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Pedologia Cap. 3 e 4

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3 
 FATORES DE FORMAÇÃO DE 
SOLOS 
 
 
 CLIMA ORGANISMOS A 
 B 
 
 C 
 R 
 TEMPO 
 (INFLUENCIADO PELO RELEVO) SOLO 
 
O solo é um corpo natural, formado sob a ação de fatores e processos que 
interferem em sua diferenciação e caracterização, e com propriedades diferentes dos 
corpos que atuaram em sua evolução (Tabela 3.1.). Os fatores são agentes externos, 
enquanto os processos são fenômenos internos, responsáveis pela formação dos 
solos. 
TABELA 3.1. A formação e morfologia do solo resulta da interação de fatores e 
processos de formação. 
Fatores de formação 
(externos) 
Processos de formação 
(internos) 
- material de origem 
- organismos 
- clima 
- relevo 
- tempo 
- adições 
- perdas 
- translocações 
- transformações 
 
Os fatores de formação do solo podem ser definidos como agentes, forças, 
condições ou combinações entre eles, que atuaram ou podem atuar sobre o material 
de origem com a potencialidade de determinar sua mudança. 
Os fatores de formação segundo JENNY (1941), atuam de acordo com a 
PROCESSOS 
 
ROCHA 
Fatores de Formação de Solos 2 
equação: 
 S = f (mo, cl, o, top, t ...) 
onde: 
 
 S = solo 
 f = função de 
 mo = material de origem 
 cl = clima 
 o = organismos (plantas, animais) 
 top = topografia 
 t = tempo 
 . . . = fatores desconhecidos. 
 
Do estudo dos fatores de formação se estabelece diferença entre fatores ativos 
(clima e organismo) e fatores passivos (material de origem, relevo e tempo), sendo 
o principal destes últimos o relacionado com a rocha à partir da qual se constitui o 
solo. 
Mediante a ação dos fatores de formação, a rocha se altera e origina um meio 
(corpo natural) que será mais diferenciado dela à medida que os fatores atuarem com 
maior intensidade. Um solo jovem porém, terá maior relação com a rocha que o 
originou, se comparado com um solo maturo, o qual alcança seu estado de equilíbrio 
com a vegetação e o clima. 
Na equação 1, S é uma variável dependente e os fatores são considerados 
variáveis independentes. O estudo de um determinado fator é feito considerando-se 
os demais como constante, assim: 
 
 S = f (mo) cl , o, top, t. (1) 
 
Onde S é função apenas de mo (variável independente). 
 
A colocação dos fatores de estudo em forma de uma equação traz uma série de 
inconvenientes, entre os quais a quantificação e a dependência de certos fatores. 
Assim, se considerarmos o fator biótico e o material de origem, estes não podem ser 
quantificados. Na maioria das vezes, eles podem ser descritos em termos 
qualitativos. Por outro lado, os organismos são dependentes do clima e das 
características do solo, não podendo ser considerados como variável independente. 
Dessa maneira, os fatores de formação serão tratados como fatores em si, e 
não, fazendo parte de uma equação. Também não é possível colocar tais fatores em 
ordem de importância, pois são interdependentes e sua importância relativa nem 
sempre é a mesma. 
Fatores de Formação de Solos 3 
3.1. MATERIAL DE ORIGEM 
Há uma influência acentuada do material de origem em muitas propriedades do 
solo, nos mais variados graus. Nos estágios iniciais de intemperização é que esta 
influência é destacada, decrescendo à medida que o regolito cresce. 
Os principais aspectos relacionados ao material de origem no estudo da gênese 
do solo, são: 
a) Tipos de materiais de origem: 
- materiais orgânicos 
- materiais inorgânicos (minerais) 
- rochas ígneas, sedimentares e metamórficas 
- rochas variáveis em composição mineralógica e química. 
b) Mecanismos de alteração: mecanismos físico-químicos e de alteração 
biológica. 
c) Produtos resultantes da alteração: argilas e minerais resistentes à alteração. 
d) O material de origem está intimamente relacionado, através de seus 
constituintes, com o aparecimento de elementos menores e com a humificação dos 
materiais orgânicos presentes no solo. 
Deve ser observado que, por definição, o material de origem é o material que 
deu formação ao solo. Alguns autores afirmam que o horizonte C (termo puramente 
descritivo) é o material de origem. Se o material de origem é material à partir do qual 
o solo se formou, existindo solo não existe mais material de origem. O horizonte C 
pode representar, portanto, o remanescente do material de origem. Mesmo a 
afirmação de que os horizontes A e B se formaram através do material idêntico ao C 
é perigosa, pois, em muitos casos, a rocha que deu origem ao solo pode não ser 
homogênia. 
Características importantes das rochas na formação dos solos 
A influência dos materiais inorgânicos (minerais) na formação do solo está 
intimamente relacionada com as características das rochas que tenham efeito na 
formação do solo, sendo que as principais são: 
- Composição mineralógica da rocha ou do material de origem 
O conhecimento da composição química e mineralógica das rochas fornece 
subsídios para avaliar as prováveis características físicas e químicas dela 
decorrentes, sendo que é imprescindível que se considere o clima da região. Na 
tabela 3.2 pode-se observar a composição química de algumas rochas. 
As propriedades físicas e químicas afetam a formação do solo através de: 
 
 
a) Teor de elementos nutritivos existentes no solo 
Fatores de Formação de Solos 4 
De um modo o solo será tanto mais rico em elementos nutritivos quanto menos 
ácida é a rocha formadora do material de origem. Esta acidez e alcalinidade referem-
se, aos teores de sílica existentes na rocha, que são: 
Rochas ácidas - quando os teores em SiO2 forem superiores a 65%. Nesse 
caso a quantidade de SiO2 é tal, que forma os silicatos e ainda há sobra, sendo que 
esta sobra é cristalizada sob a forma de quartzo. 
As rochas ácidas apresentam cores claras, por isso são também denominadas 
de leucocráticas. 
Rochas neutras - quando o teor de SiO2 é de 65 a 52% (pouco ou nenhum 
quartzo presente). 
As rochas neutras apresentam cores intermediárias (acinzentadas), sendo 
denominadas de mesocráticas. 
Rochas básicas - quando o teor em SiO2 ocorre na proporção de 52 a 45%. 
As rochas básicas apresentam cores escuras, sendo também denominadas de 
melanocráticas. 
Nesse caso há ausência de quartzo. Deve ser frisado que os termos ácido, 
básico ou neutro, absolutamente nada tem a ver com os respectivos caracteres 
químicos, ou seja com a concentração hidrogeniônica. São termos químicos 
incorretos, mas de uso clássico em Petrologia. 
TABELA 3.2. Composição química de algumas rochas. 
 Granito Basalto Arenito Calcário Folhelho Folhelho 
SiO2 
TiO2 
Al2O3 
Fe2O3 
FeO 
(Fe)) 
MnO 
MgO 
CaO 
Na2O 
K2O 
P2O5 
CO2 
 
