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RESENHA Teoria do Romance Donaldo Schüler

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UNIR – FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ESTUDOS LINGÍSTICOS E LITERÁRIOS
CAMPUS VILHENA
Teoria da literatura II – Letras XXIV
Teoria do Romance,
de Donaldo Schüler
Acadêmica: Katryne Victória Ribas do Nascimento
Vilhena
Setembro/2016
SCHÜLER, Donaldo. Teoria do Romance. São Paulo: Ática, 1989.
Donaldo Schüler, nascido no ano de 1932, na cidade de Videira, doutor em Letras, escritor, professor, tradutor brasileiro e livre-docente pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Schüler escreveu o livro Teoria do romance, aqui resenhado, obra dividida em 9 capítulos que explica sobre alguns aspectos do romance e sua principal característica é exemplificar como no decorrer da história alguns dos aspectos do romance foram se “moldando”.
No primeiro capítulo, Schüler expõe a derivação da palavra romance, que vem de romance (Portugal), romanzo (Itália), roman (França). O que diferencia os primeiros romances é a aparição de línguas românicas como o português, espanhol, francês, italiano dentre outros. No entanto, o termo romance continuou preservado para designar obras literárias que, a partir daí, foram se formando. O romance, a princípio, era feito para narrar fatos heroicos e aventuras galantes, mas com o tempo passou a narrar conflitos amorosos de pastores e pastoras em passagens agradáveis. A partir disso surgiu uma nova geração de leitores, deixando assim de ser um privilégio de burgueses e com isso os livros ficaram mais acessíveis. Com base nisso houve uma vulgarização da página impressa e a fome de ficção passou a ser saciada pelo romance-folhetim que era oferecido em série na impressa diária (pg. 7). Com essa ampliação de leitores houve um aumento na diversificação temática da produção romanesca e surge, assim, o romance histórico, de formação, psicológico, social, realista e naturalista. Ao longo dos séculos vários historiadores afirmavam que o romance morreria, mas o que morreu mesmo foi a forma burguesa de narrar.
Em Tecido verbal, o autor explica o que tecido verbal é como se fossem os recursos utilizados pelo autor para dar vida ao seu romance, como no trecho de Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto que tem frases curtas, palavras coloquiais, nenhuma metáfora a borrar os contornos claros da personagem. Dentro do tecido verbal há recursos que podem ser utilizados, por exemplo o romance como poesia, no sentido de arte literária. Assim como o poema, o romance se faz com palavras e com estas o mundo romanesco se constrói. O autor utiliza um trecho de Iracema, de José de Alencar para exemplificar; o trecho se refere aos verdes mares, portanto não segue a estrutura normal de prosa; suas pontuações sugerem o balanço do mar, ondas indo e vindo da praia. Outro recurso é o ritmo utilizado para elaborar o romance; para exemplificar melhor o autor cita em Quincas Borba, de Machado de Assis, o episódio em que ele s encontra à beira da janela, de frente para o mar, o que sugere calmaria; mas o ritmo sugere outra coisa, há uma linguagem objetiva de analista, barreiras que impossibilitam a elevação da voz. Toda essa estrutura da obra literária está ligada à significação e à distribuição das palavras no tecido verbal.
Na terceira parte, o autor coloca três tipos de textos para falar da intertextualidade. O primeiro tipo é “textos dialogam”; para ser bem analisado este é necessário notar, além das semelhanças entre o texto base e o texto evocado, também as diferenças que se resultam da reelaboração. Um exemplo dado pelo autor é Macunaíma, de Mario de Andrade, ao dialogar com Iracema, de José de Alencar; Macunaíma não teve um nascimento bom e virou uma pessoa ruim, já Iracema tem uma aparição paradisíaca, como o próprio autor diz. O segundo tipo é o “texto sequestrado” que seria a forma de fala/linguagem utilizada na narração; como exemplo Schüler utiliza Macunaíma, um herói que vai para a cidade e assim acaba sendo sequestrado pela cultura, pela língua civilizada – o texto sequestrador. O terceiro tipo citado é o “texto liberto”, no qual o autor busca por uma autonomia da sua linguagem em que ele cita Vidas Secas, de Graciliano Ramos e a linguagem que Machado de Assis utiliza em seus livros. Assim a intertextualidade promove o diálogo universal de textos. (pg. 25)
No quarto capítulo o autor começa a falar sobre o narrador, e então no decorrer do capítulo explica sobre sua voz e a perspectiva, o narrador como leitor e o trabalho do narrador. A voz do narrador pode ser colocada em primeira ou terceira pessoa, já perspectiva é em relação ao distanciamento que o narrador pode ver dos acontecimentos, podendo ser de perto ou de longe; as vozes podem ser do alto, do eu narrador, dos romances de memórias (Memórias Póstumas de Brás Cubas), a epistolografia romanesca, um monólogo, narrador ausente ou vozes múltiplas. O autor pode adotar várias perspectivas no decorrer do romance; pode escolher estar perto ou longe do objeto a ser descrito ou narrado e assim ele pode assumir a perspectiva de vários personagens. O narrador conta ao leitor e como primeiro leitor torna-se o próprio narrador. O leitor que o narrador tem dentro de si, faz com que ele substitua ou elimine palavras, capítulos, acrescente outros, reescreva e faça outras alterações que julgue necessárias. Para narrar um fato é possível que o narrador tenha feito outras leituras e a partir dessas que o levaram a escrever, mas não como uma cópia, pois não é possível copiar o original. Autor e narrador não podem ser confundidos, pois o autor é aquele que cria o mundo romanesco ao qual o narrador pertence. O narrador vai criando a linguagem utilizada no romance escolhendo meticulosamente as palavras, e neste caso, torna-se também escritor.
