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Apostila Nocoes de Direito CC e SI

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0 
 
APOSTILA 
 
 
 
 
 
NOÇÕES DE DIREITO 
 
 
 
CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO 
 
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 
 
 
 
 
 
UNIP 
 
PROFª LARIZE PIRES ZANIN 
 
2014 – 1º SEMESTRE 
 
 
 
1 
 
AULA 
 
� NOÇÕES PRELIMINARES AO ESTUDO DO DIREITO 
 
I - O que é o direito? 
a) Teoria Voluntarista: afirma que o direito é produto da vontade 
1- Escola Teológica: vontade divina. 
2- Escola Autocrata: vontade do soberano: “A lei é a única fonte”. 
3- Escola do Contrato Social: é o acordo entre membros da sociedade. 
b) Teoria Naturalista: afirma que o direito surgiu de um fenômeno natural. 
1- Escola Naturalista: atributo da natureza psíquica do homem. 
c) Teoria Eclética: afirma que o direito é um fato natural e ao mesmo tempo 
voluntário. 
d) Teoria Culturalista: produto da cultura, processo de adaptação do homem à 
natureza: vida em sociedade. 
 
II – Acepção da palavra Direito: objetivo, subjetivo, positivo e natural 
1- Etimologia da palavra “Direito” 
 
- Etimologia significa o estudo da origem de uma palavra, a sua genealogia. 
- Etimologia da palavra Direito: é oriunda do adjetivo latino directus (qualidade do que 
está conforme a reta, o que não se desvia), que provém do particípio passado do 
verbo dirigo, dirigere (guiar, conduzir). Essa palavra surgiu apenas na Idade Média, 
século IV. Em Roma, não se usava esse termo; havia a palavra jus para expressar o 
que era lícito. 
- Não há uma única definição para Direito. Não há um consenso a esse respeito. Isso 
decorre do fato de o Direito ser uma ciência de múltiplas faces, acepções, de modo 
que uma definição pode abranger um determinado aspecto, mas ser omissa sobre 
outro, ou outros aspectos, também formadores do que seja o Direito. 
- Exemplo: 
O direito (1) à vida e à saúde é tutelado no direito (2) brasileiro e cabe ao Estado 
cuidar da saúde e da assistência pública. Com base nestes argumentos, Pedro teve 
reconhecido o direito (3) a receber medicamentos do Estado para tratamento de uma 
doença que contraíra. Realmente, não parece direito (4) deixar um cidadão direito (5) 
2 
 
desassistido. Mas, nem sempre foi assim: apenas com o passar do tempo, o estudo do 
direito (6) reconheceu esses direitos (7) sociais, transformando-os em direito (8). 
Sugestão de Gabarito: 1. Direito subjetivo; 2. Direto positivo; 3. Direito subjetivo; 
4. Justo; 5. Correto; 6. Ciência jurídica; 7. Direito subjetivo; 8. Direito objetivo. 
 
2- Acepções da palavra Direito: 
 
2.1) DIREITO NATURAL: 
- São aspirações jurídicas de determinada época que surgem da natureza social do 
homem e que se revelam pela conjugação da experiência e da razão. 
- É um conjunto de princípios universais. Não é algo escrito, mas deverá ser 
consagrado pelo direito positivo, a fim de se ter um ordenamento jurídico (conjunto de 
normas jurídicas; conduta exigida ou o modelo imposto de organização social) 
realmente justo. 
- Para alguns autores, o Direito Natural não é mutável, o que muda é a forma como a 
sociedade o encara. Para outros, ele muda, vai evoluindo com a sociedade e sendo 
acrescentado por novos ideais, novas aspirações. 
- Exemplos de direitos naturais: o direito à vida, o direito à liberdade. 
- Numa evolução histórica do Direito Natural, temos: 
 1) Na Idade Média, o Direito Natural vinha de Deus e era ditado pelos religiosos 
(representantes de Deus na Terra); 
 2) No século XVII, Hugo Grócio (jurisconsulto holandês), considerado o pai do 
Direito Natural, afirma que este surge da natureza humana e da natureza das coisas (é 
uma noção de Direito Natural filosófica). 
 3) No século XVIII, Kant (filósofo) dirá que o Direito Natural é um conjunto de 
normas superiores apreendidas da razão, da consciência humana. 
 4) Direito Natural advém da sociedade; é ela que pré-determina, de acordo com 
suas necessidades, com sua realidade, o que é Direito Natural, quais são as suas 
aspirações. 
- É o ordenamento ideal, corresponde a uma justiça superior e suprema. 
- Não depende da vontade humana; é irrevogável. 
 
2.2) DIREITO POSITIVO: 
- É o Direito criado ou reconhecido pelo Estado; é a ordem jurídica obrigatória num 
determinado tempo e lugar, independentemente de ser escrito ou não, pois outras 
formas de expressão jurídica constituem, também, Direito Positivo (ex.: os costumes, 
jurisprudência). 
3 
 
- O que é essencial saber é que o Direito Positivo é o Direito institucionalizado pelo 
Estado. 
- Direito Natural e Direito Positivo são distintos, mas se interligam, convergem-se 
reciprocamente, pois, como vimos nos conceitos acima, o Direito Natural depende de 
uma consagração do Direito Positivo, de um respaldo pelo Estado, para que exista um 
ordenamento ou ordem jurídica justa. De outro lado, o Direito Positivo também deve 
atentar, observar, as aspirações, os ideais, da sociedade, no tempo e no espaço, para 
que a ordem jurídica seja respeitada e não algo arbitrário. 
- O Direito positivo consiste no sistema de normas vigentes, obrigatórias, aplicáveis 
compulsoriamente por órgãos institucionalizados, tendo a forma de lei, de costume ou 
de tratado. 
 
2.3) DIREITO OBJETIVO: 
- É o conjunto de regras jurídicas obrigatória, é o ordenamento jurídico em vigor. 
- É o Direito vigente (direito positivo) tomado pelo seu aspecto objetivo, ou seja, é a 
norma de conduta e organização social (por muito tempo conhecido como norma 
agendi). É algo teórico, uma previsão. 
- Exemplo: Direito Público; Direito Privado. 
 
2.3.1) Direito Patrimonial (direitos reais e obrigacionais) ou não patrimonial. 
- Direito Patrimonial é alienável e transferível para outra pessoa (pode ser dado, 
vendido, trocado). Ex: direito de propriedade. 
- Direito não Patrimonial não é alienável, não é transferível. Ex: direito à vida; direito ao 
nome. 
 
2.3.2) Direito Público ou Direito Privado. 
- Direito Público: É destinado a satisfazer os interesses gerais da coletividade. 
- Principais características: 
 Tem império - comando, força e obriga; 
 É de subordinação – o cidadão em desvantagem; 
 É irrenunciável – depende do interesse geral; 
 Independente da vontade – é imposto de cima para baixo; prevalece o 
interesse geral. 
- Ramos do Direito Público: 
 Direito Constitucional 
 Direito Administrativo; 
 Direito Penal; 
4 
 
 Direito Processual Civil e Penal; 
 Direito Tributário. 
 
- Direito Privado: É o conjunto de preceitos que regulam as relações dos particulares 
entre si. 
- Principais características: 
 Tem império - a lei tem de ser obedecida; 
 É de coordenação – as partes estão em igualdade; 
 É renunciável – qualquer parte pode desistir da causa; 
 Prevalece o interesse particular; 
 Vontade das partes- é relevante. 
- Ramos do Direito Privado: 
 Direito Civil; 
 Direito Comercial; 
 Direito Trabalhista; etc. 
 Direito do Consumidor. 
 
2.4) DIREITO SUBJETIVO: 
- É o direito personalizado, é a norma (direito objetivo) perdendo o seu caráter teórico 
e se projetando numa relação jurídica concreta, numa situação que ocorreu. 
- É o Direito vigente (direito positivo) tomado pelo seu aspecto subjetivo. São as 
possibilidades ou poderes de agir que uma ordem jurídica garante a alguém de exigir 
de outra pessoa uma conduta ou uma omissão (por muito tempo, facultas agendi). 
- Exemplo: Fulano tem direito à hora-extra porque trabalhou depois de seu horário 
normal. Beltrano tem direito à indenização porque foi publicada, num jornal de grande 
circulação, uma notícia falsa a seu respeito. 
 
III – Conceito de Direito 
 
Num sentido mais prático, de acordo com Ricardo Teixeira Brancato, “o direito é a 
ordenação da conduta humana em sociedade, por meio de normas coercitivamente 
impostas pelo Estado e garantidas por um sistema de sanções peculiares.” 
Vicente Rao afirmaser o direito um “sistema de disciplina social fundado na natureza 
humana que, estabelecendo nas relações entre os homens uma proporção de 
reciprocidade nos poderes e deveres que lhe atribui, regula as condições existenciais 
dos indivíduos e dos grupos sociais e, em consequência, da sociedade, mediante 
normas coercitivamente impostas pelo Poder Público”. 
5 
 
 
6 
 
AULA 
 
DIREITO E MORAL = INSTRUMENTOS DE CONTROLE SOCIAL 
 
Moral identifica-se com a noção de “bem”. 
“Bem” = Ordem natural das coisas, o que a natureza revela, ensina aos homens. Sua 
assimilação deve-se à experiência somada à razão. 
“Bem” => Sistemas éticos => Normas morais => Conduta humana 
Moral 
Conjunto de práticas, costumes e padrões de conduta formadores da ambiência ética. 
Trata-se de algo que varia no tempo e no espaço, porquanto cada povo possui sua 
moral, que evolui no curso da história, consagrando novos modos de agir e pensar. 
 
