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CCJ0058-WL-A-RA-03-Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões

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Turma A – Manhã - 2012.1�� HYPERLINK "http://portal.estacio.br/" \o "Estácio" �� INCLUDEPICTURE "http://portal.estacio.br/img/logo.png" \* MERGEFORMATINET ������Direitos Humanos
WEB AULA�Disciplina:
CCJ0058��Aula:
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Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões�Folha:
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	APRESENTAÇÂO DA DISCIPLINA:
DIREITOS HUMANOS
É do conhecimento de todos que a redemocratização no Brasil deslocou os direitos fundamentais para a centralidade do ordenamento jurídico em detrimento das chamadas razões de Estado. Nesse sentido, a Constituição passa a ser percebida como norma jurídica e, na sua esteira, desponta a tão propalada força normativa da Constituição.
Destarte, estudar a eficácia dos direitos fundamentais nos dias atuais será a linha dominante do nosso aprendizado. Em conseqüência, faz parte da disciplina o entendimento da efetividade dos direitos fundamentais em suas diferentes dimensões, vale dizer, a primeira relativa aos direitos civis e políticos, a segunda relativa aos direitos sociais e econômicos e finalmente a terceira atinente aos direitos coletivos e difusos. A abordagem da disciplina inclui ainda as restrições impostas aos direitos fundamentais em decorrência da implementação dos sistemas constitucionais de emergência (estado de sítio e estado de defesa).
	BIBLIOGRAFIA
Bibliografia básica
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
BARROSO, Luís Roberto. A reconstrução democrática do direito público no Brasil. Rio de Janeiro: Renovar, 2007.
SILVA NETO, Manoel Jorge e. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Lumen&Juris, 2008.
Bibliografia Complementar
ALEXY, Robert. Teoria da argumentação jurídica. Trad. de Zilda Hutchinson Schild Silva. São Paulo: Landy Livraria Editora e Distribuidora, 2001.
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. São Paulo: Saraiva, 2003.
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. Rio de janeiro: Malheiros, 2004.
ZIMMERMANN, Augusto. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Lumen&Juris, 2006.
	AVALIAÇÃO:
A Avaliação é contínua, com ênfase nos aspectos colaborativos, incluindo tarefas grupais, e contempla o diagnóstico, o processo e os resultados alcançados por intermédio de avaliações diagnóstica, formativas e somativas, considerando os aspectos de autoavaliação.
A avaliação somativa da aprendizagem é realizada presencialmente pelo aluno no Polo de EAD da Estácio e segue a normativa da universidade, se constituindo em AV1, AV2 e AV3, sendo realizada de acordo com o calendário acadêmico divulgado para o aluno.
Durante o Curso, os alunos realizaram atividades propostas compostas de questões objetivas e discursivas referentes ao domínio cognitivo nos níveis de conhecimento, compreensão, aplicação, síntese e avaliação do conteúdo do Curso. Os exercícios discursivos são corrigidos e comentados pelo professor. Os exercícios objetivos possuem resposta automática, o que permite que o aluno saiba imediatamente a sua performance.
	OBJETIVO DA AULA
Aula 3: Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões:
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
Reconhecer a teoria dimensional dos direitos fundamentais.
Compreender as relações entre as dimensões dos direitos fundamentais e as concepções do Estado de Direito.
==XXX==
Livros Recomendados:
VER: Bibliografia.
Resumo Aula (Waldeck Lemos)
Fonte: Web-Aula Estácio.
	
	3ª AULA – Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões
	
	TELA_01: 3ª AULA – Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões
	TELA-02: Objetivo desta Aula:
Vídeo-01: Fonte:
Ao final desta aula, você será capaz de:
Reconhecer a teoria dimensional dos direitos fundamentais.
Compreender as relações entre as dimensões dos direitos fundamentais e as concepções do Estado de Direito.
Clique aqui para ver o estudo dirigido desta aula.
ESTUDO DIRIGIDO DA AULA
Leia o texto condutor da aula.
