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RELATÓRIO DE DT ALINE

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1. INTRODUÇÃO 
A madeira é um material orgânico, natural e celular, de origem vegetal, com características químicas e 
físico-mecânicas que a tornam apta a uma grande diversidade de uso. 
Segundo Aprile et al. (1999), a madeira encontra-se entre os materiais biológicos de mais difícil 
decomposição devido à sua estrutura anatômica e à presença de grandes quantidades de substâncias 
recalcitrantes como a lignina, além de outros compostos do metabolismo secundário. Sabe-se que a 
decomposição de materiais biológicos depende de uma série de fatores bióticos e abióticos, como as 
condições climáticas, a composição da comunidade decompositora, sua afinidade para com o substrato 
e as características físicas e químicas do material a ser decomposto (SWIFT et al., 1979). 
Mesmo assim a madeira está sujeita à ação de agentes degradadores, principalmente de origem 
biológica, entre eles os fungos, os cupins e as brocas, que decompõem a madeira para utilizar os seus 
constituintes como fonte de energia, abrigo e substrato. Muitas espécies, particularmente as 
provenientes de áreas de reflorestamento, produzem madeira susceptível à demanda biológica, seja 
como árvores vivas, cortadas (toras), desdobrada (serradas) ou em serviço. 
A degradação de origem biológica é causada por xilófagos que basicamente são fungos, insetos, 
moluscos, crustáceos e bactérias. Os fungos e bactérias formam os grupos mais importantes de 
degradadores que são responsáveis por grandes perdas na área florestal. 
Devido aos grandes prejuízos que pode ser causado, o monitoramento desses insetos é uma ferramenta 
muito importante para identificar informações sobre o manejo integrado de pragas, identificar picos 
populacionais e as medidas de controle corretas. Para o monitoramento desses insetos a maneira mais 
fácil é a utilização de armadilhas. 
Portanto, o objetivo desse trabalho foi quantificar, identificar a ocorrência dos insetos deterioradores 
presentes num fragmento florestal e acompanhar as oscilações das populações ao longo do período de 
estudo com a utilização da armadilha Carvalho-47. 
 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
2.1.Ordem Coleóptera 
A Ordem Coleóptera é a mais expressiva e compreende cerca de aproximadamente 360 mil espécies 
descritas, cerca de 40% dos insetos e 30% dos animais (LAWRENCE & NEWTON, 1995). 
Pertencem a esta ordem os chamados besouros, fàcilmente distinguíveis dos demais insetos pela forte 
esclerose do exoesqueleto e dos élitros 1, quase sempre de consistência coriácea ou córnea. Os élitros, 
em repouso, cobrem as asas membranosas que, via de regra, ficam sob eles dobradas e escondidas. 
(COSTA LIMA, 1956). 
A importância econômica é enorme devido, principalmente, ao grande número de espécies 
consideradas pragas agrícolas, além de muitas outras que atacam grãos armazenados, livros e até 
mesmo cabos de chumbo de linhas telefônicas. (FILHO E at al, 2002). Além de atacar móveis, peças 
de museu, e espécies florestais de interesse econômico. 
 
 
2.1.1 Família Curculionidae 
 
A família Curculionoidea é a mais numerosa da ordem Coleóptera, com cerca de 45.000 espécies 
descritas. Praticamente todas as suas espécies alimentam-se de matéria vegetal e grande parte destas 
são importantes pragas agrícolas e florestais (BORROR & DELONG, 1969). 
Apresentam a cabeça pouco prolongada adiante dos olhos, facilmente se distinguem os Curculionideos 
dos demais besouros por terem uma tromba ou rostro, mais ou menos alongado, reto ou curvo, porém 
geralmente cilíndrico ou cilindroide e voltado para baixo, (mais raramente porreto), e pelas antenas, 
via de regra, geniculoclavadas, na maioria das espécies articulando-se no meio ou perto do meio do 
rostro). (COSTA LIMA, 1956) 
Os curculionídeos alimentam-se basicamente de fungos e da medula de pequenos ramos, vivendo em 
madeiras degradadas. Através do rostro, o inseto abre orifícios ao longo do tronco onde a fêmea 
deposita seus ovos. Ao emergirem, as larvas se desenvolvem sob a casca, prejudicando os tecidos 
subcorticais da planta (MARINONI et al., 2001). 
 
