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DIREITO CONSTITUCIONAL I, Gabriel Marques - Resumo Prova I

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DIREITO CONSTITUCIONAL I
Aluno: João Felipe Cabral Fagundes Pereira
CONSTITUCIONALISMO - É o processo de limitação da garantia de poder do Estado, assim como o processo de garantia de direitos fundamentais. Surgiu no final do século XVIII na França e nos EUA.
EXPERIÊNCIA AMERICANA – Após a independência americana em 4 de julho de 1776, houve em 1781 um processo falho de estabelecer a confederação (Estados Soberanos + Tratados + Direito de Secessão/Retirada) , pois a confederação trouxe insegurança aos americanos (há rumores de que alguns estados estavam criando sua própria moeda).
 Em 1787, houve a transição de confederação para federação (União dos Estados Soberanos que formaram apenas um Estado, se tornando apenas autônomos + indissolubilidade do vínculo federativo + república presidencialista e uma constituição própria).
 A Constituição Americana , vigente até hoje possui apenas 7 artigos, sendo uma constituição sintética, cuja interpretação é feita pela suprema corte americana. Já se falava nesse período sobre a Declaração do Bom Povo da Virgínia.
EXPERIÊNCIA FRANCESA – A Revolução Francesa , em 1789 ( data mais importante é o dia 14 de julho de 1789, pois houve a Queda da Bastilha) , foi o que iniciou o constitucionalismo francês (serviu de forte inspiração para a Conjuração Baiana de 1798), dando origem a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, havendo maior foco na universalidade dos direitos. A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão continha no artigo 16 , a definição do constitucionalismo :
Artigo 16 – Nenhuma sociedade tem uma constituição se não houver separação de poderes e garantia de direitos.
 Houve uma certa instabilidade nas primeiras constituições francesas.
BREVE HISTÓRIA DO CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO
CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824 – Foi criada e entrou em vigência após a independência do Brasil e da Bahia (7/9/1822 e 2/7/1823 , respectivamente).
 Inspirada em Constant , estabelecia a tetrapartição do poder ( legislativo, judiciário, executivo e moderador). Por influência de José Bonifácio, o Estado tinha um caráter unitário e concentrado e a religião oficial era o Catolicismo. A forma de governo era a Monarquia e o Poder Legislativo era quem interpretava a Constituição.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (1891) – Entrou em vigor dois anos após a Proclamação da República (15/11/1889) , sendo Ruy Barbosa um dos principais responsáveis pela elaboração da Constituição, que tinha um caráter liberal.
 Trouxe diversas mudanças em relação a Constituição Imperial , entre elas:
- A transição de um Estado Unitário para uma Federação, descentralizando o poder.
- Mudança da forma de governo , monarquia para uma república.
- O Estado passou a ser laico , não havendo uma religião oficial do Estado.
- Inspirado não mais em Constant , mas sim em Montesquieu, a Constituição de 1891 estabelecia a tripartição do poder (Legislativo, Judiciário e Executivo).
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (1934) – Com o fim da política “Café com Leite” ( monopólio do poder entre a oligarquia rural de MG e SP) , que durou até 1930, graças a Revolução de 1930 , que terminou com Vargas assumindo a presidência , gerando em 1932 a Revolta Constituinte , um confronto militar entre os cidadãos de SP e o Governo Vargas , onde apesar da derrota dos paulistas , eles conseguiram fazer com que Vargas criasse uma nova Constituição.
 A Constituição de 1934 inaugurouo constitucionalismo social (baseado na constituição mexicana de 1917 e na República de Weimar em 1919) , que promove um Estado que intervém na vida do cidadão (Ex: Artigo 6º da CF/88 - São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.) , promovendo outros direitos ao cidadão, diferentemente do constitucionalismo liberal, que prefere pela não intervenção do Estado, dando maior liberdade ao indivíduo.
CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL DE 1937 – Foi uma constituição de caráter fascista , sendo apelidada de “Constituição Polaca” , pois se inspirou na Constituição da Polônia fascista. Era muito autoritária, sendo formulada no período de ascensão do nazifascismo e no Estado Novo de Getúlio Vargas, estabelecendo a hipervalorização do executivo.
