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Periodontia II – Aula 02 – Retalhos Periodontais – Ronaldo Santana – 20/08/2014 Retalhos Periodontais Objetivos da Terapia Periodontal: 1 - Eliminar ou controlar etiologia – no momento em que se faz o controle da etiologia, faz com que a doença pare de progredir; 2 - Impedir a progressão da doença; 3 - Regenerar estruturas lesadas – trazer os tecidos para uma forma mais próxima da que eles tinham antes da doença; 4 - Manter o periodonto saudável e funcional; 5 - Atender anseios do paciente quanto à saúde oral, conforto da mastigação e estética. Procedimento cirúrgico – “Uma intervenção cirúrgica consiste em um conjunto de diferentes atos elementares, estudados, combinados e executados dentro de uma técnica adequada.” Toda cirurgia parte do planejamento para a execução. E a conduta é sempre acabar com a infecção e depois operar. CIRURGIA RETALHO – DEFINIÇÕES: - Retalho – porção residual livre separada dos seus tecidos adjacentes exceto por sua base. Numa excisão, remove-se o tecido. Num retalho, faz a incisão, separa o tecido do seu leito e depois, volta com ele ou pra mesma posição ou para outra. - Retalho gengival – quando está presente somente a porção gengival do tecido. A gengiva vai da margem gengival até a junção mucogengival. É um retalho que não se estende além da junção mucogengival. - Retalho mucogengival – inclui tanto a gengiva quanto a mucosa alveolar. - Histórico: 600 a.C. – Sushruta Samita, Índia – Reconstrução nasal com retalho de bochecha. 1440 – Índia – Rinoplastia frontal. Na história da cirurgia plástica, para um retalho ser feito, tinha que fazer parte dele, uma artéria e uma veia, vasos relativamente calibrosos como parte do retalho (Vascularização axial). Isso foi considerado por séculos, até Tagliacozzi. 1520 – Tagliacozzi, Itália – Retalho pediculado aleatório. Implantou a vascularização em rede. O retalho engloba plexos de vários vasos. Fase empírica: 1728 – Fauchard – considerado o “pai da odontologia moderna”. 1884 – Robiesek 1911 – G. V. Black OBS – Na fase empírica – Tecido gengival doente = necrótico. Tecido gengival doente deve ser excisado. “Extensão para prevenção” (Black). Não tinha uma visão biológica da situação. 1911 – Cieszynski – Incisão submarginal. 1918 – Neuman – Incisão intra-sucular. 1918 – Widman – Retalho de Widman. 1918 – Gentler, USA – Retalho mucoperiostial. 1931 – Kirkland – Retalho em envelope. Era moderna: 1965 – Löe et. Al – Gengivite experimental em humanos. Definiu a causa da doença periodontal, a natureza bacteriana da etiologia da DP. 1974 – Ramfjord e Nissle – Primórdios da regeneração periodontal 1975 – Nilman 1988 – Kaldahl 1986 – Isidir RACIONALIDADE CLÍNICA: - Prover acesso para instrumentação radicular – se o acúmulo de biofilme é a causa inicial da doença, é necessário ter acesso à área de fixação desse biofilme para remoção do mesmo; - Prover acesso ao osso alveolar; - Criar morfologia tecidual para facilitar higiene – por exemplo, se o paciente tem uma bolsa bastante profunda, ele não consegue higienizar abaixo da margem gengival. Se, com cirurgia consegue-se diminuir a profundidade de sondagem, consegue criar uma situação em que o paciente consiga manter a higiene sob controle; - Restauração de contornos teciduais fisiológicos – lembrando que, na normalidade, não há bolsas de 7-8mm. ASPECTOS TÉCNICOS: Atos cirúrgicos fundamentais: - Diérese - Hemostasia – redução ou eliminação do sangramento da ferida. Não se pode liberar um paciente que esteja sangrando - Síntese – fechamento da ferida. - Diérese – Ato cirúrgico de separação ou divisão tecidual. Tipos: - Incisão – corte dos tecidos. - Divulsão – separação dos tecidos. - Exérese – remoção dos tecidos. - Punção – introdução de uma agulha para aspiração. Princípios da incisão: - Lâmina afiada e de tamanho apropriado; - Corte firme e contínuo; - Não lesar estruturas nobres; - Planejamento adequado - Tamanho - Profundidade - Direção Incisões gengivais: - Primárias - Bisel interno: A – Intra-sucular (Neuman) B – Marginal (Yukma) – feita na margem exata da gengiva. C – Sub-marginal (Cieszynski) – apicalmente à margem. OBS.: Qual a diferença clínica para um paciente ente uma incisão intra-sucular e uma sub-marginal ao final do procedimento? O tamanho da coroa. Como a uncusão intra-sucular conserva todo o tecido, o dente provavelmente vai ficar com um tamanho mais próximo ao que ele tinha, vai retrais menos. Já na sub-marginal, você já tirou uma porção do tecido, consequentemente, vai mostrar mais o dente. Qual o requisito, então, para fazer um aumento de coroa clínica com uma incisão sub-marginal? A faixa total de gengiva. Se a cirurgia já vai retirar uma parte de tecido, a faixa de gengiva precisa ser boa. A área precisa ser uma área não estética. OBS. 2: Zênit gengival – área de maior