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www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA Direito Penal – Aula 03 Rogério Sanches 1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (Princípio relacionado com o fato do agente) INTRODUÇÃO Art. 5º , II, C.F. – “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;” Art. 5º, XXXIX, C.F. – “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;” Art. 1º, C.P. - “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.” Quais documentos internacionais tratam do princípio da legalidade? A) B) C) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE CONCEITO Real limitação ao poder estatal de interferir na esfera das liberdades individuais. Obs: LEGALIDADE = FUNDAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALI- DADE Fundamento Político Fundamento Democrático Fundamento Jurídico PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Art. 1º CP - “Não há crime sem lei anterior que o de- fina. Não há pena sem prévia cominação legal.” Crime: abrange contravenção penal? Pena: abrange medidas de segurança? Conclusão: Não há infração penal (crime + contra- venção) ou sanção penal (pena + medida de segu- rança) sem lei anterior. Art. 3º Código Penal Militar: “As medidas de segu- rança regem-se pela lei vigente ao tempo da sen- tença, prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vi- gente ao tempo da execução.” DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALI- DADE A) NÃO HÁ CRIME OU PENA SEM LEI Princípio da reserva legal: - lei ordinária (regra) - lei complementar # Medida Provisória pode criar crime? # É possível Medida Provisória versando sobre Di- reito Penal não incriminador? Medida Provisória pode extinguir a punibilidade? Lembrando: o Art. 62, § 1º, I, “b” C.F. proíbe Medida Provisória versando sobre Direito Penal (matéria in- cluída pela EC 32/01). “Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presi- dente da República poderá adotar medidas provisó- rias, com força de lei, devendo submetê-las de ime- diato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I - relativa a: B) direito penal, processual penal e processual civil;” A doutrina diverge: 1ªC: Com o advento da EC 32/01, ficou claro que Me- dida Provisória não pode versar sobre Direito Penal (incriminador ou não incriminador). - Prevalece entre os constitucionalistas. www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA Direito Penal – Aula 03 Rogério Sanches 2 2ªC: A EC 32/01 reforça a proibição da Medida Pro- visória sobre Direito Penal incriminador, permitindo matéria de Direito Penal não incriminador. Posição do STF. # Resoluções de quaisquer espécies podem criar in- frações penais e cominar penas? Ex.: Resoluções do TSE, CNJ, CNMP, etc. Não sendo leis em sentido estrito, não podem criar crimes e cominar penas. CUIDADO! As menções a condutas criminosas indicadas nas Resolu- ções do TSE configuram consolidações de tipos pe- nais previamente tipificados por lei. DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALI- DADE B) NÃO HÁ CRIME OU PENA SEM LEI ANTERIOR - Princípio da anterioridade. - Proibição da retroatividade maléfica da lei penal DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALI- DADE C) NÃO HÁ CRIME OU PENA SEM LEI ESCRITA - Proíbe-se o costume incriminador. # Para que serve o costume no Direito Penal? # Costume pode revogar infração penal? 1ªC: Admite- se o costume abolicionista ou revoga- dor da lei nos casos em que a infração penal não mais contraria o interesse social deixando de reper- cutir negativamente na sociedade. - Conclusão: 2ªC: Não é possível o costume abolicionista. Entre- tanto, quando o fato já não é mais indesejado pelo meio social, a lei não deve ser aplicada pelo magis- trado. - Conclusão: 3ªC (Prevalece): Somente a lei pode revogar outra lei. Não existe costume abolicionista. - Conclusão: O STF indeferiu HC em que a Defensoria Pública re- queria, com base no princípio da adequação social, a declaração de atipicidade da conduta imputada a condenado como incurso nas penas do art. 184, § 2º, do CP. Sustentava-se que a referida conduta seria socialmente adequada, haja vista que a coletividade não recriminaria o vendedor de CDs e DVDs repro- duzidos sem a autorização do titular do direito auto- ral, mas, ao contrário, estimularia a sua prática em virtude dos altos preços desses produtos, insuscetí- veis de serem adquiridos por grande parte da popu- lação. De acordo com o Supremo, o fato de a socie- dade tolerar a prática do delito em questão não impli- caria dizer que o comportamento do paciente poderia ser considerado lícito. Salientou-se, ademais, que a violação de direito autoral e a comercialização de produtos “piratas” sempre fora objeto de fiscalização e repressão. O STJ afastou essa tese na Súmula 502: Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se tí- pica, em relação ao crime previsto no art. 184, § 