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Leitura e Produção de Texto

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Prévia do material em texto

Centro Universitário UNA
Instituto Politécnico
Curso de Sistemas de Informação
Leitura e Produção de Textos
Profª. Ana Carolina de Andrade Aderaldo
2011 / 01
SUMÁRIO
UNIDADE 1: LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL	.................................................p. 03
CAPÍTULO 1: LEITURA 	p. 03
 
CAPÍTULO 2: CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO TEXTUAL	p. 09
 
CAPÍTULO 3: VARIAÇÃO LINGUÍSTICA	p. 17
UNIDADE 2: TEXTUALIDADE ................................................................... p. 32
CAPÍTULO 1: COERÊNCIA ................................................................................. p.32
CAPÍTULO 2: COESÃO ...................................................................................... p. 39
UNIDADE 1: LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL 
CAPÍTULO 1 - LEITURA
ATIVIDADE DIAGNÓSTICA
Discuta (em um pequeno texto) qual o sentido que você produziu como leitor(a) do texto a seguir.
ADEUS, VALENTINA!
António Barreto
Quando conheci Valentina ainda era tempo de gabirobas. tanajuras, figurinhas e seriado de Roy Rogers na tela do Cine Roxy, na "ardeia". Eu já gostava de escrever poemas em papel de embrulhar pão, para os amigos apaixonados conquistarem mais depressinha suas inefáveis namoradas. Tudo no presente do indicativo. Assim, compartilhávamos do mesmo amor platônico, aquele que sentíamos, quase sempre, pelas mesmas meninas. Era um artifício: sem que ninguém soubesse, me declarava a elas pegando carona no meu próprio poema, que era, na verdade, "para o meu amigo". E aquelas viagens de febre e insônia, nos tapetes voadores da paixão, assolavam nossa infância. Queimávamos por dentro o esplendor da relva que William Wordsworth, mais tarde, iria colocar nas cabeceiras de nossas camas. E se, na rua, a bola de meia sujava nossos dias com o suor das heróicas batalhas, em casa passávamos o amor a limpo. Sempre: um coração flechado no canto direito da página. E as trêmulas letras do cabeçalho: EU TE AMO.
Então, conheci Valentina, que chegou camuflada numa dessas tardes de primavera. Nesse tempo, eu já não sabia mais onde guardar a memória das coisas. Meu pai também fazia acrósticos, decorava dicionários, enquanto minha mãe cantava. Mas foi Valentina quem me ensinou, de repente, a respirar de um modo comprido. Na terra a gente pisa, mas é no ar que nos preparamos para as longas viagens. Devagar, ela me fez ver que o coração funciona melhor quando as mãos, os dedos, o cérebro e o pensamento pipocam de um jeito mais compassado, sem ânsias de pendurar verdades nas paredes do mundo. Esse que vem a reboque do que, no fundo, são os tijolos da mentira. E quase catando o milho dos sentimentos de ouro, no galinheiro das palavras mais bonitas de cantar, Valentina se sentou comigo debaixo da mangueira. E me soletrou as palavras-diamante, as palavras-pedra, as palavras-seda e as palavras-dor. E como sempre, sozinha, a palavra-saudade.
Um dia Valentina me mostrou também que um lenço, ou um papel em branco, agitado na estação do trem, não era gesto de adeus, mas desafio.
Algo ruiu por dentro de mim naquela despedida. Vim sozinho com os "eus" do outro que nela habitava. E fui, aos poucos, virando bicho urbano, um ser sem passarinho, sem formigas poliglotas, sem pescaria, sem gibi, sem matinê, sem vírgulas, sem namorada platônica e sem pecado. A saudade de Valentina, certa madrugada, adoeceu-me. E descobri que já não mais respirava pelo nariz, mas pelas reticências... Voltei para buscá-la. E com ela aprendi de novo onde colocar uma esquina, aquele olhar perdido do retrato, esse par de cotovelos esperando a chuva, as prováveis civilizações da Atlântida, as lendas que navegam numa mesa de bar, esses dois olhos negros mergulhados no vazio das luas suicidas, o menino que se arrasta pelo chão e quer que sua fome morda o rabo do cachorro, porque esse cheiro de outono úmido, quando e como essa mãe que chora, onde e por quem aquele cego procura, e essas quaresmeiras explodindo em tons de lilás os véus de noiva, no abril das tardes roxas de gás, em Belo Horizonte. E por que diabos eu ainda me levanto com essa frase, gravada nos lábios de Valentina: "Hoje é o dia mais feliz da minha vida!"
Daria tudo para resistir. Mas sou um homem fraco, reconheço. E ingrato. Sei que a indulgência é a maneira mais polida do desprezo. No entanto, Valentina já estava me deixando ultrapassado, analfabeto. Velha, ranzinza, caduca, o tempo nela ia timbrando suas marcas, e não tinha conserto. Alquebrada, já sofria de artrite nas juntas ressequidas, estalava como graveto seus longos e finos dedos, e a coluna: empenada. Pior: não entabulava mais coisa com coisa. Por isso nos separamos. Faz apenas uma semana, risquei Valentina de minha vida. Definitivamente.
Levado pelas mãos de amigos, conheci "a outra". Fascinado, me enamorei à primeira vista por seu lay-out de mulher fatal, repleta de mistérios e outras coisas com as quais eu nunca havia imaginado: as curvas perfeitas, a voz dissimulada, insinuante, e o insaciável olhar de "quero mais". Uma verdadeira "máquina", de performance demoníaca.
É claro que daria tudo para sofrer de novo os mesmos percalços, os mesmos pesadelos e até os mesmos segredos inconfessáveis que mantive com Valentina. Mas sou um crápula: o tempo mudou, e "a outra" me seduziu com sua juventude. Nem sei ainda como ela se chama, ou se vai ficar para sempre. Só sei que tem mil maneiras de fazer um quarentão (que escreve por não saber modo melhor de amar ou de sofrer), se apaixonar.
Estou, irremediavelmente, perdido.
De noite, em suas entranhas de redes e labirintos - que se abrem como janelas que criam atalhos para outras janelas - configuro à minha frente o estranho menu do novo mundo. Navego marinheiro de primeira viagem, sem memória do antes e do depois. E, com um pouquinho de culpa, vou tentando reorganizar os ícones existenciais que ficaram tatuados por dentro, na alma da velha companheira. Que ninguém os delete. Corno deletaram os cinemas da minha aldeia, que viraram igrejas evangélicas. Mesmo porque, sempre haverá gabirobas e tanajuras por lá.
Adeus, Valentina!
P.S: Para agradecer a Humberto "Blíu" e Eduardo Leão Sette que, armados de Winchester, conseguiram passar um Pentium na minha cabeça, e me apresentaram "a outra". E Nélia "Zargon" Resende, que ensinou esse "sapo de fora" a compreender melhor sua memória "rã".
( LEITURAS COMPLEMENTARES
Texto 1
35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554 C4B3Ç4
CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4 M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453 4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉN5!
T0 P4554ND0 P/ D3S3J4R UM4 BO4 53M4NA...
Texto 2
Sguedno um etsduo da Uinvesriadde de Cmabgirde, a oderm das lertas nas pavralas não tem ipmortnacia qsuae nnhuema. O que ipmrtoa é que a prmiiera e a utlima lreta etsajem no lcoal cetro. De rseto, pdoe ler tduo sem gardnes dfiilcuddaes... Itso é prouqe o crebéro lê as pavralas cmoo um tdoo e nao lreta por lerta.
Texto 3
“A titulometria baseada em relações de oxidação-redução compreende numerosos métodos. Obviamente, ela não se aplica à determinação direta de elementos que se apresentam, invariavelmente, em um único estado de valência. Muitos são os elementos, entretanto, capazes de exibir dois ou mais estados de valência; então, conforme o estado de valência em que se encontram, são passíveis de oxidação e redução. Em geral, tais elementos podem ser determinados mediante métodos titulométricos de oxidação-redução. Esses métodos fazem uso de soluções de agentes oxidantes ou de agentes redutores. Por conveniência, fala-se em métodos oxidométricos,no primeiro caso e métodos redutimétricos, no segundo.” 
(OHLWEILER, Otto. Química analítica quantitativa 2. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1976:541)
Texto 4
Comogemas para financiá-lo, nosso herói desafiou valentemente todos os risos desdenhosos que tentaram dissuadi-lo de seu plano. ‘Os olhos enganam’, disse ele, ‘um ovo e não uma mesa tipificam corretamente esse planeta inexplorado’. Então, as três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de provas, abrindo caminho, às vezes através de imensidões tranqüilas, mas amiúde através de picos e vales turbulentos. Os dias se tornaram semanas, enquanto os indecisos espalhavam rumores apavorantes a respeito da beira. Finalmente, sem saber de onde, criaturas aladas e bem-vindas apareceram anunciando um sucesso prodigioso.
( ATIVIDADE DE ANÁLISE TEXTUAL: o processo de produção de sentido
1) Leia o texto abaixo e tente preencher as suas lacunas, a fim de que ele produza sentido:
O NOVO _______________
Acaba de ser lançado mais um _________, com as mesmas características dos outros ___________: chega pontualmente no dia ____________ e vem cheio de promessas e esperanças. Tem o mesmo comprimento e a mesma largura: 365 X 12, salvo modificações durante o período – coisa que não acontece há centenas de anos. Vem como todos os outros, com os mesmos defeitos de ________________: apenas um domingo por ____________. Sem contar a maioria dos feriados, colocados levianamente bem no meio das _______________ - e não se aceitam reclamações. Apesar de tudo, tem exatamente _________________ de garantia, às vezes parece mais, às vezes parece menos. É um __________ bastante acolhedor, com capacidade para abrigar toda a população do mundo, inclusive a que vai nascer. Seu slogan para o consumo é o mesmo que vem sendo utilizado com sucesso desde o início: “Feliz _______________”. Se não der certo, vem outro aí.
