Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
(' -./ j1f c: ~J"'':'' (' ' .. '" é iI~~ii;t;j~/ C:~f~~Rr r -.-/ . () (' \ ."r> "r (': (':" --' ,~(- I'--- (' ('. J, (\~ (' -' (; .. ~11 I ' f"- " r>; 1. .i í' . "..'.::'... ., .\ . ':\ ..o,c,_.' •.. ,I ~"': ".. Tópi"cos de Imunologia Básica J fi;=..::.; I,e-' I' .-: .. I '" '~" i I ',:1 j . '1 J I i, I i ! ~ . •....•.....•..••. ,.-- ~-~--~.\ \, Ficha Técnica Coordenação: Henrique Couto Teixeira Laboratório de Imunologia do ICB Campus Universitário - UFJF 36036-900 - Juiz de Fora- MG henrique.teixeira@ufjf.edu.br Tel/Fax: (32) 3229-3214 \impressão: Central Formulários Diagramaçãoe arte final: Paulo Sérqio-Talarieç- Foto (4ª capa): Henrique C. Teixeira ' Tiragem: 500 exemplares Ficha catalográfica Ferreira, Ana Paula Tópicos de imunologia básica / Ana Paula Ferreira, Henrique Couto-Teixeira, -- Juiz de Fora: Do,Auto r;ZOO5:. 83p.: u ISBN 1. lmunotoçla, I. Teixeira, Henrique Couto. 11. Título CDU 57.083.3 " ":-:::"'~'l" ."'":""~'.!":!'i '~'-:'::-:::::--':::"". --:.. ..' -~ •.•.• _ •• ~ +" -~. ." - ...-:~.. r•.Y~ '/ ..) . '(\ :1 :1 ~ rt, rt A,.... ~ Á ~ A, ~ '"', ~~ ~i . \' '>~- ~~r~'(~-~"r~~~---._.- (' .~" )1. (' )t (' j~ (' )Ri r'A r···· .. ~ (' '-,~, ('~~' C ~;. (".'-- (' ,i~ r,~ ··".t ;~ r '~~ (' 'j t> ··l ~1 , TOPICOS DE· , IMUNOlOGIABASICA Ana Paula Ferreira Doutora em Imunologia pela USP São Paulo (1995) Pós- Doutorado-no CDC- AtlantalEUA( 1998) Professora do Departamento de Parasitologia, Microbiologia e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas . da Universidade Federal de Juiz de Fora (desde ~991) Henrique Couto Teíxeira Doutor em Imunologia pela USP São Paulo (1991) Pós-Doutorado na Universidade de Ulm- Alemanha (1991-1993) Professor' do.Departamento de Parasitologia; Microbiologia e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade.Federal de Juiz de Fora (desde 1989)· HenriqueC. Teixeira e Ana Paula Ferreira são responsáveis pelo Laboratório de Imunologia do ICB-UFJF, onde realizam pesquisas nas áreas de Imunologia Celular e Aplicada. São coordenadores de projetos de pesquisa envolvendo temas como Imunologia da Tuberculose, Paracoccidioidomicose, Transplantes e Doenças Infecto-Parasítárias, tendo o apoio de agências como o CNPq, FAPEMIG, CAPES (PQI)e WOTRO (Holanda). A cada semestre, lecionam Imunologia na DF JF, para alunos dos cursos de Medicina, Farmácia, Odontologia, Ciências Biológicas e Enfermagem. São também responsáveis pela orientação de alunos de pós- graduação ao nível de especialização, mestrado e doutorado contato: henrique.teixeira@ufjf.edu.br Juiz de Fora -MG - abril de2005 I;: " j.• -li i i}- i '1 ·1 '! _.- --.--_._~--.- •...----------.....;..::.~'""":.~__.;..-i.------~ . I Os professores da disciplina de imunologia participaram efeti vamente no processo de discussão e implantação do novo currículo do Curso de Medicina. A impressão deste trabalho foi patrocinada pelo PROMED- Faculdade de Medicina estando dentro do objetivo de melhoria do material didático, visando um melhor entendimento e envolvimento do aluno com o conteúdo aqui apresentado. . Colaboradores Carina Elisei de Oliveira. Doutora em Ciências-Veterinárias pel'aUFRRJ - Rio de Janeiro/RJ Professora Substituta no Departamento de Parasitologia, Microbiologia e Imunologiif~ICB-UFJF- 2004-2005 i . Fernando Lourenço Pereira. Mestre em Imunologia.pela UFlJ-UberlândiaJMG' Professor Substituto no Departamento de Parasitologia, Microbiologia e Imunologia - ICB-UFJF- 2004-2005 Marcos José Marques Doutor em Parasitologia pela UFMG - Belo Horizonte/Mfi ProfessorSubstitutQ no Departamento de Parasitologia, Microbiologia e Imunologia - ICB-UFJF - 2002-2003 Os autores deste livro agradecem ao Paulo Sérgío-Talaríco, pela diagramação deste trabalho. \ \ .~ ! \ ~I ~'( , ,....l I/"""'.! /"'( ) r---! ) r -r-, ~ ~\ 6 ~l ~ /"""'\ ~ " ., ~j. J /"'-- 'r-l. ~. ~"..'r, ~. ''; . ~(.. :" ~':";'-~ '-- Í' (' Í' ~,'".:J;' r> ... .. (\ r>. f' r>. r>. r-. r>; (\ - r>. i .~ Introdução Esta obra foi elaborada visando estimular os alunos de qraduaçãodas áreas de Saúde e Ciências Biológicas para o estudo da Imunologia. O trabalho foi realizado através de consultas em livros e sites de Imunologia. Existem hoje muitos livros de Imunologia de excelente qualidade, que recomendamos como leituras posteriores. Nosso objetivo é facilitar a compreensão da Imunologia, despertar no aluno o gosto pela leitura. Neste trabalho, apresentamos. remas como: Imunidade Natural e Adquirida, Células e Órgãos do Sistema Imunológico, Anticorpos, Genes das Imunoglobulinas, Sistema Complemento, Complexo de Histocompatibilidade Principal, Receptores e Marcadores de Linfócitos T, Ativação e Cooperação Celular, Citocinas, lrnunooiaqnóstico. Entendemos queeste conteúdo é fundamental para criar uma base para o entendimento dos temas aplicados, que serão apresentados no próximo volume. Tópicos de Imunologia Básica é apresentado de forma clara, contendo textos objetivos e ilustrações coloridas. As figuras foram criadas pelos autores, havendo adaptações de trabalhos encontrados na literatura. Agradecemos o apoio de todos que colaboraram para a realização deste livro, esperamos que osIeítores-tenham-bom proveito, e possam desfrutar conosco do prazer de viver e' conh-ecer as descobertas e os desafios que fazem parte dessa ciência tascinants que é a Irnunoloqia, Aproveitem! Os autores i -~,;."..._~~.-- --- ----- .T' SUMÁRIO r·-4 -'7' Capítulo 1- Breve História da Imunologia 1 -> Capítulo 2- Propriedades Gerais da Resposta Imune ,., 3 .'~_. r-:- .~:?: +"> Capí~ulo 3- Células e Órgãos do Sistema Imune 6 Capítulo 4-Anticorpos 17 e:;;r--."'. Capítulo 5- Genes das Irtiunolglobulinas , 27 Capítulo 6- Sistema Complemento :..33 Capítulo 7- Complexo de Histocompatibilidade Principal. .41 r>. Capítulo 8- Receptores e Marcadores dos Linfócitos T 51 Capítulo 9'"\ Ativação e Cooperação Celular , 55 . . . r=:'<-•• r- . Capítulo 11-lmunodia~nóstico e PCR ~ 66 Capítulo 10- Citocinas e Quimiocinas ; ~.59 ;:,..............: . ". "'. r--.. . ".-, .. rt1 .i;\-;-..... r: ~~. í"' Tópicos de tmunotoçt« Básica - Ferreira & Teixeira Capítulo 1 1 CAPíTULO 1 BREVE HISTÓRIA DA IMUNOLOGIA DEFINiÇÃO A palavra imunologia tem como referência a palavra grega "immunis', q~e significa Isento ou livre. A Imunologia estuda os mecanismos e processos que oc~mem no nosso orçamsmo que ~Isam manter o sistema imunológico em perfeito funcionamento, para que nao ocorram determinadas patologias deco~rentes da presença de agentes externos ~u da falha d~ste siste:n:a de proteção. Os agentes .externos senan: os microorganismos existentes no ambiente como vrrus, bactérias, fungos e uma grande vanedade de paraslt~s, que podem causar várias doenças infecciosas ou que podem ser a causa de ~Iguma outr.§i patologia. Diariamente estamos em contato com vários microrgani~mos e ~~pende~os muito ?a atuaçao do nos~o sistema imune para que fiquemos o~ não do~ntes. P~ra Isto,.~a~I~lpamdlferentes celulas, .algumas mu~o primitivas, como osmacrófagos, e celulas muito evoluídas, os lintócitos, qu~ atuam em pe~e~ta colab~)raçao e harmonia para que nosso organismo possa ter uma resposta Imune efetiva capaz de eliminar patogenos e manter o equilíbrio do sistema imunológico. HISTÓRICO A imunologia é uma ciência relativamente nova. No final do Século XVIII, o médico inglês Edward Jenner mostrou que a inoculação do vírus da varíola bovina no homem tinha o poder de protegê-Io contraa varíola humana, que nesta époc~ matava milhares-de pessoas. Este -orocesso.fOI chamado de VACINAÇAO, sendo até hoje utilizado para denominar a aquisição de imunidade através da inoculação de um microorganismo atenuado ou morto (ou parte dele) em um indivíduo sadio, havendo uma ativação do sistema imune contra aquele microorganismo. Quando este mesmo indivíduo entra posteriormente em contato com o mesmo microorganismo, o seu sistema imune estará apto e tortalecido para cornbatê-lo.. No final- do século XIX, LouisPasteurcornprovou-a etíeácía- da vacina ccntra-e-cólesa-das.qallnhas, c.antrae ea raiva. A parti r:;;da:t\, diVoefs~as:.,outras vacinas, foram- desenvolvidas. Nesta mesma época Emil Von Behring e StlibasaburQ Kitasato- descobriram a presença de determinadas proteínas no soro humano que, se I:Lg;av.,am especíücamaete a determinados substâncias ou em microorganismos. Essas moléculas torarn posteriormente denominadas de ANTICORPOS. Esta denominação de ANTICOHPO' ou IMUN06LOBtJLlNA (Ig), foi criada vlsandopaeaoníaar urna- ncrrenelatura' que já envolvia díversos termos, corno: anti-toxinas, aglutininas, precipitinas e lisinas. Paralelo ao' estudo dos anticorpos, outros pesquisadores estudavam as células de defesa. No ano de 1899 um imunologista Russo, Elie Metchnikoff, descobriu que vários tipos de microorganismospodem ser capturados e digeridos 'por cétulae : fagocíticas, chamadas de MACROFAGOS, e que este processo faz parte da defesa contra os patógenos. Metchnikoff foi o primeiro a sugerir que' as células, ao invés de componentes séricos, eram os principais personagens na Imunidade. Em 1950, F. Macfalane Burnet intrigado pela presença de uma grande qua~tidade. de um m~smo tipo de anticorpo contra determinado tipo de antíçeno propôs a TEORIA DA SELEÇAO CLON~L, que propunha a pré-existência-ern nosso organismo de uma grande diversidade de células produtoras de anticorpos específicos para cada tipo _de antígeno. De acordo com a TEORIA DA SELEÇAO CLONAL, alguns tipos de células (Linfócitos B) possuem em sua superfície receptore.s que pod~m reconhecer especificamente cada tipo de antíçeno, e estas células estão em repouso até reconhecerem seu respectivo antígeno, através da lnteração ~e receptores de membrana, sendo que esta IIgaçao pode levar à expansão clonal desta célula, ou CLONE. Nos anos 60,. JamesGowans. identificou. como sendo os LLNFOCITOS;' a~<c.