 Após a Segunda Guerra Mundial , com o Brasil e os Aliados derrotando o Eixo, não fazia mais sentido a vigência da Constituição de 1934.
CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL DE 1946 – Após o fim do Estado Novo, em 1946 entrou em vigência uma nova constituição, fortemente inspirada na de 1934, promovendo o reequilíbrio dos poderes e o estabelecimento da democracia.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (1967) – Os militares , classe média e a Igreja, insatisfeitos com as propostas reformistas de João Goulart e com medo da “ameaça” comunista , tentaram limitar o executivo com uma experiência fracassada de um congresso parlamentar (1961-1963) e , consequentemente com o Golpe Militar de 1964.
 A Constituição de 1967 tinha como características a valorização do executivo e a restrição a direitos ( concentração do poder ) , estabeleceu eleições indiretas, privando o povo de poder eleger cargos executivos como os Presidentes.
 Em 1968 , houve uma modificação significativa da constituição pelo AI-5, que instituiu de forma legal a censura , cassação política, exílios ( resultando em diversas torturas e mortes ) além da não passibilidade de revisão do judiciário , de acordo com o artigo 11.
    Art. 11 - Excluem-se de qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato institucional e seus Atos Complementares, bem como os respectivos efeitos.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 – Antes do fim da Ditadura em 1985 , houve um importante movimento popular , o Diretas Já , que apesar de falho , resultou na criação da Constituição de 1988, apelidada por Ulysses Guimarães de “Constituição Cidadã”. Ela é de caráter social e é divida em 3 partes: o Preâmbulo , Corpo/Parte Permanente e a ADCT.
PREÂMBULO – Parte introdutória da Constituição, apresenta os principais valores constitucionais , os de um Estado republicano e democrático.
” Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”
OBS: Preâmbulo “Sob a proteção de Deus” x Estado Laico, este conflito pode ser explicado através do Artigo 5º , Inciso VII com a escusa/objeção de consciência , justificando também o lema “Deus seja louvado” na moeda, feriados religiosos e crucifixos em prédios públicos. O artigo 19 também mostra que os 4 entes federativos não podem interferir na religião.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, naforma da lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
CORPO PERMANENTE DA CONSTITUIÇÃO – Trata dos assuntos mais relevantes da Constituição, possuindo no total 250 artigos e é dividido em 9 títulos.
Ex: Título I trata dos princípios (Artigos 1-4)
Título II trata dos direitos e garantias fundamentais (Artigos 5-17)
ADCT (ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS) – É o Título X da Constituição, possuindo 100 artigos. É uma ferramenta para harmonizar o processo de transição constitucional
-Exemplo 1: Plebiscito feito em 1988 consultando o eleitorado para escolher a forma de governo (monarquia x república ) e o regime de governo (presidencialismo x parlamentarismo)
-Exemplo 2: Antes da CF de 88 haviam territórios federais ( Roraima, Amapá, Fernando de Noronha), vinculados à União, sem autonomia política , e passaram a ser Estados , enquanto Noronha virou um distrito de Pernambuco. 
OBS: O Corpo Permanente e a ADCT podem ser alterados por meio de Emendas Constitucionais , através de um rito processual , incluso no artigo 60.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
TIPOS OU ESPÉCIES DE CONSTITUCIONALISMO ( ANTIGO X MODERNO , LIBERAL X SOCIAL ) 
CONSTITUCIONALISMO MODERNO – Teve início no final do século XVIII, na França (1789) e nos EUA (1787) , vide as experiências americanas e francesas com o constitucionalismo
CONSTITUCIONALISMO ANTIGO - O Constitucionalismo Antigo teve grande contribuição do historiador americano Charles McIlwain, que durou até os momentos anteriores ao século XVIII, sendo uma fase de experiências constitucionais “embrionárias”.
-1º Experiência: Politeia/Constitutio Grega; seriam as constituições de outras épocas, no período grego.
