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Livro Digital - Processo do conhecimento penal topico3

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08/04/2021 Livro Digital - Processo do conhecimento penal
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/16790_processo_do_conhec_penal/unidade1.html?topico=3 1/24
TEORIA DO CONHECIMENTO PENAL
UNIDADE 1
AÇÃO PENAL
TÓPICO 3
A persecução penal é realizada através da propositura das ações penais com o �m
da melhor aplicação do ius puniendi do Estado.
As ações penais no Brasil se dividem em públicas, que são de titularidade do
Ministério Público e são iniciadas através de uma denúncia; e privadas, que são de
titularidade do ofendido, e são iniciadas por uma queixa crime.
Nesta unidade iremos estudar de maneira pormenorizada cada uma das espécies
da ação penal.
Prontos para o estudo?
A ação penal é o instrumento adequado para o Estado, buscar a comprovação da
materialidade e autoria de um delito praticado, e com isso possibilitar a aplicação
do poder punitivo do Estado àquele contra quem �cou comprovada a imputação
do cometimento do fato típico. Bon�m (2017, p. 175) sintetiza a�rmando que:
A aplicação da pena, como manifestação do poder jurisdicional do Estado, é reservada
aos órgãos aos quais seja atribuído o exercício da jurisdição. Assim, aquele que
promover a acusação, para obter a guarida à sua pretensão punitiva, será obrigado a
provocar a manifestação do órgão encarregado do exercício da jurisdição (em regra, o
Poder Judiciário). Dessa forma, o direito de ação constitui o direito (ou poder) que tem
o acusador de, dirigindo um pedido ao Poder Judiciário, provocar sua manifestação
sobre esse pedido.
Esta ação penal possui características próprias, sendo elas:
1 INTRODUÇÃO -
2 AÇÃO PENAL -
Unidade 1 - Tópico 3 
08/04/2021 Livro Digital - Processo do conhecimento penal
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/16790_processo_do_conhec_penal/unidade1.html?topico=3 2/24
a) Caráter público: é direito público porque sempre é exercido em face do Estado,
o legitimado para a aplicação da pena ao caso concreto.
b) Direito subjetivo: direito de agir para se obter a prestação jurisdicional ao caso
concreto levado a juízo.
c) Direito autônomo: poderá ser exercido mesmo sem decorrência de relação
jurídica material, com ele não se confundindo.
d) Direito abstrato: porque não depende de um provimento jurisdicional a seu
favor (uma condenação) para poder existir, o direito de ação existe mesmo que na
sentença o acusado seja absolvido.
A ação penal é composta de condições genéricas e especí�cas. As condições
genéricas são as necessárias para a propositura de qualquer ação penal, elas são a
possibilidade jurídica do pedido, a legitimidade para agir, o interesse de agir.
Para que exista a possibilidade jurídica do pedido, o fato descrito na peça
acusatória tem que ser tipi�cado na legislação penal e a ele tem que ser prevista a
aplicação de uma sanção. Renato Brasileiro Lima (2017, p. 205) elenca um rol de
pedidos juridicamente impossíveis elencados pela doutrina:
a) oferecimento de denúncia e/ou queixa com a imputação de conduta atípica;
b) peça acusatória oferecida a despeito da presença de um fato impeditivo do exercício
da ação (v.g., ausência de decisão �nal do procedimento administrativo de lançamento
nos crimes materiais contra a ordem tributária);
c) peça acusatória oferecida sem o implemento de condição especí�ca da ação penal
(v.g., ausência da representação do ofendido);
d) denúncia oferecida em face do menor de 18 (dezoito) anos, a ele imputando a
prática de crime e, por isso, requerendo a imposição de pena privativa de liberdade,
contrariando, assim, o quanto disposto na Constituição Federal, que prevê que são
penalmente inimputáveis os menores de 18 (dezoito) anos (CF, art. 228).
A legitimidade para agir nada mais é do que o respeito à legitimidade ativa e
passiva para a causa. Assim, se a ação penal for pública, terá legitimidade para a
causa o Ministério Público, e se ela for privada, terá legitimidade para a causa o
ofendido, seu representante legal ou o curador especial. E será legitimado para
�gurar como acusado no processo penal aquele contra quem houver indícios de
autoria do fato delituoso.
O interesse de agir, para a doutrina majoritária, é composto de quatro elementos:
a) Necessidade de agir – é presumida no direito processual penal, uma vez que não
haverá outra alternativa para a aplicação do ius puniendi do Estado.
b) Adequação – diz respeito ao pedido da ação e a sanção prevista para o fato
tipi�cado na lei. Será adequando o procedimento judicial se o requerido na ação
seja o previsto no dispositivo tipi�cado que enquadra o fato delituoso praticado.
c) Utilidade do provimento requerido – o provimento jurisdicional requerido tem
que ser possível e útil, porque se houver qualquer causa que impeça a aplicação
do provimento jurisdicional, não há porque intentar com a ação penal. Por
Unidade 1 - Tópico 3 
08/04/2021 Livro Digital - Processo do conhecimento penal
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/16790_processo_do_conhec_penal/unidade1.html?topico=3 3/24
exemplo, no caso de uma causa prescrita faltará utilidade para a propositura
daquela ação penal.
d) Justa causa – é a condição da ação que exige que, para que uma causa seja
aceita, é necessária a comprovação da prova da materialidade (que o delito
efetivamente ocorreu) e pelo menos indícios de autoria (para que a peça crime
acusatória possa ser intentada contra alguém especí�co).
O STJ é unânime na necessidade da apresentação da justa causa para o regular
prosseguimento do feito:
[...] 1. Conforme precedentes, não se faz necessária a descrição da conduta detalhada
de cada um dos denunciados em crimes de autoria coletiva. 2. Cabível é o trancamento
de ação penal por falta de justa causa em razão da ausência de indícios de autoria. 2.1.
No caso concreto, há indícios de autoria apontados na denúncia, devendo ser afastado
o trancamento da ação penal por falta de justa causa, notadamente para que seja
realizada a competente instrução criminal. 3. A absolvição em processo administrativo
não acarreta o trancamento da ação penal, em razão da independência das instâncias.
4. Agravo regimental desprovido.  (STJ, QUINTA TURMA, Relator Ministro JOEL ILAN
PACIORNIK, AgRg nos EDcl no REsp 1601394 / RJ, Data do Julgamento 21/02/2019, Data
da Publicação/Fonte DJe 06/03/2019. Disponível em: https://bit.ly/33w70vv Acesso em:
23 mar. 2019) (grifo nosso).
 Além destas condições genéricas da ação penal, existem as condições especí�cas
para o processamento de determinadas ações, mas que não são exigidas para
todas. São conhecidas como condições de procedibilidade. São a representação do
ofendido ou de seu representante legal, requisição do Ministro da Justiça e o
ingresso do agente no território nacional, em crimes praticados fora do território
nacional.
