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Diagnóstico e Tratamento de Intoxicações Agudas MEDIDAS DE DESCONTAMINAÇÃO Profa. Lyara Freitas ETAPA I – Abordagem ABCDE ETAPA II - Anamnese ETAPA III – Exame Clínico/ Exames Laboratoriais ETAPA IV – Procedimento Terapêutico Abordagem do paciente intoxicado 1. Abordagem ABCDE AVALIAÇÃO TRATAMENTO A Vias Aéreas Voz, Sons respiratórios Inclinação da cabeça e elevação do queixo. Administração de oxigênio B Respiração frequência respiratória, movimentos da parede torácica, ausculta pulmonar descomprimir a tensão do pneumotórax, ventilação com balão C Circulação cor da pele, sudorese, pulsação, ausculta cardíaca, PA interromper sangramento, elevar pernas, instalar acesso intravenoso, infundir solução salina D Disfunções, Incapacidade nível de consciência: alerta, responsivo ao comando verbal, responsivo à dor, sem resposta tratamento específico, avaliação neurológica E Exposição Exposição da pele, aferir temperatura Despir o paciente, buscar lesões 1. Abordagem ABCDE 2. Anamnese • Entrevista estruturada e objetiva • Informações sobre a pessoa e suas com o ambiente 1. Agentes Suspeitos: ▫ Tipo de produto ▫ Nome comercial ▫ Dados da embalagem ▫ Forma de apresentação ▫ Composição química ▫ Aspecto físico: cor, odor, sabor... 2. Anamnese 2. Exposição ▫ Dose ▫ Frequência ▫ Tempo e duração ▫ Via de introdução no organismo 3. Motivo ▫ Acidental ▫ Intencional ▫ Violência 2. Anamnese 4. Sintomas pré e pós-ocorrências – medidas usadas para reduzir a exposição ou sintomas 5. Antecedentes mórbidos individuais e familiares (clínicos e psiquiátricos) 6. História Farmacológica 7. Atividade profissional, de lazer, hábitos... As informações podem ser falas ou omitidas 3.Exame Clínico • Fundamental para definir o tratamento específico • Considerar outras possibilidades de intoxicação além das relatadas pelo paciente • Identificação de síndromes tóxicas 3.Exame Clínico 1. Monitorização dos sinais vitais 2. Observar alterações em hálito, secreções/excreções, coloração, umidade e lesões da pele 3. Realizar ausculta torácica – ritmo e intensidade dos batimentos cardíacos 4. Examinar abdome: atenção a massas palpáveis, reações à dor 5. Observar a postura: tônus muscular, reflexos 6. Avaliar estado mental e nível de consciência 7. Atenção ao aspecto das pupilas Síndromes tóxicas Sedativo-hipnótica Síndrome Colinérgica Síndrome Anticolinérgica Síndrome Adrenérgica Síndrome Serotoninérgica Síndrome Extrapiramidal 3.Exame Clínico • Sonolência • Letargia • Torpor • Coma • depressão respiratória • Hipotonia • Hipotermia • Hiporreflexia • Hipotensão • bradicardia Agente provável: Álcool, Anticonvulsivantes, Opioides, Barbitúrico e Benzodiazepínico Síndrome Sedativo-hipnótica Síndrome Colinérgica • Miose • Bradicardia • Incontinência Fecal e Urinária • Sudorese • Salivação • Aumento da Secreção Brônquica • Convulsões • Coma e Morte Por Insuficiência Respiratória Agente provável: Praguicida Organofosforado ( Malation, Paration), Praguicida Carbamato (Propoxur, Carbofuran, Aldicarb, etc ) Síndrome Anticolinérgica • Midríase • Taquicardia • Rubor Facial • Pele e Boca Secas • Diminuição das Secreções • Constipação • Retenção Urinária • Agitação Psicomotora. Agente provável: Atropina, Escopolamina (Hioscina), Antihistaminicos, Antidepressivos Tricíclicos e Toxina Botulínica Síndrome Adrenérgica • Agitação • Delírios • Paranóia • Taquicardica • Palidez • Hipertensão • Hipertermia • transpiração excessiva • Piloereção • Midríase • Hiperreflexia • Convulsões • arritmia cardíaca Agente provável: anfetaminas, cocaína, fenilefrina, cafeína Síndrome Serotoninérgica • Náusea • Vômitos • Diarréia • Diaforese • rubor facial • Taquicardia/bradicardia • oscilações de PA • Taquipnéia • Lacrimejamento • Delírios • Alucinações • Midríase • Rigidez • Hiperreflexia • Hipertermia • Coma • convulsões • arritmias Agente provável: Antidepressivos (inibidores seletivos da recaptação de 5-HT) – Citalopram, fluoxetina, paroxetina, sertralina Síndrome Extrapiramidal • Distonia • Espasmos musculares • Parkinsonismo • Tremores musculares • Movimentos involuntários • Sialorréia • Sonolência Agente Provável: Fenotiaízinicos, (Clorpromazina e Levomepromazina, Etc.), Butirofenona (Haloperidol) e Metoclopramida Exames Laboratoriais • Exames inespecíficos ▫ Função hepática: AST, ALT, GGT, FA ▫ Função Renal: ureia e creatinina ▫ Hemograma ▫ Eletrólitos ▫ Glicemia • Exames Específicos: ▫ Dosagem de etanol ▫ Colinesterase ▫ Dosagem de medicamentos 4. Procedimento Terapêutico • Interromper ou diminuir a exposição • Aumentar a excreção do agente tóxico • Medidas não específicas • Administração de antídotos/antagonistas ABSORÇÃO CIRCULAÇÃO EXPOSIÇÃO METABOLIZAÇÃO ÓRGÃO ALVO EFEITO TÓXICO ELIMINAÇÃO - Lavar pele e olhos - Lavagem gástrica e/ou intestinal - Carvão ativado Inibidores metabolismo (ex: etanol, metanol) Tratamento sintomático Quelantes - Antídotos - Imunoterapia - Múltiplas doses de carvão ativado O2, naloxona, atropina Tratamento do paciente intoxicado EXPOSIÇÃO CUTÂNEA: • retirar vestes contaminadas • lavagem corporal ou da área afetada (exaustivamente) com água corrente: **sítios de depósito: cabelo, axilas, genitais, umbigo e região auricular • pacientes sem condições: descontaminação no leito • proteção do socorrista (avental, luvas e máscara) Interromper ou diminuir a exposição DESCONTAMINAÇÃO DE SUPERFÍCIE 1. Indução de vômito com ipeca 2. Lavagem gástrica 3. Uso de adsorventes – carvão ativado 4. Alcalinização da urina e diurese forçada 5. Irrigação intestinal Interromper ou diminuir a exposição EXPOSIÇÃO GASTRINTESTINAL: • Administração de ipeca – irritação gástrica e estimulação central • Efeitos adversos: vômitos persistentes, pneumonia aspirativa, broncoespasmo, sangramento esofágico e bradicardia CONTRA-INDICAÇÕES • crianças < 6 meses • depressão do SNC • presença de convulsões ou agitação psicomotora • ingestão de cáusticos ÊMESE Interromper ou diminuir a exposição LAVAGEM GÁSTRICA Indicações: – Ingestão de agentes potencialmente tóxicos – Há razão para acreditar que quantidade significativa do xenobiótico ingerido ainda permanece no estômago – O xenobiótico ingerido não é adsorvido pelo carvão ativado – Não existe antídoto específico – Ingestão de agentes que provocam sintomatologia grave e imediata Contra-indicações: – Agentes Cáusticos – Diminuição do reflexo de proteção de vias aéreas (coma e convulsões) Interromper ou diminuir a exposição Quando indico lavagem gástrica? Tempo de ingestão < 60 min Substância potencialmente tóxica ou desconhecida Ausência de contra indicação à lavagem gástrica Interromper ou diminuir a exposição NÃO fazer lavagem gástrica Inconsciente - Perda dos reflexos de proteção das vias aéreas sem intubação prévia Ingestão de substancias corrosivas como ácidos ou base Risco de hemorragia ou perfuração do TGI, incluindo cirurgias recentes ou doenças prévias Interromper ou diminuir a exposição USO DE ADSORVENTES Carvão Ativado Adsorve várias substâncias e previne sua absorção Mínimos efeitos colaterais Dose Única: 1g por kg Estabelecer dosagem (g)10carvão:1veneno Multiplas doses: 0,5g de carvão/kg Interromper ou diminuir a exposição Fenobarbital, teofilina Fármacos de liberação prolongada • Carvão Ativado Interromper ou diminuir a exposição Eficácia Tempo de realização do procedimento após a ingestão Diminui 73% a absorção de tóxicos < 5 minutos Diminui 51% a absorção de tóxicos 30 minutos Diminui 36% a absorção de