 
* Distinção entre Direito e Moral (Miguel Reale): 
 
a) Coercibilidade (Ex.: Ação de alimentos, etc.) 
Inicialmente dizia-se que o Direito era uma ordenação coercitiva da conduta humana - 
Hans Kelsen. 
Entretanto, a verdade é que o Direito é uma ordenação coercível da conduta humana. 
 
b) Heteronomia 
Regras jurídicas são impostas. Valem independente de nossa adesão ou opinião. 
(Heteronomia) 
Regras morais são aceitas unanimemente. Brotam de uma consciência coletiva. 
(Autonomia) 
 
c) Bilateralidade Atributiva 
É uma proporção intersubjetiva em função da qual os sujeitos de uma relação ficam 
autorizados a pretender, exigir, ou a fazer, garantidamente, algo. Miguel Reale 
 
♦ sem relação que una duas ou mais pessoas não há Direito (bilateralidade em sentido 
social, como intersubjetividade); 
♦ para que haja Direito é indispensável que a relação entre os sujeitos seja objetiva, ou 
seja, insuscetível de ser reduzida, unilateralmente, a qualquer dos sujeitos da relação 
(bilateralidade em sentido axiológico - proporcionalidade de valores); 
7 
 
♦ da proporção estabelecida deve resultar a atribuição garantida de uma pretensão ou 
ação, que podem se limitar aos sujeitos da relação ou estender-se a terceiros 
(atributividade). 
 
Obs: A relação deve se estruturar segundo uma proporção que exclua o arbítrio e que 
represente a concretização de interesses legítimos, segundo critérios de 
razoabilidades variáveis em função da natureza e finalidade do enlace. 
Ex.: Contrato de compra e venda, seguro. 
 
Analisados estes pontos temos, então, um novo conceito de Direito: 
Direito 
É a ordenação heterônoma, coercível e bilateral atributiva das relações de 
convivência, segundo uma integração normativa de fatos conforme valores. – (Miguel 
Reale) 
 
 
* Distinção entre Direito e Moral (Washington de Barros Monteiro): 
 
a) campo da moral é mais amplo; 
b) o Direito tem coação, a moral é incoercível; 
c) a moral visa à abstenção do mal e a prática do bem. O Direito visa evitar que 
se lese ou prejudique a outrem; 
d) a moral dirige-se ao momento interno, psíquico, o Direito ao momento 
externo, físico (ato exteriorizado); 
e) a moral é unilateral, o Direito bilateral; 
f) A moral impõe deveres. Direito impõe deveres e confere direitos. 
 
Moral 
 
Sanção difusa Incoercível Autônoma Unilateral Não 
atributiva 
Direito 
 
Sanção 
específica 
Coercível Heterônimo Bilateral Atributiva 
 
 
 
 
 
8 
 
AULA 
TEORIA GERAL DO ESTADO 
ESTADO 
Origem – Conforme trata Dalmo de Abreu Dallari, o Estado tem sua origem, a partir do 
momento em que a coletividade estatal se organiza e possui órgãos que querem e 
agem por ela. 
Conceito – Trata-se de pessoa jurídica de direito público, com personalidade jurídica, 
para que exista o efetivo respeito ao princípio do “fazer justiça”, ou seja, coloca-se o 
Estado em uma situação de igualdade, permitindo ao mesmo tempo ordenar, 
administrar, e, também, ser fiscalizado, fazer parte de um processo como pessoa de 
direitos e obrigações. 
Na Teoria Geral do Estado, existem três elementos essenciais para a formação de um 
Estado: POVO, TERRITÓRIO E PODER SOBERANO. 
Povo: é o conjunto dos nacionais, nativos da terra. 
Território: é a delimitação territorial que inclui a superfície terrestre, subsolo, espaço 
aéreo e o mar, que é de 12 a 24 milhas a partir da nossa costa para efeitos de defesa 
do território nacional, e 200 milhas para efeitos de exploração marítima. Também são 
considerados extensões territoriais: aviões, navios e as embaixadas. Todos ficam sob 
efeito da aplicação da ordem jurídica nacional. No caso de aviões e embarcações vale 
uma ressalva: os aviões e embarcações oficiais, sempre, em qualquer lugar que se 
encontrem terão soberania para aplicação das leis de seus países de origem dentro 
destes estabelecimentos. 
Poder soberano: é o poder, é a governabilidade de um Estado, delegado às mãos de 
alguns que terão como incumbência administrar a máquina, sem qualquer 
subordinação à outra ordem. 
 
FORMAS DE ESTADO 
a) Estado simples: O Estado soberano não apresenta subdivisões internas em 
porções que sejam denominadas como Estados. 
b) Estado composto: casos em que há a composição do Estado por mais de um 
Estado. 
9 
 
Federação – O Estado soberano apresenta subdivisões internamente para sua 
organização, denominando estas áreas como Estados, que compõem o Estado 
maior. Confederação – há a formação por Estados soberanos, que fixam Tratados 
Internacionais entre si. 
O Brasil é uma Federação: o País é repartido em três esferas territoriais: União, 
Estados, e Municípios. As respectivas competências de cada uma dessas esferas 
ficam estabelecidas no artigo 21 e seguintes da Constituição Federal. 
 
DEMOCRACIA 
CONCEITO → Vem do grego Demos (povo) + Kratos (governo), que tem como 
significado a governabilidade é de todos, é da sociedade. 
“É o governo do povo, pelo povo, e para o povo”. Abraham Lincoln 
 O Brasil é um Estado Democrático de Direito, e podemos perceber isso em seu art. 1º 
§ único. 
Constituem objetivos fundamentais da República federativa: artigos 3º e 4º da 
Constituição Federal. 
Dois valores fundamentais para o conceito: 
LIBERDADE SOCIAL → É o direito cada um tem, de fazer tudo o que quiser desde 
que não invada o direito de outrem, não prejudique a liberdade de outrem; 
IGUALDADE → Todos são iguais perante a lei. 
 
FORMAS DE DEMOCRACIA 
DIRETA → As decisões são tomadas diretamente pelos cidadãos em assembléia, não 
há representatividade. É interessante dizer, que a democracia direta somente é 
possível em sociedades que apresentam um número populacional baixo, e 
consequentemente sua área territorial não é das maiores. Em sociedades com índices 
populacional muito alto não é possível. 
INDIRETA → O povo governa por intermédio de representantes. 
SEMIDIRETA → O povo não governa diretamente, mas possui instrumentos jurídicos 
e políticos para interferir nas diretrizes do Estado. Podem intervir por meio de 
uma iniciativa popular (a sociedade cria uma disposição interessante para o momento 
10 
 
da vida em sociedade e encaminham aos seus representantes para que coloquem em 
pauta de votação para possível aprovação), veto popular (a lei já foi elaborada e é 
reprovada, posteriormente, pela sociedade para que seja revogada), e o referendum (a 
lei posteriormente a sua elaboração, é apresentada à sociedade para que estes, por 
convocação, aprovem ou a reprovem). 
 
A DIVISÃO DOS PODERES 
Poder Legislativo 
Poder Executivo 
Poder Judiciário 
Em sua obra L’Espirit des Lois, Montesquieu mostra que a razão da divisão dos três 
poderes é para que o governo não seja autoritário, ditador, exercido por uma única 
pessoa, que pode vir a governar de forma tirana. Montesquieu entendiaque o homem 
tende a ser corrompido, e neste caso nada melhor do que ter um poder que fiscaliza o 
outro poder. Assim: 
O que está encarregado de fazê-las (Legislativo), não deve estar encarregado de 
aplicá-las, nem de executá-las; 
O poder que está encarregado de executá-las, não deve ser encarregado de fazê-las e 
nem de julgá-las; 
O que está encarregado de julgá-las não deve ser encarregado de fazê-las e nem de 
executá-las. 
Vale salientar que se trata de função típica de cada poder, e que são independentes. 
Não há hierarquia entre eles, mas sim campos diferentes de atuação. Como função 
atípica há a invasão, a interferência de um poder na esfera do outro. Neste caso 
temos: executivo elabora leis delegadas e medidas provisórias (CF, art. 68, e 
62); legislativo susta atos normativos do executivo (CF art. 49, V); judiciário quando o 
chefe do executivo conceder indulto (CF art. 84, XII). 
 
 
11 
 
AULA 
 
FONTES DO DIREITO 
Fontes do direito, ou fontes jurídicas, consistem na origem do direito, de onde ele 
emana. 
Conceitos das fontes do direito: 
a) Leis 
Nas palavras de Washington de Barros Monteiro, “Lei é preceito comum e obrigatório, 
emanado do Poder competente e provido de sanção”. Comum, porque é dirigido a 
todos indistintamente; obrigatório, pois é uma imposição e não uma faculdade; 
emanado do Poder competente, pois só ele, de acordo com a CF é que pode editar 
leis; provido de sanção, pois na ausência de descumprimento, o Estado impõe um 
fazer ou não fazer a quem as descumpriu. 
 
b) Analogia 
É fonte formal mediata do direito, utilizada com a finalidade de integração da lei, ou 
seja, a aplicação de dispositivos legais relativos a casos análogos, ante a ausência de 
normas que regulem o caso concretamente apresentado à apreciação jurisdicional. 
c) Costumes 
São considerados normas aceitas como obrigatórias pela consciência do povo, sem 
que o Poder Público a tenha estabelecido. Segundo RIZZATTO, “o costume jurídico é 
norma jurídica obrigatória, imposta ao setor da realidade que regula, possível de 
imposição pela autoridade pública e em especial pelo poder judiciário.”4Nesse sentido, 
os costumes de um dado povo é fonte do direito, pois pode ser aplicado pelo poder 
judiciário, uma vez que o próprio costume constitui uma imposição da sociedade. 
d) Doutrina 
É o conjunto de indagações, pesquisas e pareceres dos cientistas do Direito. Há 
incidência da doutrina em matérias não codificadas, como no Direito Administrativo e 
em matérias de Direito estrangeiro, não previstas na legislação pátria. POMPÉRIO 
compreende a doutrina como “o acervo de soluções trazidas pelos trabalhos dos 
juristas.”5Nesse sentido, a doutrina é considerada como fonte por sua contribuição 
para a aplicação e também preparação à evolução do direito. 
e) Jurisprudência 
12 
 
A jurisprudência é uma função atípica da jurisdição, considerada também como uma 
fonte do direito. A orientação jurisprudencial é apenas um método de interpretação da 
lei e não precisa de uniformidade. Em razão disso, é rara a adoção da jurisprudência 
como fonte. 
f) Princípios gerais do direito 
Princípios do direito são postulados que se encontram implícita ou explicitamente no 
sistema jurídico, contendo um conjunto de regras. Entende-se, então, que os 
princípios gerais de direito são a última salvaguarda do intérprete, pois este precisa se 
socorrer deles para integrar o fato ao sistema. 
 
g) Equidade 
Justiça aplicada pelo juiz em sua decisão na ausência de lei. 
 
