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Direito dos Animais tcc1

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8
CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO JUDAS TADEU – CSJT
HELOISA SOARES GOMES
OS DIREITOS DOS ANIMAIS
Os animais como sujeitos de direito
SANTOS 
2021
CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO JUDAS TADEU – CSJT
HELOISA SOARES GOMES
OS DIREITOS DOS ANIMAIS
Os animais como sujeitos de direito
Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito, pelo Centro Universitário São Judas - Campus Unimonte.
Orientador: Prof. Dr. Thiago Felipe Avanci.
SANTOS
 2021
FICHA CATALOGRÁFICA
GOMES, Heloisa Soares, 1999 - 
Os direitos dos animais: Os animais como sujeitos de direito / Heloisa Soares Gomes – 2021.
34 f.: il.
Orientador: Prof. Me. Dr. Thiago Felipe Avanci.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Centro Universitário São Judas Tadeu – Campus Unimonte, Curso de Direito, 2021.
1. Direitos dos animais. 2. Tutela. 3. Respeito. I. AVANCI, Thiago Felipe. II. Os direitos dos animais: Os animais como sujeitos de direito.
HELOISA SOARES GOMES
OS DIREITOS DOS ANIMAIS
Os animais como sujeitos de direito
Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito, pelo Centro Universitário São Judas- Campus Unimonte.
Orientador: Prof. Me. Dr. Thiago Felipe Avanci.
BANCA EXAMINADORA
	
Nome do examinador:
Titulação:
Instituição:
	
Nome do examinador:
Titulação:
Instituição:
Local: Centro Universitário São Judas Tadeu – Campus Unimonte
Data da aprovação: / / 
	
AGRADECIMENTOS
De proêmio quero agradecer a todos os seres de luz e a Deus, que me acompanham todos os dias, me dando força nos momentos mais difíceis e, sempre me enviando sinais para que não desista dessa caminhada que apesar de árdua, com certeza será compensadora.
Sou grata aos meus pais e, em especial minha avó, que foi quem mais apoiou minha formação, fazendo o possível e impossível para me ajudar neste caminho, que apesar das dificuldades enfrentadas, hoje digo que sinto-me realizada em finalizá-lo.
Não poderia esquecer de agradecer meus professores, pois se eles não seria possível estar concluindo o curso, e não me refiro a apenas os professores da graduação, apesar de também terem sido essenciais em minha formação, mas agradeço a todos os professores que já passaram em minha vida, pois os estudos não se iniciam apenas na universidade, mas sim desde o momento que coloquei meus pés a primeira vez em uma escola, portanto, desde o primeiro momento da vida de uma pessoa, os professores são essenciais.
Agradeço também a meus amigos, que sempre estiveram comigo e, quem fizeram estes cinco anos de graduação serem mais leves e divertidos, sempre presentes nas horas boas e ruins, me apoiando e incentivando a seguir aquilo que meu coração acreditam. A graduação trouxe pessoas maravilhosas em minha vida e, desejo mantê-las sempre presentes. 
Sou imensamente grata a minha psicóloga que foi fundamental neste último ano de graduação, pois ela quem me mostrou que está tudo bem não estar bem todos os dias e, que produtividade não é conseguir fazer muitas coisas ao mesmo tempo, mas sim respeitar meus limites e dar o meu melhor quando possível, mas quando não for possível, não me sentir culpada em tirar um tempo para descansar a mente, pois ninguém consegue ser produtivo o tempo todo, e todos os seres humanos possuem falhas.
Não poderia deixar de agradecer os animais, que me inspiraram a abordar sobre o tema, mas me refiro aos animais, digo a todos que passaram em minha vida, mesmo que de maneira breve e sem ter estabelecido laços de afinidade, pois apesar do breve contato, todos me inspiraram de alguma forma.
“A questão não é, eles podem raciocinar?, nem eles podem falar? mas, eles podem sofrer? Por que deveria a Lei recusar sua proteção a qualquer ser sensível?”
- Bentham (1789) - Uma introdução aos princípios de moral e legislação.
RESUMO 
Esse ilustre trabalho de conclusão de curso tem como intuito abordar sobre os animais no âmbito jurídico brasileiro e sobre como são tutelados no ordenamento jurídico brasileiro, pois este por muitas vezes tem sido considerado como ineficaz, uma vez que não fornece o devido tratamento cível ou penal a quem por qualquer motivo se utilize de sua condição de ser humano considerada com superioridade frente aos animais, os tratando com desrespeito, como se fosse apenas objetos móveis, se eivando de lembrar que animais também são seres vivos, com sentimentos. Portanto este trabalho irá abordar o contexto histórico tanto dos direitos fundamentais humanos, para que só assim, se aprofunde na temática dos animais como parte processual, como seres sencientes que merecem respeito e, proteção jurídica. No que concerne a metodologia de trabalho, de proêmio é sintetizado sobre os direitos fundamentais humanos e suas gerações, para posteriormente abordar brevemente sobre o direito ambiental e o meio ambiente como bem jurídico, dando sequência nas correntes filosóficas do antropocentrismo, biocentrismo e ecocentrismo, para que possa ser finalizado com a temática principal que concerne no local onde os animais se encaixam juridicamente e, as atualizações jurisprudenciais sobre o tema.
Palavras-chave: Direitos dos animais. Tutela. Respeito.
ABSTRACT
This illustrious work of completion of the course aims to embroider about animals in the Brazilian legal framework and on how they are protected in the Brazilian legal system, as this has often been considered ineffective, since it does not provide due civil or criminal treatment to those who for any reason use their condition of human being considered superior to animals, treating them with disrespect, as if they were only movable objects, forgetting that animals are also living beings with feelings. Therefore, this paper will address the historical context of both the fundamental human rights, so that only then, we can go deeper into the issue of animals as part of the process, as sentient beings who deserve respect and legal protection. As far as the methodology of the work is concerned, the fundamental human rights and their generations are briefly summarized, and then the environmental law and the environment as a legal good are briefly addressed, following the philosophical currents of anthropocentrism, biocentrism and ecocentrism, so that it can be finalized with the main theme that concerns where the animals fit legally and the jurisprudential updates on the subject.
Keywords: Animals rights. Penal treatment. Respect.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	8
1 DIREITOS FUNDAMENTAIS E RECONHECIMENTO E A PROTEÇÃO AMBIENTAL	10
1.1	HISTÓRICO DE DIREITO FUNDAMENTAL	11
1.2	OS DIREITOS FUNDAMENTAIS	13
1.3	A EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO AMBIENTAL	14
1.4	O MEIO AMBIENTE COMO BEM JURÍDICO	17
2	OS ANIMAIS VS. HUMANOS NA VISÃO FILOSÓFICA	19
2.2	DO ANTROPOCENTRISMO AO BIOCENTRISMO E ECOCENTRISMO	19
2.3	OS ANIMAIS COMO SUJEITOS DE DIREITOS	22
2.4	DIREITO A VIDA E DIGNIDADE	26
CONCLUSÃO	30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	32
	
INTRODUÇÃO
Desde os primórdios os animais são explorados pelos seres humanos, como se fossem apenas objetos ou instrumentos de trabalho, nunca se interessando sobre suas necessidades, interesses ou sentimentos, caracterizados meramente como se fossem seres inanimados. Os homens sempre fizeram uso dos animais, como se não houvesse outra motivação para sua existência além de servir os seres humanos, seja por necessidade, ou simples caprichos das vontades humanas. 