curvatura da gengiva. Se esse ângulo for feito errado, o dente pode ficar com aparência de torto. As medidas são em frações de milímetro. - Bisel externo - Relaxantes – Retalho mais solto, mais folgado. - Vertical – (Apical-coronário) “fenda do vestido”. Quando feitas mais de uma, elas podem ser paralelas entre si ou divergentes em direção apical. A base do retalho tem que ser igual ou maior que a margem, para preservar ao máximo o leito vascular do retalho, diminuindo as chances de necrose. A – Paralelas B – Divergentes - Horizontal – (Mesial-distal) Vai estender a linha incisal primária, seja ela qual for, um ou mais dentes adjacentes. Ideia de “cinto”. Aumentando o furo do cinto. - Complementares - Incisões corretas: - Papilas incluídas - Papilas excluídas A – Retilínea – mais usual. B – Arredondada - Erros: - Bissecção da papila – resulta na necrose em todo o tecido interdentário. Não há técnica que faça reconstrução da papila. - Incisão na maior curvatura do dente – é a área em que o osso é mais fino. Quando é feita a incisão nessa área, leva a um processo inflamatório que leva à perda óssea, e pode-se esperar uma recessão gengival importante na área. - Incisão convergente pro ápice – necrose de tecido. - Incisão irregular – mão trêmula. Dificuldade de sutura e necrose dessa parte do retalho que está irregular. TIPOS DE RETALHOS: Classificações: - Espessura - Geometria - Posição O importante é que tenha um tamanho correto e um bom campo operatório, que ele mantenha a vascularização ideal e as bordas bem definidas para que não tenha nem deiscência, nem dilaceração nem necrose dos tecidos. Desenho do retalho: - Amplitude adequada - Manter vascularização ideal ao retalho - Bordas bem definidas Espessura: - Retalho total (Mucoperiósteo) - Epitélio + conjuntivo + periósteo. - Inclui totalidade do tecido gengival, rebate toda a gengiva. Engloba toda a espessura gengival. - Expõe tecido ósseo. - Obtido por dissecção romba, ou seja, descolamento. Pode então instrumentar a raiz, que até então não tinha acesso. Pode trabalhar o tecido ósseo e retorna o retalho à posição. - Retalho parcial (Dividido/Mucoso) - Epitélio + conjuntivo. - Inclui parte da espessura gengival. Periósteo e parte do conjuntivo continuam colados ao dente ou ao osso. - Tecido ósseo não é exposto. - Dissecção aguda (lâmina) Muito utilizado pela elasticidade do retalho, conseguindo posicioná-lo mais coronariamente com mais facilidade. - Retalho misto - Parte total – parte dividido. Vai começar com as incisões normais, vai fazer um retalho de espessura total e depois vai dividir esse retalho na base para posicioná-lo mais coronariamente no final da cirurgia. Num primeiro momento entra com o descolador e depois, com a lâmina, na região da mucosa, que é elástica, fazendo com que o retalho fique elástico, conseguindo trazê-lo mais coronariamente. Geometria: - Envelope (Kirkland) – somente a incisão primária, sem nenhuma relaxante. - Triangular (Nabers) – uma incisão primária e uma relaxante. - Trapezoidal (Cieszynski) – uma incisão primária e duasrelaxantes verticais divergentes. - Retangular (Cieszynski) – uma incisão primária e duas relaxantes verticais paralelas. Posição: - Reposto/Reposicionado – o retalho vai voltar para a mesma posição que tinha antes da incisão. - Posicionado – o retalho vai ter uma posição diferente daquela que ele tinha no inicio. “Movido para uma nova posição.” - Apicalmente – o retalho é posicionado mais apicalmente. - Coronariamente – a margem termina mais coronariamente. - Lateralmente - Obliquamente – é um movimento conjugado de coronário com lateral. Retalho de Widman (modificado) – Ramfjord e Nissle Retalho mucoperiostial, angular (?), reposto, obtido por uma incisão em bizes interno que provê acesso à superfície radicular. É um retalho total, que a incisão pode ter relaxante ou não, de qualquer tipo. 1978 – Yukna ENAP (Excisional New Attachment Procedure – Procedimento excisional de nova inserção) – é uma técnica em desuso, mas cai em concurso. Incisões bem conservadoras, com rebatimento mínimo do retalho, 1mm ou menos de osso é exposto no processo, faz a instrumentação e retorna o retalho à posição. O objetivo da técnica é minimizar trauma cirúrgico, com isso ter menor recessão gengival. OBJETIVOS DO TRATAMENTO DA DOENÇA PERIODONTAL: 1- Redução da profundidade de sondagem; 2- Melhoria dos níveis de inserção; 3- Eliminação das lesões inflamatórias presentes no periodonto. OBS – LER: “Results os Periodontal Treatment Related to Pocket Depth and Attachment Level. Eigh years.” Knowles, J. W.; Burgett, F. G.; Shick, R. A.; Morrison, E. C.; Ramfjord, S. P. – J Periodontal 50 (5): 225 – 233 (1979) RESULTADOS HISTOLÓGICOS APÓS RETALHO RESULTADOS MICROBIOLÓGICOS APÓS RETALHO RESULTADOS IMUNOLÓGICOS APÓS RETALHO
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