2.1.1.1 Subfamília Scolytinae 
 
Segundo COSTA LIMA (1956) a família Scolytidae, é uma das mais homogêneas e das mais 
interessantes de toda a ordem Coleóptera. Constituem-se de insetos em geral pequenos, ou muito 
pequenos, os menores com cerca de 1/2 mm de comprimento. Os Scolytidae apresentam corpo 
fortemente esclerosado, de cor uniforme, negra, parda, amarelada, raramente metálica, via de regra 
cilíndrico e com os élitros na parte posterior quase sempre acentuadamente declives ou truncados e aí 
armados de dentes, dentículos ou grânulos, com a cabeça ora visível de cima e fronte deprimida ou 
côncava, mais ou menos rostriforme, (Hylesinini) ora subglobosa com a parte bucal hipognata e não 
saliente, parcialmente encaixada no protórax, cujo pronoto se apresenta algo prolongado, encobrindo a 
cabeça. 
Os Scolytinae são, em sua maioria, predadores secundários por se desenvolverem em condições 
naturais em árvores lesionadas, atingidas por raios, fogo, plantas nutricionalmente deficientes, caídas, 
etc., mas podem atacar também plantas sadias. Os Scolytinae contribuem também para a manutenção 
do crescimento de plantas, por auxiliar na reciclagem de plantas mortas, mas isso pode provocar 
conflito direto com os interesses produtivos (WOOD, 1982). 
Segundo GRAHAM (1963) o ataque dos Scolytinae provoca a descoloração das árvores 
individualmente ou em grupos; em coníferas ocorre alteração da coloração da copa, queda das 
acículas, abortamento dos ponteiros e exsudação de resina e serragem. 
Além dos estragos que causam diretamente às plantas, os escolitineos são importantes vetores de 
viroses. (COSTA LIMA, 1956) 
 
2.1.1.2 Subfamília Platypodinae 
 
Os insetos desta família são facilmente reconhecíveis, não só pelo aspecto geral do corpo, como por 
terem o 1.º tarsômero mais longo que o 2.°, o 3.° e o 4.° reunidos. (COSTA LIMA, 1956) 
Os besouros da família Platypodinae estão entre os principais brocadores de ramos e troncos de 
árvores vivas ou mortas. A fêmea oviposita no interior das galerias construídas e introduz um fungo 
que servirá de alimento para as futuras larvas (QUEIROZ e GARCIA, 2007). 
 
2.1.2 Família Anobiidae 
Os Anobiideos são de cor parda mais ou menos escura, geralmente uniforme, com a cabeça, via de 
regra, fortemente defletida, portanto invisível quando se examina o inseto de cima. Pronoto 
lateralmente marginado, mais largo na base que adiante e aí tão largo quanto os élitros, que tem os 
lados paralelos até aproximadamente a união dos 2 terços anteriores com o terço posterior. (COSTA 
LIMA, 1956) 
Normalmente os Anobiideos são xilófagos. Todavia, há espécies, de maior importância econômica, 
que atacam substâncias dessecadas ou produtos manufaturados de natureza vegetal ou animal. Neste 
grupo se incluem Stegobium paniceum (L., 1765) (=Sitodrepa panicea (L.) (Anobiinae) e o famigerado 
besourinho do fumo: Lasioderma serricorne (Fabr., 1792), ambos cosmopolitas. Esta última espécie, 
nas grandes manufaturas de cigarros e de charutos Norte Americanas, acarreta prejuízos que atingem a 
milhares de dólares por ano. Enormes são também os estragos que podem causar nos livros, roendo a 
goma da capa e abrindo galerias nesta e nas folhas.(COSTA LIMA, 1956) 
 
