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Nicolau Maquiavel

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Nicolau Maquiavel (1469/1527) foi um historiador, 
poeta, diplomata e músico italiano do Renascimento. 
 
É reconhecido como fundador do pensamento e 
da ciência política moderna, pelo fato de ter escrito 
sobre o Estado e o governo como realmente são e 
não como deveriam ser. 
 
Os recentes estudos do autor e da sua obra admitem 
que seu pensamento foi mal interpretado 
historicamente. 
 
Desde as primeiras críticas, feitas postumamente 
pelo cardeal inglês Reginald Pole, as opiniões, 
muitas vezes contraditórias, acumularam-se, de 
forma que o adjetivo maquiavélico, criado a partir 
do seu nome, significa esperteza, astúcia, maldade. 
 
Maquiavel viveu a juventude sob o esplendor 
político da República Florentina durante o governo 
de Lourenço de Médici e entrou para a política aos 
29 anos de idade no cargo de Secretário da Segunda 
Chancelaria. 
 
Nesse cargo, Maquiavel observou o comportamento 
de grandes nomes da época e a partir dessa 
experiência retirou alguns postulados para sua obra. 
 
Depois de servir em Florença durante catorze anos 
foi afastado e escreveu suas principais obras. 
Conseguiu também algumas missões de pequena 
importância, mas jamais voltou ao seu antigo posto 
como desejava. 
 
Como renascentista (O Renascimento foi um 
importante movimento de ordem artística, cultural e 
científica que se deflagrou na passagem da Idade 
Média para a Moderna), Maquiavel se utilizou de 
autores e conceitos da Antiguidade clássica de 
maneira nova. 
 
Um dos principais autores foi Tito Lívio, além de 
outros lidos através de traduções latinas, e entre os 
conceitos apropriados por ele, encontram-se o 
de virtu (virtude/trabalho) e o de fortuna 
(sorte/acaso). 
 
Durante o Renascimento, as cinco 
principais potências na península Itálica eram: 
o Ducado de Milão, a República de Veneza, 
a República de Florença, o Reino de Nápoles e 
os Estados Pontifícios. 
 
A maior parte dos Estados da península era 
ilegítima, tomados por mercenários chamados 
"condottieri". 
 
Foram incapazes de se aliar durante muito tempo 
estando entregues à intriga diplomática e às disputas, 
e, por suas riquezas, eram atrativos para as demais 
potências europeias do período, principalmente 
Espanha e França. 
 
A política italiana era, portanto, muito complexa e 
os interesses políticos estavam sempre divididos. 
 
Batalhando entre si, ficavam à mercê das ambições 
estrangeiras, mas a influência de alguém 
como Lourenço de Médici havia impedido uma 
invasão. 
 
Com a morte deste em 1492, e a inaptidão política 
de seu filho, a Itália foi invadida por Carlos VIII, 
causando a expulsão dos Médici de Florença. 
 
Esta era palco do conflito entre duas tendências: a da 
exaltação pagã do indivíduo, da vida e da glória 
histórica, representada por Lourenço de Médici e seu 
irmão Juliano de Médici; e a da contemplação cristã 
do mundo, voltada para o além, que se formava 
como resposta ao ressurgimento da primeira nos 
mais variados aspectos da vida como a arte e até na 
Igreja, representada por religiosos como Girolamo 
Savonarola. 
 
Anunciando a chegada de Carlos VIII como a de um 
salvador, contrário aos Médici e com grande apoio 
popular, o pregador Girolamo Savonarola tornou-se 
a figura mais importante da cidade dando ao 
governo um viés teocrático-democrático. 
 
Com sua crescente autoridade e influência, 
Savonarola passou a criticar os padres de Roma 
como corruptos e o Papa Alexandre VI por 
seu nepotismo e imoralidade. 
 
Em 12 de maio de 1497, o papa excomungou o 
frade, mas a excomunhão foi declarada inválida por 
ele. No entanto, Savonarola acabou preso e 
executado pelo governo provisório em 23 de maio 
de 1498. 
 
