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PROCESSO PENAL I PLANO DE AULA 02

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FACULDADE DOM ALBERTO 
 CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
 DISCIPLINA DE PROCESSO PENAL – I – PLANO DE AULA – 02 
 PROF. CLEBER PRADO 
 
 1 
 
 
DA AÇÃO PENAL PRIVADA: CONCEITO E 
TITULARIDADE PROCESSUAL PARA O AJUIZAMENTO 
 
 
A) Problema: No dia 22 de março de 2014, às dez horas e trinta minutos, no município de 
Caçambinhas, Godofredo estava na fila do caixa, no Supermercado Aurora, quando seu desafeto, 
Apolinário Ortis, postou-se na fila onde o mesmo estava. Na sequência passou a proferir, em voz 
alta, ofensas contra Godofredo, chamando-o de ladrão, uma vez que o mesmo teria sido 
secretário da saúde no governo municipal, na última gestão administrativa. Apolinário continuava 
a proferir tais ofensas, todas no sentido de rotulá-lo como ladrão, e que não era atoa que tinha um 
carro importado, pois ladrão consegue comprar qualquer coisa. Várias pessoas ouviram as 
ofensas dirigidas por Apolinário. Godofredo, estando totalmente humilhado perante as pessoas 
que ali estavam, e, sem saber o que fazer, deixou as compras no mercado mesmo, e saiu 
imediatamente do referido comércio, totalmente constrangido perante os presentes, dirigindo-se 
para o seu escritório. Godofredo chega a seu escritório de advocacia, e narra o acontecido, e 
contrata seus serviços jurídicos para ajuizar uma ação penal contra o Apolinário. Tendo em vista 
o fato narrado, que espécie de ação penal o caso está a remeter? Qual providência 
processual será necessária para o ingresso judicial da ação penal que o caso comporta? 
 
Micro Problema: Quais critérios são determinantes para se estabelecer o conceito e as 
características processuais da ação penal privada? 
 
 
B) CONHECIMENTO: 
 
CONCEITO DE AÇÃO PENAL PRIVADA: segundo Fernando Capez, Ação Penal 
Privada é aquela “(...) em que o Estado, titular exclusivo do direito de punir, transfere a 
legitimidade para a propositura da ação penal à vítima ou a seu representante legal.” (CAPEZ, 
2014, p. 186). Para o referido autor: 
(...) a distinção básica que se faz entre ação penal privada e ação penal 
pública reside na legitimidade ativa. Nesta, a tem o órgão do Ministério 
Público, com exclusividade (CF, art. 129, inciso I); naquela, o ofendido ou 
quem por ele de direito. Mesmo na ação penal privada, o Estado continua 
sendo o único titular do direito de punir e, portanto, da pretensão punitiva. 
Apenas, por razões de política criminal é que ele outorga ao particular o 
direito de ação. Trata-se, portanto, de legitimação extraordinária, ou 
substituição processual, pois o ofendido, ao exercer a queixa, defende um 
interesse alheio (do Estado na repressão dos delitos) em nome próprio. 
(CAPEZ, 2014, p. 186). 
 
FUNDAMENTO: a justificativa da existência processual da ação penal privada reside na 
necessidade de se evitar que o escândalo e o constrangimento do processo penal, provoque na 
vítima do delito um mal maior do que a impunidade do criminoso, sendo esta decorrente da não 
propositura judicial da ação penal. (CAPEZ, 2014, p. 187). 
 
31 
Eduarda
Nota
Ação penal privada, pois está descrito que deve ser através de queixa.null
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Assim, o constrangimento que o processo penal pode provocar na vítima – que deverá 
comparecer em várias audiências e oitivas, tanto na delegacia de polícia, quanto no Poder 
Judiciário, bem como ser submetida a perícia para fins de comprovação da materialidade delitiva, 
no caso de exame de corpo de delito – poderá superar o interesse particular (do ofendido) na 
punição criminal do acusado da prática do delito. 
 
Por tal razão, é que a ação penal privada está prevista para os casos em que o 
interesse do particular em relação ao delito supera o interesse estatal pela persecução 
criminal em juízo. 
 
Tal se deve porque o bem jurídico do ofendido tem cunho essencialmente particular (ex: 
crimes contra a honra), e o Estado prefere transferir o direito de acionamento da jurisdição estatal 
à vítima do delito, ou particular, sendo este o titular do direito de queixa. (CAPEZ, 2014, p. 187). 
 
A Ação Penal Privada se inicia mediante o ajuizamento de instrumento processual 
denominado de “QUEIXA-CRIME”. A queixa está para a ação penal privada assim como a 
denúncia está para a ação penal pública. (CAPEZ, 2014, p. 187). 
 
Assim, a queixa não se confunde com a notícia do crime realizada na polícia, 
popularmente, e, equivocadamente, conhecida como "queixa", mediante a lavratura de um 
Termo Circunstanciado ou de uma ocorrência policial, mediante registro em Boletim de 
Ocorrência. 
 
TITULARIDADE DO DIREITO DE EXERCÍCIO PROCESSUAL DA QUEIXA-CRIME: O 
ofendido ou seu representante legal (Código Penal, Art. 100, §2º; Código de Processo Penal, 
Art. 30). O próprio ofendido, e não o Ministério Público é quem será parte no processo, cumprindo 
todas as diligências ordenadas pelo juiz. Para tanto, é necessário que a parte esteja representada 
por advogado devidamente constituído. (CAPEZ, 2014, p. 187). 
 
Sobre tal aspecto, salienta-se que, na técnica do Código de Processo Penal, o autor da 
ação penal privada denomina-se de querelante e o acusado, querelado. 
 
Se ofendido for pessoa menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado 
mental, e não possuir representante legal, ou ainda, seus interesses processuais colidirem com os 
deste último, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado para o ato 
(CPP, Art. 33). 
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A partir dos 18 anos a queixa-crime somente poderá ser exercida pelo ofendido, pois, de 
acordo com o Art. 5º, inciso I, do novo Código Civil, com essa idade se adquire plena capacidade 
para o exercício de qualquer direito, inclusive a prática de atos processuais, sem interferência de 
curador ou de representante legal. (CAPEZ, 2014, p. 187). 
 
Em suma, é possível compreender que o ordenamento legal assim está expresso: 
a) se a vítima, de crime de ação penal privada, for menor de 18 anos, só o representante 
legal pode oferecer queixa-crime; (CAPEZ, 2014, p. 187). 
b) se maior de 18 anos, mas doente mental, idem; (CAPEZ, 2014, p. 187). 
c) quando maior de 18 anos, só o ofendido poderá fazer uso do direito de oferecer 
queixa-crime. (CAPEZ, 2014, p. 187). 
 
Convém esclarecer que, para o menor de 18 anos, o prazo decadencial para 
ajuizamento da queixa-crime não se inicia a partir do conhecimento do autor do delito, mas da 
data em que ele completar 18 anos. (CAPEZ, 2014, p. 187). 
 
Neste caso haverá dois prazos: “um para o ofendido, a partir dos 18 anos, e outro 
para o representante legal, a contar do conhecimento da autoria, nos termos da Súmula n.º 
594, do STF. Completado 18 anos, cessa imediatamente o direito de o representante legal 
ofertar a queixa, ainda que não decorrido seu prazo decadencial.” (CAPEZ, 2014, p. 187). 
 
 
 
 
 
 
 
 
A doutrina tem considerado o referido rol como sendo taxativo e preferencial, de modo que 
não pode ser ampliado para terceiros estranhos ao referido rol. (CAPEZ, 2014, p. 187). 
 
No que tange aos companheiros unidos pelo laço da união estável, tem-se que aConstituição Federal, em seu Art. 226, §3º, reconhece expressamente a união estável entre o 
homem e a mulher como entidade familiar. Assim, segundo Capez, no conceito processual legal 
 
No caso de morte do ofendido, ou de declaração de ausência, o direito de 
queixa, ou de prosseguir à acusação com o processo penal já instaurado 
judicialmente, passa a seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, 
conforme Art. 31, CPP. 
 
 
 
Eduarda
Realce
Eduarda
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de cônjuge, devem ser incluídos os companheiros, uma vez reconhecida a união estável entre os 
mesmos. (CAPEZ, 2014, p. 188). 
 
Sobre tal aspecto, segundo Capez, trata-se de mera declaração do seu conteúdo, de 
acordo com o preceito constitucional. Mencione-se que, recentemente, o Plenário do STF 
reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar (ADPF 132 – 
cf. informativo do STF, n.º 625, Brasília, 2 a 6 de maio de 2011). (CAPEZ, 2014, p. 188). 
 
Uma vez exercida a queixa-crime, pela primeira das pessoas constantes no rol do art. 
32, as demais se acham impedidas de fazê-lo, só podendo assumir a ação no caso de abandono 
pelo querelante, desde que o façam no prazo de 60 dias, observando-se a preferência do Art. 36 
do CPP, sob pena de perempção (CP, art. 60, inciso III). (CAPEZ, 2014, p. 188). 
 
