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MÁQUINAS ELÉTRICAS, GERAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO Sumário Unidade 1: Eletricidade: Da Geração à Distribuição; Aspectos Históricos e Proposta Didática para o Ensino ............................................................................. 4 Seção 1.1: Introdução ................................................................................................. 4 Seção 1.2: Os primórdios da eletricidade estática ...................................................... 4 Seção 1.3: O desenvolvimento da eletricidade durante o século XVIII ....................... 9 Seção 1.4: Os avanços da eletricidade no século XIX .............................................. 13 Seção 1.5: Energia elétrica: o caminho percorrido da geração ao consumo ............ 22 Unidade 2: O Sistema Elétrico ............................................................................... 35 Seção 2.1: Introdução ............................................................................................... 35 Seção 2.2: Produção de energia elétrica .................................................................. 36 Seção 2.3: Transporte de energia elétrica ................................................................ 38 Seção 2.4: Interligação dos sistemas elétricos.......................................................... 40 Seção 2.5: Alguns aspectos sobre a operação de sistemas elétricos ....................... 41 Seção 2.6: Distribuição de energia elétrica ............................................................... 43 Unidade 3: Manutenção em Sistemas Elétricos de Potência .............................. 45 Seção 3.1: Introdução ............................................................................................... 45 Seção 3.2: Desenvolvimento acerca da manutenção em sistemas elétricos de potência ..................................................................................................................... 47 Seção 3.3: Sistema elétrico de potência ................................................................... 48 Seção 3.4: Manutenção aplicada ao sistema elétrico ............................................... 49 Seção 3.5: Localização das falhas no sistema elétrico de potência em redes de distruição rural e urbana ............................................................................................ 51 Seção 3.6: Manutenção na geração de energia elétrica e técnicas de gestão de manutenção para o sistema elétrico .......................................................................... 54 Referências .............................................................................................................. 59 Unidade 1: Eletricidade: Da Geração à Distribuição; Aspectos Históricos e Proposta Didática para o Ensino Seção 1.1: Introdução Tem sido diagnosticado há muitos anos as dificuldades existentes no ensino de física. Dentre elas podemos destacar o desencanto dos alunos em relação à disciplina, percebendo-a como muito difícil, abstrata e sem vínculo com o cotidiano, acarretando assim altos índices de reprovação. Porém essa concepção deve-se ao modelo de ensino tradicional empregado pelas escolas, que enfatizam com maior veemência a memorização de fatos, fórmulas, símbolos, teorias e modelos que parecem não ter quaisquer relações entre si, além de não preocupar-se em explorar os contextos em que as leis e teorias foram propostas, contribuindo assim para uma dogmatização do conhecimento científico (Martins, 2006; Bonadiman, 2004). Diante deste problema, têm sido expressadas propostas que conduzam ao desenvolvimento de um ensino de física, que contribua para a formação de um cidadão consciente, atualizado e participativo na realidade do meio que convive. Assim esse trabalho tem como objetivo compreender o processo de desenvolvimento desde os primórdios da eletricidade até sua aplicação prática em escala comercial, a fim de produzir uma proposta de material didático-experimental adequado que possa ser utilizado no ensino médio ou em cursos superiores. Para isso foram selecionados os seguintes objetivos específicos: Pesquisar em literatura especializada, a fim de identificar as origens e o processo de desenvolvimento dos conceitos relacionados à eletricidade; identificar a importância da experimentação aliada à história da ciência como estratégia, viabilizadora de conhecimentos expressivos e consistentes no ensino de Física; Construir uma maquete envolvendo os processos desde a geração a distribuição da eletricidade e elaborar um material didático para estudo de tal experimento. Seção 1.2: Os primórdios da eletricidade estática As Primeiras Descobertas Dos Fenômenos Elétricos De acordo com a Arqueologia, o homem faz observação de fenômenos naturais desde os tempos pré-históricos, porém demorou muito para registrar esse conjunto de ocorrências e somente mais tarde e que se iniciou a busca por explicações racionais. No estudo da eletricidade foi constatada a existência de fenômenos particulares muito antes da Idade Antiga, porém somente neste período é que esses fenômenos começaram a ser pesquisados, e analisados na busca de evidências que explicasse a ocorrência destes. Segundo Luz e Álvares (2000), os primeiros fenômenos elétricos foram observados pelos gregos, na Antiguidade. O matemático e filósofo Thales de Mileto no século VI a. C. foi quem observou que um pedaço de âmbar, uma resina fóssil, após ser atritado com uma pele de animal, passava a adquirir a propriedade de atrair corpos leves. Ao observar este fenômeno, Thales na tentativa de explica-lo por meio do pensamento filosófico, atribuiu às substâncias capazes de eletrizar terem uma alma, e esta por sua vez atraiam os pedaços de matéria inanimada. Verifica-se que a primeira tentativa de explicar a eletrização por atrito é muito antiga, no entanto os fenômenos relacionados à eletricidade ficaram esquecidos por vários anos, devido à falta de aplicação prática. Somente cerca de 2000 anos mais tarde vários estudiosos começaram a fazer observações mais sistematizadas a respeito dos fenômenos elétricos. Nesse contexto pode-se destacar: o médico inglês William Gilbert, que retomando as observações de Thales verificou que não era apenas o âmbar que possuía a propriedade de atrair corpos, sendo eles leve ou não. Esta constatação foi obtida por meio de um aparelho muito sensível, construído por Gilbert denominado versorium, usando este aparelho ele pode verificar a existência de forças elétricas de outros objetos como o diamante, safira, opala, ametista, cristal entre outros, como descreve a sua obra De magnete. Para explicar esta atração, Gilbert utilizou a hipótese do eflúvio, um fato interessante é que apesar das experiências de Gilbert serem realizadas com muito cuidado e por diversas vezes, ele não observou a repulsão dos corpos eletrizados, isto só foi observado pelo físico alemão Otto von Guericke, quando este reproduzia as experiências de Gilbert. Tal fato permitiu-o constatar que quando os corpos são eletrizados por atrito, eles podem atrair ou repelir outros corpos. A fim de observar melhor este fenômeno Guericke construiu um aparato constituído de uma grande esfera de enxofre que podia ser movimentada por uma manivela, sendo esta a primeira máquina eletrostática a ser construída; com isto ele também pode perceber que a “eletricidade” podia passar de um corpo para outro através do contato, no entanto ele não buscou explicações para este fenômeno, pois acreditava que este comportamento era natural, devido às virtudes existentes no corpo. (TORRES, FERRARO e SOARES, 2010). Figura 1 – Máquina eletrostática de Von Guericke. Fonte: ASSIS, 2010, p. 68. Conforme foi descrito no decorrer deste subcapítulo, ao longo dos anos houve várias descobertas relacionadas aos fenômenos elétricos, noda corrente) e ainda pela ausência de subestações intermediárias abaixadoras ou de seccionamento. As linhas de transmissão em corrente contínua apresentam custo inferior ao de linhas em corrente alternada enquanto que as estações conversoras ainda apresentam custo relativamente alto portanto a transmissão em corrente contínua somente se mostra vantajosa em aplicações específicas como na interligação de sistemas com freqüências diferentes ou para transmissão de energia a grandes distâncias. A necessidade de sistemas de transmissão em tensão superior à de geração e de distribuição se deve a impossibilidade de transmitir diretamente, mesmo em distâncias relativamente pequenas , a potência elétrica gerada nas usinas, pois as correntes seriam elevadas e as quedas de tensão e as perdas de potência na transmissão inviabilizariam técnica e economicamente as transmissões. Esse problema é tanto mais grave quanto maior for a distância de transmissão e quanto maior for a potência a ser transmitida. Com a elevação da tensão, a potência gerada nas usinas (que é função do produto da tensão pela corrente) pode ser transmitida com correntes inferiores às de geração, o que viabiliza a transmissão. Um fator importante na minimização dos custos de transmissão e de distribuição está ligado à escolha da seção dos cabos condutores das linhas, ou seja, de sua resistência ôhmica. Como o custo das linhas (e do sistema de transmissão) aumenta de forma linear com a seção condutora e as perdas ôhmicas (e portanto o seu custo) variam com o inverso da seção dos condutores, existe um ponto de mínimo custo, que corresponde a seção condutora ótima. Os consumidores, individualmente, requerem potências inferiores às transmitidas. Portanto, são previstas estações abaixadoras nas quais as tensões de transmissão são transformadas para níveis compatíveis com as cargas que vão alimentar regionalmente. Observa-se que as pequenas potências de distribuição transportadas por circuitos aéreos ou subterrâneos nas ruas ou avenidas são adequadas às baixas tensões, também por questões de segurança. Em resumo, sob o ponto de vista funcional e também operacional, a estrutura de um sistema elétrico pode ser dividida em várias subestruturas baseadas sobretudo nos seus diversos níveis de tensão: geração/ transmissão/ sub-transmissão/ distribuição (primária e secundária). Seção 2.4: Interligação dos sistemas elétricos A medida em que aumenta a demanda de energia, mais fontes necessitam ser exploradas e novas redes de transmissão necessitam ser construídas para conectar essas novas estações geradoras aos novos pontos de distribuição e também às estações já existentes, surgindo assim a interligação de sistemas. Se por um lado essas interligações implicam numa maior complexidade de operação do sistema como um todo, por outro, são economicamente vantajosas, além de aumentarem a confiabilidade do suprimento às cargas. Se um centro consumidor é alimentado radialmente, falhas na transmissão ou na geração podem prejudicar ou mesmo comprometer totalmente a sua alimentação, ao passo que se tal centro consumidor fizer parte de um sistema interligado, existirão “caminhos” alternativos para o seu suprimento. As interligações de sistemas elétricos também podem propiciar um melhor aproveitamento das disponibilidades energéticas de regiões com características distintas. Um exemplo é a interligação dos sistemas Sudeste/Centro Oeste e Sul do Brasil: são sistemas caracterizados por sensíveis diferenças de hidraulicidade de seus rios, isto é, os períodos chuvosos não são coincidentes nas diversas bacias hidrográficas. Dessa forma, através da interligação pode-se fazer uma adequada troca de energia, sendo o superávit de uma exportado para a outra e viceversa. Relativamente aos sistemas isolados, uma outra vantagem dos sistemas interligados é a necessidade de um número menor de unidades geradoras de reserva para o atendimento da carga. Seção 2.5: Alguns aspectos sobre a operação de sistemas elétricos Desde os grandes motores industriais até os equipamentos eletrodomésticos, todos são projetados e construídos para trabalhar dentro de certas faixas de tensão e freqüência, fora das quais podem apresentar funcionamento não satisfatório ou até mesmo se danificarem. Essas exigências básicas impõem, à operação dos sistemas elétricos um adequado controle da tensão e da freqüência