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O DIREITO O Ser Não-Humano CURSO DE DIREITO BÁRBARA LISLEY NUNES ROCHA O DIREITO DOS ANIMAIS: Humano como Sujeito de direitos Manhuaçu - MG 2014 como Sujeito de direitos O DIREITO O Ser Não-Humano CURSO DE DIREITO BÁRBARA LISLEY NUNES ROCHA O DIREITO DOS ANIMAIS: Humano como Sujeito de direitos Resenha crítica apresentado pelo (a) academico (a): Bárbara Rocha requisito parcial para aprovação nas disciplinas de: Psicologia Jurídica , Direito Constitucional, e Teoria Geral do Processo, ministrado pelo : Milene Coelho de Oliveira Marques de Azevedo Ferreira Nolasco Pereira Manhuaçu – MG 2014 2 como Sujeito de direitos esenha crítica apresentado pelo (a) Bárbara Rocha , como requisito parcial para aprovação nas Psicologia Jurídica , Direito Teoria Geral do , ministrado pelo(s) professor(es) Milene Coelho de Oliveira , Msc. Eder Marques de Azevedo e Diogo Abineder co Pereira. 3 1 OS ANIMAIS COMO SUJEITOS DE DIREITOS Resumo: Os direitos de personalidade do ser humano lhes pertencem como indivíduo, e se admitirmos que o direito à vida é imanente a tudo que vive, podemos concluir que os animais também possuem direitos de personalidade, como o direito á vida e ao não sofrimento. E tal como os juridicamente incapazes, seus direitos são garantidos por representatividade, tornando-se esses direitos deveres de todos os homens. Palavras-chave: Personalidade, Direito dos animais, e Meio ambiente. 2 INTRODUÇÃO A presente resenha ,objetiva por meio de pesquisas analisar de forma crítica, o entorno dos direitos humanos extendidos aos animais implicando assim no seu reconhecimento como sujeito de direitos, o que já é concebido por grande parte de doutrinadores jurídicos de todo o mundo. [...] O biocentrismo se levanta como um complemento da visão uniteral antropocêntrica – dotada de viés econômico – buscando conciliar a integração entre o homem e o meio ambiente, cada um com seu valor. Desse modo, a corrente biocêntrica inclina-se melhor na defesa dos direitos dos animais ao sustentar que estes sejam sujeitos de direito tal como o próprio homem. 1 Em defesa desta concepção pode-se constar que , assim como as pessoas jurídicas ou morais possuem direitos de personalidade reconhecidos desde o momento em que registram seus atos constitutivos em órgão competente, e podem comparecer em Juízo para pleitear esses direitos, também os animais tornam-se sujeitos de direitos subjetivos por força das leis que os protegem. Conforme apresenta a Declaração Universal dos Direitos dos Animais: (...) todos os animais possuem direitos; (...) o reconhecimento pela espécie humana do direito à existência das outras espécies animais constitui o fundamento da coexistência das outras espécies no mundo 2. Em suma: 1 AZEVEDO, 2014, p. 13 2 UNESCO, 1978 4 [...] há uma corrente vanguardista assumida por ambientalistas como Laerte Fernando Levai que inova ao entender que os animais, são sujeitos de direito, tanto por força de leis ambientais biocêntricas (como a Lei nº 9.605/98,), como por possuírem capacidade postulatória.3 Embora não tenham capacidade de comparecer em Juízo para pleiteá-los, o Ministério Público recebeu a competência legal expressa para representá-los em Juízo, quando as leis que os protegem forem violadas. Daí, pode-se concluir com clareza que os animais são sujeitos de direitos, embora esses tenham que ser pleiteados por representatividade, da mesma forma que ocorre com os seres relativamente incapazes ou os incapazes, que, entretanto, são reconhecidos como pessoas. Se cotejarmos os direitos de uma pessoa humana com os direitos do animal como indivíduo ou espécie, constatamos que ambos tem direito à defesa de seus direitos essenciais, tais como o direito à vida, ao livre desenvolvimento de sua espécie, da integridade de seu organismo e de seu corpo, bem como o direito ao não sofrimento. Querer desvencilhar-se de uma situação que representa a sua possível extinção ou que venha a lhe provocar dor é típico de sujeitos de uma vida. Pedras, cadeiras, plantas não agiriam dessa maneira .Como expõe Tainá Cima Argôlo: [...] Hoje sabemos que os grandes primatas possuem atributos mentais muito semelhantes aos da espécie humana, e que a exclusão deles da nossa comunidade de iguais é moralmente injustificável, arbitrária e irracional, uma vez