As condições representação do ofendido ou de seu representante legal, requisição
do Ministro da Justiça serão oportunamente estudadas quando estudarmos a ação
penal pública condicionada.
A ação penal pública é a regra dentro do processo penal brasileiro (art. 100, CP), é
aquela em que o titular da ação é o Ministério Público, sendo dele a titularidade
para a propositura da ação penal quando entender estar comprovada a
materialidade e haver indícios su�cientes da autoria. Isto porque, nestes casos,
entende-se que o delito atinge não apenas a vítima direta do crime – quando há –
como também toda a coletividade.
Note que nestes casos, retira-se da esfera de decisão do ofendido se ele deseja ou
não ver processado o autor da infração penal, sendo que se comprovada a
materialidade e havendo indícios de autoria, o Ministério Público deverá propor a
ação penal.
3 AÇÃO PENAL PÚBLICA -
Unidade 1 - Tópico 3 
https://bit.ly/33w70vv
08/04/2021 Livro Digital - Processo do conhecimento penal
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/16790_processo_do_conhec_penal/unidade1.html?topico=3 4/24
O processo judicialiforme era aquele que podia ser iniciado por iniciativa da
autoridade policial. Hoje entende-se que essa possibilidade não foi
recepcionada pela Constituição Federal.
Nas açõespenais públicas, o processo terá início com o oferecimento da denúncia,
que é o nome dado à peça que inicia o procedimento criminal.
A ação penal pública se subdivide em três espécies:
a) Ação penal pública incondicionada.
b) Ação penal pública condicionada a representação do ofendido ou seu
representante legal ou à requisição do Ministro da Justiça.
c) Ação penal pública subsidiária da pública.
A ação penal pública é regida por uma série de princípios especiais. São eles:
a) Princípio da indisponibilidade: embora o Ministério Público seja o titular da ação
penal, a ele não é dado a discricionariedade de desistir da ação penal em nenhum
momento de seu processamento. A partir do oferecimento da denúncia o membro
do MP deve levá-la até a sentença. (perceba que mesmo no caso de delação
premiada, a ação deverá ir até o seu deslinde, sendo que o benefício será aplicado
através da sentença penal). (Art. 42, CPP.  O Ministério Público não poderá desistir
da ação penal).
b) Princípio da obrigatoriedade: sendo comprovada a materialidade e havendo
indícios de autoria o Ministério Público DEVERÁ oferecer a denúncia. Não há que
se falar aqui em se fazer um juízo de oportunidade e conveniência, porque ao
membro do MP não se fala em discricionariedade. A Lei nº 9.099, ao tratar da
transação, trouxe uma disponibilidade temperada quando se tratar de crime de
menor potencial ofensivo.
c) Princípio da intranscendência: a ação penal não pode ultrapassar a pessoa do
acusado.
d) Princípio da divisibilidade: há discussão doutrinária sobre a aplicação ou não
deste princípio em sede de ação penal pública. Mas o STJ já se manifestou no
sentido de que o Ministério Público, como titular da ação penal, poderá apresentar
denúncia contra um ou mais envolvidos no crime, e não apresentar em relação a
outro em que ainda esteja sendo efetivada a investigação penal. Neste caso, o
Ministério Público poderá aditar posteriormente a denúncia para incluir este outro
acusado. O que é unânime é que o Ministério Público não pode escolher contra
quem oferecer denúncia, havendo provas su�cientes, deve a denúncia ser
oferecida contra todos os indiciados.
e) Princípio da o�cialidade: determina que a ação penal pública deve ser proposta
por um órgão o�cial do Estado, seja ele o Ministério Público da União ou dos
3.1 PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA  -
Unidade 1 - Tópico 3 
08/04/2021 Livro Digital - Processo do conhecimento penal
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Estados membros.
Em   sede   de   ação penal pública vigora o princípio da divisibilidade, sendo
admissível que o processo seja desmembrado em tantos quantos forem os
réus, não sendo exigível que a persecução penal ocorra por meio de uma
única ação. Assim, havendo uma ação penal pública em face de um
determinado réu, sempre será possível que o Ministério Público ajuíze outra
ação pelo mesmo fato em face de outro acusado, a qualquer tempo. (STJ,
AgRg no REsp 1465912 / RS 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL2014/0167840-3, T6 -
SEXTATURMA, Ministra  
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data do Julgamento 08/02/2018, Data da
Publicação/Fonte DJe 19/02/2018. Disponível em: <https://bit.ly/3iobFpk>.
Acesso em: 23 mar. 2019.
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA
A ação penal pública incondicionada é a regra no ordenamento jurídico brasileiro.
Se for de qualquer outra modalidade, deverá ser expressamente mencionada na
legislação com a expressão “somente se procede mediante queixa”, se privada, e
“somente se procede mediante representação”, se pública condicionada à
representação.
A titularidade exclusiva é do Ministério Público, que entendendo existir prova da
materialidade e indícios de autoria deve apresentar a denúncia para possibilitar o
processamento do fato criminoso.
Mas qual é o prazo para a propositura da ação?
O artigo 46 do CPP determina que:
O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado
da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e
de 15 dias, se o réu estiver solto ou a�ançado. No último caso, se houver devolução do
inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do
Ministério Público receber novamente os autos.
Porém esse prazo é considerado um prazo impróprio, sendo mera indicação para
o Ministério Público, sendo que se descumpri-lo o membro do Ministério Público
poderá ser responsabilizado se o excesso do prazo for por desídia.
Mas a ação penal poderá ser intentada até seu prazo prescricional. A consequência
mais direta da perda do prazo de oferecimento da denúncia se dá para o réu preso
que deverá ser colocado em liberdade por causa do entendimento que se não
existe fundamento ainda para a propositura da ação, também não existe para a
manutenção da prisão.
Unidade 1 - Tópico 3 
https://bit.ly/3iobFpk
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm#art16
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A ação penal será pública condicionada quando, embora a titularidade da
propositura da ação seja do Ministério Público, existe uma condição especí�ca de
procedibilidade para essa propositura que é a representação do ofendido ou
requisição do Ministro da Justiça.
LEMBRE-SEA regra é que os crimes sejam processados através de ação penal
pública incondicionada. Assim, se for condicionada haverá menção expressa
no tipo penal ou ao �nal do capítulo do Código Penal.
Os crimes previstos para processamento através de ação penal pública
condicionada são aqueles em que o legislador entendeu que por qualquer motivo
a vítima poderia optar por não ver processado o crime, sendo que, esse motivo de
foro íntimo não precisa ser revelado para o juiz. Apenas, neste caso, o ofendido ou
seu representante deixa de dar ao Ministério Público a sua representação. Neste
caso, a vítima deverá realizar um juízo de oportunidade e conveniência para
deliberar se deseja ou não o processamento do feito.
