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TELEPROTEÇÃO E FUNÇÃO DE OSCILAÇÃO DE POTÊNCIA ADEMIR CARNEVALLI GUIMARÃES Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 2 Índice 1. Teleproteção ............................................................................................................................. 3 1.1 Permissive Inter-trip ........................................................................................................... 5 1.1.1 Direct Underreaching Transfer Trip – DUTT ............................................................ 5 1.1.2 Permissive Underreaching Transfer Trip (PUTT) com Relés de Partida (Fault Detector) ................................................................................................................................... 6 1.1.3 Permissive Underreaching Transfer Trip (PUTT) com Extensão da Primeira Zona . 8 1.1.4 Permissive Overreaching Transfer Trip (POTT) com Extensão da Primeira Zona . 10 1.2 Técnica de Bloqueio......................................................................................................... 13 1.2.1 Bloqueio por Comparação Direcional (Directional Comparison Blocking - DCB) 13 2. Bloqueio e Trip por Oscilação de Potência (Out of Step Protection) ..................................... 18 Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 3 1. Teleproteção Unidade de proteção de alta velocidade é um requisito essencial para o funcionamento eficiente de linhas de transmissão e de subtransmissão. Relés de distância permitem atuação instantânea em apenas 70 a 80% do comprimento da linha, como mostrado na figura 1. Relés de distância nos dois terminais do circuito associado com um canal de comunicação, que permita a troca de informações, podem formar um sistema capaz de seletivamente eliminar todos os tipos de falta na linha de forma instantânea. Neste sistema a proteção deve transmitir um sinal de liberação (permissivo) ou de bloqueio dependendo se um sistema permissivo ou de bloqueio está implementado. Em qualquer dos casos apenas um sinal sim ou não é transferido, para o qual um canal de pequena largura de banda é suficiente. O dispositivo de comunicação da proteção SWT500FT da Siemens pode, por exemplo, transmitir 4 comandos em 2,5 kHz na banda de freqüência de voz, isto significa que além do sinal para o sistema de proteção existem ainda 3 outros sinais que podem ser enviados para outras funções de proteção ou de controle remoto. Os suportes físicos normalmente usados para a comunicação são os seguintes: I II III ZA1 ZB1 A B 10...15% 70...80% 10...15% Falta na região II - Desligamento instantâneo de ambos os terminais da linha pelos ajustes de sub-alcance. Falta nas regiões I e III – Desligamento temporizado em cada terminal remoto pela segunda zona(t2). Desligamentos instantâneos requerem a transferência de informações entre os terminais Figura 1 – Proteção de Distância com Tele Proteção Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 4 • Fio Piloto (cabo especial blindado contra interferências eletromagnéticas): para distâncias até 25 (km). • PLC - Power Line Carrier: para distâncias até aproximadamente 400 (km). • Rádio Direcional: para distâncias até 50 (km). • Microondas. • Fibras Óticas, links diretos de até 150 (km), acima deste valor repetidores amplificadores devem ser usados. O tempo de transmissão do sinal em dispositivos de canal de voz é de aproximadamente 15 a 20 (mseg).No caso do sistema Carrier o tempo de transmissão é reduzido para 5 (mseg).A comunicação via cabos de fibra ótica com transmissão digital é Dispositivo de transmissão de sinal Relé de distância