na rede, a qual está sujeita às mais variadas solicitações de carga. Essas solicitações, mudam ano a ano, mês a mês e, o que é mais importante, variam muito durante um único dia (por exemplo, nos horários de pico – 17:00 às 21:00 horas - a demanda de energia requerida no sistema é bem maior do que durante a madrugada. Note que não é possível armazenar energia elétrica comercialmente, e assim deve ser produzida, a cada instante, na justa medida da demanda requerida. Além dessas variações de carga previstas, existem outras de natureza aleatória, como por exemplo, a conexão ou desconexão de cargas por manutenção ou defeito nas instalações da planta industrial/comercial que ocasionam alterações, em geral, pequenas na freqüência e na tensão da rede. Variações ou oscilações sensivelmente maiores ocorrem quando ocorrer defeitos na rede que provocam o desligamento de linhas, geradores, grandes blocos de carga ou de interligações entre sistemas. Estas variações, os equipamentos de controle procuram minimizar. A frequência é controlada automaticamente nos próprios geradores através dos reguladores de velocidade, equipamentos que injetam mais ou menos água (ou vapor ou gás) nas turbinas que acionam os geradores, dependendo do aumento ou diminuição da demanda. O controle da tensão pode ser feito remotamente nas usinas, através dos reguladores automáticos de tensão, mas também pode ser efetuado a nível de transmissão, de subtransmissão e/ou de distribuição. De um modo geral, o controle remoto não é suficiente e o controle junto à carga é bem mais efetivo. O controle é feito automaticamente por meio de transformadores com controle de tap, por compensadores síncronos ou compensadores de reativos estáticos e, manualmente, por meio de conexão ou desconexão de bancos de capacitores e/ou reatores em derivação. Além desses aspectos ligados ao controle de tensão e da carga/freqüência, na operação das redes interligadas existe o problema de como distribuir as cargas entre as diversas usinas do sistema, nas diversas situações de demanda (máxima, média ou mínima). À alocação dessa geração dá-se o nome de despacho de geração, de cujo estabelecimento depende muito a operação racional e eficaz do sistema como um todo. A operação econômica dos sistemas nos quais é grande o número de usinas térmicas (como nos EUA e em alguns países da Europa), cujo combustível tem custo elevado, é extremamente dependente da alocação dos despachos de geração. É interessante ressaltar também que existem sistemas automáticos de supervisão e controle ou de despacho automático. O controle é feito por algoritmos de simulação/decisão em computador com dados monitorados continuamente sobre o carregamento das linhas de transmissão, as gerações das diversas usinas e, o estado da rede de transmissão. Seção 2.6: Distribuição de energia elétrica As linhas de transmissão e de subtransmissão convergem para as estações de distribuição, onde a tensão é abaixada, usualmente para o nível de 13,8 kV. Destas subestações originam-se alguns alimentadores que se interligam aos transformadores de distribuição da concessionária ou a consumidores em tensão primária. Os alimentadores primários aéreos operam normalmente de maneira radial e com formação arborescente atendendo aos pontos de carga, conforme ilustração a seguir. Existem ainda outros níveis de tensões primárias normalizadas , atendendo localidadesespecíficas, tais como 23 kV (existente em São Roque); 3,8 kV em alguns pontos da cidade de São Paulo; 6,6 kV em Santos e São Vicente. Nas localidades onde o nível de tensão é de 3,8 kV ou 6,6 kV a tensão prevista no futuro será de 13,8 kV. No interior do Estado de São Paulo há o nível 11,9 kV (por exemplo, em Campinas) e em alguns casos a tensão de 34,5 kV é usada na distribuição primária. A energia, sob tensão primária, é entregue a um grande número de consumidores tais como indústrias, centros comerciais, grandes hospitais etc. Os alimentadores primários suprem um grande número de transformadores de distribuição que abaixam o nível para a tensão secundária para uso doméstico e de pequenos consumidores comerciais e industriais. Quanto ao nível de tensão de distribuição secundária observam-se os seguintes valores nominais mais freqüentes em São Paulo: • 127/220 V; ou 220/380 V para as redes que utilizam transformadores com secundário em estrela aterrado. (Valores entre fase e neutro/ valores entre fases) • 115/230 V; para as redes que utilizam transformadores com secundário em delta aberto ou delta fechado (delta com neutro), utilizado pela Eletropaulo (valor entre fase e neutro e entre fases). • 220 V; para secundário em estrela isolado, utilizado pela Eletropaulo no suprimento de alguns municípios tais como Santos e Cubatão, entre outros. Na zona subterrânea de distribuição da Eletropaulo os níveis padronizados são de 120/208 V. (valores de fase e neutro/valores entre fases). Unidade 3: Manutenção em Sistemas Elétricos de Potência Seção 3.1: Introdução A presente unidade tem como tema manutenção em sistemas elétricos de potência, as atividades de manutenção vêm fazendo ao longo do tempo com que as organizações alcancem a visibilidade de mercado e colocação junto aos concorrentes e junto aos consumidores. O nível de organização dos setores de manutenção de uma forma geral reflete os estágios de desenvolvimento industrial de um país. A partir do momento em que começa a ocorrer o envelhecimento dos equipamentos e instalações, surge a necessidade das práticas e procedimentos de manutenção. Foi em países da Europa e América do Norte onde surgiram as ideias de organização dos setores de manutenção, isso devido esses países possuírem grandes parques industriais e com maior tempo de existência que os demais países do globo. Referindo-se as empresas do ramo de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, em meados da década de 1970, essas empresas passaram a sofrer pressões de ordem econômica, restrições em seus investimentos e exigências de qualidade no fornecimento de energia elétrica. A manutenção dos sistemas elétricos de potência ocupou um papel estratégico para amenizar essas exigências de mercado e de condições operacionais, através das coletas de dados e informações mais aperfeiçoadas e confiáveis, utilizando para isso, as mais avançadas tecnologias de mercado disponíveis para o ramo, criando condições e meios para análises críticas e observações do fornecimento de energia elétrica que permitiu a evolução das atividades de manutenção com ênfase na prevenção de situações indesejáveis no sistema de geração e fornecimento de eletricidade, intenso incentivo na qualificação de sua mão de obra com objetivo de capacitar colaboradores em prestar um serviço de alta qualidade e eficiência, mantendo sempre a atualização das novas técnicas e aprimoramento dos procedimentos existentes. A abordagem do tema, no artigo, procura distinguir a separação e a interface das atividades de manutenção e operação, dando um destaque especial aos serviços de manutenção dos equipamentos e dispositivos que compõem as linhas vivas do sistema elétrico e apresentar os princípios de funcionamento dos mesmos. Na indústria de energia elétrica temos as seguintes atividades: “Produção”, “Transmissão”, “Distribuição” e “Comercialização”, sendo que esta última engloba a mediação e faturamento dos consumidores. O fornecimento de energia elétrica para residências e indústrias e as atividades de comercialização são realizadas juntamente com a atividade de distribuição. Entre a produção da energia elétrica até o consumidor final existe um caminho longo pelo qual a eletricidade é transportada, chamadas de linhas ou redes de transmissão e de distribuição. Ao conjunto das instalações e equipamentos que são utilizados para gerar energia elétrica e transmitir em grandes quantidades a energia gerada, dá-se o nome de sistema elétrico de potência. Desde os grandes motores industriais até os equipamentos utilizados nas residências, todos são projetados e construídos para trabalhar dentro de uma faixa de tensão e frequência elétrica, quando essa faixa de operação não é levada em consideração, pode ocorrer das máquinas e equipamentos apresentarem mal funcionamento até danificar de forma permanente os seus componentes eletroeletrônicos. Essas exigências básicas impõem á operação dos sistemas elétricos um adequado controle de suas variáveis importantes para garantir o estável funcionamento do sistema de fornecimento de energia elétrica. Cabe ao setor de manutenção gerar condições operacionais para que os equipamentos, instalações e serviços funcionem adequadamente, visando atingir objetivos e metas da organização atendendo assim, aos clientes, ao mais baixo custo, sem perda de qualidade e sem perdas de eficiência e segurança no sistema elétrico de potência. Nesta perspectiva, construíram-se questões que norteiam esta unidade: Controle de custo por manutenção em equipamento. Estrutura de análise de ocorrências e anormalidades nos equipamentos utilizados no sistema elétrico de potência. Indicadores de desempenho da manutenção. Padronização nos processos da execução de atividades de manutenção através dos procedimentos de trabalho. Análise no índice de obsolescência de equipamentos. Históricos atualizados dos equipamentos. Treinamento específico para o pessoal. Circulação das informações interna e externa. Seção 3.2: Desenvolvimento acerca da manutenção em sistemas elétricos de potência A conservação de máquinas, equipamentos, ferramentas é uma prática observada na história da humanidade desde os primórdios da civilização, mas foi intensificado de uma forma expressiva a partir do momento da invenção das primeiras máquinas utilizadas nas indústrias têxteis e máquina a vapor, foi somente por volta do século XVIII, que a função da manutenção surgiu nesse contexto. Nessa época os responsáveis em projetar as máquinas e equipamentos, eram as mesmas pessoas que treinavam para operar e consertar quando ocorria uma falha. Até então os operadores eram responsáveis pela produtividade e pela manutenção dos seus maquinários de trabalho. Somente no século XX, quando as máquinas e equipamentos começaram a se desenvolverem e integrar aos seus projetos de construção novas tecnologias de fabricação é que houve a necessidade de criar equipes separadas do setor de operação, com objetivo de manter o funcionamento dós maquinários utilizados em seus processos de produção, surgiram então os primeiros profissionais dedicados à manutenção essa realizada foi mais intensificada em períodos de conflitos militares, tais como as grandes guerras mundiais que ocorreram no século passado, nesses momentos as práticas e procedimentos de manutenção passaram por constantes mudanças e atualizações com o objetivo de não apenas consertar, mas prevenir sempre que possível à ocorrência de falhas em seus maquinários e equipamentos. Na era moderna, após a revolução industrial, foram surgindo funções básicas nas empresas e organizações da qual a manutenção é parte integrante. O termo manutenção tem sua origem no vocabulário militar, cujo sentido era “manter”,nas unidades de combate, o efetivo e o material em nível constante. Nas indústrias, o aparecimento do termo “manutenção” ocorreu por volta dos anos 1950 nos Estados Unidos da América e Europa, termo que sobrepõe-se progressivamente á palavra “conservador”. Portanto podemos definir a manutenção como o conjunto de ações destinadas a assegurar o bom funcionamento das máquinas e instalações. A manutenção é a combinação das ações de gestão, técnicas e econômicas, que são aplicadas aos bens para a otimização de seu ciclo de vida, garantindo assim uma maior utilização de sua capacidade de produção. