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– Análise Funcional – avaliação 
Pode-se dizer que a análise funcional é o centro da terapia comportamental. Está em todos os passos da terapia: 
envolve o “diagnóstico” do problema do cliente, o planejamento das intervenções terapêuticas, a sua execução e a 
avaliação dos resultados obtidos. Além disso, o conceito de análise funcional está ligado à noção de psicopatologia para 
a análise do comportamento. Por causa da amplitude do tema, vou dividi-lo em dois. Neste primeiro será discutido o 
caráter diagnóstico da análise funcional. O texto seguinte será sobre intervenção. 
Análise Funcional 
O objetivo da análise funcional é identificar o comportamento-alvo da intervenção (aquele que está inadequado) e os 
elementos do ambiente que estão ocasionando e mantendo esse comportamento. Interessam (1) o produto do 
comportamento, (2) seu contexto de ocorrência e (3) as operações motivadoras subjacentes a esse comportamento. 
Além disso, a história de vida do cliente. Em posse das informações, o terapeuta descreve as relações comportamentais 
objetivamente, permitindo ao cliente interessado acompanhar os passos do diagnóstico e do tratamento. 
O diagnóstico é dado em termos de relações comportamentais. Ou seja, especifica-se quais elementos do ambiente 
estão produzindo o comportamento inadequado. Esse tipo de diagnóstico relacional opõe-se a avaliações tradicionais, 
que classificam e descrevem o problema do cliente em termos de mal funcionamento mental. No lugar de classificar um 
problema como depressão, por exemplo, o terapeuta comportamental mostra como o modo de agir chamado de 
depressivo está relacionado a más condições de vida específicas, passíveis de serem alteradas. 
Além disso, o diagnóstico relacional deixa implícito a possibilidade de que as queixas, e problemas, do cliente podem 
variar no decorrer da terapia; afinal, novas condições de vida geram novos comportamentos. A análise funcional, 
portanto, considera o comportamento algo fluído e variável; afirma que classificações em termos de doenças podem 
mascarar essa fluidez, resultando em tratamentos focados em sintomas e não nas relações indivíduo-ambiente. 
Forma vs Função 
Uma das características importantes da análise funcional é a compreensão do comportamento em termos de suas 
funções, e não em termos de sua forma (ou topografia). Ou seja, mais importante do que avaliar a resposta em si, ela é 
considerada no contexto em que está inserida e o que produz para o cliente. Essa estratégia de análise possibilita uma 
organização mais eficaz do comportamento, pois procura os elementos ambientais por trás das aparências. 
Exemplo 1. É possível dar adeus de várias formas diferentes: acenar com a mão, dizer “tchau”, dizer “até logo” ou fazer 
um movimento com a cabeça. Todos esses comportamentos têm formas diferentes, alguns utilizam a voz, outros partes 
do corpo, mas todos possuem a mesma função: dar adeus. Sendo assim, diz-se que todos esses comportamentos são 
funcionalmente equivalentes. 
Exemplo 2. Imagine dois garotos. Um deles estuda porque quer ir bem na prova. O outro estuda porque se não o fizer, 
fica de castigo. A forma, a aparência, do comportamento de estudar é igual para ambos os garotos, mas a função é 
diferente. A função de estudar, para o primeiro garoto, é aprender. Para o segundo, é evitar problemas. Portanto, esses 
comportamentos não são equivalentes. 
Exemplo 3. Um cliente, na sessão terapêutica, diz que está cansado demais para falar sobre sua semana. A forma da 
resposta é dizer “estou cansado”, mas uma análise funcional pode revelar que o indivíduo não está de fato cansado, e 
que seu comportamento tem a função de evitar falar sobre algum problema doloroso ocorrido durante a semana. 
Como analisar funcionalmente 
Não é possível explicar, caso a caso, como realizar uma análise funcional. No entanto, vale a pena mostrar os passos 
de uma análise funcional (por enquanto, apenas do processo de avaliação). 