é.lu'-a.s responsáveis esuieitas 3; este reccnaeelznento. de antígenos e subseqüente expansão-cional:' Muitos' outros pesquisadores contribuíram de forn:a significativa para o crescimento da lrnunoloqia, havendo.vários que receberam o Prêmio Nob.el de .Medici na ou Fisiologia (tabela 1). lste demenstra a grande importância da" Imunologi.c: .no desenvolvimento das grandes areas de Ciências Biológicas e Saúde. . . Enfim, o conhecimento de como funciona o sistema imune é muito lrnportante-na elucidação dos' mecanismos de resposta do organismo contra várias patologias, \anto aquelas causadas por patógenos, como tambem aquelas induzidas por uma falha na organização, manutenção e funcionalidade dos . mecanismos de resposta imune. Alguns destes defeitos podem levar à maior susceptibilidade a infecções, alergias, doenças auto-imunes, tumores, entre outros. A resposta imune é também muito importante nos mecanis~os de rejeição .de órgãos ou tecidos. Em resumo, diversas patologias podem ser melhor entendidas, controladas e mesmo tratadas, através do conhecimento dos mecanismos imunológicos envolvidos. Tópicos de /muna/agia Básica - Ferreira & Teixeira Capítulo2 Cientistas que ganharam Prêmio Nobel com trabalhos em Imunologia· • 1901 E.A. Von Behring (Alemanha) pelo trabalho em Soroterapia, aplicado contra a difteria. • 1905 R. Koch (Alemanha)pelas investigações sobre Tuberculose. • 1908 E. Metchnikoff (Russia) and P. Ehrlich (Alemanha) pelos trabalhos em Imunidade (Imunidade Celular/Fagocitose e Teoria da Resposta Imune Humoral, respectivamente). • 1913 C.R. Richet (França), pelo trabalho em Anafilaxia. • 1919 J. Bordet (Belgica) pelas descobertas relacionadas ao Sistema Complemento. • 1930 K. Landsteiner (Austria/USA) pela descoberta dos grupos sanguíneos humanos. • 1951 M. Theiler (África do Sul) pela descoberta e desenvolvimentos ligados a Febre Amarela. • 1957 D. Bovet (ltália/Suiça) pelas descobertas relacionadas à Histamina e Antl-Hlstarnlnlcos. • 1960 Sir F.McFarlane Burnet (Australia) e Sir P.B·..Medawar (Inglaterra) pelos estudos em Tolerância Imunológica. • 1972 G.M ..Edelrnan (EUA) e R.R. Porter (Inglaterra, ) pela descoberta da Estrutura Química dos Anticorpos. • 1977 R, Yalow (EUA), pelo desenvolvimento do Radioimunoensaio. • 19808. Benacerraf (EUA), J. Dausset (Fiança) e G.D. Snell (EUA), pelas descobertas referentes a Estrutura Gênica do MHC (Complexo: de Hlstocornpatibllldade. Principal ). • 1984 N.K.Jewe (Dinamarca/Suécia), Teoria da-Rede, Idiotipos, e Controle da Resposta Imune; além deG.J.F. Kõhler (Alemanha/Suiça)e C. Milstein (Argentina/Inglaterra) pela descoberta do princípio da produção de Anticorpos Monoclonais, • 1987 S. Tonegawa (Japão/EUA), pela descoberta dos Mecanismos Genéticos da Diversidade dos Anticorpos. • 1990 J.E. Murray eE.D. Thomas (EUA) pelas descobertas em Transplante de Células e Órgãos no Tratamento de Doenças Humanas. • 1996 P.C. Doherty (Australia/EUA) e R.M. Zinkernagel (Suiça), pela descoberta de mecanismos de Reconhecimento de MHC-Antígeno pelos Linfócitos T ("reconhecjmento duplo"). • 1997 S.B. Pl'liIsinet::"(EUA)peta descobertados Prions como novo, princlpiobiolóqico da.infecção. • 1999 G. BtQbel,(EUA) pela descoberta de.Transduções de Sinais em Células do Sistema Imune .. Tabela 1: Cientlstas que gi:inharam o Nobel de-Medicina ou Fisiologia com trabalhos em Imunologia Adaptado: www.immunolog~.klimov.tom.ru6-2.php 2 (:: .~ª i;."~ "- ..-. ,....-..-~~ ~. .?"1. . r-<.;-. .. r=«, ~: "- .. ~ .. ~.' r=. I r- í' r> t> - r> r> 1'\ r>. r>: r>; - r> r-. (\ í~ ('\i r>; Í' r>: "'- r>. .. r>. 1'\ r>. r>, r>. 1'\ '" Tópicos de Imunologia Básica· Ferreira & Teixeira Capítulo 2 3 CAPíTULO 2 PROPRIEDADES GERAIS DA RESPOSTA IMUNE 1 - IMUNIDADE NATURAL E ADQUIRIDA Os indivíduos saudáveis protegem-se contra agentes patogênicos por meio de diversos e diferentes mecanismos. Estes incluem barreiras físicas e químicas (pele, mucosas, enzimas e outros), células fagocitárias e eosinófilos, uma classe de linfócitos chamadas células matadoras naturais (natural killer - NK) e várias moléculas presentes no sangue. Estes componentes fazem parte da primeira linha de defesa da resposta imune, chamada Imunidade Inata, Natural ou Inespecífica. Os componentes deste tipo de imunidade estão presentes naturalmente, mesmo antes da exposição à microorganismos infecciosos. Neste tipo de resposta as células efetoras podem atuar de formainespecíficá sobre diferentes microorganismos. Outros mecanismos de defesa são induzidos pelo reconhecimento específico de substâncias estranhas (denominados antígenos) moléculas, geralmente protéicas , aderido ou não a superfícies celulares, que se ligam a receptores de linfócitos ou em anticorpos livres. Este reconhecimento e a consequente ativação dos linfócitos propiciam o desenvolvimento da Imunidade Adquirida ou Específica. Este tipo de imunidade é constituída de numerosas células e moléculas (anticorpos e citocinas) que funcionam de maneira cooperativa. Entre estes componentes destacam-se os Iinfócitos T, LB e anticorpos, que são altamente específicos. Portanto, a resposta imune adquirida apresenta como características a especificidade e a memória imunológica, ou seja, a capacidade de "lembrar-se" de cada encontro com um agente patogênico ou antígeno estranho específicos. Desta forma, encontros subseqüentes estimulam cada vez mais os mecanismos de defesa específica;. amplificandoos mecanismos protetores da imunidade natural, para direcioná-Ios ou focalizá- los aos locais de entrada de antígenos, tornando-os mais capazes de eliminar antígenos estranhos. A figura 1 mostra uma interação entre os componentes das imunidades Natural e Adaptatlva na elaboração de uma resposta imune. Imunidade Inata Barreiras físicas I~ Células .'Barreiras químicas II, ••. PMN' s, monócitos, •. .' macrõfagos, eosinéfilos e células NK PH, lipídios, enzirnas etcPele, membranas mucosas" Citocinas ••• ".. 1" '"Anticorpos Citocínas / -, - ... P' Células B Células T ...• Citocinas I ____1..... . ..1 Imunidade Adquirida Figura l:,lnterações entre os componentes da resposta imune Tópicos de Imunologia Básica - Ferreira & Teixeira Ceoitúk; 2 4 2 - TIPOS DE IMUNIDADE ESPECíFICA. A imunidade específica que culmina com a fase efetorada resposta imune pode ser desencadeada de duas maneiras, através da Imunidade Ativa ou através da Imunidade Passiva. Quando a resposta é desenvolvida pelo próprio indivíduo, ela é chamada Imunidade Ativa. Quando é feita através da transferência de células ou soro de. um 'indivíduo já. imunizado" é denominada Imunidade Passiva. O receptor desta transteréncia adotiva torna-se resistente aoantjqenc.empastlcular sem jamais sido exposto a ele. Este tipo de imunidade confere resistência rápida, sem ter de esperar pelo desenvolvimento de uma. resposta imune ativa. Por exemplo, na imunização passiva contra peçonha ou "venenos" de ofídios e aracnídeos, através da administração de soro hiper-imune. 2.1 - Imunidade humoral É o principal mecanismo de defesa contra patóçenos extracelulares e suas toxinas secretadas, E mediada por moléculas secretadas por células sangüíneas, no caso os linfócitosS, e estão localizadas no plasma ou no soro. Essas moléculas são chamadas de anticorpos ou irnunoqlobulinaae são írnpertantes no reconhecimentoespecífico e eüminação-oevános tipos de antígenos. Também ativam' um sistema.de proteínas plasmáticas, denominadas Complemento, que participam da lise e da fagocitose de patógenos. 2.2 - Imunidade celular É mediada psinclpalmente por linfócitos T, cQmjuntamentacomcutras células,comoosmacrófagos e rnonócltos;no controle ou eliminação de patógenos.A imunidademediada por células é o principalmecanismo de defesa contra microorganismos intracelulares obriçatórios, como os vírus e algumas bactérias. 3 - CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DAS RESPOSTAS IMUNES Especificidade: As respostas imunes são específicas para cada tipo de antíqeno--Nosso organismo possui clones de,Jjnfó,cito'~;T 'eA? cem receptores de membrana espeefflcos para pequenas porções· do al11tí!fH~no,.chamadas de Determinantes antigênicos ou Epítopos. A resposta de cada clone é direciorrada a um determinante antigênicoem particular: . Diversidade: Calculasse-que os mamfferbs'ipossam reconhecer pelo' menos' 109 determihantes antigênicos distintos. Esse número grandioso de especificidades é denominado Repertório Linfocitário, e é resultado da diversidade dos sítios combinatórios para. antCgeno (determinante antigêriico) nos linfócitos S e T. Memória: O contato do sistema imune com um antígeno promove a ativação de clones específicos, que possuem vida longa e têm capacidade de responder rapidamente quando em. um-segundo contato com o mesmo antígeno. Isso é chamado de memória imunológica. Auto-regulação: A duração da resposta imune é limitada~e·s(:)f,reinfluência da presença do antígeno e dEt~céluLas·:.r,e.g.\,Jiaçj(~(ª'$~'.pitrlinuindo o antígeno (eliminado pela ação. d-e fagócitos e outros meeanísmosefetoresu, diminui a resposta imune contra ele. Citocinas também participam da amplificação ou inibição da resposta imune. DJscriminaç.ão·entre'Pfópr,io (self) e não-próprio (r.rci'tl'.:sétlJ:, E a·\capàti€lade.