Por causa disso se diz que em relação a essa espécie de ação vigora o princípio da
oportunidade ou da conveniência.
Para apresentar a representação não se exige formalidade excessiva alguma,
bastando que o ofendido ou seu representante a�rme o desejo do processamento
perante a autoridade policial em fase do inquérito policial, por exemplo.
Art. 39, CPP:  O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente
ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou
oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
A procuração pode ser oferecida pelo ofendido ou por seu representante legal,
que pode ser seu cônjuge (leia-se aqui também o companheiro, ascendente,
descendente ou irmão. O menor de 18 anos, o incapaz, que não tenham
representante legal ou que os interesses sejam colidentes devem ter para si
nomeados um curador especial que irá averiguar a conveniência e oportunidade
de oferecer a representação.
O prazo para o oferecimento da representação é decadencial e esse direito deve
ser exercido em seis meses do conhecimento da autoria do crime.
3.2 AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO
OFENDIDO OU REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA 
-
Unidade 1 - Tópico 3 
08/04/2021 Livro Digital - Processo do conhecimento penal
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Art. 38, CPP.  Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante
legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do
prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime,
ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da
denúncia.
Com a representação signi�ca o direito de dispor da ação, o ofendido ou seu
representante legal pode concluir que perdeu o interesse em ver aquele feito
prosseguido.Assim, antes de oferecida a denúncia pelo Ministério Público, pode
ser exercido o direito de retratação, em que o ofendido ou seu representante legal
retiram a autorização para o procedimento daquele feito.
Mas preste atenção, na regra geral, esse direito só pode ser exercido até o
OFERECIMENTO da denúncia. (Regra geral, porque existem exceções como é o
caso da lei Maria da Penha que prevê que essa retratação pode ser exercida até o
recebimento da denúncia (artigo 24, CP).
A representação é a autorização para o processamento de um determinado fato
criminoso, por isso, se for oferecida contra um indiciado, o Ministério Público
poderá oferecer denúncia contra todos aqueles que forem descobertos como
autores do fato delituoso.
Feita a representação contra apenas um dos coautores ou partícipes de determinado
fato delituoso, esta se estende aos demais agentes, autorizando o Ministério Público a
oferecer denúncia em relação a todos os coautores e partícipes envolvidos na prática
desse crime (princípio da obrigatoriedade). É o que se chama de e�cácia objetiva da
representação. Funcionando a representação como manifestação do interesse da
vítima na persecução penal dos autores do delito, o Ministério Público poderá agir em
relação a todos eles. Isso, no entanto, não permite que o Ministério Público ofereça
denúncia em relação a outros fatos delituosos (LIMA, 2016, p. 256).
Um exemplo de crime processado mediante ação penal pública
condicionada à representação é o crime do artigo 130 do Código Penal,
Perigo de contágio venéreo (Expor alguém, por meio de relações sexuais ou
qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve
saber que está contaminado). Neste caso, cabe ao ofendido fazer um juízo
de valor para saber se deseja o processamento ou não do feito, uma vez que
o crime atinge sua esfera privada de uma forma bastante intensa.
Sobre a Requisição do Ministro da Justiça é importante entendermos que sua
necessidade também tem que estar expressamente prevista em lei. Hoje temos
dois casos previstos no Código Penal em que são necessárias a requisição do
Ministro da Justiça para o seu processamento, um previsto no artigo 7º, §3º, CP,
que trata dos crimes cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, e o
art. 141, I, cumulado com o artigo 145, § único do CP, que trata dos crimes contra a
honra cometidos contra o Presidente da República ou chefe de governo
estrangeiro.
Unidade 1 - Tópico 3 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm#art29
08/04/2021 Livro Digital - Processo do conhecimento penal
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/16790_processo_do_conhec_penal/unidade1.html?topico=3 8/24
A existência da ação penal pública subsidiária da pública não é ponto pací�co na
doutrina, porém, existe sua previsão expressa na legislação penal esparsa e por
isso não podemos deixar de mencioná-la aqui. A ação penal pública subsidiária da
pública é aquele que é intentada por um órgão público na inércia de outro órgão
público. 
A titularidade da ação penal continuará sendo de um órgão público, mas
deixará de ser de seu órgão originário por causa de sua inércia e será
exercida por outro órgão público.
4 AÇÃO PENAL PRIVADA
A ação penal, como já dito, em regra, é pública, porque o Estado tem a titularidade
da ação penal para assegurar o bom exercício do Ius Puniendi. Porém, existem
alguns casos em que o legislador assegura à parte ofendida a legitimidade para a
propositura da ação penal, seja porque entende que o ofendido deve exercer uma
análise da oportunidade e conveniência para a propositura daquela ação, seja
porque lhe garante o direito de agir quando o órgão o�cial se mostrar inerte.
Quando o crime �zer parte destas exceções, a lei expressamente deverá
mencioná-lo informando que “somente se processa mediante queixa”.
Nestes casos, a titularidade da ação penal passa do órgão o�cial (Ministério
Público) para o particular, seja o ofendido, seu representante legal ou o curador
especial nomeado para este �m, e a ação passará a ser chamada de ação penal
privada. Brasileiro Lima (2016, p. 260) esclarece que:
Os fundamentos que levam o legislador a dispor que determinado delito depende de
queixa-crime do ofendido ou de seu representante legal são: a) há certos crimes que
afetam imediatamente o interesse da vítima e mediatamente o interesse geral; b) a
depender do caso concreto, é possível que o escândalo causado pela instauração do
processo criminal cause maiores danos à vítima que a própria impunidade do
criminoso – é o que se chama de escândalo do processo (strepitus judiei i); c)
geralmente, em tais crimes, a produção da prova depende quase que exclusivamente
da colaboração do ofendido, daí por que o Estado, apesar de continuar sendo o
detentor do jus puniendi, concede ao ofendido ou ao seu representante legal a
titularidade da ação penal.
3.3  AÇÃO PENAL PÚBLICA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA -
ESTE TIPO DE AÇÃO VEM PREVISTO, NO ARTIGO 2º, § 2º, DO
DECRETO-LEI Nº 201/67, QUE TRATA DOS CRIMES DE
RESPONSABILIDADE DE PREFEITOS. A LEI PREVÊ A
POSSIBILIDADE DE O PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA
APRESENTAR A DENÚNCIA NO CASO DE INÉRCIA DO
PROCURADOR GERAL DE JUSTIÇA.  
-
Unidade 1 - Tópico 3 
08/04/2021 Livro Digital - Processo do conhecimento penal
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/16790_processo_do_conhec_penal/unidade1.html?topico=3 9/24
Para os crimes de ação penal privada pode operar efeitos o instituto da
decadência, que é a perda do direito de agir. Assim, o oferecimento da queixa deve
respeitar o prazo de seis meses do conhecimento da autoria do delito, sob pena de
encontrar-se extinto para o ofendido o seu direito de queixa. 