que em termos biológicos, não pode haver nenhuma categoria natural que inclua os chimpanzés, gorilas e orangotangos e exclua a espécie humana. Não existe nenhuma diferença ontológica entre a espécie humana e os animais, o que nos leva a concluir que nada justifica a exclusão deles da nossa esfera de consideração moral, mesmo porque, assim como nós, essas criaturas possuem os interesses fundamentais pela vida, liberdade e integridade física e psíquica. O fato de o homem ser juridicamente capaz de assumir deveres em contraposição a seus direitos, e inclusive de possuir deveres em relação aos animais, não pode servir de argumento para negar que os animais possam ser sujeitos de direito. É justamente o fato dos animais serem objeto de nossos deveres que os fazem sujeitos de direito, que devem ser tutelados pelos homens por meio dos remédios constitucionais, tal como o Habeas Corpus. 3 AZEVEDO, 2014, p.13 5 Acontece que numa sociedade livre e comprometida com a garantia da liberdade e com a igualdade, as leis evoluem de acordo com a maneira que as pessoas pensam e se comportam e, quando as atitudes públicas mudam, a lei também muda, embora essa mudança costume ser lenta e vagarosa, pois as forças do conservadorismo são invariavelmente mais poderosas a curto prazo do que as forças reformistas. Na verdade, toda idéia responde a um padrão de mudança no tecido moral da sociedade, e não há dúvida de que o lugar dos animais tem mudado da periferia para o centro do debate ético, e o próprio fato da expressão “direitos dos animais” ter se tornado comum ao vocabulário jurídico é um sintoma dessa mudança.4 Heron José de Santana Gordilho ainda relaciona a socialização dos primatas ao dos Seres Humano: As sociedades dos primatas, por exemplo, são baseadas na cooperação, divisão social do trabalho, estratégias de manipulação, punição e reconciliação. Além disso, gorilas, chimpanzés, bonobos e orangotangos, assim como os humanos, possuem mesmo uma inteligência capaz de resolver problemas sociais, atributo este que lhes facilita a sobrevivência e a reprodução5. 3 CONCLUSÃO Compreende-se, diante do exposto, que os animais são entes despersonificados que possuem portanto alguns direitos fundamentais que a eles tem,e devem ser reconhecidos através do código civil. Os animais, diante de capacidade jurídica postulatória, são representados em juízo pelo Ministério Público – curador do meio ambiente – e também por associações de proteção aos animais, desde que legalmente constituídas e em funcionamento há mais de um ano. Desta forma, percebe-se que o termo “ sujeito “ não significa pessoa, nem tão pouco o ente humano racional, excluindo qualquer outra entidade desta acepção.Para a gramática, sujeito é o termo da oração do qual informamos algo ou alguma coisa, não precisando ser necessariamente o ser humano. Mas, para o direito sujeito é mais do que um termo é, antes de tudo, uma garantia, um atributo jurídico. Os animais, dentro das perspectiva exposta perantes esta resenha, devem ser encarados como seres dotados de uma personalidade sui generis, específica e 4 ARGOLO, 2012, p. 13 e 14. 6 peculiar a sua condição diferenciada dentro do meio ambiente. Tanto o ser humano, como os demais seres vivos, possuem uma função específica dentro do meio, e garantir a manutenção de seus processos funcionais é respeitar a condição existencial de cada um dentro de seu espaço natural. A personificação do animal e a defesa de seus “direitos” são alegadas por vários filósofos e juristas dentre os quais se destaca o filósofo Peter Singer, que defende a igualdade entre todos os seres e sustenta a tese de que, o especismo é um preconceito indefensável e semelhante em tudo ao racismo , uma vez que dispõe os animais fora da consideração moral, considerando os mesmos meros objetos.5 LOURENÇO (2008) em brilhante defesa da tese do animal como sujeito de direito, aduz que existem sujeitos de direitos personificados e despersonificados. Dentre os primeiros é possível citar as pessoas humanas e as pessoas jurídicas. Segundo o autor, o mesmo ocorre com os não-personificados, dentre os quais pode- se citar os despersonalizados humanos, como o embrião e os não-humanos, como os entes do artigo 12 do Código de Processo Civil e os animais. O Direito Ambiental, por sua vez, por ser considerado um ramo especial do