(Leon Eliachar, O homem ao meio. São Paulo: Círculo do Livro, s/d, p. 239)
2) Agora, responda:
a) Na primeira leitura do texto já foi possível produzir sentido? Em outras palavras, na primeira leitura feita você já conseguiu preencher as lacunas do texto? Por quê?
b) Em que momento da leitura você começou a “desvendar” as lacunas do texto?
c) A primeira lacuna do texto, presente no seu título, foi preenchida imediatamente ou não? Por quê?
d) Aponte, pelo menos, quatro “pistas” textuais que possibilitaram o preenchimento das lacunas do texto e, conseqüentemente, a sua compreensão.
e) Percebe-se que algumas lacunas do texto devem ser preenchidas por um determinado termo que se repete várias vezes ao longo do texto. O que explicaria a repetição constante dessa palavra? 
( ATIVIDADE DE ANÁLISE TEXTUAL: estratégias de leitura 
A partir da leitura do texto de Millôr Fernandes, responda às seguintes questões:
1) Alguns conceitos utilizados no universo da informática são tratados no texto de modo particular, em função dos objetivos do autor. A seguir encontram-se alguns deles. Explique-os de acordo com a provável intenção do texto.
a) “portabilidade de sistema”: ______________________________________________
b) “processsamento”: ____________________________________________________
c) “usuário”: ___________________________________________________________
d) “plataforma”: _________________________________________________________
2) Outras tantas expressões relacionadas ao campo da tecnologia são utilizadas no texto. Localize-as.
_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3) O autor apresenta diversos argumentos que sustentam a idéia de que o “L. I.V. R. O.” apresenta um considerável avanço tecnológico, sendo “um revolucionário conceito de tecnologia da informação”. Localize no texto ao menos dois deles.
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4) O uso da sigla “L. I. V. R. O.” (“Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas”) revelaria qual provável intenção do autor?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
CAPÍTULO 2 – CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO TEXTUAL
Ao analisarmos qualquer texto devemos levar em conta as CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO, ou seja, os elementos que fizeram parte da situação comunicativa na qual ele foi construído e que, dessa forma, acabaram por determiná-lo. Os elementos que participam de qualquer situação comunicativa e que são condições para que os textos sejam produzidos são:
ENUNCIADOR: sujeito que produz o texto (QUEM produz o texto);
ENUNCIATÁRIO: sujeito para o qual o texto foi produzido (PARA QUEM o texto é produzido);
OBJETIVOS: propósitos do texto (PARA QUE o texto é produzido);
ESTRATÉGIAS: recursos lingüístico-textuais utilizados (COMO o texto é produzido).
O produtor de um texto (seja ele qual for) pode ter mais sucesso comunicativo se levar em conta tais condições, pois poderá escolher as estratégias mais adequadas e eficientes para que seu objetivo se cumpra. Da mesma forma, o leitor, ao analisar um texto, poderá ser mais bem sucedido em sua atividade de interpretação (produção de sentido) se observar as estratégias empregadas pelo produtor e, a partir delas, entender todo o processo de produção do texto.
( ATIVIDADE DE ANÁLISE TEXTUAL: condições de produção textual 
A partir das considerações feitas, analise os dois textos que se seguem. Sua tarefa, como leitor, deve ser a de observar as estratégias empregadas nos textos e, a partir delas, tentar perceber em que contexto foram produzidos. 
Texto 1
Texto 2
( ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL: e-mail corporativo 
A partir das SITUAÇÕES DE COMUNICAÇÃO apresentadas a seguir, você deve produzir, para cada uma, um texto utilizando as estratégias adequadas. Para tal, considere a seguinte orientação:
Em uma grande empresa do ramo de Informática, implantou-se uma nova Política de Segurança especialmente interessada em regulamentar o uso da Internet, pelos funcionários da empresa, em horário de trabalho. 
SITUAÇÃO I
ENUNCIADOR: dono da empresa;
ENUNCIATÁRIO: chefe responsável pelo desenvolvimento e implementação da nova Política de Segurança da empresa;
OBJETIVOS: explicitar os problemas decorrentes do uso inadequado da Internet no ambiente de trabalho e demandar a implementação de uma Política de Segurança que controle uso da Internet na empresa;
GÊNERO TEXTUAL: e-mail.
SITUAÇÃO II
ENUNCIADOR: chefe responsável pelo desenvolvimento e implementação da nova Política de Segurança da empresa;
ENUNCIATÁRIO: funcionários da empresa;
OBJETIVOS: explicar os motivos de se regulamentar o uso da Internet na empresa;
GÊNERO TEXTUAL: e-mail.
SITUAÇÃO III 
ENUNCIADOR: funcionário da empresa;
ENUNCIATÁRIO: funcionário da empresa;
OBJETIVOS: comentar, de forma crítica, a implementação de novas regras de uso da Internet na empresa;
GÊNERO TEXTUAL: e-mail.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O E-MAIL CORPORATIVO
1. Origem da mensagem - Nunca deixe de assinar sua mensagem em um e-mail. Coloque seu nome, cargo e demais dados (números de telefones, etc).
2. Título do e-mail - Muitas mensagens são deletadas porque chegam com o título em branco ou inadequado. Títulos como "Não esqueça"; "Conto com você" etc. talvez levem o usuário a pensar que pode ser algum vírus pronto para atacar a rede.
3. Público-alvo - Ao produzir um e-mail corporativo, você precisa pensar no público-alvo que receberá a mensagem. Se o assunto for de interesse dos gerentes, por exemplo, aborde astemáticas condizentes apenas a eles. Se for o caso, as lideranças poderão disseminar a informação em reuniões presenciais e se tornarem agentes multiplicadores.
4. Linguagem - Não caia na tentação de utilizar palavras pouco usuais para passar uma informação. Seja objetivo! Além disso, sempre procure revisar seus e-mails, adequando-os à língua formal. Erros de português, ainda que sejam de digitação, podem causar danos à sua imagem profissional.
5. Grafia - Não digite seu e-mail apenas em letras maiúsculas, pois a mensagem pode passar um tom agressivo. Tampouco não recorra apenas às letras minúsculas, uma vez que a mensagem transmitirá a impressão de descaso e até de preguiça. Caso exista dúvida sobre a grafia de uma palavra, o dicionário é um ótimo amigo nesses momentos.
6. Destaque do assunto - Para enfatizar um assunto, você pode colocar palavras-chaves em itálico, negrito ou sublinhado. Por exemplo: A partir do dia 10 de setembro, o uso do crachá será obrigatório para todos os funcionários. Neste caso, utilize apenas um dos recursos de realce (para não “poluir” visualmente o texto).
7. Anexos - Caso seja preciso enviar um documento anexo, não há problema algum. No entanto, só anexe se for realmente preciso. Dê preferência a textos do Word e evite envio de imagens para não deixar a mensagem "pesada".
8. Responsabilidade - Nunca se esqueça de que os e-mails são documentos e tão válidos quanto. Se na organização o e-mail corporativo é usado de forma indevida, a área de Recursos Humanos pode sugerir à alta direção a criação de um Manual Interno, aprovado com a chancela do sindicato, para ser divulgado entre os colaboradores.
9. Estrutura da mensagem - A estrutura da redação do e-mail facilita a leitura e a compreensão da mensagem, que deve ser objetiva. Entretanto, não confunda objetividade com economia de linhas digitadas. Há momentos em que se torna indispensável um e-mail mais longo, para que o receptor não fique com dúvidas. Por isso, a mensagem deve ter início, meio e fim. Ou seja, uma ordenação de ideias. Deixe linhas (espaçamento) entre a saudação, os parágrafos e a assinatura.
É fundamental se atentar para três elementos que irão compor sua mensagem.
Saudação inicial
cumprimente a(s) pessoa(s) que receberá(ão) a mensagem no início do e-mail de maneira cordial. Exemplos:
Prezados gestores, 
bom dia.
Caros colaboradores,
boa tarde.
Prezados funcionários e funcionárias,
a pedido da Diretoria Executiva (...)
Corpo da Mensagem
não use cores e fontes diferenciadas nos e-mails. Esses recursos tiram a seriedade do texto;
nunca use "smiles" ou "emoticons" para mensagens profissionais, tais como :) :[ :| (para conhecer mais exemplos clique aqui)
separe os parágrafos com linhas em branco;
não utilize gírias e "internetês" em suas mensagens, tais como: vc - você; hj - hoje; naum - não; qq - qualquer; kd - cadê; neh - né;
procure abordar apenas um assunto por mensagem.
Finalização
despeça-se com cordialidade. Exemplos: 
Atenciosamente, 
Assinatura
Cordialmente, 
Assinatura
À disposição, 
Assinatura
Grato pela atenção,
Assinatura
inclua sua assinatura, porém observe algumas informações:
a assinatura deve conter dados sobre você: nome completo, empresa, área, cargo, telefone. Avalie as informações realmente necessárias;
ela deve ser sucinta para não deixar o e-mail poluído. Use no máximo 4 linhas. Evite assinaturas longas, grafismos rebuscados e desenhos;
todo e-mail deve ser assinado.