-2º Experiência: Povo Hebreu; vigorava a Lei do Senhor , portando uma intensa conotação religiosa.
-3º Experiência: Magna Carta (Século XIII , mais precisamente em 1215), foi a primeira declaração de direitos da história da humanidade, tinha uma preocupação com “o devido processo legal”, presente no Artigo 39 da Magna Carta, que é invocado até hoje.
-4º Experiência: Lei de Habeas Corpus ( Século XVII), tem como objetivo garantir o direito à liberdade de locomoção , para resguardar a integridade física. Pode ser feito por qualquer pessoa e serviu de inspiração para diversos elementos do direito atual, entre eles o mandado de segurança.
-5º Experiência: Revolução Gloriosa (Século XVIII) , estabeleceu uma instituição fiscal , que fiscaliza os direitos ( Parlamento Inglês ).
 CONSTITUCIONALISMO LIBERAL - Período que marca o final do século XVIII, experiência norte americana e francesa, revoluções liberais. Individuo tenta garantir alguma esfera de proteção (liberdade) diante do Estado, garante a ausência do estado.
CONSTITUCIONALISMO SOCIAL
a) Inglaterra, século XIX – revolução industrial. Os donos de produção exploravam os trabalhadores. Necessidade de o Estado intervir.
b) Movimento socialista – preocupação com as garantias para o trabalhador. Novo papel do Estado, presença na vida das pessoas.
c) Estado interventor, presente na vida do individuo. Preocupação social.
d) Constituição do México (1917) e Weimar (1919). Influencia o Brasil em 1934
EX: direitos sociais refletem a preocupação (Artigo 6 , CF/88)
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
 
 NEOCONSTITUCIONALISMO - Atual tipo de constitucionalismo. 
 
MARCOS HISTÓRIOS
- Mundo: pós 1945, criação da ONU (carta das nações unidas).
                    1948 - Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)  
                    1949 – criação da constituição da Alemanha ocidental (Lei fundamental de Bonn)., começa uma menção ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
                    1951 – Tribunal (Em Nuremberg) que desenvolve uma rica jurisprudência na interpretação dos direitos fundamentais na Alemanha (Tribunal Constitucional Federal da Alemanha).
- Brasil: na época do pós-guerra, o Brasil vive uma instabilidade.
                Pós-1988 – Artigo 1º inciso III: Dignidade da Pessoa Humana. Fundamento central da República Federativa. Redemocratização.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
 
MARCOS TEÓRICOS -  Assuntos que integram o novo momento do direito constitucional.
- Dignidade da Pessoa Humana: baseado em Kant – separa pessoas e coisas, cada um com seu comportamento. As coisas funcionam de acordo com a lógica do imperativo Hipotético (as coisas servem para que alcancemos finalidades) e as pessoas funcionam de acordo com o imperativo Categórico (as pessoas são fins em si mesmo). Na época do nazismo, existiu um processo de coisificação das pessoas. As pessoas têm uma dignidade, não um preço.
-Princípios Jurídicos: etapa de ascensão da força normativa dos princípios. Existem colisões.
-Fundamentação das decisões tomadas pelo poder judiciário
-Proliferação dos tribunais constitucionais: todos os países deveriam ter um tribunal para fazer a interpretação e proteger a constituição, sendo fiscal da mesma. Idealizado por Hans Kelsen.
 
MARCO FILOSÓFICO -  Marco filosófico chamado de Pós-positivismo (tenta gerar uma reunião entre os traços valiosos entre o jusnaturalismo e o positivismo; os valores do jusnaturalismo e a segurança jurídica por parte do positivismo). Conteúdo que tenta se aproximar da ideia de justiça, com a proteção do ser humano (DPH), mas ainda tendo a segurança jurídica. Reaproximação entre o direito e a moral, já que nem tudo pode ser jurídico (somente o jurídico levou às leis discriminatórias de Nuremberg).
-Exemplo: decisão do STF, com efeito vinculante, sobre a permissão da tatuagem em concursos públicos, ressalvados os casos de tatuagens de valores discriminatórios.
