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Fenol T1

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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Disciplina: Planejamento e Avaliação de Projetos
Prof: José Eduardo de Andrade
Alunos: Fernanda Rodrigues Ferreira
	 Gabriel Reis
	 Jéssica Zickwolf
Estudo de Oportunidade para produção de Fenol no Brasil.
Fenol
Grupo: Intermediários para Resinas Termofixas
TEC: 2907.11.00
Caracterizada por uma ou mais hidroxilas ligadas a um anel aromático o fenol é um composto orgânico que quando puro e à temperatura ambiente é um sólido branco cristalino, pouco solúvel em água e possui caráter ácido. Seu principal processo de obtenção, baseia-se na oxidação do cumeno em hidroperóxido de cumeno, como primeira etapa de síntese, e, em seguida, na cisão da molécula do hidroperóxido, gerando conjuntamente o fenol e a acetona (co-produto) sob catálise ácida. A etapa final consiste na separação dos dois produtos e purificação do fenol via destilação ou um agente químico.
 	Além desta forma de obtenção, o fenol também pode ser obtido a partir de ácido benzóico ou clorobenzeno. 
Usos
O principal uso do fenol é para produção de Bisfenol A, como mostra a figura 1. Além disso o fenol também é utilizado na produção de resinas empregadas pela indústria de fundição, de abrasivos, ou como produto de base para a cadeia industrial da Poliamida, ao mesmo tempo em que é o insumo principal para a formulação de ácido salicílico usado pela indústria farmacêutica. 
Figura 1: Principais usos do Fenol.
 (fonte: Dow Chemical Company.)
Produção e Consumo
No mercado exterior, as empresas Shell, Sunoco, Georgia Gulf, Dow, JLM and INEOS são os maiores produtores nos Estados Unidos. No entanto, INEOS Chemical é o maior produtor mundial de fenol. INEOS Chemical produz cerca de 650 mil toneladas por ano para EUA e 1330 mil toneladas por ano para a Europa , enquanto a Sunoco produz mais de 590 mil toneladas por ano de fenol em suas instalações em Philadelphia, Penn , EUA . A tecnologia de produção de fenol da Sunoco / UOP é usado atualmente em 11 fábricas no mundo com uma capacidade de produção de fenol total de mais de 1,5 milhões toneladas por an . A capacidade de produção de fenol na China ainda não atende a demanda, portanto, muitas empresas têm um plano para expandir ou construir as novas unidades no País.
No Brasil, segundo dados da ABIQUIM, somente a Rhodia Poliamida, localizada em São Paulo, e a Quiminvest, do Rio de Janeiro, sintetizam o fenol.
A capacidade de produção do Brasil, segundo dados mais recentes disponíveis, encontra-se em 251.600 toneladas. As indústrias produtoras de fenol aumentaram em 28% a capacidade de produção entre 2007 e 2013. Analisando o Gráfico 1 conclui-se que a indústria nacional consegue suprir toda a demanda interna, inclusive produz excedentes para a exportação, que cresceu consideravelmente entre 2008 e 2012, mas teve uma pequena queda em 2013.
Cabe ressaltar, que em 2006 os dados referentes à capacidade de produção instalada não foram divulgados, por isso encontra-se em 0 no Gráfico 1.
Gráfico 1: Evolução do consumo aparente de Fenol, entre os anos de 1999 e 2013.
Nos anos de 2008 e 2009 vê-se uma grande queda no consumo aparente de fenol do mercado brasileiro, como também é observado que as empresas pararam de divulgar seus dados de produção entre os anos de 2010 e 2013. Com a análise do mercado de fenol no Brasil, verificam-se casos sérios de dumping no mercado gerado por empresas norte-americanas e europeias, esta prática desleal no mercado torna-se então, atrelada a crise econômica de 2008 nos EUA e na Europa e ao fato do mercado brasileiro de fenol ser o único mercado expressivo na América latina, principal responsável pela queda do consumo aparente e a decisão das empresas de não divulgar seus dados de produção recentes.