( EXERCÍCIOS: usos da língua – vocabulário e norma culta
01) Substitua o verbo pôr, nas frases abaixo, por outro mais específico, fazendo as alterações necessárias.
a) Segundo Fernando, que se diz um expert em comida italiana, para fazer uma boa macarronada, é preciso pôr orégano e manjericão no molho.
b) Após muito tentar, o sujeito embriagado conseguiu pôr a chave na fechadura do carro.
c) Puseram um cartaz no cursinho avisando as datas da monitoria.
d) Ana Maria avisou-lhes que não pusessem palavras obscenas no texto.
e) Os autores de história de suspense sempre põem a culpa no mordomo.
f) O incêndio começou porque Ana Flávia pôs a panela no fogo e foi atender ao telefone.
g) De acordo com Senna, as crianças devem exercer, desde cedo, determinadas tarefas, como pôr os brinquedos no lugar apropriado depois que terminarem de brincar.
h) Karol sempre põe os filhos em primeiro lugar.
02) Substitua a palavra coisa nas frases abaixo, por outra mais específica, fazendo as alterações necessárias.
a) Viviane viajou para Abrolhos no último verão, mas se esqueceu de levar as coisas apropriadas para mergulhar.
b) Ela contou ao namorado uma coisa surpreendente.
c) Marci afirmou que a coisa continua preta.
d) O namorado ligou da farmácia para Juliana perguntando se deveria levar alguma coisa.
e) A educação é uma coisa com que todo governo deveria se preocupar.
f) Em certas redações, segundo Rafael, a coisa mais difícil é entender a letra do aluno.
g) Desconheço coisa mais feia que a vingança.
h) Os textos de Rubem Alves geralmente tratam da mesma coisa: educação.
03) Complete as frases com uma das palavras entre parênteses:
a) .................... , tudo estava bem. (em princípio/ a princípio).
b) .................... o tempo passava, ele ia ficando cada vez mais otimista. (à medida que/ na medida em que)
c) Eles têm concepções diferentes .............................. não são da mesma geração. (à medida que/ na medida em que)
d) A torcida ficou ................... cem metros dos jogadores. (acerca de / a cerca de / há cerca de)
e) O ................. deste vestido está errado. (cumprimento / comprimento)
f) Mandou o recado ..................... de carta (através de / por meio de)
g) Comprei essa mesa ...................... (há alguns anos atrás / há alguns anos)
h) Daqui....................... pretendo chegar ao cargo de diretos da empresa em que trabalho. (há alguns anos/ a alguns anos)
i) Ele é .................... por natureza (mau /mal)
j) Sua ideia vai ....................... minha. (de encontro a / ao encontro de)
k) Maria deixou a sua mala .................... estavam as demais. (aonde/onde)
l) ............................. você vai hoje à noite? (Aonde/ Onde)
m) Vou sair .................. noite. (esta/essa)
CAPÍTULO 3: VARIAÇÃO LINGUÍSTICA – NORMA E USO DA LINGUAGEM, RELAÇÕES ENTRE ORALIDADE E ESCRITA
 Introdução
A língua é um instrumento, uma ferramenta que utilizamos em nossas interações verbais. E o uso da língua irá depender de como ocorrem essas interações, ou seja, das diversas situações de comunicação que vivenciamos, cada qual com suas características, especificidades, objetivos. Por isso mesmo, o uso da língua não se faz de maneira homogênea. Ele varia conforme as demandas da situação de comunicação. 
Um dos livros selecionados em nossa bibliografia é o de Marcos Bagno, Preconceito linguístico – o que é, como se faz (2001), que questiona o preconceito existente em relação à nossa língua. E tal preconceito ocorre pelo fato de as pessoas desconhecerem que a língua pode ser utilizada de várias formas, todas elas legítimas. Assim, é comum ouvirmos que “fulano fala errado”, que “o sotaque de beltrano é pior do que o meu”, entre outras coisas do tipo. Será mesmo que existe um sotaque melhor do que o outro? Ou que existe “certo” e “errado” no uso da língua? 
Em seu livro, no Capítulo 1, Marcos Bagno discute alguns mitos que refletem o comportamento da sociedade sobre o uso da língua. É interessante notar que o autor trabalha com o conceito de mito propositalmente, já que muitas concepções que circulam por aí sobre a nossa língua não passam de “invenções” que não se sustentam. 
Discutiremos agora alguns desses mitos para compreendermos como é, de fato, o funcionamento de nossa língua. Assim, iremos desfazer a imagem preconceituosa que temos sobre o assunto.O uso da língua é heterogêneo
O primeiro mito tratado por Marcos Bagno em seu livro diz respeito à "surpreendente unidade que possui a língua portuguesa falada no Brasil". Será? O uso da língua varia, e muito, a depender de vários fatores, sejam eles sociais, históricos, regionais... e, principalmente, situacionais. Por exemplo: um adolescente fala diferentemente de um idoso, um adolescente de Minas fala diferentemente de um adolescente do Acre, um adolescente do Acre pode falar diferentemente de outro adolescente do Acre (dependendo da situação)... 
É fato que existe uma certa unidade linguística, como a ortográfica, que é necessária para que todos tenham uma mesma referência de escrita. “Do Oiapoque ao Chuí” qualquer brasileiro consegue ler placas de trânsito, por exemplo. E isso é importante. Mas, mesmo havendo tal unidade, ela não garante que a língua seja utilizada da mesma forma por todos.
Temos então nossa primeira lição sobre a língua:
LIÇÃO 1: A LÍNGUA É COMPOSTA POR DIVERSAS VARIEDADES DE USO.
Isso significa que existem vários modos de usar a língua portuguesa. Até porque, ao longo do tempo, alguns termos, palavras e construções podem cair em desuso, como é o famoso caso do “vossa mercê”, que se transformou em “vosmicê” e hoje assume a versão (inclusive aceita pela gramática) de “você” (ou até mesmo “ocê” ou “cê”, ocorrências comuns na fala). E por falar em fala...
Fala X Escrita
Outro mito em relação à língua, discutido por Marcos Bagno em seu livro, seria: "o certo é falar assim porque se escreve assim”. Ele reflete a supervalorização da língua escrita em detrimento da língua falada. 
O autor afirma que "é necessária uma ortografia única para toda língua, para que todos possam ler e compreender o que está escrito" (p. 50). Porém, a língua escrita não passa de uma tentativa de representação da língua falada. 
Se analisarmos, por exemplo, as diversas pronúncias e sotaques existentes no Brasil, logo o mito de que a fala representa a escrita “cai por terra”. O mineiro fala “mininu”, o baiano fala “méninu”, o paulista fala “mênino”, e todos eles escrevem “menino”, de acordo com a ortografia padrão do Português. Assim, devemos entender que a fala e a escrita são formas diferentes de uso da língua. Temos, então, nossa segunda lição sobre variação linguística:
LIÇÃO 2: FALA E ESCRITA SÃO MODALIDADES DIFERENTES DE USO DA LÍNGUA, CADA QUAL COM SUAS CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS.
Devemos entender, portanto, que a fala não representa fielmente a escrita, pois cada uma dessas modalidades de uso da língua apresenta estratégias próprias, recursos próprios, modos específicos de realização. Na fala, temos como recursos a entonação, os gestos, os sons e fazemos uso desses elementos na produção de textos orais. Na escrita temos a pontuação, a grafia, recursos gráficos (como letras maiúsculas e minúsculas), velhas e novas tecnologias (como o lápis e o papel, ou o computador) que usamos na produção de textos escritos. 
Mas devemos ter cuidado, ainda, com o mito de que “o certo é falar assim porque se escreve assim”. Fica parecendo que somente a escrita segue regras, é “correta”, e que a fala não apresenta essas características. Ora, já sabemos que os textos são produzidos em diversas situações, formais e informais, e são elas que definem o uso que se faz da língua. 
Assim, um texto escrito (um bilhete ou uma carta de amor) pode ser tão informal como um texto oral (uma conversa entre amigos), e um texto oral (como uma conferência ou uma entrevista de emprego) pode ser tão formal quanto um texto escrito (um relatório comercial). 
Temos, então, nossa terceira lição sobre variação linguística: 
LIÇÃO 3: FALA E ESCRITA PODEM SER ESTRUTURADAS DE MANEIRA FORMAL OU INFORMAL, A DEPENDER DA SITUAÇÃO EM QUE SÃO UTILIZADAS.
	
Isso é importante para não acharmos que só a escrita segue regras, e que a fala é desestruturada. E, por falar em regras, por falar em gramática...
O que é gramática?
Aí entramos em uma questão importante. Normalmente as pessoas pensam que a gramática é “o modo ‘certo’ de usar a língua”. Essa é uma concepção equivocada do que seja a gramática.
Em primeiro lugar, “gramática” representa uma estruturação lógica da língua. E qualquer variante linguística possui sua própria gramática, seu próprio modo de estruturação. 
Uma pessoa que fala “nóis vai viajá amanhã” está estruturando seu enunciado de uma determinada forma lógica. Uma construção não seria gramatical se, por exemplo, fosse assim: “eu vamos viajaram hoje”. 	
O importante não é saber se comunicar? Então não caia na armadilha de achar que a primeira construção está “errada”, como costuma se fazer por aí. Se o falante consegue se comunicar, em uma determinada situação de comunicação na qual aquele registro é adequado, então não se pode dizer que sua fala seja “errada”. 
