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Forrageamento ótimo * A maioria dos predadores terrestres é limitada pela disponibilidade de alimentos a que está submetido. Isso significa que os indivíduos mais aptos a encontrar, capturar e matar suas presas conseguem obter mais energia. Ao longo das gerações, o comportamento de forrageamento dos indivíduos de uma população tende a ficar mais e mais eficiente. Várias adaptações podem contribuir para diminuir o tempo gasto caçando e a energia gasta caçando. Essa área de estudo é conhecida como teoria do forrageamento ótimo. De forma simplificada, podemos definir duas categorias gerais de predadores: os que fazem busca ativa (ou seja, ficam perambulando procurando o que comer) e os que sentam e esperam. Um predador do tipo busca ativa se move no seu habitat e captura as presas que ele quer quando precisa conseguir comida. Um predador que senta e espera se posiciona em algum ponto de vantagem e espera por uma presa que passe ali por perto. Vamos pensar agora em um predador de busca ativa, cuja estratégia de forrageamento ideal é adquirir mais presas no menor tempo possível. Considere como exemplo uma aranha saltadora que se move no chão da floresta a procura de insetos, larvas e outros pequenos invertebrados para comer. Sua atividade de forrageamento a torna mais vulnerável aos seus próprios predadores, tais como algumas aves. Então quanto mais tempo uma aranha gasta forrageamento, maior a chance de morrer durante esse processo. Assim, uma aranha de maior sucesso (aquela que terá a barriga cheia para deixar mais filhotes) toma decisões que lhe dão mais presas na menor quantidade de tempo, já que cada segundo desperdiçado pode significar a morte. Nossa aranha hipotética faz isso continuamente, ouse seja, decide se deve parar e comer uma presa especial ou se deve seguir em frente em busca de algo melhor. Essa decisão é baseada em tempo: • Quanto tempo vai demorar para encontrar outra presa? Será uma presa diferente? • Quanto tempo vai demorar para capturar essa outra presa em comparação com o que ele já encontrou? Esses dois componentes que formam o tempo total de forrageamento e são chamados de tempo de procura e tempo de manuseio. Primeiro vamos pensar no tempo de busca. Não é difícil visualizar que ele é inversamente proporcional à abundância das presas. Quanto mais presas, menos tempo se leva para encontrar uma presa. Adicionalmente, um cardápio mais restrito pode ser mais raro, enquanto um cardápio mais variado pode facilitar encontrar comida pelo chão da floresta. Se a aranha come apenas larvas, sua presa é bem menos abundantes e seu tempo procura de acaba sendo maior. Agora se no cardápio está incluso larvas e besouros, por exemplo, a busca é mais rápida, dependendo da abundância de cada uma dessas presas. Antes da ingestão, porém, existe um tempo de manipulação da presa. Esse tempo depende do comportamento, do tamanho e da morfologia da presa. É mais rápido capturar uma larva de besouro pequena do que uma larva de besouro grande. Da mesma forma, é mais fácil captura uma larva sem pelos do que uma larva repleta de pelos por todo o corpo. *Modificado da página http://recologia.com.br/2013/12/forrageamento-otimo-como-predadores-ativos- minimizam-o-tempo-de-busca/ postada por Augusto Ribas. A partir da discussão que começamos, podemos fazer um modelo que represente o tempo médio que leva para encontrar uma presa, que será mais ou menos o inverso da abundância dessa presa (Fig. 1). Quando inserimos o tempo de manipulação, o tempo geral para encontrar e capturar a presa aumenta, o que no final das contas só pioras as coisas para a aranha. Então, um menor tempo de manipulação pode incrementar o benefício de uma presa para um predador. Com base nessas informações, podemos definir benefício líquido como sendo a energia que um predador obtém ao consumir uma presa, descontando a energia gasta pelo predador para obter esta presa. Podemos expressar o benefício líquido com a seguinte equação: )( mpt EEEBL +−= , onde BL é o benefício líquido, Et é a energia total que a presa fornece para o predador, Ep é a energia gasta pelo predador na procura pela presa e Em é a energia gasta pelo predador na manipulação da presa. Um predador pode aumentar o benefício líquido de muitas formas distintas: (1) minimizando a energia gasta na procura pela presa, (2) minimizando a energia gasta na manipulação da presa, e (3) buscando presas que forneçam muita energia. A estratégia ótima de forrageamento vai depender dos valores de Et, Ep e Em. Defesas primárias nas presas aumentam a energia gasta pelo predador durante a procura. Defesas secundárias, por sua vez, aumentam a energia gasta pelo predador durante a manipulação. Em ambos os casos, o resultado é uma diminuição do benefício líquido oferecido pela presa.
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