~ao sistema imune em disti'ríg;uii entré ~iar\tí:ge'nos\próprios e antí genos estranhos. Essa propriedade é desenvolvida pelos linfócitos durante sua maturação nos órgãos ILmfóLqe,$,grimár:iós'7 quande, as células imaturas entram em contato.com váríes antígenos próprios. Teoricamente, esse mecanismo é responsável pela· eliminação de clones 'autoreativcs. A falta de resposta imune contra .umdado antígeno é chamada Tolerância Imun:o/ógjca. Autotolerância é a não resposta a antígenos próprios (autólogos). Alterações naindução ou manutenção da autotolerância podem levar ao desenvolvimento de doenças auto-Imunes, quando os linfócitos reagem contra antígenos do próprio organismo. r--.' ~ ~~r!- ~rf, ~ A A A , -- ~ ~~ Ãf --,i.-.A': vv :;:~ A ~ ~ )L ,.Jf~~ ---/~< - ~;l!; .~. -'.~ ,~'" ~. C' (' (" Í' r r- (' r> r Í' (" (' .rit: r-. ..;!::',~ \~jylc ,~w (\ r>. r-. r>; r'\ 1'\ r>; " '\ Tópicos de Imunologia Básica - Ferreira & Teixeira Capítulo 2 4 - FASES DAS RESPOSTA IMUNE ADQUIRIDA· 4.1 - Fase cognitiva Essa fase consiste na interação célular envolvendo antígenos, moléculas apresentadoras e receptores de superfície dos linfócitos. Os linfócitos ~ expressB;m as moléculas de anticorpos ou Imu~oglob~ltnas em suas superfícies, são capazes de .lIgar d}retamente os antígenos (proteínas, poltssacan.de<?s.ou lípides não-próprios) e interagir com os linfócltos T para serem ativados e desenvolverem a imunidade humoral. Os linfócitos T, responsáveis pela imunidade celular, expressam receptores. que reconhecem apenas seqüências ~urta.s de peptídeos nos antígenos protéicos inseridos nas superfícies de outras células do organismo, que funcionam como células apresentadoras de antígenos. 4.2 - Fase de ativação A fase de ativação é a seqüência de eventos induz!~os nos linfócitos em conseqüência da fase cOQnltlva. Os lintócitos T quando expostos a antíqenos, via APe: respondem levando à expansão dos .clones de celulas T antígeno-específicos (proltferação} e à amplificação:dasresposta protetora, com formaçao de células efetoras e de memória. O processo de ativaçâe-oo-ltntócito B·,após- o reconhecimento do antígeno, e ativação dependente do LT, leva a diferenciação da célula B '--------- -- -- virge~ (céJ!:llacapaz de rec<?nhecerantígenos, mas que nao sao efetoras) em celula B ativada e células secretoras de anticorpos, que são denominadas plasmócitos. Osanticorpos secretados pelos LB ou plasmócitos, ligam-se ao antígeno e podem desencadear os mecanismos que eliminam esses antíqenos (fase.etetora). Os linfócitos T apenas irão se ativar se exístiram todos os sinais necessários p.ara.esta ativação, que resultará na produção de ~Itoclnas que rrao agir na fase efetora da resposta Imune. 4.3 - Fase efetora A fase efetora é a etapa em que os linfócitos T e B realizam as suas funções que levam à eliminação do patógeno. Essa fase envolve os linfócitos T já ativados pelas células apresentadoras de a!:tígeno; e, os LB já ativados pelos LT. Muitas fu.nçoes e!et~ra~.requ~erema participação de outras celulas nâo-llntóides e de mecanismos de defesa também operantes na imunidade natural. Por exemplo, os anticorpos ligam-se a aritígenos estra~~os e inte;n.sificam sua fagocitose por neutrófilos .e taçócltos mononucleares, além de ativarem o.sísrema.cornplernente que culminará na lise do patóçeno. Os linfócitos T atlvados secretarn cito,ci.nas, qu~ potencializarnas funções. dos taqócitos e estimulam as respostas inflamatórias e também as.funções citotóxicas; Desta forma, a fase efetora da imunidade específica ilustra que todas as respostas do sistema imune estão interligadas e agem conjuntamente. 5 ., Tópicos de tmunotoçt« Básica - Ferreira & Teixeira . Capítulo 3 6 CAPíTULO 3 CÉLULAS E ÓRGÃOS DO SISTEMA IMUNE 1 - INTRODUÇÃO Nos mamíferos as células sanguíneas circulantes têm uma origem comum. São inicialmente provenientes do saco vitelino primitivo e fígado fetal, posteriormente, têm origem de célulasda medula óssea. Estas células são chamadas células-tronco-hematopoiéticas, pois são células não diferenciadas e que darão origem as outras células especializadas encontradas na circulação sanguínea. As células tronco não diferenciadas tem como característica principal a capacidade de .'se diferenciar em outros tipos celulares, sob a influência de fatores solúveis que controlam a proporção e a direção da diferenciação. Essas.células são-então chamadas de pluripotentes., Vale. ressaltar" que a partir do momento que a célula começa a sua diferenciação para qualquer direção, esta torna-se comprometida para um tipo celular, elas se tornam depois unipotentes (Fig.1). 2 - CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE 2.1-. Linfócitos A especificidad~;Oª"s.Je.sR9stasimunes-deve- se aos íinfócitos, que são as únicascélulas do corpo capazes de reconhecer especiHcamente e distinguir diferentes anttçenosou, !]"!elhprdizendo, pequenas partes deles, os determinántés antiqênices; O llnfóclto imaturo tem 8 a 10 micrômetros (1m) de diâmetro e um núcleo grande, com heterocromatina densa. Há uma borda fina- de citoplasma que contém. a:l:gwmas·rniteeôndrias, alguns ribossomos etisossomos. Nas etapas iniciais de seu desenvolvimento, esses linfócitos não apresentam receptores de superfície para antígenos. Ao amadurecerem, começam a expressar esses receptores, logo, tornam-se responsivos à estimulação antigênica e se desenvolvem em classes funcionais diferentes. Os linfócitos B (LB) são as únicas células produtoras de anticorpos que também apresentam essas moléculas em sua membrana. O linfócitos B foram assim denominados pois, nas aves, amadurecem em' um órgão localizado perto da cloaca, chamado bolsa de Fabricius. Nos mamíferos o amadurecimento das células B ocorre na medula óssea. A ativação dos LBfrente a antígenos específicos é dependente da ação dos linfócitos T. Isto é comprovado pela ausência de resposta dos LB frente a antígenos específicos nos animais timectomizados. Entretanto, anímais atímicos possuem níveis significativos de anticorpos na circulação. Essa aparente controvérsia é explicada pela ativação inespecífica dos LB frente a antígenos T-independentesi:·conjô-lipopolissacarídeo de bactérias Gran.neaatlvas. Outras moléculas também podam, ativar células B de forma inespecífica, corno o: polissacarídeo capsular do vírus H. influenzae. Para esses antígenos predomina a produção de.anticorposdo tipo IgM. As células B atívaoasper antíçenos T-dependeotes (a maioria dos aritfgehos) irá produzir diferentes classes ou tipos (ou isotipos) de anticorpos (lgM, IgO, IgG, IgE e IgA). Plasmócitos são as células do estágio terminal de diferenciação dos LB, secretam anticorpos intensamente (cerca de 2000 moléculas/ segundo), mas' não apresentam anticorpos na superfície. ~::: ~~ ~~, Jl;-' ~- ~~ ~~' lt.:::.- ~:-' lI(:~ ll(" il(~ .9-\-' )..;' ~' ~1 ~"; .bc....-\--< ~~-~ li :0'p-:..-- Jl\::' »: ~ __ o .! í'~ (\ ......- (\ ".~ -:» r--- C I í' .,:' J r-. r>. ~0~ r>. {~~;~ '-- '"'" r>. .,,,-...., -,:r--- r>. "'- ~:- '-- '-- (', r>. '--- r>: ~~~ ~ r>. '" "'-'---' "" /\ '--' ~ 1 '- ~ '. 1\ ,. : f'\ " " 1\ '--- :-." Tópicos de Imunologia Básica - Ferreira & Teixeira Capítulo 3 Progenitor Linfóide t w , megacariócito .~ Célula precursora pluripotente Progenitor: mielóide" Precursor de células T t Eosinófilo· Eritr.ócito•Basófilo ~õn-Ócito Neutrófilo €7~ ~Q 00 plaquetas Figura 1 - Visão esquemática sirnpliflcada da hematopoese, enfocando as vias eritróide, mielóide e linfólde. Todas as células mostradas no esquema atingem sua maturidade na medula óssea, à exceção dos linfócitos T, que amadurecem no timo. Uma célula-tronco linfóide comum atua como progenitor dos linfócitos T e B e das células natural killer (NK). As células dendríticas (não mostradas) orlqinarn-se das linhagens tanto mielóide quanto llnfóide -. ------ I 7 ~'! I [.l.j; I, ;' :;, f· .1' t 1; I ~, Tópicos de Imunologia Bésice- Ferreira & Teixeira Capítulo 3 8 imunidade celular, estimula a diferenciação de _ linfócitos B em plasmócitos com conseqüente produção de anticorpos, gerando então uma fase efetora mediada pela-presença de antícorpos, ou também denominada resposta humoral. A principal subpopulação de linfócitos consiste dos linfócitos T (LT), cujos precursores originam-se na medula óssea, mas essas células só amadurecem no timo (o nome linfócito Tse deve a esta característica).' SeUs receptores para antígenos (TeR - receptor da célula T) são moléculas de membrana distintas dos anticorpos, mas estruturalmente relacionados a eles. Os linfócitos T reconhecem somente os antígenos peptídicos apresentados na membrana de células em associação a proteínas do complexo de histocompatibilidadé principal (MHC). Daí resulta que as células T reconhecem e respondem somente a antígenos associados à superfície celular, e não aos antígenos solúveis. Os llntócitos T 'ainda se subdividem em populações funcionalmente distintas, são os linfócitos T auxiliares (Th - linfócito T helper) e os linfócitos T citotóxicos (CTL - linfócito T citotóxicos). No entanto, por serem os lintócitos morfologicamente iguais; a identificação; de LB, LTh ou LTc por microscopíe-os campo claro'ou mesmo microscopiaeletrônica é impossível. A identificação das diferentes subpopulações de linfócitos T, se deu a partir da descoberta de que estas células expressam proteínas de membrana distintas. Estas proteínas servem como marcadores fenotípicos de diferentes populações linfocitárias, os quais são denominados CO, que simboliza "cluster Antes da estimulação antigênica, 'os linfócitos of differentiation" (grupamento de diferenciação) estão em estado de repouso ou na etapa Go do cicloe refere-se a umarnolécula.reconhacída. por. celular. Seeles nãoenceatrarerrrnermüm antígeno, anticorpos r,n0nocl<?n'!l!