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A Opinião no Jornalismo

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05/12/13 online.unip.br/Imprimir/ImprimirConteudo
online.unip.br/Imprimir/ImprimirConteudo 1/4
 
 O jornalismo nasce como espaço para expressar opiniões dos diversos grupos políticos que
se configuraram durante o processo da Revolução Francesa, no século XVIII. Até final do século
XIX, os textos de jornal eram em sua maioria opinativos. Os gêneros informativos surgem apenas
na segunda metade dos oitocentos em função da transformação dos jornais em empresas – e
acredita-se que um discurso supostamente mais “neutro” atrairia um maior número de leitores, o
que atende melhor aos interesses de obtenção de lucro.
Assim os textos de opinião passaram a ficar concentrados em espaços delimitados dos
jornais. Editorial e artigo são textos opinativos presentes na imprensa atual, que se estruturam
de forma argumentativa. Mas o editorial traz uma fala institucional, é mais direto, usa normalmente
vocabulário mais objetivo, enquanto o artigo é uma fala autoral, logo mais livre do ponto de vista
das idéias e do uso da linguagem, podendo mesmo ser escrito em primeira pessoa. Os editoriais
são escritos por profissionais chamados de “editorialistas”: sua função não é exatamente
expressar a sua idéia, mas dar corpo ao “pensamento” do jornal.
As colunas assinadas são espaços fixos, com periodicidade regular, onde são publicados
textos que expressam opinião de um autor, que é o “dono” da coluna. Os textos das colunas são
normalmente estruturados como um artigo, mas podemos encontrar também crônicas, comentários,
análises, notas e charges ou ilustrações.
A estrutura básica dos textos argumentativos é:
1) Abertura: apresentação da tese
2) Desenvolvimento: apresentação de argumento
3) Fechamento: retomada da tese, alinhavada com os argumentos
É comum ainda em artigos/editoriais de jornal que se faça uma contextualização do assunto
tratado, deixado a apresentação da tese apenas para o segundo ou terceiro parágrafo.
 
PROPOSTA DE ANÁLISE DE TEXTOS
Vigilância amazônica
A AMAZÔNIA entra em 2008 sob vigilância, por assim dizer. Embora tenha comemorado a redução
de 20% no desmatamento de agosto de 2006 a julho de 2007, o Ministério do Meio Ambiente
(MMA) não se acomodou sobre os louros. Diante da tendência de recrudescimento da derrubada a
partir de agosto passado, lançou uma série de medidas para prevenir a elevação da taxa de
desmate após três anos de queda (59% de diminuição no total).
O arsenal de providências preventivas consta do decreto nº 6.321, assinado pelo presidente Lula
no dia 21. Dada a proximidade do Natal, poderia passar despercebido. Isso seria indesejável, pois
o decreto introduz normas duras e controversas.
A inovação está no recurso a medidas de constrangimento que lembram campanhas capitaneadas
por organizações não-governamentais. O MMA publicará listas positivas e negativas tanto de
municípios quanto de propriedades rurais, de acordo com a observância de regras e metas
relativas a desmatamento.
É justo dar a compradores o direito de escolher bens produzidos de acordo com valores
ambientais. Trata-se de uma tendência que se dissemina até no mercado financeiro, com os fundos
de investimento socialmente responsável. Tudo depende, porém, do estabelecimento de critérios
razoáveis e objetivos para compor esses índices.
Ainda de acordo com as novas medidas, produtores poderão ver a propriedade embargada,
receber multas e ter o crédito cortado. O decreto mostra as garras ao incluir entre os
responsabilizáveis também quem "adquirir, intermediar, transportar ou comercializar produto ou
subproduto de origem animal ou vegetal produzido sobre aquela área de embargo".
Resta saber se o governo federal terá meios e força para pôr em prática tal endurecimento.
(Editorial da Folha de S. Paulo, 31 dez . 2007)
Quem disse que é nossa?
A Amazônia não é uma prioridade real para os brasileiros, mas é uma prioridade mundial
 
