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Historia do Brasil F.B

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As causas da expansão Marítima e a Chegada dos Portugueses.
As causas da expansão marítima. Para começar, Portugal se afirmava no conjunto da Europa como um país autônomo, com tendência voltada para fora. Os portugueses já tinham experiência, acumulada ao longo dos séculos XIII e XIV, no comércio de longa distancia. Outros fatores são que Portugal não escapou à crise geral do ocidente da Europa. Também vale ressaltar que no início do século XV, a expansão correspondia aos interesses diversos das classes, grupos sociais e instituições que compunham a sociedade portuguesa. Para os comerciantes era a perspectiva de um bom negócio, para o rei a oportunidade de criar novas fontes, ocupar os nobres e motivos de privilégios, já para o povo, lançar-se ao mar significava sobre tudo emigrar, tentar uma vida melhor, fugir de um sistema de opressão. Na verdade a busca por rotas comerciais alternativas era um motivo de escapar das altas taxas cobradas pelos turco-otomanos, a partir do domínio estabelecido por eles no Mediterrâneo oriental em 1943. Dessa convergência de interesses só ficava de fora os empresários agrícolas, para que a saída de braços do país provocava o encarecimento da mão de obra. Também podemos considerar as aspirações da burguesia mercantil que havia consolidado a sua relação com a Coroa durante a Revolução de Avis, entre 1383 e 1385, quando as forças de Costela foram expulsas de Portugal e Dom João I assumiu o trono.
O gosto pela aventura. Pela menção dos grupos interessados, podemos perceber que os impulsos pela aventura marítima não era apenas comerciais, havia continentes mal ou inteiramente desconhecidos, oceanos inteiros ainda não atravessados. As chamadas regiões ignotas concentravam a imaginação dos povos Europeus.
O desenvolvimento das técnicas de navegação. Ela representou uma importante renovação das chamadas "técnicas de marear", com o desenvolvimento e aperfeiçoamento de instrumentos como o quadrante e o astrolábio, que permitiram conhecer a localização de um navio pela posição dos astros. Os Portugueses desenvolveram também um tipo de arquitetura naval mais apropriada, com a construção da caravela, utilizada a partir de 1441 (embarcação leve, veloz e de pequeno calado).
Atração pelo ouro e pelas especiarias. 	O ouro ele era utilizado como moeda confiável e empregado pelos aristocratas asiáticos na decoração dos templos e na confecção de roupas. Já as especiarias ganharam sentido de substância, muito ativas, caras, utilizadas para vários fins, como condimentos, isto é, tempero de comida, remédio ou perfumaria. Houve produtos como o açúcar que foram especiarias, mas com a introdução de seu consumo em massa deixaram de ser. As especiarias que se destacaram foram à noz-moscada, o gengibre, a canela, o cravo, e naqueles tempos, sobretudo a pimenta.
Ocupação da costa africana e as feitorias. Costuma-se considerar a conquista da cidade de Ceuta, no norte da África em 1415, como um ponto de partida para expansão marítima portuguesa. Ceuta era o núcleo mercantil importante, que negociava tecidos, utensílios de cobre, coirama, cera, mel, peixes secos etc.. Para alguns historiadores portugueses a conquista tinha por objetivos principais abrir caminho na busca do ouro do Sudão e controlar incursões de piratas dos árabes nas costas de Portugal. Para outros foi uma grande expedição da nobreza promovida pelo rei, em busca de saque e aventura. Ao mesmo tempo surgia a possibilidade de acesso a terras conquistadas e a criação e distribuição de uma série de cargos civis, militares e religiosos que, ao lado de tenças, mercês e dotes seriam distribuídos aos fidalgos. Já a burguesia desejava assegurar um fornecimento permanente de mercadorias e metais preciosos e, mesmo tempo, contornar o monopólio italiano, em particular o genovês sobre as mercadorias orientais. O reconhecimento da costa africana levou 53 anos, da ultrapassagem do cabo Bojador por Gil Eanes (1434) até a tímida passagem do cabo da Boa Esperança por Bartolomeu Dias (1487). A partir da entrada no oceano Índico, foi possível a chegada de Vasco da Gama à Índia. Depois os portugueses alcançaram a China e o Japão a ponto dos historiadores japoneses chamarem de "século cristão" no período de 1540 a 1630. Sem penetrar profundamente no território africano os portugueses foram estabelecendo uma série de feitoria, que eram postos fortificados de comércio, isto indica situações comerciais precárias exigindo a garantia de armas. A Coroa organizou o comércio africano, estabelecendo o monopólio real sobre as transações com ouro, abrigando a cunhagem de moeda em uma Casa da Moeda e criando também, por volta de 1481, a Casa da Mina ou Casa da Guiné como uma alfândega especial para o comércio africano. A conquista de Ceuta em 1945, não representou, contudo, a construção de uma sólida rede comercial na África, devido aos lucros imediatos auferidos no saque e, de outro, a pressão constante do reino de Aragão pela ocupação das fabulosas "Ilhas Afortunadas", o arquipélago das Canárias. Estas tinham como interesses a exploração de produtos tintoriais, apresamento de escravos, que seriam vendidos na Europa e a colonização agrícola.
A ocupação das ilhas do Atlântico. Fato bem diferente do que ocorreu na África, nelas os portugueses realizaram experiências significativas de plantio em grande escala, empregando trabalho escravo. Após disputar com os espanhóis e perder para eles a posse da ilha de Canárias, conseguiram se implantar nas outras ilhas: Ilha da Madeira. Em torno de 1420, dois sistemas agrícolas paralelos competiram pela predominância econômica. O trigo (modestos camponeses portugueses) e a cana-de-açúcar (mercadores e agentes comerciais genoveses), Ilha dos Açores. Em torno de 1427, Ilhas de Cabo Verde. Em torno de 1460, Ilha de São Tomé. Em torno de 1471, os portugueses implementaram um sistema de grande lavoura de cana-de-açúcar. Porém a economia açucareira acabou por triunfar, mas seu eixo foi breve. 
Brasil Colonial (1500 a 1822).
Os índios e sua escravidão. Quando os Europeus chegaram à terra que viria ser o Brasil encontraram uma população ameríndia bastante homogênea em termos culturais e linguísticos distribuídos ao longo da Costa e na bacia dos rios Paraná-Paraguai. Podemos distinguir dois grandes blocos, os tupis-guaranis e os Arawak. Os tupis estendiam-se por quase toda a costa brasileira (Ceará até a Lagoa dos Patos), no extremo Sul dominavam a faixa litorânea, no Norte até Cananeia, no Sul Estado de São Paulo. Os Guaranis localizavam-se na bacia – Paraná-Paraguai e no trecho litoral entre Cananeia e o extremo sul do que viria a ser o Brasil. Os Arawak distribuídos pela Amazônia ocidental, a leste dos Rios Negro e Madeira até os altiplanos da Bolívia e Peru, e ao norte até as Antilhas. Ao atingirem o litoral, os tupis-guaranis já eram portadores de uma tradição cerâmica e de uma agricultura importante praticada em clareiras da floresta, tendo desenvolvido plantio de feijão, mandioca, abóbora, batata-doce, cará, amendoim, banana e amplo uso do milho. A chegada dos Portugueses representou para os índios uma verdadeira catástrofe, sobretudo quando se tratou de escravizá-los, obrigando aos trabalhos agrícolas nos engenhos. Constituiu o mito da incompatibilidade do gentio com agricultura e da “preguiça da raça”, eles não entendiam a necessidade de se trabalhar duro para além das necessidades da subsistência. Podemos distinguir duas tentativas básicas de sujeições dos índios por parte dos portugueses. Uma delas, realizada pelos colonos constituiu na escravidão pura e simples e a outra na foi a tentada pelas ordens religiosas, principalmente pelos jesuítas, as ordens religiosas tiveram como mérito de tentar proteger os índios da escravidão imposta pelos colonos. Em 1570 incentivou-se a importação de africanos e a coroa começou a tomar medidas por meio de várias leis, para tentar impedir o morticínio e a escravidão desenfreada dos Índios. Só em 1758 a Coroa determinou a liberação definitiva dos indígenas.
As capitanias hereditárias.A expedição Martim Afonso de Sousa (1530 a 1533) representou um momento de transição entre o velho e o novo período. Tinha como objetivo patrulhar a costa, estabelecer uma colônia concessão não hereditária de terras aos povoadores que trazia (São Vicente 1532) e explorar a terra, tendo em vista a necessidade de sua efetiva ocupação. Há indícios de que Martim Afonso ainda se encontrava no Brasil quando Don João decidiu-se pela criação das capitanias hereditárias. O Brasil foi dividido em quinze quinhões, por uma série de linhas paralelas ao Equador que iam do litoral ao meridiano de Tordesilhas. Faziam parte grupos diversificados de pequena nobreza, burocratas e comerciantes, tendo em comum suas ligações com a Coroa. Os principais donatários foram: Navegador. Martim Afonso e Duarte Coelho (militar de destaque do Oriente). Jorge de Figueiredo Correia. Escrivão da Fazenda Real. Os donatários receberam uma doação da Coroa, pela qual se tornavam possuidores, mas não proprietários da terra, não podiam vender ou dividir a capitania, ou seja, o donatário passava a ter o monopólio da atividade judicial e estava autorizado a fundar vilas e a formar milícias. A posse dava os donatários extensos poderes econômicos e administrativos. Os documentos da doação das capitanias estipulavam as parcelas dos tributos que deviam ser pagos pelos colonos aos capitães donatários e à Coroa. As capitanias foram sendo retomadas pela Coroa, ao logo dos anos, por meio de compra e substituíram como unidade administrativa, mas mudaram de caráter, por passarem a pertencer ao Estado. Em 1752 e 1754, o marquês de Pombal completou praticamente o processo de passagem das capitanias do domínio privado para o público.