(3,~sse.~jmarS9;d,?çe~9~_FY:?rn','provavelmente morr.@;[~?em9ig~~Q se~?n~s e a para-Identificar e dlstiD.9.\-lH,un:a,<:I~sse;deltnfpcJto?, população de líntócitos-é manfida em equilfbrio pel? de outra. Por exempío, GS" hm.foG'l,tIDS·T auxiliares. dese.nvolvimento de-novas células. Em respostaa expr~ss~~uma prot~f~a:desupe~ícieGhamad~lCD4 estimulação antigênica, os pequenos linfóci.tos e.os llntócltos TCltotoxlpo~·expressamum mercador .Lneive cel/s,.,-imatl!Jros) entram na etapa G 1 ~AO CIcio diferente que e a protell"1a-CDê3. -r-". . celular. Ficammaiores, entre 10a 121-lmde dlàrnetro Em respostaà. estirnútaçãe .ántigênica{ qúé' e uma borda citoptásrnátlca mais larga, sendo ocorre normalmente. nose: órçãos -linfóides chamados de Iinfoblàstos. Estes também têm um ~ec,u~dários (baço, linf~nodos, ehtr~ o.utro~), os aumento de quantidade de RNA e orçanelas. A linfócitos T CD8+ ~CTL) lisarn, na periferia-células . progressão para fase S do ciclo celular contln,ua, e ~ue produzem antlge~os"estranmhs, como.as.células, após o término rnitético há a formaçao de celulas tnfectadas por VIrus, e outrcs patoçenos efetoras. . intracelulares. Os IinfócitosT auxiliares (CD4+), por A célula efetora linfóide pode ser um linfócito suavez, secretam proteínas: chamadas citocinas, T citotóxico com: maior número de grânulos que apresentam várias funções importantes, como citolíticos um lintócito T helper, uma célula NK ou a ind~ção_da hernatopcíese, respostainflamatóriae um linfó~ito B que' C'ost~mam diferenciar-se de atívação de diferentes' tipos celulares. Contudo, terminalmente em: uma celula especializada na dentro da população deIlntócitos T CD4+, há dois: secreção de antícorpos, chamada de plasmócito. s~bc~mjunt~s. que produzem um perfil restrito de Parte da progênie dosHntócltos B e T estimulados citocinas distintas um do outro, chamados Th1 e não se diferenciam em celulasefetoras. Em lugar Th2. Os linfócitosTh1 secretam preferencialmente disso tornam-se linfócitos de memória, que são a interleucina-2 (IL-2) e o interieron-y (IFN-y), sendo capa~es de sobreviver por longos períodos, meses que este éurn importante amplificador da ativação ou mesmo anos. Estas células não produzem de macrófagos. Estas citocinas são muito moléculas efetoras, a menos que sejam importantes na fase de ativação e efetora da resposta estimuladas por antígenos. O desenvolvimento de imune. Os linfócitos Th2, por outro lado, produzem células de memória é crucial para o sucesso da preferencialme:nte as .cito?inas IL:4, IL-5, IL-1~ ~ IL- vacinação como método ~e proporcionar imunidade 13. Este perfil de citocinas alem de supnrrur a de longa duração contra infecções. . Outra populaçã<? derivada de. precursor~s_ linfocíticos, as celulas natural killer (NK) nao expressa marcadores dos ílntóortos T ou B, sendo inicialmente chamada de células nulas (Unul/cel/s'). A maioria das células NK representa linfócitos grandes com nume:r<?sos9rânulos citof?lasm~ticos capazes de lisar vanas celulas t~morals e. celulas infectadas por vírus. O mecanismo de lise das células NK depende do contato celular com o seu alvo. Esse contato ê às. vezes denomidádo "beijo da morte". Como resultado; estes linfócitos são chamados células matadoras naturais, tendo atividade citotóxica ine.specífiça, não havendo desenvolvimento de memória. E uma importante população de células da imunidade inata. Alterações morfológicas associadas à ativação linfocitária ,...... . ~- )f!"' Jl!. ""/c~.- )t! .. ~.' ~:-~ ~ .. ~. ~ ~:.- .~~~ .~'::~~:. ,li<; .•I",.-<J' ~. .~-" ~--- ~-- ~ I'o ') ~c . ~ r> ('""". '- .~}r>. r<; i r>. r>. ._. ",-... " '; , r>. 1'\ r=: : ) 1'\ <, r=;,- 1'\ '- 1'\ @ (" .·1 r--. r---. ... r-. f\ r>. 'j '" >!'-- r>; Tópicos de Imunologia Básica - Ferreira & Teixeira Capítulo 3 9 2.2 - Macrófagos Metchnikoff (1905) foi o primeiro a sugerir que a resistência adquirida a vários agentes infecciosos depende da capacidade fagocítica e digestiva dos rnacrótaços. A ampla distribuição dos macrófagos por todo o organismo, permite que essas células entrem em contato com qualquer agente infeccioso que por ventura consiga atravessar as barreiras externas e atingir tecidos internos. Amorfologia dos macrófagos é muito variada, são maiores que os linfócitos e neutrófilos (10 a 40 urn), são mononucleares e ricos em grânulos citoplasmáticos, lisossomos, vacúolos fagocitários. Os macrófagos apresentam o rnarcador CD14 em sua membrana. No sangue, após saírem da medula óssea, são chamados de monócitos, que constituem 5% a 10% das células brancas circulantes. Nos tecidos periféricos. recebem nomes distintos como células de Kupffer no fígado, células mesangiais nos rins, células da micróglia no cérebro, osteoclastos nos ossos, macrófagos alveolares nos pulmóes, histiócitos no tecido conjuntivo, entre outros. Ativação O conceito de macrófagos ativados foi proposto por Mackaness (1964), para descrever o fato de que o aumento da função microbicida dos macrófagos durante uma infecção tinha origem imunológica e envolvia a participação de linfócitos T, pois correlacionava. com o surgimento de hipersensibilidade-eoripe tardio; Macrófagos ativados apresentama+teraçõesmorfo-fisiológicas profundas como aumente deaderênela e espraiamento sobre superfícies como vidro ou plástico, modificações bioquímicas e enzimáticas, liberação de metabólitos tóxicos do oxigênio e potencialização das funções fagocítica, micreblclda e citotóxica: .' O interferon-gama (IFN-y), produzido por LT' ativados e por células NK, foi caracterizado como o principal fator ativador démacrófagos. O IFN-y induz a produção de-peróxido.de hidrogênio, óxido nítrico e outras, m0,1écu Ias. tóxicas responsáveis pela atividade microbiclda dos.macrótaqos-trente a diversos patógenos como T. gondii, L. donovani, G.albicans, S. typnymutium, P. bresillensis. Alguns macrófagos ativados desenvolvem citoplasma abundante e são chamados células epitelióides por causa de sua semelhança com as células epiteliais da pele. Outros macrófagos podem fundir- se e serem denominados células gigantes multinucleares, geralmente encontrados em granulomas. O fator necrosante de tumores (TNF- a e 13) e o fator estimulador de colônias de granulócitos e monócitos (GM-CSF) também promovem aumento da atividade dos macrófagos, assim produtos microbianos como o lipopolissacarídio (LPS) de bactérias Gram negativas. Funções Os macrófagos representam o exemplo mais claro de uma população celular crítica para a imunidade natural, mas também se adaptaram a desempenhar um papel central na imunidade adquirida. As principais funções dos macrófagos na imunidade natural e adquirida incluem as seguintes: - Os macrófagos fagocitam partículas estranhas, como patógenos, macromoléculas, inclusive antígenos e até tecidos próprios que estejam lesados ou mortos, como os eritrócitos senis. - A secreção de enzimas, espécies de oxigênio reativo, óxido nítr-ico e mediadores lipoderivados, como as prostaglandinas, utilizados para matar patógenos e controlar a propagação de infecções, podem também lesar tecidos normais nas proximidades da inflamação. - Os macrófagos produzem citocinas chamadas especificamente de quimiocinas (como IL-8 e MIG), que recrutam outras células inflamatórias,' especialmente neutrófilos e linfócitos. São também responsáveis por muitos dos efeitos sistêmicos da inflamação, como a febre. Os macrófagos também produzem fatores de crescimento para fibroblastos e endotélio vascular, que promovem o reparo de tecidos lesados. , - - .Os rnacrófagos participam como células iniciadoras da resposta imunológica, assim como LB e células dendríticas, atuando como células apresentadoras de antígeno (APC) aos linfócítós T. Macrófagos também sintetizam e liberam fatores= solúveis (citocinas ou monocinas) que irão influenciar o estado funcional.dos linfócitos. Entre' essas citocinas destacam-se a IL-1, IL-6,lL-12. IL- 1 e IL-6 atuam não só como co-sinal deativaçâo de linfócitos T e B, como também na modulação da resposta inflamatória através da 'produção de proteínas de fase aguda nó fígado, incução de febre, e, entre outras funções, aumentando a atividade de hematopoese induzida pela IL-3. A IL-12 é capaz de direcionar a ativação de LT para um fenótipo TH1, estimulando a produção de IL-2 e IFN-y nos linfócitos T.A IL-12 também estimula a liberação de IFN-y e a atlvidadetcltotóxlca por células NKe por LT citotóxicos: - Na fase efetora da resposta imune humoral, antígenos estranhos, como os micróbios, são revestidos, ou opsonizados, por moléculas de anticorpo e proteínas do sistema complemento. Como os macrófagos expressam receptores de superfície para anticorpos (CD32) e para certas proteínas do complemento (CR1 e outros), eles se ligam a partículas opsonizadas e as fagocitam muito mais avidamente que as partículas não-revestidas. Desta forma, os macrótaços participam da eliminação de antígenos estranhos que desencadeiam respostas imunes humorais. Tópicos de lmunotoçts Bésice- Ferreira & Teixeira Capítulo 3 10 . o "burst" respiratório A ativação do "burst" (aumento) respiratório em macrófagos e neutrófilosé rápida, podendo acontecer após a estimulação dos fagócitos com. microorganismos opsonizados e não opsonizados, ou através da estimulação com moléculas como o IFN-y, TNF, C5a, forbol, entre outras. A ativação do "burst" respiratório requer enerqia e necessita apenas do contato do agente estimulador com a membrana do fagócito. E desencadeada pela ativação da NADPH-oxidase que se encontra na membrana celular. A NADPH-oxidase irá catalisar a redução do oxigênio para superóxido (02-) utilizando o NADPH como doador de elétron. As principais características do"burst'sâo: aumento do consumo de oxigênio, produção de superóxido e peróxido de hidrogênio ou água oxigenada (H2Ü2), ativação da via metabólica das hexoses. Aprodução de H202 no "burst" se dáa partir de reações de dismutação espontânea do superóxido ou é mediada pela enzima superóxido dismutase (SOD), assim temos: ) 02 '+ H202sob,' O peróxido de hidrogênio tem uma importante atividademicrobicida atuando como oxidante. Porém, essa atividade pode ser potencializada pela ação de peroxidases, enzimas presentes nos fagócitos. A mieloperoxidase, encontrada nos grânulOs azurófilos de fagócitos catalisa a oxidação de haletos (Cr) pela H202em hipohaletos altamente tóxicos. Outros produtos tóxicos originados na. ativação do "bursf' respiratór-io como radical hidroxila (OH-) e o oxigênio singlet'«1>02) também po.