Ao passar das décadas, cada vez mais se nota que não há como evoluirmos como sociedade e continuarmos considerando esses seres que dividem o planeta terra conosco apenas como meros objetos. E não se trata de reduzir o ser humano, mas, de reconhecer os animais como também seres detentores de direitos, para que não haja mais tratamento cruel em relação a eles, ou até mesmo a não punição de seres humanos que os façam algum mal, pois, estes também compartilham conosco sentimentos como de medo, dor, sofrimento, e também sentimentos bons, comoalegria e felicidade. Portanto, atualmente se sabe que deveríamos ter uma espécie de respeito por eles, não implicando a sofrimentos desnecessários por caprichos humanos.
Há quem se utilize da desculpa de que os animais não manifestam suas vontades como nós humanos e por este motivo não compartilham de sentimentos como nós, porém este fato só nos faz ver que eles não tem a necessidade de fala para viver, pois cada espécie tem uma maneira de se comunicar entre si, ou seja, essa desculpa caracteriza mais um capricho dos humanos, de não aceitar que não exista apenas nosso modo de comunicação, mas milhares de outros, como por exemplo, os golfinhos, sabe-se que eles se comunicam entre si a milhares de quilômetros de distância por meio de ecolocalização e um sistema verbal próprio deles, ou seja, mesmo não falando como nós, eles se comunicam entre si de maneira própria e peculiar.
É imperioso reconhecer que existe um novo paradigma acerca do tratamento dos animais, e como os reconhecemos atualmente. É cristalino que nossa percepção sobre os animais vem mudando cada vez mais, um exemplo disso é um grande aumento no número de pessoas adotando uma dieta vegana, que visa a não utilização dos animais para uso humano. Ou seja, o bem estar animal tem sobrevindo aos poucos os caprichos dos seres humanos. Não temos mais como fugir de considerar os interesses dos animais, pois eles têm interesses, não há mais dúvidas quanto a isso e seria injustificável não considera-los de modo moral e ético.
Outrossim, de proêmio inicia-se o primeiro capítulo com a exposição sobre a evolução dos direitos fundamentais humanos, exemplificando de maneira sucinta suas gerações, bem como acerca do meio ambiente, abordando sobre a forma que o meio ambiente é tutelado na atualidade.
Seguindo-se com o segundo capítulo onde são explicadas as correntes filosóficas do antropocentrismo, biocentrismo e, ecocentrismo, onde será explicada a visão de cada uma destas e onde os animais, o meio ambiente se encontram em relação ao seres humanos. E, por fim, será explanada a evolução que o direito animal tem ganhado na atualidade, como novas Leis e proteções.
1 DIREITOS FUNDAMENTAIS E RECONHECIMENTO E A PROTEÇÃO AMBIENTAL
De proêmio, antes de discorrer sobre a proteção dos animais, cabe uma breve sintetização sobre os direitos fundamentais, uma vez que sem as existências desses sequer seria possível se questionar sobre possíveis direitos que os animais poderiam possuir, pois, é cristalino a todos que desde os primórdios os humanos possuem uma visão antropocêntrica, se julgando superior aos demais, porém inequívoco que os animais sempre estiveram a sua volta, mas, com o passar dos séculos a relação entre as espécies foi se estreitando, levando a possibilidade de um melhor questionamento acerca dos animais como sujeitos de direito.
Foram os direitos fundamentais que trouxeram dignidade à vida humana, sendo inicialmente preceituado no ordenamento jurídico brasileiro de 1988, no caput do seu artigo 5º, o qual reconheceu como titular de direitos fundamentais, orientada pelo princípio da dignidade humana e, pelos conexos princípios da isonomia e universalidade, toda e qualquer pessoa, seja ela brasileira ou estrangeira residente no País (WOLFGANG, 2012)
Nesta toada, portanto, só pelo ser vivo fazer parte do gênero humano, já o torna possuidor de dignidade, sendo que são os direitos fundamentais que proporcional tal dignidade as pessoas, acerca da dignidade, o autor Ingo Wolfgang Sarlet discorre: 
A qualidade intrínseca e distintiva de cada serhumano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comumcom os demais seres humanos. (WOLFGANG, 2012, p. 60)
Inequívoco que a dignidade humana deve ser respeitada, independentemente se estiver expressa, entretanto, tal princípio fora estabelecido no artigo 1°, inciso III, da Constituição Federal.
Outrossim, cristalino que não se pode abordar sobre os direitos dos animais sem uma breve elucidação sobre o direito ambiental, que é o nicho do direito que analisa a relação do homem com a natureza estabelecendo limites no intuito de proteger o meio ambiente, que é de suma importância para a qualidade de vida da sociedade atual e, das que virão.
1.1 HISTÓRICO DE DIREITO FUNDAMENTAL
Os direitos fundamentais também podem ser chamados de direitos humanos e, desde o seu surgimento, garantiram mais dignidade à vida humana em sociedade e evitaram os erros cometidos durante a monarquia, na qual o Estado era absoluto e ninguém impunha regras para limitá-lo. 
Para melhor subordinar os direitos dos animais aos direitos humanos, é necessário primeiro fazer uma breve análise dos direitos fundamentais defendidos e sua evolução ao longo do tempo, para deixar claro que a dignidade do indivíduo humano deve evoluir ao longo da evolução humana, pois, segundo o estudioso Ingo Wolfgang (2012, p. 60) "os valores da dignidade humana, da liberdade humana e da igualdade encontraram as suas raízes na filosofia clássica, especialmente no pensamento greco-romano e cristão". 
Porém, verossímil que nos primórdios tanto a dignidade dos indivíduos, quanto os conhecidos direitos fundamentais e suas gerações não eram expressamente determinados.
O termo "direitos fundamentais" é relativamente novo na história da humanidade. Mais precisamente, ele apareceu com as famosas revoluções francesa e a americana e, buscou trazer a liberdade de expressão e a liberdade civil e política para a humanidade em seus ideais. 
As pessoas podem ter direitos e obrigações de garantia legal, evitando a existência de uma nova monarquia soberana, que crie regras sem quaisquer parâmetros a seguir para garantir que seus súditos tenham pelo menos um certo grau de dignidade ou poder de escolha.
De acordo com a crença e estudos de Robert Alexy, a existência de direitos fundamentais possibilita a criação de teorias:
Teorias históricas, que explicam o desenvolvimento dos direitos fundamentais, teorias filosóficas, que se empenham em esclarecer seus fundamentos, e teorias sociológicas, sobre a função dos direitos fundamentais no sistema social, são apenas três exemplos. (ALEXY, 2008, p. 31)
Deste modo, os direitos fundamentais vieram para controlar e limitar o poder do Estado, para evitar os abusos que eram cometidos antigamente, consequentemente trazendo mais dignidade à vida dos cidadãos. 
