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Relatório documentário "Baraka- Um Mundo Além das Palavras"

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Universidade Federal de Sergipe
Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Relações Internacionais
História das Relações Internacionais I
Prof. Dr. Lucas Miranda Pinheiro 
Aluna: Raissa Amatori
Baraka, um mundo além das palavras.
Baraka é um documentário cujo objetivo é explicar, mediante o uso da música e das imagens, a criação e a evolução da terra. O subtítulo do documentário por si só já remete a uma narrativa cujos centros articuladores vão além da linguagem comum. Esse status empírico “além das palavras” pressupõe um tipo de conhecimento prévio, através do qual são assimiladas informações reducionistas e simplificadoras. Baraka apresenta um começo, no qual o ser humano, em seu nível supostamente primitivo, vive em harmonia e unidade com o universo. Tal análise pode ser feita a partir das diversas danças e ritos praticados e mostradas pelas tribos. O documentário abre-se com a aparição de um macaco, as quais expressões são homólogas, e por isso comparadas, ás de vários seres humanos filmados no próprio documentário. O filme utiliza continuamente o método comparativo como auxílio na construção e caracterização das realidades apresentadas. Continuando, é mostrada a criação das religiões em ordem cronológico, com algumas regressões, como no caso do judaísmo; o qual é introduzido e retomado várias vezes com saltos temporais colocados estrategicamente para incentivar a reflexão do espectador. As religiões são apresentadas antes das primeiras tribos, fato que pode criar um certo estranhamento e pode dificultar na criação de uma imagem clara e completa do quadro. Esse fenômeno pode ser explicado e compreendido pelo auxilio do título, o qual por si só, remonta ao conceito de que a vida é uma benção divina e cada povo, desde o começo de nossos dias, realizou ritos para se sentir protegido e poder dar graças a um ser supremo. Portanto, é possível afirmar que o documentário, no contexto da globalização como aqui mostrado, retoma a construção das civilizações como plano fundamental do cenário atual. Afinal as pessoas se definem em termos de antepassados, religião, idioma, história, valores, costumes, instituições: em nível mais amplo civilizações. Em uma ordem mundial em que as principais fontes de conflito são de origem cultural, a afirmação de identidades adquire especial relevância. O próprio Samuel Huntington destaca a necessidade de se estabelecer um consenso sobre as bases da cultura do país antes de definir quais são os interesses dele. O autor reconhece que "Nós só sabemos quem somos quando sabemos quem não somos e, muitas vezes, quando sabemos contra quem estamos". Em função dessa dinâmica, Baraka põe na frente do espectador continuas dicotomias: Ricos e Pobres, Oriente e Ocidente, Norte e Sul, Centro e Periferia, Paz e Guerra, Nós e Ele. A efemeridade do homem é ainda mostrada pelo seu contraste com a grandeza de suas obras. Uma grande mesquita é o fundo de uma cena em que um homem, comparativamente pequeno, faz suas orações. Portanto o ser humano só pode aceitar sua pequenez e sua humilde condição e contemplar imóvel e inerme o mundo a seu redor: como faz o monge em relação ao macaco. Usando como recurso a aceleração do tempo notam-se evidente regularidades de práticas sociais. A intensa repetição em tempo acelerado parece criar uma condição em que o homem perde sua condição humana e passa a viver sob o ritmo das máquinas, anulando o sentido de sua existência. 
A explosão de minas e a derrubada de árvores constitui a imagem de um mundo em 
decadência, possuindo um caráter mesmo de revolução tecnológica. Aqui o índio se cala frente à chegada devastadora das tecnologias. Interrompe-se a música, para que o som seja o de uma árvore caindo. A caída da árvore marca o ponto no qual o ser humano rompe com está relação tão vital e começa a mudar seu estilo de vida. O ser humano vive como um elemento fora da natureza, e começa a dominar e destruir a mesma, vive em um artifício urbano no qual o elemento natural está praticamente ausente. O ser é sistematizado e se concretiza no que é chamado de Revolução Tecnológica. È feita, por exemplo, a comparação do ser humano sistematizado com a fábrica de frango. A pergunta que surge espontânea é a seguinte: Será que a evolução da humanidade, em termos materiais e de teorias, cada vez mais sofisticadas, vem garantindo à grande maioria da humanidade uma boa qualidade de vida? Segundo Jaime Pinsky a riqueza técnica e o progresso material não representam necessariamente garantia de riqueza espiritual, artística ou de organização social. Essas "civilizações" utilizam apenas o que necessitam, cuidam do meio ambiente e vivem em um meio mais relaxante. Existem coisas que existem apenas porque uma pessoa crê que existem, sem dúvida alguma essas tribos beneficiam de um grande dom; o de não conhecer esse mundo pseudo - evoluído. Como mostrado no começo do documentário, o ser humano inicialmente, em seu status supostamente primitivo, tem uma relação de harmonia e unidade com o universo.Os seres humanos desta primeira parte tinham “falsa” vida, caracterizada pela liberdade e a felicidade, algo que hoje em dia é difícil de conseguir devido ao sistema de sociedade e no qual vivemos. Logo são mostradas as conseqüências desse sistema; o cenário de pobreza e de fome no qual muitos seres humanos vivem cria um verdadeiro choque quando comparado nos termos de civilização. As cenas finais caracterizam-se por uma volta ao início mas dessa vez é mostrada a morte dos impérios. As ruínas de antigas civilizações mesopotâmicas e a egípcia são enquadradas mais como falimento do que como “tesouros da humanidade”, forma usualmente tratada. A música cria um sentimento de desolação, como se aquele fosse o destino inevitável de todas as civilizações baseadas no poder, na desigualdade social e no uso da força. Afinal, segundo Jean Baptiste Durosselle: Todo império perecerá. A figura do eclipse indica o recomeço, remetendo às cenas anteriores e criando uma concepção cíclica da própria existência do indivíduo.

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