2.1.2 Família Bostrichidae 
 
Há cerca de 520 espécies, das quais mais de 100 vivem na Região Neotrópica.Os bostriquídeos têm o 
corpo cilíndrico, tegumento fortemente esclerosado, apresentando tubérculos ou asperezas; cabeça 
hipognata protorax globoso, formando capucho sobre a cabeça; élitros, via de regra, truncados, mais ou 
menos achatados na parte posterior. Quase todas as espécies são de cor negra, parda ou acinzentada 
maisou menos escura e podem ter de pouco mais de um milímetro a cerca de 3 centímetros de 
comprimento. (COSTA LIMA, 1956). 
 
Machos e fêmeas escavam galerias em formato de Y, onde as fêmeas depositam seus ovos. As larvas 
são incapazes de digerir celulose e se alimentam de conteúdo das células da madeira como, por 
exemplo, amido, alguma proteína e açúcar (OLIVEIRA et al., 1989) 
Normalmente estes insetos, essencialmente xilófagos, se criam em madeira seca. Eventualmente 
broqueiam galhos e troncos de plantas vivas, causando, às vezes, prejuízos vultosos, é o que se 
verifica com Apate terebrans Pallas, 1772 (fig. 172), que tem sido observado atacando o abacateiro 
(Persea gratissima), o cajueiro (Anacardium occidentale), cinamomum (Melia azedarach), o jacarandá 
banana (Norantea flemmingi) e outras plantas. (COSTA LIMA, 1956). 
 
 
2.1.3 Família Bruchidae 
 
Carunchos que atacam, principalmente, sementes de leguminosas. Élitro encurtado que não cobre a 
extremidade apical do abdome. Corpo ovalado, cabeça livre, rostro curto e achatado, antenas com 11 
segmentos. Élitros estriados. (FILHO E et al) 
 
Os adultos são compactos e globulares e apresentam o corpo recoberto por pelos curtos. (GALLO et 
al.,2002) 
 
2.1.4 Família Buprestidae 
 
Conhecidos popularmente como Psiloptera, Besouro-cai-cai e Besouro-manhoso
 
 pelo fato de se 
jogarem no solo e fingirem de morto quando ameaçados. 
Têm antenas curtas e serreadas. O seu corpo é geralmente alongado e muito afilado posteriormente. 
 
Os buprestídeos constituem um grupo de coleópteros dos mais homogêneos. O corpo destes insetos 
forma um só bloco, perfeitamente rígido, devido a forte junção do protorax ao resto do corpo. O 
tegumento, sempre fortemente esclerosado, é notável pelas cores brilhantes que apresenta ,não raro 
metálicas.(COSTA LIMA, 1956). 
 
Os adultos de Buprestidae apresentam grande capacidade de voo e podem ser encontrados em flores se 
alimentando de néctar ou consumindo folhas. As larvas podem se alimentar tanto de tecidos vegetais 
vivos como mortos, sob casca de árvores, ramos finos, raízes de árvores e arbustos e em caules de 
plantas herbáceas; algumas espécies são cecidógenas e outras minadoras de folhas. As galerias que as 
larvas perfuram em galhos e troncos são características com contorno elíptico e bem achatado, 
conformação que se relaciona com o formato do protórax. (LAWRENCE, 1982). 
 
2.1.5 Família Cerambycidae 
 
Em sua maioria, os besouros da família Cerambycidae são dos mais fàcilmente reconhecíveis pelo 
aspecto geral do corpo, principalmente pelo extraordinário alongamento das antenas, peculiaridade que 
levou Latreille a chamá-los Longicornes.Cabeça prognata ou distintamente hipognata, com a fronte 
formando ângulo feto ou obtuso com o plano do vertex. .(COSTA LIMA, 1956). 
 
