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Os sofrimentos do homem burguês

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Universidade Federal De Mato Grosso
Instituto De Ciências Humanas e Sociais
Departamento de Serviço Social 
Disciplina de Serviço Social e Filosofia 2º semestre
Docente; Prof. Ms. Wescley
Discentes; Nathália Damascena; Raphaella Costa Freitas; Raphaely Luz; Pablo Giovanni
Cuiabá; 05 de fevereiro de 2015
Os Sofrimentos do homem burguês
Introdução
I - Quem é o homem burguês?
 A história dos últimos seis ou sete séculos tem sido a história da formação e transformação do homem burguês. Sendo essa a idealização de um homem que se baseia na formação de seres autônomos, empreendedores e competitivos.
 Antigamente esse tipo de homem ideal ou homem burguês era definido pelos comerciantes, os quais viviam em uma sociedade feudal hierarquizada e que fantasiavam mudanças na sociedade que tinham como objetivo o reconhecimento eminente do dinheiro e os bens móveis excluindo a valorização dos status das classes sociais. Entretanto de fato esses homens já obtinham o cunho empreendedor, competitivo e autônomo em suas vidas cotidianas.
 No final da idade média Pico dela (L. Conder, Pag.12, sofrimento do jovem burguês) diz em seu Discurso sobre a dignidade do homem que Deus não deu ao ser humano nem um lugar predeterminado, nem uma fisionomia previamente definida, para que ele mesmo pudesse criar seu lugar e forjar sua própria fisionomia, como um escultor. Portanto, é correto dizer que o homem cria a sua própria moradia, os seus meios de locomoção, entre outros mas também é capaz de modificar a si mesmo a sua personalidade, seus objetivos. 
 Durante o século XV a Europa vivia algumas mudanças relacionadas as atividades mercantis, que afetaram o modo em que as pessoas percebiam o tempo, pois elas tinham a inquietação de que os dias, meses, anos estavam passando rapidamente, mas o Renascimento procurava solucionar essa agitação que atormentava a sociedade. No entanto o espírito moderno causava um certo encantamento no homem, por muitas vezes, ele gerava a desconfiança de um futuro próspero, mas ele também era capaz de encantar o homem conquistando a sua confiança.
 Por conseguinte o homem não convivia apenas com esse conflito do espírito moderno consigo. Sabe – se que as pessoas autônomas possuem maiores possibilidades de vivenciar um conflito externo no meio em que convivem e isso ocorre por elas terem que agir contra a sua comunidade em situações de competição de mercadorias e afins.
 A definição de tipo humano mostra que quando o indivíduo cria uma obra, é porque ele só pode criar algo que é representado por uma classe social ou de homens, ou seja, não existem burgueses sem burguesia. A diferença consiste no burguês que são os donos dos meios de produção e o “tipo humano” que a burguesia em sua maioria permite o desenvolvimento da sociedade e é no tipo humano em que se encontra as grandes diversidades do homem, resultando em contradições e sucessivamente aos conflitos externos causados pelos seres mais autônomos.
 Destaca-se que é o tipo humano da sociedade burguesa que transformam as suas ideias em ações e isso gera um certo incomodo para a burguesia (os donos dos meios de produção). Embora a história tenha mostrado que esses incômodos não causam grandes impacto na sociedade burguesa.
 II – O Homem burguês e o socialismo 
 No século de XVIII o homem burguês podia se reconhecer com clareza no plano das ideias, pois ele possuía uma fisionomia intelectual bastante diversificada e no entanto nítida. Tudo isso se manifestava na reflexão dos pensadores do “Século das Luzes”.
 As audácias dos grandes filósofos iluministas ainda hoje são capazes de nos impressionar. Na expressão teórica que conseguia ter através de seus expoentes, o homem burguês demonstrava que era capaz de mobilizar na busca da universalidade uma vitalidade crítica e autocrítica digna da maior admiração.
 Limitemo-nos a dois exemplos: Diderot e Rousseau. Diderot projetou as “luzes da razão” sobre a ambiguidade essencial, da ética do homem burguês. Rousseau que não acreditava nas “luzes da razão”, aponta os estragos causados pela propriedade privada e o individualismo burguês, nos quais os sentimentos naturais dos homens se corrompiam.
 Contudo no século XIX conseguia se firmar no poder como classe dominante, com o capitalismo depois de muita luta e batalha alcançou a sua maturidade, mas no mesmo momento surgiam frustrações vinda de uma nova classe: o proletariado.
 Rousseau tinha posto o dedo na ferida, quando cita que a os problemas dolorosos da sociedade é devido a propriedade privada. Os jacobinos na revolução francesa, entraram em conflito com os interesses da burguesia foram derrotados. Após a derrota Graco babeuf tentou retomar a luta radicalizando suas posições propôs a fazer uma revolução contra a propriedade privada, não obteve êxito e foi executado.
 Marx em seus manuscritos parisienses de 1844, elaborou uma concepção de homem original e vigorosa. Convencido que o homem se manifestava através de suas atividades, transformando o mundo, transformando a si mesmo através das práxis, o trabalho sendo como fundamental, como aquela atividade de autocriação humana se tornou naquela realidade abominável nas fabricas do século XIX.