O que as pessoas costumam chamar de gramática é, na verdade, uma das variedades linguísticas da língua, a “língua padrão” ou “norma culta”. Mas existem outras variedades de uso da língua, outros modos de estruturar a língua. E eles são muito utilizados. O problema é que são desvalorizados. Temos aqui nossas quarta e quinta lições sobre variação linguística:
LIÇÃO 4: CADA VARIANTE DA LÍNGUA TEM SUA PRÓPRIA GRAMÁTICA, SEU PRÓPRIO MODO DE ESTRUTURAÇÃO E ORGANIZAÇÃO.
LIÇÃO 5: A LÍNGUA PADRÃO É SOMENTE UMA DAS VARIANTES DA LÍNGUA.
O problema é que a variante padrão é privilegiada socialmente, considerada como a única forma de estruturação da língua legítima, “correta”. Além disso, a própria língua padrão varia ao longo do tempo (como no caso do termo “você”, que nós já discutimos). Portanto, o que é tido como padrão, agora, não é o que já foi padrão, e possivelmente não será o padrão futuramente. 
Alguns dicionários mais modernos inclusive já incluem termos como “deletar”, que inegavelmente fazem parte do vocabulário das pessoas atualmente. Será que, pelo fato de o padrão vigente não prever determinadas mudanças na língua, elas deixam de existir? Claro que não! 
A língua padrão mostra-se resistente a essas mudanças, e isso é estimulado pelo próprio ensino de Português que se faz nas escolas que costuma desconsiderar as mudanças e variações da língua. Mas o Latim e o Greco não se transformaram, ao longo da história da humanidade, em outras línguas? O Português de Portugal não é diferente do Português do Brasil ou de Cabo Verde? 
Não dá para ir contra os fatos: o uso da língua varia, muda, devido a vários fatores: 
fatores socioeconômicos; 
fatores determinados pelo sexo dos falantes;
fatores determinados pela faixa etária dos falantes;
fatores históricos; 
fatores culturais/regionais;
fatores situacionais.
Mesmo que gramáticos e professores de Português mais tradicionais não queiram, a língua muda. E esse é um fenômeno que ocorre em todas as línguas. Essa questão nos leva a discutir outro mito: “É preciso saber gramática para falar e escrever bem”. O que seria “falar bem”, “escrever bem”? Ora, como já discutimos, isso depende da situação de comunicação na qual nos encontramos. Seguir a norma padrão é, sim, necessário, mas em algumas situações, não em todas. Por exemplo: em nosso curso iremos privilegiar situações formais de comunicação, já que nosso objetivo é trabalhar a produção de textos no domínio acadêmico, profissional, nos quais é importante a adequação linguística a situações formais de comunicação, ou seja, nos quais é necessário o uso da variante padrão.
	
Mas isso não significa que desconsideraremos outras situações distintas, que não nos lembraremos de que existe a variação linguística. Devemos, sempre, ter consciência das várias possibilidades de uso da língua e, principalmente, de que todas elas são legítimas se forem adequadas à situação de comunicação da qual fazemos parte. Temos, então, nossa última lição sobre variação e mudança linguística:
LIÇÃO 6: NÃO EXISTEM “CERTO” E “ERRADO” NO USO DA LÍNGUA, MAS SIM “ADEQUAÇÃO” OU “INADEQUAÇÃO” AUMA DETERMINADA SITUAÇÃO DE COMUNICAÇÃO.
Conhecer o funcionamento de todas as variantes da língua é, portanto, fundamental para que saibamos produzir textos (sejam eles falados ou escritos) de modo adequado. E conhecer, especificamente, o funcionamento da variante padrão é importante em determinadas situações, especialmente naquelas em que devemos adotar papéis formais (como nos meios profissional e acadêmico). Mas essas situações não são as únicas das quais participamos socialmente...
Reflexões sobre Variação Linguística
TEXTO 1
Dize-me quem consultas...
Sírio Possenti
	A falta de perspectiva histórica dificulta a compreensão até da possibilidade de diferentes visões de mundo. Imagine-se então a dificuldade de compreender a ideia mais ou menos óbvia de que mesmo verdades podem mudar. Suponho que temos vontade de rir quando ouvimos que os antigos imaginaram que a Terra repousava sobre uma tartaruga, nós que aprendemos desde o primário que a Terra gira ao redor do Sol. "Como podem ter pensado isso, os idiotas?", pensamos.
	Você sabia que esta história dos quatro elementos nos quais hoje só acreditam os astrólogos foi um dia a verdadeira física, a forma científica de explicar fatos do mundo, suas mudanças, por que corpos caem ou sobem? Antes da gravidade, os elementos eram soberanos!
	Já contei aqui, e vou contar de novo, duas histórias fantásticas. A segunda me fez rir mais do que a primeira, que só me fez sorrir. A primeira: na peça A vida de Galileu, Brecht faz o físico convidar os filósofos a sua casa, para verem as luas de Júpiter com sua luneta. Mas, em vez de correrem logo para o sótão para ver a maravilha, os filósofos propuseram antes uma discussão "filosófica" sobre a necessidade das luas... Quando Galileu lhes pergunta se não crêem em seus olhos, um responde que acredita, e muito, tanto que releu Aristóteles e viu que em nenhum momento ele fala de luas de Júpiter!
	A outra história é a de um botânico do início da modernidade que pediu desculpas a seu mestre por incluir num livro espécies vegetais que o mestre não colocara no seu. Ou seja: mesmo vendo espécies diferentes das que constavam nos livros, esperava-se dos botânicos que se guiassem pelos livros, não pelas coisas do mundo. Era o tempo em que se lia e comentava, em vez de observar os fatos do mundo.
	Muita gente se engana, achando que esse período terminou, que isso são coisas dos ignaros séculos XVI e XVII. Quem tem perspectiva histórica sabe, aliás, que não se trata de ignorância pura e simples. Trata-se de ocupar uma ou outra posição científica. Mas é interessante observar que o espírito antegalileano continua vigorando. No que se refere às línguas, não cansarei de insistir, que devemos aprender a observar os fatos linguísticos, em vez de dizer simplesmente que alguns deles estão errados. Um botânico não diz que uma planta está errada: ele mostra que se trata de outra variedade. Os leigos pensam que a natureza é muito repetitiva, mas os especialistas sabem que há milhões de tipos de qualquer coisa, borboletas, flores, formigas, mosquitos. Só os gramáticos pensam que uma língua é uniforme, sem variedades.
	Eu dizia que não devemos nos espantar - infelizmente - com o fato de que a mentalidade antiga continua viva. Mas eles às vezes exageram. Veja-se: num texto dirigido tipicamente a vestibulandos, no qual critica Fuvest e Convest por erros contidos em seus manuais, um conhecido artista da gramática praticamente citou Brecht, provavelmente sem conhecê-lo. A propósito do uso da forma "adequa", que as gramáticas condenam, e que aparece no manual da Fuvest, seu argumento foi: "Tive a preocupação de consultar todas as gramáticas e dicionários possíveis. Todos são categóricos. "Adequar" é defectivo; no presente do indicativo, só se conjuga nas formas arrizotônicas (adequamos, adequais). Não existe "adequa"."
	Não é um achado? O professor de hoje não parece o filósofo do tempo de Galileu, relendo Aristóteles e recusando-se a olhar pela luneta?
(In: POSSENTI, Sírio. A cor da língua e outras croniquinhas de linguista. Campinas, SP: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil – ABL, 2001. pg 15-16.)
TEXTO 2
O Gigolô das Palavras
Luís Fernando Veríssimo
Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma missão, designada por seu professor de Português: saber se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra língua. Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o instrumento vital da pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal professor lia esta coluna, se descabelava diariamente com suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela oportunidade para me desmascarar. Já estava até preparando, às pressas, minha defesa ("Culpa da revisão! Culpa da revisão!"). Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos tinham escolhido os nomes a serem entrevistados. Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo errado? Não. Então vamos em frente. 
 Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer "escrever claro" não é certo mas é claro, certo ? O importante é comunicar (e quando possível surpreender, iluminar, divertir, mover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com Gramática). A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa. Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar vivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsia definitiva. É o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada, como a Gramática é a estrutura da língua, mas sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias conversam entre si em Gramática pura. 
 Claro que eu não disse isso tudo para meus entrevistadores. E adverti que minha implicância com a Gramática na certa se devia à minha pouca intimidade com ela. Sempre fui péssimo em Português. Mas - isso eu disse - vejam vocês, a intimidade com a Gramática é tão indispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência na matéria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que outros já fizeram com elas. Se bem que não tenho o mínimo escrúpulo em roubá-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito. 
Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria a sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias pra saber quem é que manda. 
("O Gigolôdas Palavras" Ed. Porto Alegre: L & PM Editores, 1982. p. 10-12 )
( ATIVIDADE DE ANÁLISE TEXTUAL: debate orientado
Leia os textos a seguir e reflita sobre a TEORIA DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA a partir dos seguintes questionamentos: 
Quais aspectos relacionados à teoria da Variação Linguística você percebe nos textos em análise?
As visões sobre o que seja a língua e a linguagem apresentadas nos textos corroboram ou não com a teoria da Variação Linguística? Justifique.
De que forma os temas tratados nos textos podem ser percebidos no uso que você faz da linguagem em seu ambiente profissional? 
TEXTO 1
LEVO OU DEIXO?
Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe:
- Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada. 
E o ladrão, confuso, diz:
- Dotô, eu levo ou deixo os pato?