As fundações, associações e sociedade empresárias, legalmente constituídas, podem 
promover a ação penal privada, devendo, entretanto, ser representadas por seus diretores, ou 
pessoas indicadas em seus estatutos (CPP, art. 37). (CAPEZ, 2014, p. 188). 
 
O Ministério Público não tem legitimidade para a propositura da ação penal 
privada, pois o Estado outorgou extraordinariamente à vítima tal função de dar início ao processo 
penal, atento ao fato de que, em determinados crimes, o constrangimento que o processo penal 
pode proporcionar à vítima pode ser mais prejudicial ao seu interesse do que a própria 
impunidade do culpado. (CAPEZ, 2014, p. 188). 
 
A AÇÃO PENAL PRIVADA é, portanto, um direito de natureza pública (direito de 
ação) que se diferencia da ação penal pública quanto ao direito de agir (processualmente), 
que no caso da ação privada, é inerente ao particular. (CAPEZ, 2014, p. 186). 
 
Ocorre, entretanto, que a titularidade do direito de ação (privada) é transferida do Estado 
ao particular. Portanto, a ação penal é pública, porém iniciada pelo particular e dirigida ao 
Estado, para que este julgue a pretensão punitiva requerida pelo autor privado (vítima da 
conduta delituosa). (CAPEZ, 2014, p. 186). 
 
 
 
 
 
Eduarda
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Eduarda
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Eduarda
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C) COMPETÊNCIAS (DCN, Art. 4º) e PERFIS (Art. 3º): 
 
Competência: (C2) Interpretação e aplicação do Direito; 
 
Perfil: (P3) Ser capaz de uma adequada argumentação, interpretação e valorização dos 
fenômenos jurídicos e sociais; 
 
 
D) REFERÊNCIA: 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
 
 
E) SOLUÇÃO: 
 
01. Na ação penal privada o Estado entrega ao particular o direito de perseguir em juízo o 
que lhe é devido (jus accusationis) em relação ao autor do fato tido como criminoso. 
Entretanto, o direito de punir (jus puniendi) lhe pertence de forma exclusiva. Assim, o 
Estado transfere apenas o direito de acusar processualmente o autor do fato, mas não, o 
direito de punir, que continua sob o controle jurisdicional do Estado, eis que o julgamento 
material e processual do querelado permanece nas mãos do Estado. (CAPEZ, Fernando. 
Curso de Processo Penal. 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 186). 
 
Assim, o Estado entrega ao particular o direito de perseguir em juízo o que 
lhe é devido (jus accusationis), porém o direito de punir (jus puniendi) ainda lhe 
pertence de forma exclusiva. Este transfere apenas o direito de acusar, mas não, 
o direito de punir, que continua sob o controle jurisdicional do Estado. (CAPEZ, 
2014, p. 186). 
 
 
 
 Fixando o conhecimento… 
 
A distinção entre ação penal pública e ação penal privada, portanto, baseia-se 
na titularidade (legitimidade) para o ajuizamento da ação, que é um elemento 
subjetivo, pois na iniciativa pública, o legitimado é o Estado-acusador (Ministério Público); 
e, na iniciativa privada, é o ofendido (ou quem tiver qualidade legal para representá-lo). 
(CAPEZ, 2014, p. 186). 
 
Por isso, a ação penal privada possui caráter público, eis que o Estado conduzirá o 
processo penal, ainda que a iniciativa processual da ação seja de âmbito privado. 
 
 
Eduarda
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Sob tais perspectivas, e, tendo em vista as afirmações relacionadas à ação penal privada, 
responda, de forma justificada, à seguinte indagação. 
 
Qual critério pode ser utilizado para diferenciar a ação penal privada da ação penal pública? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eduarda
Nota
É a titularidade da ação penal, onde, a ação penal pública é o ministério público e na ação penal privada é a vítima.
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PRINCÍPIOS INFORMADORES DA AÇÃO PENAL PRIVADA 
 
 
 
A) PROBLEMA: No dia 22 de março de 2014, às dez horas e trinta minutos, no município de 
Caçambinhas, Godofredo estava na fila do caixa, no Supermercado Aurora, quando seu desafeto, 
Apolinário Ortis, postou-se na fila onde o mesmo estava. Na sequência passou a proferir, em voz 
alta, ofensas contra Godofredo, chamando-o de ladrão, uma vez que o mesmo teria sido 
secretário da saúde no governo municipal, na última gestão administrativa. Apolinário continuava 
a proferir tais ofensas, todas no sentido de rotulá-lo como ladrão, e que não era atoa que tinha um 
carro importado, pois ladrão consegue comprar qualquer coisa. Várias pessoas ouviram as 
ofensas dirigidas por Apolinário. Godofredo, estando totalmente humilhado perante as pessoas 
que ali estavam, e, sem saber o que fazer, deixou as compras no mercado mesmo, e saiu 
imediatamente do referido comércio, totalmente constrangido perante os presentes, dirigindo-se 
para o seu escritório. Godofredo chega a seu escritório de advocacia, e narra o acontecido, e 
contrata seus serviços jurídicos para ajuizar uma ação penal contra o Apolinário. Tendo em vista 
o fato narrado, ainda que existindo as condições mínimas de admissibilidade da ação penal 
(Art. 395, CPP), caso a vítima do delito em questão, Godofredo, desista de proceder ao 
ajuizamento da ação penal correspondente, e contate seu advogado para que não mais 
processeApolinário, tal possibilidade é viável? Qual princípio da ação penal privada o caso 
está a remeter? 
 
Micro Problema: Quais são os parâmetros valorativos que forjam e informam a ação penal 
privada no Processo Penal brasileiro? 
 
B) CONHECIMENTO: 
 
PRINCÍPIOS INFORMADORES DA AÇÃO PENAL PRIVADA 
 
a) OPORTUNIDADE: cabe ao titular do direito de ação penal privada escolher agir 
processualmente ou não, propor ou não a ação penal privada, segundo sua conveniência, 
observando-se o prazo de decadencial para a propositura da queixa-crime em juízo. 
 
Assim, segundo Fernando Capez, “o ofendido tem a faculdade de propor ou não a ação 
de acordo com sua conveniência”. Para o referido autor: “(...) se a autoridade policial se deparar 
com uma situação de flagrância delito de ação privada, ela só poderá prender o agente se houver 
expressa autorização do particular (vítima) (CPP, Art. 5, §5º)”. (CAPEZ, 2014, p. 188). 
 
Devido ao referido dispositivo legal (CPP, Art. 5º, §5º), é que a autoridade policial está 
subordinada ao senso de oportunidade facultado ao legitimado processual na ação penal privada, 
para fins de instauração do inquérito policial. 
 
b) DISPONIBILIDADE: na ação penal privada, a decisão de prosseguir ou não até o final 
é do ofendido. O particular é o exclusivo titular dessa ação, porque o Estado assim o desejou, e, 
32 
Eduarda
Nota
Sim, de acordo com princípio da disponibilidade é possível desistir do processo, uma vez que a legitimidade é do ofendido para prosseguir no caso acima poderá optar pelo perdão no Art. 51 CPP
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por isso, é-lhe dada a prerrogativa de exercê-la ou não, conforme suas conveniências. 
 
Nesse contexto, conforme Capez, “(...) mesmo o fazendo, ainda lhe é possível dispor do 
conteúdo do processo até o trânsito em julgado da sentença condenatória, por meio do perdão ou 
da perempção (CPP, Arts. 51 e 60, respectivamente)”. (CAPEZ, 2014, p. 188-189). 
 
Sob tal aspecto, são revelações ou consequências de tal princípio: 
— renúncia do direito de queixa (Arts. 49 e 50, parágrafo único, do CPP) 
— prazo decadencial (não aproveitamento) Art. 38, do CPP 
— perdão — Art. 51 a 59 do CPP. 
 
c) INDIVISIBILIDADE: com expressa previsão legal no Art. 48, do CPP: a queixa contra 
qualquer dos autores do crime, obrigara o processo de todos e o Ministério Público velará pela 
sua indivisibilidade; a indivisibilidade da peça acusatória na queixa-crime veda o ajuizamento da 
referida ação penal contra os acusados de escolha do querelante (autor da ação penal). 
 
Em suma, conforme Capez, “o ofendido pode escolher entre propor ou não a ação 
penal. Não pode, porém, optar dentre os ofensores (agentes) qual irá processar. Ou 
processa todos, ou não processa nenhum”. (CAPEZ, 2014, p. 189). 
 
 
 
 
 
 
Segundo Fernando Capez, o Ministério Público não pode aditar a queixa-crime para nela 
incluir o outro ofensor, eis que estaria invadindo a legitimação processual do ofendido. Em sentido 
contrário, entendendo que o aditamento é possível, com base no Art. 46, §2º, do CPP, está 
Tourinho Filho (Processo Penal, cit. V.1, p. 383) e STJ, RSTJ, 12/153 (5ª Turma, Relator Min. 
Flaquer Scartezzini). (CAPEZ, 2014, p. 189). 
 