inclusive lógica de comparação de sinal Relé de distância inclusive lógica de comparação de sinal Dispositivo de transmissão de sinal Meio de transmissão: Cabo Carrier (PLC) Microondas Fibra Ótica Analógico ou digital Z<Z< Canal de transmissão de sinal Figura 2 - Sistema de Comunicação da proteção Tempo de Propa- gação Tempo de Reconhecimento da Falta 10...60 ms Transmissor Relé de Proteção Tempo total de eliminação da falta TF Link de Transmissão Relé de Proteção Disjuntor Receptor T Tempo de transmissão do sinal Tempo de Conversão do Sinal 1...5 ms Tempo de seleção e decisão, incluso relé de saída 6...40 ms Atraso adicional por ruído 0...20 ms Tempo de Operação do Mecanismo do disjuntor 3 0...40 ms Figura 3 - Teleproteção – Tempos de Operação Tempo de Operação do Relé 0...10 ms Tempo do Arco 10-20 ms Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 5 o que representa o estado da arte. Neste caso não existe praticamente qualquer problema de interferência eletromagnética é a segurança é muito alta. Os tempos de transmissão ficam abaixo de 5 (mseg). Os métodos normalmente empregados para teleproteção são os seguintes: 1.1 Permissive Inter-trip Neste caso a zona de sub-alcance, (normalmente a primeira zona) do relé desliga o disjuntor local e simultaneamente manda sinal para o terminal remoto. O sinal recebido do terminal remoto é usado para se conseguir um desligamento rápido quando a falta é próxima do terminal remoto, além do alcance da primeira zona. Este sistema permissivo permite o trip instantâneo para cerca de 80% do comprimento da linha independentemente de qualquer troca de informação entre os terminais. Para o desligamento do disjuntor do terminal remoto existem as seguintes possibilidades: 1.1.1 Direct Underreaching Transfer Trip – DUTT Neste caso o disjuntor é desligado diretamente pelo sinal recebido do terminal remoto. Este desligamento direto sem consideração de qualquer critério de proteção do terminal receptor é usado somente em casos excepcionais, uma vez que um sinal errôneo recebido do outro terminal causa o desligamento incorreto imediato do disjuntor. Uma aplicação deste tipo só é recomendada quando não existem transformadores de corrente e potencial no terminal remoto para a conexão de um relé de proteção. Frequentemente dois canais separados são utilizados para se conseguir uma maior segurança. No terminal receptor os sinais são logicamente conectados em um AND-gate, isto é, no terminal receptor os sinais são colocados em série. Alternativamente um canal com absoluta segurança pode ser usado, como por exemplo, um sinal digital de transmissão via um canal de fibra ótica com um protocolo de transmissão de grande confiabilidade. Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 6 1.1.2 Permissive Underreaching Transfer Trip (PUTT) com Relés de Partida (Fault Detector) Neste método, o sinal recebido só desligará o disjuntor quando os relés de partida da proteção de distância tiverem operado, isto é, a falta tenha sido detectada. (vide figura 4). Figura 4 -Teleproteção – PUTT com Relé de Partida Trip Sinal recebido Sinal enviado Sinal recebido Sinal enviado ZA Z1 ≥1 & ZA Z1 ≥1 & Z1 ZA ZA Z1A B ZL A ZA Z1 X B R Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 7 PUTT COM RELÉ DE PARTIDA – RESUMO DA ATUAÇÃO Localização da falta Terminal A Terminal B F1 Z1 OPERA - ENVIA SINAL Z1 OPERA – ENVIA SINAL DÁ TRIP LOCAL DÁ TRIP LOCAL ZA OPERA, & RECEBE SINAL ZA OPERA, & RECEBE SINAL TRIP- LOCAL INSTANTÃNEO TRIP- LOCAL INSTANTÃNEO F2 Z1 OPERA - ENVIA SINAL Z1 NÃO OPERA – NÃO ENVIA SINAL DÁ TRIP LOCAL NÃO DÁ TRIP LOCAL ZA OPERA ZA OPERA, & RECEBE SINAL