tóxicos 60 minutos Geralmente ineficaz > 2 horas Não pode usar carvão ativado Risco de hemorragias ou perfurações do TGI Álcool, Metanol Etilenoglicol, Cianeto Fe, Li e F ↓ Nível de consciência Ingestão de substâncias corrosivas Obstrução gastrointestinal Interromper ou diminuir a exposição • Complicações do carvão ativado ▫ Vômitos ▫ Aspiração brônquica ▫ Impregnação da mucosa gastrintestinal ▫ Constipação intestinal ▫ Obstrução intestinal Interromper ou diminuir a exposição ALCALINIZAÇÃO DA URINA E DIURESE FORÇADA Hiper-hidratação SF 0,9% de 8/8h ou 6/6H Alcalinização – alvo : pH> 7,5 Bicarbonato de sódio 8,4% Interromper ou diminuir a exposição IRRIGAÇÃO INTESTINAL Administração de uma solução em uma sonda nasogástrica, com o fim de recuperar esta por via retal. Usado em intoxicação por substâncias pouco ou não adsorvidas pelo CA (metais pesados, medicamentos com revestimento) Interromper ou diminuir a exposição Métodos Dialíticos Aumentar a excreção do agente tóxico Indicação de diálise Intoxicação grave ou potencialmente grave (metanol ou etilenoglicol) Intoxicação grave + disfunção na metabolização Alta concentração dos tóxico com potencial fatal Alta retirada do tóxico com diálise Impedem a formação de metabólitos tóxicos N-Acetilcisteína - Paracetamol Etanol – metanol Ligam-se ao agente tóxico formando complexos menos tóxicos e de fácil excreção renal (quelação) Desferroxamina – ferro D-Penicilamina – cobre EDTA - chumbo; Antídotos n-acetil-p- benzoquinonaimina (NAPQI) NAC Exercem ação competitiva sobre o sítio alvo Naloxona Opióides Flumazenil Benzodiazepínicos Atropina Anticolinesterásicos; Antídotos Antídotos Atuam corrigindo distúrbios funcionais ou dano celular produzido pelo agente tóxico Pralidoxima - organofosforados; Biperideno (anticolinérgico) - distúrbios extrapiramidais induzidos por drogas como metoclopramida e fenotiazínicos (Clorpromazina); Atuam por mecanismos imunológicos ▫ Soros usados nos acidentes ofídicos, aracnídicos, escorpiônicos Antídotos Antídotos N-Acetilcisteina - Paracetamol Atropina - Anticolinesterásicos Azul de Metileno - Metemoglobinizantes Biperideno - Haloperidol Bicarbonato de Sódio Carvão ativado Deferoxamina - Ferro e Alumínio Dimercaprol - Arsênio EDTA - Chumbo Flumazenil - Benzodiazepínicos Naloxona - Opióides Nitrito de Amila ou de Sódio - Cianetos Penicilamina - Chumbo, cobre mercúrio Pralidoxima - Organofosforados Vitamina K - Anticoagulantes Soros Casos Clínicos Intoxicação por anticolinesterásicos Organofosforados Carbamatos Exames laboratoriais sugeridos • Dosagem de colinesterase sérica ou eritrocitária. • Gasometria arterial. • Dosagem de creatinoquinase • Avaliação da função renal. • Hemograma completo. • Raio-X de tórax. • ECG. Síndrome colinérgica Tratamento • Carvão ativado: - Adsorve efetivamente boa parte das drogas, permitindo que o complexo carvão-toxina seja eliminado pelas fezes (não adsorve bem álcalis, sais inorgânicos, lítio, potássio, sódio, ácidos minerais e álcool). Técnica: Dose: 1g/kg de peso diluído em água, administrar VO ou por sonda. Zerar a dieta durante administração. Pode ser repetido de 2-4h por até 72h para otimizar a eliminação do veneno. Tratamento • Bicarbonato de sódio - Objetivo: alcalinizar pH ligeiramente (ideal: 7,45). “Aprisionamento iônico” Tratamento • Atropina - Antagoniza os efeitos muscarínicos (compete com a acetilcolina pelos receptores). - Deve ser feita em todos os casos sintomáticos, até 72h após a ingestão. Tratamento • Pralidoxima - Cliva a ligação fósforo-enzima, podendo ser utilizados como droga “regeneradora da colinesterase” na intoxicação por organofosforados. - Não está indicada na intoxicação por carbamato.
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