1. Observação do Comportamento 
| 
2. Identificação do Comportamento-Problema 
| 
3. Identificação do Produto do Comportamento 
| 
4. Identificação do Contexto de Ocorrência do Comportamento 
| 
5. Identificação das Operações que Motivam esse Comportamento 
| 
6. Ampliar a Análise Funcional do Comportamento 
Para mostrar o funcionamento da análise funcional, vale a pena utilizar o exemplo 3 acima: o cliente que chora na 
terapia. Vamos ver passo a passo. 
1. Observação do Comportamento 
Nesse exemplo, o terapeuta já tem um certo conhecimento do cliente. Conhece suas dificuldades particulares. Sabe, 
por exemplo, que o cliente frequentemente evita falar sobre si mesmo. 
2. Identificação do Comportamento-Problema 
Normalmente, há vários comportamentos que merecem intervenção. Nesse exemplo, um dos comportamentos-
problema identificados é “evitar falar sobre si mesmo”. Essa é o comportamento descrito funcionalmente, mas ele pode 
ocorrer de diversas formas diferentes (com variada topografia): dizer “estou cansado”, chorar, faltar à sessão, desviar o 
assunto, etc. Todas essas formas têm para o cliente a mesma função de evitar conversas sobre si mesmo. 
3. Identificação do Produto do Comportamento 
Os comportamentos de evitação, quando efetivo, produz consequências que o mantêm: o indivíduo escapa de falar 
sobre si mesmo; evita falar sobre assuntos dolorosos, deixando o cliente longe do sofrimento. Apesar de cumprir seu 
objetivo, esse comportamento impede o cliente de lidar com seus problemas. 
4. Identificação do Contexto de Ocorrência do Comportamento 
Geralmente, o contexto em que esse comportamento ocorre é a presença de situações nas quais o cliente é incentivado 
a falar sobre a sua vida. Sabendo disso, é fácil fazer com que o comportamento de evitação aconteça ou não. 
5. Identificação das Operações que Motivam esse Comportamento 
Provavelmente, a motivação do cliente que evita falar sobre si mesmo é o medo de revelar seu passado e seus 
pensamentos. É possível supor que coisas desagradáveis ocorreram em sua vida. Alternativamente, é possível que o 
cliente, no passado, tenha sido ridicularizado quando se expôs. 
6. Ampliar a Análise Funcional do Comportamento 
Em posse das informações obtidas nos passos anteriores, o terapeuta é capaz de ampliar a análise funcional, 
acrescentando ou retirando comportamentos e elementos ambientais importantes para compreender o cliente. Por 
exemplo, se for descoberto que a evitação ocorre por conta de fatos desagradáveis, o foco da análise e da intervenção 
deve ser os pensamentos e sentimentos do cliente sobre esses fatos. Caso a evitação ocorra porque o cliente foi 
ridicularizado quando se expôs no passado, o foco de análise e intervenção deve ser o comportamento social. 
– Análise Funcional – intervenção 
No último texto falei sobre a análise funcional do ponto de vista da avaliação psicológica. Agora vou comentar sobre 
como o processo de avaliação fundamenta as bases da intervenção em terapia comportamental. 
Para começar, um aviso. Seria mais correto mudar o título deste texto para “Mudanças de Contingências” no lugar de 
“Análise Funcional – Intervenção”. Preferi manter o presente título porque as mudanças de contingências são 
constamente avaliadas do ponto de vista funcional. 
Intervindo no Comportamento 
Após a análise funcional, passamos a ter hipóteses sobre como e por que ocorre o comportamento-problema do cliente. 
O próximo passo é realizar a intervenção. Há algumas maneiras de fazer isso: 
1. Modificando o ambiente 
De acordo com os princípios comportamentais, a principal fonte de controle do comportamento é o ambiente. A melhor 
forma de intervir em terapia comportamental, portanto, seria realizar alterações no cotidiano da pessoa que procura 
ajuda. Infelizmente, o terapeuta não tem acesso a tudo que acontece ao cliente. 