TRIP LOCAL INSTANTÂNEO TRIP LOCAL INSTANTÂNEO F3 Z1 NÃO OPERA – NÃO ENVIA SINAL Z1 NÃO OPERA – NÃO ENVIA SINAL NÃO DÁ TRIP LOCAL NÃO DÁ TRIP LOCAL ZA OPERA ZA OPERA NÃO DÁ TRIP LOCAL INSTANTANEO NÃO DÁ TRIP LOCAL INSTANTANEO ZA ZA F1 F3 A F2 Z1 ZA Z1 B Z1 X ZL R Trip Sinal recebido Sinal enviado Sinal recebido Sinal enviado ZA Z1 ≥1 & ZA Z1 1 ≤ & Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 8 1.1.3 Permissive Underreaching Transfer Trip (PUTT) com Extensão da Primeira Zona Neste caso, o sinal recebido libera uma extensão da primeira zona para desligar o disjuntor (vide figura 5). A demais zonas de atuação do rele permanecem inalteradas. Figura 5-Teleproteção – PUTT com zona de subalcance. Z1B Z1 Z1 ZB1 R Z1 Z1B ZL X R Z1 Z1B ZA ZL X Z1B Z1 Trip Sinal recebido Sinal enviado Sinal recebido Trip Sinal enviado Z1B Z1 ≥1 & ≥1 & Z1 Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 9 PUTT COM EXTENSÃO DE PRIMEIRA ZONA – RESUMO DA ATUAÇÃO Localização da falta Terminal A Terminal B F1 Z1 OPERA - ENVIA SINAL Z1 OPERA – ENVIA SINAL DÁ TRIP LOCAL DÁ TRIP LOCAL Z1B OPERA, & RECEBE SINAL Z1B OPERA, & RECEBE SINAL TRIP- LOCAL INSTANTÃNEO TRIP- LOCAL INSTANTÃNEO F2 Z1 OPERA - ENVIA SINAL Z1 NÃO OPERA – NÃO ENVIA SINAL DÁ TRIP LOCAL NÃO DÁ TRIP LOCAL Z1B OPERA, & NÃÕ RECEBE SINAL Z1B OPERA, & RECEBE SINAL TRIP LOCAL INSTANTÂNEO TRIP LOCAL INSTANTÂNEO F3 Z1 NÃO OPERA – NÃO ENVIA SINAL Z1 NÃO OPERA – NÃO ENVIA SINAL NÃO DÁ TRIP LOCAL NÃO DÁ TRIP LOCAL Z1B NÃO OPERA , & NÃO RECEBE SINAL Z1B OPERA, & NÃO RECEBE SINAL NÃO DÁ TRIP LOCAL INSTANTANEO NÃO DÁ TRIP LOCAL INSTANTANEO Sinal recebido Sinal recebido Trip Sinal enviado Sinal enviado Z1B Z1 ≥1 & Z1B Z1 1 ≤ & ZA Z1B Z1 X ZL R F1 F3 A F2 Z1 Z1B Z1B Z1 B Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 10 1.1.4 Permissive Overreaching Transfer Trip (POTT) com Extensão da Primeira Zona Este sistema dispara os disjuntores instantaneamente quando os relés nos dois terminais detectam a falta nas zonas com sobrealcance (vide figura 6). Este método é particularmente interessante em linhas curtas, especialmente quando o cabo ou a linha são de tal ordem reduzidos, que é praticamente impossível conseguir um ajuste de subalcance que funcione. No caso de relés convencionais, com características circulares, o problema se agrava devido à pequena compensação do arco. Por esta razão o método POTT é normalmente usado para linhas com comprimento menor que 20 (km) Figura 6 -Teleproteção – Diagrama Básico POTT. Z1 R Z1B Z1 ZA ZL X R Z1 Z1B ZL X Z1 Z1B ZB1 Z1B Z1 Sinal recebido Sinal enviado Trip Trip Sinal recebido Sinal enviado ≥1 & Z1B Z1 ≥1 & Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 11 Um caso especial de aplicação do POTT aparece quando um desligamento instantâneo é requerido em uma linha que tem uma contribuição de curto circuito (infeed) muito pequena em um dos terminais. Neste caso um circuito ECHO adicional deve ser previsto para este terminal. A figura 7 mostra este sistema. Quando da ocorrência de uma falta atrás do terminal fraco, a corrente flui da linha protegida para a falta. A proteção do terminal fraco parte e reconhece que a falta está na direção reversa. Desta forma ela não enviará sinal de liberação para o terminal forte. A proteção por POTT permanecerá desta forma estável. Durante uma falta interna, no entanto, a proteção do terminal fraco não vai dar pick-up, como resultado da corrente insuficiente que flui deste terminal para a linha. O sinal recebido pelo terminal fraco (weak infeed) é mandado de volta para o terminal forte como um ECHO e permite o desligamento deste terminal. Simultaneamente com o ECHO, o