Classificação: 
Classificação 1: 
Fontes primárias: a lei e os costumes. 
Fontes secundárias: a analogia, os princípios gerais do direito, a doutrina e a 
jurisprudência. 
Classificação 2: 
Diretas: 
Lei - o direito Brasileiro pauta-se na lei 
Costumes - no Brasil, pode ser aplicado desde que não contrários às leis 
 
Indiretas: 
Doutrina: interpretação da norma jurídica pelos estudiosos do direito 
Jurisprudência: decisões dos tribunais 
 
De explicação: 
Analogia 
Equidade 
Princípios Gerais do Direito 
13 
 
 
PROCESSO LEGISLATIVO: 
Conjunto de regras que informa a elaboração da lei (MAX & ÉDIS, 2004, p. 46). 
“Art. 59 – o processo legislativo compreende a elaboração de: 
I. Emendas à Constituição; 
II. Leis Complementares; 
III. Leis Ordinárias; 
IV. Leis Delegadas; 
V. Medidas Provisórias; 
VI. Decretos Legislativos; 
VII. Resoluções.” 
 
I - Emendas à Constituição: são instrumentos legais, constitucionais, que servem 
para modificar a Constituição Federal parcialmente. Trata o artigo 60 da Constituição 
Federal: 
“Art. 60. A constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
I – de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado 
Federal: 
II – do Presidente da República; 
III – de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, 
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
(...) 
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I – a forma federativa de Estado; 
II – o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III – a separação dos Poderes; 
IV – os direito e garantias individuais.” 
 
Sendo assim, a Constituição Federal somente poderá ser emendada por iniciativa de 
acordo com o previsto no artigo 60. O artigo 60, § 4º trata-se da chamada “Cláusula 
Pétrea”, ou seja, da imutabilidade da constituição no tocante aos princípios ali 
previstos. Jamais poderão ser afastados por emenda a constituição tendente a abolir 
tais preceitos. 
 
II - Leis Complementares: como o seu próprio nome faz perceber, trata de assuntos 
que necessitam de complementação posterior, que estão previstos na Constituição 
Federal. 
 
14 
 
III - Leis Ordinárias: leis ordinárias são aquelas que servem para regular a vida dos 
administrados, impondo obrigações por meio da administração, ou de determinar o 
que é ou não permitido (C. Penal, Civil, etc). 
 
IV - Leis Delegadas: nada mais é do que a admissibilidade pelo Legislativo de delegar 
ao Presidente da República, poderes para elaborar leis em casos expressos. 
 
V - Medidas Provisórias: são matérias emanadas pelo Executivo, que disciplinam 
casos denominados urgentes e relevantes. Tem força de lei. 
“Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar 
medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso 
Nacional.” 
Vale lembrar que as características da “urgência e relevância” são subjetivas, mas 
que, podemos entender que sendo relevante mas não urgente, então esta deve ser 
tratada por lei ordinária. Caso contrário estará diante de uma inconstitucionalidade. 
 
VI - Decretos Legislativos e as Resoluções: As resoluções são normas que tratam 
de assuntos administrativos e políticos de ordem interna do Legislativo. Já os decretos 
legislativo são “atos normativos administrativos de competência exclusiva do Poder 
Legislativo, destinados a regular matérias que tenham efeitos externos” segundo MAX 
& ÉDIS (2004). 
 
 
ELEMENTOS FORMADORES DA LEI: 
Toda lei via de regra é elaborada pelo Poder Legislativo, devendo para tanto seguir o 
seguinte trâmite: 
 
a) apresentação do projeto de lei: é o ato pelo qual se inicia o processo legislativo, 
podendo este ser de iniciativa dos membros do Poder Legislativo, pelo chefe do Poder 
Executivo, pelo Supremo Tribunal Federal, pelos tribunais superiores, pelo procurador 
geral da república ou mesmo pelos cidadãos, como previsto pela Constituição Federal. 
 
b) discussão e aprovação: o projeto de lei deve ser aprovado pelo Poder Legislativo, 
pela votação de seus membros e pela discussão da lei perante as comissões 
temáticas, sendo ele reprovado é arquivado, sendo aprovado é encaminhado para a 
sanção;15 
 
c) sanção ou promulgação: Sanção é o ato pelo qual o Executivo concorda com a 
lei, podendo tal concordância ser expressa ou tácita, nessa fase do processo 
legislativo que o executivo apresenta os vetos que entende necessários à norma. 
Promulgação é o ato pelo qual a lei se torna obrigatória, sendo promulgada a lei deve 
ser publicada; e, 
 
d) publicação: publicação é o ato que dá ciência a todos da lei promulgada, devendo 
para tanto ocorrer no Diário Oficial, via de regra a lei entra em vigor 45 dias após sua 
publicação, ou quando a lei expressa o período de espera para entrar em vigor. 
 
Hierarquia Legislativa 
Constituição Federal e suas emendas 
 Leis complementares à Constituição 
 Leis Federais (Leis ordinárias e delegadas, M. Provisória) 
 Constituições estaduais e suas emendas 
 Leis complementares à Constituição Estadual 
 Leis Estaduais(Leis ordinárias, Decretos) 
 Leis municipais (Leis ordinárias, Decretos) 
 
A Constituição Federal é a Carta Mãe, Carta Maior, Carta Magna, portanto, tudo o que 
está abaixo dela deve respeito aos seus princípios, neste sentido pode ser dito que 
existe uma hierarquia. 
 
Vigência da lei no tempo 
Toda lei é levada ao conhecimento do povo por meio de sua publicação no Diário 
Oficial, no entanto a data de sua publicação. 
Via de regra a lei entra em vigor 45 dias depois da data de sua publicação, são 
exceções as leis que especificam a data de sua entrada no ordenamento jurídico ou a 
que entra na data de sua publicação, sendo que ela vigerá até a data de sua 
revogação. 
 
Interpretação 
Principais formas: 
a) gramatical: pela sintaxe; 
b) lógica: norma analisada com ramo do direito a que ela se destina, para que não 
haja contradições; 
c) histórica: momento histórico em relação à norma elaborada; e, 
d) sistemática: interpreta-se a lei com todo o sistema jurídico vigente. 
16 
 
Pela fonte da lei: 
1) autêntica: realizada pelo legislador – autor da lei; 
2) judicial: decorrente das decisões do judiciário; 
3) administrativa: elaborada pelo autoridade administrativa (ex.: circulares, portarias, 
respostas a consultas ...); e, 
4) doutrinária: pelos estudiosos do direito (ex.: teses, monografias ...). 
Quanto ao resultado: 
a) declarativa: idêntica às palavras do legislador; 
b) extensiva: mais ampla que o legislador disse; e, 
c) restritiva: menor do que o legislador quis dizer. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
AULA 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
CONCEITO 
“É o ramo do Direito Público Interno que disciplina a organização do Estado, define e 
limita a competência de seus poderes, suas atividades e suas relações com os 
indivíduos, aos quais atribui e assegura direitos fundamentais de ordem pessoal e 
social (MAX LIMONAD, 1952, p. 253 e 254).” 
 
Por estabelecer, aos demais ramos do direito, as diretrizes gerais a serem seguidas, o 
Direito Constitucional acaba tendo uma posição de superioridade com relação aos 
outros ramos do direito. 
 
CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO 
Um dos conceitos mais usados por grande parte da doutrina é de que se trata de um 
“conjunto de normas escritas ou costumeiras, que regem a organização política de um 
país”. 
 
Espécies de Constituição 
 
Quanto à origem: 
• Promulgada: Há a constituição de um Poder Constituinte. Este poder é 
constituído por representantes da sociedade, quando finalizada é promulgada 
por estes que fizeram parte de sua elaboração e posteriormente aplicada aos 
administrados. 
• Outorgada: Geralmente são impostas por uma pessoa ou grupo de pessoas 
(por um rei, ditador, etc.). 
 
Quanto à consistência: 
• Rígidas: Constituição que se altera por processo especial (Constituição 
Brasileira) 
• Flexíveis: São alteradas mais facilmente, semelhante à alteração das leis 
ordinárias. Praticamente inexiste hierarquia entre a Constituição e a Lei 
Ordinária (Constituição do Reino da Itália) 
 
Quanto à forma: 
18 
 
• Escritas: as constituições escritas geralmente apresentam seus dispositivos 
reunidos em um instrumento já quando da sua promulgação (Constituição 
Brasileira) 
• Costumeiras: Espécie de constituição que apresenta como característica sua 
formação “diária”, ou seja, com base nos costumes da sociedade. Vai se 
formando aos poucos, diferentemente da Constituição do Brasil (Constituição. 
Inglaterra) 
 
PODER CONSTITUINTE 
Tem como efeito a formação de um grupo de representantes eleitos pela sociedade 
com um único intuito de elaborar, editar, votar e promulgar esta nova Carta Magna aos 
cidadãos de determinado Estado. Depois deve ser extinto com seus integrantes 
voltando para suas atividades anteriores. 
 
