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ENTOMOLOGIA FLORESTAL BRASILEIRA - PARTE 2

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1 
1 
ENTOMOLOGIA FLORESTAL BRASILEIRA 
(2003 - I SEMESTRE - 2
a
. Parte) 
 
 
Prof. Norivaldo dos Anjos 
 
 
III - PRINCIPAIS PRAGAS DE ESSÊNCIAS FLORESTAIS NO BRASIL 
 
Mais de 6 milhões de hectares de florestas plantadas estão sendo cultivados no Brasil visando a produção de 
celulose, papel, carvão, madeiras para pequenas propriedades e, mais recentemente, para a indústria de móveis. Inseridas 
nestas plantações, cerca de 3 milhões de hectares estão cobertos com florestas nativas as quais estão sob a proteção dos 
mesmos proprietários das culturas florestais. Só a indústria de papel e celulose vem plantando florestas num ritmo de 300 
milhões de árvores por ano e esta atividade representa um grande mercado de empregos e uma significativa contribuição 
para evitar a destruição das florestas nativas. 
Muitas espécies de essências florestais são cultivadas no Brasil, mas o eucalipto é a árvore predominante e cerca 
de 62% das culturas florestais são feitas com ela. As espécies de eucalipto que têm sido mais plantadas são Eucalyptus 
grandis, E. urophylla (antigamente identificado como E. alba), E. saligna, E. tereticornis, E. camaldulensis, E. 
viminalis e Corymbia citriodora,. Mais recentemente, os híbridos de E. urophylla e de E. grandis estão representando 
uma tendência de uso dominante nas culturas florestais brasileiras. Outras essências florestais plantadas, em ordem de 
extensão das culturas, são o Pinus (Pinus taeda e outras espécies 35,5%) e o Pinheiro-do- paraná (Araucaria 
angustifolia; 1, 3%). Outras árvores como Acácia-negra (Acacia meanrsii), palmáceas (Palmito=Euterpe spp.; 
Dendê=Elaeis spp.; Coco-da-bahia=Cocus nucifera, etc.), Seringueira (Hevea brasiliensis), Algarobeira (Prosopis 
juliflora) e Bracatinga (Mimosa scabrella) têm sido, também, largamente cultivadas. Pode-se, ainda, acrescentar as 
pequenas culturas de Gmelina, Quiri, Cuningamia, Angico, Guapuruvu, Sabiá, Jacarandá, Ipê, Cipreste, Imbuia e 
Grevilea. 
Muitos problemas têm sido evidenciados nos reflorestamentos brasileiros, mas a ocorrência de pragas é apenas 
um entre os muito importantes porque a grande maioria das culturas florestais são feitas com essências florestais exóticas 
que ainda não conviveram com os insetos nativos no Brasil. Por outro lado, tais insetos se multiplicam assustadoramente 
quando estas árvores nativas são usadas em monoculturas porque encontram nelas todas as condições de alimentação e 
de refúgio de que precisam. Este é o caso, por exemplo, do Mogno, do Cedro, da Bracatinga, do Pau-jacaré e do 
Guapuruvú cujas plantações homogêneas têm sido totalmente dizimadas por insetos nativos. Por outro lado, certas 
árvores exóticas, como o eucalipto por exemplo, são de mesma família botânica de muitas plantas nativas brasileiras 
resultando no aumento da possibilidade dos insetos nativos em atacá-las com relativa facilidade, tornando-se pragas. 
A quantidade de pragas e de seus surtos populacionais tem aumentado com a expansão da área cultivada e esta 
situação tem sido agravada pela dificuldade em combater tais pragas porque as técnicas, muitas vezes, são de execução 
onerosa e de resultados insatisfatórios o que reflete uma ausência de tecnologia apropriada para as condições brasileiras. 
O combate às pragas florestais não faz aumentar a produtividade das árvores mas permite eliminar a maior 
parte das perdas na produção das culturas florestais e isto tem de ser feito conciliando-se o interesse econômico humano 
com a preservação do ambiente. Para exercer esta tarefa, o Eng
o
 Florestal necessita ter sólido conhecimento sobre a 
biologia das pragas e fazer correta interpretação das conseqüências de sua atividade nas árvores e nos seus produtos. Com 
efeito, o Eng
o
 Florestal que pretende alcançar sucesso no manejo integrado de pragas florestais precisa inteirar-se do 
conhecimento acumulado na literatura pertinente, apoiar-se em metódicas observações de campo, usufruir-se da 
experiência de pessoas que lidam com problemas dessa natureza, mesmo que sejam leigas, e ter em mente os propósitos 
e as limitações do plano geral de uso da floresta sob sua responsabilidade. Além disso, é necessário interpretar 
corretamente os fatores ambientais, em especial as variações climáticas, e ter marcante capacidade de decidir sobre a 
conveniência do uso das técnicas disponíveis para o manejo integrado das pragas. 
No Brasil, conhece-se muito pouco sobre a ação dos insetos nas essências florestais e seus produtos. Níveis de 
danos econômicos são ainda desconhecidos em quase todas as espécies de pragas florestais e as estimativas existentes são 
precárias e muitas vezes de uso restrito a condições muito específicas. A biologia das espécies destes insetos, necessário 
para se conhecer os pontos vulneráveis e para adequar as medidas de combate, são ainda incipientes e insetos tão 
importantes como as saúvas, por exemplo, têm ciclo de vida praticamente desconhecido. O estudo dos insetos associados 
às essências florestais nativas é ainda incipiente e não existe, ainda, nenhuma metodologia de manejo de pragas em 
 
 
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florestas nativas brasileiras. Assim ,neste curso, será dado ênfase às pragas que ocorrem em culturas florestais, em 
especial àquelas feitas com essências florestais exóticas, mas serão incluídas algumas pragas de árvores nativas em 
plantios homogêneos. 
Como as atividades florestais seguem necessariamente a ordem de produzir as mudas nos viveiros, depois 
plantá-las no campo, mantê-las em crescimento e só depois do corte transformar as árvores em madeira para a confecção 
de bens úteis ao consumo humano, os insetos daninhos a tais árvores e seus produtos serão agrupados, neste curso, em 
insetos que atacam mudas no viveiro, insetos que atacam as raízes, folhas, galhos e o tronco das árvores no campo e, 
finalmente, em insetos que atacam os produtos feitos com a madeira. 
 
 
1 - INSETOS DANINHOS A MUDAS EM VIVEIROS FLORESTAIS 
 
Devido à fragilidade da árvore na fase de muda, os insetos são capazes de causarem grandes prejuízos nos 
viveiros florestais podendo comprometer o cronograma de reflorestamentos quando técnicas de manejo das pragas não 
forem corretamente adotadas. A situação é mais grave em viveiros permanentes do que nos viveiros anuais, por que a 
infestação remanescente de uma produção pode aumentar o nível de estragos nas mudas da produção seguinte. Apesar 
das empresas já usarem técnicas de multiplicação vegetativa em viveiros fechados, a grande maioria dos viveiros 
encontrados no país são do tipo tradicional, feitos no chão e utilizando sacolinhas plásticas. Não há dúvida de que existem 
problemas entomológicos importantes nos dois tipos de viveiros, mas é naqueles tradicionais que a produção de mudas 
tem sido mais afetada pelos insetos. 
Embora haja muitas espécies de insetos associadas com as mudas de essências florestais nos viveiros, algumas 
são pragas mais frequentes, mais conhecidas e serão apresentadas a seguir. 
 
1.1- LAGARTAS-ROSCA: 
 
NOME POPULAR: Lagarta-rosca; Curuquerê; Espertinha. 
 
NOME CIENTÍFICO: 
Agrotis ipsilon (Hufnagel) - Lepidoptera: Noctuidae 
Agrotis repleta Walker - Lep.: Noctuidae 
Agrotis subterranea (Fabricius) - Lep.: Noctuidae 
Spodoptera ornithogalli (Guenée) - Lep.: Noctuidae 
Spodoptera dolichos (Fabricius) - Lep.: Noctuidae 
Spodoptera eridanea (Fabricius) - Lep.: Noctuidae 
Nomophila noctuella (Denis & Schiff.) - Lep.: Pyralidae 
Elasmopalpus lignoselus (Zeller) - Lep.: Pyralidae 
 
RECONHECIMENTO DAS ESPÉCIES: As lagartas-roscas têm este nome pelo fato de se enrolarem quando são 
importunadas. Elas podem ser observadas durante todo o ano, mas na falta de umidade podem hibernar como pupa. A 
empupação ocorre no solo e os adultos são de hábitos noturnos. As fêmeas adultas produzem grande quantidade de ovos 
os quais são depositados na face ventral das folhas das mudas no viveiro. Em regiões tropicais úmidas as lagartas-roscasproduzem várias gerações por ano. 
As lagartas do gênero Agrotis podem aparecer durante os meses de agosto e outubro, mas em Minas Gerais, a 
maior incidência tem sido observada nos meses de setembro a janeiro, sempre associada ao período chuvoso. Estas 
épocas, todavia, dependem do cronograma de atividade nos viveiros e da disponibilidade de mudas susceptíveis. Tais 
lagartas são cosmopolitas e, no Brasil, estão largamente distribuídas em todos os estados. A espécie mais comum nos 
viveiros florestais é A. ipsilon cujas lagartas de último ínstar chegam a medir 50 mm de comprimento, apresentam corpo 
robusto, cilíndrico, liso e de coloração cinza-escura com algumas linhas claras longitudinais e pouco nítidas. Elas passam 
o dia escondidas em galerias cavadas na camada superficial do solo, junto aos caules das plantas ou em abrigos de seda, 
fezes e folhas construídos entre os recipientes das mudas, entulhos, pedras, folhas e outros esconderijos, de onde só saem à 
noite para se alimentarem. Movimentando-se as sacolinhas nos canteiros ou esvaziando-se os tubetes atacados, pode-se 
encontrar tais lagartas. O adulto é uma mariposa de coloração escura e com as asas anteriores marcadas por desenhos 
específicos e as posteriores são claras e transparentes; as antenas são filiformes ou levemente pectinadas. Tais mariposas 
só começam a voar ao escurecer e, durante o dia, ficam camufladas. As lagartas de A. subterranea, quando 
 