~em ser obtidos a partir deH202 e doánion superéxido, como na reação de Haber-Weiss: -----)~ <1 >02 + OH- + OH- Células de mamíferos e muitos parasitos desenvolveram mecanismos capazes de bloquear a ação tóxica do peróxioo.oe hidrogênio, envolvendo a produção de catalase, que transforma a H2<?2em oxigênio molecular e água, e o sisternaçlutatlona- peroxidase/qlutationa-r e dutase, que ~u~~ seqüência de reações de oxidação e reduçao Ira gerar água e NADP+ a partir de H202 e NAD~H+. Parasitas pobres e~ cata,lase ou qlu~at,lo,na peroxidase/redutase sao mais susceptlvels, alise pela H202. Vale ressaltar que os mecanismos de lise dos fagócitos englobam ta:n9é:n outros sistemas que independem do oxiçeruo ou da ativação da NADPH~oxidase. Esses podem ser representados por fusão de fago-lisossomos e degranulação de enzimas hiorollticas, proteínas básicas, proteases, assim como o.utros mecanismos que envolvem a produçao de produtos tóxicos como TNF-a, e óxido nítrico, entre outros. Todos esses mecanismos, em conjunto, participam da lise de diversos microorganismos tumores, e outras células alvo pelos rnacrótaqos. 2.3 - Células dendríticas As célula~ dendríticas são consideradas células acessórias que desempenham importante papél na indução de respostas imunes, Apresentam ,proJexões me:nbranosas,. ou espiculares. Ha dois tlpO~ de celulas den.dntlcas que têm diferentes propriedades e funçoes. As células dendríttcas interdigitantes, que geralmente são chamadas simplesn:ente ~é,lulas dendríticas, estão presentes no Interstlcl,o da maioria-dosórqãos. Sã.o·abunda~tes nas ,,:reas d~~, !infpnoPQs e baço. ricas em-células T e flca.m dispersas em toda a epiderrneda.pele, onde s~o chamadas células. de L,angerhans. Sao extremamente eficientes em apresentar antígenos protéicos às células T auxiliares CD4+. As 9élulas de Langerhans são capazes de captar antíqenos que eritr'a:rn atr~vés dar pele e transportar estes antíqenos aos linfonodos de drenagem, onde. as respostas imunes são iniciadas. O segundo tipo de células dendríticas são as foliculares porque estão: presentes nos ~entros germinativos dos foHculos linfóides nos ilnfonodos, no baço e nos tecidos linfóide s associados a mucosas. ~ til: . ~e )t;~', !I\-' JIl(~ ~. ;lJ:' )( "I:',"~.-: 4:' ~?,~.~.'. ~:; :i;: >: ~., ~11E ~] l;l'~·.r<.. :~ ~~;. Jl;:' Â~" A'~ 4': ~: ;r- .-le" A'-' )(C': ){j A-- . A.·;, A-: Ã rl: ..» J\ j( ~,: ~ ~'I 'r-«: ~ .. ~Ir-.. . ~t; ~:;,; --' JF: 0 : ,) (I -~ (I :~~~ ,-" r>; - C r; r>. '-J í'.-' r>~ (\ r=. r>. ,J I; r> C (\ -' 0 l;,:,:;~/ r>: r;;;:,~ r>. r"'" r>: 01 01 /"".1 I" [ ~I "I ~j' '-- Í" r>. ~ I, ,~ I r>. :,:,:"" 0~- t"- r>-/ rr---- '~ r"r>. Tópicos de Imunologia Básica - Ferreira & Teixeira Capítulo 3 11 2.4 - Granulócitos Estes leucócitos são assim chamados porque contêm, abundantes grânulos citoplasmáticos. Além de participaremdafase efetora das respostas imunes, os granulócitos costumam ser denominados células inflamatórias porque desempenham importantes papéis na reação inflamatória e na imunidade natural e funcionam eliminando patóqenos. e, tecidos mortos. O sançuêperttéríco têm quatro tipos de granulócitos: os neutrófllos, os eosinótilos, os basófilos e mastócitos. Os neutrófilos, também chamados leucócitos polimorfonucleares por causa de seus núcleos rnultllobados, morfologicamente diversos, são os mais numerosos. Eles respondem rapidamente a estímulos quimiotáticos, fagocitam e destroem partículas estranhas, como, os micróbios, podem ser ativados por cltoclnas, preduzidas.prirnarlaménte, por macrófagose células endoteliais e são a principal população celular na resposta inflamatória aguda. . Os neutrófilos também possuem receptores para um tipe de, anticorpo. chamado. Ig,G e- para/ proteínas do complemento.e migramparalocais. de ativação do complemento, onde-se acumulam. Portanto, fagocitam avidamente partículas opsonizadas e funcionam como células efetoras da imunidade humoral. Os eosinófilos expressam receptores para uma classe de antlcorpo chamado IgE e são capazes de se ligar avidamente a partículas revestidas por ela. São particularmente efetivos para destruir agentes infecciosos queesumulam a prodl:l~~Q;de;l§ijiiCof;rl"(i)" os parasitas helmíoticQs:,Os ec;>simçitil~s"taO\lb,ªffl.·sã!\?'" abundantes' err" lo€a\is. ele, reações., dia., hlpersensibllluade. lrnsdiata (alé:r.gi~a).ou:.dp.' Jig.o>lj nesta situação, oseoslnófüos'contribuern para alesão tecidual e a reação. inflamatória. Os basófãcs ,e. rnastóettos. expeessam receptores de- a'IUr a:finidãd~:rpor IgEe, ps rtáMto, avidamente se ligam a anticorpos livres desta classe. A interação subseqüente de antígenos ligadas a IgE estimula essas células a secretárern seu conteúdo granular, os quaís. consistem de' aminas vaseatlsas (Histamina e' Serotoniha?~ que; são-os medl'a'd,ores químicos da hipersensibilidade do Tipo I. , - ~.,., , 3 - ORGAOS LlNFOIDES PRIMARIOS Os órgãos linfóides podem ser classificados em órgãos linfóides primários e secundários. Os órgãos linfóides primários são responsáveis pela gênese, das células do sistema imune. Neles ocorrem a diferenciação celular e a especialização destascélulas . .Por sua vez, os órgãos linfóides secundários são os locais onde linfócitos maduros reconhecem e respondem a antígenos estranhos, ativam-se, se multiplicam, induzindo a memória: lrnunolóçlca. São considerados "a casa dos linfócitos". Esses órgãos e tecidos estão espalhados por todo corpo e interligados entre si, pois só assim o sistema imune consegue manter o equilíbrio entre os estímulos próprios de suas células e os estímulos provenien1es do meio ambiente. , Nos mamíferos, os órgãos linfóides primários são.arnedulaóssea e o timo (Fig.2) Todas as células se·o.rigitraffHta,rnfê!1lu~aóssea, no caso dos linfócitos. B, estes apresentam todas as etapas de diferenciação neste local, passando para os órgãos linfóides secundários apenas quando já se encontram como, linfócito B·maduro virgem. Já os lintócítos.T se originam na medula: óssea, mas são obriqades-a-passarempor um-outro órqão-llntólde primário, que é o Timo para completarem sua diferenciação até poderem ir para os órgãos linfóides secundários. Nas aves, um outro órgão primário é a bolsa de Fabricius, local de maturação das células B, sendo o seu equivalente nos mamíferos a própria medula óssea. Os tecidos e órgãos linfóides secundários incluem os linfonodos, o baço, os teGidosdinfóides,associados,a mucosas,(MALT) e o si stenma,ifTll!,H:te~~1âneQ~(Fi'ff4}. ' Tópicos de Imunologia Básica· Ferreira & Teixeira 12Capítulo 3 3.1 - Medula óssea Na vida adulta, a medula óssea é responsável pela geração de todas células sangüíneas, um processo . denominado hematopoiese (Fig. 1). Esse processo é realizado nos ossos planos, onde se encontra a medula óssea vermelha, ocorre principalmente no esterno, nas vértebras-nos ossos ilíacos e nas costelas. Todas as cétulas do sar:rg\J~seoriqinarnde uma célula Indífereneiadacornurn, uma célula pluripotente chamada stem cell. Estas células' são auto-renováveis (por mitoses) e se comprometem à diferenciação ao longo de linhagens em particular. Primeiramente, há unia linhaçemlinfóide; quase subdivide em linhagem de linfócitos B e de linfócitos T; e uma linhagem mielóide, que se ramifica em linhagem eritróide, megacariocítica, granulocítica e monocítica. A proliferação e maturação das células precursoras na medula óssea é esümulada pelas citocinas. Muitas destas citocinas são denominadas de fatores estimulantes de colônias (CSF) porque são capazes de induzirem o crescimento e-desenvolvimento de diferentes linhagens de leucócltos a partir das stem cells. As citocinas hematopoéticas, como a IL-3 (multi-CSF) e GM-CSF são capazes de estimular diferentes: colônias na, medula óssea. GM-CSF (CSF de grantllócitos: e monócitos), G:...GSF (CSF de granulócitos), IL-7 e outras são produzidas por diferentes células, tomo, macrófagos ativados, linfócitos T CD4+ (auxiliares) ativados e por células. presentes no estroma da Timo medula óssea. Isso' é necessário para o reabastecimento de glóbulos brancos que são consumidos durante reações imunes e inflamatórias. . Finalmente é importante salientar que a medula ó s sea também é responsável p,eJaf maturação dos lintócitos ' B, proporcionando a aquisição da diversidade de, seus anticorpos de membrana. Após deixarem a medula-óssea, osLB maduros. são encontrados na periferia em vasos sanguíneos, vasos linfáticos e em diversos órgãos linfóides secundários, como baço, linfonodos, apêndice, placas de Peyer, Tonsilas. Nesses-íocaís, com a presença de LT, se desenvolve a resposta imune (Fig.2). Apêlldicé~~,. Linfonodo axilares Baço. --._-~._--._---~---._-- - Placas de Peyer --- Linfonodos inguinais Medula óssea Figura 2: Ilustração dos principais tecidos linfóides e sua localização no corpo humano ~~:; ~; Z~~~ :~ --, ~.