Por Marcelo Coelho
VEM DA AMAZÔNIA a má notícia de que o desmatamento cresceu além das previsões. Mas o que se
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chamava de boa notícia, em anos anteriores, afinal não era nada de tão bom assim: registrou-se,
apenas, que o ritmo da devastação estava caindo e não que a tivessem interrompido, por um dia
só que fosse. Vou perdendo a paciência com essas estatísticas e gostaria de fazer uma observação
simples e radical. 
Não tenho nem um centésimo das informações que meu xará da Folha, Marcelo Leite, pode dar
sobre o assunto, e espero que desta vez não o confundam comigo, coisa que acontece com
freqüência. 
Sempre que alguém fala em "internacionalizar a Amazônia", surge um grito de guerra: "A Amazônia
é nossa!". 
Mas como assim, "é nossa?". A Amazônia, no momento, é dos que a invadem e devastam. Sejam
madeireiros, plantadores de soja, pecuaristas, mineradoras ou fabricantes de ferro-gusa que,
segundo documento divulgado pela Confederação Nacional da Agricultura, precisam de mais
florestas para fazer carvão do que os bois precisam de pastagens. 
A Amazônia seria "nossa" se o poder público tivesse condições de impor a lei naquela região, se
conseguisse fiscalizar e punir quem promove o desmatamento. 
Mas o poder público brasileiro não consegue sequer fiscalizar e impor a lei dentro dos presídios de
segurança máxima... Lugares onde, se existe algum, a fiscalização deveria ser total e o império da
lei assegurado à risca. 
Quando ocorre algum genocídio não sei em que lugar do mundo, é natural que se peça a
intervenção da ONU. O que não significa dar carta-branca para uma potência tomar conta das
riquezas de um país. 
O que ocorre na Amazônia tem tudo para ser tão preocupante quanto um genocídio. A humanidade
inteira é vitimada enquanto nós, brasileiros, agimos como aqueles manifestantes sérvios que
orgulhosamente desafiavam as tropas internacionais, em completo desprezo pelas minorias étnicas
que eram dizimadas por ali. 
Achamos correto quando crimes contra a humanidade são submetidos a tribunais internacionais. 
Pouca gente se dispôs a defender Pinochet quando um juiz espanhol considerou que as fronteiras
chilenas não o protegiam do que fez contra o gênero humano. 
Talvez não seja adequado levar os responsáveis pela devastação a um tribunal suíço. O caso em
prol da Amazônia pode ser enunciado de forma diferente. 
Trata-se de devolver às populações locais uma terra que pode ser explorada racionalmente se
contar com ajuda, fiscalização e verbas do mundo inteiro. 
Se governos estrangeiros e entidades internacionais, em concordância com o Brasil, puderem
intervir no sentido de fazer da floresta uma região de preservação ecológica mundial, creio que a
Amazônia seria mais "nossa" (isto é, de quem vive lá e não a derruba) do que é atualmente. 
Outras "soluções", para dizer francamente, não me parecem soluções. Quem imagina que o Ibama,
o Exército, a Polícia Federal dispõem de recursos suficientes para tomar conta de tudo aquilo? E
que direito temos nós de mascarar nossa ineficiência, nosso desleixo, com um nacionalismo que
não engana ninguém? 
O fato é que a Amazônia não é uma prioridade real para os brasileiros, que têm problemas terríveis
a resolver bem mais perto -debaixo de cada ponte e viaduto urbano, para dizer o óbvio. Mas é uma
prioridade mundial. 
Parece-me infantil dizer que os americanos vão chegar aqui e tirar "nossas" riquezas. Quem está
acabando com elas, e enriquecendo à custa de todo o planeta, é a madeireira (nacional ou não,
isso pouco importa), o pecuarista, o plantador de soja. 
O governo brasileiro bem que gostaria, imagino, de limitar esse enriquecimento. Mas não é
objetivamente capaz disso. Concordo que "internacionalização" é uma palavra forte demais.
Sugere a entrega de nossa soberania, sem nada em troca. Outras fórmulas, mais suaves, podem
ser concebidas pelos especialistas no assunto. Não sou especialista no assunto. Pessoalmente,
não temo usara palavra. Nossa soberania, afinal, não existe. Existiria se pudéssemos impor nossa
vontade sobre a região. Ano após ano, é precisamente isso o que verificamos não acontecer.
(Folha de S.Paulo, 30 jan. 2008)
 
a. Identifique a estrutura básica de cada um dos textos acima (tese, contextualização, argumentos,
fechamento)
b. Que diferenças você consegue identificar nos “tons” adotados no editorial e no artigo assinado.
 
Crônica
A crônica é um dos gêneros mais criativos do jornalismo brasileiro. O Brasil sempre teve
grandes cronistas escrevendo para jornais – por isso, há quem diga que é um gênero
genuinamente nacional, pois em nenhum
 país encontraríamos uma produção com as especificidades da que temos por aqui.
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É um gênero claramente opinativo, um comentário que ganha tratamento literário – é
aceita como gênero tanto pelo jornalismo quanto pela literatura. A crônica é um dos poucos
gêneros jornalísticos que se permite adentrar no campo da ficção. O ponto de partida é sempre
um fato observado pelo autor (algo que presenciou, que alguém contou, que leu no jornal, viu na
televisão...) e que a partir daí ganha roupagem de literatura. O leitor nunca tem certeza da linha
que separa a ficção do factual em uma crônica.
 