 
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completamente desenvolvidas, medem de 40 a 50 mm de comprimento, apresentam corpo robusto, cilíndrico, liso, de 
coloração cinza-escura, com algumas listras longitudinais, também não muito nítidas. As mariposas desta espécie medem 
de 40 a 45 mm de envergadura, têm coloração pardo-arroxeada e as asas anteriores com pequena área clara, sendo as 
posteriores totalmente claras. 
No gênero Spodoptera, a espécie S. ornithogalli apresenta lagartas que atingem um comprimento máximo de 
35mm no seu completo desenvolvimento; corpo liso e de cor verde nos primeiros ínstares passando a escura nos últimos. 
Sobre a superfície dorsal, há duas faixas alaranjadas na qual estão 10 pares de manchas brancas e duas manchas de forma 
mais ou menos triangulares; lateralmente, as lagartas apresentam duas linhas amareladas. As pupas são de cor marrom e 
podem medir até 16mm. A mariposa atinge 38mm de envergadura e apresenta asas anteriores com tonalidade cinza-
amarelada, com manchas marrons e desenhos formados pelo cruzamento de finas linhas brancas. As asas posteriores são 
brancas e quase transparentes. 
Nomophila noctuella constitui um complexo de subespécies com distribuição mundial. Já foi encontrada 
atacando mudas de eucalipto até no Canadá. Os adultos têm o habito de migrarem a grandes distâncias, mas as lagartas 
são polífagas e podem ser facilmente encontradas em viveiros florestais, durante a época mais quente do ano. Por se 
movimentar intensamente, para a frente e para trás, quando incomodadas, esta lagarta é conhecida dos viveiristas pelo 
nome de "Espertinha". As lagartas eclodem à noite e quando crescidas são de coloração geral marrom-esverdeada com 
manchas dorsais escuras e podem atingir até 30mm de comprimento. Durante o dia, elas permanecem abrigadas e só à 
noite é que saem para se alimentarem. Das pupas emergem as mariposas de coloração geral marrom com manchas 
escuras nas asas, que se acasalam à noite; as fêmeas realizam cerca de 11 posturas com um total médio de 281 ovos. A 
oviposição é realizada em filas na porção ventral de folhas do terço superior das mudas. 
Em Elasmopalpus lignoselus, as lagartas são pequenas e quando bem desenvolvidas medem cerca de 15mm 
de comprimento. A coloração é verde-azulada e apresentam o hábito de saltar quando desalojadas de suas galerias. As 
durações dos períodos larval são de 13 dias e pupal de até oito dias. A capacidade de postura é de 129 ovos por fêmea. A 
quantidade de ínstares larvais é de 4 a 6. O ciclo biológico dura cerca de 78 dias, com uma quantidade provável de três 
gerações por ano, mas já se observou até 43 dias de duração no período ovo-adulto. As lagartas eclodem após três dias de 
incubação dos ovos; os adultos apresentam longevidade média de 10 dias; a razão de crescimento larval é de 1,4; 
apresentam seis ínstares larvais, sendo o último deles o de maior duração (8,6 dias) e existe uma estreita correlação entre a 
temperatura do ambiente e a duração da fase pupal. 
 
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DAS LAGARTAS-ROSCAS: As lagartas-roscas são importantes porque elas 
se alimentam das folhas e partes tenras das mudas incluindo o caulículo. Em mudas maiores as lagartas do gênero 
Agrotis secionam os caules para terem acesso às partes tenras apicais e as demais espécies sobem nas plantas para 
igualmente danificá-las. Lagartas de N. noctuella, quando jovem, alimentam-se na face inferior das folhas, 
especialmente, quando estas tocam o solo; quando grandes, comem totalmente as folhas deixando as nervuras muito 
endurecidas. Freqüentemente, pecíolos de folhas e partes de caules jovens das mudas são cortados e carregados para as 
galerias, onde são despedaçados e consumidos. Entre as essências florestais danificadas pelas lagartas-roscas estão a 
Acácia-negra, Seringueira, Eucalipto, Pinus e o Pinheiro-do-paraná. Estas lagartas, entretanto, são polífagas e danificam 
inúmeras outras plantas incluindo espécies silvestres, comumente, encontradas nos arredores dos viveiros florestais. 
 A ocorrência destas lagartas é detectada pela presença de clareiras nos canteiros onde as mudas foram cortadas, 
comidas ou desfolhadas ou ainda, pela presença de fezes, fios de seda e folhas entre os recipientes, bases e hastes das 
mudas. Uma forma prática de encontrar as lagartas consiste em localizar as partes das mudas que ficam nas proximidades 
dos esconderijos. 
As perdas em viveiros não cuidados giram em torno de 10%, mas tem-se observado casos de perdas de até 
90% das mudas. Para um viveiro convencional destinado a produzir apenas um milhão de mudas, a perda de 1% do total 
justificaria, ao preço de 60 dólares americanos o milheiro, a possibilidade de treinar um trabalhador somente para cuidar 
do problema de lagartas-roscas durante a fase de produção das mudas. 
Os danos são maiores nos primeiros dias ou semanas após a germinação das sementes quando uma lagarta-
rosca bem desenvolvida é capaz de alimentar-se de dezenas de mudas tenras, por noite. Essa voracidade, entretanto, 
diminui à medida em que a muda cresce e se torna mais lenhosa. Quando as mudas estão bem lenhosas, as lagartas 
limitam-se a roer os caules ou deceparem a parte apical da muda. As mudas roletadas na base quase sempre morrem, 
mas as decepadas podem brotar novamente, Entretanto, a brotação quase sempre resulta em plantas bifurcadas ou 
envassouradas, de baixa qualidade para o plantio. Em mudas de Pinheiro–do-paraná, a lagarta de E. lignosellus broqueia 
o interior do caule jovem, promovendo o amarelecimento e morte do ponteiro principal, o que é conhecido como 
sintoma do "Coração morto". 
 
 
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1.2 - GRILO-PRETO 
 
NOME POPULAR: Grilo; grilo-preto. 
 
NOME CIENTIFICO: Gryllus assimilis (Fab.) - Orthoptera: Gryllidae. 
 
RECONHECIMENTO DA ESPÉCIE: Os insetos adultos são de coloração escura ou castanha com o tamanho 
variável entre 23 a 28mm de comprimento. As fêmeas podem ser distinguidas pelo longo ovipositor que lhes permite 
depositar ovos, subterraneamente, nos locais úmidos. Elas põe, em média, 3.646 ovos por fêmea. As ninfas eclodem após 
3-6 semanas de incubação dos ovos e passam por cinco ínstares que duram, ao todo, cerca de 45 dias. A sobrevivência 
média dos jovens é de 40% e a maior mortalidade ocorre nos primeiros ínstares. A espécie G. assimilis tem uma 
capacidade de aumento populacional da ordem de 600 vezes a cada geração e a proporção sexual é de um macho para 
cada fêmea. A duração média de cada geração é de 73 dias, mas o ciclo de vida total demoramais de três meses. Tanto 
jovens quanto adultos são de hábitos noturno e, durante o dia, ficam escondidos em túneis escavados sob entulhos 
diversos e, principalmente, entre os recipientes das mudas, de onde só saem para buscar alimento. 
 
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DO GRILO: Os grilos comem as raízes, caules e folhas de mudas novas e tenras 
das essências florestais. Eles atacam as plantinhas novas, cortando-as e carregando as partes apicais para abrigos onde são 
consumidas como alimento. Nos canteiros de recipientes conhecidos como torrão-paulista, ou nas sacolinhas plásticas 
eles, ainda, fazem enormes galerias perfurando e inutilizando vários recipientes vizinhos; as ninfas mais desenvolvidas 
são as mais ativas e mais daninhas. Por cortarem mudas ao nível do coleto, sua presença pode ser confundida com a de 
lagartas-rosca, mas os grilos cortam mudas de maneira isoladas, nunca fazendo reboleiras tipicas como nas lagartas-rosca. 
As essências florestais, cujas mudas são mais perseguidas e mais danificadas por G. assimilis, são o eucalipto, 
pinus, acácia-negra e seringueira. Esse inseto, entretanto, é polífago e está sempre presente em sementeiras e viveiros de 
qualquer espécie vegetal. 
 
1.3. - PAQUINHAS 
 
NOME POPULAR: Paquinha; frade; bicho-terra; grilo-toupeira; cachorrinho d'água; cava-terra e grilo-talpa. 
 
NOMES CIENTIFICOS: 
Neocurtilla hexadactyla (Perty) - Orthoptera: Gryllotalpidae 
 Scapteriscus didactylus Latr. - Orthoptera: Gryllotalpidae 
Tridactylus politus Bruner - Orthoptera: Tridactylidae 
 
RECONHECIMENTO DAS ESPÉCIES: N. hexadactylla é uma espécie de paquinha com morfologia externa 
muito bem adaptada a uma vida subterrânea. Os adultos, de aspecto aveludado, apresentam comprimento do corpo 
variável de 30 a 50 mm. A coloração é cinzenta ou marrom na parte dorsal que se torna mais amarelo-pálida à medida 
em que aproxima da parte ventral que é pubescente. O primeiro par de asas, do tipo tégmina, é curto e cobre menos da 
metade do abdome. O outro par é mais comprido do que o abdome e se apresenta sanfonado quando em repouso. Possui 
o primeiro par de pernas do tipo fossorial para escavação e o terceiro par do tipo saltatória. As pernas, igualmente 
coloridas e pilosas, possuem grandes garras, agudas e levemente recurvadas, inclusive, nos tarsos. O macho pode ser 
diferenciado da fêmea pelo número de placas ventrais no abdome. A fêmea realiza a oviposição no interior do solo, em 
galerias com profundidade de até 30cm. Os ovos são colocados em câmaras, dispostos lado a lado e em número que 
varia de 30 a 70. O período de incubação pode durar até três semanas. Os ovos e as ninfas novas são protegidas pelas 
fêmeas. O inseto, para atingir a fase adulta, passa por oito ínstares sendo que nos cinco primeiros, as ninfas, são 
desprovidas de asas. Este inseto é de hábito noturno e possui uma vida relativamente longa de forma que só aos 2 anos é 
que atinge a fase adulta. Entretanto, só ao atingir a idade de 3 anos é que o mesmo está apto para a reprodução. Esta 
espécie de paquinha se encontra espalhada por quase todo o mundo e no Brasil é encontrada em quase todos os Estados. 
A espécie S. didactylus possui biologia semelhante à de N. hexadactylla no que diz respeito ao comportamento 
ligado à reprodução, desenvolvimento, alimentação e à construção de abrigo. Os adultos, entretanto, são menores do que 
aqueles, possuem apenas dois dígitos nas tíbias anteriores e apresentam os tímpanos expostos na face externa da tíbia 
anterior ao invés de ser dispostos no fundo de uma fenda. 
 