disjuntor do terminal fraco pode ser desligado pela proteção, para se conseguir isto normalmente é usado um detector de queda de tensão conforme mostrado na figura 7. Figura 7 – Funções Suplementares TRIP Sinal Recebido Sinal Enviado ≥1 T2 T1 TV ZA & & U< & DISJUNTOR ABERTO CIRCUITO ECHO WEAK INFEED TRIP Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 12 POTT COM EXTENSÃO DA PRIMEIRA ZONA – RESUMO DA ATUAÇÃO Localização da falta Terminal A Terminal B F1 ZA1 OPERA - ENVIA SINAL ZB1 OPERA – ENVIA SINAL & RECEBE SINAL LOCAL E REMOTO & RECEBE SINAL LOCAL E REMOTO TRIP- LOCAL INSTANTÃNEO TRIP- LOCAL INSTANTÃNEO F2 ZA1 NÃO OPERA – NÃO ENVIA SINAL ZB1 OPERA – ENVIA SINAL & NÃÕ RECEBE SINAL LOCAL E RECEBE SINAL REMOTO & RECEBE SINAL LOCAL E NÃO RECEBE SINAL REMOTO NÃO DÁ TRIP LOCAL INSTANTÂNEO NÃO DÁTRIP LOCAL INSTANTÂNEO Z1 Z1 ZB1 F1 F2 ZA1 R Z1B Z1 ZA ZL X R Z1 Z1B ZL X Z1B Z1 Sinal recebido Sinal enviado Trip Trip Sinal recebido Sinal enviado ≥1 & Z1B Z1 ≥1 & Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 13 1.2 Técnica de Bloqueio Para estes sistemas o sinal transferido é utilizado para bloquear a operação da proteção quando de um defeito externo. 1.2.1 Bloqueio por Comparação Direcional (Directional Comparison Blocking - DCB) Este procedimento requer duas zonas de distância: • Uma zona rápida que manda o sinal de bloqueio para o terminal remoto quando a falta está fora da zona protegida, no sentido reverso. • Uma unidade direcional com sobre alcance no sentido direto, a qual inibe o sinal de bloqueio quando da ocorrência de faltas no sentido direto, e, inicia o desligamento do disjuntor caso não esteja presente o sinal de bloqueio do terminal remoto. A figura 8 mostra o arranjo clássico das zonas para um relé MHO juntamente com a lógica associada com este procedimento. O alcance reverso da zona que transmite o sinal de bloqueio deve ser maior que o sobre alcance da zona de trip do relé do terminal remoto. Os ajustes típicos são os seguintes: • Zona de desligamento: 130% de ZL. • Alcance reverso da zona de bloqueio: 50% de ZL. Idealmente, o sinal de bloqueio somente deveria ser transmitido quando a falta está fora da zona de proteção, no sentido reverso. Com relés convencionais a zona de transmissão emprega um off-set na direção direta, para assegurar que uma falta reversa muito próxima seja seguramente detectada. Além de aumentar a velocidade deste estágio de transmissão para o caso de faltas muito próximas do terminal. Isto era conseqüência da medida da direcionalidade com uso da tensão da malha curto-circuitada. Neste caso o sinal de tensão muito pequeno não permite uma decisão segura sobre a direção da falta. Um detector rápido de corrente de terra é frequentemente usado como um critério adicional para a transmissãodo sinal de bloqueio, no caso de faltas para a terra. Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 14 Consequentemente faltas muito próximas do terminal da linha podem resultar na transmissão de um sinal de bloqueio, o qual poderá ser cancelado tão logo a unidade na direção direta venha a dar partida. A velocidade do estágio de transmissão é um fator decisivo em conjunto com o tempo de transmissão do sinal, uma vez que os mesmos determinam o atraso (delay) do estágio de trip: ESTAGIO DE TRANSMISSAO CANAL ESTAGIODETRIP Margem desegurança(5 )AT T T T ms= + + + Uma significativa vantagem do método de bloqueio é o fato de que nenhum sinal tem que ser enviado se a falta está dentro da zona de proteção. Com a utilização sistema Carrier não há necessidade de se enviar sinal para o outro terminal. Por esta razão é possível se usar um Carrier com acoplamento