70,77 
0,39 
14,59 
1,58 
1,79 
(2,50) 
0,12 
0,89 
2,01 
3,52 
4,15 
0,19 
----- 
51,55 
1,4014,95 
2,55 
9,10 
(8,86) 
0,20 
6,63 
10,00 
2,35 
0,89 
0,30 
------ 
79,63 
0,25 
4,85 
1,09 
0,31 
(0,99) 
Tr 
1,18 
5,59 
0,46 
1,33 
0,08 
----- 
5,24 
0,06 
0,82 
0,55 
- 
(0,43) 
Tr 
7,96 
42,97 
0,05 
0,33 
0,04 
------ 
61,16 
0,68 
16,21 
4,23 
2,58 
(4,96) 
Tr 
2,57 
3,27 
1,37 
3,41 
0,18 
2,77 
65,08 
0,72 
17,25 
4,50 
2,74 
(5,28) 
Tr 
2,24 
0,52 
1,46 
3,63 
0,19 
----- 
 
 
 
Desta maneira, quanto maior a porcentagem de elementos alcalinos, tanto mais 
escura é a rocha. As rochas ígneas ácidas são ricas em cátions monovalentes (K+, 
Na+); as rochas ígneas básicas, são escuras, pobres em quartzo e ricas em cátions 
Fatores de Formação de Solos 5 
divalentes (Ca++, Mg++), originando solos mais férteis. 
b) Natureza da reserva mineral do solo 
A rocha, além da contribuição para o solo com os elementos químicos 
importantes para as plantas, constitui também, através de seus fragmentos minerais 
ainda não totalmente decompostos, uma importante reserva, uma riqueza potencial 
do solo em elementos nutritivos. Tal reserva mineral pode ser detectada utilizando-se 
das análises mineralógicas. Um exemplo comum é o de um solo originado da rocha 
arenito quartzoso, que não apresenta nenhuma reserva mineral, enquanto que os 
solos originados à partir de rochas básicas, tem grandes reservas minerais 
importantes para a vegetação. 
c) Textura do solo 
A natureza mineralógica e química da rocha, tem grande influência na textura do 
solo. Esta correlação depende da estabilidade relativa dos minerais das rochas e das 
proporções entre os minerais estáveis e os que se intemperizam facilmente. Dessa 
maneira, observa-se que rochas ácidas em geral, dão a formação de solos menos 
argilosos que as rochas básicas. Também as rochas pelíticas (sedimentares e ou 
metamórficas de textura fina, como os argilitos, folhelhos, ardósias e similares) dão 
solos argilosos. Já os solos formados de rochas psamíticas (sedimentares e ou 
metamórficas de textura grosseira, como os arenitos) tem textura arenosa. 
A textura influencia a taxa e profundidade de lixiviação, e isto está relacionado 
com muitas propriedades do solo. A profundidade de lixiviação é governada pela 
textura (Figura 3.1.), sendo maior no solo de textura grosseira e menor no de textura 
fina. Pode-se observar também que os constituintes liberados pelo intemperismo nos 
solos arenosos podem ser lixiviados do solo antes que eles tenham a oportunidade 
para reagirem e formarem argila. Devido à textura, a quantidade de Ca++ liberada pelo 
intemperismo é maior no solo de textura fina. Este, em associação com a menor 
lixiviação, pode formar um horizonte rico em carbonato de cálcio (Ak,Bk,Ck). A grande 
lixiviação nos solos de textura grosseira e cascalhenta, especialmente durante os 
anos mais úmidos, pode manter o nível de Ca++ muito baixo, insuficiente para a 
formação do horizonte com carbonato de cálcio. 
 
 
 
 
 
 
Fatores de Formação de Solos 6 
 
FIGURA 3.1. Profundidade hipotética de lixiviação relacionada com a textura do 
material originário. 
- Estrutura das rochas 
A estrutura é definida como o aspecto do arranjamento dos minerais na rocha. 
Esta característica é que determina a maior ou menor mobilidade de água nas rochas 
sedimentares ou compactas alteradas. Na rocha com granulação grosseira, os poros 
são maiores que na de granulação fina, havendo uma tendência para a 
movimentação das partículas mais finas e dos sais solúveis. 
Uma vez havida a fragmentação da rocha, o desenvolvimento posterior será 
comandado pela porosidade e permeabilidade do material. Aqui deve-se considerar 
também a orientação das diáclases das rochas. Assim, quando a rocha basáltica tem 
um diaclasamento vertical, há facilidade na penetração da água, sendo que os solos 
formados são profundos, ao passo que, o diaclasamento horizontal, dá origem aos 
solos rasos. 
Fatores de Formação de Solos 7 
Outro exemplo interessante de influência da estrutura da rocha, citado por 
Resende et al (1997), é o que envolve o basalto e o tufito. Ambos são rochas ricas 
em minerais máficos, mas o tufito (originado da consolidação de cinzas vulcânicas) 
não é maciço como o basalto. O tufito intemperiza-se mais rapidamente. Para a 
mesma pedoforma, os solos de tufito são mais intemperizados que os de basalto 
(Figura 3.2.). 
 
FIGURA 3.2. Influência da estrutura da rocha de origem na idade relativa dos 
solos. 
 
 
- Resistência mecânica e química 
A resistência das rochas aos agentes de intemperismo, é um fator responsável 
pela natureza petrográfica e mineralógica do material do solo. A resistência mecânica 
das rochas implica numa maior ou menor resistência ao desgaste mecânico 
provocado pelo intemperismo físico. A resistência química é a resistência aos agentes 
químicos, principalmente a água. 
Observa-se que, se duas rochas igualmente ácidas apresentam composições 
químicas idênticas, mas composições mineralógicas diferentes teremos rochas de 
resistência mecânica diferente. Dessa maneira, se uma rocha é ácida pela 
dominância de quartzo e a outra pela elevada quantidade de feldspatos, a primeira 
oferecerá uma resistência bem maior ao desgaste mecânico. Assim, os solos 
formados serão diferentes no que diz respeito à natureza química e a profundidade. 
3.2. TEMPO 
Dentre os fatores de formação de solo, o tempo é o mais passivo, pois não 
adiciona material, nem gera energia. Contudo, o estado do sistema solo não é 
estático, varia com o tempo. 
 