As antenas, como disse, via de regra são longas, geralmente tão longas quanto o corpo ou muito mais 
longas, principalmente nos machos, nos quais chegam a atingir ou mesmo a exceder quatro vêzes o 
comprimento daquele; via de regra se articulam em tubérculos anteníferos mais ou menos salientes. 
.(COSTA LIMA, 1956). 
 
Os Cerambicídeos adultos, como os outros Fitofágos, são fitófilos, isto é, geralmente encontrados 
junto às plantas, sôbre flores, alimentando-se de polem ou comendo a polpa de frutos maduros já 
abertos; às vêzes se encontram sôbre o solo. Quase todos na fase adulta não são realmente nocivos, 
exceto, como veremos, os chamados ‘serradores’.(COSTA LIMA, 1956). 
 
Os "serradores" (Oncideres spp.), assim são chamados, por fazerem um anelamento profundo nos 
ramos ou fustes novos. Em seguida, com o peso e a ação do vento, o ramo pode ser quebrado ou não 
no local onde a fêmea realizou o anelamento. A fêmea realiza as incisões de posturas ao longo do 
ramo. (CARVALHO, 1998). 
 
Uma das medidas de controle utilizadas são armadilhas biológicas, nas quais permite a ação de 
inimigos naturais dos besouros e um maior equilíbrio biológico. Além da catação manual e queima de 
ramos cortados (COSTA et al., 2008). 
 
 
 
 
 
2.1.6 Família Lyctidae 
 
Têm alguns milímetros de comprimento, corpo oblongo, porém algo achatado. A cabeça é 
perfeitamente visível adiante do pronoto e a clava antenal é formada apenas por 2 segmentos, mais ou 
menos aproximados e simetricos. Os tarsos, como nos Bostriquídeos, bem que pentâmeros, têm o 1.º 
tarsômero muito pequeno. As larvas são também escarabeóides e xilófagas, causando às vêzes danos 
consideráveis aos móveis, principalmente de madeira não muito dura, como o vime. (COSTA LIMA, 
1956). 
 
A família Lyctidae é pequena. No entanto, o gênero Lyctus contém a espécie deterioradora de madeira 
de maior importância econômica no País. O Lyctus bruneus é responsável por sérios danos 
apresentados em madeiras secas, e é capaz de reinfesta-las tantas vezes quanto forem necessárias, até 
reduzi-las ao estado de pó. (MORESCHI, 2013) 
 
O ciclo de vida dos Lictideos é de aproximadamente 1 ano. Por esta razão, e pelo fato do ataque se 
iniciar com a oviposição do inseto a uma pequena profundidade na madeira, somente após um período 
correspondente ao ciclo de vida deste inseto, a partir do ataque à madeira, é que poderemos observar a 
sua presença pela presença dos orifícios de emergência abertos pelo inseto na superfície da madeira. 
(MORESCHI, 2013) 
 
2.2 Ordem Isoptera 
 
Cabeça livre, de forma e tamanho variáveis, não só nas varias espécies, como nas formas de uma 
mesma espécie. Olhos facetados geralmente presentes nos indivíduos alados; nas formas ápteras, 
quando presentes, mais ou menos atrofiadas. Ocelos (2) sempre presentes nas formas providas de 
olhos. Nos térmitas superiores, ha, no lugar do ocelo mediano, uma depressão, a fontanela ou fenestra, 
apresentando um pequeno orifício (poro frontal) em relação com uma glândula cefálica que secreta um 
fluido espesso e viscoso. (COSTA LIMA, 1956). 
Entre os indivíduos da ordem Isóptera, os de importância como deterioradores de madeira e de artigos 
de madeira, encontram-se os cupins. Eles normalmente são classificados em sete famílias, e as 
consideradas deterioradoras na área de preservação da madeira em nosso País resumem-se ás 
Rhinotermitidae e Kalotermitidae, sendo chamadas também de famílias de cupins "inferiores" por 
necessitarem protozoários simbiontes para possibilitar a digestão da celulose. Estes cupins são 
adaptados à diferentes condições de deterioração da madeira e são normalmente conhecidos como: - 
¨Cupins de solo ou subterrâneos¨, os da Família Rhinotermitidae e; - ¨Cupins de madeira seca¨, os da 
Família Kalotermitidae. (MORESCHI, 2013) 
 