Os direitos fundamentais sempre estarão em evolução e mudança, pois devem acompanhar a evolução da sociedade, e seus modos de pensar, um exemplo atual dos direitos fundamentais é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que aborda sobre os direitos humanos básicos, sendo adotada pela Organização das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948.
Sobre os direitos fundamentais, Alexandre de Moraes discorre:
Os direitos humanos fundamentais, em sua concepção atualmente conhecida, surgiram como produto da fusão de várias fontes, desde tradições arraigadas nas diversas civilizações, até a conjugação dos pensamentos filosóficos-jurídicos, das ideias surgidas com o cristianismo e com o direito natural. [...] Assim, a noção de direitos fundamentais é mais antiga que o surgimento da ideia de constitucionalismo, que tão somente consagrou a necessidade de insculpir um rol mínimo de direitos humanos em um documento escrito, derivado diretamente da soberana vontade popular. (MORAES, 2011, p. 2-3)
Alguns autores renomados acreditam que a declaração universal dos direitos humanos é consequência do fim da segunda guerra mundial, onde a dignidade humana não era tema relevante para o contexto do acontecimento.
Portanto, diversos direitos fundamentais foram gravemente feridos, porém, apesar disso,a definição desses direitos não são absolutos, e esses direitos são classificados em basicamente três gerações.
A Constituição Federal de 1988 foi um grande avanço para a sociedade brasileira em relação à proteção dos direitos fundamentais do seres humanos, pois em diversos artigos e incisos dela então dispostos acerca dos direitos fundamentais, sendo chamada inclusive de constituição cidadã, e inclusive em seu artigo 5º, §1º é disposto diretamente sobre a aplicação imediata das normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais.
Como supracitado anteriormente os direitos fundamentais não são apenas direitos pura e simplesmente, mas são na verdade divido em gerações, ou também chamadas dimensões, sendo estas três gerações, e cada uma voltada a um sentido de direito fundamental especifico. 
1.2 OS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Inequívoco que ao logo dos séculos, a humanidade vem estabelecendo o que chamamos de direitos fundamentais, que garantem um mínimo existencial aos indivíduos de cada sociedade, porém esses direitos não foram estabelecidos de uma forma só, pois assim como a sociedade vem evoluindo, o que pode-se considerar direitos mínimos para que os humanos tenham uma vida com dignidade também vem evoluindo, e tal evolução tem sido denominada como dimensões ou gerações dos direitos fundamentais, se dando cada uma destas em um momento da história, sendo consolidada a existência de três gerações de direitos fundamentais e, discutida a existência de uma quarta e quinta geração destes. 
1.2.1 Direitos de Primeira Geração
Os direitos fundamentais de primeira geração são os direitos de cada indivíduo, sejam os direitos civis ou políticos, garantindo a liberdade em face ao Estado, ou seja, limita o poder estatal, exigindo a valorização da liberdade individual, estando dispostos em diversos incisos do artigo 5º, da Constituição Federal de 1988.
Os direitos de primeira geração são os direitos, ou em outras palavras, a exigência de uma prestação a negativa do Estado, devendo este se abster de interferir na vida intima dos particulares, e em seu contexto histórico, é ligado à revolução francesa, em que a burguesia visava à limitação do poder absoluto do Estado, buscando a separação dos poderes e seus direitos individuais em um documentos constitucional com as garantias de liberdade conquistadas durante o movimento. 
Segundo Ingo Wolfgang Sarlet:
Os direitos fundamentais de primeira dimensão têm inspiração jusnaturalista e contemplam uma série de liberdades, como as de expressão, imprensa, manifestação, reunião, associação, bem como asseguram o direito de voto e a capacidade eleitoral passiva, revelando desse modo, a íntima correlação entre os direitos fundamentais e a democracia. (SARLET, 1998, p. 48/49).
Por este motivo, os direitos de primeira geração são os direitos a não intervenção do Estado na vida particular dos indivíduos, pois é proveniente da luta da burguesia contra o Estado monárquico, com o intuito de alcançar a liberdade dos cidadãos e da economia.
1.2.2 Direitos de Segunda Geração
Os direitos fundamentais de segunda geração, ao contrário dos direitos de primeira geração visam uma ação positiva do Estado para garantia dos direitos econômicos, culturais e sociais, ou seja, é a imposição das prestações positivas do Estado para a realização de justiça, ao direito a meio ambiente equilibrado, a saúde entre outros, que dependem que o Estado os garanta.
Outrossim, os direitos de segunda geração não se resumem em apenas garantia de direitos, mas também a liberdade dos indivíduos, sendo exemplos disso o direito de greve, criação de sindicatos, e ainda, os direitos dos trabalhadores, como por exemplo, a limitação da jornada de trabalho. Entretanto mesmo que os supracitados direitos tenham como titulares os indivíduos, eles ainda são considerados sociais, uma vez que possuem ligação com as reivindicações sociais dos séculos XIX e XX.
Portanto, os direitos fundamentais de segunda geração são contrários ao de primeira, por serem direito coletivos e positivos, uma vez que estabelecem que o Estado deve agir.
1.2.3 Direitos de Terceira Geração
Já terceira geração dos direitos fundamentais está ligada a fraternidade ou solidariedade, pensando não apenas na sociedade atual, mas nas próximas que virão, sendo o direito ao meio ambiente, à autodeterminação dos povos, a comunicação, a cultura, entre outros.
Deste modo se diz que os direitos fundamentais de terceira geração resguardam os direitos de toda uma sociedade, protegendo todos os indivíduos que aqui estão e que aqui virão, impedindo, por exemplo, a destruição do meio ambiente, pois as sociedades futuras também irão precisar dele para viver.
Existem doutrinas que consideram a existência dos direitos fundamentais da quarta e quinta gerações, no entanto, não há um consenso em relação à existência destes, prevalecendo a apenas as três gerações supramencionadas anteriormente. Em epítome os direitos de quarta geração seria a proteção aos indivíduos contra o avanço da tecnologia, já os direitos de quinta geração o direito à paz.
1.3 A EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO AMBIENTAL
É de conhecimento de todos que o Brasil foi colônia de Portugal até o século 19, deste modo, impossível referir-se ao direito ambiental brasileiro, sem antes realizar um breve estudo sobre as normas jurídicas portuguesas. 
No Brasil colonial havia a legislação ambiental portuguesa, que dava proteção as riquezas brasileiras que alimentavam as grandes cidades, especialmente para as madeiras, focada principalmente na exportação destas matérias primas. A mencionada legislação possuía inclusive uma atenção maior em relação à possibilidade de falta de alimentos, estabelecendo que, por exemplo, a farinha não poderia ser transportada para fora do reino.