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (1994), “manutenção é a combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma função requerida” Segundo Monchy (1989) “A manutenção pode ser considerada como a medicina das máquinas e pode ser feita uma comparação entre a saúde humana e a saúde das máquinas”. Segundo Azevedo (2007) “Manutenção é a atividade que visa manter as características técnicas de um equipamento ao nível do seu desempenho especificado”. Segundo Branco (2006a), “Manutenção são ações técnicas como administrativas que visem preservar o estado funcional de um equipamento ou sistema, ou para recolocação”. Seção 3.3: Sistema elétrico de potência O sistema elétrico de potência é dividido em três zonas funcionais para fins de planejamento, operação e análise, são elas, geração, transmissão e distribuição. A energia elétrica pode ser produzida por diversas formas, através do aproveitamento da energia cinética dos ventos, aguas e fontes térmicas de energia. Em países como o Brasil, são muito utilizadas para geração de energia elétrica, as usinas hidrelétricas de grande porte, isso devido à contribuição da malha hidrográfica que o território brasileiro dispõe para a implantação dessa forma de geração de energia. Independente do processo de obtenção de energia elétrica, as etapas mencionadas estarão presentes no processo, pois a energia gerada deverá ser transmitida e distribuída para os consumidores em suas diversas localizações geográficas. Na etapa da geração da energia elétrica, são utilizados equipamentos tais como, turbinas de vários modelos e tamanhos, determinadas pelas caraterísticas do local onde será construído a usina hidrelétrica, reguladores e sistemas auxiliares, tubos de sucção e caixas espirais para serem instaladas nos condutos forçados que serão direcionados para as turbinas da geração. Ainda na fase de geração, são utilizados de uma forma geral, equipamentos hidromecânicos (comportas, pontes rolantes, pórticos, etc.), geradores, barramentos blindados e transformadores de alta potencia e equipamentos de comando, controle e proteção. Na etapa de transmissão da energia elétrica gerada, são utilizados, transformadores elevadores, que são acionados quando a tensão elétrica na linha necessitar ser elevada a valores consideravelmente mais altos, para reduzir o impacto das perdas nas linhas de transmissão e consequentemente garantir uma faixa de tensão aceitável nas linhas, disjuntores, chaves seccionadoras, bancos de capacitores, cabos de transmissão, torres e isoladores. Na etapa de distribuição de energia elétrica, são utilizados os transformadores abaixadores, cabos de condução de energia, equipamentos de proteção. Todas essas fases do processo necessitam de uma manutenção eficiente para garantir seu pleno funcionamento. Figura 1 Esquema demonstrativo da organização do Sistema Elétrico de Potência. Seção 3.4: Manutenção aplicada ao sistema elétrico À medida que aumenta a demanda de energia elétrica para o consumo em diversos setores da sociedade, mais fontes necessitam ser exploradas e novas redes de transmissão necessitam serem construídas ou ampliadas dentro do sistema elétrico de potência, para conectar essas novas estações geradoras aos novos pontos de distribuição e também a sua interligação as estações já existentes, são necessárias adequações em todo o sistema elétrico, tais como, estudo de viabilidade de rede, capacidade de carga e condução, sem falar no estudo geográfico por onde as novas redes irão ser implantadas. Juntamente com o desenvolvimento e ampliação do sistema elétrico, a manutenção vem acompanhando esse crescimento, para garantir pleno funcionamento e estabilidade. As manutenções em sistemas elétricos possuem vários diferenciais em relação aos outros setores convencionais, isso por se tratar de uma atividade com alto índice de periculosidade, requer de seus profissionais um alto nível de conhecimento sobre as atividades que são realizadas, baseado nisso, são realizadas pesquisas constantemente para buscar novas formas de realizar as atividades com mais segurança, tanto para os profissionais quanto para o próprio sistema elétrico. Ao realizar uma intervenção no sistema elétrico para fins de manutenção, no passado eram normal à ocorrência de falta de fornecimento de eletricidade por um longo período de tempo, porem isso esta mudando com as novas praticas e ferramentas associadas às tecnologias de monitoramento do sistema, que ao serem aplicadas corretamente, a um ganho satisfatório em relação à confiabilidade das informações coletadas do sistema. As grandes empresas concessionárias de energia elétrica vêm se preocupando em introduzir técnicas que permitem a manutenção nas redes e linhas de distribuição sem desligamento, pois essa forma de intervenção para realização das atividades causa menos transtorno para o consumidor. Entretanto por ser um serviço bastante oneroso e de investimento inicial elevado, é conveniente para que a sua implantação ocorra de forma eficiente é necessário atender a pré-requisitos tais como: Um eficiente controle de custo por manutenção realizada nos equipamentos e dispositivos que compõem as redes, garantindo assim uma melhor visualização da matriz de condições operacionais do sistema elétrico, podendo canalizar os investimentos nos pontos mais relevantes e fundamentais para proporcionar uma maior confiabilidade. Na gestão do setor de manutenção, é necessário a implantação de um sistema de controle de qualidade em que se determina índices operativos capazes de diagnosticar o desempenho do sistema elétrico, de acompanhar sua evolução com o tempo e de fornecer dados que permitam a definição de metas a serem alcançadas. Para que o sistema de monitoramento das linhas seja realizado com uma eficiência satisfatória, além das recomendações informadas, as redes no local onde se deseja monitorar o sistema elétrico, devem apresentar uma preocupação gerencial dirigida para a sistematização das atividades de manutenção, dentre as quais podemos citar: coleta constante de dados de interrupção do sistema no nível de seus componentes, identificação das diversas formas de interferência no sistema elétrico com sua periodicidade e predominância definida em diferentes áreas e épocas do ano, esses dados são obtidos pelas inspeções realizadas nas redes elétricas, deve-se realizar o acompanhamento do comportamento operacional dos diapositivos de proteção a fim de investigar seu comprometimento nos índices de interrupções ou falhas por mau dimensionamento, a classificação dos consumidores mais importantes e sua vulnerabilidade as interrupções, e coletas dos dados e informações fornecidos pelas equipes de manutenção com o objetivo de quantificar e qualificar a mão de obra, quando a forma é execução do serviço e o grau de dependência em relação ao desligamento. A existência de um suporte técnico e gerencial capaz de coordenar com eficiência os critérios e planejamentos, construção e operação da rede elétrica, também fazem parte do pacote de recomendações para uma boa implementação demonitoramento das linhas do sistema elétrico de potência. Dessa forma as atividades de manutenção nas linhas vivas passam a ser uma forma eficiente de reduzir os desligamentos aleatórios das redes energizadas, evitando trazer maiores prejuízos ao sistema elétrico e aos consumidores. Segundo João Mamede Filho (2012) “A execução, de modo sistemático, de um adequado programa de manutenção das instalações elétricas está inserida no contexto da filosofia de conservação de energia elétrica, visto que sua ausência implica aumento de perdas térmicas, custos adicionais imprevistos em virtude da incidência de defeitos nas instalações, maior consumo, maior probabilidade de ocorrência de incêndios. Portanto, é preciso ter uma boa gestão e atuação da manutenção nos sistemas elétricos.”. Seção 3.5: Localização das falhas no sistema elétrico de potência em redes de distruição rural e urbana A administração do consumo de energia elétrica dentro do sistema elétrico de potência é de fundamental importância para obtenção de ganhos de produtividade e agilidade nas realizações das manutenções e interferências no sistema elétrico. Assim, a administração de energia deve inserir nos projetos e construções, a implantação de meios que auxiliaram na realização das atividades de monitoramento das falhas e defeitos. No fornecimento de energia elétrica em áreas rurais, onde as linhas de transmissão e distribuição são longas e ramificadas é necessário à instalação de um sistema de monitoramento das redes muito eficiente e com elevado índice de confiabilidade para fornecer os dados corretamente em tempos reais, com o objetivo de garantir o rápido estabelecimento da energia elétrica e auxiliar nas manutenções que poderão ser realizadas nas proximidades. Muitas concessionarias de energia ainda não possuem tais sistemas devido aos grandes custos de instalação e operação dos mesmos, isso faz com que os reparos dessas redes sejam realizados de forma lenta e menos eficiente, isso devido às equipes de manutenção ter que percorrer grandes distancias nas redes de distribuição para procurar o ponto de ocorrência da falha. Com a instalação dos sensores em pontos estratégicos nas redes localizadas nas zonas rurais, foi um grande passo para facilitar as manutenções, esses sensores detectam a falha e sua localização e sinalizam ao centro de operações todas as informações necessárias sobre a falha ocorrida, que a partir disso, o centro de operações enviaram as equipes de manutenção diretamente ao ponto de ocorrência do defeito, reduzindo-se o tempo de interrupção do fornecimento de energia, o custo da manutenção e o aumento da segurança da operação do sistema elétrico. A localização das falhas pelos sensores baseia-se na analise de sinais de campo elétrico e campo magnético, sendo que esses sinais são amplificados e filtrados para serem amostrados pelo micro controlador. O micro controlador calcula repetidamente os valores eficazes dessas grandezas até executar as rotinas de detecção das falhas, esses dispositivos podem ser alimentados por fontes de +5Vcc ou através de baterias recarregáveis alimentadas por pequenos painéis fotovoltaicos. Com essa tecnologia, sem dúvidas, os indicadores do setor de manutenção serão beneficiados de uma forma muito satisfatória, pois é possível obter uma melhoria no tempo médio entre falhas e tempo médio de atendimento as ocorrências e sem falar no indicador de qualidade. Figura 2 Sensor de identificação de falhas em redes de transmissão e distribuição. Nas redes de transmissão e distribuição localizadas em áreas urbanas os processos de monitoramentos diferenciam em relação aos utilizados em áreas rurais. São utilizados para realizar essa tarefa os algoritmos que monitoram os afundamentos de tensão nessas redes, em áreas urbanas a maioria dos alimentadores de distribuição apresentam uma topologia radial, isso devido às várias seções de linhas e ramais trifásicos, bifásicos e monofásicos acompanhados de cargas que apresentam diferentes comportamentos, isso é um diferencial em relação às cargas rurais, que possuem um comportamento mais uniforme em relação às cargas alimentadas pelas redes de energia elétricas urbanas. Os algoritmos contidos nos sistemas embarcados foram construídos com a habilidade de lidar com essas caraterísticas e técnicas adequadas para esses tipos de redes. O uso de medições de afundamento de tensões ou esparsas de tensões, permite que o algoritmo obtenha com precisão necessária a localização da área afetada pela falta de energia elétrica. Como requisito para auxiliar no trabalho de monitoração, são solicitados para compor o sistema, dispositivos para oscilografia de tensão e corrente e medidores de afundamento de tensão, canais de comunicação para transmitir os dados registrados até o computador de processamento, ambos serão utilizados para enviar as informações de comportamento da rede até a central de operações que será responsável em informar a localização da falha fornecida pelo sistema de monitoração. Essa nova técnica terá grande relevância na sociedade, pois os resultados permitirão melhorias nos processos de gestão dos recursos do setor de operação e manutenção, melhorando assim as tomadas de decisão das ações sobre o sistema, além de melhorar a confiabilidade e satisfação dos consumidores. Figura 3 Algoritmo de localização de falhas em redes de alimentação elétrica urbana. Seção 3.6: Manutenção na geração de energia elétrica e técnicas de gestão de manutenção para o sistema elétrico A geração é a etapa onde ocorre a transformação da energia cinética mecânica em energia elétrica, a energia elétrica pode ser produzida através da utilização dos recursos como água, sol e vento, esses meios de obtenção