Governo Geral. Decisão tomada por Don. João III após alguns fatos significativos aconteciam com relação à Coroa Portuguesa, na esfera internacional. Surgiram os primeiros sinais de crise nos negócios da Índia, pondo em dúvida a solidez comércio do oriente. Tomé de Sousa foi enviado para o Brasil como o primeiro governador-geral em 1549, erguendo uma vila, com foros de cidade, a primeira do Brasil, Salvador, seu objetivo principal para a sua criação era centralizar a administração metropolitana na própria Colônia, com isso se inicia sua ação punitiva contra os Tupinambás, fechando o entreposto comercial português de Flandres. Seus principais problemas a serem enfrentados eram a pirataria e os ataques indígenas. Foram criados alguns cargos para cumprimento dessa finalidade, o mais importante o de Ouvidor-Geral, a que caberia administrar a justiça, o de Capitão-Mor, responsável pela vigência da costa, e o de Provedor-Mor, encarregado pelo controle e crescimento da arrecadação. Com o Governador-Geral vieram os primeiros jesuítas, Manoel de Nóbrega e seus cinco companheiros, com objetivo de catequizar os índios e disciplinar o clero da má fama existente na Colônia. A colonização se consolida, o Brasil viria a ser uma colônia cujo sentido básico seria o de fornecer ao comércio Europeu gêneros alimentícios ou minérios de grande importância.
As primeiras atividades econômicas. O açúcar. Foi o núcleo central da ativação socioeconômica do Nordeste. Foi nas décadas de (1530 e 1540) que a produção se estabeleceu em bases sólidas. Em 1532, Martim Afonso trouxe um perito na manufatura do açúcar. Plantou-se cana e construíram engenhos em todas as capitanias, de São Vicente e Pernambuco. Na Capitania de São Vicente Martim Afonso foi sócio, com portugueses e estrangeiros de um engenho (maior do Brasil Jorge dos Erasmos). A produção de cana no Rio de Janeiro na região de Campos teve também expressão, mas até o século XVIII, a cachaça e não o açúcar foi o primeiro produto obtido, sendo utilizada, sobretudo como moeda de troca no comércio de escravos na Angola. Os grandes centros açucareiros foram Pernambuco e Bahia, as duas capitanias combinavam na região costeira, boa qualidade de solos e um adequado regime de chuvas. O fumo. Foi uma atividade destinada à exportação. A grande região produtora localizou-se no Recôncavo Baiano, tono da cidade Cachoeira, formam importantes com moeda de troca na Costa da África. A produção era viável em pequena escala, formado por antigos produtores de mandioca ou imigrantes portugueses com poucos recursos. A pecuária. A criação de gado começo nas proximidades dos engenhos, mas a tendência de ocupação das terras férteis para o cultivo da cana foi empurrando criadores para o interior. A pecuária foi responsável pelo desbravamento do “Grande Sertão”. Os criadores penetraram no Piauí, Maranhão, Paraíba, Rio Grande Do Norte, Ceará, e a partir da área do rio São Francisco, chegaram aos rios Tocantins e Araguaia. Foram essas regiões que se caracterizavam por imensos latifúndios.
As invasões holandesas. Holandeses consistiram no maior conflito político-militar do período da Colonização do Brasil, tendo ocorrido de 1624 a 1637. Em 1637, os holandeses conseguiram estabelecer-se no nordeste brasileiro, tendo como governador o príncipe Maurício de Nassau. Tais invasões ocorreram na fase da chamada União Ibérica, iniciada em 1580, pelo rei Felipe II, da Espanha. Essa união foi promovida após a morte do jovem rei Dom Sebastião na Batalha de Alcácer Quibir em 1578. Antes de Portugal unir-se à Espanha, a relação comercial que os portugueses mantinham com os holandeses era amistosa e sem grandes confrontos. Com a União Ibérica, a Espanha, que, como nação católica, era uma ferrenha opositora política do protestantismo holandês, passou a determinar o modo como os portugueses passariam a gerir seus engenhos de açúcar e a comercializar esse produto. Entretanto, antes, o refinamento e a distribuição do açúcar português produzido no Brasil eram feitos pela Holanda. A rixa entre Espanha e Holanda provocou a reação violenta dessa última. Os holandeses, entre o fim do século XVI e o início do XVII, começaram a invadir e a pilhar as regiões da costa ocidental da África, então pertencentes a Portugal, bem como a colônia americana desse país, o Brasil. O historiador Boris Fausto, em seu livro História do Brasil, assim descreveu a primeira tentativa de invasão entre os anos 1624 e 1625 e a respectiva resistência de portugueses e brasileiros: “As invasões começaram com a ocupação de Salvador, em 1624. Os holandeses levaram pouco mais de 24 horas para dominar a cidade, mas praticamente não conseguiram sair de seus limites. Os chamados homens bons refugiaram-se nas fazendas próximas à capital e organizaram a resistência, chefiada por Matias de Albuquerque, novo governador por eles escolhido, e pelo bispo dom Marcos Teixeira. Utilizando-se da tática de guerrilhas e com reforços de 52 navios e mais de 12 mil homens juntaram-se, a seguir, às tropas combatentes. Depois de duros golpes, os holandeses se renderam, em maio de 1625. Tinham permanecido na Bahia por um ano.” Após essa tentativa rechaçada de dominar a cidade de Salvador, os holandeses tentaram mais uma vez estabelecerem-se no nordeste brasileiro, mas, agora, na região de Pernambuco. Essa região era cobiçada principalmente em razão da sua ampla estrutura erguida em torno da economia açucareira. As novas investidas holandesas começaram em 1630, com um ataque contra a cidade de Olinda. Até o ano de 1637, portugueses e brasileiros procuraram de todas as formas resistir à pressão dos holandeses. Foi nesse período que se destacou a atuação de Domingos Fernandes Calabar, que foi morto pelos portugueses sob a acusação de tê-los traído ao fornecer informações precisas aos holandeses. De 1637 a 1644, Maurício de Nassau governou a região de Pernambuco e realizou transformações grandiosas na infraestrutura e no sistema de produção açucareira. Data dessa época uma grande efervescência de atividades artísticas e científicas, sobretudo com a vinda de naturalistas europeus, patrocinados por Nassau, para estudar a fauna e a flora do Brasil. O “Brasil Holandês” teve fim após as “guerras de reconquista”, que caracterizaram o período entre 1645 e 1654. Após a saída de Maurício de Nassau do Brasil,a administração holandesa tornou-se dura e violenta.
A colonização do sudeste e do centro-sul. A colonização da Capitania de São Vicente começou como a do Nordeste, pelo litoral, com o plantio de cana e a construção de engenhos. Essa atividade não foi muito longe. Oaçúcar produzido concorria desvantajosamente com o do Nordeste, seja pela qualidade do solo, seja pela maior distância dos portos europeus. Por outro lado, a existência de índios, em grande número, atraiu para a região os primeiros jesuítas. Padres e colonizadores, com objetivos diferentes, iriam se atirar a uma grande aventura no rumo do interior: a escalada da Serra do Mar, abrindo caminho por trilhas indígenas até chegar ao Planalto de Piratininga a uma altura de oitocentos metros. Em 1554, os padres Nóbrega e Anchieta fundaram no planalto a povoação de São Paulo, convertida em vila em 1561, aí instalando o colégio dos jesuítas. Separados da costa pela barreira natural, os primeiros colonizadores e os missionários se voltaram cada vez mais para o sertão, percorrendo caminhos com a ajuda dos índios e utilizando-se da rede fluvial formada pelo Tietê, o Paranaíba e outros rios. Houve algumas semelhanças entre a região paulista em seus tempos mais remotos e a periferia do Norte do Brasil: fraqueza de uma agricultura exportadora, forte presença de índios, disputa entre colonizadores e missionários pelo controle daqueles, escassez de moeda e frequente uso da troca nas relações comerciais. Particularmente notável foi à influência indígena. Um extenso cruzamento, incentivado pelo número muito pequeno de mulheres brancas, deu origem ao mestiço de branco com índio, chamado de mameluco. O tupi era uma língua dominante até o século XVIII. Os portugueses de São Paulo adotaram muitos dos hábitos e habilidades indígenas, tornando-se tão capazes de usar o arco e a flecha como as armas de fogo. Mais uma vez, missionários e colonizadores se chocaram, dados os seus métodos e objetivos diversos na subordinação dos índios. Por exemplo, decisões do papa e da Coroa (1639-1640) reiterando os limites à escravização indígena provocaram violentas reações no Rio de Janeiro, em Santos e em São Paulo. Os jesuítas foram expulsos da região, só retornando a São Paulo em 1653.
A expansão da Pecuária. A região de São Paulo teria, já a partir de fins do século XVI, uma história bem peculiar. Os povoadores combinaram o plantio da uva, do algodão e sobretudo do trigo com outras atividades que os levaram a uma profunda interiorização nas áreas desconhecidas ou pouco exploradas do Brasil. Criadores de gado paulistas espalharam-se pelo Nordeste, penetrando no Vale do Rio São Francisco até chegar ao Piauí. No Sul, o atual Paraná onde ocorreram algumas tentativas de mineração tornou-se uma extensão de São Paulo. O gado esparramou-se por Santa Catarina, o Rio Grande do Sul e a Banda Oriental (Uruguai). Iniciativas individuais combinaram-se com a ação da Coroa, interessada em assegurar a ocupação da área e estender o mais possível a fronteira com a América espanhola. Imigrantes trazidos do Arquipélago dos Açores e paulistas fundaram Laguna em Santa Catarina (1684). Alguns anos antes (1680), os portugueses haviam estabelecido às margens do Rio da Prata, em frente à Buenos Aires, a Colônia do Sacramento, pretendendo com isso interferir no comércio do alto Peru, especialmente da prata, que transitava pelo rio, no rumo do exterior.