 
 
Fatores de Formação de Solos 8 
Se uma rocha granítica no interior da crosta terrestre, está em equilíbrio com o 
meio que a rodeia, o mesmo não acontece quando exposta à superfície, onde o meio 
é inteiramente novo e a rocha é inteiramente instável. Ela sofrerá mudanças 
contínuas nas suas propriedades, em determinada direção, rumo a um novo 
equilíbrio, que será atingido quando o solo resultante se apresentar em estado 
maduro, desde que as condições climáticas se mantenham homogêneas. 
Este estado será atingido em período que varia com o tipo de rocha ou material 
de origem, bem como segundo as condições de intemperismo e pedogênese a que 
estiverem sujeitos. 
Aqui deve-se fazer a diferenciação entre a idade e maturidade de um solo. Um 
solo pode apresentar pequena idade absoluta e ser bem mais maduro que outro com 
idade absoluta bem maior. A idade absoluta é a medida em anos passados desde o 
seu início de formação até o momento, enquanto maturidade é o estágio de evolução 
alcançado pelo mesmo em igual período. 
A estimativa do grau de maturidade ou idade relativa dos solos é baseada na 
diferenciação dos horizontes. Na prática, é geralmente aceito que, quanto maior o 
número de horizontes e maior sua espessura, mais maduro é o solo. Entretanto, 
como ninguém testemunhou a formação de um solo maduro, essas idéias sobre 
gênese de solos como as reveladas pelo critério de perfil, são inferências. 
A comparação dos dados de solos deve ser feita tendo como base uma escala 
de tempo. A datação de depósitos e solos varia em precisão. Alguns depósitos são 
datados diretamente por métodos radiométricos (idade absoluta) enquanto que outros 
depósitos são conhecidos apenas por correlação com outros depósitos já conhecidos 
(idade relativa). A Tabela 3.3. apresenta a escala geológica do tempo, de acordo com 
Bascon. 
Jenny considera que a maturidade de um solo é alcançada quando é 
estabelecido um equilíbrio entre o tempo e a característica selecionada do solo, ou 
seja, uma característicaestá em equilíbrio com o meio quando suas propriedades não 
mudam mais com o tempo, assim temos: 
 
  s = 0 (2) 
  t 
 
em que: 
 
s = uma característica qualquer do solo 
 t = tempo 
 
TABELA 3.3. Divisão geológica do tempo em eras, períodos e épocas. 
Fatores de Formação de Solos 9 
Era Período Época Tempo aproximado 
em milhões de anos 
 
 
 
 
 
Cenozóica 
 
 
 
 
 
 
 
Mesozóica 
 
 
 
 
 
Paleozóica 
 
 
 
 
 
 
 Quaternário 
 
 
 
 
 Terciário 
 
 
 
 
 Cretáceo 
 Jurássico 
 Triássico 
 
 Permiano 
 Pensilvânianio 
 Mississipiano 
 Devoniano 
 Siluriano 
 Ordoviciano 
 
 
 
Cambriano 
 
 
 Recente 
 Pleistoceno 
 
 
 Plioceno 
 Mioceno 
 Oligoceno 
 Eoceno 
 Paleoceno 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Carbonífero 
 
 
 
 
 
 
 
 Superior 
 Inferior 
 
 
1-2 
 
 
 
12 
28 
40 
60 
60 
 
 
130 
155 
185 
 
 
210 
235 
320 
360 
440 
 
 
 
500-600 
 
Dessa maneira, aplicando a relação 2 para as funções características do solo, 
tem-se o equilíbrio no momento em que a curva se torna e permanece horizontal, 
mostrando que a relação de mudança é insignificativa. De acordo com a Figura 3.3., 
(JENNY, 1941), observa-se que solos diferentes (Solo I e II), em um período igual 
(1.000 anos) podem apresentar diferentes estágios de evolução, isto é, o solo I 
alcança um estágio de amadurecimento mais cedo que o solo II. 
 
 
 
Fatores de Formação de Solos 10 
 
FIGURA 3.3. Características do solo em função do tempo. 
 
Na literatura existente sobre solos, encontram-se os conceitos de solos jovens, 
maduros, velhos e senis. Ordens de solos como Entissolos e Inceptissolos (Litossolo, 
Regossolo), são considerados jovens, ao passo que as ordens Ultissolos e Oxissolos 
(Terra Roxa Estruturada, Latossolos), são considerados velhos e senis 
respectivamente. As Figuras 3.4. e 3.5. ilustram os estágios evolutivos de alguns 
solos mais comuns, originados de materiais de origem diferentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Litossolo Cambissolo Terra Roxa Estruturada Latossolo Roxo 
Fatores de Formação de Solos 11 
 A A A A 
 Bi 
 Bt Bw 
 R C 
 
 R C 
 
 
 R C 
 Rocha balsáltica 
 
 Jovem Maturo (velho) Senil 
 
FIGURA 3.4. Estágios evolutivos de alguns solos, sendo material de origem a 
rocha basáltica. 
 
 Podzólico Latossolo 
 Litossolo Cambissolo Vermelho Amarelo Vermelho Amarelo/Vermelho Escuro 
 A A A A 
 C Bi 
 
 R C Bt 
 Bw 
 R 
 C 
 
 R 
 C 
 Rocha granítica 
 
 Jovem Maturo (velho) Senil 
 
FIGURA 3.5. Estágios evolutivos de alguns solos, sendo material de origem a 
rocha granítica. 
 
 
Existem outras indicações na literatura, para estágios de desenvolvimento de 
Fatores de Formação de Solos 12 
solos, sendo uma das mais interessantes, a de MOHR e VAN BAREN, especialmente 
para solos da região tropical (Tabela 3.4.). 
TABELA 3.4. Estágios de desenvolvimento de solos da região tropical (MOHR e 
VAN BAREN). 
Estágio Desenvolvimento 
Inicial 
 
Juvenil 
 
 
Viril 
 
 
Senil 
 
 
Final 
- Material de origem não intemperizado 
 
- Intemperização parcial, com maior parte do material ainda por 
intemperizar. 
 
- Maior parte dos minerais que são facilmente decompostos, já está 
intemperizada, há um aumento na concentração de argila e já 
evidencia uma certa maturidade. 
 
- A decomposição chega ao estágio final, restando apenas os minerais 
mais resistentes ao intemperismo. 
 
- O solo atinge um completo desenvolvimento (Steady State), não sendo 
possível uma maior alteração. 
 
Existem algumas tendências nas relações entre idade do solo e suas 
características, à medida que se caminha dos estágios iniciais para os estágios finais 
de desenvolvimento, conforme mostra a Figura 3.6. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fatores de Formação de Solos 13 
 
FIGURA 3.6. Algumas tendências nas relações entre idade do solo e suas 
características (extraída de Resende et al, 1997). 
 