 Então ele se empenhou em procurar entender as contradições do modo de produção capitalista. Formulou então sua denúncia da alienação do qual o homem burguês se via posto numa situação na qual deixava de se reconhecer em suas próprias criações.
 O sistema impunha ao operário que mesmo antes deles produzir tal mercadoria, já não pertencia a ele e sim a outra pessoa, ou seja, o dono da fábrica. E até a sua criatividade foi tida como simples mercadoria. Nunca antes a sociedade burguesa havia levado uma crítica tão radical sobre as suas estruturas. Marx propunha a substituição das classes burguesa á comunista.
 Mas faltava passar ao teste da prática, na Europa ocorreu um movimento que criou o partido de massas que obteve concessões da burguesia, mas no século XX houve uma revolução socialista radical, firmou um estado novo União soviética.
 O líder da revolução Lênin, percebia a situação esdrúxula que vivia a Rússia naquele momento, então se empenhou a pendurar, procuraram a investir em capital estrangeiro do mercado mundial. Aos olhos de muita gente estava criado o solo onde poderia dar os primeiros passos de um “novo homem” capaz de substituir o homem burguês. Lênin viu a fragilidade da classe operária russa e foi levado a fundar o Estado, partido.
 A visão de “novo homem” embora bem intencionada, degenerou num artifício de retórica de propaganda, muitas vezes hipócrita, culminou na autodissolução da União Soviética em 1989. O homem burguês superou-se, e enquanto novas experiências socialistas não se viabilizarem, será sempre necessário que o homem burguês, se examine as suas contradições e que se supere ao lidar com seus valores éticos e estéticos.
III – O homem burguês e a ética
 Todo ser humano tem necessidade de falar sobre suas opiniões e ideias, é o que o leva a construir justificativas teóricas que repercutem na nossa sensibilidade pessoal. Antes de organizarmos tais ideias estamos em constante alteração de nossas intuições, percepções e do meio em que vivemos, isso nos faz pensar como podemos alterar nossa realidade. Por conta disso, vários pensadores caem em um dilema, entre razão e irracionalidade. Já que tais pensamentos são criados dentro de nós, através da intuição/sentimentos, como podemos dizer que seria algo racional? Não há necessidade de procurar reposta para essa pergunta, não precisamos criar um embate entre racionalização e irracionalização, temos que aprender a conviver com as contradições e buscar dentro dela a tolerância para que possamos viver em harmonia.
 Quando fragmentamos tantas razões, limitamos nosso pensamento, julgando o diferente, como o burguês que sempre é visto como o outro. O pensamento burguês impera na sociedade, pois é passado de geração em geração, somos educados pelaclasse dominante a aceitá-lo como o "correto", o "ideal". 
 Se fizermos uma análise da conjuntura sócio histórica da criação do capitalismo, vemos nele uma acentuação das desigualdades sociais, ele foi severamente criticado pelo socialismo, com isso ele utilizou as concessões como artimanha para que não ruísse. Com o fracasso da União Soviética, o capitalismo encontrou a brecha que reavivou o espirito capitalista e o neoliberalismo veio com força total, nos repassando cada vez mais os ideais burgueses que nos leva sempre a querer mais, visando sempre o lucro, usando as pessoas que nos cercam, e até mesmo as que temos laços, apenas quando úteis em nossos interesses, tudo tem que ser útil para o mercado, ou torna-se descartável. O capitalismo acaba criando uma outra contradição, pois ao mesmo tempo que esses ideais burgueses são passados, onde somos ensinados a levar vantagem, a sermos "espertos", individualistas, regras morais como o cristianismo diz que devemos amar o próximo, sermos solidários, não sermos gananciosos, etc. O homem burguês é um homem totalmente mal resolvido, ele vive em uma dualidade entre vícios e virtudes, que por muitas vezes o coloca em situações contraditórias. 
 Uma coisa podemos afirmar, que as desigualdades tem aumentado, e vivemos em uma sociedade aonde a disparidade entre ricos e pobres são cada vez maiores, os ricos cada vez ficam mais ricos e os pobres não saem do lugar.
 "Técnico do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento calcularam que o imposto de 1% cobrado na fortuna desses bilionários bastaria para custear a educação básica de todas as crianças de idades escolares existente no mundo "( L. Conder, Pag.31, sofrimento do jovem burguês).
 Hoje as contradições são postas de maneira bem diferente, o que antes era "aclamado" na revolução Francesa pela burguesia: liberdade, igualdade e fraternidade hoje não é encontrado de forma alguma, todos estes valores foram deturpados, a liberdade é para aqueles que podem consumir, a igualdade chega a ser utópica, ou uma grande piada de mal gosto dos revolucionários e a fraternidade é totalmente falsa, usada por ingênuos ou maliciosos. A ética e a política é somente um jogo de cintura, pois elas nunca irão caminhar juntas.
