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DDS NEGATIVISMO

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O negativismo faz mal para você, para a sua carreira
 e para os que o Cercam!
Não vai dar certo. _Quantas vezes você já ouviu o colega da mesa ao lado pronunciar essa frase? É uma ladainha sem fim: Meu chefe não me dá valor. Trabalho feito um louco, mas salário que é bom, nada. Essa empresa não me ajuda a planejar minha carreira. Ninguém me fala o que está acontecendo. Minhas idéias não são levadas a sério. Esse país é uma droga. Se fosse um desenho animado, certamente esse colega teria uma nuvenzinha cinza sobre a cabeça.
 O que fazer?
_ Bem, o melhor é não dar atenção e não se deixar levar pelo pessimismo alheio.
Mas e se é você quem faz as queixas? Nesse caso, cuidado. Os ranzinzas, reclamões e negativistas costumam ter mais problemas no emprego que os demais. A conta:
 * O negativismo contamina.
 * Ele baixa a produtividade - a sua e a de quem você contaminou.
 * Ele emperra a sua carreira e faz de você um chato.
Reclamação e tristeza constantes podem ser uma doença ou um padrão de comportamento. Para ambos os casos, há jeito. A doença atende pelo nome de distimia. Trata-se de uma depressão leve, persistente, de evolução crônica. Em recente palestra no Brasil, o médico americano Andrew Nierenberg apresentou um trabalho conjunto da faculdade de medicina de Harvard e da universidade de Pittsburg, entre outras, que estima em 3% a 6% o número de distímicos entre a população americana. É muita gente. Metade dessas pessoas, segundo o estudo, não é devidamente tratada. Eis o retrato do distímico:
* É deprimido e triste na maior parte do dia, na maioria dos dias.
* Tem diminuição do apetite ou, por outro lado, come demais.
* Tem baixa energia ou fadiga.
* Tem baixa auto-estima.
* Tem dificuldade ao tomar decisões e problemas de concentração.
 É preciso ter esse quadro por 2 anos seguidos para ser considerado um distímico, segundo os manuais médicos. "O distímico tem um enorme descontentamento em relação a si próprio e à vida", diz o psiquiatra Ricardo Alberto Moreno, chefe do grupo de doenças afetivas (categoria da qual a distimia e a depressão fazem parte) do Hospital das Clínicas da USP. "Ele tem uma sensação de insatisfação generalizada, instabilidade no humor e, quando dorme, acha que não teve um sono reparador". Os distímicos também pensam (e às vezes cometem) em suicídio.
Os distímicos conseguem passar de ano na escola, tiram o diploma e arranjam um emprego, mas têm um desempenho mediano porque não exploram o seu próprio potencial. Sua tristeza não é devida a um fato
 episódico, uma morte na família, por exemplo. "Um luto traz uma tristeza que dura em torno de 6 meses", diz Moreno. "A tristeza do distímico persiste ao longo do tempo."
PERSONALIDADE - Nem todos os reclamões do mundo, porém, encaixam-se entre os distímicos. Há quem seja assim por questão de personalidade. Também nesse caso dá para dar um jeito - embora a receita pareça ser
 um tanto quanto prosaica. Basta procurar encarar o mundo pelo seu lado positivo. Num esquema otimista, alguém sobrecarregado de trabalho, por exemplo, tende a enxergar a si próprio mais ou menos assim: "Puxa, meu chefe me dá um monte de coisas porque confia em mim. São tarefas importantes; eu sou importante. Mas talvez eu não dê conta. Quem sabe não consigo com que ele contrate alguém para me ajudar?" Num esquema
 pessimista, o sujeito pensa no quanto ele é explorado e o quanto a empresa é injusta, dando-lhe tarefas para as quais ele não é remunerado o suficiente para executar.