~ )1(' .~'. ~' ~c ~':~' ).(,-: ~'" ~)l;, .~<:- ,~1 ~~ ~::, ;u:.' t0," ~' ~ ~,' - ~~R.:-- j(~ ;~ ~. )l., -: 0i;:{' j r- , , -.J C (' -' r>. "-~ ~~7 Í' ./ ::rt:::o-, ~~~.:- r> r---- é' ~ " r. r>; '. r--" . r>. '---' " :~jJ '- ;'.::. ~3 Tópicos de /mun%gia Básica - Ferreira & Teixeira Capítulo 3 3.2 - Timo o timo é o sítio principal de maturação dos linfócitos T. É um órgão bilobado situado no mediastino anterior. Cada lobo consiste de um córtex externo e de uma medula interna (Fig. 3). O córtex contém uma coleção densa de linfócitos T e a medula de coloração mais clara é mais escassamente povoada por estes. Dispersas por todo o timo estão células epiteliais com citoplasma abundante, macrófagos, células dendríticas derivadas da medula óssea, além de uma rica irrigação vascular e vasos linfáticos eferentes que drenam para os linfonodos mediastinais. Na medula tímica são encontrados os corpúsculos de Hassa/, compostos de células epiteliais, que podem ser remanescentes de células em degeneração. Celula Capsula epitelial cortical >- Q. X .,Células "'"w ;;; ~ Q.o::: epiteliais ~-o sub :E:E Ü :E capsular ~ <> Macrófago ':"(')oê. <> (JQ., (') Timócito :g. « 3.....J ê" :::>. ~ Cl Celula ~w ~ ~ epitelial 3' Corpúsculo medular 3 e ::! de Hassal ~ Figura 3: Visão esquemática de um Timo Na infância, o timo apresenta-se. bastante desenvolvido em relação à estatura da; criança, podendo atingir 10 a 15 em. A partir da adolescência este órgão involui, diminuindo seu tamanho. O timo é um órgão que está intensamente sob a influência de alguns hormônios. Por exemplo; o hormônio sornatotrófico - STH (hormônio de crescimento) é responsável pelo crescimento e desenvolvimento do timo até que o indivíduo atinja a puberdade, quando começa a manifestação dos hormônios sexuais (testosterona no homem e progesterona e estrogênio na mulher), que induzem a regressão tímica. Alem disso, o timo produz hormônios, como Timiosina e Timopoietina, os quais estão relacionados com O crescimento dos órgãos linfóides secundários, e é o grande responsável pela maturação dos linfócitos T (ou timócitos, quando ainda permanecem no timo). Notimo, os linfócitos T poderão expressar receptores de membrana, tais como o CD4 e o CD8, que são característicos do fenótipo do linfócito T maduro. Os linfócitos que, residem no timo 'são freqüentemente denominados timócitos e estão em vários estágios de maturação. De modo geral, as células mais imaturas da linhagem T entram no córtex tímico via vasos sançuíneos. A maturação começa no córtex e, à medid.a que os tirnócitos amadurecem; migram para a medula do timo, de modo que a medula contém, na sua maioria, células T maduras. Somente as células T maduras saem do timo e entram no sangue e nos tecidos linfóides secundários. OBS: O que aconteceria com um recém-nascido atimico? Ele não teria a diferenciação de linfócitos T, portanto, não teria condições de desencadear nenhuma resposta específica, nem celular, nem humoral. Além disso, não apresentaria um crescimento normal dos órgãos linfóides secundários, atrofiando-os. Este indivíduo não sobreviverá muito tempo, pois ele estará sujeitá a todos os tipos de infecção e tumores '..~ Tópicos de /mun%gia Básica - Ferreira & Teixeira Capítulo 3 4 - ÓRGÃOS LlNFÓIDES SECUNDÁRIOS Estes órgãos/tecidos consistem em certas estruturas nas quais linfócitos maduros e específicos para antígenos são ativados e submetidos à divisão, ou seja multiplicação e a diferenciação. Os principais exemplos de órgãos linfóides secundários são o baço e os linfonodos. Adicionalmente, podemos citar as placas de Peyer, próprias do intestino delgado; as tonsilas na faringe; o apêndice; o sistema imune das mucosas (tecidos línfóides associados a mucoses - MALT; que é constituído pelo SALT, no trato respiratório e o GALT, no digestivo); e o sistema imune cutâneo, o qual apresenta linfócitos e células acessórias na epiderme e derme. 4.1=Llnfonodos Os linforrodos são pequenos aqreqados nodulares de tecido linfóide situado ao lenço de canais linfáticos em todücorpo (FigA). Esses' órgãos apresentam grandes semelhanças morfológicas e são irrigados por vasos linfáticos (aferentes e eferente) e sangüíneos. Possuem uma região externa denominada cortical, onde estão localizadas as estruturas, denominadas foliculos Artéria Região paracortical Região cortical .: Região Medular linfóides, que podem conter um centro germinativo (dependendo do estado de maturação) que é o local onde as células S são estimuladas pelo antígeno e proliferam, dando origem à progênie que produz anticorpos de alta afinidade para o antígeno. Na região paracortical manifesta predominantemente linfócitos T, dos quais aproximadamente dois terços são da classe auxiliar CD4+ e um terço e CD8+ . Na região medular dos linfonodos são encontrados linfócitos dispersos, plasmócitos, macrófagos em grande quantidade e células dendríticas. Quando ocorre uma resposta imune, alguns dos folículos de células S contêm áreas centrais de intensa proliferação de linfócitos S, chamadas centros germinativos, localizadas nos folículos linfóides secundários. A lin,fq. que drena os espaços extracelulares do corpo carrega antígenos dos tecidos para o linfonodo por meio dos linfáticos aferentes, ao passo que a linfa que abandona o linfonodo utiliza vasoseferentes. A medula consiste de cordões de' rnacrótaqos e deplasmócitos, conhecidos como cordões medulares. Os linfócitos virgens entram no linfonodo pela corrente sanguínea usando vênulas pós-capilares especializadas e saem na linfa através do linfático eferente (FigA). Folículos linfoides Linfático aferente Folículos linfoides com centro germinativo e~ ~ ------------... - Vênula de - "'- --_ endotélio alto (HEV) Linfócito Figura 4:Diagrama de um linfonodo. O IinfonodCi é revestido por uma cápsula. Internamente se observa a córtex, contendo os folículos linfóides primários e secundários (com centro germinativo, onde predomina LB).•a r~gião paracortical ' (onde predomina LT) e a medula. Observe a passagem de IinfóCitos do sangue para o IInfonodo via venula pós-capilar . (HEV), e do tecido conjuntivo para dentro do linfonodo via vasos linfáticos aferentes Á,i 4,:~: ~01 r"'\ ",:1 ~~: ,-..L A,', .fl- r-'<' , rZ1 ,1. "[ ~L "L ~.- r ""I:. ~[ ~I ,.-.t:r: ;'I~r'-, , , Ái; ~;:. i~ r" z-, 'f j ~, >tI / ~.:: .> ~, ..;.:..- ~I """ ' ~ ....' ·_~I ~,J .-~"' r>: ~~.:.~ -~.) -~j /:t: "("'. j. ' 1--(\ ~I;~;? 0:i'@ (\ (> ') r: r: (' i' r- r- :ti~:; r>. .,; " z:- /'-- ; r=: r--; »<. . 0 '~) rr-: ~i1j Tópicos de Imunologia Básica - Ferreira & Teixeira Capítulo 3 15 4.2 - Baço o baço se localiza no quadrante superior esquerdo do abdômen, pesando aproximadamente 150g. O baço é composto de uma polpa branca, rica em células Iinfóides, e uma polpa vermelha, com vários seios e uma grande quantidade de eritrócitos e macrófagos. A polpa branca está localizada ao redor de pequenas arteríolas, onde as regiões mais periféricas são ricas em células T (Fig.5). Por sua vez, as células B são encontradas principalmente nos folículos linfóides. Contudo, o baço e suas respostas a antígenos são muitos semelhantes às do linfonodos, sendo a diferença essencial que o baço é o principal local de resposta imune a antígenos originados no sangue, além de importante filtro sangüíneo, enquanto os linfonodos estão envolvidos em respostas a antígenos trazidos através da linfa. Figura 5: Diagrama esquemático d.o~~ço. '., , , . . \, . A polpa branca, formada de tecido linfóide denso na bainha IInfo~ltlca penarterlolar.(onde predomina LT).AdJ~~ente a esta região se localizam os follculos linfói~es e centros ge.rm!n~tlvos (onde predomina LB). Azona marginal e rica em macrófagos, que processam antígenos e interaqern com linfócitos T Tópicos de Imunologia Básica· Ferreira & Teixeira Capítulo 3 16 4.3 - Sistema imune cutâneo A pele possui um sistema imune especializado, consistindo de linfócitos e células acessórias, que servem para otimizar a detecção dos antígenos ambientais. A pele é o maior órgão do corpo e é a principal barreira física entre o organismo e o ambiente externo. Além disso, é participante ativa da defesa do bospedeiro, com capacidade de gerare de.manter a imunidade local e as reações inflamatórias. Muitos antígenos estranhos penetram no corpo através da pele, de modo que muitas respostas imunes são iniciadas neste tecido. Células da imunidade na epiderme As células de Langerhans, localizadas na porção suprabasal da epiderrne, são; células dendríticas imaturas do sistema imune cutâneo. Apesar dessas células constituirem apenas 1% das células epidérmicas, elas cobrem quase 25% da superfície, por suas longas projeções derídrftieas, formando uma rede quase contínua que as- capacitam a capturar antfgesosque·entram,através· da pele. As células de Langerhans, sob a _~~timulação de citocinas pró-inflamatórias, retraem suas projeções, perdem sua força de adesão às células epidérmicas e migram para a derme. Subseqüentemente, localizam-se nos Iinfonodos via vasos linfáticos. Os Iinfócitos intra-epidérmicos constituem apenas 2% das células da pele (o resto reside. na derme), e a maioria é -constitufda.pcrHnfócitoãT, CD~ .. Em camundogos .. (e'. em alg'uma81o't.lÚas espécies), muitos Iinfqc:i,tos intr-arepidéjl'T)iotDsque expressam um tipo raro de' receptor OE?l antígéno constitufdo de cadeias gama e delta, em vez das cadelas comuns alfa e beta (Veja ocapítulo.sobre marcadores e ativação de lihtócitos- T)~ Células da imunidade na derme A derme contém Lintócitos T e macr6fagos esparsos. As células T geralmente. expressam marcadores fenotípicos que são característicos das células T ativadas ou de memória. Não está esclarecido se essas células residem permanentemente dentro da derme ou se estão meramente em trânsito entre o sangue e os capilares linfáticos como parte da recirculação das células T de memória. 