Porém, no que concerne aos animais, à preocupação se deu inicialmente com as aves e os furtos destas, como citado por Ann Helen Wainer:
Em relação aos animais, a preocupação com as aves instituída pelo rei D. Diniz, em 9 de novembro de 1326, que equiparava o furto das aves, para efeitos criminais, a qualquer outra espécie de furto. Registra-se também o pioneirismo desta normal legal, que previa o pagamento de uma quantia pelo infrator, a fim de reparar materialmente o proprietário pela perda de seu animal. Ainda nela, se estimava de modo explícito, valores distintos para as aves, tais como: o gavião e o falcão. (WAINER, 1993, p. 194)
Nesta toada, em 1605 foi criada a Lei de proteção florestal brasileira, sendo a primeira Lei, sendo nomeada como “Regimento sobre o Pau-Brasil”, no qual foi proibido o conte do pau-brasil sem a licença da família real e, estabelecidas penas para que o fizesse de modo ilegal. Posteriormente, em 1808, com a chegada da família real portuguesa no Brasil, fora instalado o conhecido Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como área de proteção ambiental, neste ínterim, a grande mudança com sua criação se deu, pois, o Jardim Botânico não for criado apenas visando o lado econômico, mas sim a conservação de plantas e espécies.
Houve também influência dos holandeses que durante seu curto período de conquista do nordeste brasileiro criaram uma extraordinária legislação a qual proibiram o abate do cajueiro, determinaram o cuidado com a poluição das águas e obrigaram os senhores de terras e lavradores de canaviais a plantarem roças de mandioca de modo proporcional para seus escravos. (WAINER, 1993)
E, ainda fora estabelecido limites nas caças para que as espécies não fossem exterminadas, apoiando a conservação de espécies.
Posteriormente após a independência do Brasil, foi outorgada a Constituição Imperial do Brasil de 1824, na qual nada fora prescrito sobre a proteção da fauna e flora, mas entre os anos de 1889 a 1981 os legisladores finalmente tiveram uma maior preocupação com o prisma ecológico, porém, nada fora estabelecido de forma expressa. 
Houve ainda a criação do Decreto 16.590 de 1924 em defesa dos animais, com a vedação de rinha de galos por exemplo. Já na Constituição de 1934, finalmente houve a edição de dispositivos referentesao meio ambiente, como seu artigo 10º no qual foi fixado como competência da União e estados a proteção das belezas naturais e monumentos históricos, bem como no mesmo ano foi criado o Decreto nº 24.645 de 1934, em que se estabeleceram figuras típicas de maus tratos aos animais. Em 1972, ocorreu a criação do Código de Pesca Decreto Lei nº 221/67, da Lei 5.197/67 nomeada como “Código de Caça” sendo esta alterada pela Lei 7653/88, sendo a fauna silvestre determinada como propriedade do Estado.
Outrossim, a nível mundial ocorreu uma maior mudança na proteção do meio ambiente com a Conferência e Declaração de Estocolmo, que foi realizada pela Organização das Nações Unidas em 1972, porém, verossímil que o documento com maior peso no que concerne à proteção dos animais a nível mundialé a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, que foi desenvolvida pela UNESCO em 1978 em Bruxelas, sendo o Brasil um de seus signatários, e onde se estabeleceu a relação da vida humana com os animais em conformidade com o respeito e dignidade que estes merecem.
No que tange ao direito ambiental brasileiro, em 1981 foi criada a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, de número 6.938/81, sendo a primeira a conceituar os principais princípios, objetivos, e estabelecendo o meio ambiente como um bem jurídico que deveria ser protegido.
Sobre a criação dos SISNAMA:
Além disso, com a criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente pela Lei 6.938/81, a proteção ambiental passou a ser tratada como uma política pública de expressão nacional – uma verdadeira política de Estado -, estimulando-se a criação de órgãos ambientais especializados nas diversas esferas federativas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Outro exemplo paradigmático diz respeito à vinculação – até então, inexistente no plano institucional do Parquet - da atuação do Ministério Público na seara da responsabilização pelo dano ecológico (art. 14, § 1º), inclusive com a responsabilização do poluidor independentemente da existência de culpa no seu agir, ou seja, de forma objetiva. (WOLFGANG E FENSTERSEIFER, 2019, p. 42)
1.4 O MEIO AMBIENTE COMO BEM JURÍDICO
Após a criação da Lei 6.938/81 que o direito ambiental brasileiro finalmente teve o devido cuidado, mesmo que de modo tardio quando comparando a outros países, mas atualmente tornou-se necessária a educação ambiental nas escolas, com o intuito de cada vez mais estabelecer a proteção do meio ambiente, que agora é considerado um bem jurídico da sociedade, sendo inclusive possível propor ação popular para a anulação de ato lesivo ao meio ambiente.
Posteriormente, sendo criada Constituição Federal de 1988, com a tutela dos direitos coletivos, o meio ambiente foi determinado em seu artigo 225 como bem de uso comum do povo, sendo criada a Lei nº 8.078, sendo desta vez o direito ao meio ambiente determinado como um direito de interesse difuso, devendo ser protegido por ação civil pública, sendo a titularidade do meio ambiente indeterminada.
Pode-se dizer inclusive que o princípio do direito ambiental estabelecido na Constituição Federal de 1988, que foi estabelecido pelo artigo 225 sendo nomeado como “direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado” esta intrinsicamente ligado aos direitos fundamentais de terceira geração abordados anteriormente, uma vez que após a criação de diversos dispositivos visando à proteção da fauna e flora, foi determinado que as sociedades futuras tenham direito a conviver juntamente com um meio ambiente que lhes dê alguma qualidade de vida, o que não ocorrerá se as sociedades atuais usarem indiscriminadamente os recursos naturais do planeta.
Acerca do princípio do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, este não significa a permanente inalterabilidade das condições naturais, mas sim uma harmonia ou a proporção e a sanidade entre os vários elementos que compõem a ecologia hão de ser buscadas intensamente pelo Poder Público, pela coletividade e por todas as pessoas (MACHADO, 2016).
Ressalta-se neste interim que com a atual positivação do meio ambiente como bem jurídico coletivo na Constituição de 1988 qualquer cidadão para proteger o meio ambiente tem direito a propor uma ação popular, como estabelecido no artigo 5º, inciso LXXIII, bem como também é competência do Ministério Público interpor ação civil pública para a proteção do meio ambiente, como estabelecido no artigo 129, inciso III, sendo que:
Ganha muito o meio ambiente em ter como um dos atores da ação civil pública um Ministério Público bem-preparado, munido de poderes para uma atuação eficiente e independente. O inquérito civil, atribuição constitucional do Ministério Público, servirá para uma apurada colheita de provas para embasar a ação judicial. Aponte-se que essa Instituição vem propondo uma grande quantidade de ações civis públicas ambientais em que no polo passivo estão os Governos Federal ou Estaduais, além de poderosas empresas públicas ou privadas. (MACHADO, 2016)
Deste modo, cristalino que o meio ambiente é um dos direitos fundamentais dos seres humanos, porém não há como proteger diretamente os animais apenas se tratando do meio ambiente no âmbito geral, pois sabemos que os seres humanos desde os primórdios vêm estabelecendo relação com os animais, não apenas como alimentos, mas, também como companhia, transporte, entre outros, sempre os utilizando como meio de alcançar um resultado desejado, agindo em grande parte do tempo de forma antropocêntrica, se superestimando e se declarando mais inteligente que as demais espécies, porém atualmente, a visão vem sendo mudada, o que causou a criação de outras correntes filosóficas, como o biocentrismo e o ecocentrismo, sendo o tema do próximo capítulo.