Uma pergunta muito comum, quando se estuda a evolução dos solos, é a 
seguinte: 
“Quanto tempo leva para formar 1 cm de solo?”. 
A Tabela 3.5. apresenta a relação entre algumas classes de solos e sua taxa de 
formação, tomando o fator tempo como referência. 
 
 
Fatores de Formação de Solos 14 
TABELA 3.5. Relação entre algumas classes de solos e sua taxa de formação 
tomando o fator tempo como referência. 
 
Horizonte ou perfil 
 
Idade, após formação (anos) 
 
Profundidade do 
solo (cm) 
Taxa de 
formação 
(anos por 
cm de solo) 
Solo Azonal (Entisol: 
Litossolo) 
 
Endurecimento da superfície 
do solo tropical para laterita. 
 
Horizonte A, do Podzólico 
Bruno Acinzentado 
(Hapludalf), formado de 
loess. 
 
Solum incluindo um B textural 
do Podzólico Bruno 
Acinzentado 
 
Solum do Podzólico Vermelho 
Amarelo (Ultisol) na Austrália. 
 
1m de solum de um solo 
tropical: latossolo (Oxisol ) na 
África. 
 
45 
 
 
35 
 
 
400 
 
 
 
1200 
 
 
 
29000 
 
 
75000 
35 
 
 
15 
 
 
33 
 
 
 
57 
 
 
 
300 
 
 
1001,3 
 
 
2,3 
 
 
12,0 
 
 
 
21,0 
 
 
 
97,0 
 
 
750,0 
 
 
Observação: os dois últimos solos apresentados (Podzólico Vermelho Amarelo 
da Austrália e latossolo da África) são os solos predominantes em regiões tropicais, 
inclusive no Brasil. Um raciocínio bem simples mostra a gravidade do problema da 
não conservação dos solos: em áreas declivosas e não protegidas, uma única chuva 
de maior intensidade, pode arrastar toda a camada de solo arado, normalmente de 
20cm de espessura. No Podzólico (97,0 anos/cm), foram necessários 97 x 20 = 
1.940, ou seja, aproximadamente 2.000 anos para a formação desta camada. Nestes 
solos, camadas de 5cm de espessura necessitam de tempo igual à idade do Brasil 
(500 anos) para se formar. Para os latossolos, então, como ficarão esses cálculos? 
Se, para formar cada cm de solo, foram necessários 750 anos... 
3.3. CLIMA 
O clima como fator de formação foi um dos primeiros a ser caracterizado ao 
começar a época científica da pedologia. 
 
O conceito de “zonalidade” dependeu em grande parte do clima, este associado 
Fatores de Formação de Solos 15 
à distribuição latitudinal de solos de Tundra, Podzolizados, solos Florestais, 
Chernozens e solos Pardos na Rússia, relacionados cada um com zonas de climas 
homogêneos. 
O clima é pois, o conjunto de fenômenos meteorológicos (temperatura, 
precipitação pluviométrica, ventos...) que caracterizam o estado da atmosfera em um 
dado local. 
Os elementos do clima cuja evidência sobre a pedogênese é mais direta são: 
temperatura, precipitação pluviométrica (umidade), ventos, déficit de saturação (água 
excedente ou gravitacional). 
Indiscutivelmente, o postulado mais disputado em Ciência do Solo é o da 
predominância do clima na formação do solo. Não há dúvida quanto a importância da 
temperatura, umidade , ventos, etc, na formação do solo, entretanto, segundo a 
maioria dos autores, o clima não é o único fator pedogenético. 
De acordo com as observações, pode-se dizer que: 
1) Em regiões frias ou secas há um predomínio da intemperização física, com a 
desintegração das rochas; neste caso, os solos formados tem predominância da 
fração silte e da subfração areia fina; 
2) Em regiões quentes ou úmidas, há um predomínio da intemperização 
química, com a decomposição e conseqüentemente com a alteração dos minerais, 
sendo que os solos formados apresentam predominância da fração argila. 
3.3.1.Temperatura 
A temperatura também exerce sua influência sobre a evolução do solo. Sua 
ação se inicia com a alteração das rochas, continua com a transformação da matéria 
orgânica e, por conseguinte, afeta a dinâmica de atuação do meio (quelatos, 
migrações argilosas, etc.) e, ademais, influi sobre as reações químicas, seja 
acelerando-as (caso mais comum) ou retardando-as (precipitação de carbonatos). 
Em trabalho realizado por RAMAN, para mostrar a diferença de energia 
pedogenética entre diferentes zonas climáticas, foi feita uma correlação entre a 
dissociação da molécula de água e a temperatura, chegando ao seguinte resultado: 
Temperatura ºC 0 10 18 34 50 
Grau de dissociação 
relativo da água 
 
1 
 
1,7 
 
2,4 
 
4,5 
 
8,0 
 
Dessa maneira, em temperaturas abaixo de 0º C, as reações químicas no solo 
praticamente param. RAMAN, levando em consideração o número de dias com 
temperatura superior a 0º C que ocorrem durante o ano, que portanto apresentam 
hidrólise, estabeleceu um fator de intemperismo, de acordo com a tabela 3.6. 
TABELA 3.6. Fator de intemperismo de RAMAN . 
Fatores de Formação de Solos 16 
Região 
Temperatura 
média do solo (ºC) 
Dissolução 
relativa da 
água 
Número de 
dias de 
intemperismo 
Fator de intemperismo __ 
Absoluto Relativo 
 
Ártica 
 
 
10 
 
1,7 
 
100 
 
 170 1 
 
Temperada 
 
 
18 
 
2,4 
 
200 
 
 480 2,8 
 
Tropical 
 
 
34 
 
4,5 
 
360 
 
 1620 9,5 
 
Dessa maneira, segundo RAMAN, nas regiões tropicais a intemperização tem 
uma intensidade três vezes superior às regiões temperadas e dez vezes superior às 
regiões árticas. 
3.3.2. Precipitação e Evapotranspiração 
Para a pedogênese, as águas que atingem o solo tem papel importante e 
distinto: 
1) A água entra como integrante da maioria dos constituintes do solo: argilas, 
sequióxidos de ferro e alumínio, matéria orgânica. 
2) A água é o agente de transporte mais importante, seja por deflúvio, seja por 
drenagem ou mesmo no transporte de sais para as plantas. 
 