Leia os textos selecionados como leitura complementar.
Participe do fórum de discussão desta aula.
Leia a síntese da sua aula e a chamada para a aula seguinte.
Realize os exercícios de autocorreção.
Na aula passada, você conheceu um pouco mais sobre a concepção dos direitos fundamentais relativos à Constituição de 1988. Nesta aula, iremos falar sobre as três dimensões dos direitos fundamentais e sobre relação com as concepções de Estado de Direito. A título de ilustração, assista a um trecho do clássico filme “Napoleon”, escrito e dirigido por Abel Gance. O filme foi lançado em 1929, e na cena em questão vemos a personagem que interpreta Napoleão Bonaparte cantando o início da Marseillaise, originariamente uma canção famosa entre as unidades militares de Marselha e que se tornou hino da França.
	TELA-03: Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões
As gerações do conceito
A evolução conceitual dos direitos fundamentais pode ser dividida em três grandes gerações, a saber:
1ª Geração: Liberdade
2ª Geração: Igualdade
3ª Geração: Fraternidade
Direitos Civis e Políticos
Direitos Sociais, Econômicos, Culturais e Trabalhistas
Direitos Coletivos e Difusos
Cumpre alertar ao aluno desde logo que a terminologia “gerações de direitos fundamentais” é bastante controversa na esfera doutrinária, uma vez que projeta implicitamente a idéia de que uma geração supera a outra, o que evidentemente não é verdade. Uma geração não é substituída pela outra, mas, sim, complementa a outra; eis a razão pela qual diversos autores preferem usar a expressão “dimensões dos direitos fundamentais” no lugar de “gerações de direitos”.
	TELA-04: Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões
Dimensão versus Geração
Com efeito, as três dimensões dos direitos fundamentais têm caráter cumulativo que nos permite invocar uma relação de complementaridade ao invés de exclusividade. Não há rupturas dos direitos fundamentais de uma dimensão para outra. Ao contrário, os direitos fundamentais devem ser vislumbrados a partir de um prisma de coexistência harmônica e intercomplementariedade de suas três dimensões.
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4ª Geração
Além disso, vale também salientar que tanto a doutrina pátria (com Paulo Bonavides e outros), quanto a doutrina alienígena (com o italiano Norberto Bobbio e sua célebre obra Era dos Direitos), já noticia uma quarta geração dos direitos fundamentais, sendo que o ilustre doutrinador pátrio defende a ideia de “globalização dos direitos fundamentais”, com a quarta dimensão sendo composta pelo direito à democracia, direito ao pluralismo e o direito à informação, dentre outros.
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5ª Geração
Já Augusto Zimmermann destaca uma quinta geração de direitos fundamentais, cuja gênese vem da assim chamada realidade virtual que compreende o grande desenvolvimento da cibernética na atualidade, gerando, por conseguinte, o rompimento de fronteiras e potencializando desse modo conflitos entra Estados nacionais com realidades distintas via Internet (Cf. ZIMMERMANN, Augusto. Curso de Direito Constitucional. 2ª edição. verificada, ampliada e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002. P. 256).
	TELA-05: Os DireitosFundamentais e suas três dimensões
Dimensão versus Geração
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1ª Geração
Costuma a doutrina indicar como direitos de primeira geração as liberdades individuais diante do autoritarismo do Estado absoluto. Em sua grande maioria, são direitos negativos com um caráter de abstenção do Estado em não interferir nessas liberdades individuais. Correspondem à expressão “liberdade” dentro da trilogia da Revolução Francesa (liberdade-igualdade-fraternidade), já que simboliza o respeito aos direitos civis e políticos dos cidadãos em relação ao Estado, que se vê então limitado ao poder absoluto de outrora.
