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RECURSO DE APELAÇÃO Apelação: João foi acusado de ter subtraído, no dia 5 de janeiro de 2003, vinte mil dólares de seu pai, Fábio, com cinquenta e oito anos de idade. Houve proposta de suspensão condicional do processo, não aceita pelo acusado. Ouvidas duas testemunhas de acusação, disseram que, realmente, houve a subtração, por elas presenciada. O pai, vítima, confirmou o fato e a propriedade dos dólares. Por outro lado, o acusado e duas testemunhas de defesa afirmaram que os dólares não pertenciam ao pai do acusado, mas à sua mãe, que, antes de falecer, os dera para o filho. Não foi juntada prova documental a respeito da propriedade do dinheiro. O juiz condenou João pelo crime de furto simples às penas de 1 (um) ano de reclusão e 10 dias-multa, no valor mínimo, substituindo a pena de reclusão pela restritiva de direitos consistente em prestação de serviços à comunidade. QUESTÃO: Como advogado de João, verifique o que pode ser feito em sua defesa e, de forma fundamentada, postule o que for de seu interesse por meio de peça adequada. Resolução: Peça – Apelação, com pedido de absolvição, com fundamento no art. 386, VI do Código de Processo Penal e no art. 181, II, do Código Penal. Pedido e fundamento subsidiárias – pedindo anulação da sentença, porque é isento de pena o filho que comete crime contra pai, com menos de sessenta anos de idade (artigos 181, II e 183, III, do Código Penal). Endereçamento da peça de interposição: Será para juízo que proferiu a decisão a ser atacada. PRIMEIRA FOLHA: MODELO DE PETIÇÃO PARA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO DE APELAÇÃO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ••• VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ••• , ESTADO •••. 10 linhas Processo nº: ••• JOAO, já devidamente qualificado nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, por meio de seu advogado e procurador que a este subscreve, conforme procuração em anexo, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência, inconformado com a respeitável sentença de folhas •••, que o condenou à pena 1 (um) ano de reclusão e 10 dias-multa, no valor mínimo, substituindo a pena de reclusão pela restritiva de direitos consistente em prestação de serviços à comunidade, como incurso no artigo 155 do Código Penal, interpor tempestivamente, RECURSO DE APELAÇÃO com fundamento no artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal, e, Requer seja a presente recebida, e que, após cumpridas as formalidade legais, seja o presente recurso encaminhando ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado •••, com as razões em anexo, para devido processamento e julgamento. 2 linhas Termos em que, Pede Deferimento. 2 linhas Local •••, data ••• 2 linhas Assinatura do advogado OAB nº ••• EM OUTRA FOLHA EM SEPARADO MODELO DE RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO Razões do Recurso deve ser endereçada para Egrégio Tribunal, Colenda Câmara, Douto Julgadores. Em outra página. RAZÕES DE APELAÇÃO APELANTE: João APELADA: Justiça Pública Processo nº •••, da ••• Vara Criminal da Comarca •••. 5 linhas EGRÉGIO TRIBUNAL, ILUSTRADA CÂMARA, EMÉRITOS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DESTA COLENDA TURMA JULGADORA 2 linhas Em que pese o notório saber jurídico do Meritíssimo Juiz de Direito da ••• Vara Criminal da Comarca •••, a respeitável sentença penal condenatória não merece prosperar pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 2 linhas I. DOS FATOS Segundo a denúncia, no dia 05 de janeiro de 2003, o apelante teria subtraído a quantia de vinte mil dólares pertencentes ao Sr. Fábio, seu genitor, que possuía 58 (cinquenta e oito) anos na data dos fatos. Por essa razão, o Ministério Público ofereceu denúncia em seu desfavor (fls. •••), com fulcro no artigo 155 do Código Penal. Encerrada a instrução, o Meritíssimo Juiz da ••• Vara Criminal da Comarca ••• condenou o apelante à pena de 01 (um) ano de reclusão e 10 (dez) dias-multa pela prática do crime de furto. 