Prévia do material em texto
Fabio Vito Pentagna Paciullo NOÇÕES BÁSICAS DE TOPOGRAFIA NOÇÕES BÁSICAS DE TOPOGRAFIA INTRODUÇÃO O mapa geológico deve ter uma base cartográfica que represente relevo topográfico, sistema de drenagem e planimetria (estradas, cidades, vilarejos, fazendas, casas, plantações, florestas, etc) da área em estudo. Cada um desses elementos é representado no mapa por simbologias específicas. No Brasil, seguem este padrão as cartas topográficas em escala 1:50.000, 1:100.000 e 1:250.000 produzidas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Embora raras, algumas cartas topográficas em escala 1:25.000 foram produzidas pela Diretoria de Serviço Geográfico do Exército. A escala do mapa geológico é que vai determinar a composição da base cartográfica – quanto maior a escala (e.g. 1:1000) mais detalhes podem ser inseridos no mapa. CURVAS DE NÍVEL As formas do relevo são representadas em mapa por linhas que unem pontos de mesma altitude denominadas de curvas de nível. Conceitualmente as curvas de nível são o produto da interseção de planos horizontais cotados com o relevo (Figs.1, 2 e 3). Desta maneira, as linhas interseção seguirão o contorno do relevo e formarão polígonos fechados. A projeção ortogonal destas linhas para o plano horizontal, constitui o mapa topográfico (Fig. 2). Na prática as curvas de nível são obtidas por medições realizadas no campo, através de aparelhagem e metodologia específicas. Figura 1 – Princípio geométrico de curvas de nível: interseções de planos horizontais cotados com o relevo geram linhas de contorno ao longo das quais qualquer ponto tem a mesma cota. Além de indicar altitude, quando vistas em conjunto as curvas de nível definem a forma do relevo topográfico. 1 Fabio Vito Pentagna Paciullo NOÇÕES BÁSICAS DE TOPOGRAFIA Figura 2 – Partes da construção de mapas topográficos-planimétricos. a)- bloco diagrama do relevo, incluindo sistema da drenagem. Os limites das representam a interseção de planos horizontais cotados com o relevo; b)- mapa topográfico correspondente: as linhas interseção são projetadas ortogonalmente para um plano horizontal; c)- mapa planimétrico (fonte: www.igce.unesp.br/igce/geografia/topografia/html). DISTÂNCIAS ENTRE CURVAS DE NÍVEL x DECLIVE TOPOGRÁFICO (α) As distancias entre curvas de nível são diretamente influenciadas pelo ângulo do declive topográfico (α). Quanto mais íngreme o terreno, mais próximas estarão as curvas de nível. Quanto mais suave for o terreno, mais afastadas estarão as curvas de nível (Fig. 3). 100 100 200 200 200 ' 300 300 300 ' 400 400 400 ' 500 500 500 ' 600 600 600 ' A B A' B' C D C' D' E' E 1 2 Y X Figura 3 – Relação entre curva de nível x ângulo do declive topográfico. As variações no ângulo do declive fazem com que as curvas de nível se aproximem, se afastem ou fiquem eqüidistantes. As distâncias entre as curvas de nível A e B, e C e D são diferentes devido a variação na inclinação do terreno nestes pontos (α1< α2). 