nossas exportações e subsidiaram a sua 
agricultura, que assim concorre de forma injusta contra o carro-chefe 
das exportações brasileiras, o agronegócio.
 Segundo ele, os chineses têm o que a empresa brasileira necessita: 
capital de custo baixo e de longo prazo em abundância; máquinas de 
boa qualidade e de custo muito competitivo; e experiência de comércio 
internacional, que inundou as prateleiras do mundo com o “Made in 
China”. A decisão é do importador.
“O problema não é o custo baixo da China, mas sim o 
alto custo brasileiro. Enquanto os tributos lá representam 
17,5% do produto, aqui no Brasil chegam aos 40%. O 
mesmo acontece com os encargos trabalhistas, que são de 
58%, e que aqui alcançam os 127%”
Charles Tang
 O duelo era mesmo de gigantes. De um lado, Nikola Tesla. Sérvio, tinha como pai um 
reverendo e uma mãe inventora, e era um dos cinco filhos do casal. Avançou nos estudos de 
engenharia elétrica em uma escola politécnica na Áustria, graduando-se posteriormente na 
Universidade de Praga. Passou por Budapeste, em que desenvolveu atividades como engenheiro 
eletricista na National Telephone Company e por Paris, na Continental Edison Company, 
trabalhando no aperfeiçoamento de equipamentos elétricos. Já de olho nos estudos sobre 
corrente elétrica, Tesla arrumou as malas, emigrou-se para os Estados Unidos e se tornou 
assistente de quem iria travar, mais tarde, uma pequena guerra, o famoso cientista da época, 
Thomas Alva Edison.
 Do outro lado, um tanto mais experiente e trazendo na bagagem a invenção da lâmpada 
elétrica incandescente, o gramofone, o cinetoscópio, entre outros grandes inventos, Edison 
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Duelo de titãs
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Discussões sobre o uso das correntes alternada e contínua mantêm 
acesa a histórica rivalidade entre dois grandes inventores: 
Thomas Edison e Nikola Tesla
Apoio
era o mais novo de sete irmãos. Garoto problema na escola, 
um de seus professores chegou a dizer que ele tinha o diabo 
no corpo. A inquietação o levou a estudar com a mãe. Logo, 
o menino estaria apaixonado pelas ciências, fazendo tremer 
a casa em que morava, em Michigan, com os experimentos 
realizados no laboratório de química instalado no sótão. 
Trabalhou por toda parte vendendo jornais e doces até tornar-
se telegrafista e, após várias tentativas e experiências, inventar 
equipamentos de real valor que o permitiram se estabelecer 
em Nova York. Reconhecido pelas suas invenções, motivou a 
construção de um centro de pesquisas em Menlo Park, Nova 
Jersey, chegando a patentear em um período de quatro anos, 
cerca de 300 criações.
Rivalidade
 O quase parque industrial – o centro possuía laboratórios, 
oficinas, inúmeros técnicos e assistentes – foi a arena dos dois 
inventores. Jovens, ambiciosos e inteligentes, os dois cientistas 
trabalharam juntos em muitos projetos, sendo até algumas das 
patentes de Edison de autoria de Tesla. Embora devotados a 
um tema em comum, a energia elétrica, divergiam sobre as suas 
ramificações. Tais discordâncias lhes renderam a qualidade de 
inimigos e o início de uma guerra, a chamada “Guerra das 
correntes”. Tesla defendia o uso da corrente alternada (CA) 
em todos os processos de transmissão da energia elétrica, já 
Edison acreditava cegamente que a corrente contínua (CC) 
abasteceria ruas, casas e empresas de todo o mundo. Um 
engano, a segunda tinha limitações que só Tesla conseguia 
enxergar e ir além.
 Para somar à birra com Edison, Tesla não recebeu qualquer 
pagamento por algumas de suas descobertas, que havia sido 
prometido por seu superior. Com relações cortadas, o assistente 
perdeu o emprego e teve de segurar as despesas com trabalho 
braçal. Longe da Edison General Electric, que, como o nome já 
sugere, era a empresa de Edison, buscou abrigo como inventor 
na concorrência, para a sorte de George Westinghouse, dono 
da Westinghouse Electric Company, empresário e também 
engenheiro americano que injetou altas cifras no estudo e no 
desenvolvimento da corrente alternada.
 Com os conhecimentos de Tesla ao seu lado, Westinghouse 
estaria armado para liderar as inovações no setor, que até então 
estavam a cargo de Edison. Tesla tinha a seu favor as ciências 
exatas e melhor formação matemática. Já Edison possuía baixa 
escolaridade, mas dominava o conhecimento empírico e foram 
as experiências realizadas que levaram sua corrente contínua a 
ser padrão nos Estados Unidos logo no início do fornecimento 
de eletricidade.