Se a quantidade, intensidade e distribuição das chuvas tem grande importância 
para o processo erosivo do solo, para a pedogênese o fator de maior importância é a 
“água excedente ou gravitacional”. 
A percolação da água através do perfil (água gravitacional) acarreta a 
renovação da água que circunda os cristais que estão sofrendo hidrólise. Esta 
renovação faz com que o processo de hidrólise sempre se processe e o resultado 
será uma grande liberação de cátions e uma drástica intemperização. Se a 
percolação for interrompida, a hidrólise diminui de intensidade e a intemperização 
praticamente paralisa. 
PENK desenvolveu um trabalho em que apresenta uma relação entre a 
precipitação (P) e a evapotranspiração (E) para algumas regiões climáticas, incluindo 
o pH do solo: 
 
 
 
Região árida P  E pH alcalino 
Região árida-úmida P = E pH neutro 
Fatores de Formação de Solos 17 
Região úmida P  E pH ácido 
 
Assim, para o caso em que E  P, ocorre a formação de solos salinos, pela 
ascensão dos cátions e sua deposição na superfície, conseqüentemente elevando o 
pH. 
Para a situação onde a E  P, verifica-se uma intensa decomposição dos 
minerais, lixiviação dos cátions alcalinos e básicos e conseqüentemente acidificação 
do complexo. 
Levando-se em consideração a variação climática nas diversas regiões do globo 
terrestre, a mineralogia da fração argilosa do solo, de uma forma geral, apresenta as 
seguintes relações: 
 
 Zona temperada: predomínio de hidromicas e montmorilonitas. 
Zona tropical úmida: grupo caulinítico. 
Zona intertropical: abundância de hematita, goethita e gibbsita. 
Regiões desérticas: presença de argilas 2:1, sepiolita e paligorskita. 
3.3.3. Ventos 
Os ventos agem de forma direta, regulando a temperatura do ar, favorecendo os 
fenômenos de ascensão capilar e ressecamento das camadas superficiais do solo. 
Tem grande ação ecológica, agindo sobre as coberturas vegetais, na 
modificação do clima, transportando as massas de ar quente ou frio, pelos efeitos 
abrasivos e erosivos, pela contribuição nos processos, quer de adições (poeiras, 
areias...) quer de remanejamento mecânico. 
Em relação ao clima, dois aspectos de grande importância para o 
desenvolvimento das plantas são o regime de umidade e o regime de temperatura do 
solo. O Sistema Americano de Classificação de Solos usa estes atributos como 
características diferenciais na distinção de classes de solo: o regime de umidade já 
no 2º nível categórico (subordem) e o de temperatura no 5º (família), de maneira 
geral. 
No Brasil, como estas informações são escassas, o SNLCS ( hoje EMBRAPA-
CNPS) adotou o critério de fase de vegetação (original) que, de maneira geral, reflete 
as condições climáticas e dos solos da área, conforme mostra a Figura 3.7. 
 
 
 
 
Fatores de Formação de Solos 18 
 
FIGURA 3.7. Algumas tendências de relações entre vegetação e algumas 
propriedades do solo e do ambiente. 
SegundoResende (1982) e Resende et al (1997). 
3.4. RELEVO 
O relevo, diz respeito às formas do terreno que compõem uma paisagem. 
Observa-se que este muda permanentemente e está condicionado aos materiais 
geológicos, às condições climáticas e à vegetação. O estudo das causas dos 
resultados e da mudança em si, é uma ciência complexa denominada 
geomorfologia. 
O relevo como fator formador de solos, influi sobre: 
 Profundidade do solum 
 Erosão 
 Cor 
 pH 
e em geral sobre os processos formativos, especialmente: 
 - adições 
- perdas 
- transformações 
- translocações de materiais no perfil. 
A erosão, associada ao relevo de uma região, se opõe ao alcance do climax 
pedológico, porquanto rejuvenesce o solo constantemente mediante a perda dos 
materiais provenientes de sua alteração. A vertente afeta marcadamente a evolução e 
morfologia de solo por influir nas perdas de materiais ou sua translocação oblíqua 
dentro da massa do solo (Figura 3.8). 
O processo comentado se relaciona com as catenas de solos, ou seja com a 
sucessão regular de solos com características similares nas partes altas, nas zonas 
médias e nas partes baixas das vertentes. Em uma catena, as propriedades que 
apresentam os solos são conseqüência de sua posição no relevo. 
Fatores de Formação de Solos 19 
A ação deste fator influi também sobre a acumulação da matéria orgânica e os 
fenômenos associados com a presença do nível freático. Estas relações podem ser 
observadas na Figura 3.9. 
Esta figura mostra, nos solos podzois, a translocação descendente de ferro e 
húmus nas partes mais altas e estáveis da vertente, ao passo que, nas zonas baixas 
o processo se realiza em forma ascendente, à partir do ferro relacionado com o nível 
freático. Os horizontes do solo seguem uma marcada distribuição, a qual está afetada 
pela vertente e pelos materiais orgânicos acumulados nas zonas baixas, devido não 
somente ao efeito erosivo, mas também pela ação do nível freático. 
 
FIGURA 3.8. Modelo de translocação oblíqua de materiais no solo (Duchaufour, 
1960) e a mineralogia resultante de acordo com experiências de 
DAS (1960). 
Deve-se considerar ainda, conforme mostra a Figura 3.9., que a capa freática 
tem seu relevo próprio, fenômeno que influi no movimento oblíquo da água, a qual 
Fatores de Formação de Solos 20 
não se move com a mesma rapidez da água superficial, mas tem a velocidade 
suficiente para intervir na evolução do solo através da perda de solutos e materiais 
suspensos. 
A salinidade é outro efeito relacionado com a ação do relevo sobre a evolução 
do solo. Em áreas onde a evapotranspiração é maior que a precipitação, em zonas 
onde o nível freático se apresenta perto da superfície (zonas baixas em uma catena), 
ocorre a ascensão de sais solúveis, mediante ação capilar, que se depositam na 
superfície quando a água se evapora. 
Em meios tropicais e, em especial, sobre rochas ígneas básicas encontram-se 
solos relacionados entre si pela vertente (catenas), nos quais as partes superiores 
estão constituídas por latossolos, ao passo que nas zonas baixas encontram-se 
vertissolos. A presença destes solos é explicada pela influência do relevo sobre as 
translocações, adições, perdas e sua ação sobre o nível freático. 
 
 
FIGURA 3.9. Catena de solos: na parte superior da vertente apresentam-se 
solos podzois, ao passo que na parte inferior predominam os 
turfosos afetados pelo nível freático, (Duchaufour, 1960). 
 
O relevo influi sobre a mineralogia da fração argilosa através de sua relação 
com a drenagem e com os processos de formação. Áreas de drenagem imperfeita, 
freqüentemente apresentam argilas 2:1, ao passo que naquelas bem drenadas, que 
facilitam a eliminação de elementos solúveis, abundam as argilas 1:1. A figura 3.8. 
Fatores de Formação de Solos 21 
inclui um exemplo associado com este fator. 
Assim, verifica-se que o relevo determina e controla a drenagem de um solo, 
condicionando o escorrimento superficial da água que contribui para a erosão do 
mesmo. 
Tomando como exemplo uma situação topográfica, conforme Figura 3.10., 
temos: 
1) Crista 
2) Encosta 
3) Pedimento e 
4) Pedimento aluvial. 
Na crista o relevo favorece a infiltração da água, permitindo uma intensa e 
profunda alteração do material, originando solos profundos, com grande diferenciação 
de horizontes. A drenagem livre possibilita uma lixiviação constante, que remove 
todos os sais solúveis, ocasionando a acidificação do solo. A livre saída do excesso 
de água permite uma aeração eficiente e oxidação dos compostos de ferro que 
imprimem uma coloração vermelha aos solos. 
 