são considerados formas de energia limpa e renováveis, pois apresentam baixos índices de produção de poluentes, considerando todas as fases de produção, distribuição e consumo. Assim como qualquer processo de produção, a etapa da geração de eletricidade utiliza máquinas e equipamentos em seu processo, necessitando de manutenção e monitoramento como quaisquer outros maquinários e equipamentos. Elas são formadas por centrais elétricas que convertem alguma forma de energia, iguais às citadas anteriormente, em energia elétrica. Os equipamentos que compõem a etapa de geração são monitorados durante todo o tempo de operação por sistemas automatizados, esses sistemas facilitam a operação e o controle da geração de energia através da integração das malhas, possibilitando as centrais de geração elétrica ser operadas a longas distancia da planta de produção, garantindo desta forma, maior segurança e confiabilidade das informações obtidas. Nos processos automatizados as paradas e horas trabalhadas são monitoradas constantemente, quando o equipamento atinge a quantidade de horas trabalhadas para efetuar a parada programada e receber a manutenção, o próprio sistema aciona um alarme ou emite a própria ordem de serviço e encaminha para o setor responsável para a realização dessa atividade. São utilizados como equipamentos auxiliares aos sistemas de monitoramento na geração os termopares, muito utilizados para medir a temperatura interna dos mancais das turbinas e enviar um sinal que comandara a liberação de mais quantidade de lubrificante ao componente, são utilizados sensores de posição de ângulo de abertura das pás das turbinas, que são acionados quando existe a necessidade de controlar a velocidade de rotação das turbinas geradoras, os dispositivos de proteção das instalações e proteção humana, como os disjuntores e reles de sobrecargas de alta tensão, são todos interligados ao sistema de monitoramento, ao serem acionados, o próprio supervisório emite a localização e possíveis causasda falha ocorrida, facilitando a atuação da equipe de manutenção nessa situação. Com a aplicação dessa tecnologia obtivemos um maior controle sobre as paradas e maior aproveitamento de vida útil dos equipamentos, reduzindo assim os custos indesejáveis de manutenção. Dessa forma a manutenção dos sistemas elétricos de potência da atualidade, se engloba as chamadas manutenções de terceira geração ou manutenção moderna, pois com aplicações de melhores técnicas e procedimentos de trabalho, a manutenção está conseguindo maior confiabilidade e segurança em suas atuações junto ao sistema elétrico. Segundo Moubray (1997), “A terceira geração da evolução da manutenção marca o período que envolve as mudanças que trouxeram mais dinamismo para as indústrias e que engloba os dias atuais”. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2007), “A confiabilidade é definida pela capacidade de um item desempenhar uma função especificada, sob condições e intervalo de tempo predeterminado". A manutenção seja ela em qualquer ramo de atuação, possui como objetivo a conservação dos equipamentos para garantir a operação segura e confiável dos mesmos, para que esse objetivo seja alcançado é necessário que a manutenção possua uma gestão focada no aumento da confiabilidade e segurança nas realizações das atividades, são apresentadas algumas técnicas de gestão que podem direcionar as ações para alcançar esse objetivo, tais como; o planejamento estratégico da manutenção quando se refere aos critérios de criticidade dos equipamentos baseados em consideração aos fatores de saúde, segurança, meio ambiente, qualidade, produtividade e custo de manutenção, criação do plano de atividades de manutenção que é elaborado seguindo a estratégia de manutenção definida anteriormente para cada tipo de equipamento, importante à definição de perigos e riscos que as máquinas e equipamentos estão expostos ou poderão sofrer. Segundo Billinton e Allan (1992) “A sociedade tem uma grande dificuldade em distinguir entre um perigo, que pode ser priorizado em termos de sua severidade, mas não leva em conta sua probabilidade, e risco, que considera não somente o evento perigoso, mas também a sua probabilidade de ocorrência.”. Segundo Lafraia (2011), uma relação figurativa entre risco e perigo seria: RISCO= PERIGO / MEDIDAS DE CONTROLE O mesmo autor define que matematicamente o risco pode ser expresso pela relação: RISCO= (PROBABILIDADE DE OCORRENCIA) X (DETECÇÃO) X (SEVERIDADE DAS CONSEGUENCIAS) A aplicação dos estudos de analises de risco envolvendo todos da equipe de manutenção pode demonstrar um ganho significativo no crescimento profissional de todos da equipe, melhorando assim a atuação da manutenção em suas atividades, importante implementar a gestão do conhecimento estre os setores, com o objetivo de reter dentro da empresa os conhecimentos construídos ao longo dos anos, e saber especificar recursos humanos e financeiros, essas ações podem fazer a diferença em uma boa gestão de manutenção. Concluímos, portanto, que a busca em aplicar as novas técnicas de execução e de gestão para a manutenção em sistemas elétricos de potência tem contribuído muito para o crescimento do setor elétrico brasileiro, através das prestações de serviços realizados com alto índice de qualidade e confiabilidade pelo setor de manutenção. Mas é importante ter em mente que as técnicas de gestão e de execução das atividades de manutenção têm a ver com mudanças, ou seja, estamos visando buscar e trazer novas tendências tecnológicas para aprimorar nossas práticas frente às necessidades que o setor elétrico tem apresentado ao longo do tempo, na tentativa de impulsionar os processos já existentes. De forma objetiva podemos dizer que os serviços de manutenção nas instalações elétricas, consistem nas atividades exercidas por profissionais ou organizações qualificadas para a investigação de problemas e na elaboração das recomendações para proporcionar o auxílio nas implementações dessas ações. Dessa forma, podemos entender que a manutenção, seja ela em qual for o seu segmento de atuação, deverá buscar sempre uma constante atualização dotada de uma visão sistêmica que possui a finalidade de facilitar a identificação dos problemas e os caminhos necessários para a superação dos mesmos. Referências Teslasociety, AC Motor – One of the Ten Greatest Discoveries of All Time. Disponível em Acesso em 03 de dez. 2012, 09:12:34. ALVES, Izalmárcio Rocha. A Equação de Schroedinger. 2008, 54 f. (Trabalho de Conclusão de curso). Licenciatura em Física – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso do Sul, 2008. ALVES, Mario Ferreira. ABC das maquinas eléctricas. Departamento de Engenharia Eletrotécnica – Instituto Superior de Engenharia do Porto. Disponível em: , acesso em 10 jun. 2012. ARAÚJO, Mauro Sérgio Teixeira de; Maria ABIB, Lúcia Vital dos Santos. Atividades experimentais no ensino de física: Diferentes enfoques, diferentes finalidades. 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Dando continuidade a suas experiências ele adapta à rolha utilizando o barbante outros materiais como um pequeno tronco de madeira com uma bola de marfim na ponta, filamentos de metal ou cordéis, e verificou que todos eles atraiam os pequenos corpos leves que eram colocados na sua proximidade, porém ele notou que se fosse utilizado para efetuar essa conexão um fio metálico o fenômeno da atração não era constatado. Deste modo ele classificou os materiais denominando aqueles que conduziam melhor a eletricidade de condutores, ao contrário de outros que não conduziam, ou conduziam mal a eletricidade, dando-lhes o nome de isolantes. Estas observações serviram de embasamento para o surgimento da ideia de que a eletricidade era um fluido que podia passar de um corpo para outro (SILVA e PIMENTEL, 2008). Neste contexto, vale ressaltar as propostas de Charles Dufay que teve importante papel na explicação do fenômeno da atração e repulsão, ele ao realizar várias experiências verificou que havia dois comportamentos para os materiais, uns comportavam-se como o vidro, e outros como a resina, propondo assim dois tipos de eletricidade: uma eletricidade vítrea e uma eletricidade resinosa. Whittaker cita as percepções de Dufay sobre o fenômeno de atração e repulsão: […] that there are two electricities of a totally different nature namely, that of transparent solids, such as glass, crystal, &c., and that of bituminous or resinous bodies, such as amber, copal, sealing-wax, &c. Each of them repels bodies which have contracted an electricity of the same nature as its own, and attracts those whose electricity is of the contrary nature. We see even that bodies which are not themselves electrics can acquire either of these electricities and that then their effects are similar to those of the bodies which have communicated it to them (1973, p. 40). Tal fato lançou a ideia do fluido vítreo e do fluido resinoso, assim a eletricidade contida em um corpo era aquela que este possuísse em excesso, e esta nova hipótese obteve grande aceitação durante todo o século XVIII. Figura 2- Representação da repulsão e da atração entre corpos eletrizados. Fonte: TORRES, FERRARO E SOARES, 2010, p. 14. Conforme afirmam Silva e Pimentel (2008), os estudos de Dufay foram continuados pelo francês Jean- Antoine Nollet. Ele criou vários experimentos para exibir e demonstrar os efeitos elétricos, propondo com isso novas explicações para os fenômenos observados, e tais elucidações foram aceitas em todos os países da Europa. Para esclarecer os fenômenos elétricos Nollet, utilizou a ideia do movimento, em que as duas correntes de fluido elétrico, se moveriam em direções opostas. Segundo Nollet, quando atritamos um corpo, o seu fluido escapa causando uma corrente efluente, esta perda, contudo é restituída por uma corrente afluente do mesmo fluido vindo de fora. Este sistema predominou por algum tempo, no entanto quando Benjamin Franklin apresenta em seu livro uma explicação totalmente diferente, acerca dos fenômenos elétricos as ideias de Nollet são abandonadas, e atualmente ele nem sequer é lembrado. Luz e Álvares (2000) e Gaspar (2003) afirmam que no decorrer do século XVIII, a Europa vivia uma época em que a sociedade rica, não importava com os princípios religiosos, e buscavam uma boa aparência e diversão. Neste contexto os fenômenos elétricos fizeram muito sucesso, um dos fenômenos que se tornou moda foram o choque e o beijo elétrico, assim várias pessoas realizavam diversos espetáculos até mesmo em praças públicas. Benjamin Franklin ao observar um destes espetáculos interessou-se pelos fenômenos elétricos e a partir daí começou os seus estudos, desenvolvendo o conceito de fluido único. Esta idéia de fluido único de Franklin baseou-se na proposta de que os corpos eram formados pela matéria comum e a matéria elétrica, e era essa matéria elétrica, também chamada de fogo elétrico que tornava o corpo capaz de atrair ou repelir outros corpos. Sendo assim Franklin explicou que quando atritamos um corpo ao outro, a eletrização dá-se pelo acúmulo de fluido por um dos corpos, ao passo que o outro perderia esse fluido. Tendo estabelecido que o corpo que recebia o fluido era chamado de positivo e o que perdia de negativo. Portanto, é interessante destacar que a teoria de fluido único de Franklin, está parcialmente correta, em relação às ideias atuais sobre o processo de eletrização por atrito. Atualmente sabemos que de fato há uma transferência de cargas elétricas entre os corpos atritados, no entanto essa troca de cargas é efetuada pela passagem de elétrons de um corpo para outro e não devido à troca de fluidos como afirmava Franklin. Entretanto só foi possível explicar corretamente o processo de eletrização, no início do século XX, depois da descoberta dos elétrons. Portanto com a evolução do modelo atômico, sabemos hoje que os elétrons que se encontra nas camadas eletrônicas mais afastadas do núcleo podem movimentar-se de um corpo para outro. Assim podemos explicar os diversos processos de eletrização. Seção 1.3: O desenvolvimento da eletricidade durante o século XVIII Segundo afirma Tolentino e Rocha-Filho (2000) e ainda Germano, Lima e Silva (2012) durante o século XVIII, os estudos relacionados