 No campo de batalha, havia duas grandes idéias que 
buscavam apresentar a forma mais apropriada de gerar e 
transmitir energia elétrica. Se, por um lado, a corrente 
contínua se mostrava eficiente diante das exigências da época 
e graças a ela – e ao dinheiro e tempo investidos – Edison já 
Se durante muito tempo, a corrente alternada de 
Tesla reinou absoluta, atualmente, a corrente contínua 
mostra-se mais poderosa que a rival e mais eficiente.
tensão
f = 1/T
Contínua
Alternada
tensão
tempo
tempo
T
+A 
+A 
–A 
32
-3
3
produzia geradores, motores e lâmpadas em seu negócio,por 
outro, chegava imponente, ainda que complexa, a promissora 
corrente alternada proposta por Tesla, que pretendia superar 
as limitações da corrente elétrica oponente.
Alternada ou contínua?
 A solução de Tesla mostrava-se mais atraente diante das 
limitações da corrente contínua de Edison, a qual tinha 
dificuldades para elevar a tensão de trabalho e se fazer chegar 
ao consumidor. Pelas vantagens da corrente alternada, a 
idéia de Tesla, vendida pela Westinhghouse, era a melhor 
opção. Edison, empenhado em arrefecer o rival para não 
perder a chance de ter seu sistema comercializado, travou 
uma campanha com o intuito de abalar a corrente alternada, 
desencorajando seu uso. A intenção era provar que todo o 
processo de transmissão por CA era mais perigoso que por CC, 
podendo ocorrer até acidentes fatais. O inventor da lâmpada 
se armou de todas as formas para derrubar o injustiçado ex-
companheiro, inclusive filmando, publicamente, execuções 
de animais sob CA para divulgar à população os riscos da 
corrente. A princípio, cachorros, gatos e cavalos renegados 
fugiam das garras do cientista, mas foi a cruel eletrocussão do 
elefante Topsy que ficou marcada na memória da época. O ato 
de desespero de Edison veio quando, mesmo contra a pena 
de morte, o cientista criou a cadeira elétrica, promovendo a 
idéia de que a corrente alternada era mais mortal do que a 
contínua.
 Não teve jeito. Entre os gladiadores, venceu a Westinghouse, 
utilizando o sistema de Tesla, quando uma comissão anunciou 
as propostas para aparelhar as Cataratas do Niágara a fim 
de produzir eletricidade, gerando energia suficiente para 
abastecer a indústria de Buffalo, em Nova York. As obras 
começaram com muita desconfiança dos oponentes em 1893, 
para três anos depois ser enviada à Buffalo a partir de geradores 
construídos também pela Westinghouse, instalados na estação 
hidrelétrica, usando o sistema de corrente alternada. A General 
Electric de Edison, ressentida, ficou com o contrato das linhas 
de transmissão que levariam energia até Buffalo. O sistema de 
corrente alternada é utilizado até os dias de hoje.
A vingança de Edison
Ao que parece, com a história a favor de Tesla, Edison soa como 
o gênio malévolo que levou a rivalidade com o ex-assistente 
até as últimas conseqüências. Mas, como em toda guerra, é 
ingenuidade pensar que a competição era apenas de idéias 
virtuosas. Todo o processo envolvia altas cifras e royalties de 
patentes, além de quase levar tanto a Westinghouse quanto a 
General Electric à falência. 
 Se durante muito tempo a corrente alternada de Tesla 
reinou absoluta, atualmente, a corrente contínua mostra-se 
mais poderosa que a rival e, ainda, mais eficiente. O engenheiro 
e diretor geral do Instituto Nacional de Eficiência Energética 
(INEE), Jayme Buarque de Hollanda, brinca dizendo que esta 
pode ser a vingança de Edison e acredita que, no futuro, a 
corrente contínua será uma solução mais inteligente. “Amanhã 
a companhia elétrica é que será chamada de alternativa, mas 
no sentido certo, sendo uma alternativa ao sistema de geração 
distribuída. Se a energia acumulada em uma bateria faltar 
ou, em caso de alguma emergência, o usuário pode conectar 
a tomada do aparelho na energia elétrica que antes era a 
convencional – CA – e utilizar o equipamento”, prevê. 