Em Personagem, segundo Schüler, A. J. Greimas parte de estudiosos como Propp, Sourriau e da sintaxe, apresentando um quadro com seis actantes (relações gramaticais e/ou funcionais que existem entre os atores (aqueles que atuam ou recebem a ação) em uma determinada narrativa) que são: destinador, adjuvante, objeto, sujeito, destinatário e oponente; e por último o ator que é uma substituição da tradicional Personagem. Percebemos que neste capítulo o autor Schüler faz um breve contexto histórico de características das personagens durante as épocas, citando assim várias obras como Os lusíadas, Grande Sertão: veredas, Iracema, Vidas Secas e outros.
Na sexta parte, sobre o Tempo, expõe-se as várias maneiras deste ser medido; portanto, neste capítulo será explicada a diferença entre o tempo da narrativa, do tempo da narração e do tempo da leitura. Quanto ao tempo da narrativa, a partir de Saussure consideramos dois pontos de vista, o sincrônico e o diacrônico; o modelo sincrônico é aquele que ordena o tempo, determina seu ritmo e duração; já o modelo diacrônico varia um pouco, pois mostra as transformações que o romance sofreu ao longo da história. O tempo pode ser construído por fragmentos que depois se unem; Schüler cita a obra Vidas Secas, na qual cada capítulo gira em torno de uma personagem, mas que ao final estão todas interligadas. Outro recurso utilizado pelo tempo é o fluir da consciência que é a associação de ideias por semelhança, oposição ou aleatoriamente; este não se concentra em uma coisa só e com certa rapidez desloca-se de um objeto a outro, observando assim que o tempo da narrativa depende daquilo que envolve a personagem, o tempo, o espaço e os conflitos. Já o tempo da narração é a sequência em que os fatos acontecem, quando as personagens se movimentam num determinado espaço à medida em que o tempo passa. Temos ainda o tempo da leitura, pois O tempo altera a leitura dos romances. (p. 58). Percebemos a partir disso que quanto mais o tempo passa as pessoas vão mudando, novas obras vão surgindo e não se lê mais como antes, por exemplo, Memórias Póstumas de Brás Cubas, como o autor mesmo cita. Cada geração lê diferentemente os mesmos textos; o tempo modifica o que preserva; esse é o tributo pago pelas obrasque sobrevivem (p. 59).
No sétimo capítulo ele fala sobre o Espaço, em que há algumas categorias para identificar o espaço em que o romance acontece como verticalidade e horizontalidade; a verticalidade refere-se a céu e inferno, já a horizontalidade refere-se aos conflitos interiores vividos pela personagem, citado como exemplo D. Quixote. Quanto a leste e oeste, enquanto referência espacial, Schüler utiliza o romance Iracema, no qual ela nasce no lado oeste do país, e já na parte leste é onde os europeus estavam localizados, nas cidades mais litorâneas. Há também os microespaços presentes no texto, ou seja, os espaços menores onde ocorrem partes importantes da história.
Em Imaginação, o autor faz uma breve característica de como esta funciona no processo de criação do romance; a imaginação vem através de fragmentos de lembranças, experiências ou textos. Uma das formas como isso se apresenta é a verossimilhança, que é a impressão que a ficção provoca no leitor como se fosse verdade.
No capítulo nove, fala sobre as três fases do modernismo, a primeira que é desencadeada pela revolução intelectual e artística da Renascença, no início do século XVI até o final do século XVIII; já a segunda fase é entre a Revolução Francesa e a Primeira Guerra Mundial, quando ocorre a expansão industrial e a ascensão e consolidação da burguesia; a terceira fase é instalada sobre os escombros da Guerra.
Levando-se em conta o que foi observado, conclui-se que escrever Romance e compreendê-lo como um gênero literário é primordial para a compreensão de mundo por parte do leitor, já que este recria a narrativa conforme sua vivência e experiências em contato com a leitura. Há que se observar nesta relação escritor/narrador/leitor indissociáveis possibilidades de reinvenção da literatura, pois é na perspectiva espaço-temporal que estes se influenciam e se complementam.

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