2 OS ANIMAIS VS. HUMANOS NA VISÃO FILOSÓFICA
Com a evolução da consciência humana passou-se a questionar qual deveria ser o foco principal no que concerne à sobrevivência, o planeta, a espécie humana, ou o meio ambiente. Daí nasceram às correntes filosóficas do antropocentrismo, biocentrismo e ecocentrismo, em que cada uma delas possui uma perspectiva diferenciada sobre o que, ou melhor, quem deve ser o foco principal.
2. 
2.2 DO ANTROPOCENTRISMO AO BIOCENTRISMO E ECOCENTRISMO
2.2.1 Antropocentrismo 
O antropocentrismo é a corrente filosófica que coloca a espécie humana como a maior referência, estando os demais seres abaixo dele. Nesta tradição os animais servem apenas para servir aos interesses dos seres da espécie biológica Homo sapiens. (FELIPE, 2009)
De acordo com Édis Milaré (2009), a supracitada corrente filosófica teve grande força no mundo ocidental, em virtude das posições racionalistas, as quais partiram do pressuposto de que a razão é atributo exclusivo do Homem e se constituiu no valor maior e determinante da finalidade das coisas.
Bem como o judaísmo também reforçou a posição de uma suposta supremacia absoluta e incontestável do ser humano em relação aos demais seres, o que é facilmente observado nas palavras do apóstolo Paulo e, na filosofia cristã. (COIMBRA E MILARÉ, 2004)
Outrossim, com a evolução da ciência, que trouxe um maior conhecimento sobre a natureza aos homens, bem como trouxe a ambição e arrogância sem limites e, por este motivo os seres humanos vem explorando sem escrúpulos a natureza e os animais, sem se importar com os demais seres.
Os autores Coimbra e Milaré dispõem em seu artigo:
Antropocêntrico vem a ser o pensamento ou a organização que faz do Homem o centro de um determinado universo, ou do Universo todo, em cujo redor [ou órbita] gravitam os demais seres, em papel meramente subalterno e condicionado. É a consideração do Homem como eixo principal de um determinado sistema, ou ainda, do mundo conhecido. Tanto a concepção quanto o termo provêm da Filosofia. (COIMBRA E MILARÉ, 2004, p. 09).
Portanto, inequívoco que o antropocentrismo trouxe ao planeta terra diversos problemas, uma vez que ao se achar o centro do universo, o ser humano passou a explorar os recursos naturais e os animais sem tomar as devidas precauções com o que poderia ocorrer em um futuro próximo,algo que atualmente já passamos a presenciar, como pandemias, falta de recursos, poluição, dentre outros diversos problemas.
O antropocentrismo, portanto, em suma não considera os animais não-humanos como possíveis sujeitos de direitos, pois como mencionado, nesta corrente os seres humanos possuem uma posição hierárquica maior que os demais, acreditando-se que são os únicos que devem ser considerados como sujeitos de direito, sendo este o pensamento que perdurou através dos séculos.
2.2.2 Biocentrismo
A corrente filosófica do biocentrismo se deu após o foco ter mudado dos seres humanos, como acima dos demais seres, para o valor da vida. Deste modo, o valor da vida passou a ser um referencial para as intervenções dos homens na natureza. (COIMBRA E MILARÉ, 2004)
Neste ínterim, o biocentrismo visa que ao considerarmos que tanto os animais humanos quanto os não humanos são seres sencientes com valor intrínseco, todos devem ser protegidos como um propósito, não como um meio apenas para realizar benefícios aos humanos. (FAUTH, 2016)
É cristalino que o mundo sem os seres humanos, animais e plantas continuaria a existir e, estaria imerso em seu ambiente ecológico, o que significa a manifestação da própria vida tem valor, que o seu próprio valor.
Outrossim, o biocentrismo defende que todas as coisas na biosfera têm o mesmo direito de sobrevivência e desenvolvimento, e realizam seu próprio desenvolvimento individual, porém todas as criaturas e entidades no ecossistema, como parte de um mundo interconectado, são iguais em termos de valor intrínseco.
Na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225 há um exemplo do biocentrismo sendo aplicado na legislação, pois este defende a existência do meio ambiente equilibrado, uma vez que todas as formas de vida em tese são seus titulares.
Em seu artigo, Antônio Herman discorre sobre a Constituição Brasileira:
Na perspectiva ética, a norma constitucional, por refletir a marca da transição e do compromisso, incorporou aspectos estritamente antropocêntricos (proteção em favor das "presentes e futuras gerações", p. ex., mencionada no art. 225, caput) e outros com clara filiação biocêntrica (p. ex., a noção de "preservação", no caput do art. 225). Esse caráter híbrido, em vez de prejudicar sua aplicação e efetividade, salpica de fertilidade e fascínio o labor exegético. (HERMAN apud CANOTILHO, 1993, p. 64).
Pode-se afirmar, portanto, que, apesar do biocentrismo ser uma corrente filosófica contrária ao antropocentrismo, as duas podem coexistir em uma mesma legislação, dividindo ainda, espaço com o ecocentrismo, que também será sintetizado a seguir, adeixando um tanto quanto mais requintada e completa, sem focar apenas na existência humana, ou generalizar todos os modos de vida existentes no planeta. Insta salientar que o que diverge o biocentrismo do ecocentrismo, é que o primeiro enfoca principalmente nos seres com vida, já o segundo dá valor a coletividades naturais, não apenas aos seres. 
Um exemplo de legislação biocêntrica é a Constituição Equatoriana, pois esta inovou ante os demais códigos existentes ao redor do mundo e, reconheceu a natureza como sujeito de direitos, trazendo uma nova visão para a modernidade, e possivelmente influenciando os demais países latinos a conceder à natureza seu devido valor.
2.2.3 Ecocentrismo
A existência da corrente filosófica do ecocentrismo se deu após os cientistas passarem a observar melhor a questão ambiental. Os ecocentristas anseiam proteger a natureza sob a afirmação que esta deve possuir um valor próprio, sem que se leve em conta os interesses econômicos.
O pensamento ecocentrista se iniciou na era pré-industrial, pois apesar de ser a época do Iluminismo, Renascimento e, das Ciência modernas, que abordavam sobre o privilégio da ração humana, sem limites, haviam também críticos a estes supostos privilégios, que eram contrários a arrogância do homem em relação à natureza (COIMBRA E MILARÉ, 2004).
Deste modo é certo afirmar que o ecocentrismo responsabiliza a visão antropocêntrica por ter concedido aos seres humanos o suposto papel de dominador da natureza, podendo usufruir desta sem limites, o que ao longo dos séculos causou sérios problemas ambientais, que também irão refletir nos seres humanos e seus descendentes. (ROLLA, 2010)
O autor Fagner Guilherme Rolla aponta:
Vivemos uma crise de paradigma. É na ausência de limites que o indivíduo se hipertrofia e consequentemente a crise ambiental se alicerça. Já não conseguimos discernir o que nos distingue do animal, do que tem vida, da natureza. Também não conseguimos discernir o que nos une a eles, vivendo também uma crise de vínculo. (ROLLA, 2010, p. 18)
Inequívoco, que existiram diversos pensadores antigos, que já negavam que os seres humanos são mais importantes que os demais seres. Porém, com o cristianismo sobrevieram alguns desafios aos críticos, pois a visão antropocêntrica fora fortalecida nesta época, sendo reprimido quem alegava que a natureza existe para todos, não apenas para servir os seres humanos, uma vez que a Bíblia em seu Antigo Testamento afirmava que existem seres inferiores aos humanos.