No caso em questão, a solução processual majoritária consistiria na rejeição judicial da 
queixa-crime pelo juiz, em face da ocorrência de renúncia tácita no tocante ao indivíduo não 
 
QUESTIONAMENTO REFLEXIVO: 
 
Diante do exposto, se, por ventura, o querelante ajuiza queixa-crime 
contra dois dos três autores do delito de ação penal privada, o que deverá o 
agente do Ministério Público fazer processualmente para velar pela 
indivisibilidade da queixa-crime, nos moldes do Art. 48, do CPP? 
 
 
 
 
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incluído na queixa-crime, pois esta causa extintiva da punibilidade se comunica aos querelados 
(Art. 49, CPP). (CAPEZ, 2014, p. 189). 
 
Convém notar a observação de Capez, que, na hipótese de não ser reconhecida a 
identidade do coautor ou partícipe do crime de ação penal privada, não será possível, 
evidentemente, a sua inclusão na queixa. Nesse caso, não se trata de renúncia tácita, com a 
consequente extinção da punibilidade de todos os demandados, porque a omissão não se deu em 
razão da vontade do querelante. 
 
Assim, tão logo se obtenha os dados identificadores necessários, o ofendido deverá 
promover o aditamento ou, então, conforme a fase do processo, apresentar outra queixa contra o 
acusado, sob pena de, agora sim, incorrer em renúncia tácita extensiva a todos os acusado no 
processo penal. (CAPEZ, 2014, p. 189). 
 
d) INTRANSCENDÊNCIA: por este princípio, a ação penal não passa da figura do 
processado, não atingindo, por isso, familiares. Assim, conforme aduz Capez, “a ação penal só 
pode ser proposta em face do autor e do partícipe da infração penal, não podendo se estender a 
quaisquer outras pessoas. Decorrência do princípio consagrado no Art. 5º, inciso XLV, da 
Constituição Federal”. (CAPEZ, 2014, p. 189). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fixando o conhecimento… 
 
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OPORTUNIDADE: cabe ao titular do direito de ação penal privada escolher agir 
processualmente ou não, propor ou não a ação penal privada, segundo sua conveniência; 
 
DISPONIBILIDADE: na ação penal privada, a decisão de prosseguir ou não até o final é 
do ofendido. 
 
INDIVISIBILIDADE: com expressa previsão legal no Art. 48, do CPP: a queixa contra 
qualquer dos autores do crime, obrigara o processo de todos e o Ministério Público velará 
pela sua indivisibilidade; a indivisibilidade da peça acusatória na queixa-crime veda o 
ajuizamento da referida ação penal contra os acusados de escolha do querelante (autor da 
ação penal). 
 
INTRANSCENDÊNCIA: a ação penal não passa da figura do processado, não atingindo, 
por isso, familiares. 
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C) COMPETÊNCIAS (DCN, Art. 4º) e PERFIS (Art. 3º): 
 
Competência: (C6) Utilização de raciocínio, de argumentação, de persuasão, de síntese, bem 
como capacidade de abstração lógica; 
 
Perfil: (P7) Ter compromisso com os valores constitucionais da ética, da justiça, da democracia, 
da cidadania, da dignidade da pessoa humana, da alteridade, da tolerância, do multiculturalismo, 
do pluralismo, da solidariedade e dos direitos humanos; 
 
 
D) REFERÊNCIA: 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
 
 
 
E) SOLUÇÃO: 
 
01. Na ação penal pública vigora o princípio da obrigatoriedade da ação penal, tendo em 
vista que o seu titular, uma vez estando presentes todas as condições da ação penal, 
deverá, obrigatoriamente, ingressar em juízo em busca de uma solução judicial à lide penal. 
Agora, no caso da ação penal privada, o princípio norteador do seu ingresso, pode ser 
devidamente caracterizado pelaopção: 
 
a) ( ) princípio da possibilidade. 
b) ( ) princípio da oportunidade. 
c) ( ) princípio da indivisibilidade. 
d) ( ) princípio da disponibilidade. 
e) ( ) princípio da indisponibilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eduarda
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PRAZOS LEGAIS DE AJUIZAMENTO PROCESSUAL DAS 
INICIAIS ACUSATÓRIAS NO PROCESSO PENAL 
 
 
 
A) PROBLEMA: Mevinho é filho de Mévio, e seu pai foi assassinado em razão de uma conduta 
típica praticada por Tício, no dia 21/09/2014, quando então ocorreu o óbito de Mévio. Após este 
fato ocorrido, a polícia civil instaurou inquérito policial para apurar o fato típico em questão. Tício 
acabou sendo indiciado por homicídio simples da vítima Mévio. O delegado de polícia representou 
pela prisão preventiva do referido indiciado, mas, no entanto, o magistrado criminal indeferiu tal 
medida, sob o argumento de que não havia fundamentos autorizadores de tal constrição à 
liberdade do indiciado Tício, que acabou permanecendo em liberdade durante o trâmite do 
referido procedimento inquisitorial. Além disso, no dia 19/10/2014, o delegado solicitou ao juiz a 
ampliação do prazo para encerramento do inquérito policial, o qual foi deferido por mais um 
período igual de tempo para conclusão das investigações, que se faziam necessárias à apuração 
do delito em tela. Com isso, o inquérito foi concluído no dia 16/11/2014, o qual foi relatado pelo 
delegado responsável pelo caso, e encaminhado ao Poder Judiciário local no dia 17/11/2014, que, 
por sua vez, encaminhou ao Ministério Público local, exatamente no dia 18/11/2014, uma vez que 
o crime imputado ao indiciado Tício tratava-se de ação penal pública. Assim, o órgão do Ministério 
Público recebeu os autos do inquérito em questão no dia 18/11/2014. Ocorre que o prazo legal de 
providências processuais cabíveis já se esgotou, e o referido órgão acusatório nada fez em 
termos de providências. Passados 30 dias do recebimento dos autos pelo Ministério Público, no 
dia 18/12/2014, portanto, Mevinho se dirigiu ao Poder Judiciário da comarca, do local fato 
criminoso ocorrido, e, chegando lá, foi-lhe dito que os autos do inquérito policial ainda estavam em 
poder do Ministério Público, e que nenhuma denúncia-crime havia sido ajuizada em relação ao 
caso da morte de seu pai. Mevinho então se dirigiu ao órgão do Ministério Público, e lá os 
funcionários da referida instituição não conseguiam localizar os autos do inquérito em questão. 
Mevinho ficou indignado, e retornou ao Poder Judiciário a fim de solicitar uma certidão com a data 
do envio dos autos do inquérito policial ao órgão do Ministério Público, e conseguiu a certidão que 
datava o envio como sendo o dia 18/11/2014, bem como a informação de que não havia qualquer 
espécie de providência processual penal relativa ao inquérito policial da morte de seu pai Mévio. 
De posse dessas certidões e informações, Mevinho procura você como advogado para verificar o 
que é possível ser feito processualmente para que Tício não fique impune em razão do fato típico 
praticado contra seu pai. Tendo em vista o fato típico e processual narrado, qual é o prazo 
legal que o Ministério Público dispõe para ingressar com a ação penal em juízo a partir do 
recebimento dos autos do inquérito policial? Fundamente: 
 
Micro Problema: Qual é o critério apto a determinar o prazo de oferecimento judicial das peças 
processuais denominadas de denúncia-crime e de queixa-crime, respectivamente? 
 
 
B) CONHECIMENTO: 
 
 
Na AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA, caso não haja previsão diversa em 
legislação específica, em regra, o prazo para oferecimento da DENÚNCIA-CRIME pelo 
Ministério Público é de cinco (05) dias (réu preso), e de quinze (15) dias (réu solto), 
conforme Art. 46, CPP, que assim determina: 
 
Art. 46, CPP: O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, 
será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público 
receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou 
33 
Eduarda
Nota
O prazo está previsto no artigo 46 do CPP que estando o réu preso terá 5 dias e 15 dias se estiver solto que o promotor de justiça tem para tomar providencias para com crimes de ação penal pública, possuindo 3 possibilidades de aumentar o preso, 1 é requerendo que volte para a polícia civil para que seja investigado afim de encontrar isa md, a 2 possibilidade é requerer o arquivamento fundamentando e a 3 é ajuizar a denúncia crime em juízo no fórum e se não tomar nenhuma das possibilidades estará inérte e violou o artigo 46 do CPP.nullJá que Tício estava solto o prazo era de 15 dias de acordo com o artigo 46 do CPP. 
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 12 
afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade 
policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério 
Público receber novamente os autos. 
 