2ª Geração
Os direitos de segunda geração se conectam à expressão “igualdade” e correspondem aos direitos sociais, econômicos, culturais e trabalhistas. No âmbito dos direitos fundamentais de segunda geração, surge o compromisso do Estado em promover o bem-estar social. Ou seja, existem efetivamente direitos positivos que devem ser perseguidos pelo Estado na ânsia de conquistar a igualdade material. Contrariamente aos direitos negativos da primeira geração (caracterizados pela abstenção do Estado na esfera individual), os direitos sociais, econômicos e culturais exigem ação positiva do Estado na sua concretização, sendo esta a razão pela qual se denominam direitos positivos. O Estado deve agir ativamente para reduzir os problemas sociais em que são acometidos os cidadãos.
3ª Geração
Finalmente, os direitos de terceira geração que se acoplam à expressão “fraternidade” do lema revolucionário francês e corporificam os direitos coletivos e difusos. Assim sendo, na pauta dos direitos de terceira geração, constam a proteção ao meio ambiente, os direitos do consumidor, a busca do desenvolvimento econômico, os direitos do gênero humano (da essência do ser humano), patrimônio comum da humanidade (preocupação com os destinos da humanidade) e outros. Com rigor, são direitos transindividuais com fulcro na solidariedade e daí a sua conexão com a expressão fraternidade da Revolução Francesa.
As Gerações no STF
O próprio Supremo Tribunal Federal já teve a oportunidade de reproduzir o tema das gerações dos direitos fundamentais:
“Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) – que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais – realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais) – que se identifica com as liberdades positivas, reais ou concretas – acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o principio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade” (STF, MS 22164/SP).
	TELA-06: Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões
Análise da primeira dimensão dos direitos fundamentais
A primeira dimensão de direitos surge como reação ao mecanismo de concentração do poder político do Estado absolutista, cuja arquitetura jurídica prejudicava a burguesia ascendente. E assim é que a positivação dos direitos de primeira dimensão em documentos solenes e superiores tem dupla conotação: de um lado, a sacralização do pacta sunt servanda e, do outro, a criação de um modelo de garantismo constitucional respaldador da estatalidade mínima.
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Pintura retratando Luis XIV, da França
ATENÇÃO!
Observe, com atenção, que os direitos de primeira dimensão são predominantemente diretos negativos de não intervenção do Estado no domínio privado. Em regra, não demandam ações estatais positivas para a sua concretização; é um “não fazer” do Estado, daí a idéia de direitos de defesa que demarcam zonas rígidas de não-intervenção estatal nas relações jurídicas privadas.
Pacta sunt servanda
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pacta_sunt_servanda
Pacta sunt servanda é um brocardo latino que significa "os pactos devem ser respeitados" ou mesmo "os acordos devem ser cumpridos". É um princípio base do Direito Civil e do Direito Internacional.
No seu sentido mais comum, o princípio pacta sunt servanda refere-se aos contratos privados, enfatizando que as cláusulas e pactos e ali contidos são um direito entre as partes, e o não-cumprimento das respectivas obrigações implica a quebra do que foi pactuado. Esse princípio geral no procedimento adequado da práxis comercial — e que implica o princípio da boa-fé — é um requisito para a eficácia de todo o sistema, de modo que uma eventual desordem seja às vezes punida pelo direito de alguns sistemas jurídicos mesmo sem quaisquer danos diretos causados por qualquer das partes.
Com relação aos acordos internacionais, "todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé", ou seja, o pacta sunt servanda é baseado na boa-fé. Isto legitima os Estados a exigir e invocar o respeito e o cumprimento dessas obrigações. Essa base da boa-fé nos tratados implica que uma parte do tratado não pode invocar disposições legais de seu direito interno como justificativa para não executá-lo.
O único limite ao pacta sunt servanda é o jus cogens (latim para "direito cogente"), que são as normas peremptórias gerais do direito internacional, inderrogáveis pela vontade das partes.
	TELA-07: Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões
Explorando a primeira dimensão
Em consequência, o rol jusfundamental da primeira dimensão se perfaz a partir dos direitos que você verá na animação a seguir.
Clique para avançar =>
● Direito à Vida.