à eletricidade tornaram-se mais sistematizados, e para isso vários aparatos experimentais foram construídos, dentre eles podemos destacar as maquinas eletrostáticas construídas baseadas na máquina da Von Guericke. Porém não se conseguia com estes equipamentos um fluxo continuo, pois as cargas elétricas geradas por essas máquinas, só produziam apenas faíscas intensas, ou podiam fluir por pontas metálicas, e ainda serem armazenadas pelas garrafas de Leyden conhecidas hoje por capacitores. Nos primórdios da eletricidade não havia aparatos que possibilitava o armazenamento de eletricidade por um longo período. Até o ano de 1800 o único meio de produzir uma corrente elétrica dava-se por meio da descarga da garrafa de Leyden através de um condutor. As primeiras evidências que se tem da garrafa de Leyden data de 1745, quando segundo Rocha (2011), o clérigo E. G. von Kleist e o professor da universidade de Leyden Pieter Van Musschenbroek, produziram quase que concomitantemente tal dispositivo na tentativa de encontrar um meio de reduzir a perda de carga. Neste contexto vale ressaltar que prevalecia a ideia de que os corpos carregados, quando expostos ao ar, perdia sua carga elétrica por meio da evaporação do fluido elétrico. Baseando nessas ideias os estudiosos, realizaram o seguinte experimento: Tamparam com uma rolha uma garrafa de vidro, cheia de agua, espetando em seguida um prego através da tampa, que entrava em contato com a água, em seguida segurando a garrafa com uma das mãos, eletrizou o prego utilizando uma máquina eletrostática; após tal procedimento colocou a garrafa sob uma superfície não isolante, e ao tocar o prego recebeu um grande choque. Após o sucesso de tal experimento, este foi divulgado e muitas pessoas tentaram sem êxito reproduzir tal procedimento, pois segundo relatos ao carregarem a garrafa deixavam- na isolada. No decorrer do tempo à garrafa foi sendo aprimorada, porém tal aparato produzia apenas uma corrente transitória. Contudo somente após as descobertas de Luigi Galvani e posteriormente a criação da primeira pilhapor Alessandro Volta tornou-se possível explicar detalhadamente os fenômenos elétricos observados. Com a publicação da monografia de Galvani, o novo fenômeno observado tem uma ampla divulgação principalmente nos centros de pesquisa da Europa. Neste contexto o professor de física da Universidade de Pávia Alessandro Giuseppe Anastásio Volta, ao conhecer a experiência de Galvani decidiu reproduzi-la, assim como todos os experimentadores da época. Ao repetir a experiência, Alessandro Volta concordou a princípio com Galvani, acreditando assim que os animais produziam eletricidade. Porém ao aprofundar seus estudos na área, investigando melhor o experimento, Volta propõe uma nova explicação para o fenômeno observado (TOLENTINO e ROCHA-FILHO, 2000). Segundo Martins (1999), Alessandro Volta ao repetir por diversas vezes fazendo algumas alterações no experimento de Galvani, constatou que não era necessário o contato exatamente com o músculo da rã, pois as contrações ocorriam também quando pontos diversos dos nervos da coxa eram conectados por meio de um arco bimetálico. Ao direcionar sua atenção para a importância do uso de metais diferentes na verificação de tal fenômeno, Volta observa que quando é utilizado no circuito um arco bimetálico, as contrações são mais fortes que as com arco monometálico. Isto serve de base para Volta propor que os metais desempenham não o papel de condutor da eletricidade animal, e sim que a eletricidade vem de uma origem externa, resultante da diferença dos metais que formam o arco, sendo assim são os metais que produzem tal efeito. E a rã, entretanto funcionaria como um detector muito sensível de eletricidade, reagindo tanto a essa eletricidade metálica quanto a qualquer forma de eletricidade. Entretanto, neste período surge uma importante observação feita pelo físico Johann Georg Sulzer. Ele ao colocar sua língua entre dois discos de prata e chumbo percebeu que no contato com as bordas dos discos, sentia se um gosto desconfortável. Volta ao tomar conhecimento de tal experiência, reproduziu-a, depois de fazer alterações incluindo seu globo ocular, ele pode observar que quando era estabelecido o contato elétrico, uma sensação de luz era percebida. Tais fatos serviram para reforçar as hipóteses de Volta de que não era necessário o contato com os músculos, para a ocorrência das contrações, e que os metais eram os próprios geradores da eletricidade. No entanto essas idéias enfrentavam grandes problemas, pois os experimentos que levou Volta a descobrir tal eletricidade (produzida pelo contato entre metais diferentes), utilizavam animais, sendo assim podiam ser interpretados como procedente da eletricidade animal. Assim surge uma controvérsia entre Volta e Galvani, o ultimo não aceitava a interpretação de Volta, pois havia mostrado que contrações ocorriam, quando estabelecido o contato entre o nervo e o músculo utilizando metais iguais. Indo além, Galvani mostra por volta de 1794, que não era necessário empregar nenhum metal para conseguir a eletricidade, tal hipótese partiu da observação da ocorrência de contrações ao colocar em contato o nervo crural seccionado de uma rã dissecada, com o músculo da perna. Tal experiência, que comprovaria a eletricidade animal, não foi aceita por Volta, pois para ele neste caso as contrações nas pernas das rãs ocorriam devido a um estimulo mecânico. E assim ele procede, na tentativa de descobrir uma evidência que comprovasse suas hipóteses (MARTINS, 2000; TOLENTINO e ROCHA-FILHO, 2000). De acordo com o esclarecimento de Martins (1999), Volta tentou detectar a eletricidade gerada por metais diferentes por meio de um eletroscópio, porém não obtendo sucesso e partindo da suposição que a tensão elétrica gerada era muito fraca para ser detectada por tal instrumento, ele constrói um sensível aparelho: o eletróforo. Utilizando tal aparato, em 1796, Volta consegue detectar fracas tensões elétricas geradas por condutores diferentes. Porém isso não era suficiente, pois na época ele queria provar que suas ideias estavam bem fundamentadas, e para isso ele busca produzir usando pares metálicos, fortes efeitos elétricos; como resultado desta pesquisa nasce à pilha. Figura 8 – Reprodução do desenho das pilhas em anexo à carta de Alessandro Volta a Royal. Na Figura 1 é representada a versão denominada por Volta de cadeia de copos. Nas Figuras 2 a 4 são representadas pilhas com números crescentes de discos metálicos. Fonte: TOLENTINO e ROCHA-FILHO, 2000, p. 38. Conforme relata a carta de Volta enviada a Royal Society, para construção de seu dispositivo ele empilhou discos de prata e de zinco, separado por papelão embebido em solução salina. Volta sugere que também podiam ser utilizados outros metais como: estanho, chumbo e cobre, porém a melhor combinação era a prata e o zinco. Este dispositivo foi construído de modo que os discos inferiores fossem de prata e os discos superiores de zinco, tendo nos terminais destas placas fios ligados para conduzir a eletricidade. Além da pilha, Volta testou um arranjo, colocando lado a lado recipientes de vidro, madeira ou cerâmica, cheios até a metade com uma solução de sal ou com barrela, de modo que tais recipientes fossem conectados por um conjunto de lâminas, cujos terminais eram um de prata, depositada sobre cobre, e o outro de zinco (ou estanho), imerso na próxima vasilha. Na carta de Volta, ele discute apenas os efeitos fisiológicos, pois chamavam mais atenção naquele período. Contudo com a pilha foi possível estudar o comportamento da corrente elétrica e seus efeitos, além de verificar a decomposição das substâncias (CHAGAS, 2000; MAGNAGHI e ASSIS, 2008). Seção 1.4: Os avanços da eletricidade no século XIX Breve Introdução Ao Histórico Do Eletromagnetismo Ao longo do século XIX, com a descoberta da pilha por Alessandro Volta toda a produção de eletricidade procedia das reações eletroquímicas, sendo esta grande uma das peças fundamentais para a descoberta que foi o marco deste século: as leis do eletromagnetismo. Segundo Rocha (2011) até o início do século XIX a eletricidade e o magnetismo desenvolveram-se sem nenhum vínculo, e eram considerados campos distintos. Porém nas duas primeiras décadas deste século, os trabalhos experimentais que buscavam comprovar a relação entre os fenômenos elétricos, térmicos, magnéticos, químicos e ópticos desenvolveu-se consideravelmente. Neste contexto podemos destacar o trabalho de um dos cientistas que defendia a relação existente entre o magnetismo e a eletricidade: Hans Christian Oersted, cuja descoberta resulta na unificação destes campos, dando origem ao ramo da física, chamado eletromagnetismo. Partindo do conhecimento que a passagem de corrente elétrica em um fio, provocava emissão de luz e aquecimento, o cientista Oersted aprofunda seus estudos realizando experiências, com a finalidade de confirmar suas hipóteses. Como esclarece Alvares e Luz este rigoroso trabalho, obteve sucesso em 1820, quando Oersted, ao montar um circuito elétrico tendo próximo uma agulha magnética, percebeu que: não havendo corrente no circuito, a agulha magnética se orientava na direção norte-sul […], ao estabelecer uma corrente no circuito, Oersted observou que a agulha magnética se desviava […], interrompendo-se a corrente, a agulha retornava à sua posição inicial, ao longo da direção norte-sul (LUZ e ALVARES, 2000, p.210). Este fenômeno observado por Oersted, provocou um grande sobressalto na sociedade cientifica, motivando vários cientistas da Europa a investigar as causas de tal acontecimento. De acordo com a visão de Oersted, tal fato devia-se ao movimento em direção oposta da corrente elétrica, que era composta de dois fluxos de cargas (positiva e negativa), no interior dos fios. O consecutivo encontro e separação destas cargasgerava o conflito elétrico. Supondo que este conflito elétrico não restringia ao interior dos fios, sendo existente também no ambiente em volta do fio; Oersted, explica que a deflexão no fio é devido à interação entre o conflito elétrico do exterior deste com os polos magnéticos do imã. Entretanto, sua teoria teve poucos adeptos; apenas seus resultados experimentais foram ligeiramente aceitos pela comunidade científica (CHAIB e ASSIS, 2009). Um dos estudiosos deste século que também merece destaque é o francês André-Marie Ampère. Em seus trabalhos dedicou-se a química e a matemática, não mostrando interesse nos fenômenos elétricos e magnéticos, até tomar conhecimento em 1820 da experiência de Oersted ao assistir as apresentações de Arago na Academie des Sciences de Paris. Entretanto Ampère ao ver tal apresentação, constata que os trabalhos de Oersted estariam incompletos, dando início a uma pesquisa na tentativa de elucidar a natureza do fenômeno. Ao reproduzir o experimento da imantação da agulha, ele sugere uma nova visão defendendo o princípio de ação e reação entre o fio e o imã. Assim ele explica que os fenômenos observados na experiência de Oersted, ocorrem devido à existência de correntes elétricas no interior da agulha. No entanto para defender tal proposta, Ampere teve que demonstrar empregando somente circuitos elétricos, a capacidade de reproduzir os efeitos de um imã sobre outro e também de um circuito fechado sobre um imã. Sendo estes experimentos publicados em duas partes no volume 15 dos Annales de Chimie et de Physique de 1820 (GUERRA, REIS e BRAGA, 2004). De acordo com Dias e Martins (2004), outra formidável contribuição para o eletromagnetismo foi à descoberta de Michael Faraday, em 1831 da indução eletromagnética. Sabe-se que no laboratório de Humphry, onde Faraday iniciou sua carreira cientifica desempenhando o papel de auxiliar, ele conheceu vastamente o mundo da ciência, tornando assim um grande experimentador, o que foi de extrema utilidade para o desenvolvimento de seus trabalhos relacionados ao eletromagnetismo. O seu interesse por esse campo iniciou-se em 1821, quando o editor do Annals of Philosophy, Richards Phillips convidou-o a escrever um artigo de revisão acerca do eletromagnetismo. Para desempenhar tal função ele refez várias experiências, além de estudar diversas teorias, propondo assim novos experimentos. Ao investigar a força