TEXTO 2
Portuguese, please
A pizza rápida chama-se express, e há quem pense que o uso do termo estrangeiro sugere que o produto sairá do forno em menos tempo. Os serviços de entrega em domicílio viraram delivery. Loja de animal ganhou a abreviação de pet shop. As peças na vitrine estão on sale. O que era grátis virou free. E tudo agora é center: design center, estetic center. O banco diz para investir "Where the money lives". As perfumarias anunciam a new fragance. O moderno é fashion. Recorte de notícias é clipping. Subir na empresa ou na vida é um up-grade. Meta de inflação é inflation target. Modelo número 1 é top model. Ginástica é fitness. Não há como escapar. Estamos infectados pelo inglês. Para muitas pessoas a influência, num mundo globalizado, é natural. Há quem sustente, no entanto, que o brasileiro anda exagerando nas apropriações indébitas e fazendo a língua portuguesa sofrer de falta de personalidade. 
IstoÉ, 23/08/2000.
TEXTO 3
ASSALTANTE BAIANO
Ô meu rei... (pausa)
lsso é um assalto... (longa pausa)
Levanta os braços, mas não se avexe não... (outra pausa)
Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado ...
Vai passando a grana, bem devagarinho (pausa pra pausa).
Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado. Não
esquenta, meu irmãozinho (pausa). Vou deixar teus documentos na encruzilhada ...
ASSALTANTE MINEIRO
Ô só, prestenção. Issé um assarto, uai.
Levantus braço e fica ketin quié mio procê.
Esse trem na minha mão tá chein de bala...
Mió passa logo os trocados que eu num to bão hoje.
Vai andando, uai! Tá esperando o quê, só?!
ASSALTANTE CARIOCA
Aí, perdeu, mermão
Seguiiiinnte, bicho.
Tu te fu. Isso é um assalto ...
Passa a grana e levanta os braços rapa .
Não fica de caô que eu te passo o cerol...
Vai andando e se olhar pra trás vira presunto .
ASSALTANTE PAULISTA
Ôrra, meu ...
lsso é um assalto, meu
Alevanta os braços, meu
Passa a grana logo, meu .
Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra comprar o
ingresso do jogo do Curintia, meu .. Pó, se manda, meu .
ASSALTANTE GAÚCHO
Mas bah, guri, isto é um assalto.
Levanta os braços e te aquieta, tchê!
Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. Passa os
pilas pra cá ! E te manda a Ia cria, senão o quarenta e quatro fala.
ASSALTANTE DE BRASÍLIA
Querido povo brasileiro, estou aqui no horário nobre da TV para dizer que no finaldo mês, aumentaremos as seguintes tarifas: Energia, Água, Esgoto, Gás, passagem de ônibus, Imposto de Renda, Licenciamento de veículos, Seguro Obrigatório, Gasolina,
Álcool, IPTU, IPVA, IPI, ICMS, PIS, COFINS...
( LEITURAS COMPLEMETARES
TEXTO 1
O conceito de erro em Língua
*Ernani Terra
Não devemos pensar na língua como algo que se polariza entre o "certo" e o "errado".
Visto que existem vários níveis de fala, o conceito do que é "certo" ou "errado" em língua deve ser considerado sob esse prisma. Na verdade, devemos falar em linguagem adequada. Tome-se como parâmetro a vestimenta. Qual seria a roupa "certa": terno e gravata, ou camiseta, sandália e bermuda? Evidentemente, você vai dizer que depende da situação: numa festa de gala, deveremos usar o terno e a gravata. Já, jogando bola com amigos na praia, estaremos utilizando bermuda e camiseta. Veja que não existe a roupa "certa", existe, isto sim, o traje adequado. Poderíamos dizer que "errado" seria comparecer a uma festa de gala vestido de camiseta e bermuda. 
Com a linguagem não é diferente. Não devemos pensar na língua como algo que se polariza entre o "certo" e o "errado". Temos de pensar a linguagem sob o prisma da adequação. 
Numa situação de caráter informal, como num bate-papo descontraído entre amigos, é "certo", isto é, é adequado que se utilize a língua de maneira espontânea, em seu nível coloquial, portanto. Já numa situação formal, como num discurso de formatura, por exemplo, não seria "certo", isto é, não seria adequado utilizar-se a língua em sua forma coloquial. Tal situação exige não somente uma vestimenta, mas também uma linguagem adequada. 
Porém, será que é esta visão que a escola nos passa acerca do que é certo ou errado em matéria de língua? Na maioria das escolas, cremos que isso não ocorra. O grande problema é que a norma gramatical é posta como um imperativo categórico, isto é, ela não diz o que você deve fazer nesta ou naquela situação, ela diz como você deve se portar em todas as situações. Quantas vezes fomos advertidos de que uma determinada construção estava "errada", sem que se levasse em conta o contexto em que ela aparecia? 
A escola, por privilegiar o ensino da gramática normativa, encara o "erro" como tudo aquilo que se desvia da norma. Se a norma estabelece que não se deve usar o verbo ter impessoalmente, isto é, substituindo o verbo haver no sentido de existir, construções como: 
"Tem dois alunos jogando bola", "Tinha uma mulher na biblioteca" são consideradas erradas pela maioria dos professores, independentemente do contexto em que são utilizadas. É praxe pedir que as corrijam para: "Há dois alunos jogando bola", "Havia uma mulher na biblioteca". Tal correção muitas vezes nos soa estranha, porque baseamos o julgamento daquilo que é certo ou errado naquilo que comumente ouvimos. E, como ouvimos constantemente o verbo ter empregado daquela forma, tendemos a julgar construções em que ele aparece impessoalmente como corretas. E, por encontrarmos, mesmo em bons autores, aquele tipo de construção, é difícil aceitá-las como incorretas. 
Veja, a propósito, construções utilizadas por dois grandes autores de língua portuguesa: 
No meio do caminho tinha ma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho  
tinha uma pedra  
no meio do caminho tinha uma pedra.  
(Andrade, Carlos Drummond de. "No meio do caminho". In Alguma poesia)
Tem dias que a gente se sente  
Como quem partiu ou morreu  
A gente estancou de repente  
Ou foi o mundo então que cresceu  
(Chico Buarque - "Roda Viva")
A pergunta é inevitável: se o Carlos Drummond de Andrade e o Chico Buarque podem usar o verbo ter no lugar de haver, por que eu também não posso? Nem sempre essa pergunta nos é respondida com exatidão. Respostas evasivas como: "trata-se de uma licença poética", ou "ele pode, mas você não" são comumente usadas. A questão é explicada mostrando-se que se trata de um registro típico da falapopular, já incorporado à linguagem literária. Aliás, há muito tempo! 
É preciso atentar, também, que nem todo desvio da norma é considerado erro pela gramática normativa. Só devemos considerar "erro" o desvio da norma quando este se dá por ignorância, ou seja, por não conhecê-la, o falante dela se desvia. Porém, nem sempre tais desvios são decorrentes da ignorância do falante em relação à linguagem padrão. Há desvios intencionais, ou seja, o falante o comete com a intenção deliberada de reforçar sua mensagem. Não cremos que alguém pense que Drummond e Chico Buarque teriam usado o verbo ter no lugar de haver por não conhecerem as normas gramaticais da língua. 
Os desvios da norma decorrentes da ignorância do falante em relação à linguagem padrão constituem, segundo a gramática normativa, vícios de linguagem, e por ela são condenados. Já os desvios da norma enquanto reforço da mensagem não constituirão erros e são classificados como figuras de linguagem. O que, portanto, confere ao desvio da norma a qualidade de figura e não de vício (leia-se erro) será necessariamente a originalidade e a eficácia da mensagem. Veja que o pleonasmo ora será considerado vício, ora figura de linguagem, dependendo da eficácia da mensagem. 
Em: "Tive uma hemorragia de sangue" e "A brisa matinal da manhã" , temos um vício de linguagem, denominado pleonasmo, já que a repetição nada trouxe de original ou eficaz à mensagem. Porém em: "A mim ensinou-me tudo" (Fernando Pessoa) e "A ti trocou-te máquina mercante" (Gregório de Matos), a repetição do pronome oblíquo tem a intenção deliberada de reforçar a mensagem para torná-la mais original. A língua evolui através da fala. Muitos desvios com relação à norma são incorporados pela língua culta e mesmo literária. Fica então uma pergunta: quando o desvio deixa de ser considerado erro e passa a ser norma? 
Isso ocorre quando todos os membros da comunidade, através de um acordo tácito, estejam também dispostos a cometer o desvio e aceitá-lo como regra. Em consequência, o desvio deixa de ser infração à norma para se tornar regra. Veja que você pode criar a norma, todavia, ao dispor-se a cometer o desvio. Lembre-se das palavras de Kant: "Age apenas segundo aquelas máximas através das quais possas, ao mesmo tempo, querer que elas se transformem numa lei geral". 
*Ernani Terra é professor de Português, formado pela USP e possui vários livros didáticos publicados pela Editora Scipione. 
TEXTO 2
	Escrever e ler corretamente
 Sírio Possenti
A coluna da semana passada (As gramáticas) foi, até agora, a campeã de mensagens recebidas. Foram trinta e poucas. Onze para corrigir, mais ou menos delicadamente, meu erro de ortografia: escrevi "serrado" onde deveria ter escrito "cerrado", já que falava de plantações de soja. 
Não achei estranhas as correções. Eram obviamente corretas, nem me dei ao trabalho de verificar. Devo dizer que não me passou pela cabeça a hipótese de estar errado quando escrevi. Ou seja, não me ocorreu que a alternativa "cerrado" X "serrado" existisse. Ignorância? Óbvio! 