Enxergar o mundo de uma ou de outra forma, segundo o psicoterapeuta João Augusto Figueiró, do Hospital das Clínicas da USP, dependerá do que lhe foi transmitido durante a infância e a adolescência. Dependerá dos exemplos que viu dentro de casa ou na escola. "Se você tem uma mãe muito assustada com assaltos, provavelmente vai andar mais atento e vai ver mais ladrões nas ruas, nos jornais e no mundo do que alguém
 cuja mãe não estava muito preocupada", diz Figueiró.
VENTO CONTRA - Reclamar ou estar triste uma vez ou outra, claro, é normal. Há dias em que alguém da família está doente, o pneu do carro furou, a cabeça dói. Tudo bem. O problema é quando se está triste, emburrado ou queixoso todos os dias, faça chuva ou faça sol. "O pessimista causa enormes prejuízos para as empresas porque ele é o vento contra; é aquela figura que acha que tudo vai dar errado e, com seu pensamento, contamina o resto da equipe", diz Figueiró. "Por isso é importante que as empresas tenham programas para mudar esse tipo de comportamento."
No trabalho, esse cidadão pode ser do tipo que falta muito ou vive atrasado, que não assume riscos, não dá sugestões. É um comportamento que custa caro para o próprio queixoso. Estudos mostram que quem
 reclama demais tem dores físicas (nas costas ou cabeça) e baixa resistência imunológica, abrindo portas para uma infinidade de doenças.
Se você acha que pode estar entre os distímicos, procure um bom psiquiatra. Segundo os médicos, antidepressivos e psicoterapia são ainda o melhor caminho para controlar a doença e viver de bem com a vida. Se o seu problema é de personalidade, mude de postura e comece a encarar as coisas pelo lado positivo. Em momentos de raiva, vale aquele velho conselho de sua avó: conte até 10. Isso lhe dará tempo de avaliar a situação sob outro ângulo e tomar decisões que condizem com a situação, sem exageros. Outro conselho útil: tente imaginar-se sempre no lugar do outro, entendendo os pontos de vista desse outro. Siga, também, a sugestão do psiquiatra Mark Goulston, da Califórnia, dada em entrevista à revista Fortune: faça uma lista de tudo aquilo que lhe deu prazer nos últimos 20 anos, incluindo as coisas que saíram melhor do que você esperava, e de todas as pessoas a quem você se sente agradecido por alguma razão. "Isso parece bastante simplista, mas faça de qualquer jeito", diz Goulston. Por quê? "Porque você vai descobrir que não pode sentir-se agradecido e aborrecido ao mesmo tempo."
Você acha que o seu salário é baixo? Encare o fato pelo seguinte ângulo: segundo relatórios do Banco Mundial, 1,3 bilhão de pessoas ganha menos de 1 dólar por dia. Menos de 1 dólar por dia. Isso significa que para pelo menos 20% da população do globo você é tão rico quanto Bill Gates. Bem, se depois disso você continua achando seu salário baixo, tudo bem. Batalhe para aumentá-lo, mas sem lamúrias. Isso não ajuda em nada.
Mário Augusto Roble Crepaldi, supervisor de recursos humanos da Fuji, diz que conhece um a um, nome e sobrenome, os 150 funcionários da matriz da empresa em São Paulo (são 550 no país). Ele diz também que sabe exatamente quem são os queixosos e do que eles se lamentam. "É interessante", diz ele. "Essas pessoas costumam reclamar do que não têm e se esquecem do que já conquistaram." Exemplo: reclamam de benefícios que a empresa não dá, mas não levam em consideração os benefícios que ela dá. "Eles reclamam de coisas como 'a empresa não investe na minha carreira'", diz. "E se esquecem de que a carreira é uma questão de ir buscar. A empresa dá ferramentas, mas é a pessoa que tem de se esforçar."
"BOM DIA" - A Fuji tem muitas ferramentas para varrer o pessimismo de seus escritórios: campanhas de motivação, treinamentos, planos de carreira e previdência privada, entre outras coisas. Mas às vezes nem tudo isso é suficiente para que o pessimista deixe suas ladainhas do lado de fora da empresa. Por isso, a Fuji planeja fazer terapia em grupo no próximo ano. Quer, assim, ajudar cada funcionário a enxergar sua própria situação para que eles tentem se aprimorar no que for possível.