em uma única fase. Uma outra vantagem deste método é que a mesma freqüência do Carrier pode ser usada em cada um dos Figura 8-Teleproteção – DCB diagrama clássico BA TZB SZA TZA SZB SZ = Send zone (blocking signal) TZ = Trip zone (and stop”signal send”) TA = coordination time. TA Sinal recebido Sinal enviado SZ & Trip TZ & TA Sinal recebido Sinal enviado SZ & Trip TZ & SZB B A TZA TZB SZB X Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 15 terminais (mesmo no caso de uma linha com 3 terminais) visto para o sistema de bloqueio não importa de onde o sinal de bloqueio tenha se originado. A figura 9 ilustra a implementação dessa técnica com a utilização da característica poligonal de uma proteção numérica. A zona de partida para a transmissão do sinal de bloqueio é definida pela porção reversa do detector de falta, limitado pela característica da unidade direcional. Como a unidade direcional utiliza a tensão das fases sãs assegura seletividade absoluta para os defeitos próximos aos terminais (close-in faults), desta forma a transmissão do sinal de bloqueio só ocorre para as faltas reversas reais. O estágio de trip é formado pela zona direcional de sobre alcance Z1B. Figura 9 – Teleproteção – Sistema de bloqueio, relé com característica quadrilateral. A B ZAB Z1BA BA Z1BB ZAA Z1BA ZAB ZAA Z1BB A B Trip Sinal recebido Sinal enviado T1B Sinal recebido Sinal enviado ZA & Z1BA & Direção & DireçãoT1B & ZA & & Z1BB Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 16 Da figura 9 é evidente a zona de partida tem um ajuste reverso, tal que ela inclui a zona de trip com sobre alcance do relé instalado no terminal remoto com uma margem de segurança para todos os tipos de falta. Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 17 BLOQUEIO POR COMPARAÇÃO DIRECIONAL – RESUMO DE ATUAÇÃO Localização da falta Terminal A Terminal B F1 SZA NÃO OPERA - TZA OPERA SZB NÃO OPERA – TZB OPERA TERMINAL “A” NÃO ENVIA SINAL TERMINAL “B” NÃO ENVIA SINAL & NÃO RECEBE SINAL DE “B” & NÃO RECEBE SINAL TRIP - LOCAL INSTANTÃNEO TRIP - LOCAL INSTANTÃNEO F2 SZA OPERA - TZA NÃO OPERA SZB NÃO OPERA – TZB NÃO OPERATERMINAL “A” ENVIA SINAL TERMINAL “B” NÃO ENVIA SINAL & NÃÕ RECEBE SINAL & RECEBE SINAL SEM TRIP LOCAL INSTANTÂNEO SEM TRIP LOCAL INSTANTÂNEO F3 SZA OPERA – TZA NÃO OPERA SZB NÃO OPERA – TZB OPERA TERMINAL “A” ENVIA SINAL TERMINAL “B” NÃO ENVIA SINAL & NÃO RECEBE SINAL & RECEBE SINAL NÃO DÁ TRIP LOCAL INSTANTANEO NÃO DÁ TRIP LOCAL INSTANTANEO F4 SZA OPERA - TZA OPERA SZB NÃO OPERA - TZB OPERA TERMINAL “A” NÃO ENVIA SINAL TERMINAL “B” NÃO ENVIA SINAL & NÃO RECEBE SINAL & NÃO RECEBE SINAL TRIP LOCAL INSTANTANEO TRIP LOCAL INSTANTANEO SZ = Send zone (blocking signal). TZ = Trip zone (and stop ”signal send”). TA = coordination time. TA Sinal recebido Sinal enviado SZ A & Trip TZ A & TA Sinal recebido Sinal enviado SZ B & Trip TZ B & TZB F4F3F2 BA SZA TZA SZB F1 SZ B A TZA TZ SZX Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 18 2. Bloqueio e Trip por Oscilação de Potência (Out of Step Protection) A figura 1 ilustra o diagrama de tensão de uma linha de transmissão sob carga. Os sistemas equivalentes nos dois extremos da linha são representados por E1 e E2, as impedâncias ZS1 e ZS2 correspondem aos respectivos níveis de curto circuito das fontes. O ângulo δ �é conhecido como o ângulo de transmissão. A medida que a potência ativa aumenta o ângulo ��também aumenta. A potência transferida é definida pela equação a seguir: 1 2 TP T E xEP sen Z δ= Onde, 1 2T S L SZ Z Z Z= + + Para o caso de uma linha genérica em um sistema de transmissão podemos escrever as equações abaixo: E2 E1 A B ZS1 ZL ZS2 