 Se os revolucionários tentarem levar o seu pensamento em uma via de mão única, tornam-se intolerantes, é preciso entender que as complicações estão em todos nós, por conta do meio que vivemos e da forma como somos ensinados a ser. A superação do pensamento burguês só se dará quando o sistema capitalista em que vivemos mudar, pois é ele que reproduz a opressão, o egoísmo, o individualismo, etc. Para modificar esse sistema é necessário pessoas com valores éticos reais, que antecedem nossos fundamentos teóricos. Mas, mesmo existindo pessoas com tal ética, elas ainda estariam limitadas pelo pensamento vigente. Temos exemplos históricos como Lênin e Trotsky, que quando chegaram ao poder tornaram-se grandes tiranos, reproduzindo a mesma e até pior repressão do capitalismo. O que podemos concluir é que a razão tem de ser acompanhada pela auto crítica, ou torna-se ineficiente quando o objetivo é alcançado, ou seja, não adianta ter a razão se ela não vier acompanhada pela auto crítica, quando exercitamos isso, podemos superar o pensamento burguês.
IV - O homem burguês e a arte
 A arte é a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de percepção, emoções e ideias, com o objetivo de estimular esse interesse de consciência em um ou mais espectadores. Pode ser apresentada de diversas formas como, a plástica, música, escultura, cinema, teatro, dança, etc.
 Nas artes não existe uma regra geral a ser seguida, até porque nos dias atuais exploram diversificadas formas de expressão e não para nunca de se modificar. Sendo assim, os artistas se veem “obrigados” a estar inovando sempre.
 Já no Renascimento, Leonardo da Vinci (apud, Konder,2000, p.36) “achava digno de lástima o discípulo que não conseguisse superar o seu mestre (tristo è quel discepolo che non avanza il suo maestro).”
 Os seres humanos agem sobrem o mundo, transformando a realidade e acabam transformando a si mesmos. Em seu dia a dia seguem na elaboração de novos projetos, na construção de teorias e/ou interpretações para que seus objetivos sejam alcançados.
Os valores estético-gnosiológicos (chamemo-los assim) não são os únicos valores que se manifestam nas artes. As atividades artísticas expressam também outros valores. Podem, por exemplo, corresponder a necessidades psicológicas que se exteriorizam de maneira lúdica. Podem desempenhar um papel terapêutico. Podem proporcionar um tipo de satisfação que se obtém através da excelência técnica, a alegria do “fazer bem feito”. Konder (2000, p.37)
 O homem burguês não está livre de sensibilidade, e pode sim, apreciar os valores estéticos como tais. Pode até ser um sujeito de imenso bom gosto e de grande refinamento estético. Se quiser sobreviver e progredir na sociedade burguesa, entretanto, ele precise permanecer atento para o preço das obras de arte, para o valor de mercado que cada uma delas tem.
 O mercado não recusa obras de arte antigas que despertam interesse e que “vendem bem”. No entanto, numa sociedade organizada em torno do mercado, subordinada em medida crescente aos critérios de “rentabilidade” impostos pelo mercado. É preciso sempre acompanhar a moda, mostrar-se atualizado.
Neste final de século (e de milênio!), o chamado “pós-modernismo” explicita algumas das consequências extremas que estão sendo extraídas da observação das atuais condições da produção artística e abre o jogo quanto a algumas das ideias estéticas que estão sendo propostas, com êxito, ao homem burguês. Konder (2000, p.41)
 O pós-modernismo pode ser definido como as características de natureza sociocultural e estética, que marcam o capitalismo da era contemporânea. Do ângulo do “pós-modernismo”, não há mais “obras-primas” e nem existe qualquer razão para tentar cria-las. 
 O marxista norte-americano Fredric Jameson, em seu livro Pós-modernismo (apud, Konder,2000, p.41) chegou a escrever: “o valor de troca se generalizou a tal ponto que mesmo a lembrança do valor de uso se apagou”.
Em todo o caso, o “clima espiritual que se expressa nas concepções “pós-modernas” torna compreensível a extrema dificuldade com que se defrontam, hoje, os artistas que se dispõem a concretizar, em suas obras, valores estéticos duradouros. Torna compreensível também a convicção do homem burguês de que a arte não é feita para durar. E esse ponto de vista chega a ser adotado até por grandes artistas revolucionários, como se vê em algumas formulações do genial poeta comunista Bertolt Brecht. Konder (2000, p.42)
 Mesmo com toda a criatividade que possuem os artistas não conseguem controlar os problemas da articulação entre continuidade e descontinuidade na história do presente, nas condições da sociedade burguesa. Assim, mesmo com a riqueza dos meios técnico-expressivos dispostos pela tecnologia, o homem burguês tende a ser prejudicado em sua habilidade de criar e seu gozo artístico.
Na falta dos valores intrinsecamente qualitativos, o trágico se banalizou, passou a ser mensurável, quantificado: um acontecimento que não depende das ações humanas, como um desastre de avião ou um terremoto, passa a ser considerado tanto mais “trágico” quanto maior for o número de vítimas... Konder (2000, p.43)
Conclusão 
Bibliografia
KONDER, Leandro. Os Sofrimentos do Homem burguês. São Paulo, SP: Ed. SENAC, 2000.

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