2 linhas II. DO DIREITO Entretanto, a respeitável peça acusatória não merece prosperar, pois não está em harmonia com os ditames legais. Senão vejamos: a) Provada a inexistência do fato. Para caracterizar o crime de furto, deve haver subtração de coisa alheia móvel, para si ou para outrem, nos termos do artigo 155 do Código Penal. Ocorre que o apelante era o proprietário dos valores que a denúncia afirma terem sido subtraídos da vítima. O dinheiro que a vítima afirma lhe pertencer, em verdade, foi um presente dado pela mãe do apelante, esposa da vítima, antes de vir a falecer, não havendo que se falar no crime de furto, pois o fato é atípico, já que o apelante recebeu a quantia de sua mãe, como forma de gratidão pela atenção e respeito que o filho nutre pela família. O pai, ora vítima, por sua vez, agiu de má-fé ao imputar ao próprio filho o furto da quantia mencionada, conforme demonstrou os depoimentos das testemunhas ••• e ••• às folhas •••, as quais confirmaram firmemente que os vinte mil dólares foram dados de bom grado pela falecida mãe do apelado. Tanto é verdade, que o autor não foi capaz de comprovar por prova documental a titularidade do dinheiro, ora, se a vítima fosse realmente proprietária do dinheiro, teria como provar a origem do mesmo, quer seja por meio de documentos como saldo extratos de conta poupança, comprovante de compra dos dólares, contribuição tributária, dentre outros. Já o apelante conta com as testemunhas supramencionadas a seu favor, as quais confirmam a propriedade do dinheiro, pois sua mãe apenas entregou-lhe o montante devido a confiança entre ambos e sem necessidade de nenhum instrumento particular para comprovar o fato. Desta forma, é de direito e justiça que seja reconhecida a propriedade da quantia mencionada em favor do apelante, com a consequente absolvição mesmo nos termos do artigo 386, inciso I do Código Penal, em razão de estar provada a inexistência do fato narrado. b) Isenção de Pena. Apenas para argumentar, cabe ressaltar que o apelante é isento de pena, nos termos do artigo 181, II do Código Penal, já que o suposto crime de furto praticado pelo apelante, teria sido praticado em desfavor de seu pai, o qual constava com cinquenta e oito anos na data do fato. Assim, como artigo 181, inciso II do Código Penal, evidencia expressamente a isenção de pena neste caso, deve ser decretada a absolvição do apelado, com fundamento no artigo 386, inciso VI do Código de Processo Penal. c) Inexiste provas suficientes para condenação. De outro modo, apenas por cautela, caso não entenda pela absolvição em razão da inexistência do fato, cabe elucidar que o conjunto probatório dos autos demonstra ser por demasiado frágil e incapaz de sustentar uma sentença condenatória, devendo o apelado ser absolvido por não existir prova suficiente para condenação, nos termos do artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal. Na instrução probatória, não restou cabalmente provada a propriedade do dinheiro, em tese, subtraído, embora haja depoimento nos autos (folhas •••) que afirmam que o dinheiro pertence ao pai, ora vítima, também há testemunhas (folhas •••) que confirmam a propriedade do apelante, além do mais não há outro meio de prova, restando impossível saber a quem realmente é proprietário do montante. Desta forma, como pode o Estado exercer sua pretensão punitiva se o conjunto probatório é duvidoso.Cabe aqui socorrer ao princípio in dubio pro reo e o princípio da verdade real, a qual o magistrado deve buscar ao julgar o processo, para que seja decretada a absolvição do apelante, com fundamento da inexistência de prova suficiente para condenação, como forma da mais legitima justiça. 2 linhas III. DO PEDIDO Diante do exposto, requer de Vossas Excelências que seja conhecido o presente recurso e reformada a respeitável sentença de folhas •••, para assim ser declarada a absolvição do apelante, em razão de estar provado a inexistência do fato, nos termos do artigo 386, incisos I do Código de Processo Penal; apenas para argumentar, não entendendo pela absolvição supracitada, que seja declarada a isenção de pena do apelante, com fundamento no artigo 181, inciso II, do Código Penal, com a consequente absolvição do acusado, nos termos do artigo 386, inciso VI do Código de Processo Penal; ainda apenas por cautela, não entendo pela absolvição acima alegada, que seja decretada a absolvição no termos do artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal, em razão de não existir provas suficientes para condenação. Por fim, requer que seja determinado ao Meritíssimo Juízo a quo o arquivamento do feito com as anotações de estilo, por ser de direito e de justiça. 2 linhas Termos em que, Pede Deferimento. 2 linhas Local •••, data •••. 2 linhas Assinatura do Advogado, OAB nº •••
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