4.4 - Sistema imune das mucosas Nas superfíCies mucosas dos tratos gastrointestinal e respiratório estão presentes linfócitos e células acessórias com a finalidade de responder otimamente aos antígenos ingeridos ou inalados. Os tecidos 'linfóides associados ao intestino (GALT = gut-associated /ymphoid tissues), que incluem as to rrslías , as adenóides e o apêndi'ce cecar, além das estruturas especializadas chamadas placas de Peyer do intestino delgado, coletam antígenos das superfícies epiteliais do' trato gastrointestinal. Nas placas de Peyer, que são as estruturas mais importantes e mais orqanizadas.do.Gêl.F, o antlçeno.é capturado por células epiteliais especializadas, chamadas células multifenestradas ou células M. Os linfócitos formam um folículo consistindo em uma grande cúpula central de Iinfócitos B, cercada por números menores de linfócitos T. Agregados linfocitários semelhantes, organizados mais difusamente, protegem o epitélio respiratório, onde são conhecidos como tecido Iinfóide associado aos brônquiqs(BALT =broiiê·fílã.7~assàciated, /ymphoid tissue), e-outras .mucçsas, onde .i..são conhecidos como tepi9P; lir;J!GiGiEi)associa.d(;l:...a rnucosa (MALT= mucosel-eseocieteâ 'lympnoiti tissue). Embora notavelmente diferentes em sua aparência', dos-llníorrsdos e do baço, os tecidos lintóides associados: à. mucosa demonstram a mesma: arquitetura básica, Cada um' deles opera segundo o mesmo princípio, capturando o antígeno nos locais de infecção e apresentando-o a pequenos linfócitos migratórios, para assim, induzirem as respostas imunes adaptativas. ,r<; ~,~ 1:.' r\§ .?'; Y:'.....: f"""Y: r--~: f:~ r=«, : ~1 ,~~; @ r'<:f """";C ~I ,. '--::J: ,~( ~t , rfL:: j~ --z1 ,I~ I "'"~.~ ~~ .1 ""'-.:1 '\ 1~ 1 ""' I r-<. I,,.-.., .. : :~"'-' ;~t ::;.~ .;~- /'.. r>; 1"\ ::~~ffr r>. " .. :>. (----- r- r ,"=-~ r r r> .,". r r (1 r- '---.•.•. .. ~ r>: r' ,~?~c~ r> r>. :.. r=; r\ " .. r\ r>. f\ iif# ,.---. 0· r-. :J Tópicos de /mun%gia Básica - Ferreira & Teixeira Capítulo 4 CAPíTULO 4 ANTICORPOS 1- INTRODUÇÃO Atualmente, sabe-se. que os efeitos protetores da imunidade humoral são mediados por uma família de glicoproteínas estruturalmente afins chamadas anticorpos. Eles. são produzidos pelos linfócitos B (LB{" podendo ser secretado ou ficar ligado à membrana celular. Sob a forma ligada à membrana, funcionam como receptores destas células para os antígenos. A interação do antígeno com os anticorpos na membrana dos LB constitui a fase cognitiva da imunidade humoral. Os anticorpos secretados por LB e pelos plasmócitos (células diferenciadas delinfócitos B através de estirnulação' antigênica, que não possuem anticorpos na membrana. celular) podem se ligar a antígenos de membrana ou antíqenos solúveis' e desencadeiam. importantes. funções efetoras do-sistema- . imune. Através de técnicas de separação de plasma ou de glicoproteínas do soro, como a eletroforese (separação por migração num campo elétrico), Elvin Kabat e colaboradores demonstraram que a maioria- dcs-anticorpos é encontrada no terceiro grupo de globulinas de..rniqração mais lenta, denominada gflmagiobulina .•Um outro nome comum para anticorpo é imunoglobulina (Ig)', referindo-se às globulinas do plama que conferem imunidade. Embora os anticorpos tenham sido isolados ppla primeira vez da porção líquida do sangue, eles são na realidade encontrados e;l'!il' várias localizações anatõmicas. distintas: - Os antlcorpos estãopresentes no interior dos compartimentos citoplasmáticos, ligados à membrana (retículo endoplasmático e aparelho de Golgi) e na superfície de Iinfócitos B, que são as únicas células que apresentam moléculas de anticorpo na membrana. - Os anticorpos estão presentes no plasma (porção líquida) do sangue e, em menor escala, no líquido intersticial dos tecidos, onde se acumula o anticorpo secreta do dos linfócitos B e plasmócitos. .~ - Os anticorpos estão presentes na superfície de certas células efetoras imunes, como os fagócitos mononucleares, os linfócitos matadores naturais (NK) e os mastócitos, que não sintetizam anticorpos, mas têm receptores específicos para ligação a moléculas de anticorpo. - Os' anticorpos estão presentes nas secreções, como o muco e o leite, para as quais certos tipos de moléculas de anticorpo são especificamente transportados . 2 - ESTRUTURA BÁSICA DE UM ANTICORPO Há mais de 1 x 107, e talvez.até :109, moléculas de . anticorpos estruturalmente diferentes em todos os indivíduos, cada uma com seqüências únicas de aminoácidos em seus sítios de combinação com antígenos. Esta diversidade extraordinária de estrutura (cuja geração é explicada-no capitulo seguinte)' contcibui- para-a extraotdinásia especlficidade. dos, anticorpos. para. os antígenos, porque cada- diferença de arninoácidos pode produzir urna.dlferença.de ligação ao antígeno. As seqüências, de amínoácidos responsáveis por esta diversidade estão nos domínios aminoterminais e são chamadas regiões variáveis (V), para distingüi-Ias das regiões . constantes (C) mais conservadas no restante de' cada cadeia. . Todas as moléculas de imunoglobulinas são compostas de dois tipos diferentes de polipeptídeos. Os polipeptídeos maiores, denominados cadeias pesadas (H), são aproximadamente duas vezes maiores do que as cadeias leves (L) menores (Fig. 1). As cadeias são mantidas unidas entre si por forças não-covalentes, bem como por pontes dissulfeto (S-S). Figura 1: O anticorpo é uma glicoproteína composta por duas cadeias pesadas e duas leves, ligadas por. pontes, dissulfeto. Cada cadeia apresenta uma região variável (em laranja) e outra constante (errr azul) 17 J 11 iij! il !! I :1 il ,~ .i Tópicos de /mun%gia Básica - Ferreira & Teixeira Capítulo 4 18 As cadeias polipeptídicas pesadas e leves são compostas de domíniosglobulares dobrados, cada um com 100-110 aminoácidos e contendo uma única ligação dissulfeto intracadeia. A figo 2 mostra os domínios globulares (VH, VL, Cl, CH1, CH2, CH3). Note que.as.cadelas leves s.empre· contém dois dessesdomínios(CL e VL), enquanto as cadeias pesadas contêm quatro'(Vl-l, CH1, CH2, CH3) ou cinco deles (VH, CH1, CH2, CH3, CH4). Todas as cadeias leves e todas as cadeias pesadas que compõem uma' mesma molécula de imunoglobulina são idênticas. Entretanto, quando comparadas entre diferentes imunoglobulinas, as seqüências dessas cadeias variam amplamente. Tanto nas cadeias pesadas quanto nas cadeias leves, essa variabilidade é mais. pronunciada no domínio N'terminal, enquanto as.seqüências dos outros domínios permanecem relativamente constantes. Por este motivo, o domínio N-terminal numa cadeia polipeptídica pesada ou leve é denominado região variável, abreviada para VH ou Vl, respectivamente. Os outros domínios são coletivamente denorninados.de-reqlão. constante, sendo abreviados para CH ou Cl, enquanto as regiões CH de cadeias pesadas são constituídas por 3 ou mais domínios, indicados seqüencialmente por números (CH1, CH2 etc). Dentro de uma unidade de imunoglobulina, as cadeias pesadas e leves exibem um arranjo paralelo, conforme ilustrado na Fig. 2. Cada domínio Pbntes~disswlfeto\ . COOH (fJ I. (fJ COOH~(fJ~~(fJr-l(fJr.~(fJ,J'~~--~ VV Fc VH está diretamente localizado ao lado de um domínio Vl, e esse par de domínios forma um sítio de ligação dos antígenos. Conseqüentemente cada unidade básica de quatro cadeias contém dois sítios de ligação para antígenos separadamente, porém idênticos" sendoportanto, considerada bivalente quanto à.liqaçãc deantígenos. A especificidade antiqênica de determinada proteína é condicionada pelas seqüências combinadas de seus domínios VH e Vl e, por este motivo, varia amplamente entre as imunoglo·bulinas. Cada domínio CH1 interage estreitamente com domínio Cl e, na maioria das imunoglobulinas, os dois domínios estão ligados por pontes dissulfeto. Note na Fig. 2 uma região chamada de dobradiça situada entre os domínios CH1 eCH2~ Na maioria das imunoglobulinas, essa região possui uma estrutura secundária frouxa que a torna flexível, permitindo que os dois braços se movam de forma relativamente livre um em relação ao outro. A molécula de anticorpo pode ser subdividida em porções Fc e Fab, onde a Fc é constituída dos dornlnloseconstaetes-Obl-lvCltíêe ..CH3 (e também CH4 para anticorpos IgM e IgE), sendo esta porção responsável pela atividade biológica de cada classe ou subclasse de anticorpos. A porção Fab é constituída dos domínios VH - CH1 e Vl - Cl, (Fig. 2), sendo nesta porção que acontece a ligação com os antígenos, contendo o chamado sítio combinatório para o antígeno . - Sítio ..combinatório NH2 para;-o,antíg~FI~ '. NH2. Figura 2: Estrutura básica de uma molécula de anticorpo. A região Fab (fragmento de ligação ao antígeno) está localizada no dominio N-terminal entre as cadeias leves e pesadas. Este domínio contém o domínio chamado variável (VH= domínio variável da cadeia pesada; VL= domínio variável da cadeia leve) porque há uma grande variabilidade entre os anticorpos nesta área, a qual se liga os antígenos. A porção Fc do anticorpo é limitada em sua variabilidade e é responsável pela atividade biológica do anticorpo . :~,,'o~~ ~l ~-o- '~" ,~--_ .. '-""1 ~'I ;:..,-.iT~ "...;1. AI, ..) AI .:.:) ÁT;: AJ~ ~( ':'J ( A' .C r-«: .: í,' I"'""'\j r "'! h.. ! i J Ao! ~c.