FIGURA 3.10. Exemplo de uma situação topográfica. 
Observa-se que na encosta o desenvolvimento do perfil do solo é pequeno; 
normalmente os solos são rasos e pedregosos devido à rápida erosão e reduzida 
infiltração de água. A lixiviação das bases é muito pequena, mantendo provavelmente 
os solos com um pH elevado e uma boa fertilidade. Nas áreas com menos declives 
(pedimento), os solos são mais profundos que os da encosta, devido a uma maior 
infiltração da água e acúmulo do material erodido das zonas mais declivosas. A 
drenagem é boa e apresentam uma fertilidade mais baixa que os da encosta. 
Na parte mais baixa (pedimento aluvial), acumula-se parte do material erodido 
das áreas superiores e as águas de infiltração e escorrimento, quando não há 
Fatores de Formação de Solos 22 
drenagem livre. Quando a drenagem é deficiente, esta confere cores acinzentadas 
(gleizadas) ao solo, devido à redução dos compostos de ferro. Quando a drenagem é 
livre, os solos apresentam cores bruno-avermelhadas e ótimas condições para a 
agricultura. 
3.4.1. Solo e paisagem 
A conformação da paisagem é resultado dos fenômenos que dão origem aos 
solos (pedogênese), da sua remoção (erosão), bem como do vulcanismo 
(orogênese). 
Os fatores de formação agem interativamente. O relevo é condição 
determinante no balanço entre as taxas de formação do solo (pedogênese) e 
remoção (erosão), propiciando um maior ou menor grau de maturidade ao mesmo 
(idade relativa). 
A influência do relevo como fator condicionante da relação entre as taxas de 
pedogênese e de erosão, para formar solos, é mostrada na Figura 3.11. 
A Tabela 3.7. apresenta a variação da idade relativa do solo em função da 
atividade bioclimática, conforme a posição que ocupa em cada segmento da 
paisagem. 
 
 
FIGURA 3.11. Ocorrência de solos de diferentes idades, de acordo com o relevo. 
As setas indicam o aumento da erosão e da pedogênese. (Extraída 
de Resende et al, 1997). 
 
 
 
TABELA 3.7. Influência da variação da atividade bioclimática na idade relativa 
do solo. 
Bioclima Segmentos da Paisagem 
Fatores de Formação de Solos 23 
 a b c d 
Bioclima de 
referência 
Litossolos Cambissolos Solos com B 
textural 
Latossolos 
Bioclima menos 
ativo 
Afloramento de 
rochas 
Litossolos Cambissolos Solos com B 
textural 
Bioclima mais ativo Cambissolos Solos com B 
textural 
Latossolo I Latossolo II 
 
A compreensão do modelo de distribuição dos solos na paisagem auxilia a 
capacidade de predição de ocorrência dos mesmos em uma determinada região. 
Na paisagem brasileira encontram-se algumas tendências de distribuição dos 
solos em relação ao relevo, conforme mostra a Figura 3.12. 
 
FIGURA 3.12. Solos e relevo: algumas tendências na paisagem brasileira, 
segundo Resende et al (1997). 
3.5. ORGANISMOS 
Os organismos tanto animais como vegetais, desempenham um importante 
papel como fator de formação de solo. 
Segundo Jenny (1941), a equação (1) descreve o solo como uma função dos 
organismos, mantendoconstante os demais fatores formadores do meio. 
 
 S = f (o), cl, top, t, mo 
A Figura 3.13. mostra a variação que ocorre quando se apresenta uma transição 
de pradaria e bosque, sobre um mesmo clima e material de origem. 
Na Figura 3.13. os diferentes ecossistemas atuam através de seus sistemas 
radiculares e dão origem a microclimas que determinam, por sua vez, produção de 
Fatores de Formação de Solos 24 
húmus o qual influi sobre a evolução do perfil (tipos de húmus, componentes 
húmicos, estabilidade estrutural, etc.), proteção contra a erosão e meio químico 
presente. 
A ação da matéria orgânica no ecossistema bosque origina o aparecimento de 
um horizonte O e de um E formado pela translocação do Fe, Al e húmus. No 
ecossistema da pradaria não se apresenta a acumulação orgânica com o horizonte O, 
nem o horizonte eluvial E. 
A vegetação condiciona também o ecossistema de bosque úmido tropical, uma 
vez que defende o solo contra a erosão ou a compactação irreversível ao romper-se o 
ciclo biológico (Figura 3.14.). 
 
FIGURA 3.13. Relação entre um ecossistema de pradaria e um de bosque, 
incluindo-se zona de transição (de acordo com Buol et al, 1988). 
Fatores de Formação de Solos 25 
 
FIGURA 3.14. Conceito de ciclo biológico e efeito que sobre o solo causa o 
corte de árvores, queima e implantação de cultivos, em relação 
com a formação de laterita. 
 