● Direito à Liberdade – Individual, de locomoção, de pensamento, de expressão coletiva, de imprensa, manifestação, reunião, associação, etc.
● Direito à Propriedade.
● Direito à Igualdade:
a) Igualdade perante a Lei (Igualdade Formal);
b) Igualdade em termos de garantias processuais: devido processo legal, habeas corpus, direito de petição, etc.
● Direito de Participação Política – Direito de voto, capacidade eleitoral passiva e ativa, partidos políticos, etc.
Comentário do Professor – É de clareza mediana, portanto, a natureza negativa e absenteísta dessa primeira plêiade de direitos fundamentais sob a égide da democracia liberal. Daqui se infere, assim, que a primeira dimensão de direitos não transcende o mero conceitos de igualdade formal de todos perante a lei. Seu centro epistemológico é a autonomia privada.
	TELA-08: Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões
Análise da segunda dimensão dos direitos fundamentais
Vídeo-02: Fonte:
Examinada a primeira dimensão de direitos, adentra-se agora à segunda dimensão e que é a consolidação do welfare state e do dirigismo constitucional. Após a instalação da burguesia no poder, instaura-se o modelo econômico capitalista, capitaneado pelos impactos da Revolução Industrial, que não tardou a impor às massas de trabalhadores um quadro lamentável de verdadeira miséria humana. Isto significa dizer que o rol jusfundamental pautado apenas nos direitos civis e políticos não teve o condão de garantir a dignidade da pessoa humana, ainda que em sua expressão mínima.
Com efeito, os importantes avanços da democracia liberal, e.g., a igualdade formal perante a lei, a garantia dos direitos civis e políticos, a separação de poderes como meio de limitar o arbítrio estatal e muitos outros, não foram capazes de criar condições mínimas indispensáveis ao efetivo gozo dos direitos fundamentais. Tal incapacidade deu azo à fixação de uma nova categoria de direitos fundamentais, agora ditos de segunda dimensão, cuja concretização efetiva deveria ser feita pelo Estado mediante ações prestacionais positivas.
	TELA-09: Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões
Explorando a segunda dimensão
Dessarte, a segunda dimensão de direitos traz à tona a necessidade de o Estado assegurar bens sociais imprescindíveis para a materializaçãoda dignidade humana, solapada que tinha sido pela doxa liberal burguesa.
Trecho de "Oração aos Moços", escrito por Rui Barbosa (1849-1923).
"A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade... Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real."
	TELA-10: Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões
 Agora, compondo o catálogo de direitos fundamentais, dentre outros, o direito ao trabalho, o direito à saúde, o direito à educação, o direito ao saneamento básico e o direito à seguridade social. Paulo Bonavides assevera que os direitos fundamentais de segunda dimensão nasceram, contrariamente aos clássicos direitos de liberdade e igualdade formal, “abraçados ao princípio da igualdade em sentido material” (cf. BONAVIDES, P. Curso de Direito Constitucional. 7ª ed. São Paulo: Ed. Malheiros, 1997. p. 517).
TOME NOTA
 Parada para leitura: clique no título para ler o texto Direitos da segunda dimensão, também disponível na Biblioteca da Disciplina.
Direitos da Segunda Dimensão
A maior parte da doutrina aponta a Constituição mexicana de 1917 e em especial a de Weimar de 1919 na Alemanha como marcos de inovação na ordem constitucional no que diz aos direitos de segunda dimensão. Realmente, não seria justo deixar de homenagear tais Constituições, vez que pioneiras na positivação sistemática de direitos sociais, econômicos, culturais e trabalhistas. Destarte, sob os influxos de Weimar, desponta o constitucional social bem mais intervencionista e almejando a realização da justiça social e a proteção dos hipossuficientes, enquanto classe menos favorecida. Na lição de Ingo Sarlet tem-se que:
Os direitos da segunda dimensão podem ser considerados uma densificação do princípio da justiça social, além de corresponderem à reivindicações das classes menos favorecidas, de modo especial da classe operária, a título de compensação, em virtude da extrema desigualdade que caracterizava (e, de certa forma, ainda caracteriza) as relações com a classe empregadora, notadamente detentora de um maior ou menor grau de poder econômico. (cf. BONAVIDES, P. Curso de Direito Constitucional. 7ª ed. São Paulo: Ed. Malheiros, 1997. p. 53).