Uma parte da doutrina critica essa nomenclatura porque a ação continuará sendo
pública, o que será privado é a titularidade para a propositura da ação, mas
convencionou-se essa terminologia que é utilizada pelos tribunais e pela parte
majoritária da doutrina.
Neste caso, a ação será proposta por um advogado constituído, que deverá juntar
aos autos a procuração com poderes especiais para a propositura da ação.
1. A interpretação dada ao art. 44 do Código de Processo Penal, pelo
Superior Tribunal de Justiça, é no sentido de se exigir que a procuração
outorgada – com o escopo especí�co que ofertar queixa-crime –
contenha, pelo menos, a indicação do respectivo dispositivo penal, não
sendo necessária a narrativa minuciosa da conduta delitiva.
2. No caso dos autos, a procuração sequer contém a indicação do
dispositivo penal em que foi dada como incursa a recorrente, de modo
que o reconhecimento da irregularidade é medida que se impõe.
3. Sendo de ação penal privada a actio penalis na espécie, operou-se a
decadência do direito do ofendido a oferecer queixa-crime, em
conformidade com o disposto no art. 38 do Código de Processo Penal,
pois a irregularidade não foi sanada no prazo de seis meses. [...] (STJ, T6
- SEXTA TURMA, Relator Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, RHC 44287 /
RJ, RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS 2014/0006688-4, Data do
Julgamento 11/11/2014, Data da Publicação/Fonte: DJe 01/12/2014.
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. AMEAÇA E
EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES. QUEIXA-CRIME.
PROCURAÇÃO. ART. 44 DO CPP. DESCUMPRIMENTO. REGULARIZAÇÃO NO
PRAZO DECADENCIAL. ART. 38 DO CPP. NÃO OCORRÊNCIA. INCOMPETÊNCIA.
ANÁLISE PREJUDICADA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. NULIDADE DO
PROCESSO. RECURSO PROVIDO.
FONTE: <https://bit.ly/32oymnQ>. Acesso em: 23 mar. 2019.
A ação penal pública se subdivide em três espécies:
a) Ação penal exclusivamente privada.
b) Ação penal privada personalíssima.
c) Ação penal privada subsidiária da pública.
Unidade 1 - Tópico 3 
https://bit.ly/32oymnQ
08/04/2021 Livro Digital - Processo do conhecimento penal
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Vamos analisá-las em separado, começamos agora.
Tal qual na ação penal pública, na ação penal privada também existe princípio
especí�co para norteara sua aplicação:
a) princípio da disponibilidade – para o particular vigora o princípio da
disponibilidade, sendo que cabe a ele, ofendido, determinar se a ação deverá ou
não ser proposta após uma análise de oportunidade e conveniência. Ele poderá
deixar de exercer seu direito por diversas maneiras, pode ser pela sua inércia,
gerando a decadência do seu direito de ação; seja pela renúncia expressa, quando
declara que não tem interesse no processamento do feito; ou ainda, poderá,
depois de intentada abandonar a causa (este princípio da disponibilidade não se
aplica à ação penal privada subsidiária da pública).
b) Princípio da oportunidade – mesmo sendo comprovada a materialidade e
havendo indícios de autoria o particular poderá deixar de oferecer sua queixa
crime se entender que não o deseja fazer.
c) Princípio da intranscendência – a ação penal não pode ultrapassar a pessoa do
acusado.
d) Princípio da indivisibilidade – para a ação penal privada aplica-se o princípio da
indivisibilidade, sendo que se o ofendido desejar o processamento do fato
criminoso, deverá fazê-lo contra todos aqueles os quais houver indícios de autoria,
não podendo utilizar de nenhum critério de discricionariedade. Entende-se que o
perdão concedido a um dos autores, a todos produzirá efeitos. (Art. 49, CPP.  A
renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime,
a todos se estenderá.)
É a regra quando falamos de ação penal privada. É aquele em que a titularidade da
ação já nasce, desde o princípio, apenas para o ofendido, seu representante legal
ou o curador especial.
Nestes casos, o Ministério Público não possui a legitimidade para a propositura da
ação, mesmo que haja provas da materialidade e da autoria, cabendo aos
legitimados exercerem a iniciativa com a análise da oportunidade e conveniência.
Também chamada de ação penal privada propriamente dita, ou principal, possui
esse nome para diferenciá-la das demais modalidades de ação penal privada
Exemplo de ação penal privada que já nasce privada são os crimes contra a
honra. Quando alguém é caluniado, cabe a este o processamento do feito
através da queixa crime.
4.1 PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA -
4.2  AÇÃO PENAL PRIVADA (EXCLUSIVAMENTE PRIVADA) -
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A ação penal privada personalíssima somente pode ser exercida pelo ofendido,
não podendo, nem no caso de sua morte, ser exercida pelo seu representante
legal. Assim, em o ofendido vindo a falecer, com ele se extingue o direito de ação,
não sendo cabível a sucessão processual.
Hoje, o único caso previsto no Código Penal que prevê a ação penal privada
personalíssima é o artigo 236 que tipi�ca o crime de induzimento a erro essencial
e ocultação de impedimento.
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro
contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e
não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença
que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento (BRASIL, 1940).
(grifo nosso)
A ação penal privada subsidiária da pública é a que ocorre quando a ação penal
nasce pública e por inércia do órgão ministerial surge o direito do ofendido em
intentar a ação penal privada substituindo o legitimado originário.
Preste atenção: João é vítima de um crime de roubo, e na fase de inquérito policial
�ca comprovada a materialidade e indícios de autoria do crime por José. O
inquérito policial depois de �nalizado é remetido à juízo e por sua vez
encaminhado para o Ministério Público. Contudo, por causa da grande carga de
trabalho, mesmo decorrido o prazo para o oferecimento da denúncia, o Ministério
Público permanece inerte, ou seja, nada faz. No momento que termina o prazo de
15 dias (lembre do já mencionado artigo 46, CPP) nasce para João o direito de
oferecer queixa crime.
Porém, note que o surgimento deste direito do ofendido intentar com a ação penal
não subtrai do órgão ministerial o direito dele intentar com a ação penal pública.
Assim, pelo prazo de seis meses haverá titularidade concorrente para a
propositura da ação penal. No exemplo trabalhado acima, João e o Ministério
Público poderão, qualquer um deles, intentar ação penal contra José pelo crime de
roubo.
4.3 AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA -
4.4  AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA -
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O direito de propor a ação penal privada subsidiária da pública irá subsistir
como direito de propor a ação penal pública no mesmo lapso temporal.
O prazo para a propositura da ação penal privada subsidiária da pública é de 6
meses do momento do término do prazo para o órgão o�cial oferecer a denúncia.
Após esse prazo, o direito de ação decai para o ofendido, mas permanece para o
órgão ministerial até o prazo prescricional.