 
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Os adultos de T. politus são pequenos e medem ao redor de 5 mm de comprimento sendo de coloração 
amarelo-pálida e com manchas mais escuras por todo o corpo. As asas anteriores cobrem apenas a base do abdome e as 
posteriores, as vezes, pouco mais alongadas do que as tégminas. Os machos, em geral, não possuem aparelho 
estridulatório nas tégminas e nem tímpanos nas tíbias. Apresentam o primeiro par de pernas do tipo fossorial e posterior 
do tipo saltatórias. As antenas são curtas, do tipo filiforme com 11 segmentos. Olhos relativamente grandes e ocelos 
pequenos, dispostos em linha transversa. Possuem hábitos fossoriais, escavando galerias em locais úmidos, 
principalmente viveiros e sementeiras. Podem correr, saltar e mergulhar com grande agilidade. 
 
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DAS PAQUINHAS: As espécies de paquinhas são encontradas em associação 
daninha a praticamente todas os viveiros e sementeiras. Tanto as formas jovens quanto os adultos vivem no interior do 
solo, em locais úmidos e provocam danos diretos às plantas pela ação sobre as suas raízes, utilizadas em sua alimentação. 
Por outro lado, provocam danos indiretos pela escavação de galerias subterrâneas ao longo da sementeira, na busca de 
outros tipos de alimentos (outros insetos, larvas, vermes, etc.). Como estas galerias são pouco profundas, nota-se em 
alguns casos, a elevação da terra fofa acompanhando a galeria. Este fato é, também, prejudicial às sementes recém-
semeadas, pois o revolvimento da terra provoca o seu deslocamento e diminui a taxa de germinação. Terrenos fofos e 
adubados com esterco de curral favorecem, sobremaneira, a proliferação das paquinhas. O inseto além de danificar raízes, 
decepa as plantinhas ao nível do coleto á semelhança do que fazem grilos e lagartas-rosca. A maioria dos pesquisadores 
consideram esta espécie de paquinha como sendo um inseto onívoro, mas com hábito mais fitófago do que carnívoro. 
A espécie T. politus é considerada como prejudicial em sementeira de eucalipto onde causa danos 
consideráveis. Tanto as formas jovens como os adultos possuem hábitos essencialmente fitófagos. N. hexadactylla e S. 
didactylus são paquinhas consideradas daninhas às sementeiras e viveiros de acácia-negra, eucaliptos e são consideradas 
como insetos daninhos de grande importância econômica em sementeiras e viveiros de seringueira onde causam alta 
porcentagem de morte às plântulas, especialmente, se o terreno for muito arenoso. 
 
 
1.4-FORMIGAS CORTADEIRAS 
 
NOME POPULAR: Veja item 2.1, a seguir. 
 
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DAS FORMIGAS CORTADEIRAS EM VIVEIROS: As formigas 
cortadeiras são capazes de causarem surpreendentes ataques em horários e locais em que não existem pessoas no viveiro. 
Elas podem cortar e carregar milhares de mudas em pouco tempo. Mudas de quaisquer essências florestais são atacadas 
mas as de eucaliptos, pinus, acácia-negra, pinheiro-brasileiro e de seringueira, são as mais comumente danificadas. 
 
1.5-MANEJO INTEGRADO DE INSETOS DANINHOS EM VIVEIROS FLORESTAIS 
 
TÉCNICAS DE PREVENÇÃO: O manejo de insetos que danificam as mudas enviveiradas começa com a escolha 
do local para instalação do viveiro. Por exemplo, não é prudente instalar viveiros de seringueira em terrenos arenosos 
quando se sabe que nessa região, as paquinhas são causadoras de problemas e, certamente, serão beneficiadas por esta 
condição edáfica. 
Antes de mexer no terreno para instalar o viveiro, toda a área do terreno e mais uma faixa larga ao redor do 
mesmo, deve estar livre de formigas cortadeiras utilizando-se das técnicas explicadas no próximo capítulo deste texto de 
aulas. Após a limpeza mecânica da superfície do terreno em que será instalado o futuro viveiro, novas colônias de 
formigas podem ser observadas e devem ser eliminadas. Tais formigas podem ser combatidas com isca granulada, mas 
quando o local for irrigado ou estiver chuvoso, deve-se usar a termonebulização que tem ação paralizadora imediata sobre 
a atividade daninha da colônia. O brometo de metila não deve ser usado porque é de alto risco para o usuário, deixa 
resíduo no ambiente e é daninho à camada de ozônio. 
A manutenção da limpeza na faixa que circunda o viveiro é de grande importância para minimizar a migração 
de lagartas-rosca desenvolvidas na vegetação nativa. Uma forma prática de manter esta limpeza é utilizar tal faixa como 
carreadorpara o transportes de materiais e mudas. No caso de produção de mudas de seringueira, tal faixa é de grande 
utilidade uma vez que funciona como barreira contra a invasão de Spodoptera frugiperda cujas lagartas podem aparecer 
em grandes quantidades nas pastagens adjacentes. 
Como os grilos se alojam e se reproduzem sob entulhos, é bom, desde cedo, impedir o amontoamento de 
tijolos, pedras, madeiras, restos de mudas, embalagens velhas e outros materiais que possam servir para o abrigo e 
 
 
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reprodução destes insetos. A produção de mudas a partir do semeio em bandejas ou em tubetes, bem como o uso de 
multiplicação vegetativa, desde que feitas em mesas ou suportes em que as plantas fiquem bem acima da superfície do 
solo, dificilmente apresentam problemas com grilos e paquinhas. 
As paquinhas são insetos de difícil combate uma vez que permanecem quase o tempo todo protegidas 
subterraneamente. Na época chuvosa estes insetos têm atividade escavatória mais superficial e podem ser notados e 
arrancados. Sabe-se, entretanto, que estes insetos, assim como os grilos, têm grande preferência para se alojarem em 
esterco animal o que pode ser usado colocando-se estrume de cavalo em covas bem distribuídas de onde, 
periodicamente, as paquinhas são retiradas e destruídas. Tem-se observado que o uso permanente de uma armadilha 
luminosa na área central de pequenos viveiros reduz o ataque de lagartas-rosca porque os adultos deste grupo de praga 
são facilmente atraídos pela luz ultravioleta destas armadilhas. 
 
TÉCNICAS DE COMBATE: Após o inicio da produção de mudas todo e qualquer problema com insetos vai 
depender de um eficiente sistema de vigilância. A inspeção diária e constante (=monitoramento) pode ser facilmente 
conseguida com um bom treinamento do viveirista e das pessoas que trabalham no viveiro. Nos viveiros grandes, 2 ha 
por exemplo, esta vigilância deve ficar a cargo de um trabalhador mais esperto e treinado exclusivamente para detectar, 
avaliar e tomar as providências necessárias no caso de exigir combate a qualquer praga. 
A técnica de catar manualmente as lagartas-rosca, grilos e paquinhas nos viveiros florestais, durante a época de 
limpeza e movimentação dos recipientes de mudas é muito usada e dá bons resultados. Trabalhando com mudas de 
Eucalyptus grandis a partir de 15 dias de idade em viveiro permanente, já se conseguiu eficiência superior a 90% no 
combate às lagartas-roscas e grilos com apenas uma catação manual. Este resultado foi semelhante ao conseguido com os 
melhores inseticidas indicados para o caso permitindo-se, assim, ter uma alternativa eficiente para o uso de agrotóxicos 
nos viveiros florestais. 
 
 
2 - INSETOS DANINHOS A ÁRVORES NO CAMPO 
 
2.1-FORMIGAS CORTADEIRAS 
 
As formigas cortadeiras são consideradas como parte do fatores limitantes na produção florestal. Ao contrário 
de outras pragas, elas praticamente não possuem diminuição natural em suas populações e atacam árvores de todas as 
idades e em todas as épocas do ano. Quando não controlada, elas impedem o estabelecimento de qualquer 
reflorestamento, pois seu ataque se dá continuamente. Dessa forma, seu combate em áreas de reflorestamento significa a 
própria sobrevivência das árvores. 
As formigas cortadeiras são responsáveis por mais de 75% dos custos e do tempo total gasto no combate de 
pragas em reflorestamento, ou por 30% dos gastos com a floresta até o final do 3
o
 ciclo. Este gasto pode ser 5,7% a 7,4% 
do preço da madeira em pé dependendo do espaçamento de plantio. 
Por causa da vulnerabilidade das espécies florestais usadas nas culturas florestais brasileiras devido à grande 
capacidade de destruição que tem as formigas cortadeiras, quer na fase de implantação quer na fase de manutenção ou na 
de rebrota das árvores, estas são consideradas como a principal praga florestal no Brasil. 
 
2.1.1. SAÚVAS 
 
NOMES POPULARES: Saúva; formiga-cortadeira; formiga-cabeçuda; formiga-carregadeira, formiga-de-mandioca, 
cabeçuda, mamuara, caçapó, formiga-da-roça, roceira. 
 