2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs pi- ratas DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALI- DADE D) NÃO HÁ CRIME OU PENA SEM LEI ESTRITA Proíbe-se a utilização da analogia para criar tipo in- criminador A 2ª Turma do STF, no julgamento do HC 97.261 de- clarou a atipicidade da conduta do agente que subtrai sinal de TV à cabo asseverando ser impossível a analogia incriminadora com o crime de furto de ener- gia elétrica. DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALI- DADE E) NÃO HÁ CRIME OU PENA SEM LEI CERTA - Princípio da Taxatividade (ou da determinação). Obs: “Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código: (Inclu- ído dada pela Lei nº 12.720, de 2012)” DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALI- DADE F) Não há crime ou pena sem lei necessária www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA Direito Penal – Aula 03 Rogério Sanches 3 O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE É O VETOR BA- SILAR DO GARANTISMO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE LEI PENAL LEI PENAL: CLASSIFICAÇÃO 1- LEI PENAL COMPLETA: é aquela que dispensa complemento valorativo ou normativo Ex: 2- LEI PENAL INCOMPLETA: é a norma que de- pende de complemento valorativo ou normativo. TIPO ABERTO Conceito: Ex: ATENÇÃO: ART. 121, § 3º C.P. Homicídio culposo § 3º Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos. Receptação Art. 180 § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. Excepcionalmente, o legislador descreveu a negli- gência (em sentido amplo), subtraindo do juiz, de forma legítima, a sua valoração no caso concreto. NORMA PENAL EM BRANCO Conceito ESPÉCIES DE NORMA PENAL EM BRANCO: A) Norma penal em branco PRÓPRIA / EM SENTIDO ESTRITO / HETEROGÊNEA O complemento normativo não emana do legislador, mas sim de fonte normativa diversa. Ex: Lei nº 11.343/06 “Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Polí- ticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve me- didas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de dro- gas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogasas substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodica- mente pelo Poder Executivo da União.” B) Norma penal em branco IMPRÓPRIA / EM SEN- TIDO AMPLO / HOMOGÊNEA O complemento normativo emana do legislador. ESPÉCIES DE NORMA PENAL EM BRANCO: www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA Direito Penal – Aula 03 Rogério Sanches 4 # Pergunta de concurso: O QUE É NORMA PENAL EM BRANCO AO QUA- DRADO OU RAIZ QUADRADA DA NORMA PENAL EM BRANCO? É o caso do art. 38 da Lei nº 9.605/98, que pune as condutas de destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente. O conceito de floresta de preservação permanente é obtido no Código Flo- restal, que, dentre várias disposições, estabelece uma hipótese em que a área de preservação perma- nente será assim considerada após declaração de in- teresse social por parte do Chefe do Poder Execu- tivo. # Pergunta de concurso: O QUE É NORMA PENAL EM BRANCO AO RE- VÉS? Lei 2.889/56 “Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religi- oso, como tal: A) matar membros do grupo; B) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; C) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; D) adotar medidas destinadas a impedir os nasci- mentos no seio do grupo; E) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo; Será punido: Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a; Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b; Com as penas do art. 270, no caso da letra c; Com as penas do art. 125, no caso da letra d; Com as penas do art. 148, no caso da letra e;” # A NORMA PENAL EM BRANCO HETEROGÊNEA É CONSTITUCIONAL? Norma penal em branco e instâncias federativas diversas: a lei penal em branco (própria ou impró- pria) pode ser complementada por normas oriundas de instâncias federativas diversas (Poder Executivo ou Legislativo Federal, Estadual ou Municipal). O art. 63 da Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9.605/98), por exemplo, pune com reclusão, de 1 a 3 anos, e multa, “alterar aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico ou artístico, histórico, cultural, re- ligioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida”. Nestes casos, a lei ou ato administrativo criado para proteger a edificação pode ser municipal. Eis, por- tanto, típico caso de norma penal em branco comple- mentada por norma não federal. É preciso, no en- tanto, que se atente para o fato de que a iniciativa dessas instâncias federativas no complemento das normas penais em branco deve ser restrita, sob pena de se caracterizar generalizada delegação de com- petência legislativa privativa da União, expediente vedado pela Constituição Federal. FORÇA GALERA!!! “O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicioná- rio” (Albert Einstein).
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