O Poder Constituinte pode ser: 
→ Originário: quando há a edição de uma nova Constituição. 
→ Derivado: trata-se da utilização, derivação de uma Constituição já existente, 
modificando parte dela. 
 
CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS 
→ A princípio todos os preceitos da Constituição devem ser seguidos 
→ Se a lei for contrária à Constituição, diz-se que a lei é inconstitucional. 
→ O efeito da inconstitucionalidade é a não aplicação da lei ao caso concreto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
AULA 
 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
ART. 5º - CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
Embora a Constituição Federal em seu Título II trate do artigo 5º ao 17, Direitos e 
Garantias Fundamentais ( Dos direitos e deveres individuais e coletivos; Dos direitos 
sociais; Da nacionalidade; Dos direitos políticos; Dos partidos políticos), trataremos, 
agora, especialmente do artigo 5º da Constituição Federal, ou seja, dos Direitos e 
Deveres Individuais e Coletivos. 
 
Antes de outros comentários, é importante fazer uma breve distinção entre Direitos e 
Garantias. Pode ser dito que “Direitos” são todas as ponderações possíveis e 
imagináveis do homem natural em sua vida em sociedade de acordo com suas 
necessidades comuns ao grupo, que em determinadas situações se depara com a 
necessidade de “Garantias” atribuídas pelo Estado como forma de assegurar sua 
liberdade destas prerrogativas. Se assim não fosse, teríamos uma vida em sociedade 
em que imperaria a lei do mais forte. Em se tratando de uma sociedade estruturada 
politicamente e socialmente não poderia ser de outra forma senão com o liame entre 
estas duas idéias apresentadas pela Carta Magna. 
 
Podemos perceber, logo abaixo, no corpo do texto constitucional a preocupação em 
garantir a igualdade entre as pessoas, e, ainda, resguardando cinco princípios 
constitucionais que regem toda a extensão do artigo 5º da Constituição Federal 
vinculando-os à todos os incisos que o compõe. 
 
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: “ 
 
Fazendo uma cuidadosa leitura de todos os incisos que estão apresentados logo 
abaixo podemos perceber a preocupação dada a esta Constituição Federal 
promulgada em 1988, partindo de problemáticas que persistiam ao tempo e aos fatos 
históricos quanto ao aspecto da “macheza” em que consideravam as mulheres 
submissas aos homens, passando por aspectos que preocupavam a todos em um 
período pós-ditadura, tais como: mortes, torturas, coações morais, privações, abusos, 
20 
 
etc. Tais aspectos foram cuidadosamente lembrados em nossa constituição com o 
intuito de garantir a liberdade de uso e gozo dos direitos dos cidadãos, criando, 
também, direitos e deveres individuais e coletivos como forma de organização social e 
políticada sociedade. 
Sendo assim, é importante que se faça uma leitura por todos os incisos do artigo 5º. 
 
DO DIREITO À VIDA E DO DIREITO À PRIVACIDADE 
DIREITO À VIDA 
A vida como objeto do direito: a vida humana, que é o objeto do direito assegurado no 
art. 5º, integra-se de elementos materiais e imateriais; a vida é intimidade conosco 
mesmo, saber-se e dar-se conta de si mesmo, um assistir a si mesmo e um tomar 
posição de si mesmo; por isso é que ela constitui a fonte primária de todos os outros 
bens jurídicos. 
Direito à existência: consiste no direito de estar vivo, de lutar pelo viver, de defender 
à própria vida, de permanecer vivo; é o direito de não ter interrompido o processo vital 
senão pela morte espontânea e inevitável; tentou-se incluir na Constituição o direito a 
uma existência digna. 
Direito à integridade física: a Constituição além de garantir o respeito à integridade 
física e moral (art. 5º, XLIX), declara que ninguém será submetido a tortuta ou 
tratamento desumano ou degradante (art. 5º, III); a fim de dotar essas normas de 
eficácia, a Constituição preordena várias garantias penais apropriadas, como o dever 
de comunicar, imediatamente, ao juiz competente e à família ou pessoa indicada, a 
prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre; o dever da autoridade policial 
informar ao preso seus direitos; o direito do preso à identificação dos responsáveis por 
sua prisão e interrogatório policial. 
Direito à integridade moral: a Constituição realçou o valor da moral individual, 
tornando-a um bem indenizável (art. 5º, V e X); à integridade moral do direito assume 
feição de direito fundamental; por isso é que o Direito Penal tutela a honra contra a 
calúnia, a difamação e a injúria. 
Pena de morte: é vedada; só é admitida no caso de guerra externa declarada, nos 
termos do art. 84, XIX (art. 5º, XLVII, a). 
Eutanásia: é vedado pela Constituição; o desinteresse do indivíduo pela própria vida 
não exclui esta da tutela; o Estado continua a protegê-la como valor social e este 
interesse superior torna inválido o consentimento do particular para que dela o privem. 
Aborto: a Constituição não enfrentou diretamente o tema, mas parece inadmitir o 
abortamento; devendo o assunto ser decidido pela legislação ordinária, especialmente 
a penal. 
21 
 
Tortura: prática expressamente condenada pelo inciso III do art. 5º, segundo o qual 
ninguém será submetido a tortura ou a tratamento desumano e degradante; a 
condenação é tão incisiva que o inciso XLIII determina que a lei considerará a prática 
de tortura crime inafiançável e insuscetível de graça, por ele respondendo os 
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-lo, se omitirem (Lei 9.455/97). 
 
DIREITO À PRIVACIDADE 
Conceito e conteúdo: A Constituição declara invioláveis a intimidade, a vida privada, 
a honra e a imagem das pessoas (art. 5º, X); portanto, erigiu, expressamente, esses 
valores humanos à condição de direito individual, considerando-o um direito conexo ao 
da vida. 
Intimidade: Caracteriza-se como a esfera secreta da vida do indivíduo na qual este 
tem o poder legal de evitar os demais; abrangendo nesse sentido à inviolabilidade do 
domicílio, o sigilo de correspondência e ao segredo profissional. 
Vida privada: a tutela constitucional visa proteger as pessoas de 2 atentados 
particulares: ao segredo da vida privada e à liberdade da vida privada. 
Honra e imagem das pessoas: o direito à preservação da honra e da imagem, não 
caracteriza propriamente um direito à privacidade e menos à intimidade; a CF reputa-
os valores humanos distintos; a honra, a imagem constituem, pois, objeto de um 
direito, independente, da personalidade. 
Privacidade e informática: a Constituição tutela a privacidade das pessoas, 
acolhendo um instituto típico e específico para a efetividade dessa tutela, que é o 
habeas data, que será estudado mais adiante. 
Violação à privacidade e indenização: essa violação, em algumas hipóteses, já 
constitui ilícito penal; a CF foi explícita em assegurar ao lesado, direito à indenização 
por dano material ou moral decorrente da violação do direito à privacidade. 
 
DIREITO DE IGUALDADE 
Introdução ao tema: as Constituições só tem reconhecido a igualdade no seu sentido 
jurídico-formal (perante a lei); a CF/88 abre o capítulo dos direitos individuais com o 
princípio que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza; 
reforça o princípio com muitas outras normas sobre a igualdade ou buscando a 
igualização dos desiguais pela outorga de direitos sociais substanciais. 
Isonomia formal e isonomia material: isonomia formal é a igualdade perante a lei; a 
material são as regras que proíbem distinções fundadas em certos fatores; Ex: art. 7º, 
XXX e XXXI; a Constituição procura aproximar os 2 tipos de isonomia, na medida em 
que não de limitara ao simples enunciado da igualdade perante a lei; menciona 
22 
 
também a igualdade entre homens e mulheres e acrescenta vedações a distinção de 
qualquer natureza e qualquer forma de discriminação. 
O sentido da expressão “igualdade perante a lei”: o princípio tem como destinatários 
tanto o legislador como os aplicadores da lei; significa para o legislador que, ao 
elaborar a lei, deve reger, com iguais disposições situações idênticas, e, 
reciprocamente, distinguir, na repartição de encargos e benefícios, as situações que 
sejam entre si distintas, de sorte a quinhoá-las ou gravá-las em proporção às suas 
diversidades; isso é que permite, à legislação, tutelar pessoas que se achem em 
posição econômica inferior, buscando realizar o princípio da igualização. 
Igualdade de homens e mulheres: essa igualdade já se contém na norma geral da 
igualdade perante a lei; também contemplada em todas as normas que vedam a 
discriminação de sexo (arts. 3º, IV, e 7º, XXX), sendo destacada no inciso I, do art. 5º 
que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição; só valem as discriminações feitas pela própria Constituição e sempre em 
favor da mulher, por exemplo, a aposentadoria da mulher com menor tempo de serviço 
e de idade que o homem (arts. 40, III, e 202, I a III). 
O princípio da igualdade jurisdicional: a igualdade jurisdicional ou igualdade 
perante o juiz decorre, pois, da igualdade perante a lei, como garantia constitucional 
indissoluvelmente ligada à democracia; apresenta-se sob 2 prismas: como interdição 
do juiz de fazer distinção entre situações iguais, ao aplicar a lei; como interdição ao 
legislador de editar leis que possibilitem tratamento desigual a situações iguais ou 
tratamento igual a situações desiguais por parte da Justiça. 
Igualdade perante à tributação: o princípio da igualdade tributária relaciona-se com a 
justiça distributiva em matéria fiscal; diz respeito à repartição do ônus fiscal do modo 
mais justo possível; fora disso a igualdade será puramente formal. 
Igualdade perante a lei penal: essa igualdade deve significar que a mesma lei penal 
e seus sistemas de sanções hão de se aplicar a todos quanto pratiquem o fato típico 
nela definido como crime; devido aos fatores econômicos, as condições reais de 
desigualdade condicionam o tratamento desigual perante a lei penal, apesar do 
princípio da isonomia assegurado a todos pela Constituição (art. 5º). 
Igualdade “sem distinção de qualquer natureza”: além da base geral em que 
assenta o princípio da igualdade perante a lei, consistente no tratamento igual a 
situações iguais e tratamento desigual a situações desiguais, é vedado distinções de 
qualquer natureza; as discriminações são proibidas expressamento no art. 3º, IV, onde 
diz que promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, 
e quaisquer outras formas de discriminação; proíbe também, diferença de salários, de 
23 
 
exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor, estado 
civilou posse de deficiência (art. 7º, XXX e XXXI). 
O princípio da não discriminação e sua tutela penal: a Constituição traz 2 
dispositivos que fundamentam e exigem normas penais rigorosas contra 
discriminações; diz-se num deles que a lei punirá qualquer discriminação atentatória 
dos direitos e liberdades fundamentais, e outro, mais específico porque destaca a 
forma mais comum de discriminação, estabelecendo que a prática do racismo constitui 
crime inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de reclusão, nos termos da lei. (art. 
5º, XLI e XLII). 
Discriminações e inconstitucionalidade: são inconstitucionais as discriminações 
não autorizadas pela Constituição; há 2 formas de cometer essa inconstitucionalidade; 
uma consiste em outorgar benefício legítimo a pessoas ou grupos, discriminando-os 
favoravelmente em detrimento de outras pessoas ou grupos em igual situação; a outra 
forma revela-se em se impor obrigação, dever, ônus, sanção ou qualquer sacrifício a 
pessoas ou grupos de pessoas, discriminando-as em face de outros na mesma 
situação que, assim, permaneceram em condições mais favoráveis. 
 
DIREITO DE LIBERDADE 
O problema da Liberdade: a liberdade tem um caráter histórico, porque depende do 
poder do homem sobre a natureza, a sociedade, e sobre si mesmo em cada momento 
histórico; o conteúdo da liberdade se amplia com a evolução da humanidade; 
fortalece-se, à medida que a atividade humana se alarga. A liberdade opõe-se ao 
autoritarismo, à deformação da autoridade; não porém, à autoridade legítima; o que é 
válido afirmar é que a liberdade consiste na ausência de coação anormal, ilegítima e 
imoral; daí se conclui que toda a lei que limita a liberdade precisa ser lei normal, moral 
e legítima, no sentido de que seja consentida por aqueles cuja liberdade restringe; 
como conceito podemos dizer que liberdade consiste na possibilidade de coordenação 
consciente dos meios necessários à realização da felicidade pessoal. O assinalado o 
aspecto histórico denota que a liberdade consiste num processo dinâmico de liberação 
do homem de vários obstáculos que se antepõem à realização de sua personalidade: 
obstáculos naturais, econômicos, sociais e políticos; é hoje função do Estado 
promover a liberação do homem de todos esses obstáculos, e é aqui que a autoridade 
e liberdade se ligam. O regime democrático é uma garantia geral da realização dos 
direitos humanos fundamentais; quanto mais o processo de democratização avança, 
mais o homem se vai libertando dos obstáculos que o constrangem, mais liberdade 
conquista. 
24 
 
Liberdade e liberdades: liberdades, no plural, são formas de liberdade, que aqui, em 
função do Direito Constitucional positivo, distingue-se em 5 grupos: 1) liberdade da 
pessoa física; 2) liberdade de pensamento, com todas as suas liberdades; 3) liberdade 
de expressão coletiva; 4) liberdade de ação profissional; 5) liberdade de conteúdo 
econômico. Cabe considerar aquela que constitui a liberdade-matriz, que é a liberdade 
de ação em geral, que decorre do art. 5º, II, segundo o qual ninguém será obrigado a 
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. 
Liberdade da pessoa física: é a possibilidade jurídica que se reconhece a todas as 
pessoas de serem senhoras de sua própria vontade e de locomoverem-se 
desembaraçadamente dentro do território nacional; para nós as formas de expressão 
dessa liberdade se revelam apenas na liberdade de locomoção e na liberdade de 
circulação; mencionando também o problema da segurança, não como forma dessa 
liberdade em si, mas como forma de garantir a efetividade destas. 
Liberdade de pensamento: é o direito de exprimir, por qualquer forma, o que se 
pense em ciência, religião, arte, ou o que for; trata-se de liberdade de conteúdo 
intelectual e supõe contato com seus semelhantes; inclui as liberdades de opinião, de 
comunicação, de informação, religiosa, de expressão intelectual, artística e científica e 
direitos conexos, de expressão cultural e de transmissão e recepção do conhecimento. 
Liberdade de ação profissional: confere liberdade de escolha de trabalho, de ofício e 
de profissão, de acordo com as propensões de cada pessoa e na medida em que a 
sorte e o esforço próprio possam romper as barreiras que se antepõem à maioria do 
povo; a liberdade anunciada no acima (art. 5º, XIII), beneficia brasileiros e estrangeiros 
residentes, enquanto a acessibilidade à função pública sofre restrições de 
nacionalidade (arts. 12 § 3º, e 37, I e II); A Constituição ressalva, quanto à escolha e 
exercício de ofício ou profissão, que ela fica sujeita à observância das qualificações 
profissionais que a lei exigir, só podendo a lei federal definir as qualificações 
profissionais requeridas para o exercício das profissões. ( art. 22, XVI). 
 
DIREITOS COLETIVOS 
Direito à informação: o direito de informar, como aspecto da liberdade de 
manifestação de pensamento, revela-se um direito individual, mas já contaminado no 
sentido coletivo, em virtude das transformações dos meios de comunicação, que 
especialmente se concretiza pelos meios de comunicação social ou de massa; a CF 
acolhe essa distinção, no capítulo da comunicação (220 a 224). preordena a liberdade 
de informar completada com a liberdade de manifestação do pensamento (5º, IV). 
Direito de representação coletiva: estabelece que as entidades associativas, quando 
expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados em juízo 
25 
 
ou fora dele (art. 5º, XXI), legitimidade essa também reconhecida aos sindicatos em 
termos até mais amplos e precisos, in verbis: ao sindicato cabe a defesa dos direitos e 
interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou 
administrativas (art. 8, III). 
Direito de participação: distinguiremos 2 tipos; um é a participação direta dos 
cidadãos no processo político e decisório (arts. 14, I e II, e 61, § 2º); só se reputa 
coletivo porque só pode ser exercido por um número razoável de eleitores: uma 
coletividade, ainda que não organizada formalmente. Outro, é a participação orgânica, 
às vezes resvalando para uma forma de participação corporativa, é a participação 
prevista no art. 10 e a representação assegurada no art. 11, as quais aparecem entre 
os direitos sociais. 
Coletivo, de natureza comunitária não-corporativa, é o direito de participação da 
comunidade (arts. 194, VII e 198, III). 
Direito dos consumidores: estabelece que o Estado proverá, na forma da lei, a 
defesa do consumidor (art. 5º, XXXII), conjugando isso com a consideração do art. 
170, V, que eleva a defesa do consumidor à condição de princípio da ordem 
econômica. 
Liberdade de reunião: está prevista no art. 5º, XVI; a liberdade de reunião está plena 
e eficazmente assegurada, não mais se exige lei que determine os casos em que será 
necessária a comunicação prévia à autoridade, bem como a designação, por esta, do 
local de reunião; nem se autoriza mais a autoridade a intervir para manter a ordem, 
cabendo apenas um aviso à autoridade que terá o dever, de ofício, de garantir a 
realização da reunião. 
Liberdade de associação: é reconhecida e garantida pelos incisos XVII a XXI do art. 
5º; há duas restrições expressas à liberdade de associar-se: veda-se associação que 
não seja para fins lícitos ou de caráter paramilitar; e é aí que se encontra a 
sindicabilidade que autoriza a dissolução por via judicial; no mais têm as associações 
o direito de existir, permanecer, desenvolver-se e expandir-se livremente. 
 