Em 2015 com a prorrogação do direito antidumping por mais 5 anos pela CAMEX (Resolução CAMEX Nº 82 - DOU de 19/09/2014) o cenário se tornou similar ao de 2012. De acordo com os dados apresentados relativos ao mercado brasileiro desde o ano 2000, e projeções para o período de 2014 a 2018, o mercado brasileiro de fenol é de pequeno porte quando comparado com a capacidade produtiva mundial, ou mais especificamente dos EUA e a Europa, de acordo com as estimativas obtidas na publicação Tecnon OrbiChem, apesar de se caracterizar como único mercado significativo no âmbito da América do Sul. Além disso, o mercado brasileiro se diferenciaria de outros mercados de porte semelhante pela presença de um produtor nacional estabelecido, com capacidade produtiva superior ao consumo nacional, fato este que influenciaria a estratégia adotada pelos grandes competidores internacionais para internarem seus produtos no país. Comparando o potencial de exportação ose EUA e da Europa com o mercado livre de fenol no Brasil de 2014 - 2018 (projeção: dados informados pela CAMEX e a Rhodia - Tabela 1), podemos ver que a prática de dumping, se não controlada, pode ser bastante prejudicial ao mercado nacional de fenol.
Tabela 1: Potencial de exportação.
Preço
O preço do fenol vem variando pouco ao longo dos últimos anos, principalmente após os reflexos da crise de 2008, que fez com que o preço disparasse no ano seguinte. O preço que atingiu US$ 1650,00 por tonelada em 2011 e caiu para US$ 1395,19 /ton em 2012 hoje em 2016 se mostra estável com uma cotação de US$ 1649,00 /ton em fevereiro de 2016 e com expectativas de uma queda entre US$ 20-30/ton ao longo de 2016 em relação ao ano de 2015. Essa tendência acompanha do mercado internacional, onde a indústria química registrou, no segundo mês de 2016, uma variação negativa de preços (-3,17%), a maior variação deste tipo na atividade desde o início da pesquisa, acumulando no ano uma variação negativa de 4,91% e, nos últimos 12 meses, de -6,67%, os menores valores obtidos do setor neste tipo de medição no IPP.
Todos os produtos em destaque na variação de preços do mês em relação ao mês anterior tiveram valores negativos inclusive o fenol. 
Pontos Fortes 
Como já foi supracitado, o mercado brasileiro de fenol encontra-se consolidado e o preço do produto apresenta uma tendência à estabilização após a crise em 2008. Além do mais, o Brasil vem se destacando como referência na América do Sul na produção de fenol. O país também demonstra uma tendência de crescimento da exportação do produto, o que caracteriza a promissora presença brasileira no mercado internacional, por consequência, os níveis de importação estão se estagnando numa faixa consideravelmente inferior a anos anteriores, como no período entre 2000 e 2006 e, até mesmo, considerando um período mais recente, em 2010.
 Pontos Fracos
 
Em contrapartida, percebe-se que a indústria nacional ainda é suscetível e fortemente afetada pelo dumping gerado pelas indústrias norte-americanas e europeias. Os fornecedores de matéria-prima necessários até o momento formam um grupo concentrado com relação às indústrias que exigem a demanda de fenol e a substituição por novos métodos com o emprego de novas matérias-primas ainda está sendo estudada para uma aplicação rentável em escala industrial, esses fatores caracterizam uma indústria ainda limitada a atuação de fornecedores com considerável poder de barganha. 
 Perspectivas
Há uma insegurança no mercado nacional, uma vez que a capacidade produção instalada tem uma taxa de crescimento maior do que a taxa da demanda, visto que o consumo aparente do mesmo deve reduzir com o passar do tempo, esses fatores contribuem em taxas de operação mais lentas nas plantas industriais, fenômeno semelhante ao que está acontecendo na Ásia no momento. Com isso, a tendência as exportações devem prosseguir evoluindo, aumentando, dessa forma, a presença brasileira no mercado internacional de fenol.
Forças de Porter
Ameaça de novos entrantes:
Intensidade Baixa. Existência de empresas fortes e consolidadas no mercado. Principalmente aquelas que queiram expandir verticalmente sua linha de produção.
Rivalidade entre os concorrentes:Intensidade Alta. Práticas de dumping por empresas Americanas e Européias.
Ameaça de substituição:
Intensidade Baixa. Os substitutos parciais encontrados até o momento não apresentam considerável rentabilidade em escala industrial.
Poder de negociação dos compradores:
Intensidade Intermediária. Com o Aumento das exportações há um decréscimo no poder dos compradores nacionais e como, existe um pequeno número de empresas vendedoras, reduz a força dos compradores. No entanto, a capacidade produtiva é consideravelmente maior que a demanda, no mercado nacional, forçando a queda do preço e dando poder de barganha ao comprador.
Poder de nogociação dos fornecedores:
Intensidade Alta. Poucos substitutos disponíveis como matéria-prima para a produção de fenol e evidência de uma concentração de fornecedores em relação aos compradores no mercado.