Os cupins são agentes biológicos considerados de grande importância na deterioração da madeira. Eles 
são caracterizados por serem insetos sociais com um sistema de castas bem desenvolvidas, por 
possuírem dois pares de asas membranosas de mesmo tamanho, mandíbulas com partes para 
mastigação, metamorfose simples e o abdômen unido diretamente ao tórax. (MORESCHI, 2013) 
 
 
 
 
 
2.3 Ordem Hymenoptera 
 
Esta é a terceira ordem Insecta em tamanho, com aproximadamente 103.000 espécies descritas. Os 
indivíduos desta ordem, considerados de importância econômica como agentes deterioradores de 
madeira, são pertencentes à família Formicidae. (MORESCHI, 2013) 
 
Pertencem a esta ordem os insetos conhecidos pelos nomes: abelhas, vespas e formigas, além de 
outros, de aspecto mais ou menos semelhante, porém sem designações vulgares ou com estas pouco 
conhecidas. (COSTA LIMA, 1956). 
 
2.3.1 Família Siricidae 
 
Insetos, em geral, de porte relativamente grande, superior ao dos demais desta subordem. O ovipositor 
é maisou menos alongado e adaptado para furar o tronco das plantas. As larvas são xilófagas (brocas), 
desenvolvem-se em caule de Coniferas, geralmente troncos já abatidos. (COSTA LIMA, 1956). 
Família da vespa da madeira (Sirex noctilio). Geralmente, as larvas de S. noctilio eclodem dentro de 14 
dias após a postura dos ovos, entre meados do verão e começo de outono, mas podem permanecer 
nesta fase por vários meses (NEUMANN, et al., 1987 apud CARVALHO, 1992 ). 
 
Os danos mais comuns causados pelo ataque de S. noctilio em árvores são: perfurações feitas pelas 
larvas e adultos; deterioração da madeira pela ação do fungo simbionte Amylostereum areolatum e 
ocorrência de partes debilitadas nos locais de postura, onde escorre a resina (RAWLINGS, WILSON, 
1949 apud CARVALHO, 1992). 
 
2.3 Fungos 
 
Os fungos são os agentes biológicos que atacam a madeira em maiores proporções, pois se 
desenvolvem com rapidez e ocorrerem em praticamente quase todos os nichos ecológicos onde ela é 
utilizada. O mesmo não acontece com outros tipos de agentes xilófagos, por necessitarem condições 
mais específicas para a utilização da madeira ou de seus constituintes como fonte de alimento. 
Usualmente as condições climáticas mais quentes são as mais favoráveis para o desenvolvimento de 
fungos. Por tal razão toras cortadas em florestas tropicais freqüentemente se tornam infectadas 
rapidamente por fungos, antes de chegarem a ser processadas pela indústria primária. Contudo, durante 
períodos frios e principalmente em países de clima temperado, o mesmo não acontece, possibilitando 
maior flexibilidade à indústria em termos de necessidade do controle da biodeterioração da madeira 
por estes agentes. 
Para que algum tipo de fungo possa se instalar na madeira, e uma vez instalado possa se desenvolver e 
utilizar os seus constituintes, são necessárias de algumas condições básicas, as quais se relacionam à 
fonte de alimento, teor de umidade da madeira, temperatura, teor de oxigênio livre e ao seu pH. 
O controle da deterioração de madeiras suscetíveis a fungos é normalmente feito com o uso de 
produtos químicos, tóxicos aos organismos adaptados a este tipo de substrato. No entanto, a simples 
manipulação das variáveis necessárias para o desenvolvimento de fungos na madeira é uma das 
alternativas existentes e poderá ser uma prática economicamente viável. (MORESCHI, 2013) 
 