Refere-se ainda, os parágrafos, 1º e 2º, do referido Art. 46, CPP, que assim 
expressam: 
§ 1o, Art. 46, CPP: Quando o Ministério Público dispensar o inquérito 
policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em 
que tiver recebido as peças de informações ou a representação. 
§ 2o, Art. 46, CPP: O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, 
contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, 
se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o 
que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo. 
 
Na AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO, a vítima do delito 
tem o prazo decadencial de 6 (seis) meses contados do momento em que souber a autoria do 
delito para representar contra o mesmo, conforme incidência do Art. 38, CPP. 
 
Entretanto, o autor da ação penal, que é o Ministério Público, está condicionado ao 
ajuizamento judicial nos mesmos prazos da ação penal pública incondicionada, referidos acima, 
tendo em vista que a decadência de 6 meses refere-se à iniciativa da vítima em ver o autor do fato 
delituoso ser processado penalmente. 
 
No caso da AÇÃO PENAL PRIVADA, a vítima também tem o prazo decadencial de 6 
(seis) meses para oferecer judicialmente a queixa-crime contra o autor do delito praticado. 
 
Já em se tratando de AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA, o prazo de 
6 meses para que a vítima ingresse com a queixa-crime inicia-se a partir do momento da inércia 
do Ministério Público em oferecer a denúncia-crime, conforme Art. 29, CPP. 
 
Assim, conforme o Art. 29, do CPP a ação penal privada será admitida nos crimes de 
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público inerte, aditar 
a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, 
fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do 
querelante, retomar a ação como parte principal. (CAPEZ, 2014, p. 189). 
 
Daí falar-se em Ação Penal Privada Subsidiária da Pública. Ressalte-se que a ação 
penal não perde sua natureza de pública em virtude da substituição do acusador originário. 
 
Nesta, o querelante não poderá dispor da mesma, através da renúncia ou do 
perdão. A perempção também não poderá ser verificada, ao contrário do que ocorre na 
Ação Penal Privada de iniciativa exclusiva da vítimaou seu representante legal. (CAPEZ, 
2014, p. 189). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eduarda
Realce
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 13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C) COMPETÊNCIAS (DCN, Art. 4º) e PERFIS (Art. 3º): 
 
Competência: (C1) Leitura, compreensão e elaboração de textos, atos e documentos jurídicos ou 
normativos, com a devida utilização das normas técnico-jurídicas; 
 
Perfil: (P2) Ser capaz de analisar e dominar conceitos científicos e da terminologia jurídica; 
 
 
 
D) REFERÊNCIA: 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
 
 
 
E) SOLUÇÃO: 
 
01. Themis tem 17 anos, e um dia antes de completar sua maioridade fora vítima do delito 
de estupro, praticado por Mévio, seu vizinho. Durante as investigações Mévio permaneceu 
preso preventivamente, tendo em vista que há, nos autos do inquérito policial, sérios 
indícios de autoria contra Mévio e prova da existência material do crime em questão. 
 
 Fixando o conhecimento… 
 
PRAZO DE OFERECIMENTO PROCESSUAL DAS INICIAIS ACUSATÓRIAS 
NO PROCESSO PENAL 
 
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA, caso não haja previsão diversa em 
legislação específica, em regra, o prazo para oferecimento da DENÚNCIA-CRIME 
pelo Ministério Público é de cinco (05) dias (réu preso), e de quinze (15) dias (réu 
solto), conforme Art. 46, CPP. 
 
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO, a vítima do delito 
tem o prazo decadencial de 6 (seis) meses contados do momento em que souber a 
autoria do delito para representar contra o mesmo, conforme incidência do Art. 38, CPP. 
 
AÇÃO PENAL PRIVADA a vítima também tem o prazo decadencial de 6 (seis) meses 
para oferecer judicialmente a queixa-crime contra o autor do delito praticado. 
 
AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA o prazo de 6 meses para que a 
vítima ingresse com a queixa-crime inicia-se a partir do momento da inércia do Ministério 
Público em oferecer a denúncia-crime, conforme Art. 29, CPP. 
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 14 
Diante de tal situação fática, assinale a opção que determina corretamente o prazo legal de 
oferecimento da denúncia-crime contra Mévio, em razão da prática de estupro: 
 
a) ( ) 5 dias contados da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito 
policial. 
b) ( ) 10 dias contados da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito 
policial. 
c) ( ) 15 dias contados da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito 
policial. 
d) ( ) 5 dias contados da data em que o órgão do Ministério Público receber a representação da 
vítima. 
e) ( ) 6 meses contados da data em que o órgão do Ministério Público receber a representação da 
vítima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eduarda
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 15 
 
 
ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL PRIVADA E EVENTUAL 
SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL DO PÓLO ATIVO DA 
RELAÇÃO PROCESSUAL PENAL 
 
 
A) PROBLEMA: Mevinho é filho de Mévio, e seu pai foi assassinado em razão de uma conduta 
típica praticada por Tício, no dia 21/09/2014, quando então ocorreu o óbito de Mévio. Após este 
fato ocorrido, a polícia civil instaurou inquérito policial para apurar o fato típico em questão. Tício 
acabou sendo indiciado por homicídio simples da vítima Mévio. O delegado de polícia representou 
pela prisão preventiva do referido indiciado, mas, no entanto, o magistrado criminal indeferiu tal 
medida, sob o argumento de que não havia fundamentos autorizadores de tal constrição à 
liberdade do indiciado Tício, que acabou permanecendo em liberdade durante o trâmite do 
referido procedimento inquisitorial. Além disso, no dia 19/10/2014, o delegado solicitou ao juiz a 
ampliação do prazo para encerramento do inquérito policial, o qual foi deferido por mais um 
período igual de tempo para conclusão das investigações, que se faziam necessárias à apuração 
do delito em tela. Com isso, o inquérito foi concluído no dia 16/11/2014, o qual foi relatado pelo 
delegado responsável pelo caso, e encaminhado ao Poder Judiciário local no dia 17/11/2014, que, 
por sua vez, encaminhou ao Ministério Público local, exatamente no dia 18/11/2014, uma vez que 
o crime imputado ao indiciado Tício tratava-se de ação penal pública. Assim, o órgão do Ministério 
Público recebeu os autos do inquérito em questão no dia 18/11/2014. Ocorre que o prazo legal de 
providências processuais cabíveis já se esgotou, e o referido órgão acusatório nada fez em 
termos de providências. Passados 30 dias do recebimento dos autos pelo Ministério Público, no 
dia 18/12/2014, portanto, Mevinho se dirigiu ao Poder Judiciário da comarca do fato criminoso 
ocorrido, e, chegando lá, foi-lhe dito que os autos do inquérito policial ainda estavam em poder do 
Ministério Público, e que nenhuma denúncia-crime havia sido ajuizada em relação ao caso da 
morte de seu pai. Mevinho então se dirigiu ao órgão do Ministério Público, e lá os funcionários da 
referida instituição não conseguiam localizar os autos do inquérito em questão. Mevinho ficou 
indignado, e retornou ao Poder Judiciário a fim de solicitar uma certidão com a data do envio dos 
autos do inquérito policial ao órgão do Ministério Público, e conseguiu a certidão que datava o 
envio como sendo o dia 18/11/2014, bem como a informação de que não havia qualquer espécie 
de providência processual penal relativa ao inquérito policial da morte de seu pai Mévio. De posse 
dessas certidões e informações, Mevinho procura você como advogado para verificar o que é 
possível ser feito para que Tício não fique impune em razão do fato típico praticado contra seu pai. 
Tendo em vista o fato típico e processual narrado, qual é o prazo que o Ministério Público 
dispõe para ingressar com a ação penal em juízo a partir do recebimento dos autos do 
inquérito policial? Caso este prazo não tenha sido observado pelo órgão parquet 
acusatório, e nenhuma providência processual possível tenha sido tomada, o que Mevinho 
poderá fazer para dar início processual à persecução criminal em juízo contra Tício? 
 
Micro Problema: Quais são as espécies de ação penal privada, e, sob quais parâmetros 
normativos ocorre a substituição processual no polo ativo da relação de direito processual penal? 
 
 
B) CONHECIMENTO: 
 
A inicial da ação penal privada é a queixa-crime dirigida ao juiz naturalmente 
competente para o julgamento do suposto fato típico. Entretanto, primeiramente, não se deve 
confundir queixa-crime com a delação feita à autoridade policial, ou, ao Ministério Público, nos 
termos do Art. 27, do CPP, consistente na notícia de um crime, com o fim de deflagrar a tomada 
de providências legais. 
 
Os elementos da queixa são tecnicamente os mesmos da denúncia, e cuja inobservância 
34 
Eduarda
Nota
Ação penal privada subsidiária da pública de acordo com o artigo 29 juntamente com o 38 do CPP pois, extrapolou o prazo no dia 3 de dezembro estandoo réu solto e este o prazo era de 15 dias estando no artigo 46 este prazo, e já que ficou inerte, pode-se fazer uma ação penal privada subsidiária da pública ou seja, uma queixa crime subsidiária da pública.nullPode-se entrar com a ação seis meses contados com a extrapolação do prazo onde surge a inércia do promotor.null
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 16 
acarreta certamente sua inépcia e, ipso facto sua rejeição, conforme Arts. 41 e 44 ambos do CPP. 
 