Com efeito, as liberdades formais do paradigma liberal burguês foram insuficientes para salvaguardar a dignidade humana dos trabalhadores. Urgia, por conseguinte, ampliar o catálogo de direitos fundamentais a partir da inclusão de uma segunda dimensão com potencial para realizar a justiça social mediante ações positivas do Estado.
Em suma, a nova elaboração teórica do Estado Social se estriba na idéia de liberdade por intermédio do Estado, e, não, mas, na liberdade perante o Estado do modelo liberal burguês. Sem negar as conquistas das liberdades individuais negativas da primeira dimensão, o catálogo jusfundamental do cidadão é acrescido dos direitos sociais, econômicos, culturais e trabalhistas, formando assim sua segunda dimensão.
	TELA-11: Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões
Análise da terceira dimensão dos direitos fundamentais
A terceira dimensão dos direitos fundamentais também é conhecida como a dimensão dos direitos de fraternidade e de solidariedade, na medida em que a titularidade dos direitos transcende o homem-indivíduo para alcançar determinados grupos humanos, como por exemplo, a família, os consumidores, a nação, etc.
Os direitos de terceira dimensão se acoplam à expressão “fraternidade” do lema revolucionário francês porque têm por destinatário o gênero humano per si, e não um único indivíduo titular de um direito subjetivo.
Com isso, podemos afirmar que os direitos fundamentais de terceira dimensão são classificados em direitos coletivos ou difusos.
Constam a proteção do meio ambiente, os direitos do consumidor, a busca do desenvolvimento econômico, os direitos do gênero humano (da essência do ser humano), o patrimônio comum da humanidade (preocupação com os destinos da humanidade) e outros constam na pauta dos direitos da terceira dimensão. Com rigor, são direitos transindividuais com fulcro na solidariedade.
Como vimos antes, os direitos fundamentais de terceira geração são classificados em direitos coletivos e difusos, haja vista que seus titulares passam a ser toda coletividade e não o indivíduo em si. Os “direitos coletivos” são aqueles relativos a um grupo, categoria ou classe de pessoas que se acham ligadas por uma relação jurídica. Já os direitos “difusos” relacionam-se com pessoas indeterminadas ligadas por uma circunstância de fato, não havendo vínculo comum de natureza jurídica. Não custa enfatizar que o elemento diferenciador entre direito coletivo e direito difuso reside na determinabilidade de seus titulares.
	TELA-12: Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões
Ainda na terceira dimensão...
Finalmente, os “direitos individuais homogêneos” são decorrentes de origem comum, ou seja, nascidos em conseqüência da própria lesão. Tais conceitos encontram-se positivados no art. 81 do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), in verbis:
Art. 81 - A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único - A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste Código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste Código, os transindividuais de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica-base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
	TELA-13: Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões
Com isso chegamos ao final desta aula, destacando mais uma vez que a classificação dos direitos fundamentais em dimensões é mais apropriada do que gerações, vez que projeta a idéia de complementaridade ao invés de ruptura. O quadro abaixo revela sinteticamente as dimensões dos direitos fundamentais:
1ª Geração
2ª Geração
3ª Geração
4ª Geração
5ª Geração
Liberdade
Igualdade
Fraternidade
Democracia
Realidade Virtual
Direitos Negativos
(Não agir)
Direitos a prestações
Direitos civis e políticos: liberdade política, liberdade de expressão, liberdade religiosa, liberdade comercial
Direitos sociais, econômicos, culturais e trabalhistas
Direito ao desenvolvimento, ao meio-ambiente sadio, direito à paz
Direito à informação, direito à democracia direta e ao pluralismo
Direito Cibernético
	TELA-14: Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões
 Visite o site oficial do filme Maria Antonieta, dirigido por Sofia Copola e lançado em 2006. Trata-se da história da personagem homônima, interpretada por Kirsten Dunst. O filme retrata o cenário da nobreza francesa no século XVIII, na qual a jovem Maria Antonieta está inserida, vivendo em uma “redoma cor-de-rosa” até a revolta da população em Versalhes.