De forma brilhante, a Psicoterapia Analítica-Funcional (FAP)sugeriu uma solução para esse problema: utilizar a 
semelhança funcional entre os ambientes de dentro e fora do consultório e tentar reproduzir na sessão terapêutica as 
situações causadoras do sofrimento do cliente. Dessa forma, o ambiente poderia ser mudado ao vivo, enquanto os 
comportamentos-problema do cliente ocorressem. 
Ainda que a solução proposta pela FAP seja excelente e aplicável em várias situações, está longe de solucionar a 
dificuldade em acessar o cotidiano do cliente. Há, no entanto, outros meios de intervir no comportamento. 
2. Modificando regras. 
Regras são declarações verbais acerca do funcionamento do ambiente e do comportamento. Desde a infância, somos 
acostumados por nossos pais, professores e amigos a atentar e seguir instruções verbais. Aprendemos a descrever o 
mundo e o modo como agimos. Essas descrições afetam nosso comportamento. É comum, infelizmente, que muitas 
dessas regras sejam inadequadas e produzam comportamentos inapropriados. 
Dada a importância das declarações verbais, o terapeuta comportamental pode, como parte de sua intervenção clínica, 
ajudar o cliente a analisar a pertinência de suas regras e a avaliar se é possível criar regras mais apropriadas. Aqui 
cabe deixar claro que o terapeuta não muda as regras do cliente: apenas ajuda o cliente a mudar suas próprias regras. 
3. Autoconhecimento e autocontrole 
Um objetivo fundamental do terapeuta comportamental é ajudar o cliente a compreender e controlar o próprio 
comportamento, possibilitando a ele pensar sobre seus problemas e encontrar a melhor forma de resolvê-los mesmo 
depois de terminado o trabalho terapêutico. É possível afirmar que, de modo geral, todas as perguntas do terapeuta 
têm, em última análise, a função de promover autoconhecimento. Algumas vezes, no entanto, algumas ações 
específicas são executadas, como pedidos de auto-registro, lições de casa. Outra possibilidade é analisar o 
comportamento do cliente e mostrar como esse processo é feito, dando modelos aos clientes sobre como fazê-lo. 
Uma pessoa capaz de compreender a si mesma e a manipular o próprio comportamento, provavelmente não terá 
problemas que não pode resolver. A tarefa de ajudar o cliente no processo de auto-descoberta é provavelmente a tarefa 
mais nobre da psicoterapia. 
4. Terapia fora da clínica 
Alguns clientes podem se beneficiar muito de sessões terapêuticas no ‘mundo real’, especialmente aqueles com 
problemas de ansiedade, depressão e fobia. Um cliente tímido, por exemplo, que treina como falar com pessoas do 
‘mundo real’ com a supervisão do terapeuta tem a possibilidade de apresentar uma melhora muito mais rápida do que 
um treino social apenas na clínica. 
A terapia fora da clínica é uma ferramenta relativamente moderna de intervenção e com resultados muito promissores. 
Particularmente, posso dizer que os meus clientes gostaram muito das experiências no ‘mundo real’. Essa forma de 
intervenção é uma ótima maneira de driblar o problema da falta de acesso do terapeuta ao cotidiano do cliente. 
Outra forma de fazer terapia fora da clínica é com o auxílio de acompanhantes terapêuticos. O objetivo dos 
acompanhantes é funcionar como uma extensão da terapia no ‘mundo real’. Assim como descrito acima, o trabalho do 
acompanhante produz resultados muito satisfatórios na resolução dos comportamentos-problema. 
4. Participação familiar 
Para terminar, é válido comentar a importância da participação da família na psicoterapia. Familiares ajudam de duas 
formas: além de serem a base emocional do cliente, potencializam as intervenções terapêuticas. O terapeuta hábil em 
facilitar trocas emocionais entre clientes e familiares tem uma importante forma de intervenção à sua disposição. 
Além da familiares, outras pessoas importantes da vida do cliente podem ajudar, como namorados (as), colegas de 
quarto, etc. O trabalho em comunhão produz resultados espantosos. 
http://www.psicologiaeciencia.com.br/terapia-comportamental-analise-funcional-avaliacao/ 
http://www.psicologiaeciencia.com.br/terapia-comportamental-analise-funcional-intervencao/

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