Diante disso, a ação penal de iniciativa privada possui três espécies: 
 
1. AÇÃO PENAL EXCLUSIVAMENTE PRIVADA ou propriamente dita (a ser proposta 
mediante QUEIXA-CRIME pela vítima ou seu representante legal). Pode ser proposta pelo 
ofendido, se maior de 18 anos e capaz; por seu representante legal, se o ofendido for menor de 
18 anos; ou, no caso de morte do ofendido ou em caso de declaração judicial de ausência, pelo 
seu cônjuge, ascendente, descente ou irmão (CPP, Art.31). (CAPEZ, 2014, p. 189). 
O prazo decadencial para se propor a ação tanto do ofendido como de seu 
representante, conforme prevê o Art. 38, do CPP é de 6 meses contados do conhecimento 
do autor do fato (é prazo único), porém com dois titulares alternativos. 
 
2. AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA a titularidade é atribuída única e 
exclusivamente ao ofendido, sendo o seu exercício vedado até mesmo ao seu representante 
legal, inexistindo, ainda, sucessão processual por morte ou ausência. Assim, falecendo o 
ofendido, nada há que se fazer a não ser aguardar a extinção da punibilidade do agente, uma vez 
que não poderá haver substituição processual do pólo ativo da demanda em juízo. (CAPEZ, 2014, 
p. 189). 
É, como se vê, um direito personalíssimo e intransmissível. Inaplicáveis, portanto, os 
Arts. 31 e 34 ambos do CPP. Na atual legislação brasileira há apenas um caso de ação penal 
privada personalíssima: o chamado crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de 
impedimento, previsto no Código Penal, no capítulo “dos crimes contra o casamento”, Art. 
236, parágrafo único, do referido diploma legal. 
Segundo Fernando Capez, o antigo e ultrapassado crime de adultério, atualmente 
revogado pela Lei n.º 11.106/2005, também estava sujeito a essa espécie de ação penal. 
(CAPEZ, 2014, p. 189). 
Assim, a ação penal privada personalíssima pertence somente à vítima, inexistindo 
sucessão do pólo ativo na relação de direito processual penal, mesmo diante da morte da vítima 
ou de sua ausência judicialmente decretada (situação do tipo penal constante no Art. 236, 
parágrafo único, do Código Penal). 
 
3. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA situação na qual o ofendido, 
mesmo se tratando de crimes de ação penal pública, passa a ter a titularidade subsidiária em 
face da inércia do ministério público. 
Poderá ser proposta nos crimes de ação penal pública condicionada ou 
incondicionada, quando o ministério público deixar de fazê-lo no prazo legal, em razão de 
INÉRCIA DO ÓRGÃO MINISTERIAL. (CAPEZ, 2014, p. 191). 
A referida espécie de ação penal privada é a única exceção, prevista na própria 
Constituição Federal, à regra da titularidade exclusiva do Ministério Público sobre a ação penal 
pública (CF, Arts. 5º, inciso LIX; e, Art. 129, inciso I). (CAPEZ, 2014, p. 191). 
Caso o promotor de justiça deixar de oferecer denúncia no prazo legal, não requerendo a 
homologação judicial de arquivamento do inquérito; ou, mesmo, não requisitando novas 
diligências para a polícia, poderá o ofendido propor a ação penal privada subsidiária, assim que 
escoar o prazo do referido órgão acusatório, sem que este tenha tomado qualquer providência 
processual penal. (CAPEZ, 2014, p. 191). 
Por isso, o cabimento jurisdicional da ação penal privada subsidiária somente 
ocorrerá quando houver INÉRCIA PROCESSUAL do promotor de justiça natural para o 
Eduarda
Realce
ação penal privada clássica ou propriamente dita.
Eduarda
Realce
é personalíssima nem mesmo se ela vir a falecer não tem como entrar com ação. Apenas dois delitos são possíveis:null* crime de adultério que hoje em dia não é mais crime.null*ARTIGO 236 CP contrair casamento induzindo em erro essencial o outro contraente ...null
Eduarda
Realce
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 17 
ajuizamento da ação penal, e não quando este agir, como por exemplo, mediante o 
requerimento de que sejam os autos do inquérito policial arquivados, porque não identificados 
indícios suficientes de autoria e/ou materialidade delitiva. (CAPEZ, 2014, p. 191). 
Sobre isso, existe a Súmula n.º 524, do STF, segundo a qual: “Arquivado o inquérito 
policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser 
iniciada sem novas provas”. Assim, uma vez arquivado o inquérito, somente novas provas 
poderão reavivá-lo, não sendo possível ao ofendido, por meio da ação subsidiária, pretender dar 
seguimento à persecução criminal. (CAPEZ, 2014, p. 191). 
Consigna-se que o prazo para o ministério público tomar providências processuais tem 
início quando do seu recebimento das peças do inquérito policial, e é regulado pelo Art. 46, CPP, 
que assim determina: 
 
Art. 46, CPP. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu 
preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério 
Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu 
estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do 
inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em 
que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos. 
 
Assim, será considerado inerte o promotor de justiça que, decorridos 5 dias do 
recebimento dos autos do inquérito policial, estando o réu preso, e decorridos 15 dias, com o réu 
solto, este nada fizer em termos de providências processuais possíveis. 
Diante de tais circunstâncias, aplica-se o Art. 38, do CPP, eis que, com a inércia 
ministerial configurada, inicia-se o prazo decadencial de 6 meses para a vítima, ou seus 
substitutos processuais, na forma do Art. 31, do CPP, ingressarem com a QUEIXA-CRIME 
SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA contra o réu, mesmo em se tratando de um delito de ação penal 
pública, eis que o referido instituto consiste, segundo o Art. 29, CPP, em uma ação penal privada 
subsidiária da pública. 
 
Art. 38, CPP. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu 
representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se 
não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier 
a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que 
se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O prazo decadencial, portanto, da QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA, é de 
6 (seis) meses, e seu início se dá a partir do momento em que o ministério público deixa escoar o 
prazo para oferecer a denúncia, arquivar ou devolver os autos à polícia (Art. 38, in fine do 
Código de Processo Penal). 
 
Em síntese, a ação penal privada subsidiária da pública é aquela em que o 
ofendido passa a ter a titularidade subsidiária em face da inércia do ministério público. 
Tal situação configura-se na medida em que o promotor deixa de oferecer denúncia-
crime no prazo legal, não requerendo o arquivamento do inquérito ou mesmo, não 
requisitando novas diligências para a polícia, situaçõesque possibilitam ao ofendido 
propor a ação penal privada subsidiária da pública. 
 
 
 
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 18 
 
Salienta-se que esta é a única exceção à titularidade exclusiva do acusador público 
sobre a ação penal pública. Só tem cabimento ante a inércia do Ministério Público, e, jamais 
no caso de arquivamento (conforme entendimento jurisprudencial pacífico do STF 2º T, RE 
94135, RTJ 99/452-5. 2ºT HC 59966-6 DJU 26/11/82; Pleno, HC 63.802, RTJ). 
 
Por tais aspectos processuais, conforme o Art. 29, do CPP a ação penal privada será 
admitida nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao 
Ministério Público inerte, aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em 
todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no 
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. (CAPEZ, 2014, p. 190). 
 
FAZ-SE UMA DIFERENÇA ENTRE AÇÃO PENAL DE EXCLUSIVA INICIATIVA 
PRIVADA E AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA. O primeiro caso inclui, por 
exemplo, os crimes contra a honra e os crimes contra os costumes, em que a lei prevê 
expressamente que a ação penal será privada. (CAPEZ, 2014, p. 190). 
 
O segundo caso, no entanto, constitui uma situação excepcional, que se verifica a 
partir da inércia do Ministério Público. Escoado o prazo para oferecimento de denúncia, para 
réu preso ou solto, sem qualquer atividade ministerial, haverá a possibilidade de o próprio 
ofendido propor a ação penal em hipóteses em que a ação penal seria a princípio, de origem 
processual pública. (CAPEZ, 2014, p. 190). 
 
Daí falar-se em Ação Penal Privada Subsidiária da Pública. Ressalte-se que a ação 
penal não perde sua natureza de pública em virtude da substituição. Nesta, o querelante não 
poderá dispor da mesma, através da renúncia ou do perdão. A perempção também não 
poderá ser verificada, ao contrário do que ocorre na Ação Penal Privada de iniciativa 
exclusiva da vítima ou seu representante legal. (CAPEZ, 2014, p. 190). 
 
