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DO PRINCPIO DA TERRITORIALIDADE TEMPERADA

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DO PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE TEMPERADA
O Princípio da Territorialidade Temperada informa a aplicação da lei penal brasileira aos 
crimes cometidos no território nacionalI, mas não é absoluta, admitindo exceções dentro e 
fora do território jurídicoII do nosso país.
O território jurídico abrange o solo com seus limites territoriais, a plataforma continental, o 
mar de 12 milhas (para fins penais), o espaço aéreo correspondente e o território 
flutuanteIII,IV, compreendido este pelas embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza 
pública ou a serviço do governo brasileiro onde estiverem, e as embarcações e aeronaves 
brasileiras, mercantes ou privadas, que estiverem em alto-mar ou no espaço aéreo 
correspondente.
Previsto no CP, art. 5°, o Princípio da Territorialidade TemperadaV admite as exceções da 
Intraterritorialidade e da Extraterritorialidade, pelas quais leis penais estrangeiras podem 
ser aplicadas aos crimes aqui cometidos e a lei penal brasileira pode ser aplicada aos crimes 
cometidos no estrangeiro.
Conforme as exceções da Intraterritorialidade (CP, art. 5°, “caput”), a imunidade 
diplomática é causa de exclusão da jurisdição brasileira, em razão de o agente diplomático 
– até o 3° secretário – seus familiares, empregados contratados no estrangeiro e familiares 
delesVI, possuírem o benefício dessa imunidade, pela qual somente respondem pelos crimes 
cometidos no Brasil perante a legislação penal do país acreditante (do diplomata). A 
aplicação da lei penal brasileira é afastada pela Convenção de Viena de 18.04.1961 
(Decreto n° 56.435/65)VII que regulou as relações diplomáticas entre os países.
Além dessa imunidade, também há a imunidade consular, porém restrita aos crimes 
relacionados com as funções consularesVIII, como é exemplo a emissão de passaportes pelo 
Cônsul ou funcionários do Consulado. A aplicação da lei penal brasileira é afastada pela 
Convenção de Viena de 24.04.1963 (Decreto n° 61.078/67)IX que regulou as relações 
consulares entre os países. Se o crime não tiver relação com tais funções, por ele o agente 
responderá perante a lei penal brasileira.
Em relação às exceções da Extraterritorialidade (CP, 7°), as hipóteses previstas podem ser 
incondicionadas ou condicionadas, conforme o bem jurídico protegido pelo direito.
As hipóteses de extraterritorialidade incondicionada estão previstas no CP, 7°, “caput”, I, 
“a” a “d”, cuja aplicação da lei penal independe de ter sido o agente condenado ou 
absolvido no estrangeiro (CP, art. 7°, § 1º), além de outra, prevista no art. 2°, da Lei n° 
1
9.455/97 (Lei de Tortura), quando a vítima for brasileira ou o agente encontrar-se em local 
sob jurisdição brasileiraX.
As hipóteses de extraterritorialidade condicionada estão previstas no CP, 7°, “caput”, II, 
“a” a “c” e se submetem às condições de procedibilidade previstas no referido artigo, § 2°, 
“a” a “e”. Quando, porém, for brasileira a vítima, também se aplicam as condições previstas 
no § 3°, “a” e “b”, do mencionado artigo penal. Nestas hipóteses também se deve observar 
o teor dos arts. 77 e 78XI, da Lei n° 6.815/80 (Estatuto dos Estrangeiros), referentes à não 
extradiçãoXII e à extradiçãoXIII de estrangeiros, respectivamente.
Às hipóteses da extraterritorialidade incondicionada aplica-se o disposto no CP, art. 8°, que 
permite a aplicação da lei penal brasileira ao agente delituoso mesmo que tenha sido 
julgado no estrangeiro pelo mesmo crimeXIV, mas determina a atenuação ou redução da 
pena quando, respectivamente, forem penas de espécies diversas ou idênticas (“non bis in 
idem”). Tal dispositivo penal não se aplica, contudo, às hipóteses da extraterritorialidade 
condicionada, exigindo exclusividade da jurisdição brasileira (CP, 7°, § 2º, “d” e “e”)XV.
A atividade de processar o agente delituoso – exercício da “persecutio criminis” – é ato de 
soberania do país, que deverá observar as regras previstas no Código Penal para as 
hipóteses já referidas. Devido à soberania, o país também não executa sentença penal 
estrangeira, salvo nas hipóteses previstas no CP, 9°, I e II, para a reparação do dano (e 
outros efeitos civis) e para executar Medida de Segurança (cominada ao condenado no 
estrangeiro e extraditado ao Brasil). Nestas, exige-se a homologaçãoXVI da sentença penal 
estrangeira pelo STJXVII para sua execuçãoXVIII.
