Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Termodinâmica e Bioenergética The trouble with simple things is that one must understand them very well ANONYMOUS Energia interna de um sistema – energia dentro de um sistema na ausência de efeitos externos. Denotada pela letra U. Para nós, denotará somente os tipos de energia que podem ser modificados por um processo químico. Pode ser energia translacional, vibracional, rotacional, de ligação covalente ou não covalente. U é função de estado, ou seja, só depende de seu estado atual e não da história do sistema. A energia interna de um sistema não pode ser medida diretamente. Assim, o que se mede não é U, mas a variação em U. Como é uma função de estado, a variação de energia interna entre o momento 1 e 2 independente de como ocorreu o processo! A energia interna do sistema pode seguir os 3 caminhos propostos. A energia interna do sistema só depende do estado inicial e do final. Energia interna do sistema Não há como saber a energia interna absoluta de um sistema. Somente a variação de U. Queima de 2g de gordura, por exemplo. A energia interna de um sistema (U) vai aumentar se for transferido calor (q) ou se for efetuado trabalho nele (w). Ambas medidas são fenômenos de borda. U = q + w Convenções Calor transferido para o sistema q>0 Calor transferido para o ambiente q<0 O sistema expande contra uma pressão externa w<0 O sistema é comprimido pela ação de uma pressão externa w>0 A 1ª Lei da Termodinâmica A primeira lei da termodinâmica relaciona calor, trabalho e energia interna do sistema e nos diz que a energia não é criada ou destruída, muda somente de forma. A energia total em um sistema isolado é constante. Esta lei é empírica e não pode ser derivada de proposições mais básicas. Trabalho (denotado por w) e calor (denotado por q) são as duas formas com que a energia interna de um sistema pode variar. São escritas em letras minúsculas porque não são funções de estado, ao contrário da energia interna do sistema (U). Em sistemas isolados, como o universo, U = 0 (ambos dados em Joule ou caloria) Primeira Lei: A energia (U) é conservada; ela não pode ser criada nem destruída. Entalpia é o calor absorvido/doado por um sistema a pressão constante (subscrito p). Reescrevendo a primeira lei: qp = U – w Quando a pressão é constante e o sistema expande (varia volume) do estado 1 para o estado 2: qp = U2 – U1 + P(V2 – V1), que rearranjado, qp = (U2+ PV2) – (U1 + PV1) = U + PV H = U + PV Entalpia! Função de estado! Sendo assim, se a pressão de um sistema for constante, a quantidade de calor trocado é independente de como o produto é formado. Em outras palavras, dadas essas restrições, a entalpia é a quantidade de energia disponível para troca entre o sistema e o ambiente. H = qp Entalpia , como w = PdV + VdPX Pressão constante Todo o calor trocado em um sistema a pressão constante corresponde a entalpia da reação P = Pressão V = volume KH Com K, calcula-se G e com G e H calcula-se S. A calorimetria de titulação isotermal mede a entalpia de reações Estequiometria da reação A calorimetria de titulação isotermal mede a entalpia de reações Tampão em tampão 3 uM de BTCI na célula, 20uM de Quimotripsina na seringa XK n H Quimotripsina Capacidade térmica (Cp) é o calor absorvido ou liberado por variação de unidade de temperatura de um material a pressão constante. Essa medida pode ser utilizada para o cálculo da entalpia do sistema (H). Capacidade térmica de água pura difere de um ovo fervendo, por exemplo. Expressão que correlaciona capacidade térmica e entalpia: H = Cp T, Ou seja: Cp = H T Capacidade Térmica Calorimetria diferencial de varredura mensura a Capacidade Térmica de amostras. ,T = temperatura Desnaturação protéica Qual a variação de energia interna dos sistemas abaixo? (U = 0). Ambas reações abaixo ocorrem espontaneamente, entretanto a primeira lei não nos diz nada sobre a direção que os sistemas variam. Nestes sistemas, trabalho (w) e calor (q) variam. E irreversivelmente. A primeira lei da termodinâmica correlaciona calor, trabalho e energia interna e nos diz que a energia não é destruída ou criada, somente muda de forma. Para