A INÉRCIA da instituição Ministério Público se verifica apenas quando, aberta a 
vista para o referido órgão, através de seus membros, estes não denunciam, não 
requisitam quaisquer diligências e, tão pouco, pedem ao juiz o arquivamento das peças do 
inquérito policial. (CAPEZ, 2014, p. 190). 
 
Assim, o pedido de arquivamento do inquérito policial, por falta de indícios de autoria ou 
prova da materialidade do crime, não configura a inércia, não sendo possível a ação penal privada 
subsidiária da pública. (CAPEZ, 2014, p. 190). 
 
A peça inicial da ação penal privada subsidiária é QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA DA 
PÚBLICA. A relação processual terá o querelante como parte principal e o promotor como parte 
acusatória secundária. O acusado será o querelado. (CAPEZ, 2014, p. 191). 
 
No caso de negligência do querelante, o promotor de justiça retoma a ação e passa a ser 
parte principal no curso da demanda processual, ou, até que ocorra o lapso prescricional do delito 
poderá ser oferecida a convencional denúncia-crime, na ausência de diligências processuais no 
curso da queixa-crime subsidiária. Por isso, a ação continua sendo pública e regida pelos 
princípios da obrigatoriedade e indisponibilidade. (CAPEZ, 2014, p. 191). 
 
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 19 
Entretanto, no caso da ação penal privada subsidiária da pública, existem alguns 
elementos técnicos que caracterizam o referido instituto de direito processual penal, a fim de 
viabilizar o exercício postulatório da ação penal em juízo quando o titular legal da ação estiver em 
situação de inércia postulatória. 
 
Assim, conforme determina o texto constitucional, em seu Art. 5º, inciso LIX, CF: será 
admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C) COMPETÊNCIAS (DCN, Art. 4º) e PERFIS (Art. 3º): 
 
Competência: (C2) Interpretação e aplicação do Direito; 
 
Perfil: (P4) Apresentar postura reflexiva e visão crítica que fomente a capacidade e a aptidão para 
a aprendizagem; 
 
 
D) REFERÊNCIA: 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
 
 
E) SOLUÇÃO: 
 
01. Na ação penal privada subsidiária da pública, existem alguns elementos técnicos que 
caracterizam o referido instituto de direito processual penal, a fim de viabilizar o exercício 
postulatório da ação penal em juízo quando o titular legal da ação estiver em situação de 
inércia. 
 
Nesse contexto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas: 
 
 Fixando o conhecimento… 
 
ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL PRIVADA 
 
AÇÃO PENAL EXCLUSIVAMENTE PRIVADA, ou propriamente dita, (a ser proposta 
mediante queixa pela vítima ou seu representante legal). 
 
AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA a titularidade é atribuída única e 
exclusivamente ao ofendido, sendo o seu exercício vedado até mesmo ao seu 
representante legal, inexistindo, ainda, sucessão processual por morte ou ausência. 
 
AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA situação na qual o ofendido, 
mesmo se tratando de crimes de ação penal pública, passa a ter a titularidade 
subsidiária em face da inércia do ministério público, conforme Art. 29, CPP. 
 
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 20 
I – A ação penal privada subsidiária da pública não perde sua natureza pública em virtude 
da substituição do acusador originário. 
 
PORQUE 
 
II – O querelante, na ação penal privada subsidiária da pública, não poderá dispor da 
mesma, através do exercício da renúncia ou do perdão. 
 
Sobre essas duas afirmações acima é possível concluir que: 
 
a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da 
primeira. 
b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa 
correta da primeira. 
c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a asserção II é uma proposição falsa. 
d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a asserção II é uma proposição verdadeira. 
e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eduarda
Realce
Eduarda
Realce
Eduarda
Realce
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REQUISITOS FORMAIS DA DENÚNCIA-CRIME E DA QUEIXA-CRIME 
 
 
 
A) PROBLEMA: Mevinho é filho de Mévio, e seu pai foi assassinado em razão de uma conduta 
típica praticada por Tício, no dia 21/09/2014, quando então ocorreu o óbito de Mévio. Após este 
fato ocorrido, a polícia civil instaurou inquérito policial para apurar o fato típico em questão. Tício 
acabou sendo indiciado por homicídiosimples da vítima Mévio. O delegado de polícia representou 
pela prisão preventiva do referido indiciado, mas, no entanto, o magistrado criminal indeferiu tal 
medida, sob o argumento de que não havia fundamentos autorizadores de tal constrição à 
liberdade do indiciado Tício, que acabou permanecendo em liberdade durante o trâmite do 
referido procedimento inquisitorial. Além disso, no dia 19/10/2014, o delegado solicitou ao juiz a 
ampliação do prazo para encerramento do inquérito policial, o qual foi deferido por mais um 
período igual de tempo para conclusão das investigações, que se faziam necessárias à apuração 
do delito em tela. Com isso, o inquérito foi concluído no dia 16/11/2014, o qual foi relatado pelo 
delegado responsável pelo caso, e encaminhado ao Poder Judiciário local no dia 17/11/2014, que, 
por sua vez, encaminhou ao Ministério Público local, exatamente no dia 18/11/2014, uma vez que 
o crime imputado ao indiciado Tício tratava-se de ação penal pública. Assim, o órgão do Ministério 
Público recebeu os autos do inquérito em questão no dia 18/11/2014. Ocorre que o prazo legal de 
providências processuais cabíveis já se esgotou, e o referido órgão acusatório nada fez em 
termos de providências. Passados 30 dias do recebimento dos autos pelo Ministério Público, no 
dia 18/12/2014, portanto, Mevinho se dirigiu ao Poder Judiciário da comarca, do local fato 
criminoso ocorrido, e, chegando lá, foi-lhe dito que os autos do inquérito policial ainda estavam em 
poder do Ministério Público, e que nenhuma denúncia-crime havia sido ajuizada em relação ao 
caso da morte de seu pai. Mevinho então se dirigiu ao órgão do Ministério Público, e lá os 
funcionários da referida instituição não conseguiam localizar os autos do inquérito em questão. 
Mevinho ficou indignado, e retornou ao Poder Judiciário a fim de solicitar uma certidão com a data 
do envio dos autos do inquérito policial ao órgão do Ministério Público, e conseguiu a certidão que 
datava o envio como sendo o dia 18/11/2014, bem como a informação de que não havia qualquer 
espécie de providência processual penal relativa ao inquérito policial da morte de seu pai Mévio. 
De posse dessas certidões e informações, Mevinho procura você como advogado para verificar o 
que é possível ser feito processualmente para que Tício não fique impune em razão do fato típico 
praticado contra seu pai. Após consulta realizada com o advogado criminal, este aconselha 
Mevinho a ingressar processualmente com uma queixa-crime subsidiária da pública. Tendo em 
vista o fato típico e processual narrado, que requisitos formais o referido advogado deverá 
observar para que a referida peça processual seja recebida em juízo pelo magistrado 
criminal? Fundamente: 
 
Micro Problema: De que forma é possível estabelecer, respectivamente, os elementos de 
configuração e de elaboração das peças iniciais acusatórias no processo penal, denominadas de 
denúncia-crime e de queixa-crime? 
 
 
B) CONHECIMENTO: 
 
CONCEITO DE DENÚNCIA-CRIME E QUEIXA-CRIME: tais atos processuais penais 
consistem em peças de cunho e finalidade acusatória. 
Assim, as peças acusatórias devem contemplar a exposição por escrito de fatos que 
constituem, em tese, ilícito penal, com a manifestação expressa da vontade de que se aplique a 
lei penal a quem se imputa a autoria dos referidos fatos tidos como criminosos, caracterizando-se, 
com isso, indícios suficientes acerca da autoria delitiva, bem como, a necessidade de indicação 
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 22 
probatória acerca da existência material do delito, consistente na materialidade delitiva. (CAPEZ, 
2014, p. 197). 
Estes dois elementos: indícios suficientes de autoria e materialidade delitiva são, 
portanto, essenciais para o recebimento judicial das respectivas peças acusatórias, e, também, 
constituem-se na base da pretensão punitiva buscada pelo autor da demanda em juízo, 
sendo o marco inicial do caminho a ser percorrido pelo acusador criminal. (CAPEZ, 2014, p. 
197). 
Por essa razão, a DENÚNCIA-CRIME é a peça acusatória que, caso seja judicialmente 
recebida, dará início ao processo penal nos delitos de ação penal pública (incondicionada ou 
condicionada); enquanto que, a QUEIXA-CRIME é a peça acusatória inaugural na ação penal 
privada, em suas três espécies, que dará início ao processo penal nos delitos de ação penal 
privada. (CAPEZ, 2014, p. 197). 
 