direito os chamados direitos de 3ª geração, materializa poderes de titularidade coletiva e ultrapassa a visão individualista, superando a dicotomia entre o público e o privado, ficando além das relações de direitos entre homens, posto que dotada de cunho atemporal e intergencial6. Para esse ramo do direito, a fauna, outrora considerada res nullium é considerada bem de uso comum do povo, ou seja, res omnium, haja vista que o art. 225 assim dispõe. Nas palavras de SEGUIN (2006, p. 94): O Direito Ambiental transforma o objeto, dando-lhe uma nova versão, que guarda similitude com os que o compõem sem perder sua individualidade. É um novo direito, com regras novas. Assim, a proteção jurídica conferida pelo Direito Ambiental, visa à preservação da vida em todas as suas formas , e nestes termos, é admissivel o habeas corpus em beneficio dos animais, visto que são sujeitos de direito como seres sencientes não podendo mais ser considerados como bens ou coisas. 5 SINGER, 2004 6 SEGUIN, 2006, p. 946. 7 Deve-se considerar a vontade autônoma das normas para adequá-las à realidade social, em razão de mudanças históricas, sociais ou políticas, atribuindo- lhes novos sentidos, e a estes seres Não-Humanos o direito de ser representado em Juízo pelos homens contra maus tratos e atos de exploração, como forma de desafiar os limites do sistema jurídico e ,proteger o meio ambiente juntamente com a nossa Humanidade. 8 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ACKEL FILHO, Diomar. Direito dos animais. São Paulo: Themis, 2001. ARGOLO, Taina Cima. Animais Não Humanos Encarados Como Sujeitos De Direitos Diante Do Ordenam. Disponivel em : <http://www.abolicionismoanimal.org.br/artigos/animaisn_ohumanosencaradoscomo sujeitosdedireitosdiantedoordenamentojurdicobrasileiro.pdf> Acesso em : 09 de maio 2014. AFEISSA, H. S ; JEANGENE, J. B. Philosophie Animale - Différence, Responsabilité et Communauté". 2 ed. Paris: vrim, 2010. AZEVEDO, Eder Marques de .Da Desconstrução do homo sapiens a Consolidaão dos animais não-humanos como Sujeitos de Direitos :Uma Questão De Personalidade? (não publicado) BRASIL. Lei Federal n° 7.347/85 de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L7347orig.htm>. Acesso em: 12 de maio 2014. COPOLA, Gina. A lei dos crimes ambientais comentada artigo por artigo: jurisprudência sobre a matéria. Belo Horizonte: Fórum, 2008. DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do direito. 18.ed. São Paulo: Saraiva, 1993. GORDILHO, Heron J. S ; SILVA, Tagore, T.A. Habeas Corpus Para Os Grandes Primatas. Disponivel em : <http://www.idb- fdul.com/uploaded/files/2012_04_2077_2114.pdf > Acesso em : Acesso em 11 de maio 2014. 9 GORDILHO, Heron J. S . Habeas Corpus para Chimpanzé, Disponivel em : <http://www.midiaindependente.org/pt/red/2005/09/330261.shtml> Acesso em : 11 de maio 2014. LEVAI, Laerte Fernando. Crueldade consentida: a violência humana contra os animais e o papel do ministério público no combate à tortura institucionalizada. Disponível em: < www.svb.org.br/cvb/laerte-levai.htm>. Acesso em: 12 de maio 2014. LEVAI, Laerte Fernando. Ministério Público e a proteção jurídica dos animais. In: Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal. Disponível em: < www.forumnacional.com.br/ministerio_publico_e_protecao_juridica_dos_animais.pdf ->. Acesso em: 12 de maio 2014. LOURENÇO, Daniel Braga. Direito dos animais: fundamentação e novas MORRIS ,Desmond. O contrato animal. 1 ed. RECORD, 1990perspectivas. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 2008. SEGUIN, Elida. O Direito Ambiental- Nossa casa Planetaria.3 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense.2006 SINGER, Peter. Ética prática. São Paulo: Martins Fontes. 2002. SINGER, Peter. Libertação animal. 4.ed. São Paulo: Lugano, 2004. UNESCO. Declaração Universal dos Direitos dos Animais. Proclamada em assembléia da Unesco, em Bruxelas, no dia 27 de janeiro de 1978. Disponível em < http://www.propq.ufscar.br/comissoes-de-etica/comissao-de-etica-na- experimentacao-animal/direitos>. Acesso em 11 de maio 2014. WORLD SOCIETY FOR THE PROTECTION OF ANIMALS. Alternativas práticas à pecuária industrial na América Latina. Estudo de Casos: Argentina, Brasil, Colômbia e Costa Rica. Relatório da WSPA Brasil. 2007. Rio de Janeiro.
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