que direção um sistema procede? Existe um limite para quanto trabalho pode ser extraído de uma reação? A segunda lei da termodinâmica Entropia é um índice da tendência de um sistema de sofrer mudanças espontâneas; É uma medida do estado de diferenciação ou distribuição de energia em um sistema. É considerada uma das leis mais gerais do universo. Se a entropia é uma medida de ordem do sistema e o calor está relacionado com a energia cinética das moléculas, devemos esperar uma relação entre estas quantidades. Voltando no slide onde existe uma interface entre um objeto quente e outro frio: Squente <0, Sfrio >0, |Squente| < |Sfrio| e Stotal = Squente + Sfrio >0 À pressão constante: S qp T S q T Ou seja, S H T Ou ainda: Descrição macroscópica da Entropia H - TS 0 Origem do critério de Gibbs! Onde S = variação de entropia, q = calor, T = temperatura Descrição estatística de entropia A entropia se apresenta de várias formas e pode ser utilizada de diversas maneiras com base na termodinâmica estatística Movimento em direção ao estado mais provável, o estado de menor energia. k = Constante de Boltzmann (k = 1.38 10-23 J/K W = Modos energéticos equivalentes Uma quantidade substancial de trabalho deveria ser executada para retornar o sistema ao estado inicial. O macroestado em que as partículas estão dispersas em ambos os bulbos é mais desordenado (possui mais modos energéticos equivalentes - W) que o estado em que todas as partículas estavam confinadas ao bulbo esquerdo. Se cada quadrado corresponde a um microestado, o sistema tenderá ao macroestado que maximiza o número de microestados com mesmo nível energético. Segunda Lei: A Entropia tende a aumentar A energia livre de Gibbs (G) Base para a explicação da espontaneidade da reatividade química, do equilíbrio químico e da partição de fase de compostos químicos. Requer a imposição de restrições ao sistema: Temperatura e pressão constantes. Organismos atendem tais requisitos. Experimentos bioquímicos em bancada também. Sendo a energia interna do sistema (U), e a entalpia (H), também dadas em unidades de energia (J ou cal), qual a diferença entre e energia livre de Gibbs? A última é a energia disponível na forma que pode ser utilizada para a realização de trabalho! É como a energia potencial de um sistema. G = H - TS G = H - TS - STX Como T = cte, anula-se. Nos fala sobre a força motriz de uma reação espontânea, porém não diz nada sobre a taxa. A Terceira Lei da Termodinâmica A Terceira Lei da Termodinâmica Endergônica Exergônica Condições padrão em bioquímica A variação de energia livre de uma reação química depende da concentração dos reagentes e dos produtos. Portanto, As constantes de Equilíbrio estão relacionadas a ΔG! GA = energia livre parcial molar GA° = energia livre parcial molar nas condições padrão [A] = concentração molar de A ]ln[ ARTGG AA Efeito da temperatura no Keq Dado que: G = -RTlnKeq e também que G = H - T S -RTlnKeq = H - T S , que rearranjado: ln keq = - H . 1 + S R T R Gráfico de van´t Hoff. Obtém-se a termodinâmica de uma reação medindo seu equilíbrio em diversas temperaturas. Se T Keq, H > 0 Se T Keq, H < 0 Com a relação previamente mencionada podemos derivar a energética de uma interação sem a ajuda da calorimetria Dado exemplo – BTCI e Tripsina Temp (K) 288 293 298 303 308 KD10 -10 M 9.65 ± 0.91 6.01 ± 2.31 4.22 ± 0.66 4.00± 0.68 3.64 ± 1.78 Keq 1,04E+09 1,66E+09 2,37E+09 2,50E+09 2,75E+09 T Keq Favoreço a formação do complexo quando aumento a temperatura. Logo trata-se de uma reação endotérmica. y = -4212,3x + 35,533 R² = 0,8781 20 20,5 21 21,5 22 22,5 23 0,0032 0,00325 0,0033 0,00335 0,0034 0,00345 0,0035 ln K eq 1/T H = 8.4 kcal.mol-1 S = 70 cal.mol-1.K-1 G = -12.8 kcal.mol-1 Dado exemplo – BTCI e Tripsina • Para a equação geral no equilíbrio: BADC bGaGdGcGG :é livre energia da A variação ba dc BA DC RTGG ][][ ][][ ln ]ln[ ARTGG AA Logo, dDcCbBaA eqKRTG G ln :Portanto .0 ,equilíbrio no reação uma Para Condições padrão em bioquímica Posição do equilíbrio pela ação das massas Energia livre depende da concentração de reagentes e produtos G´ = direção e quanto o sistema variará para chegar ao equilíbrio quando a