REQUISITOS DA DENÚNCIA-CRIME E DA QUEIXA-CRIME: os requisitos formais das 
duas peças acusatórias estão listados no Art. 41, CPP, sendo eles: endereçamento ao juízo 
competente para proferir o processamento penal e o seu correspondente julgamento do 
fato típico e de seu possível autor; a descrição completa dos fatos, incluindo todas as 
circunstâncias fáticas atinentes ao caso concreto; a classificação jurídica dos fatos, 
referindo a adequação típica do possível autor do delito com a conduta descrita no tipo 
penal; a qualificação do denunciado; a indicação do rol de testemunhas, quando 
necessário; e, o pedido de condenação do acusado nas sanções da lei penal em que tenha 
incorrido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUEIXA-CRIME PARA OS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA. Os requisitos da 
queixa-crime para os crimes de ação penal privada estão listados no Art. 44, CPP, sendo, 
portanto, os mesmos da denúncia, acrescidos de um item de extrema importância: 
 
* PROCURAÇÃO COM PODERES ESPECIAIS (deve conter a descrição do fato 
criminoso e o nome do querelado na procuração de outorga de poderes ao advogado constituído 
para ingressar com a queixa-crime); 
 
CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA NO CÓDIGO PENAL: 
Alguns dos crimes de ação penal privada no Código Penal são os crimes contra a honra 
(Arts. 138, 139, e, 140, do Código Penal, salvo as restrições do Artigo 145, do Código Penal); 
alterações de limites, usurpação de águas e esbulho possessório quando não houver violência e a 
propriedade for privada (Arts. 161, § 1º, incisos I e II, do Código Penal). 
Pode ocorrer da vítima menor não desejar oferecer a queixa-crime, não propondo a ação 
penal privada, mas, nada impede que o faça em seu lugar o seu representante legal, mesmo 
contra sua vontade, pois o parágrafo único, do Art. 50 do CPP evidencia que deve prevalecer a 
vontade daquele que deseja levar ao conhecimento do judiciário uma ameaça ou lesão ao direito 
do menor (Art. 5º, inciso XXXV, da CF). 
 
O PEDIDO DE CONDENAÇÃO NA QUEIXA-CRIME É FUNDAMENTAL, POIS 
CONFIGURA O PROCEDIMENTO EM QUE VIGORA O PRINCÍPIO DA 
OPORTUNIDADE (Art. 60, inciso III, parte final, CPP), CAUSANDO INCLUSIVE 
PEREMPÇÃO, CASO NÃO SEJA FORMULADO TAL PEDIDO NAS ALEGAÇÕES 
FINAIS DA AÇÃO PENAL PRIVADA, PELO QUERELANTE. (CAPEZ, 2014, p. 197). 
 
 
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Assim, havendo o conflito, prevalece a vontade de quem deseja intentar ação 
penal privada, sendo denominada, doutrinariamente, de representação legal subsidiária 
Sob tais circunstâncias, para determinar qual ação penal será iniciada para determinado 
delito, deve-se recorrer à sua previsão legal no tipo penal em abstrato, na lei penal, que deverá 
expressar da seguinte forma: somente se procede mediante queixa. Desse modo, a vítima ou 
seus representantes legais estarão autorizados a intentarem a ação penal privada. (CAPEZ, 2014, 
p. 198). 
No caso da ação penal pública condicionada à representaçãoda vítima, irá constar o 
seguinte: somente se procede mediante representação. E, quando nada estiver expresso, 
presume-se tratar-se de ação penal pública incondicionada. (CAPEZ, 2014, p. 198). 
 
DIFERENÇAS CRUCIAIS ENTRE A AÇÃO PENAL PÚBLICA E 
A AÇÃO PENAL PRIVADA: 
A titularidade do direito de ingresso jurisdicional, e o princípio da obrigatoriedade, que 
está presente na ação penal pública, divergindo do princípio da oportunidade, este que vige na 
ação penal privada a cargo do ofendido ou seu representante legal. (CAPEZ, 2014, p. 198). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fixando o conhecimento… 
 
DENÚNCIA-CRIME E QUEIXA-CRIME: tais atos processuais penais consistem em 
peças de cunho e finalidade acusatória, que dão início ao processo penal em juízo. 
 
As peças acusatórias devem contemplar a exposição por escrito de fatos que constituem, 
em tese, ilícito penal, com a manifestação expressa da vontade de que se aplique a lei 
penal a quem se imputa a autoria dos referidos fatos tidos como criminosos, 
caracterizando-se, com isso, indícios suficientes acerca da autoria delitiva, bem como, a 
necessidade de indicação probatória acerca da existência material do delito, consistente 
na materialidade delitiva. 
 
REQUISITOS DA DENÚNCIA-CRIME E DA QUEIXA-CRIME: os requisitos formais das 
duas peças acusatórias estão listados no Art. 41, CPP, sendo eles: endereçamento ao 
juízo competente para proferir o processamento penal e o seu correspondente 
julgamento do fato típico e de seu possível autor; a descrição completa dos fatos, 
incluindo todas as circunstâncias fáticas atinentes ao caso concreto; a 
classificação jurídica dos fatos, referindo a adequação típica do possível autor do 
delito com a conduta descrita no tipo penal; a qualificação do denunciado; a 
indicação do rol de testemunhas, quando necessário; e, o pedido de condenação 
do acusado nas sanções da lei penal em que tenha incorrido. 
 
OBS.: ATENTAR PARA A INCIDÊNCIA DO ART. 60, inciso III, parte final, CPP = 
CAUSA DE PEREMPÇÃO DO QUERELANTE QUE DEIXA DE FORMULAR O PEDIDO 
DE CONDENAÇÃO NAS ALEGAÇÕES FINAIS. 
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C) COMPETÊNCIAS (DCN, Art. 4º) e PERFIS (Art. 3º): 
 
Competência: (C3) Pesquisa e utilização da legislação, da jurisprudência, da doutrina e de outras 
fontes do Direito; 
 
Perfil: (P2) Ser capaz de analisar e dominar conceitos científicos e da terminologia jurídica; 
 
 
 
D) REFERÊNCIA: 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
 
 
E) SOLUÇÃO: 
 
01. As iniciais acusatórias, nas ações penais, pública e privada, observam certos critérios 
legais, constantes na lei processual penal. Sob tais perspectivas, avalie a seguinte situação 
processual penal narrada. Em um processo penal, de ação penal privada, o procurador do 
querelante, nas alegações orais finais, deixa de formular o pedido de condenação do 
querelado. 
 
Diante de tal omissão do procurador do querelante, o advogado de defesa do querelado, 
deverá proceder a qual requerimento defensivo como preliminar de mérito? Fundamente 
sua resposta: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eduarda
Nota
artigo 60 inciso III CPP extinção do processo sem julgamento do mérito com o fundamento da perempção
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NÃO-RECEBIMENTO OU REJEIÇÃO DAS PEÇAS INICIAIS 
ACUSATÓRIAS NO PROCESSO PENAL 
 
 
 
A) PROBLEMA: Mevinho é filho de Mévio, e seu pai foi assassinado em razão de uma conduta 
típica praticada por Tício, no dia 21/09/2014, quando então ocorreu o óbito de Mévio. Após este 
fato ocorrido, a polícia civil instaurou inquérito policial para apurar o fato típico em questão. Tício 
acabou sendo indiciado por homicídio simples da vítima Mévio. O delegado de polícia representou 
pela prisão preventiva do referido indiciado, mas, no entanto, o magistrado criminal indeferiu tal 
medida, sob o argumento de que não havia fundamentos autorizadores de tal constrição à 
liberdade do indiciado Tício, que acabou permanecendo em liberdade durante o trâmite do 
referido procedimento inquisitorial. Além disso, no dia 19/10/2014, o delegado solicitou ao juiz a 
ampliação do prazo para encerramento do inquérito policial, o qual foi deferido por mais um 
período igual de tempo para conclusão das investigações, que se faziam necessárias à apuração 
do delito em tela. Com isso, o inquérito foi concluído no dia 16/11/2014, o qual foi relatado pelo 
delegado responsável pelo caso, e encaminhado ao Poder Judiciário local no dia 17/11/2014, que, 
por sua vez, encaminhou ao Ministério Público local, exatamente no dia 18/11/2014, uma vez que 
o crime imputado ao indiciado Tício tratava-se de ação penal pública. Assim, o órgão do Ministério 
Público recebeu os autos do inquérito em questão no dia 18/11/2014. Ocorre que o prazo legal de 
providências processuais cabíveis já se esgotou, e o referido órgão acusatório nada fez em 
termos de providências. Passados 30 dias do recebimento dos autos pelo Ministério Público, no 
dia 18/12/2014, portanto, Mevinho se dirigiu ao Poder Judiciário da comarca, do local fato 
criminoso ocorrido, e, chegando lá, foi-lhe dito que os autos do inquérito policial ainda estavam em 
poder do Ministério Público, e que nenhuma denúncia-crime havia sido ajuizada em relação ao 
caso da morte de seu pai. Mevinho então se dirigiu ao órgão do Ministério Público, e lá os 
funcionários da referida instituição não conseguiam localizar os autos do inquérito em questão. 
Mevinho ficou indignado, e retornou ao Poder Judiciário a fim de solicitar uma certidão com a data 
do envio dos autos do inquérito policial ao órgão do Ministério Público, e conseguiu a certidão que 
datava o envio como sendo o dia 18/11/2014, bem como a informação de que não havia qualquer 
espécie de providência processual penal relativa ao inquérito policial da morte de seu pai Mévio. 
De posse dessas certidões e informações, Mevinho procura você como advogado para verificar o 
que é possível ser feito processualmente para que Tício não fique impune em razão do fato típico 
praticado contra seu pai. Após consulta realizada com o advogado criminal, este aconselha 
Mevinho a ingressar processualmente com uma queixa-crime subsidiária da pública. Tendo em 
vista o fato típico e processual narrado, suponha que a queixa-crime ajuizada pelo 
advogado de Mevinho esteja destituída de indício suficiente de autoria e de materialidade 
delitiva; bem como, não contenha a exposição do fato criminoso com todas as suas 
circunstâncias em que ocorrera o evento criminoso. Sob tais perspectivas, que decisão 
judicial deverá ser expedida pelo juiz criminal ao apreciar o exame de admissibilidade da 
presente peça acusatória consistente em queixa-crime subsidiária da pública? 
Fundamente: 
 
Micro Problema: Quais os critérios conformadores do recebimento, do não-recebimento ou da 
rejeição das iniciais de denúncia-crime e de queixa-crime, respectivamente? 
 