magnética, procedente de um fio condutor, utilizando uma agulha imantada, Faraday notou que ao invés dos polos da agulha sofrerem uma atração e uma repulsão, eles tendiam a girar em torno do fio. A partir desta observação ele dedicou notadamente a este assunto, levando-o a publicar um artigo, onde apresentava experimentos que permitisse verificar a rotação de um fio condutor em torno de um imã e também o movimento contrário. Com a publicação deste artigo estabeleceu-se uma comunicação por meio de cartas com Ampère, como resultado deste contato Faraday conheceu o livro: Manuel d’electricité dynamique, escrito por Demonferrand, onde este assegurava que uma corrente elétrica passando por um condutor podia induzir uma corrente constante em outro colocado na vizinhança. Este fato interessou-lhe bastante, iniciando assim os estudos de Faraday relacionados ao fenômeno da indução, e assim ele constrói diversos experimentos na busca de evidências experimentais que explicasse tal fenômeno. Conforme descreve em seus diários, após anos de tentativa o primeiro experimento obtido com sucesso, foi concretizado em 29 de agosto de 1831. Para realização de tal trabalho ele construiu um anel de ferro doce, contendo várias espiras de fio de cobre enroladas ao redor dele, sendo este separado por dois lados: A e B. Sendo assim, foi realizado o seguinte procedimento: Os dois enrolamentos do lado B foram unidos para formar um único, e sua extremidade foi conectada a um fio de cobre passando sobre uma agulha magnética […]. Deste modo, a agulha ao mover-se indicaria a passagem de uma corrente pelo lado B do anel. Uma das espiras do lado A foi conectada com uma bateria […] e, com a passagem da corrente pelo lado A, vinda da bateria, uma corrente foi detectada no lado B do anel (DIAS e MARTINS, 2004, p.525). Deste modo foi possível visualizar a magnetização da agulha. Entretanto o efeito encontrado neste experimento não foi de um imã sobre uma corrente, e sim de uma corrente elétrica sobre outra. Após várias reflexões sobre o resultado de seu experimento, Faraday dá continuidade em seus estudos, e ao testar um novo experimento em que ele utilizando um cilindro de ferro e a hélice L, procedia da seguinte forma: Todos os fios foram unidos em uma única hélice e conectados à hélice indicadora, à distância, pelo fio de cobre, depois o ferro foi colocado entre os pólos da barra magnética, […]. Toda vez que o contato magnético no norte ou sul foi estabelecido ou quebrado, existiu movimento magnético na hélice indicadora. […] Mas, se o contato elétrico (isto é, através do fio de cobre) era quebrado, então as disjunções e contatos não produziram qualquer efeito (FARADAY, apud DIAS e MARTINS, 2004, p. 527). Por conseguinte, ele finalmente obtém uma corrente elétrica induzida pela ação de um imã e assim e observado o fenômeno da indução pela primeira vez. É importante enfatizar que devido à agregação da eletricidade, com o magnetismo, gerando um novo ramo na ciência, e consequentemente com as descobertas das leis de indução, surgem novas possibilidades e grandes inovações para as indústrias, abrindo as portas para o investimento na produção de eletricidade em maior escala. Os Primórdios Das Máquinas Elétricas A construção dos motores elétricos foi o primeiro passo rumo às inovações tecnológicas hoje existentes, que não sequer eram sonhadas no início do século XIX. Com o uso de motores elétricos tornou-se possível revolucionar a indústria, permitindo assim um mundo de facilidades. Porém para consolidação de tal instrumento, vários pesquisadores estiveram envolvidos em tal atividade, e muito teve de ser desenvolvido, aprimorado e experimentado até chegarmos aos motores capazes de gerar eletricidade suficiente para seu uso na indústria. De acordo com Pomilio (2012), os primeiros motores CC (trabalham com corrente continua), foram construídos aproximadamente em 1831, por Faraday. Ele construiu um gerador, sendo este constituído de um disco de cobre de aproximadamente 30 cm de diâmetro. É importante destacar neste contexto a invenção do inglês Willian Sturgeon, que em 1825 verificou que quando era aplicada uma corrente elétrica a um fio condutor, que envolvia um núcleo de ferro, este se transformava em um imã, tendo sua força interrompida quando a corrente era suspendida, deste modo foi inventada uma peça muito importante na construção de máquinas elétricas girantes: o eletroímã. Continuando o processo de construção de máquinas, vale realçar a invenção por volta de 1833 pelo cientista W. Ritchie do comutador, peça esta importante nos motores elétricos. O comutador é uma peça fundamental nos motores de corrente contínua, pois eles têm a função de trocar periodicamente o sentido da corrente no rotor de tal modo a garantir que o torque tenha sempre o mesmo sentido, impedindo assim que o rotor fique parado em uma posição de equilíbrio (ALVES, 2003). Mais tarde por volta de 1837 os trabalhos de Thomas Davenport e sua esposa Emily, resultaram na patente de um motor CC já aprimorado. Porém além desses motores rudimentares terem um rendimento baixíssimo, não havia energia suficiente para abastecer tais dispositivos. Entretanto surge em 1873 um meio de minimizar o problema do desperdício da energia, graças à descoberta do dínamo reversível pelo cientista belga Zenobe Grame. Ele foi um dos importantes colaboradores no desenvolvimento das maquinas elétricas, sendo o dínamo o resultadode seus trabalhos inspirado na máquina de Antônio Pacinotti. Conforme cita Souza et al (2010), o equipamento original era constituído de: […] um anel maciço de ferro com eixo de rotação vertical ao redor do qual eram enroladas 16 bobinas elétricas regularmente espaçadas por cunhas de madeira […]. As bobinas eram ligadas em série e cada conexão entre duas dessas bobinas era ligada a uma lâmina de um coletor de tensões, localizado na base do eixo vertical de giro do anel. Essa estrutura circular é comumente conhecida como “armadura” ou “anel” de Pacinotti (pág.5). Figura 9- Máquina do construtor italiano Antonio Pacinotti. Fonte: Souza et al, 2010, p. 5. Fazendo uma adaptação na máquina, Zenobe Grame substituiu o núcleo sólido de ferro, por um anel laminado, constituído de feixes de fios de ferro, sendo estes isolados entre si. Ele também acrescentou 16 bobinas no anel, resultando em 32 bobinas. Tal adequação teve o objetivo de diminuir as correntes induzidas no núcleo, e limitar o pulso da tensão gerada que sai da máquina, contribuindo no aumento do campo magnético sobre as bobinas, gerando consequentemente um melhor rendimento da máquina, pois deste modo não haveria grandes perdas no processo de geração e transformação de energia. Diante disso foi desenvolvido por volta de 1869, o equipamento conhecido na época como Anel de Grame. Um acontecimento importante que queremos destacar ocorrido em 1873, na Exposição de Viena foi à descoberta da reversibilidade do dínamo. Quando Grame conectou dois dínamos de corrente contínua em paralelo, tendo apenas uma dessas máquinas, o dispositivo de acionamento, percebeu-se que uma delas começava a girar aplicando assim um torque em seu eixo, agindo como motor (SOUZA et al, 2010; POMILIO, 2012). Figura 10- Ilustração da Máquina de Grame. Fonte: Souza et al., 2010, p.8. Contudo as máquinas de Grame foram fundamentais para descortinar o processo de produção do conhecimento científico do século XIX no campo da eletricidade, desta forma tornou-se possível a geração de energia elétrica em quantidade necessária para atender a demanda existente nas indústrias. O Aproveitamento Da Eletricidade Para Fins Comerciais – O Embate Entre Thomas Edison E Nikola Tesla Por volta do início do século XIX, começa a surgir o sistema de iluminação a gás, substituindo as velas e lâmpadas a óleo. Logo depois surge à ideia da utilização da eletricidade na iluminação, desenvolvendo deste modo a lâmpada de arco, porém tais instrumentos além de não serem econômicos eram extremamente brilhantes para serem usados em domicílio; e logo se percebe que o uso de filamentos nas lâmpadas seria a melhor alternativa para obtenção da luminosidade desejada. Diante disso, pesquisadores iniciam seus trabalhos a fim de encontrar o material adequado a ser utilizado no filamento. Neste contexto podemos destacar o inventor Thomas Alva Edison, que desenvolve seus trabalhos inventando a lâmpada de alto vácuo, com filamento de bambu carbonizado. A partir daí ele investe na ampliação e aproveitamento da eletricidade, criando sua companhia de energia elétrica, fornecendo energia em corrente continua. O importante inventor e empresário Thomas Edison que muito se destacou no século XIX, contribuindo para o advento do sistema de geração e distribuição de energia elétrica, nasceu em uma família de classe média, em 11 de fevereiro de 1847 na cidade de Milan Ohio, EUA. Sua vida escolar foi curta, pois tinha problemas na escola e segundo seu professor ele era muito questionador e inquieto. Sendo assim ele deixa a escola muito cedo, ficando sua mãe que era professora a responsável por sua educação, despertando-lhe o interesse pela ciência. Desde cedo Thomas começa a trabalhar para conseguir dinheiro para realizar seus experimentos. E aos 21 anos, tem registrada sua primeira invenção: a máquina de votar; porém não alcança o reconhecimento esperado. Buscando tornar-se um inventor independente, alcançando novos horizontes ele se muda para Nova Iorque. Após passar por um momento de muita dificuldade, ele tem seu contrato assinado para a empresa Western Union quando vende para ela sua invenção do indicador automático de cotações da bolsa de valores. Em torno de 1876, cinco anos após sua contratação já era um inventor famoso, e a amplitude de suas atividades impulsiona a construção do grande centro de pesquisa Menlo Park. Neste ambiente constituído de laboratórios e oficinas, rodeado de assistentes e técnicos capacitados, Edison propõe produzir a cada dez dias uma nova invenção, porém não conseguiu alcançar tal meta, mas é verdade que num período de quatro anos conseguiu patentear 300 inventos, dentre eles podemos destacar o fonografo, o microfone de carvão, cinetógrafo (máquina de filmar), vitascópio (projetor de filmes em tela), contador de eletricidade, ditafone, Cinetoscópio (caixa com imagens filmadas vistas no seu interior), lâmpada incandescente, a criação de uma central de energia elétrica dentre outros, que em conjunto modificaram o mundo, consagrando definitivamente a tecnologia (CORRÊA, 2011). No ano de 1882 a empresa The Edison Eletric Light Company pertencente a Thomas Edison, desenvolve a primeira central de energia elétrica do mundo para fins comerciais, localizada à Rua Pearl Street em Nova York. A usina que forneia energia elétrica em corrente continua para cerca de 59 clientes, contava com vários geradores movidos a vapor e por operarem em única voltagem, estes deveriam estar a 800 metros de distância dos pontos de consumo. Porém o sucesso de Edison logo é ameaçado pela chegada imponente das propostas do uso da corrente alternada, por seu rival Nikola Tesla que tencionava exceder as limitações da corrente continua (LAMARÃO, 2012; CORRÊA, 2011). Segundo FUKE (2010), o grande incentivador da corrente alternada, o servo- croata Nikola Tesla nascido em 10 de julho de 1856, desde os 19 anos progride nos estudos de engenharia elétrica quando ingressa na escola politécnica de Graz, na Áustria, ali ele conhece um campo de pesquisa que muito lhe intriga: a eletricidade; e desde este instante ele anseia por compreender as suas leis. Sua carreira profissional inicia-se por volta de 1881, quando se torna engenheiro eletricista na National Telephone Company em Budapeste. Em torno de 1882 passa a trabalhar na Continental Edison Company em Paris, aprimorando os equipamentos elétricos. É importante ressaltar que é neste período que ele idealiza o instrumento no qual acreditava ser possível gerar a corrente alternada, que até então era considerado impossível pelos cientistas, isto é o motor de indução. Visando ampliar seus conhecimentos sobre corrente elétrica, ele parte no ano de 1884 para os Estados Unidos onde começa a trabalhar na companhia de Thomas Edison, onde após conquistar o respeito do empresário, lhe foi