O bosque constitui um ecossistema estável, todos seus elementos evoluem de 
acordo com as condições presentes; mas quando o ecossistema se interrompe, 
geralmente pela ação do homem (corte de árvores, queima, cultivos esporádicos sem 
nenhuma técnica), o solo começa a perder a capa protetora, a vegetação encontra 
quantidades menores de elementos nutritivos no solo, e como conseqüência natural, 
começa a decrescer; na etapa final, ao apresentar-se o meio desprovido de 
vegetação, os raios solares exercem a sua ação desidratante sobre os coloides de Fe 
e Al, dando origem a uma capa endurecida, limitante e não utilizável 
economicamente. Este fenômeno é observado em certas condições específicas, e 
solos ricos em óxidos hidratados de Ferro e/ou Alumínio (altamente intemperizados), 
das regiões tropicais. 
Os organismos como fator de formação do solo, se referem não somente aos 
vegetais mas também aos animais. As principais ações relacionadas com os animais 
do solo são: 
a) translocação de materiais dentro do perfil, movimento e transformação 
pela ação das minhocas e outros macro organismos (formigas, termitas etc.); 
b) formação de canais, covas e cavidades por onde aumenta a passagem de 
água ou sua retenção, mudando o potencial de óxido-redução bem como a dinâmica 
de muitos elementos presentes no meio; 
c) construção de estruturas estáveis, que por sua vez influem nas 
propriedades físicas do meio; 
Fatores de Formação de Solos 26 
d) o rejuvenescimento do meio pela ação das formigas e termitas ao escavar 
grandes túneis, lugares onde mudam não somente a umidade mas também as 
demais condições do solo, se constituindo em um mecanismo modificador do solo. 
Finalmente o HOMEM, com sua tecnologia cada vez mais avançada, renova 
e aperfeiçoa a todo momento a ação modificadora dos fatores pedogenéticos. 
As propriedades fundamentais de um solo, adquiridas lentamente sob a 
influência dos fatores de formação, são quantitativamente alteradas em pouco tempo, 
resultando um novo solo com características diferentes. 
Os processos e alterações introduzidas pelo homem no perfil de solo, são 
conhecidos pelo termo METAPEDOGÊNESE e os fatores condicionados pelo 
homem são conhecidos como METAPEDOGENÉTICOS. 
No processo natural de formação do solo, os fatores pedogenéticos atuam 
lentamente durante um prolongado período de tempo, já os fatores 
metapedogenéticos atuam sobre as propriedades do solo com grande rapidez. 
De uma maneira geral, pode-se incluir os processos induzidos pelo homem e 
seus fatores condicionantes, dentro da estrutura clássica dos 5 fatores de formação 
do solo. 
Assim, fazendo a correlação temos: 
A irrigação pode ser considerada como um fator climático, pois muda o clima 
do solo para mais úmido; 
A calagem e a adubação são fatores relacionados com o material de origem; 
O nivelamento do solo e a drenagem são fatores topográficos; 
A queima e o cultivo são fatores biológicos e assim por diante; 
Em resumo, temos a ação modificadora dos fatores pedogenéticos pelo homem: 
Sobre o material de origem 
- Remoção das camadas quer no processo de cortes quer nos de aterro. 
Sobre o clima 
- Drenagem, irrigações, aquecimentos. 
Sobre o microclima 
- Derrubadas de matas, construções de barragens de grande porte. 
Sobre o relevo 
- Os nivelamentos de estradas e terrenos de cultura, crateras enormes deixadas 
por explosões nucleares em profundidade, corte das matas com aceleramento da 
erosão. 
Sobre os fatores biológicos 
- Introdução de plantas 
- Uso de herbicidas, inseticidas. 
 
Fatores de Formação de Solos 27 
Sobre o tempo 
- Aceleração de certos processos, por exemplo, lixiviação oriunda de irrigações 
maciças. 
Os solos das regiões de “polders”, nos países baixos (Holanda, Bélgica...), são 
solos desenvolvidos artificialmente, sem vegetação natural, mas tão somente sob 
condições artificiais de drenagem e manejo, sofrendo um processo de maturação sob 
influência do homem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fatores de Formação de Solos 28 
4 
PEDOGÊNESE 
Pedogênese é a parte da Ciência do Solo que se propõe a explicar os fatores 
e processos que intervém na gênese e evolução dos solos. Basicamente, a 
pedogênese trata dos processos que levam à formação do solum, separando-se 
portanto, das transformações que sofrem as rochas pelos agentes intempéricos. 
4.1. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO 
Os processos pedogenéticos são reações ou mecanismos de caráter 
químico, físico e biológico, que produzem no solum zonas características, cuja 
combinação é particular em cada caso e estão correlacionadas com os chamados 
fatores de formação do solo. São portanto processos que levam à constituição dos 
horizontes ou camadas particulares a cada situação ambiental. 
O desenvolvimento do perfil, cujas características e dimensões diferem nos 
solos de origem e idades diferentes, depende portanto da ação de 4 processos 
especiais que são: a adição, a remoção, a translocação e a transformação. 
Segundo SIMONSON nos Estados Unidos (1959) e posteriormente FRIPIAT e 
D’HOORE na Europa, todos os solos possuem os mesmos processos 
pedogenéticos, entretanto, em diferentes graus e combinações. 
Assim, segundo estes autores, nos latossolos por exemplo, ocorrem todos os 
processos citados, mas as transformações e a perda de materiais predominam 
sobre os demais processos. Isto não significa que nestes solos não ocorra 
iluviação de material coloidal (cerosidade). Por outro lado, no Podzólico Vermelho 
Amarelo, assim como na Terra Roxa Estruturada, ocorrem todos os processos 
citados, mas com predominância do processo de translocação de material. No 
esquema a seguir são apresentados os tipos de processos e suas características. 
4.1.1. Adição 
 adições de matéria orgânica; 
 adições de ácido carbônico e nítrico; 
Fatores de Formação de Solos 29 
 adições de poeiras e precipitações radioativas; 
 adições de produtos erosionados e levados pela água nos declives; 
 adições de materiais aluviais depositados em áreas planas pelos rios e mar; 
 adições de materiais eólicos; 
 adições de materiais depositados pelos processos glaciais; 
 adições de materiais resultantes de atividades vulcânicas. 
Outras adições: fertilizantes - através deles o homem adiciona altas quantidades de N, P, K, 
Ca, S, etc. 
 adições de N, etc., através da chuva ou por agente eólio; 
 adições de produtos pela erosão. 
4.1.2. Remoção 
 as remoções compreendem o arraste de sais solúveis e sílica que são 
levadas para a parte inferior do perfil por lixivização ou mesmo se perdem 
no lençol freático. 
 erosão da superfície do solo por agentes eólicos e hídricos. 
 
4.1.3. Translocação 
As translocações compreendem lenta movimentação de substâncias dentro 
do perfil, que consistem de sais, carbonatos, argila, sesquióxidos e matéria 
orgânica do horizonte A para o B. Movimentação de material dentro do perfil em 
outras direções. 
4.1.4. Transformação 
As transformações compreendem um dos aspectos pedogenéticos mais 
extensos, cujos principais são: 
 ruptura da rede cristalina dos minerais 
 gênese dos minerais argilosos 
 decomposição da matéria orgânica. 
4.2. CLASSES DE FORMAÇÃO DO SOLO 
Os processos pedogenéticos anteriormente descritos são responsáveis pelo 
desenvolvimento completo do perfil, o que quer dizer que juntamente com os 
fatores genéticos condicionaram a formação de diversas classes de solo, 
estudados aqui dentro do sistema tradicional proposto por BALDWIN, KELLOG E 
Fatores de Formação de Solos 30 
TRHORP, modificado e adotado pelos pedólogos brasileiros em um sistema 
próprio. Assim, sendo, podemos distinguir cinco principais classes de formação de 
solo - a podzolização, a latolização, a calcificação, o halomorfismo e 
hidromorfismo. 
Algumas expressões tem sido generalizadas, as quais indicam a dominância 
de certas classes, associadas com certa condição de clima e organismos, isto é, 
bioclimática, ou a uma condição local de topografia e excesso de água ou de sais 
(Tabela 4.1.). 
TABELA 4.1. Condições bioclimáticas e locais e classes de formação do 
solo. 
 Condição local 
Condições Bioclimáticas 
 