2.4.1 Fungo podridão branca 
 
A madeira atacada por fungos causadores de podridão branca perde o seu aspecto lustroso e sua cor 
natural, tornando-se esbranquiçada, como resultado da destruição de seus pigmentos. Comumente 
observam-se linhas escuras demarcando o limite entre as regiões atacada e não atacada. Quanto à 
aparência, não existem outras características que indiquem o tipo de podridão ocorrida na madeira. 
Além do aspecto da madeira atacada, ocorre uma progressiva perda de peso e da resistência da 
madeira, pelo contínuo consumo da celulose, da hemicelulose e da lignina. (MORESCHI, 2013) 
 
2.4.2 Fungo podridão parda 
 
A madeira atacada por fungos causadores de podridão parda, quando seca, apresenta o aspecto de estar 
levemente queimada, adquirindo coloração parda. 
A mudança da madeira em aspecto, desta forma, é devida à contínua deterioração da celulose e da 
hemicelulose, ficando a lignina praticamente intacta e mantendo a estrutura original da madeira 
enquanto o material se encontra no estado úmido. Por outro lado, quando ele seca, a estrutura mantida 
pela lamela média (lignina) sofre colapso com facilidade, separando-se em blocos pelo 
desenvolvimento de fissuras paralelas e perpendiculares à direção da grã da madeira. Devido ao 
consumo da celulose e da hemicelulose da madeira, ocorre também uma proporcional perda de peso e 
diminuição de sua resistência. (MORESCHI, 2013) 
 
2.4.3 Fungo podridão mole 
 
O ataque por fungos causadores de podridão mole se restringe à superfície da madeira, dificilmente 
penetrando mais que 2 cm de profundidade. Contudo, a parte sã sob a região atacada pode ser 
facilmente exposta e prontamente deteriorada, pela fácil remoção mecânica do material atacado. 
Quando no estado úmido, a madeira com podridão mole apresenta sua superfície amolecida; ao secar a 
superfície apresenta coloração escurecida, áspera e com várias fissuras no sentido das fibras. Também 
como nos casos anteriores, por se tratar de podridão por fungos que se utilizam da madeira como fonte 
de energia, a região da madeira atacada progressivamente perde peso e suas propriedades de 
resistência. (MORESCHI, 2013) 
 
2.4.4 Fungo manchador 
 
A madeira atacada por fungos manchadores adquire coloração que a desvaloriza comercialmente para 
várias finalidades. No entanto, a perda de peso e das propriedades mecânicas não é observada a níveis 
significativos. Por tal razão, o dano causado por fungos manchadores é considerado como deterioração 
secundária da madeira. 
Normalmente os fungos manchadores se desenvolvem a partir de esporos ou fragmentos de hifas que 
entram em contato com a superfície da madeira, penetrando nas cavidades celulares e normalmente se 
proliferando de célula para célula pelas pontuações, em toda a profundidade da madeira de alburno. 
Somente a madeira de alburno de espécies suscetíveis é atacada, sendo a de cerne imune a estes 
fungos. (MORESCHI, 2013) 
 