NOME CIENTÍFICO: 
Atta sexdens rubropilosa (Forel,1908) - Hymenoptera: Formicidae 
A. sexdens piriventris (Santschi, 1919) 
A. sexdens sexdens (Linné, 1758) 
A. laevigata (F. Smith, 1858) 
A. cephalotes (Linné, 1758) 
A. opaciceps (Borgmeier, 1939) 
 
 
 
 
7 
7 
RECONHECIMENTO DAS ESPÉCIES: 
Atta sexdens é um complexo de três sub-espécies conhecidas popularmente como “saúva-limão”, “saúva-
comum” ou “saúva-vermelha” (Atta sexdens rubropilosa); “saúva-limão-sulina” (Atta sexdens piriventris); “Saúva-da-
mandioca”, “formiga-da-mandioca” ou “saúva-limão-do-norte” (Atta sexdens sexdens). Estas sãos as saúvas mais 
comuns no Brasil e as características morfológicas que servem para diferenciar estas saúvas das demais são as de 
apresentar toda a cabeça e o gáster sem brilho e serem mais ou menos pilosas. Entretanto, o modo mais fácil de 
reconhecê-las, no campo, é pelo forte cheiro de limão que exala da cabeça das operárias maiores quando são esmagadas; 
é deste cheiro que vem o nome “saúva-limão”. O sauveiro é formado por um monte de terra solta de formato irregular 
por causa do acúmulo de montículos de terra com tamanhos diferentes; os olheiros estão localizados no fundo de crateras, 
isto é, as aberturas na superfície do monte de terra assemelham-se a pequenos vulcões, com margens angulosas. Esta 
saúva é a que ocupa maior área no País e é por causa disso que elas podem ser consideradas como as mais comuns. 
Entretanto, a sauva-limão não corre na caatinga, em grande parte do Paraná, no litoral de Santa Catarina, em parte do 
Nordeste e do Rio Grande do Sul. As três subespécies estão assim disribuídas: Atta sexdens sexdens (Região Norte, 
parte do Centro-Oeste, do Nordeste e do Sudeste) - AM, AC, RR, AP, PA, TO, MA, PI (norte, oeste e sudoeste), CE 
(oeste), RN, (litoral), PB (litoral), PE (litoral), AL (litoral), SE (litoral), BA (litoral, centro e oeste), GO (exceto no sul, 
abaixo do Distrito Federal), MT, RO, MG (norte). Atta sexdens rubropilosa (parte da Região Sudeste, no Centro-Oeste 
e parte do Estado do Paraná) - MG (centro, oeste leste e sul), ES, RJ, SP (exceto litoral sul, próximo à divisa com o 
Paraná), GO (sul, abaixo do Distrito Federal), MS, PR (parte do norte e do oeste). Atta sexdens piriventris (Região Sul) - 
SC (exceto litoral), RS (exceto parte do sul, do sudeste e do oeste). 
Atta laevigata é uma espécie de saúva popularmente conhecida como “Saúva-cabeça-de-vidro” ou “Saúva-
cabeça-de-melado ou, ainda, “Saúva-de-vidro”. Os soldados são muito características por apresentarem toda a cabeça e a 
superfície dorsal do gáster completamente sem pêlos e notavelmente brilhantes, com se fossem envernizados, o que lhes 
dá uma aparência vítrea, motivo pelo qual recebem o nome popular de “cabeça-de-vidro”. O monte de terra solta é 
arredondado, com a superfície lisa, e os olheiros se abrem sobre o monte, sem formar crateras, ou montes de terra solta ao 
redor desses, como as da saúva-limão, ou têm o aspecto de pequenos funis aplanados, sem margens angulosas. Esta 
saúva pode ser considerada a segunda espécie mais comum nos reflorestamentos do Brasil. Sua ocorrência ainda não foi 
constatada no Acre, no Amapá, no Ceará, no Rio Grande do Norte, na Paraíba, no Espírito Santo, em Santa Catarina e 
Rio Grande do Sul. Tem uma ampla distribuição pelo interior do País, ocupando provavelmente todo o cerrado brasileiro, 
e os únicos registros em zonas litorâneas são os dos estados da Região Nordeste e do Pará. Foi encontrada nos seguintes 
estados: AM (ao norte da bacia Amazônica), RR, PA (interior e litoral), TO (exceto norte), MA (exceto no oeste), PI 
(exceto no leste e no sudeste), PE (exceto no sertão), AL, SE, BA (exceto em parte do norte e no litoral sul), MG (exceto 
no leste), RJ (exceto no norte, próximo à fronteira com o Espírito Santo), SP (exceto no litoral e parte do sul), PR 
(interior), GO, MS, MT (excetono norte), RO (interior). 
Atta cephalotes é conhecida popularmente como “Saúva-da-mata”, e as principais características morfológicas 
dos soldados são cabeça com pilosidade fina e longa na região frontal da cabeça, conferindo uma aparência lanosa, como 
se fossem finíssimos fios de lã, com a parte superior sem pêlos e brilhante; gáster sem brilho e coberto por esta fina 
pilosidade . Os ninhos desta saúva assemelham-se externamente aos da saúva-limão porque o monte de terra também é 
formado por uma série de crateras irregulares. O que chama atenção é o fato de que algumas panelas de fungo podem 
estar situadas a pouca profundidade (cerca de 10 cm), sob o monte de terra solta. Esta é uma das saúvas mais comuns na 
região amazônica, onde está amplamente distribuída, mas ocorre, também, nos bosques estacionais que circundam a 
Amazônia, abaixo da linha do equador. Além disso, foi encontrada no sul do litoral baiano e nos arredores de Recife, em 
Pernambuco. Esta espécie está distribuída pelos seguintes estados brasileiros: AM, AC, RR (exceto no leste, em parte do 
interior e do norte), AP (exceto no interior e no oeste), PA (exceto no litoral), TO (norte), MA (oeste e parte do norte), RO 
(exceto em parte do interior), MT (norte e sudoeste), BA (litoral sul), PE (em Recife). 
Atta opaciceps é denominada popularmente como "Saúva-do-sertão” e ocorre apenas nos estados do Nordeste. 
Possui cabeça completamente livre de pêlos na parte superior e reticulação microscópica com pontuação fina abundante; 
os dois ocelos superiores quase sempre estão presentes. Pescoço inserido quase no meio da cabeça. O primeiro segmento 
do gáster é uniformemente semi-brilhante ou brilhante e desprovido de pêlos. 
As saúvas são insetos sociais extremamente organizadas, que vivem em câmaras e galerias subterrâneas. Elas 
se alimentam de fungo (Leucoagaricus gongylophorus Singer) que é cultivado sobre material vegetal finamente picado 
após ter sido cortado e transportado das plantas para o interior da colônia. 
As formigas de uma colônia são divididas em castas caracterizadas, principalmente, pelo tamanho dos 
indivíduos, presença de asas e atividades que desempenham. As pertencentes à casta das permanentes são caracterizadas 
 
 
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pela ausência de asas. Compõem-se de uma fêmea (rainha, içá ou tanajura), fundadora da colônia e com a função de 
produzir ovos e controlar as atividades da colônia, e de muitas operárias que são fêmeas estéreis encarregadas de todo o 
trabalho incluindo cultivo do fungo (jardineiras), corte e transporte de material vegetal (cortadeiras) e defesa da colônia 
(soldados). Uma formiga operária apresentam três pares de espinhos no dorso do tórax o que serve para distinguir o 
gênero Atta de outros gêneros de formigas. À casta das temporárias pertencem as formigas com asas, machos (bitú) e 
fêmeas (tanajura ou içá) que só são produzidos e liberados na época da revoada. A tanajura é a responsável pela formação 
de novas colônias. Quando chega a época da revoada, um formigueiro adulto, com mais de três anos, libera as tanajuras 
que são fecundadas em pleno vôo pelos bitus. Após a fecundação ela desce ao solo, livra-se das asas e inicia a construção 
de um novo sauveiro; o bitú morre logo após a cópula com a tanajura. 
Um sauveiro inicial é facilmente localizável no solo devido a presença de pelotinhas de terra solta em volta do 
furo de penetração da içá. Entre 5 e 8 dias após o vôo nupcial a rainha (içá) inicia a deposição de ovos; cerca de dois 
meses depois emergem as primeiras operárias, as quais demorarão mais ou menos um mês para abrirem a primeira 
abertura de saída da formigas, ou olheiro. No trabalho de aprofundamento do solo, abertura de novos canais e câmaras 
(=panelas) as formigas transportam a terra para fora depositando-a sobre a área de projeção desta colônia subterrânea e 
formando o monte de terra solta. O segundo olheiro só é aberto no verão seguinte, ou cerca de ano após o vôo nupcial, 
mas os outros se sucedem rapidamente e quando já estiver pronto para liberar novos reprodutores, após os três ou quatro 
anos de idade, cerca de 1000 olheiros e um grande monte de terra solta estarão prontos. 
Os sauveiros são, assim, caracterizado pelo monte de terra solta (sede aparente), em cuja superfície se 
encontram numerosas aberturas ou olheiros. Os olheiros podem aparecer ainda fora do monte de terra solta em até mais 
de 50m de distância da sede aparente, mas as formigas podem cortar folhas de árvores situadas em até mais de 1000 
metros de distância da sede aparente. 
 
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DAS SAÚVAS: As saúvas cortam mudas, folhas, flores, frutos e partes apicais 
tenras das árvores, transportam esse material para o interior do sauveiro e o utilizam como substrato alimentar para o 
fungo que cultivam e do qual elas se alimentam. Considera-se como impraticável implantar qualquer cultura florestal 
sem o manejo adequado das formigas cortadeiras, em qualquer terreno no Brasil. As principais essências florestais 
cultivadas em larga escala e que são danificadas pelas saúvas são: Eucalyptus spp.; Pinus spp.; Araucaria angustifolia; 
Hevea brasiliensis; Acacia spp. e as palmáceas em geral. As saúvas provocam danos às essências florestais na fase de 
viveiro e durante toda a vida das árvores no campo, mesmo na fase de brotação e recondução das cepas. 
Suas injúrias são fáceis de serem localizada porque algumas vezes o ataque se dá de cima para baixo o que 
confere à planta uma coloração avermelhada nas partes apicais. Elas atacam árvores de qualquer idade, causando perdas 
na produção de mudas e a morte de árvores. A quantidade de árvores danificadas tende a aumentar com o aumento do 
tamanho ou da quantidade de colônias de formigas; árvores atacadas num dado foco tem uma expressão visual muito 
mais intensa do que se estivessem isoladas em toda a floresta. 
Observações de campo demonstram que em reflorestamentos onde o combate de formigas foi interrompido, 
poucos anos depois foi totalmente destruído em função da alta voracidade desses insetos. O efeito do desfolhamento em 
eucalipto já foi avaliado e os pesquisadores concluíram que árvores de Eucalyptus saligna com 100% da copa destruída 
deixaram de produzir cerca de 40% da madeira que deveria produzir durante o ano seguinte ao do desfolhamento e que 
árvores com 50% da copa destruída, na parte de baixo da copa, deixaram de produzir 13,2% de madeira, em relação 
àquelas sem desfolhamento. A estas perdas podem se somar mortes de árvores devido ao sombreamento ja que elas 
passam a crescer menos, e perda de produção crescente na produção nos demais anos após o primeiro ano do 
desfolhamento. Arvores de Eucalyptus grandis desfolhadas aos seis meses de idade tiveram a mortalidade aumentada 
em 99,3%, a altura reduzida em 31,7%, o crescimento diamétrico diminuído em 25,1% e a produção de madeira 
reduzida em 61,6% em relação a árvores protegidas contra o desfolhamento por insetos. Repetidos desfolhamentos 
artificiais em árvores de Pinus caribaea aos três anos de idade causaram a perda de 13,2% no crescimento em altura e 
22,4% no diâmetro quando vitmadas por um desfolhamento, e de 38,8% e 45,5%, respectivamente, por três 
desfolhamentos. A quantidade de folhas cortadas pelo gênero Atta pode variar entre 12 e 17 % da produção de folhas em 
florestas tropicais. Com base na quantidade de folhas cortadas, já se deduziu que um sauveiro adulto pode matar cerca de 
5% do plantio de árvores de Eucalyptus urophylla aos seis anos de idade ou cerca de 10% do plantio de Pinus spp. aos 
oito anos de idade, no espaçamento 3x2m, a cada ano. Imaginando-se que se fosse mantido apenas um sauveiro adulto 
em cada hectare de floresta de eucalipto, pode-se generalizar que uma empresa florestal com área de 100.000 hectares de 
eucaliptos plantados, com um incremento médio de 40 m
3
/ha/ano, perderia teria um prejuízo de 200.000 m3 de madeira, 
a cada ano. 
 