Além dessas, também há o tratado de transferência de presos, celebrado pelo Brasil e o 
Canadá aos 15.07.1992 (Decreto n. 2.547, de 14.04.1998)XIX, pelo qual um brasileiro 
julgado pela autoria de crime naquele país pode ser extraditado para aqui cumprir a pena de 
prisão a que lá foi condenado (assim também reciprocamente). Nesta hipótese, entretanto, 
não se exige a homologação da sentença penal estrangeira pelo STJ e sua execução se faz 
pelas vias diplomáticas, com a atuação do Poder Executivo.
Resumidamente, a aplicação da lei penal brasileira admite as hipóteses previstas no CP, 5º e 
7°, referentes, respectivamente, às exceções da intraterritorialidade (imunidades 
diplomáticas e consulares) e extraterritorialidade condicionada e incondicionada, das quais 
a esta última se aplica o teor do CP, art. 8º, que admite o “non bis in idem” para satisfazer o 
exercício da soberania em punir o agente pelo crime cometido no estrangeiro. O CP, 9°, 
limita em duas as hipóteses de execução de sentença penal estrangeira, mas o tratado entre 
Brasil e Canadá abre outra que, porém, não exige a homologação judicial da sentença penal 
estrangeira.
Conclusivamente, o Princípio da Territorialidade Temperada admite exceções internas e 
externas ao território jurídico do Brasil, na forma da lei penal – CP, 5°, 7°, 8° e 9° – e de 
tratados internacionais, que não ferem o exercício da soberania nacional (o tratado entre 
Brasil e Canadá, porém, não exige a homologação da sentença penal estrangeira para seu 
cumprimento). Nada a mais.
2
Marcelo Augusto Paiva Pereira. O autor é advogado, com especialização em Direito Penal 
pela Escola Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo, atualização em Direito 
Civil pela Faculdade de Direito Dr. Damásio de Jesus e aluno do Curso FMB.
3
I Diz Nelson Hungria: “(...). Pode definir-se o território nacional como todo espaço terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito 
à soberania do Estado, quer esteja compreendido entre os limites que os separam dos Estados vizinhos ou do mar livre, 
quer esteja destacado do corpo territorial principal, ou não (Manzinni). Assim, em resumo, o território do Estado 
abrange todos os lugares sôbre que se exerce a sua soberania.”. HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal, vol. 
I, 3ª ed., Rio de Janeiro: Edição Revista Forense, 1955, págs. 154-155;
II Assim diz Nelson Hungria: “(...). O conceito de território não é geográfico ou natural, mas jurídico. A autoridade do 
Estado sôbre o território não tem identidade com o direito privado de propriedade: é uma autoridade de natureza 
exclusivamente política, tal como a exercida sobre as pessoas; é um poder de governo. (...)”. Ob. cit., pág. 154;
III José Frederico Marques diz: “Hugo Simas, por sua vez, doutrina: “A nacionalidade de um navio é simbolizada pelo 
pavilhão nacional que arvora. É nessa idéia que se considera o navio como porção flutuante ou como prolongamento do 
país a que pertence, e de que defluem conseqüências consideráveis”.”. MARQUES, José F. Curso de Direito Penal – 
vol. 1 – Propedêutica Penal e Norma Penal, São Paulo: Edição Saraiva, 1954, pág. 221;
IV Também diz José Frederico Marques: “Os mesmos princípios atinentes aos navios regem as aeronaves, tão-só com a 
diferença de que o espaço aéreo sobrejacente ao Estado, não encontra limites como o espaço marítimo. (...)”. Ob. cit., 
pág. 222;
V Diz Damásio Evangelistade Jesus: “Por aí se vê que o Código adotou o princípio da territorialidade como regra sobre 
a eficácia espacial da lei penal, abrindo exceção no próprio corpo da disposição às estipulações das convenções, tratados 
ou regras de Direito Internacional. De manifesta evidência, pois, que a lei penal brasileira permite, em determinados 
casos, a eficácia da norma penal de outros países.”. JESUS, Damásio E. Direito Penal – 1° volume – Parte Geral. 20ª 
ed., São Paulo: Editora Saraiva, 1997, pág. 122;
VI José Frederico Marques leciona: “As isenções e imunidades estendem-se à esposa do agente diplomático, às pessoas 
da família que habitam com ele e ao pessoal da legação, como os secretários, conselheiros, adidos, etc.”. Ob. cit., pág. 