As Bandeiras e a Sociedade Paulista. A grande marca deixada pelos paulistas na vida colonial do século XVII foram às bandeiras. Expedições que reuniam às vezes milhares de índios lançavam-se pelo sertão, aí passando meses e às vezes anos, em busca de indígenas a serem escravizados e metais preciosos. Não é difícil entender que índios já cativos participassem sem maiores problemas dessas expedições, pois, como vimos à guerra ao contrário da agricultura era uma atividade própria do homem nas sociedades indígenas. O número de mamelucos e índios sempre superou o dos brancos. A grande bandeira de Manuel Preto e Raposo Tavares que atacou a região do Guaíra em 1629, por exemplo, era composta de 69 brancos, 900 mamelucos e 2 mil indígenas. As bandeiras tomaram as direções de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e as regiões onde se localizavam as aldeias de índios guaranis organizadas pelos jesuítas espanhóis. Dentre elas, destacava-se o Guaíra, situado no oeste do Paraná, entre os Rios Paranapanema e Iguaçu, região onde os bandeirantes empreenderam seguidas campanhas de saques, destruição e apresamento de índios. Algumas bandeiras realizaram imensas viagens, em que a atração por uma grande aventura se mesclava aos objetivos econômicos. Já veterano Raposo Tavares percorreu, entre (1648 e 1652), um roteiro de 12 mil quilômetros: caminhou em direção ao Paraguai até os contrafortes dos Andes, seguiu depois no rumo nordeste atravessando o atual Estado de Rondônia, para depois descer os Rios Mamoré e Madeira e, pelo Amazonas, chegar afinal a Belém. Na verdade, os paulistas não constituíram uma "raça especial", mas um grupo de origem portuguesa ou mestiça que, por uma série de condições geográficas, sociais e culturais, se distinguiram de outros grupos. Sua coragem e arrojo, ou o fato de que tenham contribuído para a extensão territorial do Brasil, estão fora de dúvida, mas o simples relato de suas façanhas mostra que eles não tinham nada a ver com a imagem de heróis civilizadores. Do ponto de vista da organização social, os paulistas construíram uma sociedade rústica, com menor distinção entre brancos e mestiços, influenciada pela cultura indígena. A independência dos paulistas precisa ser qualificada. Sem dúvida, não tiveram um comportamento subserviente com relação à Coroa, cujas determinações muitas vezes desafiaram. Foram inclusive chamados por um governador-geral de gente que "não conhecia nem Deus, nem Lei, nem Justiça". Não se pode dizer, porém, que os interesses da Coroa e o bandeirismo, estivessem inteiramente divorciados. Houve bandeiras que contaram com o direto incentivo da administração portuguesa e outras não. De um modo geral, a busca de metais preciosos, o apresamento de índios em determinados períodos e a expansão territorial eram compatíveis com os objetivos da Metrópole. Os bandeirantes serviram também aos propósitos de repressão de populações submetidas, no Norte e Nordeste do país. Domingos Jorge Velho e outro paulista, Matias Cardoso de Almeida, participaram do combate no Rio Grande do Norte à longa rebelião indígena conhecida como Guerra dos Bárbaros (1683 a 1713). O mesmo Domingos Jorge Velho conduziu a campanha final de liquidação do Quilombo dos Palmares em Alagoas (1690 a 1695). Observadores jesuítas estimaram em 300 mil, o número de índios capturados apenas nas missões do Paraguai. Este número pode ser exagerado, mas outras estimativas também são sempre elevadas. Em anos recentes, demonstrou-se que uma parte considerável dos índios apresados foi utilizada na própria economia paulista, em especial no cultivo do trigo. O fato se concentrou no século XVII, ligando-se às invasões holandesas. Com a destruição da frota portuguesa, a importação de trigo se tornou precária. Ao mesmo tempo, a presença numerosa de tropas estrangeiras no Nordeste ampliou as possibilidades de consumo. Com o fim da guerra, o cultivo do trigo decaiu e acabou se extinguindo, diante do declínio das reservas de índios e da concorrência do produto importado.
Ouro e diamantes. Em 1695, no Rio das Velhas, próximo a atual Sabará e Caeté, ocorreram às primeiras descobertas significativas de ouro. A tradição associa a essas primeiras descobertas o nome de Borba Gato, genro de Fernão Dias. Durante os quarenta anos seguintes, foram encontrados ouro em Minas Gerais, na Bahia, Goiás e Mato Grosso. Ao lado do ouro, surgiram os diamantes, cuja importância econômica foi menor, descobertos no Serro Frio, norte de Minas, por volta de 1730. A exploração de metais preciosos teve importantes efeitos na Metrópole e na Colônia. Na Metrópole, a corrida do ouro provocou a primeira grande correnteimigratória para o Brasil. Durante os primeiros sessenta anos do século XVIII, chegaram de Portugal e das ilhas do Atlântico, gente da mais variada condição, desde pequenos proprietários, padres, comerciantes, até prostitutas e aventureiros. Por outro lado, os metais preciosos vieram aliviar momentaneamente os problemas financeiros de Portugal. Na virada do século XVIII, a dependência lusa com relação à Inglaterra era um fato consumado. Para ficar em um exemplo apenas, o Tratado de Methuen, firmado pelos dois países em 1703, indica a diferença entre um Portugal agrícola, de um lado, e uma Inglaterra em pleno processo de industrialização, de outro. Portugal obrigou-se a permitir a livre entrada de tecidos ingleses de lã e algodão em seu território, enquanto a Inglaterra comprometeu-se a tributar os vinhos portugueses importados com redução de um terço do imposto pago por vinhos de outras procedências. É bom lembrar que a comercialização do vinho do Porto estava nas mãos dos próprios ingleses. O desequilíbrio da balança comercial entre Portugal e Inglaterra foi, por muitos anos, compensado pelo ouro vindo do Brasil. Os metais preciosos realizaram assim um circuito triangular: uma parte ficou no Brasil, dando origem à relativa riqueza da região das minas; outra seguiu para Portugal, onde foi consumida no longo reinado de Dom João V (1706-1750), em especial nos gastos da Corte e em obras como o gigantesco Palácio-Convento de Mafra; a terceira parte, finalmente, de forma direta, via contrabando, ou indireta, foi parar em mãos britânicas, acelerando a acumulação de capitais na Inglaterra. Há exagero em dizer que a extração do ouro liquidou a economia açucareira do Nordeste. Ela já estava em dificuldades vinte anos antes da descoberta do ouro e, como vimos, não morreu. Mas não há dúvida de que foi afetada pelos deslocamentos de população e, sobretudo, pelo aumento do preço da mão de obra escrava, dada a ampliação da procura. Em termos administrativos, o eixo da vida da Colônia deslocou-se para o Centro-Sul, especialmente para o Rio de Janeiro, por onde entravam escravos e suprimentos, e por onde saía o ouro das minas. Em 1763, a capital do Vice-Reinado foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro. A economia mineradora gerou certa articulação entre áreas distantes da Colônia. Gado e alimentos foram transportados da Bahia para Minas e um comércio se estabeleceu em sentido inverso. Do Sul, vieram não apenas o gado, mas as mulas, tão necessárias ao carregamento de mercadorias. Sorocaba, com sua famosa feira, transformou-se, no interior de São Paulo, na passagem obrigatória dos comboios de animais, distribuídos principalmente em Minas.
A Coroa e o Controle das Minas. A extração de ouro e diamantes deu origem à intervenção regulamentadora mais ampla que a Coroa realizou no Brasil. O governo português fez um grande esforço para arrecadar os tributos. Tomou também várias medidas para organizar a vida social nas minas e em outras partes da Colônia, seja em proveito próprio, seja no sentido de evitar que a corrida do ouro resultasse em caos. De um modo geral, houve dois sistemas básicos: o do quinto e o da capitação. O Quinto. Consistia na determinação de que a quinta parte de todos os metais extraídos devia pertencer ao rei. O quinto do ouro era deduzido do ouro em pó ou em pepitas levado às casas de fundição. A capitação. Ela consistia, quanto aos mineradores, em um imposto cobrado por cabeça de escravo, produtivo ou não, de sexo masculino ou feminino, maior de doze anos. Os faiscadores, ou seja, os mineradores sem escravos, também pagavam o imposto por cabeça, no caso sobre si mesmo. Além disso, o tributo era cobrado sobre estabelecimentos, como oficinas, lojas, hospedadas, matadouros entre outros. Outra preocupação da Coroa foi a de estabelecer limites à entrada na região das minas. Nos primeiros tempos da atividade mineradora, a Câmara de São Paulo reivindicou, junto ao rei de Portugal, que somente aos moradores da Vila de São Paulo, a quem se devia a descoberta do ouro, fossem dadas concessões de exploração do metal. Disso resultou a guerra civil conhecida como Guerra dos Emboabas (1708 a 1709), opondo paulistas de um lado, estrangeiros e baianos de outro. Os paulistas não tiveram êxito na sua pretensão, mas conseguiram que se criasse a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, separada do Rio de Janeiro (1709), e a elevação da Vila de São Paulo à categoria de cidade (1711). Em 1720, Minas Gerais se tornaria uma capitania separada. Se os paulistas não conseguiram o monopólio das minas, a Coroa procurou evitar que elas se transformassem em território livre. Tentou impedir o despovoamento de Portugal, estabelecendo normas para a emigração. A entrada de frades foi proibida e uma ordem regia ao governador da capitania determinou a prisão de todos os religiosos que nela estivessem "sem emprego ou licença" (1738). Desde as primeiras explorações, os frades eram suspeitos de contrabando. Outros esforços da Coroa buscaram impedir um grande desequilíbrio entre a região das minas e outras regiões do país. Foi proibida a exportação interna, da Bahia para as minas, de mercadorias importadas de Portugal; tomaram-se medidas no sentido de assegurar o suprimento de escravos para o Nordeste, estabelecendo-se cotas de entrada de cativos na região mineira. Em 1711, o governador de São Paulo e Minas elevou os acampamentos de Ribeirão do Carmo, Ouro Preto e Sabará à condição de vila. Depois, vieram Caeté, Pitangui, São João del Rei e outros. Ribeirão do Carmo foi à primeira vila a se transformar em cidade, recebendo o nome de Mariana (1745).