Quanto à estrutura, há desde crônicas em forma narrativa, até outras em modelo de texto
argumentativo. Seus temas são geralmente triviais, cotidianos, pequenos detalhes que ganham
destaque. A bem da verdade, é muito difícil se conceituar o gênero, já que encontramos
exemplos tão variados na imprensa brasileira.
 
Artur da Távola escreveu uma definição bastante poética e profunda sobre os sentidos da
crônica:
A crônica é a expressão das contradições da vida e da pessoa do escritor ou jornalista, exposto que fica,
com suas vísceras existenciais à mostra no açougue da vida, penduradas à espera do consumo de outros
como ele, enrustidos, talvez, na manifestação dos sentimentos, idéias, verdades e pensamentos.
Já escrevi mais de cinco mil crônicas. E a uns estudantes que me pediram uma síntese sobre o gênero,
respondi o seguinte:
É o samba da literatura. É ao mesmo tempo, a poesia, o ensaio, a crítica, o registro histórico, o factual, o
apontamento, a filosofia, o flagrante, o miniconto, o retrato, o testemunho, a opinião, o depoimento, a
análise, a interpretação, o humor. Tudo isso ela contém, a polivalente. Direta a simples como um samba.
Profunda como a sinfonia.
É compacta, rápida, direta, aguda, penetrante, instantânea (dissolve-se com o uso diário), biodegradável,
sumindo sem poluir ou denegrir, oxalá perfume, saudade e algum brilho de vida no sorriso ou na lágrima
do leitor.
A literatura do jornal. O jornalismo da literatura. É a pausa de subjetividade, ao lado da objetividade da
informação do restante do jornal. Um instante de reflexão, diante da opinião peremptória do editorial.
É tímida e perseverante. Não se engalana com os grandes edifícios da literatura, mas pode conter alguns
de seus melhores momentos. Não se enfeita com os altos sistemas de pensamento, mas pode conter a
filosofia do cotidiano e da vida que passa. Não se empavona com a erudição dos tratados, mas pode
trazer agudeza de percepção dos bons ensaios.
Para ser boa, não deve ser mastigada. Deve dissolver-se na boca do leitor, deixando um sabor de vivência
comum. Deve parecer que já estava escrita há muito tempo na sensibilidade de quem a lê e foi apenas
lembrada ou ativada pelo escritor/jornalista que lhe deu forma.
Deve ser rápida como a percepção e demorada como a recordação. Verdadeira como um poente e
esperançosa como a aurora. Irreverente como um carioca. Suave como pele de mulher amada e irritada
como uma criança com fome.
Terna como a amamentação e insegura como toda primeira vez. Religiosa como a portadora do mistério
e agnóstica como um livre pensador. A crônica nos obriga à síntese, à capacidade de condensar emoções
em parágrafos-barragem. Faz-nos prosseguir, mesmo quando nos sentimos repetitivos. É, pois, a
expressão jornalístico-literária da necessidade de não desistir de ser e sentir. A crônica é o samba da
literatura. [Jornal O Dia, 27 jun. 2001]
 
A crônica é sempre um grande exercício de escrita e de desenvolvimento de uma idéia. E, melhor do
que se falar sobre crônica, é importante (e prazeroso) ler boas crônica.
Exercício de Fixação:
Assinale a alternativa incorreta:
A- Colunas assinadas são espaços eventuais, com periodicidade irregular, onde
são publicados textos que expressam informação.
B- Abertura, desenvolvimento e fechamento constituem os elementos básicos que
estruturam um texto exclusivamente informativo.
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online.unip.br/Imprimir/ImprimirConteudo 4/4
C- É necessário – e chega até ser inadequado – que artigos e editoriais de jornal
apresentem uma contextualização do assunto abordado.
D- Editorialista é o nome dado ao profissional encarregado redigir reportagens.
E- A rigor, não há nenhuma diferença entre editorial e artigo.
 
Resposta: E
Comentário: há sim diferenças entre o editorial e artigo. A principal delas é que o artigo é
assinado por um jornalista ou especialista enquanto o jornal – por expressar a opinião do
jornal – não é assinado.

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