Com a demissão de seus simpatizantes, cinco dias 
depois da morte do frade, Maquiavel, com 29 anos, 
foi nomeado para o cargo de secretário da Segunda 
Chancelaria de Florença. 
 
Pouco se conhece da biografia de Maquiavel antes 
de entrar para a vida pública. Ele era o terceiro de 
quatro filhos. 
 
Sua família era toscana, antiga e empobrecida. 
Iniciou seus estudos de latim com sete anos e, 
posteriormente, estudou também o ábaco, bem como 
os fundamentos da língua grega antiga. 
 
Comparada com a de outros humanistas sua 
educação foi fraca, principalmente por causa dos 
poucos recursos da família. 
 
Não se sabe ao certo o que teria levado à escolha de 
Maquiavel para a chancelaria em 19 de junho de 
1498. Alguns autores afirmam que ele teria 
trabalhado aí como auxiliar em 1494 ou 1495, 
hipótese contestada atualmente. 
 
Outros preferem atribuir a sua entrada à escolha de 
um antigo professor seu, Marcelo Virgilio Adriani, o 
qual ele teria conhecido em aulas na Universidade 
Pública de Florença e naquele momento era 
Secretário da Primeira Chancelaria. 
 
A principal instituição de Florença nesse período era 
a Senhoria com diversos órgãos auxiliares como as 
duas chancelarias. A primeira chancelaria era 
responsável pela política externa e pela 
correspondência com o exterior. A segunda 
ocupava-se com as guerras e a política interna. 
 
No entanto, essas funções muitas vezes se 
sobrepunham e a autoridade da primeira chancelaria 
prevalecia sobre a da segunda. Entre as funções 
exercidas por Maquiavel, estavam tarefas 
burocráticas e de assessoria política, de diplomacia e 
de comando no Conselho dos Dez, um outro órgão 
auxiliar da Senhoria. 
 
A primeira de suas missões foi a de convencer 
um condottiero a continuar recebendo o mesmo 
soldo. Nesse momento, o governo da República de 
Florença desejava reaver o controle de Pisa que 
havia aproveitado a passagem de Carlos VIII para 
rebelar-se, de forma que, ao realizar essa primeira 
missão de forma satisfatória, foi enviado em julho de 
1499 para negociar com Catarina Sforza, duquesa 
de Ímola e Forlì a renovação da "condotta" de seu 
filho Otaviano e para tentar conseguir o auxílio dela 
com soldados e artilharia para a tomada de Pisa. 
 
O governo de Florença contratara o filho da duquesa 
por 15 mil ducados sabendo-o mau estrategista 
militar e Maquiavel tinha como instruções, diminuir 
o soldo e conseguir tropas e munição para a 
retomada de Pisa. 
 
Ele conseguiu de forma satisfatória reduzir o soldo a 
12 mil ducados e não comprometeu a cidade na 
defesa de Ímola e Forlì como queria Catarina. 
 
A partir dessa primeira missão, escreveu o Discorso 
fatto al Magistrato dei Dieci sopra le cose di Pisa, de 
1499, seu primeiro escrito político. 
O "Príncipe" é provavelmente o livro mais 
conhecido de Maquiavel e foi completamente escrito 
em 1513, apesar de publicado postumamente, em 
1532. 
Teve origem com a união de Juliano de Médici e 
do Papa Leão X, com a qual Maquiavel viu a 
possibilidade de um príncipe finalmente unificar 
a Itália e defendê-la contra os estrangeiros, apesar de 
dedicar a obra a Lourenço II de Médici, mais jovem, 
de forma a estimulá-lo a realizar esta empreitada. 
Outra versão sobre a origem do livro, diz que ele o 
teria escrito em uma tentativa de obter favores dos 
Médici, contudo ambas as versões não são 
excludentes. 
Está dividido em 26 capítulos. No início ele 
apresenta os tipos de principado existentes e expõe 
as características de cada um deles. A partir daí, 
defende a necessidade do príncipe de basear suas 
forças em exércitos próprios, não em mercenários e, 
após tratardo governo propriamente dito e dos 
motivos por trás da fraqueza dos Estados italianos, 
conclui a obra fazendo uma exortação a que um 
novo príncipe conquiste e liberte a Itália.

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