Não vou apelar para o discurso da distração ou da pressa. Admito erros com a maior naturalidade. Mais ou menos com a mesma naturalidade com que rebato argumentos que não aceito. 
Dito isso, aproveito o caso para dizer duas coisas sobre grafia (na verdade, já falei de questões conexas várias vezes). Primeiro, quero deixar absolutamente clara a convicção de que os problemas de grafia são os menos graves de todos os que um texto pode ter. Não digo que não são problemas, mas explicito com todas as letras (certas, espero) que são os menos graves de todos. Nas mensagens dos revisores que recebi não achei nenhum erro de ortografia. Em compensação, havia "gatos" bem estranhos, que eu, claro, lembrei aos caros leitores. Delicadamente... 
Digo mais: a grafia nem é propriamente parte da língua. É apenas - se é que a palavra cabe - uma tecnologia para representá-la. Mal comparando, é como a fotografia. Quando alguém diz, mostrando uma foto, "este aqui sou eu", é claro que o texto exige uma leitura especial, porque, de fato, a foto apenas reproduz alguns traços do corpo do falante. Se quiser fazer humor, proponha a seguinte cena: alguém diz "sou eu", apontando para uma foto 3 x 4, e o interlocutor pergunta: "então quem é esse cara com quem estou falando?". 
Seguindo a mesma lógica, uma sequência gráfica como livro não seria propriamente a palavra "livro", mas apenas uma representação dessa palavra, que, em outros lugares, poderia ser LIVRO, Livro, livro etc. São como várias fotos da mesma palavra. Pessoas com maior ou menos habilidade de leitura teriam menos ou mais facilidade para reconhecer a palavra, conforme estivesse representada numa ou noutra escrita (cursiva, gótica etc.). Resumo: grafia é só grafia. Erro de grafia nem é erro de português, é só erro de grafia (perdoem as repetições). Tanto que é definida em lei, não em uma gramática, ou por critérios estritamente gramaticais. 
A segunda coisa que queria dizer é que uma palavra escrita de forma errada continua sendo a mesma palavra, não é outra palavra. Um leitor escreveu que se planta soja numa região com certas características (e fornecia uma descrição técnica do cerrado) e não em uma região profundamente modificada pela serra (ou seja, que tivesse sido toda serrada, um serrado...). 
Esse leitor cometeu um erro de leitura mais grave que meu erro de escrita. De fato, se escrevo que vou plantar soja no serrado, cometo um erro de grafia, mas não um de geografia. Esperaria que meu leitor, vendo que escrevi a palavra de forma errada, a leia mesmo assim corretamente (aliás, se o texto fosse falado, ninguém perceberia o erro). Se ele disser que eu não sei ortografia, que cometi um erro de tal ou qual gravidade, que fui pouco cuidadoso, etc., todos esses comentários são aceitáveis. Mas se ele disser que escrevi que vou plantar soja numa região modificada pela serra, ele lê errado. Sendo bem franco e um pouco exagerado, o caso poderia ser resumido assim: eu não sei escrever e ele não sabe ler. Mas claro que não é bem assim, tanto que ele sabia o quê e como corrigir... 
Dou um exemplo mais claro, contando um fato real. Um professor me pediu certa vez que comentasse o texto de um aluno, que narrava uma visita ao Shopping Center da cidade. O texto reproduzia o diálogo entre dois amigos. Um deles propunha que fossem ao "chopim". Pedi que essa passagem do texto - que eu transcrevera no quadro - fosse lida. 
O professor leu "- Vamos ao choPIM?" (represento com maiúsculas a sílaba acentuada na leitura). Argumentei que esta leitura não fazia sentido; que, para fazer sentido, ele deveria ler "- Vamos ao CHOpim?". A objeção que ouvi foi que estava escrito choPIM. Eu respondi que não, que estava escrito "Shopping", embora de forma 'errada' (as aspas vão por conta do fato de que se trata de uma palavra inglesa, o que põe problemas específicos). 
Esse exemplo ilustra minha tese, que é óbvia, a meu ver, mas que é contrária à de quase todos. Já li coisas do tipo "a falta de acento em fabrica mudou a palavra de substantivo para verbo". Digo que isso está errado. Se alguém escreve "Foi instalada uma nova fabrica de cimento" e não coloca acento que deveria ocorrer em "fábrica", nem por isso a palavra muda de categoria ou de sentido. Ela é simplesmente ela mesma, só que grafada de forma contrária às leis (é mal fotografada...). Mas continua sendo o nome "fábrica"; não passou a ser a forma verbal "fabrica". 
Seria de esperar, por exemplo, que professores lessem adequadamente textos com erros de grafia de seus alunos. Se no papel estiver escrito A profesoura passou o dia trabanhando de baba, devem lê-lo como o leriam se estivesse escrito A professora passou o dia trabalhando de babá. 
Querem um argumento definitivo em favor de minha tese? Se ela não fosse verdadeira, não seria possível corrigir um texto.Voltando ao exemplo da fábrica: todos sabem que a palavra deve ter uma determinada sílaba acentuada porque está depois de um verbo, que, portanto, não pode ser outro verbo, o que implicaria que a sílaba acentuada fosse outra. As pessoas sabem disso mesmo que não conheçam terminologia. Por isso falam adequadamente (ninguém diz que "a faBRIca FAbrica paPEL"...). 
Portanto, que não se leia faBRIca (e serrado), mas FAbrica (e cerrado). Escrevemos errado por muitas razões, mas só lemos errado por birra. 
Sírio Possenti é professor associado do Departamento de Linguística da Unicamp e autor de Por que (não) ensinar gramática na escola, Os humores da língua e de Os limites do discurso.
UNIDADE 3: TEXTUALIDADE 
COERÊNCIA�
A coerência está ligada à compreensão, à possibilidade de interpretação daquilo que se diz ou escreve. Em outras palavras, a coerência diz respeito ao sentido produzido pelo texto. 
Sabemos que o texto não é um aglomerado de frases ou palavras. O texto, para ser coerente, deve ser uma “unidade de sentido”, deve possibilitar ao leitor produzir sentido. É como se lêssemos um texto e, depois, pudéssemos identificar do que se trata o texto, pudéssemos identificar o seu tema, o seu assunto, articulando todas as suas partes e ideias a fim de que possamos visualizar o seu “todo”.
Mas, como garantir que um texto seja coerente? Para tanto, quatro fatores são imprescindíveis: Continuidade, Progressão, Não Contradição e Articulação. Estes são os requisitos para a produção da coerência textual.
A Continuidade é a constante retomada de elementos no interior do texto. É a unidade textual que está em jogo na produção da coerência. Dessa forma, para que o texto seja, de fato, uma “unidade”, deve manter em foco sempre o tema ou assunto tratado. Mesmo que, em um texto, haja a apresentação de assuntos diferentes, deve-se lembrar de que eles são tratados sempre em função de uma temática central. E essa temática central deve ser retomada, explicitada no decorrer do texto, para que se assegure a sua continuidade. Como estratégias de manutenção da continuidade, temos a repetição, a retomada de conceitos, idéias, etc. 
Já a Progressão consiste no acréscimo de ideias novas às que vinham sendo exploradas. Entretanto, sabemos que um texto que só veicule informações novas será, provavelmente, incoerente. O oposto também pode se dar. O texto que não acrescenta nada ou quase nada ao já dito será redundante, repetitivo. É preciso, portanto, no processo de produção textual, saber balancear o volume de informações “velhas” e “novas”, ou seja, é preciso promover ao mesmo tempo a continuidade e a progressão do assunto ou tema textual. 
A Não Contradição deve ser observada “dentro e fora” do mundo textual. No “mundo textual”, para não haver a contradição de idEias, é necessário respeitar os princípios da lógica, isto é, não se pode dizer que “fulano havia saído” e dizer que “o mesmo não havia saído”, que “é melhor discutir educação” e, posteriormente, afirmar “não ser melhor discuti-la”. Além disso, o texto deve ser compatível com o mundo que representa, com o mundo “extra-textual”. Apresentar ideias ou argumentos que não se sustentam ou não são verificáveis é ser contraditório também.
A Articulação será percebida na “amarração” de uma ideia à outra, através de relações específicas, a partir do emprego de conjunções, pronomes, preposições e advérbios (o que, na verdade, refere-se à coesão textual). 
Podemos dizer, que, para que um texto seja coerente, isto é, para que apresente uma “unidade de sentido”, quatro requisitos devem ser observados:
Continuidade: manutenção de um tema central, que deve ser retomado para que o texto não seja a junção de ideias sem a menor relação umas com as outras;
Progressão: introdução de novas ideias, que façam com que o tema abordado se desenvolva (para que o texto não se torne repetitivo, circular);
Não Contradição: apresentação de ideias que sejam congruentes, que não se “anulem”, tanto em relação umas com as outras (no universo textual – contradição interna) quanto em relação ao nosso conhecimento de mundo (no universo extra-textual – contradição externa); 
Articulação: utilização de ideias que tenham relação umas com as outras e também utilização de elementos linguísticos que promovam, de forma adequada, a “ligação” entre essas ideias.
A produção da coerência textual se dá pela utilização adequada de TODOS esses requisitos, já que eles são interdependentes. Assim, o desrespeito a um deles pode interferir na promoção de outro(s).