A Inconfidência Mineira. A Inconfidência Mineira teve relação direta com as características da sociedade regional e com o agravamento de seus problemas, nos dois últimos decênios do século XVIII. Aparentemente, a intenção da maioria era a de proclamar uma República, tomando como modelo a Constituição dos Estados Unidos. O poeta e ex-ouvidor Tomás Antônio Gonzaga governaria durante os primeiros três anos e depois disso haveria eleições anuais. O Distrito Diamantino seria liberado das restrições que pesavam sobre ele; os devedores da Coroa, perdoados; a instalação de manufaturas, incentivada. Não haveria exército permanente. Em vez disso, os cidadãos deveriam usar armas e servir, quando necessário, na milícia nacional. Sociedade mineira entrou em uma fase de declínio, marcada pela queda contínua da produção de ouro e pelas medidas da Coroa no sentido de garantir a arrecadação do quinto. Em sua grande maioria, eles constituíam um grupo da elite colonial, formado por mineradores, fazendeiros, padres envolvidos em negócios, funcionários, advogados de prestígio e uma alta patente militar, o comandante dos Dragões, Francisco de Paula Freire de Andrade. Todos eles tinham vínculos com as autoridades coloniais na capitania e, em alguns casos (Alvarenga Peixoto, Tomás Antônio Gonzaga), ocupavam cargos na magistratura. José Joaquim da Silva Xavier constituía, em parte, uma exceção. Desfavorecido pela morte prematura dos pais, que deixaram sete filhos, perdera suas propriedades por dívidas e tentara sem êxito o comércio. Em 1775, entrou na carreira militar, no posto de alferes, o grau inicial do quadro de oficiais. Nas horas vagas, exercia o ofício de dentista, de onde veio o apelido algo depreciativo de Tiradentes. O entrosamento entre a elite local e a administração da capitania sofreu um abalo com achegada a Minas do governador Luís da Cunha Meneses, em 1782. Cunha Meneses marginalizou os membros mais significativos da elite, favorecendo seu grupo de amigos. Embora não pertencesse à elite, o próprio Tiradentes se viu prejudicado, ao perder o comando do destacamento dos Dragões que patrulhava a estratégica estrada da Serra da Mantiqueira. A situação agravou-se em toda a região mineira com a nomeação do Visconde de Barbacena para substituir Cunha Meneses. Barbacena recebeu do ministro português Melo e Castro, instruções no sentido de garantir o recebimento do tributo anual de cem arrobas de ouro.Para completar essa quota, o governador poderia se apropriar de todo o ouro existentee, se isso não fosse suficiente, poderia decretar a derrama, um imposto a ser pago por cada habitante da capitania. Recebeu ainda instruções no sentido de investigar os devedores da Coroa e os contratos realizados entre a administração pública e os particulares. As instruções faziam pairar uma ameaça geral sobre a capitania e mais diretamente sobre o grupo de elite, onde se encontravam os maiores devedores da Coroa. Os inconfidentes começaram a preparar o movimento de rebeldia nos últimos meses de 1788, incentivados pela expectativa do lançamento da derrama. Não chegaram, porém, a pôrem prática seus planos. Em março de 1789, Barbacena decretou a suspensão da derrama, enquanto os conspiradores eram denunciados por Silvério dos Reis. Devedor da Coroa como vários dos inconfidentes, Silvério dos Reis estivera próximo destes, mas optara por livrar-se de seus problemas denunciando o movimento. Seguiram-se as prisões em Minas e a de Tiradentes no Rio de Janeiro. O longo processo realizado na capital da Colônia só terminou a 18 de abril de 1792. A partir daí, começou uma grande encenação da Coroa, buscando mostrar sua força e desencorajar futuras rebeldias. Só a leitura da sentença durou dezoito horas! Tiradentes e vários outros réus foram condenados à forca. Algumas horas depois, uma carta de clemência da Rainha Dona Maria transformava todas as penas em banimento, ou seja, expulsão do Brasil, com exceção do caso de Tiradentes. Na manhã de 21 de abril de 1792, Tiradentes foi enforcado num cenário típico das execuções no Antigo Regime. Entre os ingredientes desse cenário se incluíam a presença da tropa, discursos e aclamações à rainha. Seguiram-se a retaliação do corpo e a exibição da sua cabeça, na praça principal de Ouro Preto. A Inconfidência Mineira é um exemplo de como acontecimentos históricos de alcance aparentemente limitado podem ter impacto na história de um país. Como fato material, o movimento de rebeldia não chegou a se concretizar, e suas possibilidades de êxito, apesar do envolvimento de militares e contatos no Rio de Janeiro, eram remotas. Sob esse aspecto, a Revolução de 1817, que a partir de Pernambuco se espraiou por uma grande área do Nordeste, teve maior importância.
Conjuração dos Alfaiates. Foi um movimento organizado na Bahia em 1798, por gente marcada pela cor e pela condição social: mulatos e negros livres ou libertos, ligados às profissões urbanas como artesãos ou soldados, e alguns escravos. Entre eles destacavam-se vários alfaiates, derivando daí o nome da conspiração. Mesmo entre os brancos, predominava a origem popular, com a importante exceção do médico Cipriano Barata, que iria participar de vários movimentos revolucionários do Nordeste, por mais de quarenta anos. Os conspiradores defendiam a proclamação da República, o fim da escravidão, o livre comércio especialmente com a França, o aumento do salário dos militares, a punição de padres contrários à liberdade. Um dos elementos de inspiração era o ideário revolucionário da República jacobina estabelecida na França entre 1793 e 1794. O movimento não chegou a se concretizar, a não ser pelo lançamento de alguns panfletos e várias articulações que atacavam ferozmente a administração local. Após uma tentativa de se obter apoio do governador da Bahia, começaram as prisões e delações. Quatro dos principais acusados foram enforcados e esquartejados. Outros receberam penas de prisão ou banimento. 
A vinda da Família Real para o Brasil. Após controlar quase toda a Europa ocidental, Napoleão impôs um bloqueio ao comércio entre a Inglaterra e o continente. Portugal representava uma brecha no bloqueio e era preciso fechá-la. Em novembro de 1807, tropas francesas cruzaram a fronteira de Portugal com a Espanha e avançaram em direção a Lisboa. O Príncipe Dom João, que regia o reino desde 1792, quando sua mãe Dona Maria fora declarada louca, decidiu-se, em poucos dias, pela transferência da Corte para o Brasil. Entre 25 e 27 de novembro de 1807, cerca de 10 a 15 mil pessoas embarcaram em navios portugueses rumo ao Brasil, sob a proteção da frota inglesa. Todo um aparelho burocrático vinha para a Colônia: ministros, conselheiros, juízes da Corte Suprema, funcionários do Tesouro, patentes do exército e da marinha, membros do alto clero. Seguiam também o tesouro real, os arquivos do governo, uma máquina impressora e várias bibliotecas que seriam a base da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Abertura dos portos. Logo ao chegar, durante sua breve estada na Bahia, Dom João decretou a abertura dos portos do Brasil às nações amigas em 28 de janeiro de 1808, o que serviu para inibir a indústria colonial nas primeiras décadas do século XIX. Já no Rio de Janeiro, no mês de abril, o príncipe regente revogou os decretos que proibiam a instalação de manufaturas na Colônia, isentou de tributos à importação de matérias-primas destinadas à indústria, ofereceu subsídios para as indústrias da lã, da seda e do ferro, encorajou a invenção e introdução de novas máquinas. Abertura dos portos foi um ato historicamente previsível, mas ao mesmo tempo impulsionado pelas circunstâncias do momento. Portugal estava ocupado por tropas francesas, e o comércio não podia ser feito através dele. Para a Coroa, era preferível legalizar o extenso contrabando existente entre a Colônia e a Inglaterra e receber os tributos devidos. A Inglaterra foi a principal beneficiária da medida. O Rio de Janeiro se tornou o porto de entrada dos produtos manufaturados ingleses, com destino não só ao Brasil como ao Rio da Prata e à costa do Pacífico. A abertura dos portos favoreceu também os proprietários rurais produtores de bens destinados à exportação (açúcar e algodão principalmente), os quais se livravam do monopólio comercial da Metrópole. Daí para frente seria possível vender a quem quer que fosse sem as restrições impostas pelo sistema colonial. Mas a medida contrariou os interesses dos comerciantes e provocou grandes protestos deles, no Rio de Janeiro e em Lisboa, a ponto de o príncipe Dom João ter de fazer algumas concessões. Por decreto de junho de 1808, o comércio livre foi limitado aos portos de Belém, São Luís, Recife, Salvador e Rio de Janeiro; o chamado comércio de cabotagem, ou seja, entreportos da Colônia, ficou reservado a navios portugueses; o imposto sobre produtos importados, que fora fixado em 24% do valor da mercadoria, foi reduzido para 16%, quando se tratasse de embarcações portuguesas. Só a última dessas decisões tinha real importância, mas logo seria ultrapassada pelas concessões feitas à Inglaterra. A escalada inglesa pelo controle do mercado colonial brasileiro culminou no Tratado de Navegação e Comércio, assinado após longas negociações em fevereiro de 1810. A Coroa portuguesa tinha pouco campo de manobra. Ela dependia do resultado da guerra contra Napoleão para recuperar o território metropolitano, suas colônias eram protegidas pela esquadra britânica. A tarifa a ser paga sobre as mercadorias inglesas exportadas para o Brasil foi fixada em apenas 15% de seu valor, pelo tratado de 1810. Com isso, os produtos ingleses ficaram em vantagem até com relação aos portugueses. Mesmo quando, logo depois, as duas tarifas foram igualadas, a vantagem inglesa continuou imensa. Sem proteção tarifária, as mercadorias de um país atrasado, como se tornara Portugal, no âmbito do capitalismo europeu, não tinham condições de competir em preço e variedade com os produtos ingleses.