DIREITO DE PROPRIEDADE 
Direito de Propriedade em Geral 
Fundamento constitucional: O regime jurídico da propriedade tem seu fundamento 
na Constituição; esta garante o direito de propriedade, desde que este atenda sua 
função social (art. 5º, XXII), sendo assim, não há como escapar ao sentido que só 
garante o direito de propriedade que atenda sua função social; a própria Constituiçãodá conseqüência a isso quando autoriza a desapropriação, como pagamento mediante 
título, de propriedade que não cumpra sua função social (arts. 182, § 4º, e 184); 
26 
 
existem outras normas que interferem com a propriedade mediante provisões especias 
(arts. 5º, XXIV a XXX, 170, II e III, 176, 177 e 178, 182, 183, 184, 185, 186, 191 e 
222). 
Conceito e natureza: entende-se como uma relação entre um indivíduo (sujeito ativo) 
e um sujeito passivo universal integrado por todas as pessoas, o qual tem o dever de 
respeitá-lo, abstraindo-se de violá-lo, e assim o direito de propriedade se revela como 
um modo de imputação jurídica de uma coisa a um sujeito. 
Regime jurídico da propriedade privada: em verdade, a Constituição assegura o 
direito de propriedade, estabelece seu regime fundamental, de tal sorte que o Direito 
Civil não disciplina a propriedade, mas tão-somente as relações civis e ela referentes; 
assim, só valem no âmbito das relações civis as disposições que estabelecem as 
faculdades de usar, gozar e dispor de bens (art. 524), a plenitude da propriedade 
(525), etc.; vale dizer, que as normas de Direito Privado sobre a propriedade hão de 
ser compreendidas de conformidade com a disciplina que a Constituição lhe impõe. 
Propriedade e propriedades: a Constituição consagra a tese de que a propriedade 
não constitui uma instituição única, mas várias instituições diferenciadas, em 
correlação com os diversos tipos de bens e de titulares, de onde ser cabível falar não 
em propriedade, mas em propriedades; ela foi explícita e precisa; garante o direito de 
propriedade em geral (art. 5º, XXII), mas distingue claramente a propriedade urbana 
(182, § 2º) e a propriedade rural (arts. 5º, XXIV, e 184, 185 e 186). 
Propriedade pública: a Constituição a reconhece: - ao incluir entre os bens da União 
aqueles enumerados no art. 20 e, entre os dos Estados, os indicados no art. 26; - ao 
autorizar desapropriação, que consiste na transferência compulsória de bens privados 
para o domínio público; - ao facultar a exploração direta de atividade econômica pelo 
Estado (art. 173) e o monopólio (art. 177), que importam apropriação pública de bens 
de produção. 
 
PROPRIEDADES ESPECIAIS 
Propriedade autoral: consta no art. 5º, XXVII, que contém 2 normas: a primeira 
confere aos autores o direito exclusivo de utilizar, publicar e reproduzir suas obras; a 
segunda declara que esse direito é transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei 
fixar; o autor é, pois, titular de direitos morais e de direitos patrimoniais sobre a obra 
intelectual que produzir; os direitos morais são inalienáveis e irrenunciáveis; mas, 
salvo os de natureza personalíssima, são transmissíveis por herança nos termos da 
lei; já os patrimoniais são alienáveis por ele ou por seus sucessores. 
Propriedade de inventos, de marcas e indústrias e de nome de empresas: seu 
enunciado e conteúdo denotam, quando a eficácia da norma fica dependendo de 
27 
 
legislação ulterior: “que a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio 
temporário para sua utilização, bem como a proteção às criações industriais, à 
propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo 
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País” (art. 
5º, XXIX); a lei, hoje, é a de nº 9279/96, que substitui a Lei 5772/71. 
Propriedade-bem de família: segundo o inc. XXVI do art. 5º, a pequena propriedade 
rural, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento 
de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de 
financiar o seu desenvolvimento; possui o interesse de proteger um patrimônio 
necessário à manutenção e sobrevivência da família. 
 
LIMITAÇÕES AO DIREITO DE PROPRIEDADE 
Conceito: consistem nos condicionamentos que atingem os caracteres tradicionais 
desse direito, pelo que era tido como direito absoluto (assegura a liberdade de dispor 
da coisa do modo que melhor lhe aprouver), exclusivo e perpétuo (não desaparece 
com a vida do proprietário). 
Restrições: limitam, em qualquer de suas faculdades, o caráter absoluto da 
propriedade; existem restrições à faculdade de fruição, que condicionam o uso e a 
ocupação da coisa; à faculdade de modificação coisa; à alienabilidade da coisa, 
quando, por exemplo, se estabelece direito de preferência em favor de alguma 
pessoa. 
Servidões e utilização de propriedade alheia: são formas de limitação que lhe 
atinge o caráter exclusivo; constituem ônus impostos à coisal; vinculam 2 coisas: uma 
serviente e outra dominante; a utilização pode ser pelo Poder Público (decorrente do 
art. 5º, XXV) ou por particular; as servidões são indenizáveis, em princípio; outra forma 
são as requisições do Poder Público; a CF permite as requisições civis e militares, 
mas tão-só em caso de iminente perigo e em tempo de guerra (art. 22, III); são 
também indenizáveis. 
Desapropriação: é a limitação que afeta o caráter perpétuo, porque é o meio pelo 
qual o Poder Público determina a transferência compulsória da propriedade 
particularm especialmente para o seu patrimônio ou de seus delegados (arts. 5º XXIV, 
182 e 184). 
 
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE 
Conceito: não se confunde com os sistemas de limitação da propriedade; estes dizem 
respeito ao exercício do direito ao proprietário; aquela à estrutura do direito mesmo, à 
propriedade; a função social se modifica com as mudanças na relação de produção; a 
28 
 
norma que contém o princípio da função social incide imediatamente, é de 
aplicabilidade imediata; a própria jurisprudência já o reconhece; o princípio transforma 
a propriedade capitalista, sem socializá-la; constitui o regime jurídico da propriedade, 
não de limitações, obrigações e ônus que podem apoiar-se em outros títulos de 
intervenção, como a ordem pública ou a atividade de polícia; constitui um princípio 
ordenador da propriedade privada; não autoriza a suprimir por via legislativa, a 
instituição da propriedade privada. 
 
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS 
Direito de petição: define-se como direito que pertence a uma pessoa de invocar a 
atenção dos poderes públicos sobre uma questão ou situação, seja para denunciar 
uma lesão concreta, e pedir reorientação da situação, seja para solicitar uam 
modificação do direito em vigor do sentido mais favorável à liberdade (art. 5º, XXXIV). 
Direito a certidões: está assegurado a todos, no art. 5º, XXXIV, independentemente 
do pagamento de taxas, a obtenção de certidões em repartições públicas para defesa 
de direito e esclarecimentos de situações de interesse pessoal. 
Habeas corpus: é um remédio destinado a tutelar o direito de liberdade de 
locomoção, liberdade de ir e vir, parar e ficar; tem natureza de ação constitucional 
penal. (art. 5º, LXVIII) 
Mandado de segurança individual: visa amparar direito pessoal líquido e certo; só o 
próprio titular desse direito tem legitimidade para impetrá-lo, que é oponível contra 
qualquer autoridade pública ou contra agente de pessoa jurídica no exercício de 
atribuições públicas, com o objetivo de corrigir ato ou omissão ilegal decorrente do 
abuso de poder. (art. 5º, LXIX) 
Mandado de injunção: constitui um remédio ou ação constitucional posto à 
disposição de quem se considere titular de qualquer daqueles direitos, liberdades ou 
prerrogativas inviáveis por falta de norma regulamentadora exigida ou suposta pela 
Constituição; sua finalidade consiste em conferir imediata aplicabilidade à norma 
constitucional portadora daqueles direitos e prerrogativas, inerte em virtude de 
ausência de regulamentação (art. 5º, LXXI). 
Habeas data: remédio que tem por objeto proteger a esfera íntima dos indivíduos 
contra usos abusivos de registros de dados pessoais coletados por meios 
fraudulentos, desleais e ilícitos, introdução nesses registros de dados sensíveis 
(origem racial, opiniãopolítica. etc) e conservação de dados falsos ou com fins 
diversos dos autorizados em lei (art. 5º, LXXII). 
 
 
29 
 
AULA 
 
DIREITO CIVIL 
 
Direito Civil 
 
Conceito: Ramo do direito privado que regula as relações jurídicas entre pessoas e 
entre estas e seus bens no âmbito privado; 
- As obrigações civis podem ser contraídas mediante contratos escritos ou verbais; 
- O novo código civil de 2002, atualmente em vigor, regula as relações civis no Brasil. 
 
PESSOAS 
- Quem exerce direitos se chama pessoa. 
- Sujeito de direito a desempenhar seu papel de titular de direitos e obrigações no 
cenário jurídico. 
- Conceito: Pessoa é a entidade titular de direitos e obrigações 
- Classificação: 
• Pessoa física ou natural: que é o homem, na sua individualidade; 
• Pessoa jurídica ou moral: que são os agrupamentos de homens ligados por 
interesses e fins comuns. É o homem em sua coletividade. 
 
PESSOA FÍSICA 
- Existência da pessoa física começa com o nascimento com vida e termina com a 
morte natural ou presumida. 
- Morte presumida: Presume-se que a pessoa morreu depois de decorridos 10 anos 
que o juiz proferiu sentença declarando-a ausente, e concedendo a abertura da 
sucessão provisória ou também se provar que a pessoa conta com oitenta anos de 
idade e as últimas notícias que se têm dela datam de 5 anos. O juiz pode declarar a 
ausência mediante requerimento dos interessados (cônjuges, herdeiros, etc) ou do 
Ministério Público. 
- Comoriência: Quando duas ou mais pessoas faleceram num mesmo instante. Se não 
puder determinar qual delas faleceu primeiro, a lei presume que morreram ao mesmo 
tempo. 
- Nascituro: O direito brasileiro protege o nascituro – filho concebido, mas que ainda 
não nasceu. 
 
PESSOA JURÍDICA 
- Pessoa jurídica de direito público 
30 
 
• Pessoa jurídica de direito público interno: 
o União; 
o Estados; 
o Distrito Federal (Brasília); 
o Territórios (Fernando de Noronha) e 
o Municípios. 
• Pessoa jurídica de direito público externo ou internacional 
o Estados estrangeiros e outras pessoas internacionais. 
- Pessoa jurídica de direito privado 
• Sociedades civis 
• Associações, fundações e sindicatos; 
• Sociedade comerciais 
 
- A pessoa jurídica tem existência distinta da de seus membros. Seu patrimônio é 
distinto do de seus componentes. 
- A pessoa jurídica tem os mesmos direitos que a pessoa física, salvo exceções: 
• Não pode adotar; 
• Não pode fazer testamento; 
• Não pode ser sujeito ativo de crimes, mas seus membros serão. Exceção: 
direito ambiental; 
• Pode ser sujeito passivo de crimes. Ex: roubo, difamação. 
 