atribuído à função de aperfeiçoar os dínamos de corrente continua, a fim de alcançar uma melhora na eficiência. Caso tal meta fosse realizada com êxito ele seria recompensado com 50 mil dólares. Sendo assim Tesla empenha durante um ano no aprimoramento de tais instrumentos, alcançando uma rentável eficiência para a empresa de Edison; porém não recebeu seu prêmio conforme convencionado, levando-o a se demitir (WHITE, 2003). Entretanto, enquanto desenvolvia seu notável trabalho na Edison General Eletric, Tesla tornou-se famoso nos círculos especializados. E assim, após sua demissão ele funda por volta de 1886 sua empresa: a Tesla Electric Light and Manufacturing Company. Porém seus investidores financeiros não apoiaram suas ideias de desenvolver o motor de corrente alternada, desde modo mais uma vez ele é levado a deixar o emprego se frustrando novamente. Porém após muitas lutas, as ideias de Tesla são acolhidas pelo também engenheiro GeorgeWestinghouse, dono da Westinghouse Electric Company, que financia o desenvolvimento de seus aparelhos e logo compra sua patente. Cabe esclarecer que até este período predominava a corrente continua divulgada e distribuída por Edison, porém os trabalhos de Tesla possibilitaram gerar e distribuir energia elétrica em corrente alternada, de modo a superar as limitações da sua concorrente (HARF, 2010). Figura 11- Fotografia do motor de indução, inventado por Nikola Tesla em 1882. Fonte: Disponível em www.teslasociety.com. Desta forma surge a conhecida batalha das correntes, onde duas ideias disputavam seu espaço. De um lado havia a corrente continua, que até o momento supria as exigências da sociedade, por outro lado a corrente alternada apresentava mais facilidade tanto na geração quanto na transmissão da energia, superando as dificuldades da sua concorrente em elevar a tensão de trabalho e ser transmitidas a longas distancias até chegar ao consumidor. Contudo as ideias de Tesla apresentavam mais vantagens, ganhando assim a preferência; porém Edison não satisfeito empenha em desestimular o uso da corrente alternada, para isso em sua campanha ele chega a executar animais por meio da eletrocussão, a fim de mostrar os riscos existentes na transmissão de corrente alternada, o que segundo ele não ocorria com a corrente continua. No entanto tais apelos não alcançaram o resultado desejado, pois foi à companhia Westinghouse utilizando às ideias de Tesla, a escolhida para o grande projeto de geração de energia que consistia em aparelhar as Cataratas do Niagara, a fim de produzir eletricidade, gerando energia suficiente para abastecer a indústria de Bufallo, em Nova York, marcando assim uma nova era da eletricidade. Em vista disso Nikola Tesla vence tal disputa, e a partir daí a corrente alternada foi legitimada como forma de produzir e distribuir energia (GUIMARÃES, 2010). Figura 12- A primeira grande usina hidrelétrica do mundo: a Niagara Falls em 1895, um ano antes do término das instalações. Fonte: Disponível em www.teslasociety.com Seção 1.5: Energia elétrica: o caminho percorrido da geração ao consumo A energia elétrica tornou-se indispensável para a sobrevivência do ser humano, sendo utilizado para os fins desde domésticos aos industriais. Atualmente, graças ao desenvolvimento tecnológico, tem-se uma diversidade de equipamentos eletrônicos nas residências, indústrias, hospitais dentre outros locais que pressupõe no suprimento de energia elétrica para seu funcionamento; desta forma a energia elétrica é essencial para o progresso tecnológico. Entretanto ela não é uma energia primária, ou seja, para sua produção é necessário utilizar uma fonte de energia primária, como por exemplo, o carvão, petróleo, gás natural, urânio, produto da cana, águas marítimas e fluviais, vento, sol dentre outras. Figura 13- Matriz elétrica do Brasil em 2011. Fonte: BRASIL, 2012, p. 31. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética, o Balanço Energético Nacional (BNE) aponta que em 2011, 81,7% da energia elétrica produzida no Brasil é proveniente das hidrelétricas, sendo esta a maior fonte de contribuição. Geralmente as fontes primárias são distantes da população consumidora, sendo necessária investir na transmissão da energia. Desta forma o sistema elétrico brasileiro é constituído da geração, transmissão e distribuição de energia. Na geração, grandes usinas produzem a energia elétrica que é então transmitida para subestação de energia, que normalmente eleva a tensão e a envia para os sistemas de transmissão de alta tensão. Em seguida é encaminhada para subestação próxima ao centro de consumo que gera a média e baixa tensão, e depois, através das linhas de distribuição, são transformadas para tensões apropriadas para ser entregue ao consumidor final, por meio da linha de serviço (Ferreira et al, 2010, p. 20). A Geração De Energia Elétrica No Brasil De acordo com o gráfico apresentado na figura 13, temos que a matriz elétrica no Brasil consiste no uso de fontes renováveis e não renováveis para geração de energia elétrica. Desta forma é importante esclarecer como essas fontes são empregadas nas usinas hidrelétricas, termelétricas, nucleares e eólicas, para a geração de energia. Atualmente a força das águas é utilizada nas hidrelétricas para a geração de energia elétrica. Estas por sua vez são formadas basicamente por: reservatório, barragem, vertedouro e casa de força. O reservatório surge quando a água é represada com a criação de uma barragem, esta por sua vez é construída para acumular a água. Já o vertedouro tem a função de controlar o nível de água do reservatório, principalmente na época de chuva, pois ele possibilita o escoamento da água diretamente no canal de fuga sem ter necessidade de passar pela casa de força. E por fim a casa de força é o local onde se opera a usina e estão localizados os grupos turbinas-geradores e auxiliares. Figura 14- Elementos principais de uma hidrelétrica. Fonte: Adaptada de www.portalsaofrancisco.com.br Nas usinas hidrelétricas, a energia elétrica é adquirida pela transformação de energia. Basicamente seu funcionamento consiste na transformação da energia potencial existente entre o nível do reservatório e o do rio após a barragem, em energia cinética quando a água que sai do reservatório é conduzida por meio de tubulações, sendo incidida nas pás das turbinas fazendo-as girar. Esta turbina está conectada a um gerador, que consequentemente entra em movimento, transformando a energia cinética em energia elétrica, após esse processo de geração a energia é transmitida para as subestações elevadoras, onde a tensão fornecida pelos geradores é elevada por meio de transformadores (MOTA, 2010). Figura 15- Figura esquemática de uma usina hidrelétrica. Fonte: www.portalsaofrancisco.com.br Enquanto nas usinas termelétricas o movimento do gerador é obtido pela combustão de combustível fóssil como o carvão, óleo derivado do petróleo ou gás natural, ou de combustível renovável como, bagaço de cana, folhas, galhos, sobras de colheitas lenha, carvão mineral e até mesmo o lixo orgânico. Independente do combustível as termelétricas apresentam funcionamento semelhante, que consiste no seguinte processo: Durante a queima do combustível na caldeira, esta gera vapor a partir da água que circula por uma extensa rede de tubos que revestem suas paredes. Este vapor é utilizado para movimentar as pás de uma turbina cujo rotor gira juntamente com o eixo de um gerador, efetuando assim a transformação da energia térmica em energia cinética e logo após em energia elétrica. Nesse sistema de geração, após a incidência do vapor nas turbinas ele é resfriado em um condensador, convertendo-se novamente em água, iniciando dessa forma um novo ciclo (SILVA e CARVALHO, 2002). Figura 16- Representação esquemática de uma usina termelétrica. Fonte: www.alterima.com.br/ Conforme afirma Pegollo (2006), nas usinas nucleares utiliza-se o urânio composto pelo U-235 (isótopo com 92 prótons e 143 nêutrons) como combustível, devido a sua propriedade de fissionar quando atingido por nêutrons de baixa energia. O processo de geração de energia consiste na fissão nuclear isto é, na quebra do urânio dentro de um reator nuclear, produzindo grande quantidade de calor, que servirá para aquecer a água em uma caldeira e transformá-la em vapor, a partir daí o método para geração de energia se assemelha as das usinas térmicas convencionais, a diferença está no combustível utilizado. Podemos destacar também as usinas eólicas, que utiliza a fonte alternativa da força dos ventos.Seu funcionamento consiste na transformação da energia cinética dos ventos em energia mecânica quando estes são incididos nas pás dos aerogeradores que são acoplados em geradores, que por sua vez são utilizados para converter a energia mecânica em energia elétrica. Entretanto estas usinas são instaladas em regiões que possuam ventos constantes (PENTEADO e TORRES, 2010). Figura 17: Componentes de um aerogerador. Fonte: www.alterima.com.br Cabe aqui esclarecer que todas as usinas geradoras de eletricidade assemelham-se pela utilização do gerador para efetuar a transformação da energia, porém a fonte primária que fornece a energia para que se efetue a rotação do gerador é o que diferencia os tipos de usinas. Dessa forma é importante destacarmos, neste contexto o princípio de funcionamento deste equipamento. Funcionamento Dos Geradores Os geradores são dispositivos capazes de converter energia mecânica em energia elétrica, eles são compostos basicamente por um rotor (imã), que gira no interior de um estator (bobina), causando o aparecimento de uma corrente elétrica. Quando é produzido nas espiras um movimento de rotação, através, por exemplo, do movimento de uma turbina nas hidrelétricas, há uma variação no fluxo magnético através da espira, fazendo surgir uma corrente elétrica no circuito devido à força eletromotriz induzida que aparece neste. Este fenômeno conhecido como indução eletromagnética obedece às leis de Faraday e de Lenz (MUSSOI, 2006). https://www.nucleodoconhecimento.com.br/wp-content/uploads/2019/03/figura-16-representacao-esquematica-de-uma-usina-termeletrica.png https://www.nucleodoconhecimento.com.br/wp-content/uploads/2019/03/figura-16-representacao-esquematica-de-uma-usina-termeletrica.png Para entendermos a Lei de Faraday é necessário conhecermos o conceito de fluxo magnético, e para isso analisaremos o caso de uma superfície de área plana de área A inserida em um campo magnético uniforme . Neste caso será designada por a normal a superfície, A e θ é o ângulo formado entre o campo magnético e a superfície normal, conforme indicado na figura abaixo. Figura 18- Representação do fluxo magnético sobre uma superfície plana. Fonte: disponível em: www.brasilescola.com Sendo assim, podemos definir o fluxo magnético representado pela letra Φ(fi), como sendo o produto entre o campo magnético, a área da superfície plana e o cosseno do ângulo formado, ou seja: Onde a unidade de fluxo magnético é definida pelo Sistema Internacional de Unidades (SI), como o weber (Wb). Desta forma podemos perceber que o fluxo magnético está relacionado ao número de linhas de indução que atravessam a superfície, assim sendo, podemos concluir que quanto maior o número de linhas que atravessam a superfície maior será o valor do fluxo magnético (LUZ e ALVARES, 2000). De acordo com Penteado e Torres (2010), agora poderemos enunciar as leis de Faraday, que ressalta que: sempre que houver uma variação do fluxo magnético através de um circuito, surgira uma força eletromotriz induzida (ε) neste circuito, que pode ser calculada pela equação: Onde é a taxa de variação do fluxo magnético, e N é o número de espiras. Já tendo discutido as situações em que uma corrente induzida aparece no circuito variando o seu sentido, podemos enfatizar as leis de Lenz que determina o sentido da corrente. Segundo afirma Luz e Alvares (2000), quando Faraday estudava o fenômeno da indução ele percebeu o fenômeno da alternância do sentido da corrente induzida, porém não conseguiu elaborar uma lei que possibilitasse definir tal fenômeno. Isto só foi possível após a divulgação do trabalho de Faraday, com os estudos do cientista russo Heinrich Lenz. Ele descobriu que o sentido da corrente induzida aparece