A Corte no Rio de Janeiro. A transferência da sede da monarquia portuguesa para o Brasil mudou o quadro das relações internacionais no contexto da América do Sul. A política externa de Portugal passou a ser decidida na Colônia, instalando-se no Rio de Janeiro o Ministério da Guerra e Assuntos Estrangeiros. Além de realizar uma expedição à Guiana Francesa, incentivada pela Inglaterra, a Coroa concentrou sua ação na área do Prata, especificamente na Banda Oriental – atual Uruguai, região onde espanhóis e portuguesesse chocavam desde as últimas décadas do século XVII. Com o objetivo de anexar a Banda Oriental ao Brasil, Dom João VI realizou duas intervenções militares, em 1811 e a partir de 1816. A derrota de Artigas - principal figura na luta pela independência Uruguaia garantiu aos portugueses a posse da região e a incorporação da Banda Oriental ao Brasil, em 1821, com o nome de Província Cisplatina. Entretanto, os conflitos no Prata estavam longe de terminar. A vinda da família real deslocou definitivamente o eixo da vida administrativa da Colônia para o Rio de Janeiro, mudando também a fisionomia da cidade. Entre outros aspectos, esboçou-se aí uma vida cultural. O acesso aos livros e a uma relativa circulação de idéias foram marcas distintivas do período. Em setembro de 1808, veio a público o primeiro jornal editado na Colônia o jornal Gazeta do Rio de Janeiro; abriram-se também teatros, bibliotecas, academias literárias e científicas, para atender aos requisitos da Corte e de uma população urbana em rápida expansão. Muitos dos novos habitantes eram imigrantes, não apenas portugueses, mas espanhóis, franceses e ingleses que viriam formar uma classe média de profissionais e artesãos qualificados. Além deles, vieram ao Brasil cientistas e viajantes estrangeiros, como o naturalista e mineralogista inglês John Mawe, o zoólogo bávaro Spix e o botânico Martius, também bávaro, o naturalista francês Saint-Hilaire. Em março de 1816, chegou ao Rio de Janeiro a Missão Artística Francesa, incluindo, entre outros, o arquiteto Grandjean de Montigny, autor de projetos de edificações urbanas, e os pintores Taunay e Debret. Estes deixaram desenhos e aquarelas que retratavam paisagens e costumes do Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XIX.
A Revolução Pernambucana de 1817. Revolução que estourou em Pernambuco em março de 1817 teve como uma das principais causa o descontentamento resultante da condição econômica e dos privilégios concedidos aos portugueses. Ela abrangeu amplas camadas da população: militares, proprietários rurais, juízes, artesãos, comerciantes e um grande número de sacerdotes, a ponto de ficar conhecida como a "revolução dos padres". Chama à atenção a presença de grandes comerciantes brasileiros ligados ao comércio externo, os quais começavam a concorrer com os portugueses, em uma área até então controlada, em grande medida, por estes. Outro dado importante da Revolução de 1817 se encontra no fato de que ela passou do Recife para o sertão, estendendo-se a Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. O desfavorecimento regional, acompanhado de um forte antilusitanismo, foi o denominador comum dessa espécie de revolta geral de toda a área nordestina. Não devemos imaginar, porém, que os diferentes grupos tivessem os mesmos objetivos. Para as camadas pobres da cidade, a independência estava associada à idéia de igualdade, uma igualdade mais para cima do que para baixo. Para os grandes proprietários rurais, tratava-se de acabar com a centralização imposta pela Coroa e tomar em suas mãos o destino, se não da Colônia, pelo menos do Nordeste. Os revolucionários tomaram o Recife e implantaram um governo provisório baseado em uma "lei orgânica" que proclamou a República e estabeleceu a igualdade de direitos e a tolerância religiosa, mas não tocou no problema da escravidão. Foram enviados emissários às outras capitanias em busca de apoio e aos Estados Unidos, Inglaterra e Argentina, em busca também de apoio e de reconhecimento. A revolta avançou pelo sertão, porém, logo em seguida, veio o ataque das forças portuguesas, a partir do bloqueio do Recife e do desembarque em Alagoas. As lutas se desenrolaram no interior, revelando o despreparo e as desavenças entre os revolucionários. Afinal, as tropas portuguesas ocuparam Recife, em maio de 1817. Seguiram-se as prisões e execuções dos líderes da rebelião. O movimento durara mais de dois meses e deixou uma profunda marca no Nordeste. Um dos membros radicais do levante, defensor da abolição da escravatura, era o comerciante Domingos José Martins, casado com moça nascida em uma família ilustre da terra.
A independência. Caracteriza-se como uma escalada quer passou da defesa da autonomia brasileira á idéia de independência. É explicado por um conjunto de fatores externos e internos. Em 1820 revolução liberal em Portugal, inspirada nas idéias ilustradas. Crise política causada pela ausência do réu e dos órgãos de governos, crise econômica resultante da liberdade comercial do Brasil, crise militar resultante da presença de oficiais ingleses nos altospostos do exercito (na ausência do rei Portugal foi governado por um conselho de regência presidido por um marechal inglês que depois se tornou chefe do exército). Exigiram a volta do rei à metrópole e queriam a aprovação de uma nova Constituição. Temendo perder o trono caso não regressasse a Portugal o rei decidiu-se afinal pelo retorno e eu seu lugar ficou como príncipe regente o filho Pedro. Nos meses seguintes, nas eleições para as cortes quase todos os eleitos eram nascidos no Brasil e com forte ideais independentes. Já em fins de 1821 novas medidas das Cortes fortaleceram a opção pela Independência. Dom Pedro fica no Brasil como Príncipe com a chefia do ministério pelo brasileiro José Bonifácio – instaurando o 1º Reinado. No plano internacional a independência foi reconhecida pelos Estados Unidos em maio de 1824. Informalmente já era reconhecida pela Inglaterra, interessada em garantir a ordem na antiga Colônia. O reconhecimento formal dependeria da extinção do tráfico de escravos. Em agosto de 1825, por um tratado que recompensaria a metrópole em dois milhões de libras pela perda da antiga colônia deu-se origem ao primeiro empréstimo externo contraído pelo Brasil em Londres. A independência não resultou em maiores alterações da ordem social e econômica ou da forma de governo. O Brasil se manteria como uma Monarquia, na contramão de todas as demais independências contemporâneas a ela. A elite política promotora da Independência não tinha interesse em favorecer rupturas que pudessem por em risco a estabilidade da antiga Colônia. O Brasil passara da dependência inglesa via Portugal à dependência direta. O Brasil se estabelece independente, formalmente, mas não financeiramente e não havia um acordo das elites políticas, muito heterogênea. Alcançado a 7 de setembro de 1822, às margens do Riacho Ipiranga, Dom Pedro proferiu o chamado Grito do Ipiranga, formalizando a independência do Brasil. Com apenas 24 anos, o príncipe regente era coroado Imperador, recebendo o título de Dom Pedro I. O Brasil se tornava independente, com a manutenção da forma monárquica de governo. Mais ainda, o novo país teria no trono um rei português. Este último fato criava uma situação estranha, porque uma figura originária da Metrópole assumia o comando do novo país. Em torno de Dom Pedro I e da questão de sua permanência no trono muitas disputas iriam ocorrer, nos anos seguintes.
O primeiro Reinado (1822 a 1831).
Constituição de 1824. Em 1823 foi criada uma Assembléia Constituinte em que a maioria adotava uma postura liberal-moderada, consistente em defender uma monarquia constitucional que garantisse os direitos individuais e limitasse o poder do monarca. Assim, surgiram desavenças entre Dom Pedro e a Constituinte, que giravam em torno das atribuições dos Poderes. A Assembléia acabou sendo destituída por Dom Pedro com ajuda dos militares e uma Constituição acabou por ser promulgada em 1824. A constituição vigorou com algumas modificações até o fim do Império. Definiu o governo como monárquico, hereditário e constitucional. Essa constituição excluía os escravos e sua aplicação sobre os direitos e deveres garantidos eram muito inferiores na prática. O voto era indireto e censitário, o voto dos analfabetos não era proibido, o poder Legislativo era dividido em Câmara e Senado, com eleições para as duas casas, sendo a do Senado vitalícia. O país foi dividido em províncias cujos presidentes seriam nomeados pelo Imperador. O texto constitucionalconsiderou sagrada, inviolável e sem responsabilidade a figura do imperador. Foi constituído o Conselho de Estado (conselheiros vitalícios nomeados pelo imperador dentre cidadãos de mais de 40 anos com rendas altíssimas e “pessoas do saber”. Tinha como objetivo ser ouvido nos negócios graves e medidas gerais da república) e o Poder Moderador (poder dado ao imperador de intervir nas políticas mais séries e relevantes interpretando a “vontade nacional”). Conferiu caráter oficial a Igreja Católica.
Confederação do Equador. Teve como centro de gravidade a Província de Pernambuco em 1824, foi um movimento de reação ao processo de centralização comandado por D. Pedro I. 
A Regência (1831 a 1840).
A princípio os regentes eram 3, passando a ser apenas 1, a partir de 1934. Durante o período esteve em jogo à unidade territorial do país e o centro do debate político foi dominado pelos temas da centralização ou descentralização do poder, do grau de autonomia das províncias e da organização das Forças Armadas. Medidas destinadas a dar alguma flexibilidade ao sistema político e as garantias de liberdade individual, acabaram resultando em violentos choques entre as elites e no predomínio do interesse de grupos locais. Isso porque não havia consenso entre as classes e os grupos dominantes sobre qual arranjo institucional mais conveniente para seus interesses. Mas ainda, não havia clareza sobre o papel do Estado como organizador dos interesses gerais dominantes. Até a abdicação de Dom Pedro I a tendência política vencedora era a dos liberais moderados que mantinham uma proporção de políticos de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro, padres e graduados, muitos deles proprietários de terras e escravos. Na oposição ficava de um lado os “exaltados” (que defendiam a federação e as liberdades individuais) e de outros os "absolutistas" (que defendiam a volta de Dom Pedro I ao trono). 