Excesso de 
Água 
Água e 
Sais 
Frio 
Seco 
Pradaria Floresta 
 
Podzolização 
Frio 
Úmido 
 
 
Hidromorfismo 
 
 
Halomorfismo 
 
 
 
Quente 
Seco 
 
Calcificação 
Podzolização 
e 
Latolização 
 
 
 
 
Quente 
Úmido 
 
Latolização 
 
 
  pp (mm) 
 
 
 
 t (o C) 
 
Uma análise da TABELA 4.1. evidencia que há um gradiente de temperatura 
(∆ t) no sentido vertical, e um gradiente de umidade (∆ pp) no sentido horizontal, 
gradientes estes que condicionam variações na vegetação predominante, 
proporcionado os bioclimas que monitoram as classes de formação de solo: 
calcificação, podzolização e latolização. 
4.2.1. Podzolização 
A transferência, translocação ou redistribuição é o processo de maior 
significado e importância na podzolização. Podem ser distinguidos 3 tipos 
Fatores de Formação de Solos 31 
principais de translocações: 
1) Translocação de sesquióxidos; 
2) Translocação de húmus, e 
3) Translocação de argila. 
 
Quando há translocação de matéria orgânica (humus) e óxidos de Fe e Al do 
horizonte A para o horizonte B, o que geralmente acontece quando o material de 
origem é pobre em argila (arenito, quartzito), tem-se um solo com horizonte B 
Podzol.. 
A área bioclimática deste solo, de acordo com a Tabela 4.1., está nas 
regiões frias, com vegetação de coníferas. No entanto, em algumas áreas de 
regiões mais quentes do globo, de acordo com as condições locais, estes solos 
podem estar presentes (região da Amazônia e algumas regiões da Costa 
Brasileira). 
Quando a transferência de material do horizonte A para o B é argila 
silicatada, formando cerosidade, tem-se um solo com B textural (ou argílico). 
4.2.2. Latolização 
Esta classe é caracterizada por transformações intensas e pela remoção 
(perdas) de sílica e bases (Ca, Mg, Na e K) do perfil. 
A translocação de material no perfil não é processo dominante na latolização 
(quando existe é de pouca importância). 
Na latolização temos os solos com B latossólico, que são caracterizados por: 
 serem profundos; 
 com pouca diferenciação de horizontes; 
 muito intemperizados; 
 argilas de baixíssima atividade; 
 pouca retenção de bases, e 
 sem minerais facilmente decomponíveis. 
4.2.3. Calcificação 
Denomina-se calcificação aos processos combinados que levam à 
concentração de carbonato de cálcio em determinada parte do perfil. 
É um tipo de formação de solo onde a precipitação é menor que a 
evapotranspiração durante a maior parte do ano. 
As remoções completas, raras vezes são possíveis, já que a precipitação não 
é suficiente para causar lixiviação. 
Fatores de Formação de Solos 32 
Há, por transformação dos minerais primários, aparecimento de argila 
pertencente ao grupo 2:1. 
A área bioclimática típica deste processo é das regiões onde a precipitação 
não é suficiente para remover do perfil todos os carbonatos. A vegetação é 
apenas de pradaria, havendo um grande acúmulo de matéria orgânica, formando 
um horizonte A espesso, rico em matéria orgânica e com alta saturação de bases, 
horizonte este chamado de A CHERNOZÊMICO. 
4.2.4. Hidromorfismo 
Os solos hidromórficos são caracterizados por um excesso de umidade no 
perfil. A drenagem é, em geral insuficiente, quer pelas características do perfil, que 
impossibilitam a infiltração normal da água, quer pela localização muito baixa da 
área em apreço. 
Alguns Grandes Grupos podem ser escalonados quanto à maior pobreza de 
drenagem. Por exemplo o Podzol Hidromórfico se desenvolve sob elevado lençol 
aquífero. Dispõe de um emaranhado de matéria orgânica não decomposta e se 
caracteriza por um horizonte Bs cimentado (“Orstein”). Passando a outros 
Grandes Grupos em que o lençol freático é cada vez mais elevado, são 
encontrados os solos gleizados (Glei pouco Húmico, Glei Húmico e Solos 
Orgânicos), sendo que no Solo Orgânico, o lençol freático atinge a superfície ou 
dela se aproxima durante quase o ano inteiro. Estes últimos solos incluem as 
turfas tão importantes na produção vegetal, mas com sérios problemas em relação 
à drenagem: podem se desidratar irreversivelmente. 
Uma característica comum a muitos solos minerais com drenagem 
insuficiente é a presença dos horizontes denominados “Glei”. Por causa dos 
períodos alternados de seca e de umidade estes horizontes se tornam 
mosqueados com colorações irregulares. Faixas ou manchas vermelhas, amarelas 
ou brunas são indicativas de forma oxidadas de ferro e de manganês. Misturadas 
com elas aparecem cores azuladas e acinzentadas características dos compostos 
reduzidos. Este mosqueado é considerado como diagnóstico de solos 
insuficientemente drenados. 
4.2.5. Halomorfismo 
Os solos desenvolvidos sob condições imperfeitas de drenagem, em regiões 
áridas e semi-áridas, são muitas vezes caracterizados por concentrações 
anormais de sais nos horizontes superiores. Estes solos são denominados 
Halomórficos por causa dos efeitos dos sais nas suas propriedades. No Brasil: 
“Polígono das Secas” (Nordeste), Pantanal de Mato Grosso, Ilha de Marajó, e 
adjacências litorâneas. 
Os solos SALINOS ou SOLONCHAK resultam de acumulação de sais 
solúveis de sódio, cálcio, magnésio e potássio no horizonte de superfície, nas 
Fatores de Formação de Solos 33 
depressões com excesso de água (pelo menos temporário). 
Os SOLONETZ se formam mediante condições que possibilitam a elevada 
concentração de sódio associada aos colóides. O pH deste solo é elevado por 
causa do sódio adsorvido e da presença de carbonatos de sódio. Os colóides do 
solo, quer inorgânicos, quer orgânicos, tornam-se dispersos e tendem aaprofundar-se lentamente no perfil. 
Se o sódio é removido e substituído pelo H+ , há formação do SOLOTH. 
Este solo possui o horizonte superficial ácido. 
Desta maneira temos um pH máximo no solonetz por causa do Na+ e 
mínimo no soloth em razão do H+. O pH dos solos salinos é alto, mas 
intermediário entre os outros dois (Solonetz e Soloth).

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