244;
VII ROMANO, Luiz Paulo. A imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro: absoluta ou relativa? . Jus Navigandi, 
Teresina, ano 3, n. 35, out. 1999. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1638>. Acesso em: 
25 mar. 2009;
VIII Diz José Frederico Marques: “As imunidades dos cônsules, ao contrário das dos agentes diplomáticos, são limitadas. 
Eles não são representantes do Estado. Suas funções são pertinentes à atividade mercantil, desprovidas, assim, de maior 
interesse político. Eles, para o exercício de suas atividades, necessitam de certas garantias. (...)”.Ob. cit., pág. 246;
IX ROMANO, Luiz Paulo. A imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro: absoluta ou relativa? . Jus Navigandi, 
Teresina, ano 3, n. 35, out. 1999. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1638>. Acesso em: 
25 mar. 2009;
X Afirma André Estefam: “A Lei n 9.455, de 1997, que tipifica o delito de tortura (...), estabelece que seus dispositivos 
se aplicam “ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou 
encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira” (art. 2°). Cuida-se, portanto, de situação de 
extraterritorialidade prevista em lei especial.”. ESTEFAM, André. Direito Penal 1: Parte Geral, 4ª edição, São Paulo: 
Editora Saraiva, 2008, pág. 41;
XI Diz Pedro Lenza: “De acordo com o art. 78 da Lei n. 6.815/80, são condições para concessão da extradição: a) ter 
sido o crime cometido no território do Estado requerente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse 
Estado; b) existir sentença final de privação de liberdade, ou estar a prisão do extraditando autorizada por juiz, tribunal 
ou autoridade competente do Estado requerente, salvo o disposto no art. 82 da referida lei.”. LENZA, Pedro. Direito 
Constitucional esquematizado, 12ª edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2008, pág. 675; 
XII Afirmam Ricardo Cunha Chimenti, Fernando Capez, Márcio F. Elias Rosa e Marisa F. Santos: “A Constituição veda 
a concessão de extradição por crime político ou de opinião.”. CHIMENTI, Ricardo C., CAPEZ, Fernando, ELIAS 
ROSA, Márcio F., SANTOS, Marisa F. Curso de Direito Constitucional, 2ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2005, pág. 
154;
XIII Afirmam Ricardo Cunha Chimenti, Fernando Capez, Márcio F. Elias Rosa e Marisa F. Santos: “Extradição é o ato 
pelo qual um Estado entrega um indivíduo, acusado de um delito, ou já condenado como criminoso, à justiça de outro, 
que o reclama (a extradição depende de requerimento de outro país) e que é competente para julgá-lo e puni-lo. (...)”. 
Ob. cit., pág. 154;
XIV Diz André Estefam: “Nas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada é possível, em tese, que o agente 
responda por dois processos pelo mesmo fato, um no exterior, outro no Brasil, sobrevindo duas condenações. Se isso 
ocorrer, aplicar-se-á o art. 8°, que se funda no princípio do non bis in idem (o qual proíbe seja alguém condenado duas 
vezes pelo mesmo fato). (...)”. Ob. cit., pág. 41;
XV Diz Damásio E. de Jesus: “Deve ser observado o disposto no art. 7°, § 2°, d, parte final, do CP. Se o sujeito, pelo 
mesmo crime, já cumpriu pena no estrangeiro, nos termos da referida alínea d, é inaplicável a nossa lei penal.”. Ob. cit., 
pág. 136;
XVI Afirma José Frederico Marques: “Segundo observou Clóvis Beviláqua, na homologação de sentença estrangeira, – 
“há uma forma particular de aplicação do direito estranho, a aplicação indireta, pois na sentença, a lei já se observou e a 
eficácia extraterritorial do julgado é apenas uma conseqüência, que lhe é atribuída para complemento de sua própria 
fôrça e satisfação da justiça”. Ob. cit., pág. 267;
XVII Conforme consta do teor da Emenda à Constituição n° 45, de 08.12.2004. BRASIL. Código Penal. Código de 
Processo Penal. legislação penal e processual penal. constituição federal. Organização de Luiz Flávio Gomes, 11ª 
edição, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001;
XVIII Sobre a homologação, diz Damásio: “(...). Esta só é exigível quando se trata de execução de julgamento proferido 
no estrangeiro.”. Ob. cit., pág. 136;
XIX Pesquisado aos 25.03.2009 em: www.mj.gov.br.

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