 
2.4.5 Fungo bolor 
 
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta-se com o fungo aparentemente limitado às 
suas superfícies, mas suas hifas penetram no alburno em profundidade. O aparente ataque restrito às 
superfícies da madeira se dá pela presença do fungo esporulado nesta região, enquanto as hifas se 
encontram no interior da madeira e se mantém sem pigmentação, diferenciando-as das dos fungos 
manchadores. Os fungos emboloradores se desenvolvem na madeira em função dos materiais de 
reserva presentes nas cavidades celulares, principalmente em madeiras de árvores recém cortadas, pois 
estas têm alto teor de umidade disponível. No entanto, eles podem ocorrer em madeiras previamente 
secas, quando estas ficam expostas a altas umidades relativas por tempo prolongado. 
De forma geral, o que mais se destaca para os fungos emboloradores é o fato deles possuírem uma alta 
tolerância à maioria dos princípios ativos incluídos em formulações de preservantes para madeiras, 
tornando difícil o seu controle. Por tal razão, não é de causar surpresa que eventualmente se observe a 
sua ocorrência em madeiras previamente tratadas, com a ausência de fungos manchadores e 
apodrecedores, normalmente mais sensíveis a produtos preservativos. (MORESCHI, 2013) 
 
2.4 Xilófagos Marinhos 
 
Animais que atacam a madeira no meio marinho, são conhecidos de forma coletiva como “brocas 
marinhas”. Eles são amplamente distribuídos em todo o mundo e são especialmente ofensivos em 
regiões onde a temperatura da água é mais elevada. As madeiras atacadas por brocas marinhas podem 
ou não apresentar danos visíveis nas suas superfícies. O tipo de dano causado à madeira e os riscos 
envolvidos ao seu usuário estará, portanto, em função do agente marinho que se utiliza da madeira e da 
forma que ele a ataca. (MORESCHI, 2013) 
 
2.4.1 Limnoria 
 
O agente xilófago conhecido por Limnoria é um crustáceo de tamanho diminuto que escava a madeira 
imediatamente abaixo da sua superfície, produzindo danos facilmente visualizados. Em madeiras 
severamente atacadas é possível observar a presença de aproximadamente 50 a 65 indivíduos de todas 
as idades por centímetro quadrado. 
Entre as diversas espécies deste agente biológico, destaca-se a Limnoria tripunctata, pelo fato dela 
possuir alta tolerância a um produto preservativo muito usado para a proteção da madeira no meio 
marinho:o creosoto. (MORESCHI, 2013) 
 
2.4.2 Teredo 
 
Os teredos são moluscos que pertencem à classe Bivalvia, tendo assim uma concha calcária formada 
por duas valvas; dentre eles existem os da Família Teredinidiae que atacam a madeira na forma de 
larvas através de pequenas entradas existentes em sua superfície, e penetram em profundidade à 
medida que crescem em tamanho. Desta forma, eles podem destruir o interior de uma peça de madeira, 
sem necessariamente apresentar danos aparentes na sua superfície. Por conseqüência, causam danos 
mais problemáticos que os causados pelas limnorias. Devido à forma de ataque do teredo ser 
diferenciada ao da limnoria, estacas ou material similar instalado no mar correm o risco de terem 
tombamento súbito, aumentando os riscos ao usuário da madeira; conseqüentemente, causam prejuízos 
em maiores proporções.( MORESCHI, 2013) 
 
 
3. MATERIAL E MÉTODOS 
Este estudo foi realizado num fragmento florestal localizo em frente ao Instituto de Florestas da 
UFFRJ- Seropédica. 
Para quantificar as espécies existentes na área foi utilizada a armadilha Carvalho-47 instalada em uma 
árvore ao fundo do fragmento florestal a 1,50m do solo, para captura dos insetos. 
A armadilha Carvalho-47 foi confeccionada com material reciclável. Para a confecção foi utilizada 
garrafa pet onde foram feitos 8 furos circulares na garrafa. No interior da garrafa é colocada uma 
mangueira fina onde é colocado álcool que serve como porta-isca. No gargalo da garrafa foi encaixada 
a tampa de outro recipiente para enroscar o frasco coletor onde os insetos ficariam ate a coleta. A 
garrafa e colocada de cabeça para baixo em cima e colocado um prato para evitar a entrada de água em 
caso de chuva e para amarrar a armadilha foi usado arame galvanizado. Como mostrado na figura 1. 
As coletas foram realizadas toda semana,no período de 08/03/2016 a 31/05/2016, totalizando 10 
semanas. A cada semana foi coletado os insetos, trocando o frasco coletor e adicionando álcool nesse 
frasco parar mante-los e, álcool no porta-isca para atrair os insetos. 
Os insetos coletados foram levados para o Laboratório de Preservação e Deterioração da madeira onde 
foram colocados em uma placa para secar na estufa durante 15 minutos e logo depois identificados e 
quantificados com o auxilio de microscópio, quando necessário. 
Os insetos que não pertenciam às famílias Scolytinae, Platypodinae, Bostrichidae, Curculyonidae e 
Cerambycidae, foram classificados como “Outros”. 
 