 
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Otamanho de uma colônia tem importância na quantidade de folhas cortadas e, assim, colônias muito grandes 
representam um potencial maior de prejuízos para a floresta. Colônias novas, com menos de um metro quadrado de sede 
aparente por exemplo, devem utilizar pequenas quantidades de folhas as quais podem ser normalmente cortadas no sub-
bosque ou nos galhos da parte de baixo da copa de árvores altas. Por outro lado, o tamanho das colônias e os pontos de 
concentrações tem grande importância no combate químico das formigas uma vez que isto implica na escolha da técnica 
de combate e na quantidade de produto formicida a serem usadas. 
Como se pode observar, as perdas devido aos desfolhamento são uma realidade, mas elas variam de local para 
local e, por isso, devem ser avaliadas nas condições de cada reflorestamento, para que as tomadas de decisões sejam 
apropriadas. Deve-se lembrar que as perdas não se restringem à diminuição de produção apenas, elas podem estar 
relacionadas com a inviabilização de reflorestamentos ou à diminuição da resistência das árvores a outros insetos ou a 
agentes patogênicos. 
Levando-se em conta o efeito do desfolhamento na produção, o preço da madeira em pé e os gastos com o 
combate nas condições locais de um dado reflorestamento, pode-se estimar a quantidade de árvores inutilizadas que são 
possíveis de serem toleradas sem a necessidade de combater formigas. 
 
 
2.1.2. - QUEMQUEM 
 
NOMES POPULARES: Quenquém, quem-quem, mineira, caiapó, formiga-de-raspa; quenquém-de-cachimbinho; 
quenquém-de-cartuchinho; meia-lua, formiga-de-rodeio, formiga-de-eira, quenquen-de-árvore, etc. 
 
NOMES CIENTÍFICOS: 
Acromyrmex striatus (Roger, 1863) Hymenoptera: Formicidae) 
Acromyrmex coronatus (Fabricius, 1804) 
Acromyrmex rugosus (F. Smith, 1858) 
Acromyrmex laticeps (Emery, 1905) 
Acromyrmex crassispinus (Forel, 1909) 
Acromyrmex niger (F. Smith, 1858) 
Acromyrmex octospinosus (Reich, 1893) 
Acromyrmex subterraneus Forel, 1893 
 
RECONHECIMENTO DAS ESPÉCIES DE QUENQUEM: O nome quenquém é usado para designar cerca de 
27 espécies de formigas do gênero Acromyrmex observadas no Brasil. Elas ocorrem desde a Califórnia nos Estados 
Unidos até a Argentina (Patagônia) e no Brasil, são conhecidas em todos os Estados onde podem ser pragas em culturas 
como eucaliptos, palmáceas, seringueira e pinus. 
Preocupados com as saúvas que possuem colônias muito populosas, os técnicos florestais têm-se esquecido das 
quenquéns que formam colônias menores do que as saúvas, mas em grande quantidade por unidade de área. As 
quenquéns são formigas muito parecidas com as saúvas, porém, menores e possuem quatro ou mais pares de espinhos 
no dorso do tórax. Elas são formigas pequenas e se dividem, também, em castas cujos indivíduos variam muito pouco de 
tamanho de acordo com a função que exercem. 
A espécie A. striatus, conhecida vulgarmente como "Formiga-de-rodeio" ou de "formiga-de-eira", possui 
operárias de cor castanho-avermelhada ou ferrugínea, com o gáster geralmente mais escuro que o resto do corpo. É 
caracterizada pela cabeça longitudinalmente multiestriada, pelos espinhos pronotais anteriores bem desenvolvidos, 
pronotais medianos vertiginais ou ausentes e o gáster liso e brilhante, inteiramente sem tubérculos. Seu ninho é muito 
característico porque as operárias limpam a superfície do solo sobre as panelas, entre os diversos olheiros e um pouco 
mais além, dando a impressão de um terreno capinado e varrido. 
As operárias de A. coronatus, chamada "quenquem-de-árvore", tem coloração castanha ou castanha escura, o 
gáster é freqüentemente mais escuro e, nas maiores, muitas vezes aparecem duas manchas amareladas e laterais. 
Possuem espinhos pronotais laterais muito alongados; cabeça estreitada para trás dos espinhos supra-oculares e espinhos 
occipitais muito inclinados para fora. Seu ninho é feito sobre árvores e coberto de ciscos; quando no solo apresenta só 
uma panela parcialmente enterrada e coberta de palha ou inteiramente subterrânea. 
A. crassispinus, conhecida como "quemquem-de-cisco, é uma espécie preta ou castanho-enegrecida muito 
comum no Sul do Brasil. Caracteriza-se pelos espinhos pronotais inferiores com a ponta curvada para trás e pelos 
tubérculos do gáster numerosos, muito proeminentes, pontiagudos, e reunidos em grupos no terço anterior do gáster. O 
 
 
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ninho é quase sempre superficial com uma só panela grande em parte situada em uma escavação rasa e inteiramente 
coberta por pedaços de folhas secas e resíduos vegetais. Ela é encontrada em florestas de pinus onde as colônias podem 
ser subterrâneas e habitadas por ofídeos. Recebe, ainda, o nome de "quenquém-de-lixo" e podem ser confundidas com A. 
subterraneus nas características do ninho e na coloração das formigas. 
A. laticeps laticeps, também chamada de "formiga-mineira-preta" ou mineira-vermelha", possui operários de 
cor castanha ferruginosa, escura ou negra, uniforme em todo o corpo. São caracterizadas principalmente pela forma da 
cabeça, muito larga e com lobos muito arredondados, mais do que nas outras espécies. Vive em regiões de campo onde 
constróem ninhos subterrâneos com uma só câmara provida de um canal longo e geralmente distante do olheiro. 
A. octospinosus, vulgarmente conhecida como "quenquem-mineira-da-amazônia", é uma espécie cujas 
operárias são de cor castanho-escura. São caracterizadas sobretudo pela ausência de espinhos pronotais medianos, pela 
forma achatada dos espinhos pronotais inferiores e que têm a ponta obtusa ou arredondada. Constróem colônias 
subterrâneas com uma ou mais panelas, sob pedras, troncos apodrecidos ou em barrancos. Freqüentemente fazem 
montes de solta com forma arredondada em volta dos olheiros mas às vezes estes olheiros estão camuflados sob pedras 
ou troncos de árvores. 
A. rugosus rugosus, conhecida como formiga-mulatinha ou formiga-lavadeira, é uma pequena espécie cujas 
operárias castanhas medem no máximo 5,6 mm de comprimento. As operárias se caracterizam sobretudo pelo gáster 
com tubérculos dispostos em quatro série longitudinais, geralmente, até meados e sem ponta aguçada. A cabeça é 
bastante alargada nos lobos occipitais, e os olhos são muito convexos e salientes. Seus ninhos são subterrâneos com várias 
panelas ligadas ao exterior, por um ou mais canais curtos, com montes de terra solta semelhante à Atta sexdens. 
A. rugosus rochai, também chamada de "formiga-quiçaçá" possui operárias de cor castanho-avermelhadas e 
pequenas (5-6 mm de comprimento). Difere das outras por seus espinhos pronotais muito curtos nas operárias e pelos 
seus espínulos e tubérculos menores que o comum. Constróem seus ninhos em lugares baixos, arenosos e secos. As 
panelas são muito pequenas, comunicando-se com o exterior por canais irregulares de aberturas com 2 a 4 mm de 
diâmetro. 
A. niger, também conhecida por "Formiga-mineira"; quenquem-mineira" e "quenquem-mineira-de-duas-
cores", faz colônias com câmaras profundas e de difícil localização, pois, não se deixa trair pelo acúmulo de terra 
escavada que é distribuída longe de tal forma que não denuncia a presença de suas colônias. Elas possuem de 1-2 olheiros 
com canais curvos de 3-4 metros e 3-5 câmaras com profundidade de 0,8-1,0 m. Os olheiros são simples orifícios no 
solo. O que propicia a localização das colônias de A. niger é o fato de geralmente, apresentarem forrageamento noturno. 
As operárias podem ser castanho-escuras ou enegrecidas podendo-se encontrar numa mesma colônia exemplares 
castanho-claras. 
A. subterraneus apresenta colônias comumente encontradas sob as raízes das árvores nos reflorestamentos. Já 
se constatou a presença de folhas jovens de Eucalyptus urophylla, no interior das colônias localizadas em refloresta-
mentos com 8 anos de idade. Pode-se encontrar mais de uma rainha por colônia Para as subespécies de A. subterraneus, 
as colônias encontradas em reflorestamentos são em sua maioria decâmaras únicas com inúmeros olheiros. Próximo à 
área de terra removida que recobre a colônia, podem ser encontradas restos de fungo (lixo). As operárias podem ser 
castanho-escuras ou castanho-claras podendo apresentar fronte escurecida. Já para A. brunneus, conhecida como 
"quenquém-de-lixo" a cor é negra ou castanho-escura. Recebe, ainda, os nomes de "quenquém-mineira" e "quenquém-
cabeça-preta". As operárias de A. subterraneus podem ser separadas em operárias que retornam ao ninho transportando 
material vegetal após visitarem a área de forrageamento e operárias que retornam sem transportar nada. A maioria das 
colônias de A. subterraneus são encontradas abaixo do sistema radicular de árvores, possivelmente, usando-o como 
sustentação da esponja de fungo uma vez que o espaço das câmaras na maioria das colônias é totalmente ocupado pelo 
fungo. 
 