 Na época, era fato que o uso da corrente alternada era 
CURIOSIDADES
AC/DC – Não é por menos que a lendária banda australiana de heavy metal estampa como logomarca um pequeno raio e se 
você acha que o significado está no som eletrizante que sai das guitarras dos irmãos Young está enganado. Na verdade, a sigla 
quer dizer Alternating Current/Direct Current, que no português é traduzido para Corrente Alternada/Corrente Contínua, 
batismo dado pela irmã dos integrantes, Margaret Young, que viu o nome em uma placa, atrás de uma máquina de costura.
Topsy, o elefante – Thomas Edison, para provar que a corrente alternada era mais perigosa que a corrente contínua, fez vários 
testes com animais, inclusive com um elefante. O inventor não ficou imune aos vídeos disponibilizados na internet e seu filme 
sobre o teste com Topsy pode ser visto neste endereço virtual: http://br.youtube.com/watch?v=RkBU3aYsf0Q
Cadeira elétrica – Mais um vídeo macabro dos testes de Edison. Desta vez, a execução do preso condenado Leon Frank 
Czolgosz, em 1901. A filmagem, de acordo com o cientista, seria “como uma herança para a posteridade”. Veja neste endereço 
eletrônico: http://memory.loc.gov/mbrs/lcmp001/m1b38298.mpg
Rivalidades produtivas – O jornalista Michael White descreveu no livro Rivalidades Produtivas como a competição de idéias 
pode estimular novas descobertas científicas. A desavença entre Edison e Tesla está devidamente contada em um dos capítulos.
Apoio
Criada pelo Comitê Bicentenário Iugoslavo-Americano, 
a placa em homenagem a Nikola Tesla ilustra as paredes 
do Hotel New Yorker, em Manhattan, N.Y.
mais viável geograficamente e financeiramente que a corrente 
contínua. E, ainda naquele período, os equipamentos dos 
consumidores eram apropriados para o sistema de Tesla. Todas 
as cargas estavam sendo produzidas para suportar corrente 
alternada. Entretanto, com as inovações tecnológicas a partir 
da década de 1980, Edison se tornaria o grande vencedor, 
ainda que postumamente – o inventor faleceu em 1931. A 
proposta da corrente contínua não tinha morrido com seu 
criador, mas ficava cada vez mais presente na vida das pessoas 
do final do século XX em diante. 
 Com o aumento da digitalização, a proporção de cargas 
em CC vem crescendo rapidamente. Equipamentos que 
funcionam a pilha e a bateria, como rádios, computadores, 
celulares, câmeras fotográficas, entre outros, já fazem parte do 
dia-a-dia da sociedade. Além disso, criações como os carros 
elétricos, os painéis fotovoltaicos e os geradores eólicos – que 
utilizam CC – são reflexos da uma consciência ambiental 
manifestada em tempos de preservação de fontes naturais. 
Preocupação mundial que também força empresas de todos os 
setores a se adaptar, principalmente as do setor energético. No 
processo de transmissão de eletricidade por corrente alternada, 
as perdas de energia são maiores que em corrente contínua. 
Para que a energia percorra longas distâncias, é preciso que as 
tensões sejam elevadas. Neste movimento, Hollanda explica 
que os elétrons se chocam com átomos, perdendo energia 
em forma de calor à medida que viajam pelos fios. As perdas 
podem chegar a até 10%. 
 Os problemas não param, pois os retificadores – dispositivos 
que permitem que uma tensão alternada seja transformada 
em contínua – pioram a qualidade da energia que alimenta 
um equipamento, criando o que os engenheiros chamam 
de “correntes alternadas parasitas”. Em casos extremos, 
equipamentos mais sensíveis podem sofrer danos em seus 
sistemas devido a essa operação precária. O contrário acontece 
com a corrente contínua, já que a energia por esse sistema 
deve ser produzida o mais próximo de onde ela é consumida.
 A corrente alternada foi legitimada durante muito tempo 
como única forma adequada para gerar e comercializar 
energia, mas como toda máxima científica, as necessidades 
que contextualizam o momento fazem tal verdade estremecer. 
Jayme Buarque acrescenta que, na verdade, uma corrente não 
exclui a outra. Há espaço para os dois gênios na história, mas 
“a tendência é que os consumidores busquem fontes de energia 
menos agressivas ao meio ambiente”, ressalta.
 A Geração Distribuída (GD) significa a geração elétrica 
realizada junto ou próxima de onde ela será consumida, 
conceito que vale também para a corrente contínua. A geração 
pode ser obtida por painéis fotovoltaicos que armazenam 
energia solar em baterias ou por co-geradores que utilizam 
resíduos combustíveis de processo, gerando eletricidade e 
calor para a residência. Uma das evoluções nesse

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