 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
De acordo com os resultados da Tabela 1, durante o período de 08/03 a 31/05 foram coletados 262 
indivíduos, dentre esses a subfamília Scolytinae foi a que teve mais indivíduos coletados, totalizando 
163 indivíduos, apresentando o pico populacional no dia 30/03 como mostra o Gráfico 1. 
 
A alta taxa de Scolytinae pode ser devido ao fato de ser uma família com alta taxa de indivíduos, ou 
devido ao termino do período chuvoso que pode ser propício ao aparecimento de Scolytinae. 
 
 
 
 
 
Tabela 1. Número de insetos degradadores da madeira em um fragmento em frente ao DPF no campus da UFRRJ, 
Seropédica no período de 08/03/2016 
Família 
Data 
08/mar 15/mar 21/mar 19/abr 26/abr 03/mai 10/mai 17/mai 24/mai 31/mai Σ Perc. 
Curculionidae 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 2 0,76% 
Scolytinae 3 4 30 17 12 14 25 10 22 26 163 62,21% 
Platypodinae 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0,38% 
Cerambycidae 0 0 3 0 1 1 0 0 0 0 5 1,91% 
Brostrichidae 0 0 1 2 0 1 0 0 2 0 6 2,29% 
Outros 3 12 10 12 12 9 15 3 5 4 85 32,44% 
Σ 6 16 44 31 25 25 41 13 30 31 262 100,00% 
 
 
 
Gráfico 1. Densidade populacional de coleópteros deterioradores da madeira em um fragmento 
 em frente ao IF no campus da UFRRJ 
 
5. CONCLUSÕES 
 
A subfamília que apresentou o maior número de indivíduos foi a Scolytinae, indicando que e 
principal agente degradador da área. 
As famílias Curculionidae, Cerambicidae, Bostrichidae e a subfamília Platypodinae 
apresentaram poucos individuos, indicando uma menor frequência desses indivíduos no local. 
 
 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
APRILE, F. M.; DELITTI, W. B. C.; BIANCHINI JR., L. Aspectos cinéticos da degradação de 
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0 
3 
6 
9 
12 
15 
18 
21 
24 
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42 
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n
º 
d
e
 i
n
s
e
to
s
 
Época de coleta (nº de semanas) 
Quantificação de insetos 
deterioradores sob fragmento 
florestal no IF 
Curculionidae 
Scolytinae 
Platypodinae 
Cerambycidae 
Brostrichidae 
Outros 
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 
INSTITUTO DE FLORESTAS 
DEPARTAMENTO DE PRODUTOS FLORESTAIS 
 IF316 - DETERIORAÇÃO E PRESERVAÇÃO DA MADEIRA 
 
 
 
 
QUANTIFICAÇÃO DOS INSETOS DETERIORADORES DE MADEIRA NO 
FRAGMENTO FLORESTAL NA UFRRJ COM O AUXÍLIO DA ARMADILHA 
CARVALHO - 47 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aline Machado Miranda – 201103504-8 
 
 
 
 
 
 
SEROPÉDICA, 2016

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