Outra questão importante é que o direito de ação somente nascerá se o Ministério
Público permanecer inerte, ou seja, se ele nada �zer em relação aquele caso
concreto. Se o órgão ministerial requerer a devolução dos autos à delegacia, o
arquivamento do inquérito policial, nestes casos, embora ele não tenha oferecido
a denúncia ele não se quedou inerte, ele tomou uma providência permitida por lei
diversa da propositura da ação penal. Nestas hipóteses, não há que se falar em
ação penal privada subsidiária da pública.
Preste atenção no acórdão de um julgado do STJ que trata especi�camente sobre
esta matéria mencionando o arquivamento implícito:
CRIMINAL. HC. HOMICÍDIO CULPOSO. INTERVENÇÃO CIRÚRGICA QUE
RESULTOU NA MORTE DE JOVEM DE 18 ANOS. DENÚNCIA QUE INCLUIU
ALGUNS DOS INDICIADOS E EXCLUIU OUTROS. ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO.
OFERECIMENTO DE AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA.
IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA EVIDENCIADA DE PLANO.
VIABILIDADE DO WRIT. ORDEM CONCEDIDA. Hipótese que trata de ação
penal privada subsidiária da pública, iniciada por queixa oferecida em função
de o Ministério Público, em crime de homicídio culposo, ter deixado de
apresentar denúncia contra alguns dos indiciados, ofertando-a contra os
demais. Evidenciada a ocorrência de arquivamento implícito, eis que o
Ministério Público não teria promovido a denúncia contra os pacientes por
entender que não havia prova da prática de delito pelos mesmos, impede-se
a propositura de ação penal privada subsidiária da pública. (STJ HC 21074 / RJ 
HABEAS CORPUS 2002/0025422-7, T5 - QUINTA TURMA, Relator Ministro
GILSON DIPP, Data do Julgamento 13/05/2003, Data da Publicação/Fonte DJ
23/06/2003 p. 396, RSTJ vol. 175 p. 473. Disponível em:
<https://bit.ly/2DXLrLk>. Acesso em: 23 mar. 2019) (grifo nosso).
Perceba, contudo, que o Ministério Público continuará participando da ação penal
privada subsidiária da pública, não como autor, mas como �scal da aplicação da
lei, porém, o artigo 29 do CPP garante ao órgão ministerial alguns direitos relativos
à titularidade da ação:
a) Poderá aditar a queixa.
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b) Repudiar a queixa e oferecer outra denúncia para substituí-la.
c) Intervir no processo em relação à confecção de provas.
d) Interpor recurso.
e) A qualquer tempo retomar a ação como parte principal em havendo desídia por
parte do autor.
Art. 29, CPP.  Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta
não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a
queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os
termos do processo, fornecer elementos deprova, interpor recurso e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte
principal (BRASIL, 1940).
Da mesma maneira que ao Ministério Público não é dado o direito de análise de
oportunidade e conveniência, sendo a ele aplicado o princípio da obrigatoriedade
do oferecimento da denúncia em relação aos crimes em que restar provada a
materialidade e houver indícios de autoria, em relação à ação penal privada
subsidiária da pública também não é cabível o oferecimento de perdão ou
renúncia. Nucci (2016) assevera que:
Na ação penal privada subsidiária da pública é inadmissível a ocorrência do perdão
ofertado pelo querelante. Conforme art. 105 do Código Penal, somente cabe perdão
nas ações exclusivamente privadas. Se o �zer, demonstra sua indisposição a conduzir a
ação penal, devendo o Ministério Público retomar o seu lugar como parte principal.
Lembrando-se dos conceitos estudados em direito penal, você se recorda do
que é decadência imprópria?
Para �nalizar o estudo da ação penal privada, faz-se necessário recordar alguns
institutos do direito penal, previstos no Artigo 107 do Código Penal, sendo eles a
decadência, a renúncia, o perdão do ofendido e a perempção.
É a perda do direito de ação, aplicável tanto a ação penal privada – inclusive para a
ação penal privada subsidiária da pública – quanto para a representação.
4.5 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ESPECÍFICA PARA A AÇÃO PENAL
PRIVADA 
-
4.5.1 Decadência -
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Ela se consolida como decurso de seis meses do conhecimento da autoria do fato
(no caso da ação penal privada subsidiária da pública é com o decurso do tempo
de 6 meses após o término do prazo do MP para o oferecimento da denúncia, e se
este se manter inerte).
Trata-se de prazo fatal e improrrogável, isto é, se o seu término se der em um
sábado, a ação somente até ele pode ser intenta, não se prorrogando o prazo para
o próximo dia útil.
Mesmo o protocolo da ação em juízo incompetente interrompe a decadência,
assim já decidiu o STJ:
1. Havendo dados seguros de que a queixa-crime foi intentada dentro do prazo
legal, e inexistindo quaisquer elementos concretos que afastem a conclusão de
que a ação penal privada foi ajuizada pela Defensoria Pública antes da
consumação do prazo decadencial, não se pode falar em extinção da
punibilidade do recorrente.
2. Mesmo que a queixa-crime tenha sido apresentada perante Juízo incompetente,
o certo é que o seu simples ajuizamento é su�ciente para obstar a decadência,
interrompendo a sua Doutrina. Precedentes do STJ e do STF.
3. Recurso desprovido. (STJ, QUINTA TURMA, Relator Ministro JORGE MUSSI, RHC
25611 / RJ, RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS, 2009/0039988-5, Data do
Julgamento 09/08/2011, Data da Publicação/Fonte DJe 25/08/2011.
HABEAS CORPUS. INJÚRIA RACIAL (ARTIGO 140, § 3º, DO CÓDIGO PENAL). ALEGADA
DECADÊNCIA. AÇÃO PENAL PROPOSTA PELA DEFENSORIA PÚBLICA DENTRO DO PRAZO
LEGAL. IRRELEVÂNCIA DO AJUIZAMENTO DA QUEIXA-CRIME PERANTE JUÍZO
INCOMPETENTE. INTERRUPÇÃO DO PRAZO DECADENCIAL PELO SIMPLES PROTOCOLO
DA PETIÇÃO INICIAL. DESPROVIMENTO DO RECURSO.
FONTE: <https://bit.ly/3itHRHR>. Acesso em: 23 mar. 2019.
É o meio pelo qual alguém, ao exercer a análise da conveniência e oportunidade
de propor a ação penal privada, abdica do seu direito. Este ato é voluntário e
unilateral, ou seja, não depende de aceitação por parte do réu.
Podemos falar de denúncia apenas para as ações exclusivamente privada e para
as ações privadas personalíssimas, uma vez que na ação penal privada subsidiária
da pública, mesmo que o ofendido abdique de seu direito, o Ministério Público
permanece como titular da ação penal devendo intentá-la antes da prescrição.
