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trabalho de penal

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COMPARATIVO: ENTRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
DECADÊNCIA
Na ação penal privada, decadência é a perda do direito de ação do ofendido em face do decurso do prazo sem o oferecimento da queixa. Essa perda atinge também o jus puniendi, gerando a extinção da punibilidade do autor da infração penal.
PRESCRIÇÃO 
a) Prescrição da pretensão punitiva. Com a prática de uma infração penal por pessoa culpável surge para o Estado o direito de punir. Para fazer valer esse direito, o Estado, através de órgãos próprios, deve iniciar uma ação penal perante o Poder Judiciário, para que este declare a sua procedência e imponha uma sanção ao réu. Acontece que essa pretensão punitiva deve ser exercida dentro de certos prazos fixados na lei e, se não o for, haverá a prescrição. Assim, a prescrição da pretensão punitiva, que alguns chamam de prescrição da ação, é a perda do direito de punir do Estado, em face do não exercício desse direito
dentro do prazo legal.
Uma das características da prescrição é que a ação tenha nascido, isto é, que seja exercitável.
 A decadência, por seu lado, extingue o direito antes que ele se torne efetivo pelo exercício, impedindo o nascimento da ação.
A decadência tem por efeito extinguir o direito, enquanto a prescrição extingue a ação.
A decadência não é suspensa nem interrompida e só é impedida pelo exercício do direito a ela sujeito. A prescrição pode ser suspensa ou interrompida pelas causas expressamente colocadas na lei.
O prazo de decadência pode ser estabelecido pela lei ou pela vontade unilateral ou bilateral, uma vez que se tem em vista o exercício do direito pelo seu titular. O prazo de prescrição é fixado por lei para o exercício da ação que o protege.
A decadência pressupõe ação cuja origem é idêntica à do direito, sendo por isso simultâneo o nascimento de ambos. A prescrição pressupõe ação cuja origem é distinta da do direito, tendo, assim, nascimento posteriormente ao direito.
A decadência deve ser reconhecida de ofício pelo juiz e independe da arguição do interessado. A prescrição das ações patrimoniais não podia ser decretada ex ofício, e dependia sempre da alegação do interessado. “O juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo se favorecer a absolutamente incapaz”. (Art. 194 do CC). Tratava-se de norma eficaz erigida na proteção justa do absolutamente incapaz. No entanto, de forma surpreendente, quebrando a tradição de nosso Direito, a Lei nº 11.280/2006, de índole processual, em busca de maior celeridade, revogou a esse Art. 194. A prescrição será sempre pronunciada de oficio, conforme também a nova redação do Art. 219, § 5º do CPC dada por essa lei.
A prescrição admite renúncia (Art. 191) por parte dos interessados, depois de consumada. A decadência, em qualquer hipótese, não pode ser renunciada.
A decadência opera contra todos, já a prescrição não opera para determinadas pessoas elencadas pela lei. (Art. 197).
Também se diz que a prescrição resulta exclusivamente da lei, enquanto a decadência pode resultar da lei, do testamento e do contrato (convencional).
SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL
Não se confundem impedimento, suspensão e interrupção da prescrição.
O Código Civil agrupou as causas que suspendem e impedem a prescrição em uma mesma seção, entendendo que estão subordinadas a uma unidade fundamental. As mesmas causas ora impedem, ora suspendem a prescrição dependendo do momento em que surgem.
A suspensão da prescrição faz cessar, temporariamente, seu curso. Uma vez superada a causa de suspensão, a prescrição retoma seu curso normal, computado o tempo anteriormente decorrido, se este existiu.
Na interrupção da prescrição a situação é diversa: verificada alguma das causas interruptivas (Art. 202 do CC), perde-se por completo o tempo decorrido. O lapso prescricional irá se iniciar novamente. O tempo decorrido fica totalmente inutilizado. Portanto, a interrupção da prescrição quando ocorre fato hábil para destruir o efeito do tempo já transcorrido, anulando-se, assim, a prescrição já iniciada.
A diferença essencial é que na suspensão o termo anteriormente decorrido é computado, enquanto na interrupção o termo precedente é perdido. Se a interrupção decorreu de processo judicial, somente recomeça o prazo a ser contado do último ato nele praticado (Art. 202).
A justificativa para a suspensão da prescrição está na consideração legal de que certas pessoas, por sua condição ou pela situação em que se encontram, estão impedidas de agir. Assim o Art. 197 do CC declara:
“Não corre a prescrição:
I – entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II – entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III – entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela”.
O motivo, nos três casos, é a confiança, a amizade, os laços de afeição que existem entre as partes.
A interrupção depende em regra, de um comportamento ativo do credor, diferentemente da suspensão, que decorre de certos fatos previstos na lei, como foi mencionado. O efeito da interrupção da prescrição é, portanto instantâneo: “A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para interromper”. (Art. 202, § único). Sempre que possível a opção, ela se verificará pela maneira mais favorável ao devedor.
Para interromper a prescrição, a citação deve preencher os requisitos de existência e validade, segundo a lei processual. É preciso, pois, que exista, ainda que ordenada por juiz incompetente, e tenha se completado.

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