                              
DIREITO CONSTITUCIONAL
 
José Afonso da Silva: “Ramo do direito público (1) que expõe, interpreta e sistematiza (2) os princípios e normas (3) fundamentais do Estado (4)”. 
1 – Princípio da Legalidade, oriundo do Direito Público: o Estado só pode fazer o que a Lei disser. 
2 – A disciplina do Direito Constitucional tem como objeto a Constituição Federal de 5/10/1988.
3 – Normas = regras (requisitos para ministro, idade mínima , etc) e princípios (liberdade profissional x privacidade , expressos no artigo 5º da CF)
4 – Fundamentais : Títulos I (Artigos 1-4) e II (Artigos 5-17) 
DIREITO PÚBLICO: princípio base é o principio da legalidade, que é associado ao Estado de direito. Estado só pode agir de acordocom a lei, sendo a mais importante delas a Constituição, não podendo nenhuma lei contradizer a constituição. Direito constitucional é a base do direito público.
DIREITO PRIVADO: o principio central é a autonomia da vontade, liberdade para fazer qualquer coisa, se não houver algum tipo de vedação legal.  
 
ESPÉCIE DE DIREITOS CONSTITUCIONAL - PAOLO BISCARETTI DI RUFFIA
 
DIREITO CONSTITUCIONAL GERAL - assuntos comuns, usuais de diversos países. –Exemplo: Poder constituinte (como fazer e alterar as constituições); controle de constitucionalidade (proteção da constituição); interpretação da constituição.
DIREITO CONSTITUCIONAL POSITIVO/PARTICULAR - preocupação com uma realidade constitucional específica.
DIREITO CONSTITUCIONAL COMPARADO -  tentativa de analisar mais de uma realidade constitucional, vendo prós e contras.
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES (CRITÉRIOS)
QUANTO AO PROCESSO DE MUDANÇA:
- Super-rígida: Alexandre de Moraes. Traz uma blindagem para uma parte de seu conteúdo, imuniza algumas partes chamadas Cláusulas Pétreas. Imune às mudanças constitucionais.
- Rígida: Não se confunde com imutabilidade. Passa por um processo de mudança mais solene e mais rigoroso, caso seja comparada com as demais leis, como, por exemplo, a lei ordinária. Conduz ao conceito de supremacia constitucional.
- Flexível: Não há diferença no processo de mudança entre a constituição comparada com outras leis. 
(Exemplo: Itália no século XIX, Estatuto Albertino. Não é mais utilizada.)
- Semirrígida: parte do seu conteúdo marcada pela rigidez e a outra, marcada pela flexibilidade. 
(Exemplo: Na Constituição Imperial de 1824, era expresso que tinha uma parte flexível e outra rígida, sendo constitucional apenas o que organiza o poder e a garantia de direitos).
QUANTO À FORMA: 
 A forma é considerada Escrita/sistematizada, quando temos um documento único, bem organizado. (Exemplo: Brasil – Preâmbulo, parte Permanente e ADCT)
 A forma é considerada Não escrita/assistemática , também chamadas de constituições históricas, quando a matéria é disseminada de forma plural, em várias fontes. (Exemplos: Inglaterra, Israel e Nova Zelândia.)
 A Inglaterra , que possui um formato assistemático/não-escrito , tem uma pluralidade de fontes , entre elas; Princípios , decisões judiciais e textos escritos (em sua maioria esparsos), tendo como exemplo de textos a Magna Carta (principalmente o Artigo 39).
OBS: Constituições Escritas/Sistematizadas = Natureza Formal e Dogmática.
 Constituições Não-Escitas/Assistematizadas = Natureza Material e Histórica.
A Constituição Federal Brasileira atual é considerada rígida , super-rígida e escrita/sistematizada. A mudança é feita por meio de Emendas Constitucionais, como prevê o Artigo 60; primeiro estabelecendo os critérios para a apresentação e depois os critérios para a aprovação. 