 
( ATIVIDADE DE ANÁLISE TEXTUAL
PARTE 1
Leia o texto a seguir e tente explicar como se dá o seu processo de produção de sentido:
Papo Brabo
	A verdade é que não se escreve como antigamente, pois naquele tempo não havia computadores e, por incrível que pareça, nem mesmo canetas esferográficas. Por isso, se fôssemos registrar em papel todos os absurdos do ser humano, não sobraria sequer uma resma para cartões de Natal. Isso posto, não de gasolina nem de saúde, já que um é caro e o outro é carente, vamos ao que interessa. Quando digo vamos ao que interessa, vem me logo à mente a pergunta: interessa a quem? A mim, pensaria o leitor desavisado. O leitor avisado perceberá facilmente que estou me referindo em geral a assuntos interessantes e, se não forem, também não interessa.
	Resolvida essa questão da maior importância para aqueles que assim pensam, passo a seguir ao tema central da discussão, por sinal uma 
discussão que se perpetua enquanto dura. A pergunta é a seguinte: como abordar um tema central, quando se está fora do centro e, por isso mesmo, longe do efeito da força centrífuga? Como ficam nisso tudo o centro do poder, o centro espírita, o centro da cidade e o centro sempre discutido das pessoas auto-centradas? Convenhamos, o que é centro para uns é esquerda para outros e direita no sentido de quem vem. Infelizmente, quando se entra em assunto tão polêmico, ninguém se atreve a responder. Mesmo porque, ainda nem foi perguntado. Se for, quando for, tenho certeza de que sempre haverá alguém para discordar e eu perdôo, pois essas contradições são inerentes à alma humana.
	Disse alma humana? O que dizer, então, das outras almas? Da desumana, da penada, da alma do negócio e, principalmente, da alma gentil que te partiste / tão cedo dessa vida descontente / repousa lá no céu eternamente? Não quero parecer ilógico, mas seria de péssimo gosto trazer mais uma vez à baila essa intrigante questão. Aliás, pensando bem, ou mesmo pensando mal, por que trazer à baila e não levar ao baile? Nunca tiveram coragem de revelar essa incongruência histórica: no baile da ilha fiscal ninguém pagava imposto de renda.
Digam o que disserem: a dura realidade é que nenhum intelectual que se preze pode desprezar-se. Tenho a mais absoluta convicção de ter sido claro e objetivo na colocação dessas idéias. Para finalizar, termino.
PARTE 2
Considere agora as seguintes informações a respeito do processo de produção do texto:
1 – Ele foi escrito por Jô Soares;
2 – Ele foi publicado na Revista Veja, em 01/05/1996;
3 – Ao final, encontra-se o seguinte trecho, suprimido aqui propositalmente:
“Moral: pode ser que esse texto seja incoerente, mas faz muito mais sentido do que o massacre dos sem-terra. Antes que eu me esqueça: a reforma agrária já começou. Criaram um ministério.”
( ATIVIDADE DE ANÁLISE TEXTUAL
Leia os textos� apresentados a seguir e identifique seus problemas de coerência:
TEXTO 1
O homem como fruto do meio
	O homem é produto do meio social em que vive. Somos todos iguais e não nascemos com o destino traçado para fazer o bem ou o mau.
	O desemprego, pode ser considerado a principal causa de tanta violência. A falta de condições do indivíduo em alimentar a si próprio e sua família.
	Portanto é coerente dizer, mais emprego, menos criminalidade. Um emprego com salário, que no mínimo suprisseo que é considerado de primeira necessidade, porque os sub-empregos, esses, não resolvem o problema.
	Trabalho não seria a solução, mas teria que ser a primeira providência a ser tomada.
	Existem vários outros fatores que influenciam no problema como por exemplo, a educação, a falta de carinho, essas crianças simplesmente nascem, como que por acaso, e são jogadas no mundo, tornando-se assim pessoas revoltadas e agressivas.
	A solução é alongo prazo, é cuidando das crianças, mostrando a elas a escala de valores que deve ser seguida.
	E isso vai depender de uma conscientização de todos nós.
TEXTO 2
Violência Social
A sociedade em desarmonia
	A cada dia que passa a violência social aumenta. A sociedade não consegue viver em harmonia.
	O que acontece com as pessoas,é que elas não conseguem chegar a um resultado comum. A agressão, tanto física, como moral é mais uma rotina de nossos dias. As constantes guerras, são imagens de total falta de conscientização com a vida do próximo.
	A desarmonia entre os povos acarretará conseqüências trágicas sem qualquer benefício. As pessoas são egoístas só pensam em si mesmas, não se preocupam com seu semelhante. No mundo de hoje há poucas pessoas que lutam por dias melhores.
	Sendo assim, a tendência é o aumento da violência com resultados irreparáveis. As pessoas se afastam umas das outras a cada momento. Vivem assim em plena desarmonia.
TEXTO 3
Violência Social
	A violência social tem acentuado no decorrer dos tempos, devido a vários fatores como: desemprego, o analfabetismo e a discriminação social.
	A primeira causa que conduz vários indivíduos a violência é o desemprego, constante em nossos dias e que sem terem condição de trabalho, ficam angustiados, deprimidos e partem para o assalto, seqüestro, com armas, ferindo homens inocentes e vítimas da revolta dos violentos.
	Já a segunda, impede a valorização de várias pessoas dentro da sociedade, distanciando homens da nossa cultura e informação, tornando-os rudes, agressivos e levando-os a violentarem pessoas, tanto fisicamente como moralmente.
	Por último, a discriminação social leva ‘a separação de classes, tornando prejudicados os humildes, sem chance de integração social, que assumem papéis secundários e muita vezes desprezíveis. O Povo sente na carne e nasce um clima de rivalidade acentuada, que acarreta o ódio e conseqüentemente, leva ao crime.
	Portanto, se levarmos em consideração estas três causas citadas acima, observaremos que são fortes e levam o homem ao desespero. Devemos superá-las, através da conscientização dos problemas, resolução dos mesmos, acabando com as limitações sócias e fazendo justiça à massa popular.
TEXTO 4
Violência Social
	A violência em nosso país esta a cada dia que passa se acentuando mais, isto devido a diversos fatores podemos citar o fator econômico a ganância do homem pelo dinheiro, o desemprego dos pais, a falta de moradias, alimentação e educação impedem o de criar seus filhos dignamente daí a grande violência da sociedade o menos abandonado, que sozinho sem ter uma mão firme que o conduza pela vida, parte para o crime o roubo na tentativa de sobreviver.
A falta de terra para nossos índios contribuindo assim para a extinção da espécie.
A matança sem controle de nossos animais, a poluição de nossas aguas pelas industrias e a destruição de nossas matas em nome de um progresso uma tecnologia importada a custo do sacrifício econômico financeiro de nosso povo.
O homem se esqueceu dos fatores básicos para sua sobrevivência em sociedade, a alimentação o trabalho e educação que cada dia que passa se torna mais difícil, a sua historia é o oxigênio que é fator principal para sobrevivência de qualquer ser, tudo isto pelo dinheiro pela maquina que o apaixona tornando o cego para necessidades primarias da vida. O homem caminha para sua própria destruição.	
( LEITURAS COMPLETARES
Pérolas do ENEM
- A História se divide em 4: Antiga, Média, Momentânea e Futura, a mais estudada hoje. 
- Os índios sacrificavam os filhos que nasciam mortos matando todos assim que nasciam. 
- No começo Vila Velha era muito atrazada mas com o tempo foi se sifilizando. 
- A prinssipal função da raiz é se enterrar no chão. 
- As aves tem na boca um dente chamado bico. 
- Respiração anaeróbica é a respiração sem ar, que não deve passar de 3 minutos. 
- Os egipícios dezenvolveram a arte das múmias para os mortos poderem viver mais. 
- A Geografia Humana estuda o homem em que vivemos. 
- Os Estados Unidos tem mais de 100.000 Km de estradas de ferro asfaltadas. 
- As estrelas servem para esclarecer a noite e não existem estrelas de dia porque o calor do sol queimaria elas. 
- Republica do Minicana e Aiti são países da ilha América Central. 
GERADOR DE LERO-LERO
	COLUNA 1 
	COLUNA 2 
	COLUNA 3 
	COLUNA 4 
	Caros colegas, 
	a execução deste projeto 
	nos obriga à análise 
	das nossas opções de desenvolvimento futuro. 
	Por outro lado, 
	a complexidade dos estudos efetuados 
	cumpre um papel essencial na formulação 
	das nossas metas financeiras e administrativas. 
	Não podemos esquecer que 
	a atual estrutura de organização 
	auxilia a preparação e a estruturação 
	das atitudes e das atribuições da diretoria. 
	Do mesmo modo, 
	o novo modelo estrutural aqui preconizado 
	contribui para a correta determinação 
	das novas proposições. 
	A prática mostra que 
	o desenvolvimento de formas distintas de atuação 
	assume importantes posições na definição 
	das opções básicas para o sucesso do programa. 
	Nunca é demais insistir que 
	a constante divulgação das informações 
	facilita a definição 
	do nosso sistema de formação de quadros. 
	A experiência mostra que 
	a consolidação das estruturas 
	prejudica a percepção da importância 
	das condições apropriadas para os negócios. 
	É fundamental ressaltar que 
	a análise dos diversos resultados 
	oferece uma boa oportunidade de verificação 
	dos índices pretendidos
COESÃO
Quando lemos com atenção um texto bem construído, não nos perdemos por entre os enunciados que o constituem nem perdemos a noção de conjunto. É possível perceber a conexão existente entre os vários segmentos de um texto e compreender que todos estão interligados entre si.