Dados e Análise das projeções 
A partir dos dados obtidos foram feitas projeções para o consumo aparente de fenol até 2030, essas projeções são constituídas por princípios estatísticos distintos: linear e exponencial. No gráfico abaixo (Gráfico 3) também é visível a correlação da projeção linear com o PIB do país e a tendência da capacidade de produção instalada.
Gráfico 3: Comparação entre projeções.
 	
Ao fazer as correlações das projeções Linear e Exponencial para todo o período obtemos correlações muito baixas para ambos devido a vales no gráfico por falta de dados e grandes oscilações como a de 2008-2009 (anos da crise econômica), o que caracteriza um considerável grau de dispersão entre os valores de consumo aparente analisado entre 1999 e 2009, demonstrando que eles apresentam tendências diversificadas com o passar dos anos, porém ao fazer correlações para os períodos de 2003-2007 e para o período de 2007-2009 obtemos correlações melhores de (0,79 e 0,81) para a regressão linear e (0,76 e 0,79) para a exponencial, nos respectivos períodos de 2003-2007 e 2007-2009.
Percebe-se que a projeção linear obtida revela uma tendência de estagnação por volta de 160,000 toneladas, ao passo que a projeção exponencial indica um decréscimo do consumo aparente até 2030, no entanto, é visível que devido ao tratamento estatístico estabelecido para essa projeção, ela foi fortemente influenciada pelo ponto discrepante, o qual é caracterizado pela brusca queda do consumo aparente de 2008 para 2009 (de 171,852 toneladas para 89.028,90 toneladas).
PIB
 Analisando as projeções de CA com o PIB, podemos ver pelo cálculo da elasticidade que o fenol apresentou um desenvolvimento muito próximo do PIB entre os períodos de 1999 - 2005, onde temos uma elasticidade próxima de 1, porém com o grande crescimento das exportações e a crise internacional de 2008 este cenário começou a mudar drasticamente. A partir deste novo cenário de diminuição do consumo aparente e aumento das exportações, o fenol passou a depender mais de políticas econômicas externas do que do PIB nacional e este fato foi expresso na elasticidade do período de 2005-2009 que ficou em 0,44 em relação ao PIB.
Conclusão
Acredita-se que devido aos dados obtidos, as projeções analisadas e os estudos do mercado atual, a instalação de uma nova fábrica de fenol no Brasil não é um investimento promissor. A capacidade produtiva nacional tende a crescer, considerando as empresas já atuantes e consolidadas no mercado, isso caracteriza uma forte ameaça na entrada de um novo concorrente, visto que a produção interna de fenol já é mais que suficiente para suprir a demanda exigida pelo país (que tende a decrescer). Porém a atual crise econômica brasileira deve adiar o aumento da capacidade produtiva no país. 
As exportações tendem a crescer, consolidando a presença dessas mesmas empresas no mercado externo. Além do mais, apesar da forte presença do país na América do Sul, o mercado nacional ainda é frágil quanto ao dumping gerado por empresas norte-americanas e europeias, o que demonstra uma fraqueza e risco ao investimento. Os fornecedores de matéria-prima possuem forte influência sobre as indústrias atuantes no momento, devido a à concentração dos mesmos e à falta de substituintes rentáveis em escala industrial (possíveis substituintes ainda se encontram em fase de teste e experimentos). 
Bibliografia
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http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivo/legislacao/rescamex/2002/rescamex024.pdf;
http://www.rhodia.com.br/pt/mercados-e-produtos/chemical-categories/index.html;
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http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=4047&refr=4027;
http://www.todamateria.com.br/fenol/;
http://www2.uol.com.br/canalexecutivo/notasemp/emp210620041.htm;
http://www.quimica.com.br/pquimica/6525/empresas-rhodia-coloca-solventes-e-fenol-sob-nova-direcao/;
http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=4047&refr=4027;
http://www.icis.com/;
http://www.paranaonline.com.br/editoria/economia/news/829369/?noticia=CAMEX+PRORROGA+ANTIDUMPING+NAS+IMPORTACOES+DE+FENOL;
Projeto FEUP 2013/2014; Bezerra A., Leal F., Barbosa I., Santos R., Silva A., Amorim I., Gonçalves R., Andrade T.; Mestrado Integrado em Engenharia Química.;
Europe Chemical Profile, ICIS Chemical Business; 3-9 November 2014.;
ICIS Pricing, Phenol, 15 Fevereiro de 2016;
Estudo de potencial de diversificação da indústria química brasileira:Relatório Final; 1ª edição, 2014.;
Anuários Abiquim, edições de 1999 a 2014.

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