 Já foram feitas 92 emendas até agora. A Constituição Federal de 1988 também pode ser considerada super-rígida, pois têm cláusulas pétreas, limitações materiais ao poder de reforma da constituição de um Estado. Em outras palavras, são dispositivos que não podem ter alteração, nem mesmo por meio de emenda, tendentes a abolir as normas constitucionais relativas às matérias por elas definidas. 
OBS: Está prevista no Artigo 61 o processo de apresentação e aprovação das leis ordinárias. Para que haja a apresentação de um projeto de lei ordinária basta que seja obtida a maioria simples (metade + 1 dos presentes) e um turno em cada casa (Câmara e Senado)
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
QUANTO Á SUA EXTENSÃO – É a classificação de constituições em relação a extensão (tamanho) das constituições, existem as sintéticas e as analíticas.
-Constituições Sintéticas: Tendo um dos maiores exemplos a Constituição dos EUA (1787) , que foi acompanhada por um conjunto de 10 emendas constitucionais (“Bill of Rights”) em 1791, são constituições pequenas , que se limitam a normas bem gerais e breves , não buscando se aprofundar em detalhes, dando à Suprema Corte bastante espaço para a interpretação constitucional ( não consta explicitamente na Constituição Americana que o judiciário interpreta a constituição, mas sim no Caso Marbury x Madison, onde é dito que “cabe ao poder judiciário interpretar e proteger a Constituição”), decidindo casos e criando o sistema de precedentes. 
OBS: A Teoria dos Separados mas Iguais foi uma teoria polêmica americana que acreditava que a igualdade só seria alcançada com a separação entre brancos e negros (ônibus, escolas, shows) , sendo inicialmente aceita pela Suprema Corte no fim do século XVIII e , devido aos movimentos sociais em meados do século XX, em 1954, eles voltaram atrás. 
-Constituições Analíticas: Tem como exemplo a Constituição Federal de 1988, tendo uma grande extensão , com 350 artigos (250 no Corpo Permanente + 100 no ADCT), onde eles não se limitam a generalidade, com normas mais detalhadas e minuciosas. 
 A Constituição Federal de 88 , no seu período de elaboração (87-88) foi feita durante um período de redemocratização logo após a Ditadura Militar, onde o principal foco era garantir a segurança jurídica , a não restrição dos direitos e está explícito na Constituição que cabe ao judiciário a proteção e a interpretação da mesma. Por ser mais detalhada, as Constituições Analíticas tem menor espaço de interpretação, devido ao grande número de normas mais específicas.
QUANTO À ORIGEM – Existem dois tipos de constituições quanto à origem. Temos as constituições outorgadas e as constituições promulgadas.
-Constituições Outorgadas: Foi uma Constituição que teve origem através da imposição, foi outorgada, geralmente possuem caráter autoritário (períodos turbulentos , de autoritarismo) , tendo como exemplo aqui no Brasil as Constituições de 1824 (Império) , 1937 (Estado Novo) , e as de 1967 e 1969* (Ditadura Militar , sendo a de 69 a Emenda Constitucional I).
-Constituições Promulgadas: Foram constituições que tiveram um certo grau ( maior ou menor ) de participação popular, tendo um caráter mais democrático , havendo debates constitucionais sobre a elaboração do diploma, tendo como exemplo no Brasil as Constituições de 1891 ( República Velha ) , 1934 (Antes do Estado Novo), 1946(Após o Estado Novo, retomada de 1934) e a atual Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (Constituição Cidadã, após a Ditadura Miitar).
EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
PLANOS NORMATIVOS: Existem três tipos básicos de planos normativos, sendo eles a existência , a validade e a eficácia.
-Exemplo 1: A abertura de uma conta bancária por um menor de 17 anos sem assistência do responsável é um ato inválido, não possuindo validade.
-Exemplo 2: Caso um advogado queira representar um cliente , o mesmo necessita de uma procuração, que precisa estar devidamente assinada pelo cliente, pois se não estiverassinada , o ato da representação será inexistente.