Ela pode ser de duas espécies, expressa ou tácita. Será expressa quando alguém
expressamente, pode ser por declaração assinada ou nos próprios autos do
inquérito policial declina do seu direito de ação. Será tácita quando o ofendido
tomar uma atitude incompatível com a propositura da ação, por exemplo, convidar
o indiciado para um cruzeiro. Esta renúncia tácita pode ser provada por qualquer
meio de prova admitido em direito.
Lembre-se de que o artigo 49 prevê que a renúncia oferecida a um dos coautores,
a todos aproveita, e deve ser oferecida até a propositura da ação.
4.5.2 Renúncia -
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O perdão do ofendido é concedido durante o curso do processo penal. O ofendido
que, por qualquer causa, resolver perdoar o acusado, poderá fazê-lo, porém
apenas na hipótese das ações exclusivamente privada e para as ações privadas
personalíssimas. Se a ação penal for privada subsidiária da pública, em o ofendido
oferecendo seu perdão, a titularidade retorna para o Ministério Público que deverá
dar continuidade na ação penal. 
O perdão judicial poderá ser concedido quando “as consequências da
infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal
se torne desnecessária”, como é o caso do artigo 121, §5º, CP, e nada tem a
ver com o perdão do ofendido.
Se a renúncia é ato voluntário e unilateral, o perdão, ao contrário é ato voluntário,
mas é bilateral. Ou seja, tem que ser aceito pelo acusado, que poderá negá-lo por
qualquer motivo, seja porque deseja provar sua inocência, seja por qualquer outra
causa.
O perdão concedido a um dos acusados, a todos aproveita, assim, se o ofendido
oferecer o perdão no decorrer da ação penal privada para um dos réus, todos
serão arguidos para veri�car a aceitação deste instituto.
O perdão é um instituto que deve ser oferecido dentro do processo, se for antes
da propositura da ação, fala-se em renúncia, se no decorrer do processo até a
sentença, fala-se em perdão.
É a perda do direito de ação (de prosseguir na ação) pela negligência do autor da
ação. Novamente somente pode ser reconhecido em relação das ações
exclusivamente privada e para as ações privadas personalíssimas. Se a ação penal
for privada subsidiária da pública nestes casos, a titularidade retorna para o
Ministério Público que deverá continuar na condução da ação até seu trânsito em
julgado, esse é o entendimento esposado pelo STJ:
Encontra-se em consonância com o entendimento esposado por essa Corte Superior
de Justiça o acórdão a quo, na medida em que se revela inaplicável a perempção em
ação penal de iniciativa pública. A aplicação do instituto é restrita às hipóteses de ação
penal exclusivamente privada e de ação penal privada personalíssima, não abrangendo
nem as hipóteses de ação penal subsidiária da pública – que poderá se proceder
também mediante denúncia. (STJ, QUINTA TURMA, Relator Ministro RIBEIRO DANTAS,
AgRg nos EDcl no REsp 1492636 / SP, Data do Julgamento: 19/06/2018, Data da
Publicação/Fonte: DJe 28/06/2018. Disponível em:
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?
componente=ATC&sequencial=84836625&num_registro=201402878260&data=20180628&tipo=5&forma
Acesso em: 23 mar. 2019.
4.5.3 Perdão do ofendido -
4.5.4 Perempção -
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O artigo 60 do CPP arrola quatro hipóteses em que serão reconhecidas a
perempção:
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á
perempta a ação penal:
I- quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo
durante 30 dias seguidos;
II- quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer
em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer
das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III- quando o querelante deixar de comparecer,sem motivo justi�cado, a qualquer ato
do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação
nas alegações �nais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor
(BRASIL, 1941).
A peça inaugural da ação penal é chamada denúncia nos casos em que ela for de
ação penal pública em que seu titular é o Ministério Público.
Nos casos de ação penal privada em que a peça inaugural for oferecida pelo
ofendido ou seu representante legal, ela se chamará de queixa crime.
Os requisitos de ambas são os mesmos e estão previstos no artigo 41 do Código
de Processo Penal.
Art. 41, CPP.  A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com
todas as suas circunstâncias, a quali�cação do acusado ou esclarecimentos pelos
quais se possa identi�cá-lo, a classi�cação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas (BRASIL, 1941).
No caso da queixa crime, além destes requisitos formais, a exordial deverá vir
acompanhada de uma procuração com poderes especiais, conforme o previsto no
artigo 44, CPP.
A petição inicial poderá ser rejeitada quando for manifestamente inepta, faltar
pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal, ou faltar justa
causa para o exercício da ação penal (art. 395, CPP). 
Da decisão que recebe a queixa, em regra não cabe recurso; porém como falamos
na possibilidade da restrição da liberdade de locomoção do réu, é possível a
impetração de um Habeas Corpus, porém, nele não se pode requerer a análise do
mérito.
Em relação à decisão que rejeitar a denúncia ou a queixa, em regra, caberá recurso
em sentido estrito, conforme o artigo 581, I, do CPP, na Lei nº 9.099, a previsão é
do recurso de apelação para esse caso.
Quando for interposto um recurso da rejeição da denúncia ou da queixa, é
obrigatória a intimação do acusado para se manifestar neste recurso sob pena de
5 DENÚNCIA E QUEIXA CRIME -
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm#art36
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nulidade.
Súmula 707, STF
Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer
contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo
a nomeação de defensor dativo. Disponível em:<https://bit.ly/3ivrqe9>.
Acesso em: 23 mar. 2019.
Em algumas hipóteses especí�cas pode ocorrer a necessidade de um aditamento
da petição inicial, por exemplo, para sanar omissões constantes da denúncia ou da
queixa, e ele pode ser feito somente até a sentença. Esta possibilidade está
prevista no artigo 569, CPP (“As omissões da denúncia ou da queixa, da
representação, ou, nos processos das contravenções penais, da portaria ou do
auto de prisão em �agrante, poderão ser supridas a todo o tempo, antes da
sentença �nal”) (BRASIL, 1941). Temos que ter em mente que o acusado se
defende do fato narrado, e esse aditamento não pode servir para incluir fatos
novos dos quais a ele não foi dado direito de defesa. Neste caso devemos utilizar
as regras do artigo 384 do CPP, conhecido pelo nome de mutatio libelli:
1º Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento,
aplica-se o art. 28 deste Código.
2º Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido
o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará
dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de
testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e
julgamento.
3º Aplicam-se as disposições dos §§ 1º e 2º do art. 383ao caput deste
artigo.
4º Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três)
testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, �cando o juiz, na sentença,
adstrito aos termos do aditamento.
5º Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá (BRASIL, 1941).
Art. 384.  Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova
de�nição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de
elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o
Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco)
dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de
ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.