Reformas Institucionais. Suprimir ou diminuir as atribuições de órgãos da Monarquia e criar uma nova forma de organização militar, reduzindo o papel do Exército. Teve como consequência a criação de uma lei de agosto de 1834, chamado Ato Adicional que adicionou à constituição de 1824 a determinação de que o Poder Moderador não poderia ser exercido durante a Regência e foi suprimido com ele o Conselho de Estado. Os presidentes das províncias continuavam a ser escolhidos pelo governo central, mas criaram-se Assembléias Provinciais com maiores poderes. Legislou-se sobre a repartição de rendas entre o governo central, as províncias e os municípios, gerando enfraquecimento do poder central. A base do exército estava ocupada por gente mal paga, insatisfeita e propensa a aliar-se ao povo em rebeliões urbanas, especialmentedevido à extensa ocupação de portugueses dos cargos de oficiais. Foi criada a Guarda Nacional, em substituição às milícias.
Revoltas provinciais. Respostas às dificuldades da vida cotidiana e incertezas da organização política. Com a descentralização realizada na Regência, os regentes acabaram incentivando as disputas de elites regionais pelo controle das províncias e o governo perdera sua aura de legitimidade. Além disso, algumas indicações equivocadas de presidentes para províncias completaram a situação.
Região Norte e Nordeste.
Guerra dos Cabanos (Pernambuco, 1832 a 1835). Movimento rural de pequenos proprietários, trabalhadores do campo, índios, escravos e alguns senhores de engenho. Lutaram em nome da religião, pelo retorno do imperador contra os ‘jacobinos’. Contaram com o apoio de comerciantes portugueses do Recife e de políticos restauracionistas. Seu líder era um sargento filho de padre. 
Cabanagem (Pará, 1835 a 1840). Revolta popular mais violenta e dramática. Região sem estabilidade e sem classe de proprietários rurais estabelecidas. Formado de índios, mestiços, trabalhadores escravos e uma minoria branca de comerciantes portugueses e ingleses e franceses. O movimento adquiriu ares revolucionários internacionais com a morte de autoridades diplomáticas e a possibilidade de invasão de territórios nas Guianas e no Caribe. Uma contenda entre grupos da elite local, sobre a nomeação do presidente da província abriu caminho para a revolução popular. Foi proclamada a independência do Pará. Em meio à luta, destacou-se na liderança dos rebeldes Eduardo Angelim, mas sem proposta alternativa a rebelião foi vencida pelas tropas legalistas.
Sabinada (Bahia, 1837 a 1838). Seu principal líder foi Sabino Barroso, foi cenário de várias revoltas urbanas, desde a Independência a Sabinada reuniu uma base ampla de apoio, incluindo pessoas da classe média e do comércio de Salvador em torno de idéias federalistas e republicanas. O movimento buscou um compromisso com relação aos escravos (os escravos nacionais que pegassem em armas seriam libertados). Não conseguiram penetrar no Recôncavo onde os senhores de engenho apoiaram o governo. Após o cerco de Salvador as forças governamentais recuperaram a cidade.
Balaiada (Maranhão, 1838 a 1840). Disputas entre grupos da elite local que acabaram gerando uma revolta popular em uma área de pequenos produtores de algodão e criadores de gado. À frente do movimento estavam o cafuzo Raimundo Gomes, envolvido na política local, e Francisco dos Anjos Ferreira, cujo oficio era fazer e vender balaios. Paralelamente, surgiu um líder negro conhecido como Cosme, à frente de 3 mil escravos fugidos. Chegaram a ocupar Caxias, segunda cidade da província. Sua proclamação não continham temas de natureza econômica ou social mais direcionada à religião católica, à constituição, à Dom Pedro II e à causada liberdade. Por terem várias tendências, tiveram desentendimentos entre si e foram derrotados pelas tropas do governo central.
Região Sul.
Guerra dos Farrapos (Rio Grande do Sul, 1835 a 1845). Formadas pelas elites dos estancieiros, criadores de gado das províncias. Está revolução foi motivada pelas reivindicações provinciais de proteção ao charque da região contra a concorrência platina, por suas relações com o mundo platino e sua produção direcionada ao suprimento do mercado interno denotavam a esse grupo características peculiares. Eles achavam que a província era explorada por um sistema de pesados impostos e, portanto reivindicavam autonomia ou até mesmo separação. Pelo Ato adicional que determinava que províncias que não pudessem arcar com todas as suas despesas receberiam recursos do governo central provenientes de outras províncias. O Rio Grande do Sul mandava seguidamente, fundos para cobrir despesas de Santa Catarina e outros. A revolta não uniu todos os setores da população, os charqueadores, por exemplo, dependentes de suas relações no Rio de Janeiro ficaram ao lado do governo central. Os protagonistas foram estancieiros da fronteira e algumas figuras da classe média das cidades. Queriam estabelecer a livre circulação dos rebanhos entre Uruguai e a província. Já tinham pequenos exércitos organizados e por isso as lutas foram longas entre combates e concessões do governo geral. Para por fim ao conflito, Caxias foi nomeado presidente e comandante de armas da província, combinando habilmente uma política de ataque militar e medidas de apaziguamento. A paz foi assinada com diversas condições.
A política no Período Regencial. Enquanto as rebeliões agitavam o país as tendências políticas no centro dirigente iam-se definindo. Dois grandes partidos imperiais surgiam: O Conservador (magistrados, burocratas, proprietários rurais, grandes comerciantes) e o Liberal (pequena classe média urbana, padres, proprietários rurais de áreas menos tradicionais Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais). O sistema político, porém ainda não se estabilizara. Nas eleições para a Regência única, realizadas em abril de 1835, o Padre Feijó derrotou seu principal competidor, Holanda Cavalcanti, proprietário rural de Pernambuco. Pouco mais de dois anos depois, em 1837, Feijó renunciou. Ele sofrera pressões do Congresso, sendo acusado de não empregar suficiente energia na repressão aos farrapos. Nas eleiçõesque se seguiram, triunfou Pedro de Araújo Lima, futuro Marquês de Olinda. A vitória simbolizou o início do ‘regresso’. A palavra indica a atuação da corrente conservadora desejosa de ‘regressar’ à centralização política e ao reforço da autoridade. Uma das primeiras leis nesse sentido consistiu em uma ‘interpretação’ do Ato Adicional, que retirava das províncias várias de suas atribuições, especialmente no que dizia respeito à nomeação de funcionários públicos.
Segundo Reinado (1840 a 1889).
Por um desses paradoxos comuns à política, e mais ainda à política brasileira, não foram os conservadores, mas os liberais, que apressaram a ascensão de Dom Pedro II ao trono. Superados pelas iniciativas ‘regressionistas’, os liberais promoveram no Congresso a antecipação da maioridade do rei, por mais uma interpretação arranjada do Ato Adicional. Assim, ainda adolescente, Pedro II assumiu aos catorze anos o trono do Brasil, em 1840.
O Regresso. As medidas de “Regresso” prosseguiram após 1840. O conselho de estado foi restabelecido, e o Código de Processo Criminal, modificado em 1841. Todo o aparelho administrativo e judiciário voltou às mãos do governo central com exceção dos Juízes de paz. O processo de centralização política e de reforço da figura do imperador, objetivos principais do ‘regresso’ completou-se com a reforma da Guarda Nacional. A hierarquia ficava reforçada e se garantia o recrutamento dos oficiais em círculos mais restritos. A partir daí, em vez de concorrência entre a Guarda Nacional e o Exército, existiria uma divisão de funções. Caberia à Guarda Nacional a manutenção da ordem e a defesa dos grupos dominantes, em nível local, ficando o Exército encarregado de arbitrar disputas, garantir as fronteiras e manter a estabilidade geral do país.
A luta Contra o Império Centralizado. Nos primeiros anos da década de 1840, o governo imperial carecida de uma sólida base social de apoio. Escrevendo em 1843, Justiniano José da Rocha, o mais brilhante jornalista conservador preocupava-se com esse problema. Segundo ele o apoio não poderia vir da inquieta e desiludida massa da população, do campo ou das cidades, mas, sim, do grande comércio e da agricultura. O jornalista conservador tinha em mente as revoltas liberais surgidas em maio e junho de 1842, duas províncias pouco afetadas por rebeliões, São Paulo e Minas Gerais, com ramificações no Rio de Janeiro. Entre seus lideres estavam figuras importantes, como o Padre Feijó e Campos Vergueiro, de São Paulo, Limpo de Abreu e Teófilo Ottoni, de Minas Gerais. Os grandes proprietários rurais se dividiam entre os dois campos em luta. No Rio de Janeiro, lideres dos rebeldes era Joaquim de Souza Breves, fazendeiro de café e homem mais rico da província. Joaquim de Souza Breves opunha-se ao governo central porque este tentava combater a sonegação de impostos sobe o café e tomara medidas de combate ao trafico de escravos. Alguns anos mais tarde, em 1848, surgiu em Pernambuco a Revolução Praieira. Não imaginemos, porém, que a Praieira tenha sido uma revolução socialista. Precedida por manifestações contra os portugueses com várias mortes, no Recife, ela teve como base, no campo, senhores de engenho ligados ao Partido Liberal. Sua razão de queixa era a perda do controle da província para os conservadores. Cerca de 2.500 homens atacaram Recife, sendo, porém, derrotados. A luta sob forma de guerrilhas prosseguiu até 1850, sem causar, porém, maiores problemas ao governo imperial. O núcleo urbano dos praieiros, no qual se destacava a figura do velho republicano Borges da Fonseca, sustentou um programa favorável ao federalismo, à abolição do Poder Moderador, à expulsão dos portugueses e à nacionalização do comércio a varejo, controlado em grande parte por eles. Como novidade, aparece a defesa do sufrágio universal, ou seja, do direito ao voto para todos os brasileiros, admitidas algumas restrições, como idade mínima para votar e ser votado, mas sem a exigência de um mínimo de renda.