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DAS QUENQUENS: As quenquéns têm o hábito de cortar folhas e caules tenros 
de mudas e brotações de eucaliptos e outras espécies florestais; trabalham, geralmente, à noite. Para florestas de 
eucalyptos e Pinus os danos causados pelas quenquéns são importantes em plantios jovens (menos que um ano de idade) 
e em rebrotas onde o ataque geralmente é severo em áreas infestadas. As essências florestais danificadas pelas quenquéns 
são: 
Acromyrmex striatus: Eucalipto, acácia negra, Pinheiro do Paraná 
Acromyrmex coronatus: Eucalipto. 
Acromyrmex rugosus rugosus: Eucalipto. 
Acromyrmex rugosus rochai: Eucalipto novos 
Acromyrmex crassispinus: Pinheiro do Paraná 
 
 
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Acromyrmex laticeps laticeps: Eucalipto. 
Acromyrmex octospinosus: Seringueira, Acácia 
 
A. striatus ataca plantações novas de eucaliptos em Santa Catarina, com tão elevado número de formigueiros 
por hectares que é preciso um intenso combate para que o eucaliptal sobreviva. A. octospinosus pode causar sérios pro-
blemas à seringueira, danificando o painel destinado à extração do látex. A espécie A. rugosus rochai já foi observada 
numa densidade de 4.000 formigueiros/ha causando uma perda de 50% das mudas recém plantados de Eucalyptus sp. 
Plantios novos de eucalipto com 200 ninhos/ha de Acromyrmex spp. apresentou até 30% de árvores mortas 
provavelmente por desfolhamentos repetidas; no Peru e Venezuela foram encontradas até 6.000 quenquenzeiros/ha. 
A. subterraneus é considerada como uma das mais importantes quenquéns em reflorestamentos. É freqüente 
em eucaliptais onde localiza suas colônias sob raízes de árvores favorecendo a queda das mesmas. A constatação de 
folhas de eucalipto (E. urophylla) na sua cultura de fungos indica que ela é daninha aos reflorestamentos. Em áreas de 
eucaliptos, na fase de implantação e de reforma, esta formiga foi constatada cortando mudas, provavelmente devido à 
ausência de alternativas para o cultivo de seu fungo. 
A. niger foi observada em intensa atividade de forrageamento em florestas de eucaliptos no vale do Rio Doce 
(MG) e no vale do Paraíba (SP). No primeiro estado elas cortavam folhas jovens de eucaliptos com 8 anos de idade. 
 
2.1.3.OUTRAS FORMIGAS CORTADEIRAS 
 
NOME CIENTIFICO: Sericomyrmex moreirai 
 
NOMES POPULARES: Rói-rói; peludinha; roedeira; rapa-rapa; quenquem-mineirinha. 
 
RECONHECIMENTO DA ESPÉCIE: As operárias são monomórficas, com coloração castanho-clara, possuindo 
espinhos dorsais tuberculados, apresentando pubescência deitada e sedosa em todo o corpo. Suas colônias se apresentam 
externamente, inúmeros olheiros distribuídos num raio de 30-40 cm, que podem ser em número de 4-17. Suas câmaras 
medem em torno de 5-14 cm de largura por 5-8 cm de altura e a profundidade pode estar entre 30-110 cm. A quantidade 
de câmaras pode ser de 6-18. A população de operárias pode ser de 1032-1634 e, em algumas colônias, há até 3 rainhas. 
O fungo é de cor castanho-clara. As câmaras estão distribuídas abaixo da área de distribuição dos olheiros umas próximas 
às outras. Tem sido constatada em reflorestamentos no Pará e Minas Gerais. 
 
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA FORMIGA RÓI-RÓI: A partir de 1986 começaram a surgir inúmeras 
queixas de silvicultores sobre a Sericomyrmex sp. que estavam anelando mudas de essências florestais. Ao que parece, 
no Pará ela ataca mudas de Gmelina provocando anelamento e cortando pequenos pedaços do centro das folhas. As 
queixas em Minas Gerais eram de que esta formiga anelava as mudas de eucaliptos. 
Os danos se caracterizam pela remoção da casca do caule das mudas provocando o anelamento das mesmas, 
que ocasiona a morte ou a rebrota da muda. Em Belo Oriente (MG), observou-se altas infestações e em Bom Despacho 
(MG) ocorre em baixíssima freqüência. Já se chegou a encontrar 2000 colônias/ha desta formigas no vale do Rio Doce 
(MG). O potencial de dano foi avaliado em 7,2% sendo que destas 20% já havia morto num período de 30 dias de 
observações em 347 mudas; o ataque, entretanto só ocorreu em dois dos três talhões observados. Mudas plantadas em 
volta de colônias sob observação no campo durante 90 dias, foram danificadas em 25% delas e 11,6% morreram mas o 
ataque não ocorreu antes dos 55 dias após o plantio. 
 
2.1.4. MANEJO INTEGRADO DE FORMIGAS CORTADEIRAS 
 
De acordo com a prática moderna, o manejo integrado de formigas cortadeiras deve ser entendido como o uso 
de adequadas técnicas de combate, somente quando necessárias para estabelecer um convivência harmoniosa com as 
mesmas, levando em consideração as conseqüências que este uso pode representar para o ambiente e para a sociedade 
humana. Esse entendimento baseia-se no fato de que a ocorrência de formigas cortadeiras só deve ser considerada como 
inconveniente quando o papel que elas desempenham como componentes do ecossistema tornar-se menos relevante do 
que os prejuízos que elas causam à floresta. 
A tendência atual nos grandes reflorestamentos do Brasil é a de que o manejo integrado das populações de 
formigas cortadeiras deva estabelecer uma regra de convivência com as mesmas durante o crescimento e maturação das 
árvores. O estabelecimento desta convivência objetiva contribuir para a conservação da vida selvagem e introduzir novas 
 
 
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possibilidades de combate como as de permitir que as formigas cortadeiras usem mais as plantas do sub-bosque do que 
as árvores plantadas. Quando estritamente necessário, o combate só deve ocorrer através de metodologias que causem o 
mínimo de impacto no ambiente. Com esta prática, têm-se conseguido substancial redução nos gastos com o combate e 
significativa diminuição no uso de produtos químicos, em comparação com sistema tradicional de combate das formigas 
cortadeiras. 
Para que isto possa funcionar em toda a floresta é necessário extinguir eficientemente as colônias de formigas 
cortadeiras antes do preparo do solo ou da reforma da floresta, manter faixas de vegetação nativa, plantar espécies 
florestais que apresentem alguma resistência ao ataque das formigas cortadeiras, estimular o desenvolvimento de vegetais 
que sirvam de alternativas ao forrageamento das colônias, montar um eficiente monitoramento dos danos causados pelas 
formigas e usar combate somente em casos de real necessidade, aplicando-se técnicas adequadas às condições ambientais 
de forma a favorecer o desenvolvimento de inimigos naturais. 
 
2.1.4.1-PREVENÇÃO E CONVIVÊNCIA: 
Manutenção das condições adequadas aos inimigos naturais: Pode-se afirmar que os inimigos naturais de 
formigas cortadeiras são muito pouco conhecidos no Brasil para serem recomendados no seu combate biológico. Faltam 
estudos detalhados que possam embasar tal recomendação. São, ainda, desconhecidas as ações de bactérias e vírus e a 
possibilidade de importar inimigos provenientes de outros países. Entretanto, há possibilidades de ganhos imediatos na 
aplicação do controle biológico por meio da manutenção de condições apropriadas à sobrevivência de inimigos naturais 
já ocorrentes nos ecossistemas agroflorestais infestados pelasformigas cortadeiras. 
Embora fatores abióticos possam também agir, organismos diversos atuam sobre as formigas quer predando-
as, parasitando-as, causando-lhes doenças ou competindo no interior da colônia ou nos territórios de forrageamento. 
Como se conhece muito pouco sobre a produção de inimigos naturais das formigas cortadeiras, parece evidente que a 
melhor estratégia de combatê-las biologicamente consiste em favorecer o aumento dos inimigos que já ocorrem 
naturalmente nos locais afetados pelas formigas. Neste caso, condições que favorecem a alimentação, reprodução e o 
abrigo de inimigos nativos devem ser preservadas e implementadas pelas operações silviculturais normais resultando-se 
na maneira mais simples de praticar o controle biológico. No preparo do terreno, ilhas de vegetação nativa com condições 
originais de multiplicação dos organismos nativos, devem ser preservadas visando conservar as espécies de inimigos 
naturais preexistentes. O enriquecimento dessas ilhas com novas fontes de alimento e de nidificação é, certamente, uma 
prática que possibilita o aumento das condições adequadas à reprodução de aves que, a partir daí, agem na floresta 
implantada. A escolha diversificada das essências florestais e a manutenção de um sub-bosque não-competitivo, permite 
o desenvolvimento de maior quantidade de espécies herbívoras que favorecem a colonização dos organismos 
entomófagos e tem grande valia no controle preventivo de formigas cortadeiras. Já se constatou surpreendentes diferenças 
na quantidade de sauveiros entre talhões de eucaliptos com sub-bosque denso e escasso. A maioria das aves de florestas 
necessita do sub-bosque para alimentação o que deve ser encorajado nas florestas implantadas onde é comum se observar 
aves, apenas em trânsito. A restrição às práticas agressivas ao ecossistema como o uso de fogo, o uso de formicidas 
inespecíficos, como é o caso das iscas granuladas que eliminam formigas úteis, e o uso de fungicidas que eliminam 
fungos entomopatogênicos constitui uma nova visão na prática do combate biológico. A proibição à caça de animais 
silvestres permite manter um estoque suficiente destes organismos para a reprodução. A proteção das aves silvestres deve 
ser enfatizada em campanhas educativas e a sua caça terminantemente proibida nas áreas de reflorestamentos. 
Muitas espécies de aranhas, aves, insetos, anfíbios, mamíferos e répteis alimentam-se regularmente de formigas em pelos 
menos uma fase de suas vidas. As aranhas, embora sejam predadores inespecíficos, constituem inimigos naturais de 
grande relevância pela capacidade em colonizar os novos ecossistemas e de predar içás na época da revoada. Os pássaros 
estão entre os predadores mais eficazes das içás durante a revoada e os pardais (Passer domesticus) constituem um 
exemplo notável disso. Já se constatou clara relação entre avifauna e sub-bosque na redução da quantidade de colônias 
iniciais de Atta spp. As aves não acabam com as colônias de formigas cortadeiras mas evitam a formação de novas 
colônias. Há um grupo de aves que predam as içás durante o vôo nupcial e outro que as atacam quando já no solo; 
entretanto, pouca atenção têm recebido os vários pássaros silvestres e as aves domésticas. O comportamento destruidor de 
formigas já é conhecido para o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), mas certos pesquisadores femonstraram 
que eles não atuam contra saúvas. Entretanto, várias espécies de tamanduás predadoras de outras formigas cortadeiras já 
foram identificadas. Os tatus podem ajudar a conter o crescimento de certas colônias pelas freqüentes escavações que 
fazem nas panelas onde devoram larvas e pupas, embora não existam informações sobre o seu nível de eficiência deste 
predador. 
 