Unidade 1 - Tópico 3 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm#art383
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Assim, deverá a peça exordial ser aditada para a inclusão do novo fato delituoso,
mas tem que se preservar o direito de defesa do réu acerca desta nova narrativa,
dando-lhe o direito de defesa para ser exercido no prazo de cinco dias. Também é
facultado as partes o arrolamento de três testemunhas para serem ouvidas pelo
juízo.
A CULTURA INQUISITÓRIA MANTIDA PELA ATRIBUIÇÃO
DE ESCOPOS METAJURÍDICOS AO PROCESSO PENAL
Leonardo Augusto Marinho Marques
José de Assis Santiago Neto
RESUMO: A adoção de um modelo não inquisitorial passa pela construção de uma
teoria do processo condizente com o Estado Democrático de Direito. Assim, a
adoção teórica de modelos que retirem o julgador de uma posição de
superioridade para colocá-lo em plano de igualdade em relação aos demais
sujeitos é imprescindível. A revisão da teoria da relação jurídica, principalmente de
sua vertente instrumental, que atribui ao processo escopos metajurídicos, no
processo penal dá ao julgador funções que não devem lhe pertencer e o
transformam em verdadeiro justiceiro em desconformidade com o processo
democrático e aproximando o processo do modelo inquisitório.
PALAVRAS-CHAVE: Devido Processo Legal; Estado Democrático de Direito; Processo
Penal Democrático.
 Introdução
Direito e Poder sempre andaram juntos, normalmente sendo este representado
por aquele. Ronaldo Brêtas de Carvalho Dias assinala que “o poder é a energia da
ideia de direito, a força que tende a se introduzir no ordenamento jurídico positivo
e que rege a vida das pessoas em sociedade”. Contudo, consoante lição de José
Alfredo de Oliveira Baracho, lembrando Montesquieu, o poder é uma experiência
permanente e todo homem que possui poder é impulsionado a abusar do mesmo,
assim, o poder para que não tenda ao arbítrio necessita ser contido pelo Direito.
Nesse contexto, “a construção democrática do Estado assenta-se no exercício
responsável do poder, para proteger os direitos dos governados”. No Processo
Penal esse fenômeno é vislumbrado de forma ainda mais clara, eis que o processo
penal traz consigo a força máxima do poder do Estado sendo exercida contra o
indivíduo, o poder de punir através da restrição daquilo que o indivíduo tem de
mais precioso, seu tempo de vida, sua liberdade.
Ao longo de sua história o processo penal viveu fases pendulares, oscilando entre
momentos de maior liberdade e maior repressão, ora prevalecendo ideias de
segurança social e e�ciência repressiva, ora sobressaindo ideias de maior proteção
ao acusado e preservação de suas garantias. Em cada uma dessas fases o sistema
processual penal adotado sempre foi a máxima representação do momento vivido,
LEITURA COMPLEMENTAR-
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sendo que em épocas em que o sistema assegurou maior liberdade foram
adotados sistemas de partes, já em épocas de menor liberdade o sistema
inquisitório prevaleceu.
Assim sendo, a adoção de um modelo inquisitório, vigente na Europa do século XI
ao século XIX, fez com que o processo penal restasse concentrado nas mãos da
�gura do inquisidor. Nesse contexto, Oskar von Bülow ao escrever sua clássica
obra Teoria das Exceções Processuais e Dilações Probatórias buscou resgatar o
processo como ato entre juiz autor e réu, na forma desenvolvida por Búlgarono
século XII, originando a teoria da relação jurídica, que concebeu o processo como
instrumento da jurisdição. Contudo, ao manter o processo como instrumento da
jurisdição, a referida teoria acabou mantendo o juiz no centro da relação
processual e, consequentemente, mantendo acesa a chama da inquisição no
Processo Penal.
Por sua vez, Cândido Rangel Dinamarco, ao adotar a teoria da relação jurídica,
lançou mão da teoria instrumentalista do processo ao a�rmar que o processo teria
escopos metajurídicos a serem perseguidos pelo julgador.
Dessa forma, procuramos no presente texto desvelar o caráter inquisitório da
teoria da relação jurídica, objetivando a construção de um Processo Penal de
partes onde a decisão não seja obra exclusiva do julgador, mas construção
comparticipada e dialógica entre todos os sujeitos do processo.
2 Sistemas processuais penais
 Segundo a doutrina majoritária, o que diferencia o modelo inquisitório dos demais
modelos processuais penais de partes é a gestão da prova, se a prova é gerida
pelas partes teremos um modelo não inquisitorial, caso tenhamos a prova nas
mãos do juiz, estaremos diante de um modelo inquisitório. Assim, o procedimento
inquisitório é realizado centralizado na �gura de um único sujeito principal a quem
compete a produção da prova e o julgamento, podendo ou não ter outros sujeitos
que terão atuação em plano secundário. Por sua vez, a marca do processo não
inquisitorial é sua realização mediante o actus trium personarum, ou seja, a
decisão é construída entre autor, réu e julgador, que atuam em plano de igualdade
na construção do provimento. Assim, a decisão penal no modelo democrático é
fruto da construção endoprocessual através da atuação conjunta e paritária das
partes e do julgador no mesmo palco e em condições de igualdade de diálogo.
Geraldo Prado aponta que os séculos XIII e XIV marcaram a origem do modelo
inquisitório, sendo que, consoante lição de Jacinto Nelson de Miranda Coutinho, a
origem de tal sistema pode ser datada do ano de 1215 em razão do IV Concílio de
Latrão, sendo que, segundo o mesmo autor, o embrião desse sistema havia sido
lançado no ano de 1199 pela Bula Vergentis in senium do Papa Inocêncio III pela
qual a heresia ao crime de lesa majestade. Nesse procedimento, toda a prova
competiria ao inquisidor, sendo que o acusado de heresia somente teria direito a
defensor caso não confessasse, mesmo após longas sessões de tortura, e nem
houvesse qualquer prova da heresia, havendo testemunhas a favor do acusado.
Nesse caso o defensor deveria ter raízes cristãs, sendo papel do advogado fazer o
acusado de heresia confessar a acusação e pedir pena para o delito cometido.
Nesse contexto, o procedimento inquisitorial acaba por afastar a presunção de
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RESUMO DO TÓPICO
Ação penal é o instrumento adequado para o Estado, buscar a comprovação
da materialidade e autoria de um delito praticado, e com isso possibilitar a
aplicação do poder punitivo do Estado àquele contra quem �cou comprovada
a imputação do cometimento do fato típico.
Características da Ação Penal – caráter público, direito subjetivo, autônomo e
abstrato.
Condições genéricas da ação são: possibilidade jurídica do pedido,
legitimidade para agir, interesse de agir que se subdivide em: necessidade,
adequação utilidade e justa causa.
não culpabilidade, eis que a acusação, a prova e o julgamento acabam
centralizados nas mãos de um só intérprete, o inquisidor.