Nesta aula, você aprendeu sobre:
Reconheceu a teoria dimensional dos direitos fundamentais.
Compreendeu as relações entre as dimensões dos direitos fundamentais e as concepções do Estado de Direito.
Na próxima aula, você vai estudar:
- Na próxima aula vamos estudar a eficácia das normas constitucionais e a doutrina brasileira da efetividade. Antes de começar a Aula 4, não deixe de realizar os exercícios de autocorreção desta aula e de participar do fórum de discussão. Até lá!
	
	REGISTRO DE FREQUÊNCIA
	
	Registro de freqüência
Olá, agora você irá responder às questões e exercícios referentes ao registro de frequênciadesta aula. Como você já sabe a sua presença é computada a partir da finalização das atividades e exercícios que compõem este registro, e o procedimento é o mesmo a cada aula.
Lembre-se de que tais atividades e exercícios não valem ponto na avaliação da disciplina, mas são importantes para marcar sua presença na sala de aula virtual.
IMPORTANTE: Para concluir esse registro, clique em Registrar frequência no final das questões. Somente aparecerá esta opção caso você tenha respondido a todas as questões.
1. Considere as seguintes assertivas:
I – A Constituição de 1988 não reconhece jusfundamentalidade aos direitos sociais;
II - A eficácia dos direitos fundamentais de segunda dimensão é meramente negativa;
III – A primeira dimensão dos direitos fundamentais se vincula ao paradigma do Estado liberal;
IV – Os direitos fundamentais de terceira dimensão são direitos transindividuais.
Somente é CORRETO o que se afirma em:
a) I e III;
b) II e III;
c) III e IV;
d) I, III e IV.
Responder| Resposta correta
2. Assinale a alternativa INCORRETA:
a) Garantias dos direitos fundamentais são instituições jurídicas criadas em favor do indivíduo para que ele possa usufruir dos direitos fundamentais propriamente ditos;
b) Os direitos fundamentais de segunda dimensão nasceram abraçados ao princípio da igualdade em sentido material;
c) A Constituição de 1988 estabelece predominantemente direitos e garantias fundamentais atrelados ao conceito de Estado Mínimo;
d) Os direitos fundamentais de primeira geração estão associados à liberdade; os de segunda à igualdade e os de terceira à fraternidade.
Responder| Resposta correta
3. São direitos fundamentais de primeira dimensão, EXCETO:
a) Liberdade de expressão;
b) Igualdade material;
c) Direito de votar e ser votado;
d) Liberdade de locomoção.
Responder| Resposta correta
	
	SLIDES
	
	Aula 3 - Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões
Professor Doutor Guilherme Sandoval Góes
AULA 3 – AS DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Objetivos da Aula
Reconhecer a teoria dimensional dos direitos fundamentais.
Compreender as relações entre as dimensões dos direitos fundamentais e as concepções do Estado de Direito.
A OPÇÃO PELA EXPRESSÃO “DIMENSÕES DE DIREITO”
A terminologia “gerações de direitos fundamentais” é bastante controversa na esfera doutrinária, uma vez que projeta implicitamente a ideia de que uma geração supera a outra, o que evidentemente não é verdade.
Uma geração não é substituída pela outra, mas, sim, complementa a outra; eis a razão pela qual diversos autores preferem usar a expressão “dimensões dos direitos fundamentais” no lugar de “gerações de direitos”.