Édis Milaré defende que:
Os seres naturais não-humanos não são capazes de assumir deveres e reivindicar direitos de maneira direta, explícita e forma, embora sejam constituintes do ecossistema planetário, tanto quanto o é a espécie humana. A Ciência não tem força impositiva ou de coação; por isso exige que o Direito tutele o ecossistema planetário. Tal exigência baseia-se no fato de que o mundo natural tem seu valor próprio, intrínseco e inalienável, uma vez que ele é muito anterior ao aparecimento do Homem sobre a Terra. As Leis do Direito Positivo não podem ignorar as Leis do Direito Natural. (MILARÉ, 2009, p. 103)
Ressalta-se que o ecocentrismo dá a natureza um valor próprio, já o biocentrismo concede aos seres vivos este valor próprio, porém, os dois se contrapõem ao antropocentrismo, uma vez que este último concede apenas ao homem este valor intrínseco.
2.3 OS ANIMAIS COMO SUJEITOS DE DIREITOS
Imperioso destacar que os animais como sujeitos de direitos já é algo aceito por muitos doutrinadores ao redor do mundo, sendo que a maioria destes utilizam como argumento que assim como as pessoas jurídicas detêm direitos de personalidade, os animais também devem se tornar sujeitos de direitos, em virtude das Leis que os resguardam, bem como já é possível perceber que cada vez mais essa é uma realidade próxima, pois, as jurisprudências atuais também tem seguido nesta direção, já sendo comum, por exemplo, a discussão de quem irá ficar com a guarda dos animais em processos de divórcio. 
Deste modo nítido que o direito brasileiro possui um direito animal já positivo, sendo este definido como um conjunto de regras e princípios que estabelecem os direitos fundamentais dos animais não humanos (ATAIDE JUNIOR, 2018, p-50).
Outrossim, há a modificação e criação de novas Leis com uma maior amplitude na proteção dos animais, como por exemplo, a Lei nº 14.064, de 2020, nomeada como “Lei Sansão”, que foi criada para aumentar as penas no crime de maus-tratos aos animais, principalmente quando se tratar de cão ou gato.
Para Edna Cardoso Dias, os animais possuem direitos inatos:
Valorando a pessoa como um ser vivo temos que reconhecer que a vida não é atributo apenas do homem, e sim um bem genérico, inato e imanente a tudo que vive. E, sob esta ótica a pessoa tem seus direitos imbricados em sua condição de indivíduo, e não apenas pessoa física com identidade civil. Não poderemos chegar à outra conclusão senão a de que os animais, embora não sejam pessoas humanas ou jurídicas, são indivíduos que possuem direitos inatos e aqueles que lhes são conferidos pelas Leis, sendo que os primeiros encontram-se acima de qualquer condição legislativa. (DIAS, 2006, p. 120)
Há então uma tendência mundial em finalmente haver o reconhecimento dos animais como sujeitos de direito, devendo a legislação futuramente se adequar cada vez mais com essa nova realidade.
Defende-se que do mesmo modo que as pessoas jurídicastêm seus direitos de personalidade reconhecidos a partir do momento em que registram seus atos constitutivos junto à autoridade competente, os animais também devem se tornar sujeitos de direitos subjetivos por causa das Leis que os protegem, uma vez que apesar de serem incapazes de comparecer em tribunal, o poder público e a comunidade devem receber autorização constitucional para representá-los, assim como ocorre com os humanos incapazes.
Cristalino que a jurisprudência brasileira vem seguindo cada vez mais esta linha, apesar de ainda existirem divergências quanto a isso, porém tem sido cada vez mais comum presenciar a presença de animais em ações de divórcio, onde se discute a guarda destes e, até o direito de visitas como ocorreu no Recurso Especial 1.713.167/SP, julgado pelo Supremo Tribunal de Justiça, em que foi mantido o direito de visitas a uma cadela adquirida na constância de união estável, após o declarada a dissolução desta: 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. ANIMAL DE ES-TIMAÇÃO. AQUISIÇÃO NA CONSTÂNCIA DO RELACIONAMENTO. INTENSO AFETO DOS COMPANHEIROS PELO ANIMAL. DIREITO DE VISITAS. POSSIBILIDADE, A DEPENDER DO CASO CONCRETO. 1. Inicialmente, deve ser afastada qualquer alegação de que a discussão envolvendo a entidade familiar e o seu animal de estimação é menor, ou se trata de mera futilidade a ocupar o tempo desta Corte. Ao contrário, é cada vez mais recorrente no mun-do da pós-modernidade e envolve questão bastante delicada, examinada tanto pelo ângu-lo da afetividade em relação ao animal, como também pela necessidade de sua preservação como mandamento constitucional (art. 225, § 1, inciso VII - “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, pro-voquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade”). 2. O Código Civil, ao definir a natureza jurídica dos animais, tipificou-os como coisas e, por conseguinte, objetos de propriedade, não lhes atribuindo a qualidade de pessoas, não sendo dotados de personalidade jurídica nem podendo ser considerados sujeitos de direitos. Na forma da lei civil, o só fato de o animal ser tido como de estimação, recebendo o afeto da entidade familiar, não pode vir a alterar sua substância, a ponto de converter a sua natureza jurí-dica. 3. No entanto, os animais de companhia possuem valor subjetivo único e peculiar, aflorando sentimentos bastante íntimos em seus donos, totalmente diversos de qualquer outro tipo de propriedade privada. Dessarte, o regramento jurídico dos bens não se vem mostrando suficiente para resolver, de forma satisfatória, a disputa familiar envolvendo os pets, visto que não se trata de simples discussão atinente à posse e à propriedade. 4. Por sua vez, a guarda propriamente dita - inerente ao poder familiar - instituto, por essência, de direito de família, não pode ser simples e fielmente subvertida para definir o direito dos consortes, por meio do enquadramento de seus animais de estimação, notadamente porque é um munus exercido no interesse tanto dos pais quanto do filho. Não se trata de uma faculdade, e sim de um direito, em que se impõe aos pais a observância dos deveres inerentes ao poder familiar. 5. A ordem jurídica não pode, simplesmente, desprezar o re-levo da relação do homem com seu animal de estimação, sobretudo nos tempos atuais. Deve-se ter como norte o fato, cultural e da pós-modernidade, de que há uma disputa dentro da entidade familiar em que prepondera o afeto de ambos os cônjuges pelo ani-mal. Portanto, a solução deve perpassar pela preservação e garantia dos direitos à pessoa humana, mais precisamente, o âmago de sua dignidade. 6. Os animais de companhia são seres que, inevitavelmente, possuem natureza especial e, como ser senciente - dotados de sensibilidade, sentindo as mesmas dores e necessidades biopsicológicas dos animais racionais -, também devem ter o seu bem-estar considerado. 7. Assim, na dissolução da entidade familiar em que haja algum conflito em relação ao animal de estimação, inde-pendentemente da qualificação jurídica a ser adotada, a resolução deverá buscar atender, sempre a depender do caso em concreto, aos fins sociais, atentando para a própria evolu-ção da sociedade, com a proteção do ser humano e do seu vínculo afetivo com o animal. 8. Na hipótese, o Tribunal de origem reconheceu que a cadela fora adquirida na constância da união estável e que estaria demonstrada a relação de afeto entre o recorrente e o animal de estimação, reconhecendo o seu direito de visitas ao animal, o que deve ser mantido. 9. Recurso especial não provido ( STJ – Resp:1713167 SP 2017/0239804-9, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 19/06/2018, T4- QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 09/10/2018).