2 Fabio Vito Pentagna Paciullo NOÇÕES BÁSICAS DE TOPOGRAFIA PERFIL TOPOGRÁFICO O perfil topográfico mostra a silhueta do relevo quando olhamos um corte vertical no mapa topográfico. Isto é feito construindo-se um sistema de eixos cartesianos simples XY onde no eixo Y são plotadas as cotas topográficas conforme uma escala previamente escolhida, e no eixo X são plotadas as distâncias entre as curvas de nível ao longo do perfil (Fig. 3). As curvas de nível serão representadas no perfil por pontos, pois a projeção de uma linha num plano vertical é um ponto. A união deles revela a silhueta do relevo topográfico. Para se ter uma visão fiel do relevo evitando distorções, o perfil deve ter a escala vertical (eixo Y) igual ao da escala horizontal (eixo X), ou seja, a mesma escala do mapa topográfico para ambos os eixos. Se a escala vertical for o dobro da horizontal, uma simples colina pode parecer uma montanha enorme. Construção de um perfil topográfico (Fig. 4) 1- No mapa topográfico, marca-se o traço da seção vertical (reta AB na fig. 4.1). 2- Num papel milimetrado (ou outro qualquer) colocado por cima dessa linha, marca-se onde cada curva de nível intercepta o traço da seção. Esse será o eixo X do perfil. Os pontos nele marcados refletem as distâncias entre as curvas de nível no mapa topográfico. Conseqüentemente, refletem também as variações das inclinações do terreno. 3- Perpendicular ao eixo X, crie um eixo Y dividindo-o conforme a escala do mapa topográfico e os intervalos das curvas de nível (e.g. 1:10.000 ou 1 cm no papel = 100 metros no terreno). 4- Plote os pontos que representam as projeções ortogonais das curvas de nível, conforme suas altitudes. 5- Una os pontos assim colocados e você terá a silhueta da topografia nesta seção (Fig. 4.2). FORMAS TOPOGRÁFICAS SIMPLES Formas topográficas simples seguem certos padrões e são facilmente visualizadas: 1- Vale e drenagem (rio, córrego e ravina) – as curvas de nível fazem um V cujo vértice aponta para jusante e cotas mais altas (Figs. 1 e 4-a. a’). 2- Encosta – é o oposto de vales, ou seja, as curvas de nível fazem um V apontando para cotas mais baixas (Figs. 1 e 4-b). 3- Cristas de serra – as curvas de nível formam polígonos alongados, tipo “charuto” (Fig.4-c). 4- Morro isolado – as curvas de nível formam polígonos arredondados e isolados do conjunto (Fig. 4-d). 5- Depressão – relevos negativos são representados por padrões de curvas de nível semelhantes aos de morros isolados, porém, com valores negativos indicados. Geralmente são representados por hachuras voltadas para dentro. 6- Platô e relevos arrasados – superfícies topográficas relativamente planas apresentam poucas curvas de nível e, quando as tem, estão bem espaçadas (Fig. 4-e). 3 Fabio Vito Pentagna Paciullo NOÇÕES BÁSICAS DE TOPOGRAFIA 4.1 4.2 Figura 4 – Passos para a construção de perfil topográfico (vide texto). 1- Mapa topográfico 1:25.000 com enfoque na topografia do extremo oeste da serra de São José, Águas Santas, município de Tiradentes, MG. Numa folha, marca-se onde cada curva de nível intercepta a reta AB. 2- Perfil topográfico AB. Os pontos marcados anteriormente correspondem ao eixo X. Num eixo perpendicular Y, marcam-se as cotas das mesmas curvas de nível. 4 Fabio Vito Pentagna Paciullo NOÇÕES BÁSICAS DE TOPOGRAFIA EXERCÍCIOS 1 - No mapa da figura 5, faça um perfil topográfico N-S passando pelo cume dos vulcões Acatenango e Fuego indicados. Em seguida, faça mais dois perfis topográficos E-W, um em cada vulcão. Como escala vertical, utilize a mesma escala do mapa. Figura 5 – Mapa topográfico dos complexos vulcânicos Fuego e Acatenango, Guatemala (Instituto Nacional Geográfico da Guatemala). 5 Fabio Vito Pentagna Paciullo NOÇÕES BÁSICAS DE TOPOGRAFIA 2- As figuras abaixo mostram o mapa topográfico 1:25.000 (Serviço Geográfico do Exército) e a fotografia aérea 1:60.000 (USAF) da Serra de São José, Tiradentes, MG. Observe-as atentamente e tente reconhecer as feições topográficas e planimétricas da foto no mapa, e vice-versa. 6