A PRIMEIRA DIMENSÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
O aparecimento do Estado Absoluto Moderno é fruto da centralização do Poder Monárquico e consequente Unificação da Fonte Normativa (direito posto pelo Estado), colocados acima do poder e da ordem feudal (fim da Guerra dos 30 anos).
Somente com a Revolução francesa de 1789 é que surge o primeiro modelo de Estado de Direito, na versão liberal, que, com rigor, veio favorecer os interesses da burguesia, a nova classe ascendente. Tal burguesia almejava a liberdade de negociar, a segurança jurídica, a garantia da propriedade, a igualdade formal e outras liberdades.
O Estado moderno concretizou nos seus albores o império da lei (LEGICENTRISMO/ANTROPOCENTRISMO) através da efetivação de um poder racionalmente justificado (secular), segundo o qual as ações governamentais são subordinadas a ditames jurídicos previstos na ordem positiva. Neste tipo de estruturação o indivíduo não obedece à pessoa de líder carismático (ou Monarca), mas à racionalidade das regras jurídicas genéricas e abstratas.
A lei positiva do Estado passa a ser aplicada tanto ao cidadão quanto à máquina burocrática.
A DECISÃO PARADIGMÁTICA DA SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
Célebre Caso Marbury v. Madison:
Segundo Marshall “as cortes devem observar a constituição, e a constituição é superior a qualquer ato ordinário da legislatura, a constituição, e não o ato ordinário deve governar o caso ao qual ambas são aplicáveis”. Foi esse modelo norte-americano que inspirou Rui Barbosa na redação do projeto da Constituição de 1891 que introduz a fiscalização judicial no Brasil República.
A DECISÃO PARADIGMÁTICA NO BRASIL
No Brasil o primeiro caso de “judicial review” surgiu das mãos de Rui Barbosa em ação movida em face de Floriano. Rui ingressou na Justiça Federal com ações visando anular os atos de reforma de militares que se opuseram ao golpe de Floriano que interpretou o texto da Constituição de 1891 para auto-intitular-se Presidente da República. O Marechal de Ferro do alto de sua onipotência despótica resolveu reformar os militares e demitir os professores que não lhe deram apoio. O Juiz Federal Henrique Vaz Pinto Coelho, julgou a favor dos militares reformados e garantiu aos autores das ações o direito aos vencimentos dos cargos/patentes como se não tivessem sido reformados. Rui tomou conhecimento da decisão no exílio.
A DECISÃO DO MAGISTRADO EM 1895 ASSEGURANDO A SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO
[...] Não há poderes, quer legislativos, quer executivos, com exercício legal, senão dentro das normas constitucionais, lei suprema que domina e avassala todas as outras leis, atos administrativos, decisões judiciárias [...]
Juiz Henrique Vaz Pinto Coelho
20 de fevereiro de 1895
ESTADO LIBERAL DE DIREITO E OS DIREITOS NEGATIVOS DE DEFESA
Plasmada nesta concepção negativista e minimalista do Estado, a ideologia liberal se atrelou apenas ao catálogo de direitos de participação política e aos círculos de liberdades do indivíduo, aí incluída a livre iniciativa. Não se pode falar ainda em direitos sociais e trabalhistas, aliás o trabalho humano era percebido como simples mercadoria e o desemprego como mera fatalidade estrutural do capitalismo.
ESTADO LIBERAL DE DIREITO
Sem embargo de sua importância para a consolidação do conceito de Estado de Direito, entendemos que o Estado Liberal circunscreveu, em essência, uma era histórica que se entremostrou insuficiente na busca da igualdade material, vale dizer, aquelas condições mínimas de vida digna e capaz de gerar a igualdade de oportunidades para todos os cidadãos. Os interesses da burguesia sacrificaram outros direitos, deslocando para o epicentro do constitucionalismo liberal a livre iniciativa.
CRISE DO ESTADO LIBERAL DE DIREITO:
INSUFICIÊNCIA DA PRIMEIRA DIMENSÃO DE DIREITOS
 A mera igualdade formal e a ideia de estatalidade mínima geram um quadro de verdadeira miséria humana.