CLASSIFICAÇÃO ENTRE EFICÁCIA JURÍDICA E EFICÁCIA SOCIAL – A eficácia jurídica busca exercer seus efeitos no campo normativo. Nos anos 60 , alguns autores acreditavam que certas normas não gozavam de eficácia jurídica, trazendo insegurança ao ordenamento jurídico, onde José Afonso da Silva escreveu, em 1967, o livro “Aplicabilidade das Normas Constitucionais”, onde dizia que toda e qualquer norma constitucional possui eficácia jurídica, tendo como diferença apenas seu grau de eficácia. As normas constitucionais possuem dois efeitos: o de revogação, caracterizada por uma relação horizontal , onde uma norma constitucional nova revoga a norma constitucional mais antiga e o efeito de parâmetro de constitucionalidade, onde caso uma norma infraconstitucional vá de encontro com uma norma constitucional, a mesma se tornará inconstitucional.
-Aplicabilidade Plena: As normas de eficácia plena são as mais completas , pois possuem aplicabilidade direta, imediata e integral , trazendo tudo que é necessário para a sua própria aplicabilidade.
Ex: CF 88/Art. 2º - São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
-Aplicabilidade Contida: Na norma de eficácia contida , ela traz o que é necessário para a sua aplicabilidade, sendo direta e imediata, mas é possível que caso surja uma nova lei , a mesma pode restringir a aplicabilidade da norma constitucional , sendo assim possivelmente não integral. A norma de eficácia contida , pode ser chamada também de norma de eficácia contível ou restringível, pois assim é deixado com maior clareza a potencialidade da restrição.
Ex: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;  
-Aplicabilidade Limitada: A norma de eficácia limitada possui aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, havendo a expectativa e dependência de outra lei infraconstitucional, para que quando essa lei vier , a norma constitucional possa ser aplicada.
 A norma de eficácia limitada de Princípio Institutivo, é quando temos uma norma de eficácia limitada preocupada com a criação/instituição de um órgão ou entidade , para que seus efeitos sejam aplicados.
 A norma de eficácia limitada de Princípio Programático, são aquelas que estabelecem objetivos para o futuro, estabelecendo um objetivo/meta que deva ser cumprida/alcançada no futuro.
Ex: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;
ADIO/ AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO E MI/MANDADO DE INJUNÇÃO- Criados pela Constituição de 1988 , com o objetivo de tentar combater a inércia do poder público diante das normas de ineficácia limitada (não criação das leis), sendo usadas para combater a mora (atraso) legislativa do poder público, também chamada de síndrome da inefetividade das normas constitucionais.
 -Leis da ADIO e do MI:A lei da ADIO só foi criada em 2009 (Lei 9868/99 , alterada em 2009 para tratar da ADIO) , e o Mandado de Injunção só passou a contar com lei própria em 2016 (Lei 13.300/16)
-Previsão na CF/88: O mandado de injunção está presente no Artigo 5º, Inciso LXXI da Constituição Federal de 1988.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
Já a ADIO está prevista no Artigo 103, Parágrafo 2º, na Constituição Federal de 1988.
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias. 
-Legitimidade Ativa: Quem pode usar o mandado de injunção é qualquer pessoa física ou jurídica, acompanhada de um advogado, onde trate de uma norma que não existe ainda. Apenas quem pode propor uma ADIO são as pessoas que exercem os cargos citados no Artigo 103 da Constituição Federal de 1988. 
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
 I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;  
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;  
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
-Competência de Processar + Julgar: Cabe apenas ao STF julgar casos de ADIO, enquanto quando tratamos de MIs , o tribunal que irá julgar o Mandado de Injunção será o que está de acordo com a autoridade envolvida que emitiu o pedido (Governador , Procurador-Geral , etc).
-Efeitos: No Mandado de Injunção seus efeitos atingem as partes do processo (efeitos ”interpartes”), podendo, excepcionalmente, ter eficácia ampliada. 
 Ex: Enfermeira que procurava sua aposentadoria especial, mas não existia uma lei e foi aplicada a analogia para uma lei similar. 
 Já na ADI por omissão o efeito é aplicável para todos (“erga omnes”).
 Ex: Tributário, Imposto sobre Grandes Fortunas.
CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO – A visão de alguns autores através de diferentes visões diante da Constituição.
CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA (FERDINAND LASSALE) - Concebida no Século XIX , por Ferdinand Lassale, é a concepção de constituição mais antiga, onde o mesmo diz que “A Constituição seria a soma ou conjunto dos fatores reais de poder de uma sociedade”. Os fatores reais de poder são as forças mais ativas da sociedade , como as forças políticas, militares, econômicas e religiosas, onde o que tais forças dizem e defendem acabam sendo mais preponderantes que a própria Constituição, ou seja, “caso haja um choque entre essas forças e a Constituição, a mesma vira apenas uma mera folha de papel” (Lassale).
 Trazendo a concepção sociológica para os dias atuais, podemos observar na CF/88, o já revogado parágrafo 3º do Artigo 192 da Constituição, que era uma norma de aplicabilidade limitada, cuja lei complementar nunca foi feita (pressão por parte das forças econômicas), sendo revogada na Emenda Constitucional 40 /03.
 Outro exemplo seria na sanção a ser aplicada para a Presidente da República Dilma Rousseff ser impeachmada, que não foi aplicada de forma completa , mas sim dividida (não foram aplicados os 8 anos de inelegibilidade), devido a pressões e influência do poder político.
Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.
§ 3º, que limitava os juros remuneratórios ou compensatóriosao patamar de 12% ao ano. (Revogado)
CONCEPÇÃO POLÍTICA (CARL SCHMITT) – Desenvolvida nos anos 30, por Carl Schmitt, também chamada de Concepção Decisionista, definia que Constituição era aquilo que definia as decisões políticas fundamentais, onde tais decisões deveriam ser separadas das “meras” leis constitucionais. Para isso ser feito, alguém (O Guardião da Constituição, o Chefe de Estado) deveria interpretar o significado da Constituição, definindo o que são decisões políticas fundamentais e o que eram as leis constitucionais, sendo o último intérprete, tendo mais legitimidade , pois foi escolhido popularmente.
 Foi uma concepção formulada na Alemanha nos anos 30, servindo de inspiração e base para a ascensão do Governo Nazista que se instaurou na Alemanha. A concepção política de Carl Schmitt foi contraposta pela concepção jurídica de Hans Kelsen.
 No Brasil, essa diferença entre o mais e menos importante, recorre a seguinte diferenciação, onde temos as normas materialmente constitucionais (Direitos Fundamentais), sendo normas que devem estar na Constituição , sendo que convivem com as normas apenas formalmente constitucionais (Ex: Colégio Pedro II ), que são as normas que não deveriam estar na Constituição.
CONCEPÇÃO “JURÍDICA”/NORMATIVISTA (HANS KELSEN) – Formulada por Hans Kelsen , através da célebre obra “Teoria Pura do Direito”, diz que se incomoda com o que Kelsen chama de sincretismo metodológico, que é uma grande confusão pois várias áreas do conhecimento estavam disputando sobre qual era o objeto do Direito. Dentre os vários objetos (costumes, valores , princípios, justiça), Kelsen escolheu as Leis/Normas Jurídicas, pois era o único recorte do Direito capaz de conceber uma Teoria Pura do Direito, sendo o foco do estudo do jurista. 
 Kelsen faz sua lógica através da Pirâmide da Hierarquia Normativa, onde as normas presentes na Constituição ocupam o topo desta pirâmide, enquanto as decisões/normas individualizadas, ocupam a base da pirâmide.
 “Nós respeitamos a Constituição graças à Norma Hipotética Fundamental”. A NHF é uma ficção jurídica, não sendo concreta, palpável ou manuseável, mas , por ser uma ficção jurídica, traz uma frase que é: deve-se obedecer a Constituição. Acreditando assim que a Teoria Pura do Direito era a única forma de conceber o Direito como uma ciência. A Constituição para Kelsen é o ápice de uma ordem jurídica escalonada.
 Para Kelsen, diferentemente de Schmitt, o Guardião da Constituição não seria o Chefe de Estado, mas sim o Tribunal Constitucional (A Suprema Corte, que se aproxima do STF no Brasil).