B) CONHECIMENTO: 
 
REJEIÇÃO DA DENÚNCIA-CRIME OU QUEIXA-CRIME: são causas de rejeição da 
denúncia ou queixa-crime as descritas nos incisos constantes no Art. 395, do CPP, ante a 
revogação do artigo 43 do CPP, e, com a nova redação dada pela Lei 11719, de 20 dejunho de 
2008. 
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 26 
 
Assim, segundo o Art. 395, do Código de Processo Penal, haverá rejeição da 
denúncia ou queixa quando: 
 
INCISO I – FOR MANIFESTAMENTE INEPTA: a inépcia da denúncia ou queixa 
caracteriza-se pela ausência do preenchimento dos requisitos da inicial (Art. 41, CPP), quais 
sejam: a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do 
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando 
necessário, o rol das testemunhas. Além desses requisitos, outros são apontados pela doutrina. 
(CAPEZ, 2005, p. 200). 
 
Diante disso, é possível afirmar a inexistência de distinção entre as hipóteses de não 
recebimento da denúncia ou queixa pela falta dos requisitos constantes da inicial (inépcia) e os 
casos de rejeição da peça inicial pela ausência das condições da ação. (CAPEZ, 2005, p. 200). 
 
INCISO II – FALTAR PRESSUPOSTO PROCESSUAL: pressupostos processuais são 
os requisitos para a constituição de uma relação processual válida que, ao lado das condições da 
ação, formam os requisitos de admissibilidade do julgamento do mérito (CAPEZ, 2005, p. 58). São 
eles: 
a) quanto ao juiz: 
- investidura 
- competência (CPP, Art. 95, inciso II) 
- imparcialidade (CPP, Arts. 95, inciso I, e 112). 
 
b) quanto às partes: 
- capacidade de ser parte. 
- capacidade processual. 
- capacidade postulatória (CPP, Art. 44). 
 
c) objetivos: 
1. Extrínsecos: inexistência de fatos impeditivos (litispendência, coisa julgada (CPP, Art. 
95, inciso III e V). 
2. Intrínsecos: regularidade procedimental (CPP, Art. 24). 
 
 INCISO II – OU FALTAR CONDIÇÃO PARA O EXERCÍCIO DA AÇÃO PENAL: as 
condições da ação penal são requisitos que subordinam o exercício do direito de ação (CAPEZ, 
2005, p. 203): 
 
a) possibilidade jurídica do pedido. 
b) interesse de agir. 
c) legitimidade para agir. 
 
INCISO III – FALTAR JUSTA CAUSA PARA O EXERCÍCIO DA AÇÃO PENAL: 
consiste na ausência de qualquer elemento indiciário da existência do crime ou de sua autoria ou 
participação; bem como na ausência de materialidade delitiva, isto é, prova da existência material 
do delito (I.S.A. + M.D.). É a justa causa, que a doutrina tem enquadrado como interesse de agir, 
significando que, para ser recebida, a inicial deve vir acompanhada de um suporte probatório ou 
indiciário que demonstre a idoneidade, a verossimilhança, da acusação imputada ao acusado. 
(CAPEZ, 2010, p. 203). 
 
Da decisão judicial que rejeita ou não recebe a peça acusatória caberá o 
ajuizamento de Recurso em Sentido Estrito, conforme Art. 581, inciso I, CPP. (CAPEZ, 2014, p. 
212). 
 
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 27 
Todavia, se a decisão judicial receber a peça acusatória, em regra, não cabe qualquer 
recurso, eis que não há previsão legal para tal possibilidade. O que se maneja, em tal caso, é 
ação de habeas corpus, requerendo-se o trancamento da ação penal pela ausência concreta de 
requisitos presentes nos incisos do Art. 395, do CPP. (CAPEZ, 2014, p. 212). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C) COMPETÊNCIAS (DCN, Art. 4º) e PERFIS (Art. 3º): 
 
Competência: (C2) Interpretação e aplicação do Direito; 
 
Perfil: (P3) Ser capaz de uma adequada argumentação, interpretação e valorização dos 
fenômenos jurídicos e sociais; 
 
 
D) REFERÊNCIAS: 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2005. 
 Fixando o conhecimento… 
 
NÃO-RECEBIMENTO OU REJEIÇÃO DAS INICIAIS ACUSATÓRIAS 
NO PROCESSO PENAL 
 
REJEIÇÃO DA QUEIXA-CRIME: são causas de rejeição da denúncia ou queixa-crime as 
descritas nos incisos constantes no Art. 395, do CPP, ante a revogação do artigo 43 do 
CPP, e, com a nova redação dada pela Lei 11719, de 20 de junho de 2008. Da rejeição 
caberá apelação-crime. 
 
Segundo o Art. 395, do Código de Processo Penal, haverá rejeição da denúncia 
ou queixa quando: 
 
INCISO I – FOR MANIFESTAMENTE INÉPTA = a inépcia da denúncia ou queixa 
caracteriza-se pela ausência do preenchimento dos requisitos da inicial (Art. 41, CPP); 
 
INCISO II – FALTAR PRESSUPOSTO PROCESSUAL = requisitos para a constituição de 
uma relação processual válida que, ao lado das condições da ação, formam os requisitos de 
admissibilidade do julgamento do mérito; 
 
INCISO II – OU FALTAR CONDIÇÃO PARA O EXERCÍCIO DA AÇÃO PENAL: as 
condições da ação penal são requisitos que subordinam o exercício do direito de ação 
 
INCISO III – FALTAR JUSTA CAUSA PARA O EXERCÍCIO DA AÇÃO PENAL = consiste 
na ausência de qualquer elemento indiciário da existência do crime ou de sua autoria ou 
participação (I.S.A. + M.D.) 
 
 
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CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2010. 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 21ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
 
 
E) SOLUÇÃO: 
01. Analise as seguintes afirmações relacionas às causas legais que motivam a 
fundamentam a possibilidade de rejeição judicial da denúncia-crime e da queixa-crime. 
Desse modo, a denúncia ou a queixa será rejeitada quando: 
I – Não for inepta; 
II – Faltar justa causa para o exercício do direito de ação penal; 
III – Faltar pressuposto ou condição processual para o exercício do direito de ação penal; 
IV – Existir, nos autos, indício suficiente de autoria e materialidade delitiva; 
Estão CORRETAS apenas: 
 
a) ( ) I, III e IV. 
b) ( ) I, II e IV. 
c) ( ) I e II. 
d) ( ) I e III. 
e) ( ) II e III. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 29 
 
 
 CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNIBILIDADE NA AÇÃO PENAL PRIVADA 
 
 
 
 
A) PROBLEMA: Aos dez dias do mês de março de dois mil e quinze (10/03/2015), Mévio teria 
sido difamado por Tício, chamando-o de ladrão e de corno em frente a um grupo de pessoas que 
estavam em uma lotérica, em decorrência de desavenças do passado. Mévio pensou em constituir 
um advogado e processar Tício em face do fato ocorrido, mas desistiu depois de 15 dias, em 
razão dos custos com honorários advocatícios que tal processo penal de ação penal privada 
acarretaria. Passados dois meses e meio do fato típico de difamação ocorrido, Tício procura 
Mévio e propõe a este sociedade empresarial em um negócio que estava começando. Mévio fica 
surpreso com a proposta de Tício, mas, diante da possibilidade de rendimentos financeiros com o 
aludido negócio, acaba aceitando. Desse modo, os dois celebram um contrato social de criação 
da referida empresa no dia 10/06/2015, momento em que o empreendimento negocial tem formal 
início. Todavia, após dois meses de sociedade empresária, Mévio se dá conta de que

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