Enquanto esses dias não vêm, Crepaldi costuma usar algumas técnicas para espantar o mau humor do ambiente. "Devolvo a reclamação na brincadeira ou muito a sério porque os contrapontos ajudam a pessoa a mudar de idéia", diz. Se a pessoa reclama de um benefício que não tem, por exemplo, ele devolve algo do tipo: "Você já viu como funciona da empresa x?"
O diretor de recursos humanos doMappin, Nélson Savioli, acha que motivar é obrigação de qualquer chefe. "Um líder tem que saber transformar o ambiente de trabalho em ambiente de abertura e de bom humor. Só assim você tira espaço e neutraliza os mal-humorados, evitando que o pessimismo se espalhe", diz. Uma de suas técnicas para melhorar o astral no escritório é dar um sonoro "bom dia", logo pela manhã. "As pessoas ficam se perguntando: por que esse cara está tão contente hoje? Elas sorriem para você e acabam contagiadas pelo seu positivismo", diz Savioli. Recentemente, Savioli implantou um projeto em seu departamento que funciona como um "termômetro emocional". Trata-se de um quadro de alfinetes coloridos que ele copiou da Fiat. "Com ele, posso saber como os 30 membros de minha equipe estão se sentindo a cada dia."
Há 5 anos, os primeiros Quadros Emocionais da Fiat começaram a ser instalados na fábrica de Betim, inspirados em modelos de gestão japoneses. "Era um jeito de dar um ar humano às frias linhas de montagem", diz César Rocha, gerente da unidade de motores, onde o projeto começou a ser implantado. Quem anda pela fábrica vê painéis com fotos de cada funcionário, nome, data de admissão e 3 faixas coloridas. O verde significa "estou bem"; o amarelo, "mereço atenção"; e o vermelho, "estou mal". Todos os dias os funcionários põem 1 pino
 transparente sobre uma dessas faixas. "Qualquer pessoa que escolha o vermelho será procurada imediatamente pelo seu chefe para conversar a respeito", diz Rocha.
MAIS COLEGUISMO - O chefe analisa o problema do funcionário e conclui se é melhor mudá-lo de máquina (é sabido que pessoas tristes ou deprimidas têm maior risco de acidente de trabalho), se é preciso encaminhá-la à assistente social ou mesmo ao ambulatório médico. "A pessoa se sente valorizada e tem dentro da fábrica um apoio que às vezes não tem na própria casa", diz Rocha. "Diminuímos o absenteísmo e aumentamos o coleguismo." Também os tímidos, que raramente procuravam a ajuda de um chefe, sentiram-se mais encorajados a falar de seus problemas. O projeto é levado a sério: nas 15 000 fotos dos participantes não há um único bigodinho ou qualquer outro tipo de graça em relação às imagens dos colegas. Pelo termômetro da Fiat, pode-se saber, por exemplo, quando o Cruzeiro perde do Atlético Mineiro, por exemplo. Nesses dias, há um sensível aumento nos pinos amarelos. Mas 24 horas depois, tudo está nos eixos novamente.
Futebol... Eis uma razão para tristeza e desconsolo capaz de derrubar qualquer coração torcedor. Compreensível e normal. Anormal é o eternamente triste, o eternamente emburrado, o reclamão, o insatisfeito. É normal estar insatisfeito. Em muitos casos isso é até saudável já que é a insatisfação (e o desejo de ter mais do que temos) que nos leva a arriscar, a tentar, a progredir, a querer avançar. Anormal é quando essas emoções são tão fortes que se sobrepõem à motivação, à vontade de se levantar da cama, ao sonho de ser querido, à idéia de ter uma razão de viver. Então, é hora de agir.
 Por Roberta Rossetto@email.abril.com.br
DIA 14/03/05

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