de modo que origina um campo magnético induzido, que se opõe à variação do campo magnético indutor, observe na figura abaixo: Figura 19- Representação do sentido da corrente induzida em uma espira. Fonte: LUZ E ALVARES, 2000, p.299. Desta forma podemos interpretar a lei de Lenz da seguinte forma: Quando a corrente induzida é estabelecida em virtude de um aumento do fluxo magnético, o seu sentido é tal que o campo por ela criado tem sentido contrario ao campo magnético existente no interior do circuito. Quando a corrente induzida é estabelecida em virtude de uma diminuição do fluxo magnético, o seu sentido e tal que o campo por ela criado tem o mesmo sentido do campo magnético existente no interior do circuito (LUZ e ALVARES, 2000, p. 300). É importante destacar que nos geradores de corrente alternada enquanto a espira gira ¼ de volta, seu fluxo magnético está aumentando. Porém quando ela completa o ¼ de volta seguinte, o fluxo magnético está diminuindo. É por esta razão que a corrente induzida que surge no circuito tem seu sentido alternado. Os geradores existentes nas usinas hidrelétricas, termelétricas, eólicas e nucleares apresentam um funcionamento semelhante ao que foi descrito. Contudo pode-se afirmar que em todas as usinas geradoras de energia os geradores são indispensáveis. O Papel Das Subestações No Sistema Elétrico Brasileiro Após todo o processo de geração da energia elétrica é necessário conduzi-la as subestações elevadoras, pois os geradores de corrente alternada que regularmente geram uma tensão de 13,8 KV não podem fornecer as altas voltagens necessária para a transmissão. Desta forma nas subestações é possível aumentar as tensões por meio dos transformadores. É importante lembrar que os transformadores também são empregados para baixar a tensão nas subestações abaixadoras próximas aos centros de consumo. Portanto sem esses aparatos não seria possível à transmissão e distribuição da energia elétrica em corrente alternada (LEÃO, 2009). Os Transformadores O primeiro modelo comercial de um transformador foi construído por William Stanley por volta de 1885, quando este trabalhava para o empresário George Westinghouse. Seu trabalho foi baseado em projetos rudimentares da companhia Ganz e dos inventores Gaulard Lucien e Jonh Dixon Gibbs, sendo este utilizado pela primeira vez em 1886 no sistema de energia da Great Barrington, Massachussets pela empresa Westinghouse Electric Company, desde então passou por diversas modificações (diminuição de tamanho, aumento da eficiência, melhoramento da capacidade) e vem sendo utilizados nos diversos ramos da eletrônica (Edison Techcenter). O transformador ideal é um dispositivo elétrico que trabalha com corrente elétrica alternada, efetuando a modificação de uma tensão fornecida. Este aparelho é constituído basicamente de um núcleo feito de material ferromagnético, onde são enrolados fios de cobre eletrolítico, formando duas bobinas. Conforme podemos verificar na figura a seguir, a bobina que é ligada ao circuito que fornece a voltagem a ser transformada denomina-se enrolamento primário, e a bobina que recebe a tensão já transformada é nomeada enrolamento secundário (TORRES, FERRARO e SOARES, 2010). Figura 20- Representação esquemática de um transformador. Fonte: NEVES e MUNCHOW, 2010, p. 79. Quanto ao funcionamento do transformador, conforme afirma Gaspar (2003) está baseado no princípio da indução eletromagnética. Quando é aplicada uma tensão no enrolamento primário, uma corrente elétrica alternada passa a percorrer as espiras desse enrolamento, estabelecendo no seu interior um campo magnético que consequentemente imanta o núcleo de ferro. Devido à voltagem fornecida ser alternada o campo magnético estabelecido no núcleo de ferro, estará apresentando consecutivas oscilações, resultando em um fluxo magnético variante através do enrolamento secundário. Deste modo, sabemos que conforme menciona a lei de Faraday surgira uma voltagem induzidano enrolamento secundário. Sendo assim podemos escrever a partir da lei de Faraday, a relação entre as voltagens no primário e no secundário de um transformador ideal: Onde N2 é o número de espiras no enrolamento secundário, e N1 é o número de espiras no enrolamento primário. Desta forma podemos demonstrar que se o número de espiras no enrolamento secundário e maior que no enrolamento primário (N2>N1) o transformador é usado para elevar a voltagem, e no caso inverso (N2são as usinas hidrelétricas de grande porte (com potência acima de 30 MW) e as usinas termelétricas movidas a carvão mineral, óleo combustível, gás natural ou nucleares, consumindo neste último caso o urânio enriquecido. Como fontes alternativas de energia elétrica existe uma gama de possibilidades, incluindo energia solar fotovoltaica, usinas eólicas, usinas utilizando- se da queima da biomassa (madeira e cana de açúcar, por exemplo), pequenas centrais hidrelétricas, e outras fontes menos usuais como as que utilizam a força das marés. A maior parte da energia elétrica gerada no Brasil é proveniente de usinas hidroelétricas. O Brasil apresenta um grande potencial hidráulico para a geração de energia elétrica. Uma parte deste potencial se encontra aproveitada. Há atualmente mais de 110 usinas hidrelétricas em funcionamento. Por outro lado, há muitos locais nos quais essa modalidade de energia primária ainda pode ser explorada, principalmente na Amazônia. Nas grandes usinas geradoras o nível de tensão na saída dos geradores está normalmente na faixa de 6 a 25 kV. No caso das hidroelétricas e termelétricas os geradores são do tipo síncrono operando na freqüência nominal de 60 Hz, que é a freqüência dos sistemas elétricos brasileiros. Observase que as máquinas da maior usina do Brasil, a Usina de Itaipú- Binacional, do lado paraguaio funcionam em 50 Hz, mas são interligadas por um sistema de corrente contínua com a região Sudeste do Brasil. Conversores retificadores são utilizados para produzir a corrente contínua em Foz do Iguaçu - PR, enquanto que em Ibiúna -SP há inversores para produzir a corrente alternada. A tensão de saída dos geradores é ampliada a níveis mais altos por meio dos transformadores elevadores das usinas. Isto é feito para viabilizar as transmissões a média e longa distâncias, diminuindo-se desta forma, a corrente elétrica e, portanto possibilitando o uso de cabos condutores de bitolas razoáveis, com adequados níveis de perdas joule e de queda de tensão ao longo das linhas de transmissão. O planejamento de novas usinas necessárias para o suprimento do mercado de energia de uma região é realizado buscando-se minimizar o custo final da energia entregue aos consumidores. O custo da energia entregue compreende os custos de implantação da usina, de operação e de manutenção (O&M) e os custos do sistema de transmissão. Estes últimos incluem os investimentos, custos de O&M e o custo das perdas de potência. Com relação às fontes convencionais observa-se que as usinas térmicas apresentam, em geral como característica básica, um menor custo de construção, maior custo de operação e de manutenção, possibilidades de serem alocadas mais próximas do mercado consumidor e a possibilidade de operação a plena carga garantida (supondo-se não haver qualquer tipo de restrição à obtenção do combustível e excluindo os períodos de manutenção programada ou forçada). Em vista dos custos praticamente proibitivos do óleo combustível em países importadores de petróleo, as alternativas de geração térmica têm como principais opções as usinas nucleares, as térmicas a carvão e mais recentemente no Brasil as térmicas a gás natural. No caso de geração nuclear, as usinas normalmente são situadas o mais próximo possível dos locais de consumo com o objetivo de minimizar os custos da transmissão. Tais localizações dependem também dos aspectos de segurança e conservação ambiental. As usinas térmicas a carvão (ou a gás) podem ser situadas remotamente junto à mina de carvão (ou local das reservas de gás), necessitando de maiores redes de transmissão da energia gerada até os centros consumidores, ou situadas nas proximidades da carga, local aonde seria transportado o combustível (carvão ou gás). Dependendo do montante da potência envolvida, esta última alternativa tende a ser menos atraente, devido principalmente aos problemas de poluição ambiental. As usinas hidrelétricas por sua vez apresentam alto custo inicial, baixo custo de operação e de manutenção, produção de energia condicionada à hidrologia e necessitam longos sistemas de transmissão por se localizarem cada vez mais distantes dos centros consumidores a medida que os potenciais próximos se esgotam, como é o caso brasileiro. No Brasil, por serem abundantes os recursos hidráulicos disponíveis, o abastecimento do mercado de energia elétrica tem sido efetuado preponderantemente através de usinas hidrelétricas. Após utilização dos aproveitamentos hidrelétricos próximos aos grandes centros consumidores, o suprimento do mercado brasileiro poderá ser suplementado então por intermédio de usinas térmicas e dos grandes aproveitamentos hidrelétricos localizados na Amazônia, (bacias dos rios Xingu, Tapajós e Madeira). Devido aos longos prazos de maturação de projetos de geração e transmissão dessa envergadura, o Brasil vem desenvolvendo, desde algum tempo, estudos para verificação da viabilidade técnica e dos custos associados à transmissão da energia da Amazônia para as regiões Nordeste e Sudeste, Centro-Oeste do país, na qual estão envolvidas distâncias superiores a 2000 km. Seção 2.3: Transporte de energia elétrica Junto às usinas, subestações elevadoras transformam a energia para um nível de tensão adequado, o qual é função da potência a transportar e às distâncias envolvidas. O transporte de energia é realizado por diferentes segmentos da rede elétrica que são definidos com base na função que exercem: • Transmissão: redes que interligam a geração aos centros de carga. • Interconexão: interligação entre sistemas independentes. • Subtransmissão: rede para casos onde a distribuição não se conecta a transmissão, havendo estágio intermediário de repartição da energia entre várias regiões. • Distribuição: rede que interliga a transmissão (ou subtransmissão) aos pontos de consumo sendo subdividida em distribuição primária (nível de média tensão - MT) ou distribuição secundária (nível de uso residencial). As tensões usuais de transmissão adotadas no Brasil, em corrente alternada, podem variar de 138 kV até 765 kV incluindo neste intervalo as tensões de 230 kV, 345 kV, 440 kV e 500 kV. Os sistemas ditos de subtransmissão contam com níveis mais baixos de tensão, tais como 34,5 kV, 69 kV ou 88 kV e 138 kV e alimentam subestações de distribuição, cujos alimentadores primários de saída operam usualmente em níveis de 13,8 kV. Junto aos pequenos consumidores existe uma outra redução do nível de tensão para valores entre 110 V e 440 V, na qual operam os alimentadores secundários. As redes com tensões nominais iguais ou superiores a 230 kV são denominadas de Redes em EHV - Extra Alta Tensão e no Brasil formam a chamada rede “Básica” de transmissão. As redes com tensões nominais iguais e entre 69 kV e 138 kV são denominadas Redes em AT – Alta Tensão. As redes com tensão nominal entre 1 kV e 69 kV são denominadas Redes em MT – Média Tensão (ou em Tensão Primária) e os sistemas com tensões abaixo de 1 kV formam as Redes em Baixa Tensão (ou em Tensão Secundária). No Brasil existe um sistema que opera em corrente contínua, o Sistema de Itaipu, com nível de tensão de ± 600 kVDC. Para se escolher transmissão entre sistemas de corrente alternada ou corrente contínua são feitos estudos técnicos e econômicos. Sistemas de corrente contínua começam a se mostrar viáveis para distâncias acima de 600 ~ 800 km. No caso de transmissão em corrente alternada, o sistema elétrico de potência é constituído basicamente pelos geradores, estações de elevação de tensão, linhas de transmissão, estações seccionadoras e estações transformadoras abaixadoras. Na transmissão em corrente contínua a estrutura é essencialmente a mesma, diferindo apenas pela presença das estações conversoras junto à subestação elevadora (para retificação da corrente) e junto à subestação abaixadora (para inversão