IL . ZS2 IL . ZL IL . ZS1 IL δ E2 UB E1 UA Figura 1 - Diagrama de tensões – Oscilação de potência em um sistema de transmissão Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 19 A corrente pode ser calculada conforma indicado a seguir: ij ji Z VV I −= A potência transmitida é dada por: 2* * * * ( )i i j i ji j ij ij ij i i ij ij ij V V VV V S P jQ V I V Z R jX ϕ ϕ− −−= + = ⋅ = ⋅ = − � Portanto, tem-se: ( )22* 21 cosij ij i ij i j ij i j ij ij P R V R V V X V V sen R X δ δ= ⋅ − ++ ) ( )22* 21 cosij ij i ij i j ij i j ij ij Q X V X V V R V V sen R X δ δ= ⋅ − ++ ) Considerando uma linha com R desprezível tem-se a seguinte simplificação: i j ij ij V V P sen X δ= ( )21 cosij i i j ij Q V V V X δ= − Podem-se transferir estes valores para o plano R e X, conforme indicado a seguir, considerando o caso particular em que i jV V= : 2 2 2 VR P P Q = ⋅+ 2 2 2 VX Q P Q = ⋅+ Figura 2 – Linha de transmissão genérica. Iji Iij Sji Sij Barra i i iV ϕ Barra j j jV ϕ Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 20 Ainda considerando o caso particular em que i jV V= , a expressões das potências ativa e reativa, acima, se transformam em 2 ij ij VP sen X δ= ( )2 1 cosij ij VQ X δ= − Calculando os valores de R e X teremos: 2 1 cos ijX senR δ δ ⎛ ⎞= ⋅⎜ ⎟−⎝ ⎠ 2 ijXX = Assim podemos escrever que a impedância vista pelo rele é dada por 2 1 cos ijX senZ jδ δ ⎛ ⎞= +⎜ ⎟−⎝ ⎠ δ senδ cosδ 1 cosδ− δ δ cos1− sen Z R X 0 0 1 0 30º 0,5 0,8660 0,1340 3,7313 (3,7313 ) 2 ijX j+ 3,7313 2 ijX⋅ 2 ijXj 45º 0,7071 0,7071 0,2929 2,4141 (2,4141 ) 2 ijX j+ 2,4141 2 ijX⋅ 2 ijXj 60º 0,866 0,5 0,5 1,732 (1,7320 ) 2 ijX j+ 1,732 2 ijX⋅ 2 ijXj 90º 1 0 1 1 (1 ) 2 ijX j+ 2 ijX 2 ijXj Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 21 2.1 Estabilidade Estática A potência máxima transmitida é alcançada quando o ângulo δ é igual a 90º, que corresponde ao limite estático de estabilidade. Na prática, no entanto, dificilmente se encontra um ângulo acima de 60º. Se todas as tensões são divididas pela corrente de carga IL obtém-se um diagrama de impedância da linha sob carga. A representação em um plano de impedância é feita considerando que o relé de impedância está instalado na origem do sistema de coordenadas, conforme mostrado na figura 4. Com esta representação, a impedância de carga medida pelo rele é evidente e a sua distância para a característica de partida do relé pode ser determinada.Quando a carga altera a impedância da carga se movimenta ao longo de uma trajetória (Trajetória circular). Se E1 e E2 são iguais, o que pode ser usado como uma primeira aproximação, para uma condição normal de operação de um determinado sistema, a impedância segue uma linha reta perpendicular ao somatório das impedâncias TZ . Para a máxima potência transferida, isto é para δ = 90º, a impedância da carga deveria ainda manter uma margem de segurança para o maior ajuste do relé da ordem de 20% ( cos 1,2CARGA CARGA PZ Rδ ≥ ⋅ ) para prevenir a partida do relé durante variações de carga durante a operação normal do sistema. Figura 3 - Limite de Estabilidade Estática δ=60º δ=45º δ=30º 4 3 2 1 2,4141 2 ijX X Limite de Estabilidade Estática 2 ijX δ=90° 2 ijX A B R 1,732 2 ijX 3,7313 2 ijX Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 22 2.2 Estabilidade Dinâmica Variações do ângulo δ acima de 90º são possíveis sem que resultem em instabilidade do sistema de potência. Isto está baseado, por exemplo, no critério de igual área que está mostrado na figura 5ª para linhas de transmissão em paralelo. A potência transferida é definida por uma equação que segue uma curva senoidal dependente do ângulo δ. Figura 4 - Oscilação de potência em um