A essa conexão interna entre os vários enunciados presentes no texto dá-se o nome de coesão. Diz-se, pois, que um texto tem coesão quando seus vários enunciados estão organicamente articulados entre si, quando há concatenação entre eles.
A coesão de um texto, isto é, a conexão entre os vários enunciados obviamente não é fruto do acaso, mas das relações de sentido que existem entre eles. Essas relações de sentido são manifestadas por vários mecanismos linguísticos, entre eles os conectivos ou conjunções, as preposições, os pronomes, entre outros. Sua função no texto é exatamente a de pôr em evidência as várias relações de sentido que existem entre os enunciados.
Observe o texto abaixo:
“Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília contra a política agrária do país, porque consideram injusta a atual distribuição de terras. Porém, o ministro da Agricultura considerou a manifestação um ato de rebeldia, uma vez que o projeto de Reforma Agrária pretende assentar milhares de sem-terra.”
 (JORDÃO, R., BELLEZI C. Linguagens. São Paulo: Escala Educacional, 2007, 566 p.)
As palavras destacadas no texto têm o papel de ligar as partes do texto. Podemos dizer, portanto, que elas são responsáveis pela coesão do texto. 
Há vários recursos que respondem pela coesão do texto. Os principais são: conectivos lógicos, coesão por referência, coesão por substituição, 
CONECTIVOS LÓGICOS
Os conectivos lógicos são articuladores textuais, ou seja, palavras responsáveis pela coesão do texto, pois estabelecem a relação entre os enunciados (orações, frases, parágrafos). São preposições, conjunções, alguns advérbiose locuções adverbiais. 
Vejamos:
	FUNÇÃO
	CONECTIVOS LÓGICOS
	COMEÇO,
INTRODUÇÃO,
PRIORIDADE, RELEVÂNCIA
	- inicialmente, primeiramente, antes de tudo, desde já, em primeiro lugar, antes de mais nada, acima de tudo, precipuamente, principalmente, primordialmente, sobretudo, inclusive, até, etc.
	CONTINUAÇÃO,
ADIÇÃO
	- além disso, do mesmo modo, acresce que, ainda por cima, bem como, outrossim, ademais, por outro lado, também, e, nem, tanto... quanto, não só... mas também, não apenas... como também, não só... bem como, etc.
	CONCLUSÃO/ CONSEQUÊNCIA,
RESUMO, RECAPITULAÇÃO
	- por consequência, por conseguinte, como resultado, enfim, dessa forma, em suma, em resumo, em síntese, em conclusão, nesse sentido, portanto, afinal, dessa forma, por isso, por causa de, em virtude de, assim, assim sendo, então, isto posto, pois (depois do verbo, entre vírgulas), logo, etc.
	LUGAR,
PROXIMIDADE, DISTÂNCIA
	- perto de, próximo a/de, junto a/de, dentro, fora, mais adiante, aqui, além, acolá, lá, ali, etc.
	TEMPO (frequência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posterioridade)
	- logo, logo depois, logo após, imediatamente, a princípio (≠ em princípio), pouco antes, pouco depois, ocasionalmente, anteriormente, posteriormente, atualmente, hoje, enquanto isso, imediatamente, ao mesmo tempo, simultaneamente, concomitantemente, então, enfim, em seguida, afinal, por fim, finalmente, agora, nesse meio tempo, nesse ínterim, frequentemente, constantemente, às vezes, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, antes que, depois que, logo que, sempre que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, já, mal, etc. 
	SEMELHANÇA,
COMPARAÇÃO
CONFORMIDADE
	- igualmente, da mesma forma, do mesmo modo, similarmente, semelhantemente, analogamente, por analogia, de maneira idêntica, de conformidade com, segundo, conforme, assim também, de acordo com, sob o mesmo ponto de vista, tanto quanto, como, assim como, bem como, como se, etc. 
	CAUSA,
EXPLICAÇÃO
	- pois (antes do verbo), porque, porquanto, uma vez que, devido a, visto que, já que, de tal sorte que, de tal forma que, até porque, que, realmente, de fato, com efeito, etc.
	EXEMPLIFICAÇÃO,
ESCLARECIMENTO
	- por exemplo, isto é, a saber, em outras palavras, ou seja, quer dizer, rigorosamente falando, etc. 
	OPOSIÇÃO, CONTRASTE,
RESSALVA, RESTRIÇÃO
	- mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante, pelo contrário, ao invés de (≠ em vez de), em contraste com, salvo, exceto, embora, apesar de, a despeito de, malgrado, ainda que, mesmo que, conquanto, etc.
	ALTERNÂNCIA
	- ou, ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja... seja, nem... nem, etc. 
	CONDIÇÃO,
HIPÓTESE
	- se, caso, desde que, eventualmente, etc. 
	DÚVIDA
	- talvez, provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é provável, não é certo, se é que, ou não, etc.
	CERTEZA,
ÊNFASE
	- decerto, por certo, certamente, indubitavelmente, inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certeza, etc.
	SURPRESA,
IMPREVISTO
	- inesperadamente, inopinadamente, de súbito, subitamente, de repente, imprevistamente, surpreendentemente, etc.
	FINALIDADE,
PROPÓSITO,
INTENÇÃO
	- a fim de que, para que, com o propósito de, com o fim de, com o fito de, etc.
	PROPORÇÃO
	- à proporção que, à medida que, quanto menos, quanto mais, etc. 
OBS: é comum um conectivo assumir um sentido diferente do usual. Veja os exemplos abaixo.
   
Desde que o conheço, não sinto mais solidão.
Você pode sair, desde que cumpra com suas obrigações.
No primeiro caso, o conectivo “desde que” estabelece uma relação de tempo; no segundo, de condição. 
	
Faz dieta e pratica exercícios no intuito de emagrecer. 
Prometeu que viria e não cumprou sua palavra.
Estudou por dois anos e aprendeu a falar o idioma fluentemente.
No primeiro caso, o conectivo “e” estabelece uma relação de adição;no segundo caso, estabelece uma relação de oposição; no terceiro, de conclusão.
( EXERCÍCIOS
Leia os seguintes fragmentos de um parágrafo.
1. Assim, pode-se dizer que há uma interdependência entre esses dois espaços sociais. 
2. O campo se constitui na principal fonte de alimentos para a cidade. Além disso, fornece matérias-primas para a produção industrial, por meio das diversas atividades agrícolas.
3. A cidade não pode ser analisada separadamente do campo; eles se completam através de uma divisão de trabalho. 
4. Em troca, a cidade envia ao campo seus produtos industriais como máquinas para o cultivo e outros objetos que facilitam a vida no campo.
Para que o parágrafo readquira sentido, ele precisa ser reestruturado. Assim, a melhor forma de reorganizar esses fragmentos de modo a transformá-los em um parágrafo coerente é:
3, 4, 2, 1
 3, 2, 4,1
 2, 4, 3, 1
2, 1, 3, 4 
Leia os seguintes fragmentos de um parágrafo. 
1. Os sindicatos trabalhistas daquele país resolveram, portanto, convocar os trabalhadores para uma greve de advertência, pois não concordam com essa proposta do governo. 
2. A insatisfação popular fez com que outras categorias engrossassem o movimento grevista. 
3. As greves que foram deflagradas na França paralisaram ontem os transportes ferroviários e aéreos. 
 4. Esse movimento foi motivado pela intenção do governo de propor alterações na legislação trabalhista, o que mexeria com o direito de aposentadoria de milhares de trabalhadores. 
Para que o parágrafo readquira sentido, ele precisa ser reestruturado. Assim, a melhor forma de reorganizar esses fragmentos de modo a transformá-los em um parágrafo coerente é:
3, 2, 4, 1
3, 4, 1, 2
2, 4, 3, 1
2, 1, 3, 4 
As frases seguintes devem ser transformadas em um só período. Para tanto, utilize-se dos mecanismos de coesão adequados.
Moramos no mesmo andar. Vemo-nos com freqüência. Mal nos falamos.
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O show estava excelente. Eles saíram antes de terminar. Tinha um aniversário para ir.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Beatriz mudou de apartamento. Ela fez uma viagem ao exterior. Também comprou um carro novo. Ficou completamente endividada.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
COESÃO POR REFERÊNCIA
Existem palavras que têm a função de fazer referência. São elas: 
- PRONOMES PESSOAIS: eu, tu, ele, me, te, os... 
- PRONOMES POSSESSIVOS: meu, teu, seu, nosso... 
- PRONOMES DEMONSTRATIVOS: este, esse, aquele... 
- PRONOMES INDEFINIDOS: algum, nenhum, todo... 
- PRONOMES RELATIVOS: que, o qual, onde... 
- ADVÉRBIOS DE LUGAR: aqui, aí, lá... 
Exemplo:
Marcela obteve uma ótima colocação no concurso. Tal resultado demonstra que ela se esforçou bastante para alcançar o objetivo que tanto almejava. 
COESÃO POR SUBSTITUIÇÃO
A substituição é um fenômeno que também promove a coesão em um texto. Substituir um nome (pessoa, objeto, lugar etc.), verbos, períodos ou trechos do texto por uma palavra ou expressão que tenha sentido próximo evita a repetição de ideias. 
Exemplos:
Porto Alegre pode ser substituída por “a capital gaúcha”; 
Castro Alves pode ser substituído por “O Poeta dos Escravos”; 
João Paulo II por “Sua Santidade”; 
Vênus por “A Deusa

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