O acordo das elites e o “Parlamentarismo”. A Praieira foi à última das rebeliões provinciais. Ao mesmo tempo, marcou o fim do ciclo revolucionário em Pernambuco, que vinha desde a guerra contra os holandeses, com a integração da província à ordem imperial. Bem antes de eclodir a Praieira, as elites imperiais vinham procurando formalizar as regras do jogo político. O grande acordo, afinal alcançado, tinha como pontos básicos o reforço da figura do imperador, com a restauração do Poder Moderador e do Conselho de Estado, e um conjunto de normas escritas e não escritas. Começou a funcionar um sistema de governo assemelhado ao parlamentar, mas que não se confunde com o parlamentarismo no sentido próprio da expressão. Em primeiro lugar, lembremos o fato de que a Constituição de 1824 não tinha nada de parlamentarista. Durante o Primeiro Reinado e a Regência não houve prática parlamentarista. Ela foi desenhada e, mesmo assim, de formas peculiar e restrita. A partir de 1847. Naquele ano, um decreto criou o cargo de presidente do conselho de Ministros indicado pelo Imperador. Esse personagem político passou a formar o ministério cujo conjunto constituía o conselho de Ministros, ou gabinete, encarregado do Poder Executivo. O funcionamento do sistema presumia que, para manter-se no governo, o gabinete deveria manter a confiança, tanto da Câmara como do Imperador. Com resultado desse mecanismo, houve em um governo de cinquenta anos, a sucessão de 36 gabinetes, com media de um ano e três meses de duração cada um. Aparentemente, havia uma grande instabilidade, mas de fato, não era bem isso que ocorria. Na verdade, tratava-se de um sistema flexível que permitia o rodizio dos dois principais partidos no governo. Para que estivesse na oposição, havia sempre a esperança de ser chamado a governar. Assim o recurso das armas se tornou desnecessário.
Os partidos: semelhanças e diferenças. Para Caio Prado Júnior: A existência de certo conflito entre o que chama de burguesia reacionária, representada pelos donos de terras e senhores de escravos, e a burguesia progressista, representada pelos comerciantes e financistas. Mas, segundo ele, a divergência não se manifestava através da política partidária. As duas correntes se misturavam nos dois partidos, embora houvesse certa preferência dos retrógrados pelo Partido Conservador. Para Raimundo Faoro: ele vê o Partido Conservador como a representação da burocracia, enquanto o Partido Liberal representaria os interesses agrários, opostos ao reforço do poder central, promovidos pelos burocratas. O tema da centralização ou descentralização do poder que diz respeito à organização do Estado dividiu, como vimos conservadores e liberais. Ressalvemos, porém que, na prática, essa divisão só foi relevante na década de 1830, quando as duas tendências ainda não chegavam a ser partidos. As medidas do ‘regresso’ e a maioridade de Dom Pedro II, promovida, aliás, pelos próprios liberais, assinalaram a vitória do modelo centralizador. Daí para frente, os dois partidos aderiram a ele, embora os liberais insistissem da boca para fora em defender a descentralização. A defesa das liberdades e de uma representação politica mais ampla dos cidadãos formam bandeiras levantadas pelo Partido Liberal, mas foi só a partir da década de 1860 que estes temas ganharam força, juntamente com a retomada das propostas de descentralização. 
Partido Liberal. foi um partido político brasileiro do Período Imperial, surgido por volta de 1837 e extinto com a Proclamação da República, em 1889. Sua ideologia propunha a defesa dos interesses dos senhores rurais e das camadas médias urbanas sem compromissos diretos com a escravidão. Com base de apoio nas províncias do Centro-sul do país como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, pode ser considerado como um partido à esquerda de seu grande rival, o Partido Conservador, que tinha como bandeira a manutenção da dominação política das elites escravocratas rurais. Mesmo assim, jamais assumiu qualquer feição revolucionária ou popular, servindo apenascomo instrumento de defesa dos interesses em jogo de um grupo social muito restrito daquele tempo. Já em fins de 1860, o Partido Liberal deu lugar a Liga Progressista, cujo fundador principal foi Joaquim Nabuco. A Liga Progressista, porém, logo teve nova cisão, mantendo-se nele os liberais moderados, ao passo que os liberais radicais uniram-se aos republicanos e um pequeno grupo mais conservador fundou o novo Partido Liberal, em 1870. O novo Partido Liberal, de 1870, passou a defender um programa político que não se restringia à questão da centralização do poder, defendendo temas como a abolição da escravatura e eleições diretas. O Partido Liberal diferia do Partido Conservador quanto ao método ou ao modo de lidar com a realidade social. Os conservadores apostavam num poder central forte, enquanto os liberais defendiam a autonomia das províncias e valorizavam a representação nacional (deputados eleitos). Embora a diferença de posição entre conservadores e liberais não fosse grande nem irreconciliável, ambos adotavam processos absolutamente iguais, usando da máquina administrativa de acordo com suas necessidades eleitoralistas. A ponto de o Imperador D. Pedro II do Brasil registrar em suas notas particulares que "a nossa principal necessidade política é a liberdade de eleição".
Partido Conservador. Foi um partido político brasileiro do Período Imperial, surgido por volta de 1836 e extinto com a Proclamação da República, em 1889. Foi evolução direta do Partido Restaurador, reunindo os antigos caramurus com a ala dissidente dos liberais moderados. Também se denominavam regressistas, em contra posição aos progressistas partidários do padre Feijó. O partido abarcava grandes proprietários rurais, ricos comerciantes e os altos funcionários do governo. A força política dos conservadores concentrava-se nas províncias do Nordeste. Os regressistas (também chamados de caramurus) tendo perdido seu principal objetivo com a morte de Pedro I do Brasil, aliaram-se aos liberais moderados, estes que seriam o núcleo do Partido Conservador. Esta origem liberal manteria o Partido Conservador fiel aos princípios da democracia liberal. Enquanto o Partido Liberal se aglutinou em torno da defesa do Ato Adicional de 1834, o Partido Conservador foi se organizando em torno da tese da necessidade de limitar o alcance liberal do Ato Adicional (apelidado de "a carta da anarquia") através de uma lei interpretativa. Assim, na Regência Una de Pedro de Araújo Lima, o Ato Adicional foi revisto, instituindo-se a "Lei Interpretativa do Ato Adicional", a qual revogava alguns dos aspectos mais federalistas do Ato. Durante todo o Império foi visível o predomínio dos conservadores, cabendo a estes a maioria dos Gabinetes. Entre suas realizações temos o restabelecimento do Conselho de Estado, a reforma do Código de Processo, e a Abolição da Escravatura (desde a supressão do tráfico de negros, sob a gestão de Eusébio de Queiroz, a Lei do Ventre Livre, de 1871, a Lei dos Sexagenários - preparada pelos liberais, mas promulgada por um gabinete conservador - e finalmente a Lei Áurea, do conservador João Alfredo). Credita-se aos conservadores ainda a adoção do sistema métrico decimal, o primeiro recenseamento geral do Império e o impulso principal à modernização das vias de comunicação. Os dois partidos não apresentavam diferenças ideológicas marcantes, aceitando ambos a filosofia liberal clássica, de pouca intervenção do Estado no domínio econômico e outras características próprias do Liberalismo do século XIX. Como diria Holanda Cavalcanti, "nada mais parecido com um saquarema do que um luzia no poder". Em grande parte a antinomia conservador-liberal referia-se apenas a uma atitude psicológica, a oposição entre "moderação" e "exaltação". De modo que se vemos constantes reivindicações liberais sendo realizadas por ministérios conservadores, a razão deve ser procurada neste espírito liberal subjacente em ambas às posições partidárias. Em 1862, um grupo de eminentes membros do Partido Conservador - Nabuco, Sinimbu, Saraiva, Paranaguá e Zacarias - formaria a "Liga Progressista", que a partir de 1868 se uniria ao Partido Liberal, gerando insatisfações dentro deste partido. Em 1870 os liberais "exaltados" do Partido Liberal lançaram o Partido Republicano.
A Economia Cafeeira. A primeira introdução de cafeeira no Brasil deve-se a Francisco de Melo Palheta em 1727 trouxe para o Pará as primeiras sementes da planta. Foi, porém no extenso vale do Paraíba atravessando uma parte do Rio de Janeiro e de São Paulo, que se reuniram as condições para sua primeira grande expansão em níveis comercias. A implantação das fazendas se deu pela forma de Plantation, com o emprego do trabalho escravo. Um personagem importante na comercialização do café era o comissário, estabelecidos nos portos, a princípio no Rio de Janeiro e depois também em Santos, o comissário atuava como intermediário, entre produtores e exportadores. Ele recebia a mercadoria para vender aos exportadores no momento considerado oportuno. O café das colônias inglesas entrava em seus territórios pagando impostos reduzidos, tornando ainda mais inviável o ingresso do café brasileiro. Essa seria uma característica importante das relações internacionais do Brasil, no plano econômico e financeiro, durante o século XIX e parte do século XX. O país dependia da Inglaterra para conseguir créditos e empréstimos. Sua dívida externa era, pois, sobretudo, para com os banqueiros ingleses. Mas não obtinha das transações comerciais com a Inglaterra receitas suficientes para pagar as importações dela provenientes e atender aos compromissos da dívida.