\ -' f. .• ' f'. ('\ r=. r>: .. - r> r>. r> n "r-' f'. r", @i ~~~~~ í' r>. f\ r\ ('-. r=; ", -<; r>. r>: '" n ®r---, r'< •. n ..., (\ r>; .j r-. r=-; r-- <, ,~ »< " f (\ I I r=; r-. (-.., ® :;~§i .. ~~i Tópicos de /muno/agia Básica - Ferreira & Teixeira Capítulo 4 3 - CLASSIFICAÇÃO DOS ANTICORPOS Apesar da grande semelhança entre os diferentes tipos ou classes de anticorpos, as classes e sub-classes de anticorpos podem ser divididas com base em diferentes características físico- químicas, como tamanho, carga e solubilidade, e também dependendo de suas características funcionais. No homem, as classes de anticorpos são chamadas IgM; IgD, IgG, IgE e IgA. Os isótipos de IgA e IgG podem ser ainda subdivididos em subclasses ou subtipos intimamente relacionados chamados IgA1, IgA2, e IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4, respectivamente. As cadeias pesadas são designadas pela letra do alfabeto grego: IgA 1 contém a cadeia pesada 01; IgA2, 02; IgD, o; IgE, E; IgG1, y1; IgG2, y2; IgG3, y3; IgG4, y4; IgM, ~. Cada cadeia pesada possui 4 ou 5 domínios, por exemplo, a IgG; IgDe IgA consistem de três domínios constantes, CH1, CH2 e CH3 e um domínio variável, VH, enquanto que a IgMe a IgE possuem quatro domínios constantes, CH1, CH2, CH3 e CH4 e um domínio variável, VH. As regiões compartilhadas de seqüências de aminoácidos das cadeias pesadas constantes são responsáveis pelas propriedades biológicas comuns dos anticorpos. Portanto, 19M (pentâmero) \ "'< ';;'J~~, ""e ',~,,:~:. Pontes dissulfeto diferentes funções efetoras dos anticorpos são mediadas por distintos isótipos e/ou subclasses. As cadeias leves dos anticorpos podem ser de dois tipos Kappa (K) ou lambda (A). Cada cadeia leve, seja K ou A, é enovelada e separada em domínios V e C, correspondentes às metades aminoterminal e carboxiterminaldo polipeptídeo, respectivamente. Cada domínio tem aproximadamente 110-- aminoácidos de comprimento, sendo também uma característica dos domínios das cadeias pesadas.'* Os anticorpos da classe IgM sempre se apresentam no soro sob a forma de pentâmero, ou seja, cinco monômeros de IgM unidas por uma peça J. As IgAs presentes nas secreções sempre se apresentam na forma de dímero unidas por uma peça J e juntamente com o chamado componente secreto r, que é adquirido no momento em que as moléculas de IgA atravessam as células epiteliais e se dirigem para as mucosas (Fig.3). A cadeia J é uma pequena proteína ácida de peso molecular de 15000 O e, do ponto de vista estrutural, não está relacionada com as cadeias pesadas e leves, mas é sintetizada por todos os plasmócitos que secretam imunoglobulinas poliméricas. IgA (dímero) ,." ..; t ,. -,~ r:"'-"lJ,.s: . Cadeia J ~Componente Secretor Figura 3: Estruturaesquemática das imunoglobulinasIgMpentâmeroe IgAdímero.A IgMe a IgAapresentama cadeiaJ, que é produzidopela plasmócito.A IgAapresentao componente secretor,produzidopelacélulaepitelial 19 i-;.. !'Q.. '" J'O S ;f Q.. ~ :li! :1. :li! :li! ~. ~ jl!! " .u'< ::1" 'io~ i1 " ; ,00 i i•. "~o IQ.."~~3· I 11 3 IIc:"~ I: ': ·1 j: I Tópicos de /muno/agia Básica - Ferreira & Teixeira Capítulo 4 20 4 - DIGESTÃO PROTEOLíTICA DE IMUNOGLOBULlNA POR PAPAíNA E PEPSINA Para conhecer as funções desempenhadas por cada porção (Fab, Fc) que forma a molécula de imunoglobulina, foi necessária a descoberta e a utilização de enzimas proteolíticas. Os cientistas conseguiram clivar rnoléculastqô na porção da dobradiça em dois fragmentos distintos. Um desses fragmentos (VL-CLNHl.CH1) retém-acapacidade de ligar-se a antígenos, uma função da região variável e é, portanto, chamada Fab (fragmento de ligação ao antígeno - "fragment of antigen-bindingIT). O outro fragmento (CH2-CH3/CH2-CH3) tem uma propensão à auto-associação e para cristalizar-se na forma de uma treliça e é de chamado Fc (fragmento cristalizável). Muitas funções efetoras das Ig são mediadas por este fragmento. Quando utiliza-se uma enzima que cliva a molécula de Ig antes das pontes dissulfídicas que ligam ,as duas cadeias pesadas, como no caso, a PAPAINA, consegue-se duas porções Fab separadas e uma Fc intacta, no entanto se utilizarmos a enzima PEPSINA, que irá clivar a molécula de Ig na porção abaixo da ligação das pontes dissulfídicas, resultará em uma porção chamada de (Fab'jz, composta de dois sítios combinatórios (dois Fab) e a outra porção que seria resultante da Fc, mas que se desintegra pela digestão enzimática com a pepsina. Cadeia H clivage 3 Tn! compapa, FtJb'. v-,:: ,'- '; j ~ ' c \-! '", s Fc \ Clivagem ~m pepsina • • Digestão do Fc••1;1 ••. . . - - .. Figura 4: A molécula de imunoglobulina pode ser clivada por digestão parcial com proteases. A papaína cliva a mo~écula de anticorpo em três partes: dois fragmentos Fab e um fragmento Fc. O Fab é responsável pela liqação ao antíqeno. O Fc é cristalizável e contêm porções C (CH2 e CH3). A pepsina cliva a imunoglobulina, produzindo um fragmento F(ab')2. e digere em muitos pedaços o fragmento Fc A}J ;;,E ~{ ,~c ,,-I, A;0- í...-«: rÁ/ "j~ -»:...0 f . ;. A~ '':-,:- 'Ajf~:~ 1:{--.: ~._- J-l~.: ~~; B..~"') J ~,j J~J .~- ) >~ ) <)., - ) .~ -; ! "1 V'" I ;~) J ~h~) ~~À.,) ~).~ij j~~ Tópicos de /mun%gia Básica - Ferreira & Teixeira Capítulo 4 21 5 - ASPECTOS ESTRUTURAIS DOS ANTíGENOS Em geral, as macromoléculas são muito maiores do que a região de ligação ao antígeno de uma molécula de anticorpo. Portanto, um anticorpo liga-se apenas a uma porção específica da macromolécula, chamada determinante antigênico ou epítopo. As macromoléculas contêm múltiplos determinantes, cada um dos quais, por definição, pode ser ligado por um anticorpo. Em alguns casos, os determinantes são espacialmente bem separados e duas moléculas individuais de anticorpo podem ligar-se à mesma molécula de antígeno, de forma independente, sem se influenciarem. As macromoléculas denominadas de antígenos como, proteínas, ácidos nucléicos e carboidratos complexos podem ter estruturas internamente repetitivas, formando mais que um determinante idêntico por molécula. Existem alguns fatores que podem influenciar na imunogenicidade das moléculas que funcionam como antígenos, como por exemplo, peso, tamanho, tipo, fôrma de administração e" também fatores relacionados ao' .próprio indivíduo, .corno idade,. saúde; 'estado nutricional e stress. Um antígeno pode ser definido como qualquer substância que pode ser especificamente ligada em uma molécula de anticorpo. Quase todos . os tipos de moléculas biológicas, inclusive metabólitos intermediários simples, açúcares, lipídeos, hormônios, bem como macromoléculas, como os carboidratos complexos, fosfolipídeos, ácidos nucléicos e proteínas podem servir como antígenos. No entanto, somente as macromoléculas podem iniciar a ativação de linfócitos necessária para uma resposta com anticorpos. As moléculas que geram respostas imunes são chamadas imunógenos.Quando o antígeno é uma molécula muito pequena, este pode ser também denominado de hapteno, que é caracterizado como sendo um tipo de antígeno que apesar de conseguir se ligar aos receptores dos linfócitos T não apresentam a capacidade de ativá-Ios Quando se quer gerar anticorpos específicos contra pequenas moléculas, os imunologistas inserem estas pequenas moléculas em macromoléculas antes da imunização. Neste sistema, a pequena molécula é chamada de hapteno e a macromoléculáde protefna-carreadera- Este complexo, ao contrário do hapteno livre pode agir como um imunógeno. 1, I I l I i i· I i' ! ~, ~@ltfi ~- ~~~)r> <, r> r>. '- r>: r=; ... r> 6 - FUNÇÕES EFETORAS DOS ANTICORPOS A principal função efetora de um anticorpo é linfócito B. Entretanto, a forma secretória, desencadeada pela ligação ao antígeno. Uma vez encontrada no plasma, termina com uma seqüência ligado ao antígeno, podem advir diterentes . contendo resíduos- de amin<:ráçido..s:JhidrqfiIQs.Qs . conseqüências, dependendo da-astrutura, dato anticorpos secretados decadeía-pesaoar c, Ó e I.l localização anatêrnicaie-do isótipo d:O.;8JJ;IticoOfP:lD..~Os, possuem seqüências nãe~gJo:b.u;l~H:es"adicionais .• tópicos a seguir consieerarn os' vários- efeitos- estendidas no lado carboxiterminal d@último domínio .biológicos da ligação do antígeno ao anticorpo. CH. Estas extensões são chamadas peças caudais. Nas moléculas de IgM e de IgA, as peças caudais contribuem para" as interações intermoleculares que resultam na formação de moléculas de Ig multiméricas. Especificamente, a IgM forma um pentâmero e a IgA pode formar dímeros. IgM e IgA multiméricas também contêm um polipeptídeo adicional de 15 KD, chamado cadeia de junção (J), ligada por pontes de dissulfeto às peças caudais, estabilizando o multímero. r>. .. f\ '-- r>.'-, ~~~S\ 6.1 - Receptol' para. antígeno dosllnféeltes- B'0@ r> A especificidãde e o reconhecimento antigênico são proporcion,ados pelos tipos de anticorpos que são expressos na superfície dos linfócitos B. Os linfócitos B imaturos podem expressar l'gM; linf'dcitos B maduros- sem estimulação prévia podem expressar IgM elgD; e, linfócitos B de memória previamente estimulados podem expressar qualquer lsótipo ou subtipo d'e imunoglobulina. As imunoglobulinas de membrana diferem estruturalmente da Ig secretada do mesmo isótipo, sendo que a forma de membrana contém uma seqüência hidrofóbica de aproximadamente 26 aminoácidos perto do terminal carboxílico. Esta seqüência se estende a toda região hidrófoba da membrana plasmática de dupla camada Iipídica, e os aminoácidos extremos do terminal carboxi localizam-se no citoplasma, sendo isto
Compartilhar