 
 
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Manutenção do Subbosque Diversificado: A pequena diversidade biológica nas florestas de rápido 
crescimento é decorrente da falta de consciência conservacionista nos investimentos econômicos do setor florestal 
brasileiro. Na floresta homogênea as possibilidades de alimento e refúgio são anuladas para quase todas as espécies de 
animais que viviam no local antes de sua implantação. Quando alguma espécie de inseto consegue acomodar-se na nova 
espécie vegetal, encontra abundância de alimento e ausência de inimigos naturais, requisitos suficientes para permitir a 
sua explosão populacional e atingir o "status" de praga florestal. As formigas cortadeiras constituem um exemplo típico e 
passa a ser fator limitante em ecossistemas de monoculturas florestais. A supressão do sub-bosque pelo uso 
indiscriminado de herbicidas ou de capinas desnecessárias ou a impossibilidade de seu desenvolvimento pelo uso de 
inadequadas espécies florestais ou de seu plantio muito adensado, acentuam a simplificação ambiental e favorece a 
ocorrência das pragas. 
Na falta de um sub-bosque diversificado, as formigas cortadeiras tendem a acentuar sua infestação. Já se 
constatou que áreas florestais onde o sub-bosque era pouco desenvolvido, a incidência de sauveiros chegou a ser cerca de 
1800% maior do que naquelas em que o sub-bosque era denso. Em outra situação, a manutenção do sub-bosque em área 
onde era inexistente, reduziu em 11,5 vezes a média de novas colônias em dois anos de observações. Num experimento 
em que porta-iscas eram avaliados e para tal o sub-bosque foi roçado a cada dois meses durante dois anos a reinfestação 
aumentou na metade das parcelas sendo que a média de novas colônias caiu apenas 17,6%. Neste caso, a presença do 
sub-bosque pode ter servido para dificultar o pouso e instalação das tanajuras, mas pode, também, ter servido como 
condição para a ocorrência e ação de inimigos naturais que agiram contra as tanajuras em dispersão ou durante a 
fundação das novas colônias. A evolução de sauveiros em relação ao sub-bosque de eucaliptais mantidos sem combate 
de formigas durante nove meses foi relatada como tendo havido um aumento de 8,2 vezes na quantidade e de 14,1 vezes 
no tamanho das colônias em talhões sem sub-bosque e de apenas 1,7 vezes na quantidade e 2,8 vezes no tamanho das 
mesmas nos talhões em que o sub-bosque foi mantido. Neste caso, a presença do sub-bosque resultou, também, num 
retardamento da expansão das colônias em virtude de mecanismos que, ainda, são desconhecidos. 
As saúvas cortam folhas de uma quantidade consideravelmente grande de plantas silvestres e cultivadas, 
fazendo distinção entre plantas nativas e exóticas. Já se concluiu que as colônias de saúvas utilizam de certas estratégias 
para selecionar os vegetais numa floresta tropical e que o forrageamento se deu em 77% do total de espécies presentes no 
local. Já se constatou que 79,7% das espécies de plantas oferecidas, em condições de laboratório, foram forrageadas por 
Atta sexdens rubropilosa. Observando o material carregado por Atta insularis, verificou-se que as formigas forragearam 
em 52 espécies de vegetais, cerca da metade das espécies presentes no local; destas, 29 eram abundantes na área e 
raramente foram coletadas e apenas quatro foram consideradas extremamente palatáveis. O referido forrageamento foi de 
48.3 a 52.2% para A. sexdens e de 60.9% para A. laevigata. Tais informações permitem confirmar o fato de que as 
saúvas sempre forrageiam na maior parte das espécies vegetais à sua disposição podendo, assim, poupar a floresta 
plantada quando o sub-bosque for mantido diversificado e abundantemente disponível para as colônias de formigas 
cortadeiras. Algumas empresas de reflorestamentos já praticam esse conhecimento quando reformam seus projetos e 
conservam as cepas brotadas porque as formigas forrageiam, preferencialmente, na brotação e poupam as mudas; tais 
brotações são eliminadas quando as mudas já possuem um porte em que as formigas não mais conseguem inutilizá-las. 
 Isto posto, parece claro que o sub-bosque denso e diversificado constitui-se numa técnica de grande valia 
para o combate preventivo da ocorrência de formigascortadeiras em reflorestamentos. 
 
Resistência de Essências Florestais ás Formigas: O próprio reflorestamento já constitui, em si, uma forte 
restrição para o estabelecimento de colônias de diversas espécies de formigas cortadeiras, como as que cortam 
exclusivamente gramíneas e que, em geral, não fazem ninhos onde há plantações de pinus, eucaliptos ou outra essência 
florestal. É sabido que as formigas cortadeiras dão preferência a certas plantas, relegando algumas para plano secundário 
e, ainda, desprezando outras que jamais são danificadas. Esta capacidade seletiva é manifestada por elas durante o 
forrageamento ao escolherem certas espécies e, até mesmo, certas procedências de uma mesma espécie florestal. As 
razões que explicam a preferência de formigas cortadeiras por alguns vegetais em relação a outros ainda não estão bem 
esclarecidas. Embora as formigas cortadeiras do gênero Atta sejam insetos altamente polífagos, alguns vegetais escapam 
de seu ataque quase completamente porque, provavelmente, possuem defesas químicas contra as formigas, seu fungo ou 
a ambos. Entretanto, as operárias desse gênero podem manifestar mudanças sazonais regulares em sua preferência uma 
vez que alguns vegetais preferidos só são forrageados em determinadas épocas do ano, principalmente quando emitem 
brotações novas, folhas novas, flores, frutos e sementes. Em outros casos, como na seringueira a destruição é maior 
quando as folhas já estão ficando velhas. 
Os pequenos silvicultores do Estado de São Paulo acreditam que os eucaliptos, depois de 2 ou 3 anos de idade, 
ficam resistentes ás saúvas de tal maneira que se ocorre algum prejuízo este é tão baixo que não justifica qualquer despesa 
 
 
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com combate de tais formigas. Neste caso, parece que depois de crescidos os eucaliptos produzem maior quantidade 
de folhas e ficam tolerantes às formigas cortadeiras já que as folhas produzidas podem ser suficientes para a sobrevivência 
das árvores e para o forrageamento das poucas colônias que restaram após o combate para a implantação da floresta. Em 
ensaios de laboratório, já se verificou que E. tereticornis foi mais preferido do que E. grandis por A. sexdens rubropilosa 
e que dentro desta última espécie a Procedência 12380 foi preferida em relação à Procedência "Coff's Harbour". Já se 
constatou que operárias de A. sexdens rubropilosa preferiram as folhas de eucalipto de 4 anos em relação às de um ano 
de idade e que a preferência por diferentes espécies de Eucalyptus mudou constantemente, apesar de algumas espécies 
serem sempre menos preferidas. Informações indicadoras da resistência do eucalipto à saúva foram obtidas em 20 
espécies de Eucalyptus a A. sexdens rubropilosa e concluiu-se que Corymbia maculata e E. deanei foram altamente 
resistentes ao ataque desta saúva sendo moderadamente resistentes as espécies E. dunnii, E. pilularis e E. propinqua; 
muitas outras espécies foram consideradas susceptíveis. A resistência de 15 espécies de eucalipto ao ataque de Atta 
sexdens rubropilosa e de A. laevigata foi avaliada em função da quantidade de amostras foliares carregadas e sem 
chance de escolha. Como espécie altamente resistente a A. laevigata, os autores encontraram a espécie E. cloeziana 
(Procedência 9785) a qual foi suscetível a A. sexdens rubropilosa e como altamente resistente às duas espécies de 
formigas encontraram, apenas, E. nesophila (Procedência 6675). Também já se verificou, para esta espécie de formiga 
cortadeira, que E. grandis (Proc. Mogi Guaçu,SP), E. pilularis (Proc. Anhembi, SP), E. dunnii e Corymbia citriodora 
(Proc. Bauru, SP) foram as menos preferidas entre as espécies avaliadas. Analisando as reações causadas pela presença 
de folhas de eucalipto na área de forrageamento, Eucalyptus nova-anglica (Proc. 9439), E. acmenioides (Proc. 10697), 
Corymbia maculata (Proc. 6169), E. grandis (Proc. 10695), E. deanei (Proc. 10340), E. andrewsii (Proc. 10274) e E. 
propinqua (Proc. +3) apresentaram efeitos deletérios sobre o comportamento e sobrevivência de operárias de A. 
laevigata e que tais espécies-procedências mais C. citriodora (Proc. 10150) apresentaram efeitos semelhantes em A. 
sexdens rubropilosa. Em muitos estados brasileiros, existe a crença popular de que Corymbia citriodora é "um tipo de 
eucalipto que não é cortado por saúvas". O fato de C. citriodora ser uma espécie com efeitos nocivos a A. laevigata e não 
o ser a A. sexdens rubropilosa, mais a observação de que C. maculata o é às duas espécies e, ainda, mais o fato destas 
duas espécies de eucalipto serem muito semelhantes em aroma foliar, coloração do tronco e aparência da copa, podem 
explicar tal crença popular. 
No que diz respeito a espécies e procedências de eucaliptos, pouco se conhece sobre a capacidade que têm as 
saúvas de selecioná-las. Já se constatou redução de até 35% no desfolhamento de eucalipto que recebeu adubação pesada 
em fósforo quando submetido à saúva-limão evidenciando o fato de que as essências florestais podem aumentar a resis-
tência quando forem bem conduzidas nutricionalmente. 
 