O tráfico de escravos e sua extinção. Em 1826, a Inglaterra arrancou do Brasil um tratado pelo qual, três anos após sua ratificação, seria declarado ilegal o tráfico de escravos para o Brasil. Uma lei de 1831 tentou por em andamento o tratado ao prever a aplicação de severas penas aos traficantes e declarar livres todos os cativos que entrassem no Brasil, após aquela data. A lei não foi praticamente aplicada à Lei para inglês ver. Rebeliões dos escravos: Desde o início do século XIX, a rebeldia de escravos instalou-se na região. A revolta mais significativa ocorreu em 1835, quando centenas de negros africanos, escravos libertos, adeptos da religião mulçumana, levantaram-se em Salvador. O Levante dos Malês foi reprimido com violência, ocasionando a morte de cerca de setenta participantes. A Inglaterra apreendeu muitos navios que transportavam escravos. Em 1846, deveria terminar o acordo pelo qual se concedia à Inglaterra o direito de visita, e o Brasil não se dispunha a prorrogá-lo. Diante disso, o Parlamento inglês aprovou um ato que no Brasil ficou conhecido como ‘Bill Aberdeen’. O Brasil reconhece, a partir de 1831, o tráfico como pirataria. O projeto converteu-se em lei em 1850, proposto por Eusébio de Queiros. A substituição da mão de obra escrava teve seu respaldo pela lei de terras de 1850. Ela foi concebida como uma forma de evitar o acesso à propriedade da terra por parte de futuros imigrantes. Ela estabelecia, por exemplo, que as terras públicas deveriam ser vendidas por um preço suficientemente elevado para afastar posseiros e imigrantes pobres. Com consequência, a frente interna antibritânica se enfraquecia. Além disso, o reforço do governo central, alcançado por iniciativa dos conservadores, facilitou a ação repressiva. Homens como João Maurício Wanderley, futuro barão de Cotejipe, e Nabuco de Araújo destacam-se na luta contra o tráfico, que durou uns cinco ano. Na qualidade de chefe da Bahia em 1850, João Maurício, apesar de ser senhor de engenho, enfrentou quase sozinho os traficantes, os membros do Poder Judiciário baiano, e a maioria da população.
A expansão cafeeira no oeste Paulista. As economias cafeeiras do Vale do Paraíba e do Oeste Paulista seguiram trajetórias opostas. A partir das duas últimas décadas do Império, enquanto a primeira declinava, a segunda continuava em franca expansão. Mas, no Oeste existia uma grande quantidade de terras, permitindoa incorporação contínua de novas áreas, por sua vez, o Vale não tinha mais para onde expandir.  Às vésperas da abolição da escravatura, o grande investimento dos fazendeiros da região era constituído de escravos, fato que por si só demonstra o impacto aí causado pela chamada lei Áurea. Outros fatores concorreram para explicar sua trajetória ascendente, dizendo a respeito ao meio físico favoráveis condições de solo e de clima, ai se encontra a terra rocha, de alta produtividade. No que se refere à tecnologia, foi o oeste que se introduziram o arado e o despolpador. Este significou uma verdadeira revolução tecnológica de descascamento de grãos. Por último o momento histórico, na região, a acumulação de capitais se deu em uma fase da vida do país que era clara a necessidade de buscar alternativas para substituir a força de trabalho escrava.
O início da imigração. A história da imigração para as zonas cafeeiras de São Paulo começa no Segundo Reinado, mas tem maior impacto nos anos posteriores à Proclamação da República. Em 1847, Nicolau de Campos Vergueiro, antigo regente do Império e fazendeiro, tentou a primeira experiência. Com recursos do governo, trouxe imigrantes alemães e suíços para trabalhar em suas fazendas e outras do Oeste paulista, pelo regime de parceria. Os parceiros se dedicavam principalmente ao trato e à colheita de café, dividindo com os proprietários os lucro ou prejuízos anuais. A retomada dos esforços para atrair imigrantes ocorreu a partir de 1871, coincidindo com a aprovação da Lei do Ventre Livre. A iniciativa partiu do governo provincial, o que mostra claramente as ligações entre a elite política de São Paulo e os fazendeiros de café e como o governo já dispunha de uma sólida base financeira. Começa assim a imigração subvencionada para São Paulo. Ao longo dos anos, a subvenção variou, incluindo a hospedagem por oito dias na capital e transporte para as fazendas. 
A Guerra do Paraguai. Enquanto surgia a marcha no oeste Paulista e as propostas de abolição gradual da escravatura davam os primeiros passos, um acontecimento internacional que iria marcar profundamente a história do segundo Império. Esse acontecimento foi à Guerra do Paraguai, travada por mais de cinco anos, entre 11 de novembro de 1864, quando ocorreu o primeiro ato das hostilidades, e 1º de março de 1870. Ela é conhecida, na América espanhola, como Guerra da Tríplice Aliança. O Vice-Reinado do Rio da Prata não sobreviveu como unidade política ao fim do colonialismo espanhol, nas primeiras décadas do século XIX. Naquele espaço territorial, após longos conflitos, nasceram a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e a Bolívia. O nascimento da República Argentina ocorreu depois de muitos vaivéns e guerras, em que se opunham as correntes unitárias e federalistas. O Uruguai nasceu em 1828 após 3 anos de luta entre argentinos, brasileiros e partidários da independência. A Inglaterra viu com bons olhos a criação do país, que deveria servir para estabilizar a área do estuário do Rio da Prata, onde os ingleses tinham interesses financeiros e comerciais. As facções dos blancos e dos colorados disputavam o poder. A autonomia paraguaia não foi reconhecida por Buenos Aires que, em 1813, impediu praticamente o comércio paraguaio com o exterior. A Argentina bloqueou a via natural de acesso ao mar pelo estuário do Prata, alcançada pelos paraguaios através dos Rios Paraguai e Paraná. O bloqueio levou Francia a isolar o país e a converter-se em seu ditador perpétuo. Em 1842, Carlos López proclamou a independência do Paraguai e procurou romper o isolamento do país. Em 1862, seu filho, Solano López, assume o poder. Na primeira metade do século XIX, a posição do Brasil diante de seus vizinhos pode ser resumida na preocupação com a Argentina. Temia-se na unificação do país, que poderia se transformar em uma República forte, capaz de neutralizar a hegemonia brasileira e atrair a província do Rio Grande do Sul. O Brasil colocou-se ao lado dos colorados, cuja linha política se aproximava de seus interesses. A aproximação de Brasil-Argentina-Uruguai teve início em 1862, com a chegada de Mitre ao poder, derrotando os federalistas. O país foi reunificado sob o nome de Republica Argentina, sendo Mitre eleito presidente. Ele começou a realizar uma política bem vista pelos liberais brasileiros, que haviam assumido o governo naquele mesmo ano. Aproximou-se dos colorados uruguaios e se tornou um defensor da livre negociação dos rios. Esses aspectos deram espaço às rivalidades entre Brasil e Paraguai. Embora houvesse competição entre dois países pelo mercado de erva-mate as disputas sob o ângulo do governo brasileiro tinham um conteúdo predominante geopolítico (fronteiras, livres navegação dos rios). Buscando romper de vez o isolamento do Paraguai e ter uma presença na região, Solano Lopes aliou-se aos Blancos, então no poder no Uruguai, e aos adversários de Mitre, lideres das províncias argentinas. Entre Ríos e Corrientes. Longe de agir no início da década de 1860 como um instrumento dos interesses ingleses, o governo imperial envolveu-se em vários incidentes com a Inglaterra, conhecidos como Questões Christie, nome do embaixador britânico no Brasil. Provavelmente, Lopes considerou que o expansionismo brasileiro e argentino estava em marcha e acabaria por sufocar o Paraguai. Decidiu então tomar uma iniciativa. Especula-se muito sobre as razões que teriam levado Solano Lopes a iniciar o conflito, com risco de provocar a união contra o Paraguai de dois velhos rivais o Brasil e a Argentina. Aparentemente, ele esperava neutralizar as ameaças de seus poderosos vizinhos e transformar o Paraguai em uma força no jogo político do continente. Contava para isso com uma vitória no desguarnecido Mato Grosso, que levasse o Brasil a um acordo e com o apoio do Blancos uruguaias e das províncias argentinas adversarias de Mitre. Essas expectativas não se realizaram. O suporte das províncias falhou, no Uruguai, o governo brasileiro forçou o poder do Colorado Venâncio Flores. Em março de 1865, o Paraguai declarou guerra à Argentina em março desse ano os governos argentinos, brasileiros, e uruguaio assinaram um tratado de Tríplice Aliança. O presidente Mitre assumiu o comando das forças aliadas. O peso econômico e demográfico dos três países da aliança era muito superior ao do Paraguai. Lopes, ao contrario de seus adversários estava bem preparado militarmente. O Brasil tinha, porém ampla superioridade naval para o combate nos rios. No decorrer dos anos, as forças da Tríplice Aliança cresceram, com predominância dos brasileiros, que representavam pelo menos dois terços do total. As tropas foram organizadas com Exército regular, os batalhões da Guarda Nacional e gente recrutada em sua maioria segundo os velhos métodos de recrutamento forçado que vinham da Colônia. Apesar disso, muitos foram integrados no corpo dos Voluntários da Pátria, como se tivessem apresentado para combater por vontade própria. Senhores de escravos cederam cativos para lutar como soldados. Uma lei de 1866 concedeu liberdade aos escravos da Nação que servissem no Exército. O Exército brasileiro foi consolidado no correr da Guerra do Paraguai. Até então, Império contava com um reduzido corpo profissional de oficiais e encontrava muitas dificuldades para ampliar os efetivos. Não havia serviço militar obrigatório, e sim um sorteio muito restrito, para servir no Exército. Os componentes da Guarda Nacional, que eram a grande maioria da população branca, estavam isentos desse serviço. Até a guerra do Paraguai, a milícia gaúcha dera conta das campanhas militares no Brasil no Prata, mas ela se revelou incapaz de enfrentar um Exército moderno como o paraguaio. Na história da guerra, feitos militares de ambos os lados combinam-se com as imagens de privações, de mortes em combate e por doença. Um fato importante nos rumos da guerra foi à nomeação de Caxias para o comando das forças brasileiras, em outubro de 1866. Ela se deu por pressão do partido Conservador, a oposição que responsabilizava os liberais pelas incertezas

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