- Existência: começa com o registro público competente. São representadas por seus 
titulares (sócios, gerentes, diretores); 
- Término: sua existência termina pelo advento do prazo, quando previsto, ou pela 
dissolução judicial ou extrajudicial. 
 
CAPACIDADE CIVIL 
- Capacidade é a aptidão que a pessoa tem de exercitar direitos e contrair obrigações. 
• Capacidade de direito ou de gozo – todas as pessoas a têm. 
• Capacidade de fato ou de exercício – só a têm os plenamente capazes. 
- Capacidade plena: os maiores de idade, desde que não interditos. 
- A lei prevê os casos de incapacidade jurídica: 
 
A) Absolutamente incapaz 
31 
 
É absoluta a incapacidade quando a lei considera um indivíduo totalmente inapto ao 
exercício da atividade da vida civil. 
• Menores de 16 anos; 
• os que por enfermidade ou deficiência mental não tiverem o necessário 
discernimento para a prática desses atos; 
• Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. 
 
B) Relativamente Incapaz 
Ao contrário, o exercício de seus direitos se realiza com a sua presença, exigindo, 
apenas, que sejam assistidos por seus responsáveis. 
• Maiores de 16 anos e Menores de 18 anos; 
• Pródigos – pressupõe a habitualidade de desperdícios e gastos imoderados; 
• Ébrios Habituais, os Viciados em Tóxicos, e os que, por Deficiência Mental, 
Tenham o Discernimento Reduzido; 
• Os excepcionais, sem Desenvolvimento Mental Completo. 
 
C) Capacidade plena 
Aptidão total para os atos da vida civil. 
• Maiores de 18 anos. 
 
EMANCIPAÇÃO 
- Aquisição da capacidade civil antes da idade legal: 
- Hipóteses: 
• Pela concessão dos pais, mediante escritura pública, quando o menor tiver 16 
anos completos; 
• Por sentença judicial, se o menor, com 16 anos completos, estiver sob o 
regime de tutela, ouvindo-se o tutor; 
• Pelo casamento; 
• Pelo exercício de emprego público efetivo; 
• Pela colação de grau em curso de ensino superior; 
• Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de 
emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha 
economia própria. 
REGISTRO CIVIL 
- Deverão se registrar no registro civil: 
• Os nascimentos, casamentos e óbitos; 
32 
 
• A emancipação por outorga ou por sentença; 
• A interdição dos incapazes, ausentes e mortos presumidos; 
• A separação judicial e o divórcio; 
• Os atos que declararem ou reconhecerem filiação e os atos de adoção. 
 
DOMICÍLIO 
Domicílio pessoa natural: lugar onde a pessoa natural estabelece sua residência 
com ânimo definitivo. Se a pessoa tiver mais de uma residência onde vive 
alternativamente, será considerada domicílio também. 
Domicílio profissional: lugar onde a pessoa natural exerce a sua profissão. 
- Se a pessoa natural não tiver residência habitual tem-se por seu domicilio o lugar 
onde ela for encontrada. 
Domicílio pessoa jurídica: 
• O lugar onde funcionarem as respectivas diretorias ou ato constitutivo; 
• Onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou ato constitutivo; 
• Caso tenham diversos estabelecimentos, cada um deles será considerado 
domicílio para os atos neles praticados; 
• Se a pessoa jurídica tiver sua diretoria ou administração no exterior, seu 
domicilio no Brasil será o lugar onde contrair suas obrigações. 
Domicílio do incapaz: será o domicílio do representante; 
Domicílio do servidor público: lugar onde exerce permanentemente suas funções; 
Domicílio do militar: onde servir 
Domicílio do preso: lugar onde cumpre sua sentença; 
Domicílio contratual: fixado em contrato escrito, no qual direitos e obrigações 
contratadas devem ser cumpridas. 
 
 
33 
 
AULA 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
Lei 8078/90 - Código de Defesa do Consumidor 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
_Revolução Industrial: 
◦ Aumento da população nos grandes centros urbanos; 
◦ Aumento da procura por produtos/serviços; 
◦ Novo modelo de produção; 
◦ Produção em série/em escala. 
_ Esse modelo de produção industrial atual pressupõe planejamento estratégico e 
modelo contratual unilaterais do fornecedor, do fabricante, do produto, do serviço, etc. 
_ O monopólio da produção está nas mãos do fornecedor. O consumidor não senta à 
mesa para negociar com o fornecedor. 
_ Surgimento de consequências negativas para o consumidor. Necessidade de 
proteção pelo Direito. 
 
Legislação 
_Constituição Federal de 1988: 
◦ art. 5º, XXXII - a defesa do consumidor é um direito fundamental 
◦ art. 170 – a defesa do consumidor é um princípio da ordem econômica 
◦ Art. 48, ADCT – prazo para elaboração do Código de Defesa do Consumidor 
_Código de Defesa do Consumidor: Lei 8078/90. 
 
Código de Defesa do Consumidor 
Características 
_Microsistema multidisciplinar 
◦ Normas de Direito Constitucional; Civil, Processual Civil, Criminal, 
Administrativo 
_ Lei principiológica 
◦O CDC traz princípios que conferem prerrogativas ao consumidor por 
reconhecer a sua vulnerabilidade. 
_Normas de ordem pública e de interesse social. 
◦ Normas de ordem pública são aquelas que não podem ser derrogadas pela 
vontade das partes. 
34 
 
◦ Normas de interesse social: caso particulartem repercussão perante a 
sociedade. Ex. Bancos. 
Relação Jurídica de Consumo 
_Relação jurídica estabelecida entre fornecedor e consumidor que tenha por objeto a 
aquisição de um produto ou contratação de um serviço. 
_ Elementos subjetivos: 
◦ Fornecedor 
◦ Consumidor 
_ Elementos objetivos: 
◦ Aquisição de produto 
◦ Contratação de um serviço 
_ Elemento finalístico: 
◦ Consumidor é o destinatário final 
_ Conceito de Consumidorl 
_Art. 2º do CDC: Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatário final. 
Consumidor: é aquele que retira definitivamente o produto de circulação ou o serviço 
do mercado. 
Destinatário Final: é aquele que adquire produto ou serviço para uso próprio sem 
finalidade de produção de outros produtos ou serviços. 
Pessoa jurídica: será consumidora sempre que adquirir produto ou utilizar serviço 
como destinatária final e desde que comprovada sua vulnerabilidade. 
_ Consumidor por equiparação 
_Art. 2º, do CDC, parágrafo único: Equipara-se a consumidor a coletividade de 
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. 
Consumidor em potencial. 
◦ Ex. publicidade enganosa 
◦ Possibilita o ajuizamento de ações coletivas para a defesa dos direitos difusos 
coletivos 
_Art. 17, do CDC: ◦ Equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento 
danoso. 
 
- Conceito de Fornecedor 
_Art. 3º do CDC: 
◦ Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de 
35 
 
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, 
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
◦ 
_Todo aquele que coloca o produto ou o serviço no mercado de consumo, com 
habitualidade. 
_Todo aquele que participe de determinada cadeia produtiva –fornecedor 
/intermediário / produtor/ distribuidor - até o produto ou serviço ser entregue ao 
destinatário final. 
 
Conceito de Produto 
_Art. 3º, §1º, do CDC: 
Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, sobre o qual recai a 
relação jurídica. 
O CDC não distingue quanto à distribuição gratuita do produto, permanecendo a 
proteção legal. Ex: Amostra grátis. 
 
Conceito de Serviço 
_Art. 3º, §2º, do CDC: 
◦ Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, 
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. 
STJ - Súmula 297: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições 
financeiras. 
Atentar para os serviços remunerados de forma indireta. Ex. estacionamentos 
gratuitos de supermercado; montagem gratuita de móveis. 
 
Casos específicos 
_O CDC não se aplica nas relações locatícias, vez que existe norma específica que 
regulamenta a relação locatícia - Lei nº 8.245/91. 
_Todos os serviços prestados pelo Poder Público, diretamente ou através de 
concessão ou permissão sujeitam-se ao CDC, desde que remunerados por tarifa 
(água, luz, esgoto) ou preço público (transporte, pedágio). 
 
Política Nacional de Relações de Consumo – Objetivos 
_Art. 4º, do CDC: 
◦ atendimento das necessidades dos consumidores; 
◦ respeito à sua dignidade, saúde e segurança; 
36 
 
◦ proteção de seus interesses econômicos; 
◦melhoria da sua qualidade de vida. 
 
Política Nacional de Relações de Consumo – Princípios 
_Reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor (art. 4º, I); 
◦Obs: presunção é absoluta (jure et de jure) ou seja, não admite prova em contrário. 
_Ação governamental para a proteção do consumidor (art. 4º, II) harmonização dos 
interesses dos participantes das relações de consumidor (art. 4º, III) 
_ Educação e informação dos consumidores (art. 4º, IV) controle de qualidade e 
segurança dos produtos e serviços (art. 4º, V), 
_Coibição e repressão das práticas abusivas (art. 4º, VI); 
_Racionalização e melhoria dos serviços públicos (art. 4º, VII); 
_ Estudo das constantes modificações do mercado de consumo (art. 4º., VIII). 
 
Política Nacional de Relações de Consumo – Instrumentos 
_Art. 5°- Instrumentos para a execução da Política Nacional das Relações de 
Consumo: 
I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente; 
II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do 
Ministério Público; 
III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores 
vítimas de infrações penais de consumo; 
IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para 
a solução de litígios de consumo; 
V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa 
do Consumidor. 
 