 A Concepção Jurídica se divide em dois sentidos: o Lógico-Jurídico (NHF), onde aproximamos a Constituição da Norma Hipotética Fundamental, pois é através da Norma Hipotética Fundamental que respeitamos a própria Constituição, e o sentido Jurídico-Positivo, onde em vez de privilegiarmos a NHF, valorizamos a posição privilegiada que uma Constituição ocupa dentro de um ordenamento jurídico.
CONCEPÇÃO DIRIGENTE (GOMES CANOTILHO) – Concebida em 1982, o debate era qual seria o papel das constituições, e Canotilho disse que a Constituição tinha o papel de conduzir a sociedade à um outro patamar, repleta de metas e objetivos a serem alcançados futuramente pela sociedade para alterar positivamente a própria sociedade. 
 Esta Constituição dependeria do legislador (através das criações de metas, inclusas nas leis), onde tal concepção serviu de inspiração para a confecção da CF/88 durante as Assembleias Constituintes, sendo o Artigo 3º um exemplo da inspiração na Concepção Dirigente.
 Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
 Com o passar dos anos , o próprio Canotilho acabou modificando um pouco sua teoria, onde no Segundo Momento da Concepção Dirigente, sua teoria se torna mais cuidadosa e menos otimista, devido à frustração do autor sobre os rumos tomados da sociedade.
OBS: Ao analisarmos a Constituição Federal de 1988 , podemos concluir que a mesma é profundamente baseada na Concepção Dirigente de Gomes Canotilho.
CONCEPÇÃO SIMBÓLICA (MARCELO NEVES) – Foi uma concepção fundamentada através de uma crítica feita por Marcelo Neves, que serve como uma denúncia do uso “vazio” da Constituição, no livro “Constitucionalização Simbólica”, onde é dito que a Constituição tem um valor simbólico, porém sendo um símbolo vazio , cuja função e razão da inserção de direitos é neutralizar as expectativas sociais. 
 É criticada a inserção de direitos na Constituição, pois acaba servindo como um álibi para os políticos , pois dá uma falsa ideia de que os problemas existentes estão ou serão resolvidos por estarem presentes na Constituição. Um dos exemplos presentes na CF/88 é o Artigo 6º, cuja parte onde citam direito a moradia, alimentação e transporte não estavam originalmente previstas na Constituição, sendo inclusas através de Emendas Constitucionais, como se o parlamentar ao inserir tais direitos , “lava suas mãos”, neutralizando as expectativas sociais.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
 Marcelo Neves, na verdade, faz uma crítica para nos alertarmos a não usar a Constituição apenas de forma simbólico, evitando assim o simbolismo constitucional.
CONCEPÇÃO ONTOLÓGICA (KARL LOEWENSTEIN) – Através dessa concepção , Karl Loewenstein divide as constituições em três tipos: Normativas (Melhor) , Nominais (Intermediária) e Semânticas (Pior). Ele divide as constituições, devido a sua capacidade de acompanhar a dinâmica do processo político.
 As Constituições Normativas tem uma plena adequação entre o acompanhamento do processo político e suas normas havendo uma completa harmonia entre a Constituição e a sociedade, onde a sociedade respeita todas as normas estabelecidas pela Constituição, tendo como exemplo uma roupa que veste perfeitamente na sociedade.
 As Constituições Nominais possuiriam uma adequação parcial entre sua normas e o acompanhamento do processo político , onde parte do seu conteúdo não é respeitada pela sociedade, visando o avanço para se tornar uma Constituição Normativa (Constituição Brasileira de 1988, por exemplo). Sendo exemplificada por Loewenstein como uma “roupa um pouco folgada ou apertada demais”.
 As Constituições Semânticas tem como característica a incapacidade de suas normas de acompanharem o processo político, ou seja ela serve como um disfarce , geralmente não sendo respeitadas pela sociedade, tendo como exemplo as Constituições de 1937 (Polaca) e a de 1967/1969.

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