2.1.4.2-MONITORAMENTO (Detecção, avaliação e decisão sobre a necessidade de combate): 
A simples presença de colônias de formigas cortadeiras na floresta em desenvolvimento não deve constituir 
motivo suficiente para justificar a sua exclusão do ecossistema florestal. Elas só devem ser combatidas quando 
ameaçarem causar prejuízos que justifiquem, econômica ou estrategicamente, o seu combate. Já que as formigas são 
capazes de forragearem na maioria das inúmeras espécies de plantas do sub-bosque e que este pode influenciar na 
expansão do tamanho e na redução da ocorrência de novas colônias, basta que se incentive a existência e conservação de 
uma boa diversidade vegetal não competitiva no ecossistema da floresta e se monitore a ação das formigas cortadeiras 
que lá existirem. 
O monitoramento consiste em avaliar sistemática e permanentemente a população de colônias de formigas e o 
nível dos prejuízos que elas causam nas árvores de uma dada floresta. Tem-se observado em grandes reflorestamentos, 
que o risco de não ocorrer perdas significativas e repentinas de árvores diminui rapidamente entre os três e oito meses 
após o plantio normal porque as árvores adquirem grande rigidez na parte lenhosa e produzem suficiente volume de 
folhas que impossibilita, na grande maioria das vezes, a sua inutilização mesmo quando a colônia de formigas é grande. 
A implantação do monitoramento tem sido funcionalmente bem sucedida em florestas com idade de quatro meses a um 
ano, dependendo da região, porque a partir dessa idade as vistorias podem ser realizadas a intervalos de tempo, superiores 
a um mês. Esta possibilidade de começar o monitoramento somente após certa idade da floresta permite restringi-lo às 
saúvas, apenas, porque as quenquéns e outros gêneros de formigas cortadeiras só apresentam importância como insetos 
daninhos na época do plantio, em árvores com até 3 meses de idade, ou na época de brotação das cepas. 
O monitoramento é realizado por pessoas especialmente treinadas para coletar os dados em cada talhão florestal 
e de encaminhá-los para um serviço de processamento encarregado de lhes dar um tratamento rotineiro e de tomar 
decisões sobre a necessidade e conveniência do combate das formigas cortadeiras. Tais pessoas são chamadas de 
"Monitores" e devem ser selecionados, preferencialmente, entre aquelas que possuem experiência no trabalho com 
formigas cortadeiras e se possível, entre aquelas com formação equivalente ao nível médio, porque estas condições 
 
 
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facilitam a tarefa de receberem treinamento especializado. Os monitores devem estar devidamente habilitado para 
localizar e avaliar a ocorrência de colônias de formigas cortadeiras bem como quantificar a intensidade dos prejuízos que 
elas causam em cada um dos talhões da floresta. A idade da floresta, a intensidade de prejuízos nas árvores, a quantidadede árvores afetadas, a quantidade de focos e mais a quantidade e área das colônias no reflorestamento são indicadores que 
podem ser usados nessas avaliações. 
O monitor necessita ter conhecimento suficiente para reconhecer as principais espécies de formigas cortadeiras, 
especialmente, através das características externas de suas colônias; deve conhecer detalhes sobre a biologia das formigas, 
especialmente, no que diz respeito à atividade de corte de folhas, construção dos ninhos e de reações a agentes externos e, 
ainda, necessita ter conhecimentos sobre técnicas de combate e sobre as implicações dos danos causados pelas formigas 
na produção da floresta. Para executar a sua tarefa com eficiência, o monitor necessita, também, de planejamento das 
vistorias a serem realizadas, de mapas detalhados sobre os projetos implantados e de transporte adequado às condições de 
sua região de trabalho, a fim de garantir o acesso a cada ponto das estradas e aceiros que margeiam cada talhão da floresta. 
 
2.1.4.3-TÉCNICAS DE COMBATE: 
As técnicas de combate às formigas cortadeiras dependem das condições do reflorestamento, das condições 
climáticas, do custo operacional e de suas implicações no ambiente. 
 
a-ESCAVAÇÃO DE FORMIGUEIROS INICIAIS 
Três ou quatro meses após a revoada, pode-se fazer o combate mecânico dos sauveiros jovens, uma vez que 
nesta época a colônia já está estabelecida e a rainha, ainda, se encontra na panela inicial, a cerca de 20 cm de 
profundidade. A localização dessas colônias é facilitada pelo montículo de terra solta formado de grânulos pequenos e 
amontoados ao redor do seu olheiro inicial. Esta operação só pode ser executada em áreas recém-implantadas e de 
pequena extensão, onde operários treinados conseguem, facilmente, encontrar e matar a rainha. Tal operação nunca deve 
ser executada imediatamente após a revoada, porque a grande maioria das tanajuras morre pela ação dos fatores 
ambientais. 
Em colônias da quenquém rajada (Acromyrmex aspersus), os ninhos são geralmente subterrâneos, com um 
monte de terra solta saliente sobre a panela e o fungo se encontra a uma profundidade de cerca de 18 cm, mas podem ser 
encontrados, ainda, entre as raízes das árvores ou mesmo em ocos de troncos, de onde devem ser escavados e destruídos. 
Em A. subterraneus subterraneus, os ninhos se assemelham aos das saúvas, pois apresentam no seu exterior um monte 
de terra solta; a profundidade encontrada em escavações foi no máximo de um metro até a panela de fungo, mas nas 
colônias jovens, o fungo encontra-se superficialmente. A panela de fungo em A. subterraneus molestans se encontra 
entre 20 e 40 cm de profundidade sob entulhos, embaixo de madeiras ou árvores abatidas, galhos e folhas deixadas na 
área, de onde removendo-se o material, encontra-se a rainha e o fungo. Nesta espécie, o ninho pode, ainda, apresentar 
apenas um olheiro com montículo de terra solta. A quenquém de cisco, A. crassispinus, apresenta a colônia constituída 
de uma panela grande, inteiramente coberta por quantidade considerável de folhas secas e de resíduos vegetais que 
envolvem a cultura do fungo; removendo os resíduos vegetais, encontra-se o fungo e a rainha. 
 
b-TÉCNICAS DE COMBATE QUÍMICO 
O combate químico utilizado atualmente no manejo integrado de formigas cortadeiras em reflorestamentos 
constitui-se no uso de isca granulada e no uso de termonebulização. O brometo de metila não deve ser mais usado em 
função de sua grande capacidade de destruir a camada de ozônio e da possibilidade de deixar resíduos de bromo no 
lençól freático. 
No caso das saúvas, o combate químico deve iniciar só depois que o sauveiro novo apresentar dois olheiros ou 
mais, pelas razoes já apontadas. Para as formigas quenquéns, a forma e a disposição do ninho de cada espécie são quem 
determina qual será a melhor técnica de combate. O desconhecimento da biologia das quenquéns tem impossibilitado o 
desenvolvimento e estabelecimento de técnicas específicas para o seu combate fazendo com que se utilize, para tal, as 
mesmas técnicas usadas para o combate químico das saúvas. 
Em razão da grande extensão das florestas, o combate químico bem sucedido das formigas é dependente da 
localização das colônias quer na floresta quer nas áreas vizinhas. Para tal, muitas vezes é necessário fazer roçadas no 
interior da floresta e limpezas nos carreadores e aceiros que circundam cada talhão da floresta. Para localizar as colônias 
de quenquém em áreas sujas ou com sub-bosque denso, tem-se observado em alguns reflorestamentos, que a equipe de 
combate distribui iscas feitas com cascas de laranjas ou galhos de eucaliptos cortados para depois acompanhar as trilhas 
decorrentes do forrageamento neste material ou, então, seguir as formigas que estão transportando o mesmo. 
 
 
 
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b.1-ISCAS GRANULADAS 
As iscas granuladas compostas de atrativos de alimentação e inseticidas têm sido as mais utilizadas. O emprego 
de iscas no combate às formigas cortadeiras é considerado a técnica mais prática, mais eficiente e mais barata entre as 
usadas atualmente. Ela pode ser aplicada na fase de preparação do terreno ou de exploração da floresta, no plantio e na 
fase de monitoramento. Elas se mostram bastante eficientes no combate das diversas espécies de formigas cortadeiras, 
entretanto, sua constituição à base de certos inseticidas apresentam inconvenientes pois podem contaminar a água, 
alimentos e animais silvestres, inclusive inimigos naturais das formigas cortadeiras. Recomenda-se colocar as iscas sobre 
folhas ou cascas secas de árvores ou em pedaços de bambu, a fim de protegê-las contra a umidade e, até certo ponto, 
contra o gado e a fauna silvestre que podem intoxicar-se pela ingestão das mesmas. O período em que se verifica a 
paralisação total das atividades de colônias combatidas com iscas granuladas depende do ingrediente ativo presente na 
mesma. No caso do dodecacloro, já proibido, a paralisação do corte podia ocorrer em até nove dias após a aplicação, já no 
caso do oxicloreto de cobre, ela pode ocorrer em até 38 dias após o tratamento da colônia de formigas. 
A isca granulada pode ser usada na extinção das colônias de formigas cortadeiras, ou combate inicial, através do 
sistema conhecido como "Arrastão" que consiste na aplicação de uma dose padronizada em cada olheiro encontrado em 
varredura sobre a área a ser plantada, antes de qualquer operação de preparo do solo. Também, pode ser usada no sistema 
convencional aplicando-se a dosagem recomendada no rótulo da embalagem do produto comercial para cada unidade de 
área de terra solta, colocando-se a isca próximo aos olheiros de carregamento. 
Na impossibilidade de se medir a área da colônia, recomenda-se, aplicar uma dose de iscas nos olheiros ativos e 
duas a três vezes mais esta dose, para cada colônia de Acromyrmex spp. No sistema convencional, as iscas só deverão ser 
usadas em colônias ativas ou nas que apresentam formigas forrageando para que sejam carregadas para o interior dos 
ninhos. 
Uma vez calculada a quantidade de iscas necessárias, elas deverão ser distribuídas sempre próximas dos 
olheiros de carregamentos mais ativos e sempre ao lado da trilha. Quando não se tem olheiros de carregamentos, as iscas 
ainda podem ser distribuídas em olheiros de limpeza, mas a eficiência pode diminuir. É aconselhável dividir a quantidade 
de isca pela quantidade de olheiros disponíveis para facilitar e garantir a distribuição homogênea do produto formicida no 
interior de toda a colônia. Para sauveiros com montes de terra solta de altura igual ou superior a 0,8 m, a dose 
recomendada deve ser aumentada em, pelo menos, 20%. A dosagem correta de isca indicada no rótulo da embalagem 
comercial deve ser obedecida rigorosamente para evitar a paralisação temporária das atividades externas (amuamento) 
das colônias tratadas com subdosagens ou o consumo desnecessário de produto. As iscas granuladas utilizadas no 
combate

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