 Recentemente, outra decisão inédita na história do direito brasileiro ocorreu, quando a 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná, em 14 de Setembro de 2021 decidiu que animais não-humanos poderão ser autores de ações judiciais, sendo verossímil que a tendência é que cada vez mais os tribunais brasileiros sigam esta jurisprudência e concedam aos animais o direito de pleitear seus direitos, por meio de representação, pois a supramencionada decisão segue os preceitos da Constituição Federal, que visa o acesso à justiça para todos os sujeitos de direito, independentemente de serem humanos ou não.
A jurisprudência que concedeu os direitos supracitados a cães ocorreu no Agravo de Instrumento nº 0059204-56.2020.8.16.0000, sendo a ementa do acórdão:
RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS. DECISÃO QUE JULGOU EXTINTA A AÇÃO, SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, EM RELAÇÃO AOS CÃES RAMBO E SPIKE, AO FUNDAMENTO DE QUE ESTES NÃO DETÊM CAPACIDADE PARA FIGURAREM NO POLO ATIVO DA DEMANDA. PLEITO DE MANUTENÇÃO DOS LITISCONSORTES NO POLO ATIVO DA AÇÃO. ACOLHIDO. ANIMAIS QUE, PELA NATUREZA DE SERES SENCIANTES, OSTENTAM CAPACIDADE DE SER PARTE (PERSONALIDADE JUDICIÁRIA). INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 5º, XXXV, E 225, § 1º, VII, AMBOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, C/C ART. 2º, § 3º, DO DECRETO-LEI Nº 24.645/1934. PRECEDENTES DO DIREITO COMPARADO (ARGENTINA E COLÔMBIA). DECISÕES NO SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO RECONHECENDO A POSSIBILIDADE DE OS ANIMAIS CONSTAREM NO POLO ATIVO DAS DEMANDAS, DESDE QUE DEVIDAMENTE REPRESENTADOS. VIGÊNCIA DO DECRETO-LEI Nº 24.645/1934. APLICABILIDADE RECENTE DAS DISPOSIÇÕES PREVISTAS NO REFERIDO DECRETO PELOS TRIBUNAIS SUPERIORES (STJ E STF). DECISÃO REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJ-PR - AI: 00592045620208160000 Cascavel 0059204-56.2020.8.16.0000 (Acórdão), Relator: Marcel Guimarães Rotoli de Macedo, Data de Julgamento: 14/09/2021, 7ª Câmara Cível, Data de Publicação: 23/09/2021) 
Sobre os animais como sujeitos de direito Francisco Rocha e Marlon Rosa afirmam:
Em suma, não se trata de garantir uma igualdade de direitos entre humanos e outros animais. Trata-se, com acerto, de reconhecer que não existem fundamentos sólidos e racionais suficientes para excluir os animais do conjunto daqueles que são considerados como sujeitos de direitos. Da mesma forma que uma pessoa jurídica não possui os mesmos direitos da pessoa natural; da mesma forma que os direitos da pessoa jurídica são, tão somente, aqueles que são adequados às suas peculiaridades; o que se propõe é que outras espécies, para além da espécie humana, sejam reconhecidas como merecedores do status de sujeito de direitos. (ROCHA E ROSA, 2006, p. 146)
Deste modo não restam dúvidas que a tendência nos próximos anos, é que existam ainda mais jurisprudências a favor dos direitos dos animais, os defendendo como possíveis polos ativos de ações judiciais.
2.4 DIREITO A VIDA E DIGNIDADE
Em 1978 foi publicado um diploma legal internacional com o objetivo de trazer noções sobre a atuação dos países signatários no que concerne aos direitos dos animais, a chamada Declaração Universal dos Direitos dos Animais.
Nela foram definidos os animais como titulares de direito, possuindo suas vidas um valor intrínseco, independentemente desua utilidade ao homem, pois já em seu primeiro artigo discorre sobre a igualdade dos animais diante a vida e o direito de sua existência. 
Na Declaração Universal dos Direitos dos Animais, o ser humano foi colocado como superior em relação de raciocínio, porém ao contrário do que se costuma ver, esta suposta superioridade não aparece no intuito de conceder ao homem uma posição superior, mas, sim de responsável pela proteção das demais espécies, sendo, por exemplo, incorporada no artigo 225, inciso VII, da Constituição Federal, que proíbe os maus-tratos e práticas cruéis contra animais.
Neste ínterim, cristalino que os animais têm direitos inatos além dos garantidos por Lei, como por exemplo, o direito de defender suas vidas, a não sofrer maus tratos e, a sua integridade física. Sendo óbvio que o ponto crucial não é se os animais possuem a mesma capacidade de raciocinar como os humanos, mas, por serem seres sencientes, merecem igual consideração e dignidade, como defende Edna Cardoso Dias:
A questão aqui não é saber se somos capazes de falar ou de raciocinar, de legislar e assumirdeveres, mas se somos passíveis de sofrimento, se somos seres sensíveis. Nesta hipótese a capacidade de sofrimento e de ter sentimento são as características vitais que conferem, a um ser, o direito à igual consideração. (DIAS, 2018, p. 121)
Portanto, a dignidade dos animais e seu direito à vida, devem ser justificados por serem seres sencientes, que apesar de não possuir autonomia de raciocínio assim como o homem, também estão vulneráveis a sofrerem, pois, são capazes de sentir emoções. A dignidade a vida dos animais se dará por meio da aceitação do binômio: dignidade e respeito. Uma vez que é subjetiva a concessão de dignidade a algum ser, a qual pode ser conectada com animais não-humanos, pois, estes também devem ser respeitados e defendidos.