concentração de cada componente é 1M, pH 7.0, temperatura 25°C e pressão de 1atm. O critério para espontaneidade é que G < 0, o que pode ocorrer mesmo em reações onde G´ >0 A B B C Dadas estas duas reações: O valor de G´ de duas reações sequenciais é aditivo. Assim: Reações endergônicas são realizadas dessa forma e daí vem a energia para o aumento de complexidade dos seres vivos O primeiro passo metabólico da mobilização de glicose (o combustível padrão) é sua fosforilação Variações de energia livre são aditivas Ou analizando os equilíbrios das reações: O equilíbrio de duas reações sequenciais é o produto dos equilíbrios individuais. G´° da reação é o somatório das reações individuais. Utilizando este Keq na fórmula que relaciona energia livre de Gibbs e equilíbrio, temos os mesmos -16.7 kJ/mol. Variações de energia livre são aditivas Adenosina Ligação fosfodiéster Adenosina 5’-monofosfato (AMP) Adenosina 5’-difosfato (ADP) Adenosina 5’-trifosfato (ATP) Ligações fosfoanidrido Ligação N- glicosídica O ATP é uma molécula especial O ATP é uma molécula especial ATP é a principal força motriz de reações endergônicas mediante transferência e ativação de outros grupamentos. 1. Hidrólise do ATP na ligação fosfoanidrido é favorecida pelo alívio da repulsão eletrostática entre os oxigênios. 2. O HPO4 2- é estabilizado por ressonância. 3. Pronta ionização de ADP2- para ADP3- com estabilização por ressonância. Hidrólise extensa de ATP reduz o pH. G# ATP não sofre hidrólise pela alta energia de ativação. G nas células é na faixa de -50 a - 60 KJ.mol-1 ATP atua mediante reações de transferência Reação da glutamina sintetase mediante ATP. A hidrólise do ATP liberaria somente calor. O grupo fosforil é adicionado covalentemente à molécula para posterior hidrólise mediante a ação do nucleófilo. O ATP não é o fosfato biológico cuja hidrólise libera mais energia H2O CoASH H+ Ionização Hidrólise de Tioésteres Metabolismo => processo pelo qual os sistemas vivos adquirem e usam energia Metabolismo O fluxo de moléculas e energia ocorrem em vias metabólicas Metabolismo Termodinâmica e vida De acordo com a natureza, existem três tipos de sistemas: isolado, fechado e aberto, sendo que a maioria dos tratamentos termodinâmicos lida com sistemas fechados. Movimento, crescimento, síntese de biomoléculas e transporte de íons e solutos através das membranas demandam consumo de energia. Todos os organismos vivos são capazes de capturar, produzir e utilizar eficientemente a energia para conduzir os processos da vida. Termodinâmica é a coleção de leis e princípios que descrevem os fluxos de energia e matéria em sistemas de interesse. Assim qualquer consideração termodinâmica requer distinção entre o sistema (porção do universo) e o meio (inclui as demais componentes do universo). Os seres vivos são sistemas termodinâmicos exclusivos Henri Bénard aqueceu óleo de baleia em uma placa de petri a 100°C em um aparato de bronze. Acima, a placa estava aberta em contato com o ar a 20°C. Gradiente de 80°C em 1mm de óleo produz estruturas frequentemente hexagonais. Células de Bénard mostram um padrão de ordem surgindo de um movimento desordenado. Violação da 2ª Lei da Termodinâmica? Termodinâmica e vida Termodinâmica e vida Aquecimento por baixo da placa com porção superior atuando como um sumidouro. Situação A: Equilíbrio isotermal rompido com a aplicação de um gradiente de calor Q. Toda a transferência de calor, uma vez aplicado o gradiente, ocorre por condução molécula a molécula (B). Quando o gradiente atinge um valor crítico, ou seja, o sistema é deslocado mais longe do equilíbrio, ondas de convecção surgem a partir de uma transição de estado (bifurcação do sistema) em que há maior dissipação de calor (maior produção de entropia, que é exportada). Trabalho não-propagador Trabalho propagador Termodinâmica e vida Organismos são caminhos informados de dissipação termodinâmica. Energia é utilizada para construir pequenos dispositivos (biomoléculas) que canalizam o fluxo de energia e permitem sua síntese, sempre com o aumento de entropia do sistema. Organismos são tanto matéria quanto processo. Termodinâmica e vida
Compartilhar