Direitos básicos consumidor 
Art. 6º do CDC 
_ Efetiva prevenção e reparação de danos. Ex: Atendimento ao consumidor – 
Envolvimento de todos. 
_Acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou 
reparação de danos Ex: PROCON e Judiciário 
_ Facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova 
a seu favor, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele 
hipossuficiente. Ex: Necessidade do consumidor provar que as manchas foram 
causadas por fator intrínseco ao tecido. 
37 
 
 
Garantia legal - Art. 26 do CDC 
_Durante o prazo de garantia, o consumidor tem direito à reparação e à substituição 
sem ônus. 
 
__ Prazo para reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação: 
_ 30 dias para produtos não duráveis; 
_ 90 dias, para produtos duráveis. 
 
Responsabilidade 
_Art. 18, CDC: “Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis 
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem 
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, 
assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do 
recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as 
variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição 
das partes viciadas.” 
 
Exclusão Responsabilidade 
_Art. 12, CDC: O fabricante (...) só não será responsabilizado quando provar que: 
• não colocou o produto no mercado; 
• o defeito inexiste; 
• a culpa é exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 
Prazo para sanar 
_ Prazo de 30 dias para sanar o vício 
_Modificação do prazo em comum acordo: 
• Redução: mínimo 7 dias. 
• Ampliação: máximo 180 dias. 
obs: necessário formalizar a modificação 
 
Escolha do consumidor 
_Não sendo sanado o vício no prazo, pode o consumidor exigir, alternativamente e à 
sua escolha: 
• Substituição do produto por outro de mesma espécie; 
38 
 
• Restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo 
de perdas e danos; 
• Abatimento proporcional do preço. 
Substituição do produto 
_ Substituição do produto por outro de mesma espécie. 
_ _ Poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, 
mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço. 
 
Restituição do valor 
_Como calcular o valor da restituição? 
◦www.calculoexato.com.br 
_ Selecionar: 
◦ Cálculo financeiro; 
◦ Atualização de um valor por um índice financeiro; 
_ Inserir: 
◦ Valor a ser atualizado = valor pago 
◦ Data a partir da qual o valor será atualizado = data pagamento feito pelo cliente; 
◦ Data para a qual o valor será atualizado = data pagamento que será feito ao cliente; 
◦ Índice de atualização = INPC 
 
Dano Moral 
_O consumidor pode pleitear o ressarcimento por perdas e danos sofridos em razão 
do vício do produto. 
_Tal reconhecimento deve ser buscado pelo consumidor na esfera judicial, por meio 
daprodução de provas. 
_ Entendimento atual: não cabe indenização por dano moral em razão de mero 
aborrecimento. 
 
Decisões judiciais 
_ “Levando-se em consideração o critério objetivo da razoabilidade e a concepção 
ético jurídica dominante em nossa sociedade, simples aborrecimentos, ínsitos à vida 
moderna, que não extrapolam os padrões médios de aceitabilidade, não se erigem à 
categoria de dano moral.” (Apelação nº 0023972-94.2009.8.26.0224 - Guarulhos – 
Fórum de Guarulhos, Rel. Des. ORLANDO PISTORESI, 30ª Cam., julgado em 
29/02/2012) 
 
39 
 
_ “O ressarcimento por dano moral não pode decorrer de qualquer melindre ou 
suscetibilidade exagerada, do mero aborrecimento ou incômodo. É preciso que a 
ofensa apresente certa magnitude para ser reconhecida como prejuízo moral”. 
(Apelação c/ Ver. 782.775-00/7 – 26ª Câmara – Rel. Des. RENATO SARTORELLI – J. 
1.8.2005). 
_ “Não é toda e qualquer situação desconfortável, ainda que hábil a causar desgaste 
emocional, suficiente à materialização dos danos morais indenizáveis, pois os 
aborrecimentos inerentes ao cotidiano consubstanciam sentimentos que cumprem ser 
catalogados como dissabores que todos rotineiramente temos.” (Apelação nº 
9170609- 82.2008.8.26.0000, da Comarca de Cubatão – Rel. Des. João Camillo de 
Almeida Prado Costa – 8/11/2011) 
 
Vinculação da oferta 
_ Princípio da vinculação da oferta: 
◦ Toda informação ou publicidade. 
◦ Por qualquer forma e meio de comunicação. 
 
Componente em estoque 
_O CDC não estabelece um prazo determinado para manutenção das peças e do 
produto em estoque. 
_Art. 32: Os fabricantes (...) deverão assegurar a oferta de componentes e peças de 
reposição enquanto não cessar a fabricação do produto. Cessada a produção, a oferta 
deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da lei." 
_ Prazo condizente com a durabilidade do produto. 
 
Desistência do pedido 
Art. 49 do CDC: “O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a 
contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que 
a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do 
estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.” 
_Tem por escopo proteger o consumidor das técnicas de venda em domicílio, ocasião 
em que o cliente, surpreendido em sua casa ou em seu trabalho, pode se decidir pela 
aquisição da mercadoria oferecida por impulso ou por constrangimento. 
 
Aspectos penais 
40 
 
_Art. 66 - “Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a 
natureza, característica, quantidade, segurança, durabilidade, preço ou garantia de 
produtos. 
Pena: detenção de 3 meses a 1 ano, e multa.” 
 
_Art. 67 - “Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou 
abusiva. 
Pena: detenção de 3 meses a 1 ano, e multa.” 
 
_Art. 68 -“Fazer ou promover publicidade que sabe ser capaz de induzir o consumidor 
a se comportar de forma prejudicial a sua saúde ou segurança; 
Pena: detenção de 6 meses a 2 anos, e multa.” 
 
_Art. 69: Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à 
publicidade; 
Pena: detenção de 1 a 6 meses, e multa. 
 
_Art. 74: Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente 
preenchido e com especificação clara; 
_ Pena: detenção de 1 a 6 meses, e multa. 
 
_Art. 75: Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes referidos neste código, 
bem como o diretor, administrador ou gerente da pessoa jurídica que promover, 
permitir ou por qualquer modo aprovar fornecimento, oferta, exposição à venda ou 
manutenção em depósito de produtos nas condições por ele proibidas. 
 
Atendimento ao Consumidor 
_Maiores causas de reclamações dos consumidores: 
• Mau atendimento 
• Falta de informação 
• Ausência de retorno 
 
O consumidor brasileiro aceita o erro da empresa, mas não aceita o mau atendimento 
quando surgem problemas com o produto. 
 
41 
 
AULA 
 
PROPRIEDADE INTELECTUAL 
 
O profissional que atua na área de tecnologia muitas vezes se deparará com situações 
em que sua equipe, ou até mesmo ele próprio, com base em seu conhecimento, cria 
algo novo. Toda vez que algo novo é criado, estamos diante de uma nova 
propriedade, as quais são chamadas pelo direito de propriedade intelectual. 
A propriedade intelectual se divide entre aquelas que são protegidas pelo Direito 
Autoral e aquelas que são protegidas como Propriedades Industriais. 
 
Propriedade Intelectual 
Conceito: A propriedade intelectual é um ramo do direito que protege as criações 
intelectuais, facultando aos seus titulares direitos econômicos, os quais ditam a forma 
de comercialização, circulação, utilização e produção dos bens intelectuais ou dos 
produtos e serviços que incorporam tais criações intelectuais, ou seja, é um sistema 
criado para garantir a propriedade ou exclusividade resultante da atividade intelectual 
nos campos industrial, científico, literário e artístico. 
 
1- Propriedade industrial – Lei nº 9.279/96 
 
- Regular direitos e obrigações relativos às propriedade industrial. 
- Os direitos da propriedade intelectual são: marcas, patentes, desenhos industriais e 
indicações geográficas. 
- Para ter direito de proteção em face de terceiros, necessitam ser registrados perante 
o INPI – Instituto Nacional da Propriedade Intelectual. 
- O art. 5º da CF, inciso XIX preceitua que “a lei assegurará aos autores de inventos 
industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações 
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos 
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e 
econômico do País”. 
 
Modalidades de Propriedade Industrial 
Protegidos por patente: 
• Invenção 
• Modelo de utilidade 
• Certificado de adição de invenção 
42 
 
Protegidos por Registro: 
• Desenho industrial 
• Registro de Marca 
• Indicação Geográfica 
 
Patente: é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de 
utilidade, outorgados pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas 
ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação. Em contrapartida, o inventor se 
obriga a revelar detalhadamente todo o conteúdo técnico da matéria protegida pela 
patente. 
 
Invenção: é uma concepção resultante do exercício da capacidade de criação do 
homem, que represente uma solução para um problema técnico específico, dentro de 
um determinado campo tecnológico e que possa ser fabricada ou utilizada 
industrialmente. 
 
Modelo de Utilidade: O ato inventivo deve resultar em melhoria funcional em algo que 
já existe, no uso ou em sua fabricação. 
Requisitos para a patente: novidade, atividade inventiva e aplicação industrial 
1 – É uma invenção? 
2 – Tem aplicação industrial? 
3 – Tem novidade? 
4 – Tem atividade inventiva? 
5 – Está fora da lista de exclusões? 
 
Desenho Industrial 
O desenho industrial é a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto 
ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando 
resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo 
de fabricação industrial (Art. 95 da LPI) 
 
Prazo de vigência da patente e do registro 
A patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos; 
A patente de modelo de utilidade pelo prazo de 15 (quinze) anos 
O registro de desenho industrial vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos, prorrogáveis por 
mais 3 (três) períodos sucessivos de 5 (cinco) anos cada até atingir o prazo máximo 
de 25 (vinte e cinco) 
43 
 
Em todos os casos, contados a partir da data de depósito junto ao INPI. 
 
MARCAS 
Todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e 
serviços de outros análogos, de procedência

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