Sobre a dignidade dos animais, Renata Pereira aborda: 
Considerar o animal não-humano senciente como portador de dignidade própria, é reconhecer um valor intrínseco a este ser que conosco interage na esfera terrestre, nas mais diversas formas. É reconhecer o animal não-humano como um dos sujeitos de toda ação viva que movimenta moralmente o planeta desde os tempos mais remotos. Os outros animais não são objetos/coisas, não são seres inferiores a nós humanos, são corpos físicos detentores de uma vida que independente do valor que a damos, possui sua condição natural e moral, com características especificas a eles, a cada espécie, assim como nós humanos possuímos as nossas, e ainda assim, como já referido, não são essas características próprias (como a fala, na condição humana) que servirão para classificar um ser com status moral ou não, mas sim o quanto este ser é capaz de sofrer, seja de forma física ou psíquica, o quanto este ser é capaz de discernir o que lhe agrada e o que o desagrada, buscando sempre o que, dentro de suas possibilidades, seja condizente com sua própria dignidade. (PEREIRA, 2009, p. 25)
Os animais deste modo, também possuem o direito de uma vida digna e longe de qualquer crueldade que os seres humanos possam lhes proporcionar, pois já é pacificado o entendimento que se tratam de serem sencientes que possuem sentimentos e emoções assim como o homem, não restando dúvidas que há a possibilidade do Estado intervir em casos que são constatados maus tratos aos animais, bem como é claro que a proteção aos animais vem sofrendo mudanças positivas, já havendo como mencionado jurisprudências sobre a atuação destes no polo ativo de ações judiciais.
Um claro exemplo de legislação que é exceção a visão antropocêntrica é a Lei Estadual Paraibana 11.140/2018, conhecido como Código de Direito e Bem-Estar Animal da Paraíba, sendo uma das primeiras a reconhecer os direitos dos animais, que reconhece os animais como seres sencientes, sendo inclusive dado o direito à dignidade em seu artigo terceiro, que menciona: “É dever do Estado e de toda a sociedade garantir a vida digna, o bem-estar e o combate aos abusos e maus tratos de animais.” (PARAÍBA, 2018, artigo 3°).
 Nesta mesmo sentido, no artigo 5° da supramencionada lei foi estabelecido que são direitos de todos os animais: 
I - de ter as suas existências física e psíquica respeitadas;
II - de receber tratamento digno e essencial à sadia qualidade de vida;
III - a um abrigo capaz de protegê-lo da chuva, do frio, do vento e do sol, com espaço suficiente para se deitar e se virar;
IV - de receber cuidados veterinários em caso de doença, ferimento ou danos psíquicos experimentados;
V - a um limite razoável de tempo e intensidade de trabalho, a uma alimentação adequada e a um repouso reparador.
Sendo cada vez mais claro que a visão antropocêntrica vem sendo deixada de lado pela sociedade atual, pois os seres humanos não estão em um pódio acima dos demais seres apenas por conseguirem se expressar e raciocinar de maneira lógica, sendo necessário que o homem entenda que os animais não existem para servi-lo, mas sim apenas para viverem suas vidas, independentemente da existência dos seres humanos no planeta, sendo a dignidade e o direito à vida inerentes a todos os seres vivos.
Nesta toada, a defesa dos animas vem percebendo consideráveis conquistas legislativas, sendo certo que deve-se aceitar a natureza sui generis dos animais, para que sejam entendidos como sujeitos de direitos. Sendo seus direitos reconhecidos e tutelados, podendo ser postulados por agentes titulados para agirem em legitimidade substitutiva (DIAS, 2018).
Portanto, entender os animais não humanos como sujeitos de direitos se baseia na dignidade da vida animal e na necessidade de fazer cumprir os direitos que lhes pertencem, sendo que como todos os ramos do direito há uma certa utopia pois visa “a abolição de todas as formas de exploração humana sobre os animais. No entanto, também conhece seus limites contemporâneos. Se o ordenamento constitucional não alberga o abolicionismo animal, o Direito Animal trabalha nas fronteiras das suas possibilidades para garantir a existência digna dos animais submetidos à pecuária e à exploração industrial.” (ATAIDE JUNIOR, 2018, p-53).
Inequívoco que não se pode mais esperar que todos e todas as consciências façam sua parte no respeito à dignidade dos animais. Essa exigência ética é o objeto da educação e da pedagogia animalesca. A aplicação da lei também deve desempenhar um papel. Algumas pessoas não têm restrições morais, por isso a lei deve manter seu poder e autoridade para que a vontade da constituição prevaleça (ATAIDE JUNIOR, 2018, p-61).
Deste modo o Brasil possui tendência a deixar de lado o antropocentrismo e, valorizar os demais tipos de vida, cabendo aos ordenamentos jurídicos e jurisprudências continuarem a adequar-se a esta nova realidade, pois será de suma importância a proteção dos animais por meio jurídico, uma vez que ainda existam quem concorde com a visão antropocêntrica, e ache justificável utilizar os animais como meio de alcançar seus resultados, sejam financeiros, ou em algum outro âmbito. 
CONCLUSÃO
De proêmio, esta essa breve sintetização, é possível perceber que ao longo da evolução humana os direitos vêm sendo ampliados, uma vez que ao voltarmos aos primórdios, os seres humanos sequer tinham direito aos direitos fundamentais, como dignidade, liberdade entre outros. Porém, com a evolução dos estudos jurídicos fora perceptível a necessidade de uma positivação de direitos, para garantir o mínimo necessário à vida.
Entretanto, cristalino que após o início dos estudos das ciências jurídicas, o mundo passou a desenvolver uma visão antropocêntrica, no qual os não humanos apenas eram utilizados como meio de alcançar os resultados desejados, independente se isso lhe causaria sofrimento. Bem como, com o antropocentrismo, os seres humanos passaram a explorar tanto os animais, quanto o meio ambiente sem escrúpulos, o que trouxe graves consequências, que são perceptíveis nos tempos atuais, porém, tais consequências trouxeram uma reflexão necessária em âmbito mundial, de que talvez o antropocentrismonão fosse à melhor visão filosófica para a evolução do planeta.
Deste modo, após começar a sofrer com as consequência de seus atos, se fez necessária a criação da proteção do meio ambiente, sendo ele tutelado como um bem jurídico e, protegido, no intuito de garantir direitos de gerações futuras, ou como supramencionado, fora criada a terceira geração dos direitos fundamentais.
E, desde então surgiram outras visões filosóficas, como o biocentrismo, que se contrapõe ao antropocentrismo e, o ecocentrismo, que visa à proteção dos ecossistemas como um todo. Essas duas novas visões filosóficas defendem que os seres humanos não se separam da natureza, ou seja, não está acima dela, mas sim faz parte dela e, depende desta para sobreviver. 
Inquestionável que o ordenamento brasileiro, continua seguindo uma visão antropocêntrica em sua maioria, porém a jurisprudência vem contrariando esta visão, e têm tomado decisões mais favoráveis aos demais tipos de vidas existentes no planeta, assim como a sociedade por si só já não possui mais a visão de que o homem é o centro da terra, portando há uma grande tendência de mudanças nos ordenamentos jurídicos, não apenas brasileiro, como mundial, pois, sabe-se que não é apenas o homem que é senciente, mas, os animais também, não fazendo sentido colocar o ser humano em um pedestal onde ele pode destruir o que quiser, como meio de alcançar algo que almeja, sem antes refletir se suas atitudes terão consequências futuras.
Embora que na Constituição brasileira a proteção ambiental esteja disposta de uma forma um tanto avançada, ainda é necessário evoluir, para quem sabe um dia atingir um nível mais igualitário, no que concernem os direitos de seres não humanos, pois, ainda há muito espaço para desenvolvimento e mudanças, para conceder aos seres não-humanos cada vez mais dignidade e direitos.
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