sistema de transmissão: diagrama de impedância da linha de transmissão Zcarga ZL ZS1 ZS2 B A δ´´ δ E1=E2 Ponto de carga E1>E2 E1<E2 Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 23 O ponto de operação corresponde àquele definido pela potência PT da turbina. Os geradores são acelerados quando a potência transferida é menor que a potência fornecida pela turbina. Este é o caso durante a ocorrência de um curto-circuito, quando há o colapso da tensão (área A). Por outro lado os geradores são desacelerados quando a potência transferida é menor que a potência mecânica fornecida pela turbina. Isto pode ocorrer durante o tempo morto do religamento (tempo necessário para que o religamento se efetivar) (área B) e a situação que se segue a um religamento com êxito (área C), visto que a potência transferida nestes casos é maior que a potência mecânica da turbina. Os geradores retornarão a uma condição estável de operação desde que as áreas de aceleração e desaceleração sejam iguais entre si. (aceleração área A, desaceleração área (B+C)). Claramente, isto só será possível no caso em que à falta no sistema de potência seja eliminada rapidamente (tempo crítico de eliminação de falta). ZL ZS2 ZS1 U1 U2 D E1 E2 ZL Curva 2: Curto-circuito. Curva 3: Condição após curto-circuito. Curva 1: Regime Permanente de Operação. Figura 5a – Estabilidade Dinâmica Equação: 1 2*T T E EP sen X δ= δ0 δ1 δ2 PT 64 2 0 - Curva 3 - Curva 1 A B C 1 3 5 δ 18090 P - Curva 2 Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 24 2.3 Bloqueio por Oscilação de Potência O processo de balanço de energia acima descrito é mostrado na figura 5b. Durante a condição de regime permanente o relé mede a impedância da carga, com um determinado ângulo de potência δ. Com a inserção da falta, a impedância muda inicialmente para a impedância de falta, que será reconhecida como uma falta externa pelo relé (1). Após a abertura da linha com defeito pelo seu respectivo relé (2), a impedância muda novamente para a impedância de carga (3), que corresponde agora a um ângulo δ1 maior e uma impedância de transferência também maior (anteriormente à falta 1 22 L T S S ZZ Z Z= + + , subseqüentemente 1 2T S L SZ Z Z Z= + + , devido ao desligamento de uma linha de transmissão). O ângulo de transmissão se move agora para δ2 (4) como conseqüência do avanço do rotor. Seguindo-se ao religamento, o vetor da impedância da carga muda para uma nova posição (5) e se move ainda mais deste ponto para o interior da característica de partida do relé (6). Se o trip não é liberado o vetor de carga retorna à sua posição inicial de regime permanente. δ0 ZL 6 5 4 3 ZLoad ZS1 ZS2 X R 0 12 Figura 5b – Trajetória da Impedância de carga durante balanço do Sistema de Potência Proteção de Sistemas Elétricos Ademir Carnevalli Guimarães 25 Se, no entanto o vetor da impedância da carga entra e se mantém dentro da característica por um tempo suficiente, poderá ocorrer desligamento pela proteção. O trip durante oscilações de potência pode ser inibido por uma função denominada “Bloqueio por Oscilação”. Seu modo de operação é caracterizado pelo fato que após a inserção da falta, a impedância muda imediatamente da impedância de operação (impedância de carga) para a impedância de falta, situada dentro da característica do relé. Por outro lado, durante uma oscilação de potência o vetor impedância mostra uma progressão para a condição de regime permanente. Sua proporção de variação corresponde á freqüência de oscilação do sistema. Pela medida de dZ dt ou Z t Δ Δ e a comparação com o valor inicial é possível distinguir entre um curto circuito e uma oscilação de potência.