A VIRADA KANTIANA
A REAPROXIMAÇÃO ENTRE O DIREITO E A ÉTICA
 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO NOVO EIXO AXIOLÓGICO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
ESTADO DEMOCRÁTICO E SOCIAL DE DIREITO
 No campo jurídico-constitucional, o Estado social (Welfare State) refaz a modelagem garantista do Estado liberal, pois agrega direitos de índole social ao texto da Constituição. Nesse sentido, realinha o eixo constitucional, deslocando-o para uma concepção de estatalidade positiva que rejeita a postura absenteísta. Volta-se, por conseguinte, para combater o déficit econômico-social dos hipossuficientes, vale explicitar, as classes menos favorecidas do tecido social, que no Brasil somente foram assinaladas a partir da Constituição de 1934.
DIREITOS DE TERCEIRA DIMENSÃO
I - direitos difusos, assim entendidos, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - direitos coletivos, assim entendidos, os transindividuais de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica-base;
III - direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
DIREITOS DE QUARTA DIMENSÃO
PAULO BONAVIDES E NORBERTO BOBBIO
Parteda doutrina já defende a ideia de “globalização dos direitos fundamentais”, com a quarta dimensão sendo composta pelo direito à democracia, direito ao pluralismo e o direito à informação, dentre outros.
DIREITOS DE QUINTA DIMENSÃO
AUGUSTO ZIMMERMANN
Destaca uma quinta geração de direitos fundamentais, cuja gênese vem da assim chamada realidade virtual que compreende o grande desenvolvimento da cibernética na atualidade, gerando, por conseguinte, o rompimento de fronteiras e potencializando desse modo conflitos entre Estados nacionais com realidades distintas via Internet.
==XXX==
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0058/Aula-003/WLAJ/DP
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0058/Aula-003/WLAJ/DP
O NASCIMENTO DO ESTADO LIBERAL MODERNO
Revolução francesa de 1789: Linha divisória 
A superação do Estado Leviatã Absoluto de Thomas Hobbes
Formação do Estado de Direito Anti-Leviatã de John Locke
Aula 3 – As dimensões dos direitos fundamentais 
DIREITOS HUMANOS
Liberdade por intermédio do Estado e não mais liberdade perante o Estado
Direitos Estatais Prestacionais para possibilitar ações afirmativas sociais
Justiça
Social
Vida
Digna
Estado Interventor 
Igualdade 
Material 
Proteção
Hipossufi-
cientes
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DIREITOS HUMANOS
PERFIL DE EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
Dimensão
1
2
3
Direitos Civis
 e Políticos
Direitos Sociais,
 Econômicos,
 Culturais e 
Trabalhistas
Dimensão
Direitos
Coletivos e
Difusos
Dimensão
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DIREITOS HUMANOS
CONSTITUCIONALISMO DA PÓS-MODERNIDADE
PRINCÍPIO A
PRINCÍPIO B
Ponto de equilíbrio;
Dignidade da Pessoa Humana
CONSTITUCIONA-LISMO LIBERAL
CONSTITUCIONA-LISMO DIRIGENTE
NEGAÇÃO DO ESTADO NEOLIBERAL DE DIREITO
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DIREITOS HUMANOS
Status Quo: a vida atual sob o atual governo; o governante e seu partido ou grupo.
ROL JUSFUNDAMENTAL DO CIDADÃO BRASILEIRO
DIREITOS FUNDAMENTAIS
DIREITOS FUNDAMENTAIS DE PRIMEIRA DIMENSÃO
DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
DIREITOS FUNDAMENTAIS DE SEGUNDA DIMENSÃO
DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS, CULTURAIS E TRABALHISTAS
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DIREITOS HUMANOS
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PERFIL DE EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
Dimensão
1
2
3
Direitos Civis
 e Políticos
Direitos Sociais,
 Econômicos,
 Culturais e 
Trabalhistas
Dimensão
Direitos
Coletivos e
Difusos
Dimensão
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