Nesse quadro, se o mesmo sujeito acusa, produz as provas e julga, o acusado não
tem nenhuma chance de sair vencedor, eis que a hipótese condenatória já fora
proclamada vencedora antes mesmo do início do procedimento, fomentando o
que Franco Cordero denominou de quadro mental paranoico, que se dá pelo
primado da hipótese sobre os fatos. No processo inquisitório a verdade era
perseguida a todo preço, sendo utilizados todos os meios disponíveis para tal
desiderato, inclusive a tortura.
O Brasil possui em seu ordenamento jurídico uma grande dicotomia. Enquanto a
Constituição da República adotou, ainda que de modo implícito, o modelo
constitucional-democrático de processo, ao assegurar a presunção de não
culpabilidade (art. 5º, LVII), o devido processo constitucional (art. 5º, LIV), o
contraditório e a ampla defesa (art. 5º, LV), a separação das funções de acusar (art.
129), defender (art. 133 e 134) e julgar (art. 92 e seguintes), o código de processo
penal, forjado sob a égide ditatorial do Estado Novo, possui estrutura inquisitória
que, de tão arraigada, sequer as reformas pontuais foram capazes de mudar.
Assim, o Código de Processo Penal, mesmo após as reformas promovidas nos
últimos anos, não foi capaz de excluir de seu texto sua matiz autoritária e
inquisitória, assegurando ao juiz amplo poder probatório, podendo produzir
provas de ofício (art. 156), decretar prisão preventiva sem pedido dos demais
sujeitos processuais (art. 311), discordar do pedido de arquivamento formulado
pelo titular da ação penal (art. 28), entre outros dispositivos francamente
inquisitórios. Veri�ca-se, pois, que a luz da Constituição deve permear a escuridão
do autoritarismo através da interpretação do código à luz constitucional, contudo,
na prática forense o que se vê é justamente o oposto, com a interpretação da
constitucional sob o mais profundo breu do código vigente.
FONTE: <https://bit.ly/2GZ9UBh>. Acesso em: 17 maio 2019.
Neste tópico, você aprendeu que:
Unidade 1 - Tópico 3 
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Espécies de ação penal – pública e privada.
Ação penal pública – é a regra geral, titularidade exclusiva do Ministério
Público, oferecimento da denúncia.
Espécies ação penal pública: incondicionada, condicionada à representação
da vítima ou do seu representante legal, ou à requisição do Ministro da
Justiça e a subsidiária da pública.
Princípios da ação penal pública – indisponibilidade, obrigatoriedade,
intranscendência da ação, divisibilidade, o�cialidade.
Ação Penal Privada – titularidade o ofendido ou de seu representante legal, a
exordial se chama queixa crime.
Espécies ação penal privada – exclusivamente privada, personalíssima, e
subsidiária da pública.
Princípios da ação penal privada – disponibilidade, oportunidade,
intranscendência da ação.
Extinção da punibilidade especí�ca para a ação penal privada – decadência, a
renúncia, o perdão do ofendido e a perempção.
Requisitos da Denúncia e da Queixa – “exposição do fato criminoso, com
todas as suas circunstâncias, a quali�cação do acusado ou esclarecimentos
pelos quais se possa identi�cá-lo, a classi�cação do crime e, quando
necessário, o rol das testemunhas” (BRASIL, 1941).
AUTOATIVIDADES
A) 
B) 
Responder
UNIDADE 1 - TÓPICO 3
1  Analisando-se as características da ação penal responda:
A instauração de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da
Justiça é obrigatória, enquanto a instauração de ação penal pública condicionada à
representação do ofendido se dá conforme juízo de oportunidade e conveniência.
Certo.
Errado
Unidade 1 - Tópico 3 
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A) 
B) 
C) 
D) 
E) 
Responder
A) 
2  Observando-se os postulados acerca da queixa crime, assinale a alternativa
correta:
A queixa crime pode ser a peça inaugural de um crime de ação penal
pública desde que haja a inércia do Ministério Público, surgindo esse
direito ao ofendido decorrido o prazo legal para o oferecimento da
denúncia.
A queixa crime nunca poderá ser a peça inaugural de um crime de
ação penal pública.
A queixa crime pode ser a peça inaugural de um crime de ação penal
pública desde que haja a inérciado Ministério Público, surgindo esse
direito ao ofendido no momento do conhecimento da autoria e
sendo que a partir deste momento conta-se o prazo decadencial.
A queixa crime pode ser a peça inaugural de um crime de ação
penal pública desde que o Ministério Público peça a remessa dos
autos de volta a delegacia para maiores investigações.
A queixa crime pode ser a peça inaugural de um crime de ação penal
pública desde que o Ministério Público requeira o arquivamento dos
autos por entender não ter existido fato típico, sendo que o prazo
começa a ser contado a partir do arquivamento.
3  Sobre as causas de extinção de punibilidade, analise as questões e assinale a
incorreta:
A renúncia é ato voluntário e unilateral, o perdão, ao contrário é ato
voluntário, mas é bilateral, necessitando do aceite do acusado para
produzir efeitos.
A renúncia deve ser concedida antes de iniciado o processo crime, o
Unidade 1 - Tópico 3 
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B) 
C) 
D) 
Responder
A) 
B) 
C) 
D) 
E) 
Responder
perdão, ao contrário, deve ser oferecido depois de iniciado o
processo crime até a sentença penal.
Ocorrendo a perempção nos casos de ação penal privada subsidiária
da pública, não ocorrerá a extinção da ação porque o Ministério
Público retomará a titularidade da causa.
As causas de extinção da punibilidade, em especial a renúncia, e o
perdão, podem ser concedidas ao acusado nas ações penais
privadas subsidiárias da pública.
4  Assinale a alternativa correta:
I-    Todos os tipos penais previstos no Código Penal são de ação penal pública, e
por isso ela é a regra.
II-   A ação penal privada é uma exceção, somente podendo ser utilizada se o
Ministério Público queda-se inerte.
III- O Ministério Público atua como autor em qualquer ação penal.
Sobre as assertivas acima:
Todas estão corretas.
Apenas a III está correta.
As questões III e II estão corretas.
As questões III e II estão corretas.
Todas estão erradas.
Unidade 1 - Tópico 3 
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A) 
B) 
C) 
D) 
Responder
Tópico 2  Unidade 2
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5  São princípios da ação penal pública:
Princípio da disponibilidade, princípio da obrigatoriedade, princípio
da intranscendência, princípio da divisibilidade.
Princípio da indisponibilidade, princípio da obrigatoriedade,
princípio da intranscendência, princípio da divisibilidade.
Princípio da indisponibilidade, princípio da obrigatoriedade,
princípio da intranscendência, princípio da indivisibilidade.
Princípio da indisponibilidade, princípio da obrigatoriedade,
princípio da transcendência, princípio da divisibilidade.
Todos os direitos reservados © Prof.ª Cláudia Fernanda Souza de Carvalho Becker Silva
Unidade 1 - Tópico 3 
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